CONGRESSO DE
HISTÓRIA DE ÁFRICA, ANCESTRALIDADE E AFRICANIDADES
23-25 de Novembro de 2015
Universidade de Santiago e Ministério de Educação e Desporto (Governo de Cabo
Verde)
CALL FOR PAPERS
No ano de 2015 completam-se 555 anos da identificação europeia das ilhas africanas
de Cabo Verde (África Ocidental). No contexto da História de África, Cabo Verde foi o local
de desterro para milhares de africanos com destino incerto nas Américas. Conhecidas na
antiguidade histórica por povos africanos (oeste e norte), árabes e asiáticos, as dez ilhas que
formam o atual arquipélago de Cabo Verde foram inseridas por Portugal no sistema europeu
internacional de tráfico de pessoas, e transformadas em entreposto comercial desse sistema,
entre os séculos XV-XVII.
Durante esse período a região da Ribeira Grande (ilha de Santiago) serviu de ponto
comum para a negociação e envio de africanos escravizados para os mercados das Américas,
como o Valongo na zona costeira do Rio de Janeiro, Brasil, e Cartagena, na Colômbia. Essa
expansão forçada de africanos, através do desterro, para as Américas, e em menor escala para
a Europa, é denominada hoje de Diáspora Africana. No caso de Cabo Verde, os africanos
não foram passivos face ao sistema escravocrata europeu, resistiram de diversas formas.
Homens e mulheres compartilharam dos mesmos sonhos e objetivos libertários,
transformando os conhecimentos de matemática, medicina, direito e nutrição em resistência
humana num contexto social completamente desumano. Todo este percurso de superação faz
de todo o seu território uma referência da ancestralidade africana.
Na segunda metade do século XIX, as revoltas, as sublevações e uma série de outras
resistências africanas contra o sistema de escravatura somaram-se às mudanças na geopolítica
económica internacional para encerrar o sistema internacional de comércio e escravatura
humana no Oceano Atlântico. No entanto, no final do século XIX, Estados europeus
iniciavam o colonialismo no continente africano, demarcado por uma nova geopolítica de
divisão do território continental africano em fronteiras arbitrárias e administradas
militarmente para exploração humana e dos recursos naturais.
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Coube a africanos e afrodescendentes lutarem contra o sistema colonialista em África
e contra as continuidades, ou consequências, do sistema escravocrata na diáspora. Este
conjunto de lutas que envolveu África e a sua Diáspora foi denominado, no final do século
XIX, de Pan-africanismo. Os séculos de desagregação e desafricanização não foram capazes
de extinguir a Africanidade cabo-verdiana, presente na sua língua, cosmovisão, oralidade,
espiritualidade, arte, agricultura, etc. Esta africanidade foi fundamental para que, entre as
décadas de 1950 e 1970, o sistema colonialista fosse combatido de forma consciente por
movimentos pan-africanistas de libertação nacional. Este foi o caso de Guiné Bissau e Cabo
Verde que através do PAIGC (Partido Africano para a Independência de Guiné- Bissau e
Cabo Verde) conquistaram a independência de ambos entre 1974 e 1975.
O século XXI inicia-se com novas demandas a velhos, e novos, problemas para as
populações de África e de sua Diáspora, dado que há entre ambas um rico património cultural
histórico, ancestral e de africanidade, muitas vezes subaproveitado. No ano de 2015,
completam-se 40 anos da independência nacional de Cabo Verde, momento propício para
uma reflexão sobre a História da África, Ancestralidade e Africanidades no país.
O Congresso abre uma possibilidade de franco debate nacional, e internacional, sobre
a história, o ensino de história de África no país, a utilização da História Geral de África no
ensino e sobre o papel do próprio país no contexto global africano, sobretudo nesta nova fase
de aproximação ao continente, através da CEDEAO. Nesta perspetiva, o Congresso de
Historia de África, Ancestralidade e Africanidades é uma comunhão do retorno, uma
oportunidade de trocas e debates em Cabo Verde. O Congresso visa:
1. Identificar as referências históricas dos países africanos e aquelas que formam a
diáspora africana;
2. Construir as bases para uma rede transnacional de ciência, tecnologia, educação e
negócios capaz de contribuir decisivamente com soluções para problemas comuns
entre África e a sua diáspora;
3. Repensar o papel da educação e ensino da História de África hoje, e também para as
gerações vindouras, que irão vencer e repescar as enormes oportunidades que o
continente tem para oferecer aos africanos e ao mundo;
4. Discutir a História de África, Ancestralidade e Africanidades.
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TEMÁTICAS A ABORDAR
I- História Geral de África e seu uso pedagógico: metodologia, cronologia e referências;
II- Civilizações da antiguidade clássica africana;
III- Interdisciplinaridade da História Africana: sociologia, filosofia, geografia e musicologia;
IV- História de Cabo Verde;
V- História das Migrações e Diaspora;
VI- Idade Média Africana;
VII- Maafa – Holocausto Africano;
VIII- Resistências, Pan-africanismo, Colonialismo, Neocolonialismo e Independências;
IX- Renascimento Africano.
Envio das Propostas de Comunicação: até 10 de Setembro de 2015
As propostas de Comunicação (Português ou inglês) devem incluir:
 Título
 Resumo (1300 caracteres com espaços)
 Nome, instituição e um resumo curricular do autor (400 caracteres)
Os interessados devem preencher a ficha de inscrição
Endereço email: http://africanidades.us.edu.cv/
Os interessados serão notificados a 25 de Setembro. As inscrições abrem a 25 de Setembro.
Os textos serão publicados na Revista Cabo-verdiana de Ciências Sociais.
Email de contacto e esclarecimentos: [email protected]
COMISSÃO ORGANIZADORA
Nardi Sousa (Universidade de Santiago)
Fábio Gomes (AKSUM- Opção Cultural Pan-africana)
Henriques Cunha Júnior (Universidade Federal do Ceará)
Elias Moniz (Universidade de Santiago)
Adriano Monteiro (Ministério de Educação e Desporto)
Sofia Barbosa (Ministério de Educação e Desporto)
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