EVOLUÇÃO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO ENTRE OS SÉCULOS XVIII E XIX SOB UMA PERSPECTIVA HISTÓRICO-CARTOGRÁFICA Sara Lemos Pinto Alves1 Rayanne Seidel Correia de Paula Cardoso2 Paulo Márcio Leal de Menezes³ 1 Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Ciências da Matemática e da Natureza; Departamento de Geografia; Laboratório de Cartografia (GeoCart) [email protected] 2 Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Ciências da Matemática e da Natureza; Departamento de Geografia; Laboratório de Cartografia (GeoCart) [email protected] ³Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Ciências da Matemática e da Natureza; Departamento de Geografia; Laboratório de Cartografia (GeoCart) [email protected] RESUMO Este artigo pretende fazer uma análise sobre a evolução urbana a partir do uso de materiais históricocartográficos, onde busca compreender a relação entre os agentes, os processos e os resultados que acabaram por modificar a cidade do Rio de Janeiro no período entre os final do século XVIII e início do século XIX e também verificar a evolução técnica dos mapas nesse período, objetivando, por fim, retificar a importância da Cartografia Histórica como recurso à análise geográfica. Palavras chaves: Cartografia História, Rio de Janeiro, Evolução Urbana ABSTRACT The purpose of this paper is an analysis of the urban evolution using historical-cartografic resources, aiming to understand the relation between the agents, process and results which were responsible for changes in the city of Rio de Janeiro between the late 18th and early 19th century, and also to verify the tecnical evolution of maps in this period, aiming ultimately rectify the importance of Historical Cartography as a resource to geografical analysis. Keywords: Historical Cartography, Rio de Janeiro, Urban Evolutiom 1 INTRODUÇÃO 1.1 Apresentação do tema As cidades sofrem mudanças constantes ao longo de sua história, provocando grandes e expressivas alterações no espaço urbano. Essas transformações não apenas modificam a paisagem, como são capazes também de transformar o papel social ou econômico de uma área e também o uso de seu solo. Sendo assim, a análise dessas modificações se torna fundamental para entender quais foram os agentes, como elas ocorreram e quais foram suas consequências na dinâmica espacial. A cidade do Rio de Janeiro, portanto, pode ser tomada como um bom exemplo, visto que já teve sua função mudada inúmeras vezes, assumindo papel cidade defesa, comercial e até mesmo capital do Império e é claro que para possibilitar essas inúmeras faces da cidade, muitas transformações foram necessárias (ARAÚJO, 2011). Geralmente, as mudanças mais expressivas são sentidas em momentos de grandes projetos urbanísticos em face de eventos, como o exemplo da preparação da Cidade para o Centenário da Independência, ou com a finalidade de melhorar a dinâmica da cidade, como abertura de vias; objetivando sanitarização - como caso da demolição do Morro do Castelo – ou ainda para atender uma determinada demanda – aumento do comércio ou produção industrial. Atualmente, na preparação para grandes eventos como a Copa do Mundo e Olimpíadas, a cidade passa por novas alterações. Apesar destes serem os temas mais tratados e consequentemente, mais expressivos, é importante entender como, onde e quando ocorreu a expansão urbana dessa cidade. Este trabalho pretende, portanto, analisar geograficamente como se deu a expansão da malha urbana durante o fim do período colonial compreendido entre os anos 1700 e 1822, ano da Proclamação da República, recortando principalmente o bairro Centro como objeto de estudo, que será feito a partir de mapas históricos. 1.2 Justificativa A Cartografia Histórica provê um suporte sólido e essencial para o estudo da evolução do espaço, sendo útil para analisar as modificações ocorridas, não como meras observações, mas com o propósito de compreender o contexto delas, suas significações, consequências e principalmente, no caso deste trabalho, a análise das representações cartográficas, porque como afirmou GATTO (2011), “Leva-se em consideração o período de elaboração, quem produziu e com qual objetivo”. Através dos documentos histórico-cartográficos é possível reconstruir um espaço pretérito, colaborando com a reconstrução histórica de fatos e também com a compreensão das mais atuais estruturas urbanas, podendo-se afirmar que os mapas históricos são excelentes arquivos temporais, atuando como se fossem arquivos de época, pra um determinado espaço geográfico, fornecendo subsídios para o posicionamento correto do espaço no tempo, permitindo assim a recuperação de informações de época, estabelecendo a caracterização de estudos evolutivos sobre tendências de ocupação e uso do solo e da paisagem em geral. MENEZES et al.