Introdução Os Metalúrgicos do ABC têm como eixo central de sua atuação a luta em defesa dos trabalhadores, da democratização das relações de trabalho e da produção nacional. Sua história está fortemente vinculada à história da indústria nacional, em especial, da cadeia produtiva automotiva. Foram os metalúrgicos do ABC, nas décadas de 70 e 80, que lutaram pela melhoria das condições de vida dos trabalhadores e alteraram de maneira significativa as relações de trabalho, remuneração e organização dos trabalhadores deste setor. Nos anos 1990, foram os Metalúrgicos do ABC que abriram o debate sobre os impactos da abertura comercial do setor automotivo e por meio da Câmara Setorial ajudou a encaminhar ações que alavancaram a indústria de veículos automotivos, transformando-a em uma das mais importantes do mundo. Foi também na década de 1990, que os Metalúrgicos do ABC enfrentaram com muita luta, criatividade e decisões arrojadas os processos de reestruturação produtiva e os altos índices de desemprego que se abateram sobre os trabalhadores da cadeia, conseguindo reverter o processo que prometia transformar a região do ABC em uma nova Detroit. Dessa experiência nos debates sobre o futuro da indústria automobilística brasileira, em 2002 os metalúrgicos propuseram ao então candidato a presidência Luiz Inácio Lula da Silva o “Plano de Sete Metas para o Setor Automotivo no Brasil”, incorporado naquele momento ao plano de governo do então candidato e debatido nos anos que se sucederam a sua posse. 2 Ao longo desses últimos oito anos, durante o governo Lula, os metalúrgicos participaram ativamente dos Fóruns de Competitividade e dos debates das duas políticas industriais: a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior – PITCE (2003-2007) e a Política de Desenvolvimento Produtivo – PDP (2008-2010), além de participar dos grandes debates sobre os rumos do país por meio do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Participaram das decisões do governo Lula sobre o dinamizar do mercado interno brasileiro por meio da política de valorização do salário mínimo, universalização de programas de combate a pobreza e a ampliação da disponibilidade de crédito. Durante a crise internacional de 2008, participaram dos debates nacionais e regionais que culminaram nas medidas econômicas que ajudaram o Brasil a superar a crise. Foi, também, pela ação dos metalúrgicos do ABC que o debate sobre o problema das importações tomou as ruas e no dia 08 de julho, 30 mil trabalhadores se mobilizaram na principal rodovia de acesso ao maior porto do Brasil a fim de chamar a atenção da sociedade e dos diferentes níveis de governos para essa questão. Os metalúrgicos do ABC entendem que é fundamental o papel do Estado no estímulo dos agentes produtivos (empresas e trabalhadores), propiciando um ambiente macroeconômico estável e dinamizador e uma política industrial, de inovação e de comércio exterior, que promova os investimentos, a inserção internacional e o emprego e por isso apóiam as medidas contidas no Programa Brasil Maior. E com o firme propósito de contribuir com o governo Dilma nas suas intenções de fortalecer a produção e o emprego industrial, 3 principalmente em relação ao setor automotivo, apresentam suas considerações e propostas. O lugar do Brasil na atual estratégia global da indústria automotiva A indústria automobilística global iniciou o século 21 com um processo de reestruturação global, reposicionando marcas e plantas com vistas a ampliar sua característica global e permitir às empresas competir lucrativamente nos diferentes mercados regionais. Com a crise financeira global que abateu o poder de compra dos consumidores nos países centrais e a capacidade de financiamento de seus agentes financeiros e o novo papel que a China passou a ocupar na estratégia das montadoras e na competição mundial do setor, esses programas tem se intensificado. No mesmo sentido, mega fornecedores globais caminham para tomar o lugar da maioria dos fornecedores locais (adquirindoos ou forçando-os a se retirar do mercado devido à intensidade da competição), tanto no setor de autopeças, quanto de máquinas e equipamentos. Nesta estratégia, é importante destacar o México que, ao estabelecer Acordos de Livre Comércio com os maiores países da região (Nafta e Brasil), colocou-se em uma situação especial, transformando-o no maior concorrente do Brasil quando se avalia a instalação de novas plantas de montagem para veículos. 