A indolência de Geraldo Alckmin e a
barbárie na área da segurança
Mais do que estranho, é incompreensível que o governador Geraldo Alckmin ainda
não tenha demitido seu secretário de segurança pública Antônio Ferreira Pinto.
Não apenas pela barbárie que se instalou na Polícia Minlitar sob sua batuta, mas
sobretudo pela maneira autoritária, antidemocrática e ilegal que tem orientado as
ações do secretário.
Ferreira Pinto, com seu aval explícito ao uso desmedido da violência, com ações
deliberadas para acobertar policiais acusados dos mais graves crimes, com sua
passividade diante da formação de milícias de policiais militares, expõe a
população de todo estado à sanha do PCC e de bandidos fardados abrigados pela
Polícia Militar. Aí estão o aumento drástico das estatísticas (supostamente
manipuladas) da criminalidade a quantificar o caos instalado.
Ai de quem se insurge contra o Napoleão de Higienópolis. Para os jornalistas,
sobram ameaças e constrangimentos de toda natureza. Neste momento, há dois
repórteres da Rede Record sob ameaças severas de morte vindas da banda podre
da Polícia Civil. Um delegado foi punido porque se recusou a devassar quatro
jornalistas, entre os quais o editor deste blog. E não é segredo para ninguém que
Ferreira Pinto usa extensivamente a imprensa para conspirar contra o Palácio dos
Bandeirantes, como prova o episódio envolvendo a demissão do sociólogo Túlio
Khan.
Agora o secretário se levanta contra o Ministério Público, que tem por função
fiscalizar a polícia que ele governa com mão de ferro. O ataque, feito em
entrevista à Rádio Jovem Pan, teve por objetivo macular a única instituição que
não teme confrontá-lo. Foi disferido para desqualificar o trabalho minucioso feito
pelo MP em relação à desocupação da Cracolândia, operação desastrosa que
consumiu uma fábula de dinheiro do contribuinte e levou para o rés-do-chão os
dados sobre apreensão de narcóticos e o tratamento dos viciados.
Da mesma forma, foi ostensiva a atuação de Ferreira Pinto para dificultar a
apuração da execução covarde de um homem apontado como membro do PCC,
caso que ficou conhecido como o Crime do Bar Barracuda. O homem foi levado
por uma viatura da ROTA até um local ermo, na beira da Rodovia Ayrton Senna,
onde foi espancado e depois assassinado a sangue-frio. Ferreira Pinto esteve no
DHPP, onde corre o inquérito, e deu ordens explicitas para dificultar ao máximo o
acesso do MP à investigação. Sobre esse caso, estranhamente, foi decretado
segredo de justiça, privando a sociedade de saber o que se passa nos desvãos da
segurança.
O governador Geraldo Alckmin sabe muito bem de todas essas coisas. Ele próprio,
há cerca de um mês, teve que substituir 32 policiais que faziam sua segurança
pesoal no Palácio dos Bandeirantes. Até hoje as razões da troca dos oficiais e
soldados da PM não foram suficientemente explicadas. Há informações nos
bastidores de que eles compunham uma rede que tinha por objetivo monitorar os
movimentos do próprio governador e de sua família dentro da ala residencial.
Diante de tudo isso, é a ele, governador, que a sociedade deve responsabilizar
pelo que vem acontecendo — da inflexão da curva estatística dos crimes cada vez
mais bárbaros ao surgimento de novos “mercados” do crime, como os arrastões a
prédios e restaurantes, que mantêm a população trancafiada em casa enquanto
os bandidos ganham as ruas.
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