4 Ao mesmo tempo, é importante destacar que o Brasil já figura como o quarto maior mercado em vendas de veículos leves do mundo atrás de China, EUA e Japão e, assim, vem consolidando sua importância global no mercado internacional de veículos. Segundo previsões das consultorias especializadas, o mercado brasileiro deve dobrar até 2025, ampliando significativamente a participação em seu mercado das grandes marcas globais, em especial, as asiáticas (coreanos, japoneses e chineses). O mercado interno brasileiro está fortemente ligado ao segmento B (hatch básico e médio) diferentemente dos países centrais que tem a preferência nos segmentos C e D (sedans médios e de luxo) e isso o posiciona positivamente no que se refere à decisão de se produzir nacionalmente. Porém, a produção de segmentos C e D dos mercados centrais em depressão estão sendo direcionadas para os mercados dos emergentes, o que pode comprometer futuramente nossa especificidade e nossa produção. É fato que as montadoras decidem, fora do Brasil, o destino de suas filiais aqui estabelecidas, com uma visão de business, que foca a lucratividade e neste cenário o país tem perdido competitividade nas exportações. A indústria automotiva implantada no Brasil tem forte dependência no mercado doméstico, que é ao mesmo tempo uma vantagem atual, mas uma dificuldade futura. Nossos modelos são exclusivos e possuem baixa tecnologia embarcada, além disso, os preços dos veículos no Brasil é um dos mais altos do mundo. No que se refere à agregação de valor em nossa produção automotiva, é importante se ater que as principais inovações no setor estão ligadas a introdução de eletrônica embarcada, 5 equipamentos de segurança e design, segmentos estes que por uma estratégia das montadoras não são aqui desenvolvidos e quando são produzidos é de forma minoritária. Aceleram-se no setor as inovações relativas a novos propulsores baseados em energia renovável, na qual o Brasil figura com destaque em virtude do consumo do etanol e do carro flexfuel, porém, o mundo se direciona para a entrada do motor elétrico, cujo desenvolvimento não passa pelo complexo automotivo brasileiro. Com relação ao setor de autopeças, em função da globalização da indústria e da ausência de uma política nacional para o fortalecimento e proteção do setor este se desnacionalizou e no atual contexto tem suas decisões baseadas nas empresas multinacionais que decidem da mesma forma que as montadoras. Ao setor de autopeças brasileiro cabe-se um papel auxiliar na condição de fornecedores das sistemistas globais, com baixa capacidade de competir e de investir em pessoas, tecnologia e inovação. O atual cenário do setor sugere preocupações. O crescimento das importações no setor é constante desde 2004 e com a queda nas importações resultante da crise internacional, a situação se agravou. Em 2010, o Brasil importou 634,8 mil veículos e deve superar os 800 mil veículos em 2011. Deste volume de importações, as 4 maiores montadoras instaladas no país (GM, FIAT, FORD e VW) juntas importaram 50% desse montante e a Hyundai e Kia, juntas, 23%. A balança comercial do setor automotivo (autos+peças) ficou negativa em US$ 5,1 bilhões em 2010, sendo que, o maior déficit na 6 balança comercial automotiva está com a União Européia, seguida de perto pela Coréia do Sul. Caso os veículos importados em 2010 fossem produzidos no país, teriam sido gerados nas montadoras cerca de 20,5 mil novos empregos. Na cadeia de produção automotiva outros 82 mil empregos deixaram de ser criados no país, totalizando 102,6 mil postos de trabalho. Ainda no que se refere ao nível de emprego, nas montadoras o número de trabalhadores hoje é o mesmo de 1990 (117 mil trabalhadores), porém a produção já é mais que o triplo (914,5 mil em 1990 contra 3,6 milhões em 2010). Isso mostra que a produtividade do trabalho aumentou 3,8 vezes nestes 20 anos (8 carros por trabalhador ao ano em 1990 contra 30,8 carros por trabalhador ao ano em 2010) e que outros fatores têm determinado as decisões de investimento em plantas para além dos custos trabalhistas. Por fim, é importante destacar que os programas anticíclicos de ajuda à indústria automotiva do Brasil e também da China permitiram resultados expressivos e têm se mostrado capaz, em ambos os países, de induzir decisões e alterar paradigmas do setor e é neste sentido, que apresentamos as propostas para o fortalecimento da cadeia nacional automotiva e do emprego no setor. 7 Propostas dos metalúrgicos do ABC para uma nova política para o setor automotivo Proposta 1: CRIAÇÃO DA CÂMARA SETORIAL AUTOMOTIVA Constituir grupo formado por membros do governo, empresários e sindicatos dos implementação trabalhadores, das metas e que políticas se encarregará relativas ao da setor automobilístico. O referido grupo terá a incumbência de propor medidas e monitorar as metas estabelecidas pelo programa. Proposta 2: PROGRAMA NACIONAL DE RECICLAGEM DE VEÍCULOS Instituir o Programa Nacional de Reciclagem de Veículos. O Programa, de caráter permanente e voluntário, será dirigido à reciclagem de parte da frota de automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus, tratores e implementos agrícolas motorizados. Com a aplicação do Programa de Reciclagem pretende-se atingir os seguintes objetivos: atualização do cadastro de veículos circulante no país, reciclagem de materiais e destinação correta de resíduos oriundos da cadeia automotiva e resolução do problema da destinação dos veículos abandonados por seus donos nas ruas das grandes cidades. 8 Ao proprietário/consumidor serão oferecidas as seguintes condições para participar do programa: a) desoneração dos custos na baixa do veículo; b) redução dos preços dos veículos novos – por meio da redução de margens e impostos (IPI, ICMS e IPVA); c) linhas especiais de financiamento, com taxas de juros e prazos de pagamento mais favoráveis. No caso dos veículos pesados (caminhões, ônibus, tratores e implementos agrícolas motorizados), por se tratarem de capital fixo de longa vida útil, as regras de abrangência do programa e o conjunto de incentivos serão fixados em programa específico. Os veículos velhos entregues no âmbito do Programa serão encaminhados para baixa, sucateamento e reciclagem de materiais, nos Centros de Reciclagem de Veículos a serem constituídos no país. Para financiamento inicial do programa será criado um Fundo Específico. Para a capitalização deste fundo propomos a criação de uma “taxa automotiva para o meio ambiente”, um tributo federal incidente sobre todo veículo automotor importado, que terá como razão de existência o financiamento no longo prazo da destinação ecologicamente correta dos resíduos gerados pelo sucateamento dos automóveis oriundos de outros países. No caso da importação por parte das montadoras existentes no país, esta taxa será cobrada para cada carro a ser importado que exceda a relação 1 carro importado x 1 carro exportado. 9 Proposta 3: FORTALECIMENTO DA PRODUÇÃO NACIONAL DE VEÍCULOS AUTOMOTORES Resgatar o conceito original do “carro popular brasileiro”: veículos adaptados às necessidades e condições do Brasil, de preço acessível à renda da população, em especial a nova classe média, com tecnologia atualizada, baixo consumo e baixos níveis de emissão. Introduzir o princípio da justiça fiscal na tributação de veículos novos, por meio da criação de novas alíquotas, reduzindo de maneira significativa para os veículos enquadrados no conceito de “carro popular nacional” e elevando as alíquotas dos veículos de maior tamanho e níveis de emissão. Criar o conceito de “mini-veículo nacional coletivo”, com tributação especial e reduzida e financiamento especial com vistas a incentivar a produção nacional de minivans e microônibus, com a finalidade de melhorar a capilaridade do sistema de transporte coletivo. No que se refere à regulamentação da MP 540, propomos que o incentivo referente à redução do IPI seja oferecido as empresas por meio de um Programa Tributário Especial, destinado somente aos veículos caracterizados como “carro popular nacional”, com metas de índice de nacionalização fixado e desenvolvimento realizado, em sua maior parte, pela engenharia nacional. 10 Proposta 4: ESTÍMULO AOS VEÍCULOS PROJETADOS E DESENVOLVIDOS PELA ENGENHARIA NACIONAL I) Criação de um programa tributário especial, no qual serão concedidos incentivos tributários previstos na MP 540/2011 somente para os veículos que foram ou vierem a ser projetos e desenvolvidos no Brasil, incluindo design, motores, transmissão, eixos e etc. Propõe-se que seja fixada meta de que cada montadora tenha pelo menos 1 veículo projetado e desenvolvido pela engenharia no país, de tal modo que se agregue valor nacional ao produto e se envolva o conjunto da cadeia produtiva em processos cooperativos (codesign). Às empresas que aderirem ao programa serão direcionadas linhas de financiamento especial via BNDES e FINEP para as atividades de pesquisa e desenvolvimento dos veículos e componentes no Brasil. II) Na MP 540/2011, propõe-se a exclusão da possibilidade das montadoras de trazerem veículos importados com redução do IPI, tendo em vista que esta medida em nada contribuirá para a geração de emprego, produção e desenvolvimento nacional de veículos. 11 Proposta 5: ALTERAÇÃO DA METODOLOGIA DE CÁLCULO DO CONTEÚDO NACIONAL PREVISTO NO ATUAL REGIME AUTOMOTIVO O atual regime automotivo define como parâmetro para o estabelecimento do conteúdo nacional mínimo o valor de venda final do veículo. Essa metodologia acaba por distorcer a intenção de garantir uma participação mínima de conteúdo nacional por considerar no cálculo as despesas de venda e administração e o lucro das concessionárias e montadoras reduzindo significativamente o percentual definido. Para corrigir essa distorção, propõe-se que a base de cálculo seja alterada do preço de venda para o custo do processo fabril, ou seja, seja aplicado exclusivamente na produção. Proposta 6: CRIAÇÃO DO CONCEITO DE CONTEÚDO NACIONAL TECNOLÓGICO Criação do conceito de “conteúdo nacional tecnológico” com vistas a agregar sobre as obrigações de conteúdo nacional já existentes, um percentual mínimo para itens ligados à eletrônica embarcada e a tecnologias de segurança. O atual conceito de conteúdo nacional inserido no Regime Automotivo e no BNDES levam em considerações critérios ligados ao peso e ao valor monetário final dos veículos, pouco importando o tipo de produto que será produzido aqui no Brasil e o que será importado. Este fato tem possibilitado às montadoras o direcionamento da produção nacional do setor de autopeças aos 12 itens de menor valor tecnológico e a importação da maior parcela das inovações no setor, em especial, as ligadas a eletrônica embarcada. Desta forma, propõe-se que se introduza nos conceitos de conteúdo nacional do regime automotivo e do BNDES, uma obrigação de conteúdo nacional mínimo de itens tecnológicos, que serão definidos pela Câmara Setorial Automotiva e regulamentados pelo MDIC. Proposta 7: REVISÃO DO ACORDO AUTOMOTIVO BRASIL-MÉXICO (ACE55) O Acordo Automotivo Brasil-México estabelece que os automóveis e comerciais leves terão comércio livre nos dois países, a partir do quinto ano da vigência do acordo (2007). Já as máquinas agrícolas e rodoviárias poderão ser comercializadas livremente a partir do quarto ano (2006). Analisando-se a atual estratégia global das grandes marcas de veículos e o papel que o México tem nessa estratégia, avalia-se que o acordo de 2002 precisa ser revisto em outras bases que estabeleça limites ao livre comércio estabelecido sob pena de perda de parte significativa da produção nacional para o parceiro comercial no novo cenário que se estabelece. 13 Proposta 8: CRIAÇÃO DE REGRAS DIFERENCIADAS NO CRÉDITO DIRETO AO CONSUMIDOR PARA COMPRA DE VEÍCULOS NOVOS E USADOS O papel do crédito no mercado de veículos é fundamental. Atualmente 63% dos veículos novos são comprados por meio de financiamentos. Fatos estes comprovados pelos resultados das medidas de incentivo ao crédito para o setor automotivo durante a crise de 2008 e no sentido oposto pelas medidas macro-prudenciais implantadas em 2010 para o esfriamento da demanda de automóveis. Sendo assim, ao se debater um novo Regime Automotivo que incentive a produção automotiva dentro de uma estratégia nacional é fundamental o estabelecimento de medidas que regulem a concessão de crédito para o setor, incentivando segmentos e/ou características e desestimulando outras. Neste sentido propomos a criação de regras diferenciadas de concessão de crédito para o “carro popular nacional” de modo a facilitar seu acesso, ao mesmo tempo que propomos que sejam criadas condições de crédito que dificultem a concessão de financiamentos a veículos importados. Uma das alternativas seria o aumento do requerimento de capital das instituições financeiras sobre as operações de financiamento de veículos ou arrendamento mercantil de veículos importados e de veículos acima de um determinado valor, em contrapartida se diminuiria essa exigência para os modelos a serem incentivados. 14 Proposta 9: IMPLANTAÇÃO DO CÓDIGO DE CONDUTA SOCIAL PARA AS EMPRESAS DO SETOR Instituir um Código de Conduta Social a ser estabelecido com o Sindicato de trabalhadores para as empresas do setor que realizarem transferência de estabelecimentos produtivos no país e obtiverem vantagens tributárias ou financiamento público. Neste código deverá constar entre outros pontos o estabelecimento de acordo coletivo que preveja: - aviso prévio aos Sindicatos e autoridades locais quanto ao desejo da transferência; oferecimento aos trabalhadores da opção de transferência para a nova unidade; abertura de voluntariado; requalificação profissional; obrigatoriedade do apoio da empresa à revitalização dos “vazios urbanos” e a recuperação ambiental das áreas desativadas. Proposta 10: ADENSAMENTO DA CADEIA PRODUTIVA AUTOMOTIVA I) Instituir um Programa de Adensamento da Cadeia Produtiva Automotiva, visando o fortalecimento das empresas nacionais fornecedoras das empresas multinacionais do setor, tanto as ligadas à produção de peças para os veículos, quanto às 15 fabricantes de máquinas e equipamentos e eletrônicos para o setor automotivo. Propomos que o referido programa: 1. Articule os núcleos de projeto de produtos e processos das montadoras; 2. Incentive a criação de incubadoras que geste novas empresas visando o desenvolvimento de produtos e serviços inovadores; 3. Financie projetos de capacitação de fornecedores da cadeia automotiva; 4. Financie a fusão de empresas nacionais ancorado em recursos do BNDES; 5. Viabilize a criação de pólos setoriais de empresas, que dinamize e aumente a competitividade das médias e pequenas empresas nacionais; 6. Crie um fundo de aval setorial com vistas a viabilizar financiamentos ligados ao fortalecimento da cadeia e a inovação. II) Estipular que pelo menos 60% das máquinas, equipamentos, moldes e ferramentas adquiridos com redução tributária e/ou financiamento público, no contexto do Regime Automotivo, deverão ser de origem nacional. 16 Proposta 11: CRIAÇÃO DO POLO NACIONAL DE FERRAMENTARIA O setor de ferramentaria é extremamente estratégico por ser ele quem viabiliza a produção industrial em grande escala e a preços baixos, além trabalhadores de concentrar muito uma qualificados importante (engenheiros, parcela de técnicos e ferramenteiros, dentre outros). Não poder se modernizar significa para o setor de ferramentaria o mesmo que desaparecer, pois o sucesso do setor está baseado no tripé do baixo preço, alta qualidade e curto prazo de entrega, que é impossível de se atingir sem investimento em máquinas mais eficientes, aplicação de softwares integrados de projeto-produção e mão de obra especializada. O fato do setor não investir em inovação tecnológica fez com que o Brasil aumentasse a sua dependência da importação de moldes e ferramentas de alta tecnologia. As ferramentarias brasileiras se vêem, portanto, diante de um grande dilema: investir em tecnologia, em mão de obra e em máquinas mais precisas e velozes, a fim de poder produzir ferramentais mais eficientes para atender as novas exigências dos clientes ou desaparecer. O retrato do setor no momento indica uma tendência constante da substituição de moldes e ferramentas nacionais por moldes e ferramentas feitas na Ásia, sejam por preço ou até mesmo por imposição dos clientes que têm fechado contratos mundiais com ferramentarias asiáticas para produzir ferramentas e moldes para as suas várias plantas pelo mundo. 17 Para enfrentar este cenário e garantir a sobrevivência de um setor estratégico na cadeia automotiva propomos a criação do Polo Nacional de Ferramentaria que terá a seguinte função: a) desenvolver uma mentalidade de ganhos em produtividade sobre grande escala e trabalho constante; b) promover intercâmbio com outros centros de ferramentaria no mundo com o intuito de trocar tecnologia e estabelecer parcerias para trabalhos em conjunto; c) incentivar o compartilhar de soluções técnicas e a criação de um grupo de especialistas para dar suporte as ferramentarias, a fim de obter sinergia nos processos de projeto, controle e vendas; d) criar linhas de crédito para modernização do parque de máquinas e intensificar a aplicação de softwares e inovações nas áreas de logística, organização produtiva financeira e certificação; e) criação de um pacto que determinará os preços, os prazos e o padrões de qualidade das ferramentas e moldes que as empresas de ferramentarias brasileiras terão que atingir em 10 anos; f) incentivar investimentos em máquinas, softwares e treinamento de mão de obra; g) criação de uma agência reguladora tripartite que reúna sindicatos de trabalhadores da indústria, montadoras e fornecedores de máquinas e governo, para fiscalizar a aplicação das metas de competitividade e conformidade. 18 Proposta 12: QUALIFICAÇÃO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL NA CADEIA AUTOMOTIVA O novo regime automotivo brasileiro deve prever um amplo programa de qualificação profissional para os trabalhadores do setor montador e produtor de peças e componentes. Este programa deve prever o apoio a instituições públicas e privadas na formação de técnicos, tecnólogos, engenheiros e outras profissões, ligadas às áreas do conhecimento vinculadas ao setor automotivo, bem como prever o financiamento de bolsas de pósgraduação no exterior em cursos ligados ao desenvolvimento e a inovação automotiva. Propõe-se que parte do seu orçamento seja procedente das transações realizadas pelo setor privado, em especial, nos processos de importação de veículos novos, complementado por recursos públicos cuja origem seja a arrecadação tributária incidente sobre o setor. Proposta 13: CONTRAPARTIDAS TRABALHISTAS RELACIONADAS A BENEFÍCIOS FISCAIS E FINANCIAMENTOS ESPECIAIS As empresas montadoras de veículos e seus fornecedores que já tenham usufruído ou vierem a usufruir de incentivos fiscais e creditícios federais constantes no regime automotivo - seja o regime nacional, seja aquele que estimula o desenvolvimento das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste – deverão: 19 a) estabelecer um Piso Nacional do Setor Montador Automotivo, de modo a definir um padrão mínimo de remuneração para um setor que tem seus preços já homogeneizados nacionalmente. b) no prazo de duração dos incentivos, manter o nível de emprego direto em todas as plantas anteriormente instaladas; c) processos de reestruturação produtiva deverão ser previamente negociados com os respectivos Sindicatos; d) as empresas montadoras e seus fornecedores que tenham usufruído ou vierem a usufruir dos referidos incentivos constantes nos regimes nacional e regional do setor, deverão respeitar o direito à sindicalização e à organização no local de trabalho, e as condições de trabalho a serem estabelecidas em negociação nacional com o setor automotivo; e) as empresas montadoras e fornecedores que já tiverem aderido ou que vierem aderir aos Regimes Nacional e regional automotivo deverão anunciar publicamente suas metas de geração de empregos diretos nas novas plantas. Estas metas deverão ser cumpridas pela empresa, sob pena da devolução por parte da empresa do valor total dos incentivos anteriormente concedidos; f) todas as empresas, montadoras e fornecedores, que tenham aderido ou vierem a aderir aos regimes nacional e regional, deverão apresentar a cada seis meses o “balanço social” do empreendimento, descrevendo, entre outros, a quantidade e a qualidade dos empregos gerados, além dos efeitos econômicos e sociais gerados na comunidade e no meio ambiente. 20 DIREÇÃO SINDICAL Sérgio Aparecido Nobre (Presidente) Rafael Marques da Silva Junior (Vice-Presidente) Wagner Firmino de Santana (Secretário Geral) Teonílio Monteiro da Costa (Secretário Administrativo e Financeiro) Moisés Selerges Junior (Secretário de Organização) José David Lima Carvalho (Diretor Executivo) Carlos Alberto Gonçalves (Diretor Executivo) Helio Honorato Moreira (Diretor Executivo) Nelsi Rodrigues da Silva (Diretor Executivo) Ana Nice Martins de Carvalho (Diretora Executiva) Daniel Bispo Calazans (Diretor Executivo) Maria Gilza C. Macedo (Diretora Conselho da Executiva) Cícera Michelle Silva Marques (Diretora Conselho da Executiva) Claudionor Vieira do Nascimento (Diretor Conselho da Executiva) Francisco Duarte de Lima (Diretor Conselho da Executiva) Valter Sanches (Diretor Conselho da Executiva) José Inácio de Araújo (Diretor Conselho da Executiva) Juarez Barros da Silva (Diretor Conselho da Executiva) Gilberto da Rocha (Diretor Conselho da Executiva) Alexandre Aparecido Colombo (Diretor Conselho da Executiva) Paulo Marcio Nogueira (Diretor Conselho da Executiva) Sebastião Gomes de Lima (Diretor Conselho da Executiva) Rogério Fernandes Medeiros (Diretor Conselho da Executiva) Luciano Lourenço da Costa (Diretor Conselho da Executiva) Valderez Dias Amorim (Diretor Conselho da Executiva) Edmiro Dias de Castro (Diretor Conselho da Executiva) José Carlos de Souza (Diretor Conselho da Executiva) Raimundo Domingos Silva (Diretor Conselho Fiscal) Amarildo Sesario de Araújo (Diretor Conselho Fiscal) Simone Aparecida Vieira (Diretora Conselho Fiscal) Antonio Claudiano da Silva (Diretora Conselho Fiscal) Marcelo Donizete Bernardo (Diretor Conselho Fiscal) Genildo Dias Pereira (Diretor Conselho Fiscal) 21 FICHA BIBLIOGRÁFICA Título: Novo Regime Automotivo / Propostas dos Metalúrgicos do ABC Autoria: Subseção DIEESE / Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Equipe técnica responsável: Fausto Augusto Júnior; Zeíra Mara Camargo de Santana; Warley Batista Soares; Silvana Martins de Miranda Nascimento; José Luiz Lei. Resumo: Texto que apresenta as propostas dos Metalúrgicos do ABC para o novo Regime Automotivo brasileiro Palavras-chave: Regime Automotivo; Metalúrgicos do ABC Diretório: M:\Política Industrial\Brasil Maior\Regime automotivo – proposta dos metalúrgicos.docx. 22