(2005) O uso desses materiais no presente trabalho busca contribuir para a análise do espaço urbano da cidade do Rio de Janeiro durante os anos compreendidos entre os séculos XVIII e XIX durante a vigência do período colonial no Brasil, na área do Centro. O Centro do Rio de Janeiro foi muito beneficiado pelos registros cartográficos porque mesmo antes da chegada da Família Real Portuguesa, já se constituía como área de importante valor para a cartografia portuguesa, possibilitando a existência de um acervo de registros incomparável em relação a outras cidades (GATTO, 2011). Além disso, ele foi o cenário de grandes cenas da história, constituindo palco de muitos atores – sociais, econômicos, políticos. Isso torna essa área de extremo interesse à pesquisa, já que se relaciona intrinsecamente com a consolidação territorial e composição histórica brasileiras. O recorte temporal escolhido (mais especificamente entre 1700 e 1822) se deu porque segundo MORAES (2008) “Todo processo de colonização tem por origem a expressão de um dado grupo humano, que avança sobre um espaço novo com intuito de incorporá-lo à sua área de habitação”. Logo, pode ser entendido que este período foi de grandes modificações a fim de que novos espaços fossem incorporados, tornando-se referência por ser o momento inicial de transformações, como o período em que as primeiras cidades – inclusive o Rio de Janeiro – foram se formando. É importante destacar que a análise de documentos históricos a partir de 1700 se torna mais efetiva, devido a incorporação e utilização de tecnologia que até então não eram utilizadas, tais como o apoio astronômico, através da determinação de coordenadas astronômicas precisas. Praticamente isto ocorreu quando da vinda dos Padres Jesuítas, denominados como “Padres Matemáticos”, estando Domingos Capassi e Diogo Soares. Anteriormente, os mapas não possuíam suporte astronômico e poucos possuíam projeção ortogonal, sendo utilizada uma visão perspectiva além de também serem mais descritivos, ou seja, qualitativos. 1.3 Contexto 1.3.1 Criação da Cidade do Rio Após o fracasso do sistema de Capitanias Hereditárias e a chegada de Tomé de Souza ao Brasil, dando início ao sistema de Governos Gerais, a Coroa Portuguesa passou a ter um maior controle sobre a Colônia, assumindo o processo de colonização. Durante esse período foram criados também o Conselho Ultramarino, a fim de ampliar o controle sobre a Colonia e um fato importante da época a ser destacado é a ocupação da Baia da Guanabara no Rio de Janeiro pelos Franceses (França Antártica 1555 - 1567). Quando a Coroa de Portugal enviou ao Brasil o seu terceiro governador-geral, Mem de Sá, com um contingente de soldados bem armados para retomar a Baía de Guanabara dos franceses, começou o sistema de alianças com os índios. Os franceses consolidaram alianças com os índios Tupinambás locais. Enquanto isso, os portugueses se aliaram a um grupo indígena rival dos tupinambás, os temiminós e foi com o auxílio destes que atacaram e destruíram a colônia francesa em 1560. Contudo presença francesa na região persistiu, logo os portugueses sob o comando de Estácio de Sá, desembarcaram num istmo entre o Morro Cara de Cão e o Morro do Pão de Açúcar, fundando, 1 de março de 1565, a cidade de "São Sebastião do Rio de Janeiro". Porém, a expulsão e derrota definitiva dos franceses e seus aliados indígenas, no entanto, só se deu em janeiro de 1567. A vitória de Estácio de Sá garantiu a posse do Rio de Janeiro, seu domínio sobre as ilhas e o continente. A povoação foi refundada no alto do Morro do Castelo, no atual Centro da cidade. O novo povoado marcou o começo de fato da expansão da cidade do Rio de Janeiro. 1.3.2 Crescimento do Centro da Cidade A cidade teve um desenvolvimento lento durante quase todo o século XVII. Sua rede de movimentação (ou urbana) era composta de pequenas ruelas conectadas entre si, com as igrejas, ligando-as ao Paço e ao Mercado do Peixe, à beira do cais. A partir delas, nasceram as principais ruas do atual Centro. Na segunda metade do século XVII, o Rio de Janeiro tornara-se a cidade mais populosa do Brasil, passando a ter importância fundamental para o domínio colonial. Mas é no século XVIII com a exploração de jazidas de ouro em Minas Gerais que a cidade do Rio de Janeiro ganhou uma importância ainda maior, pois a proximidade com o mar a consolidou como um centro portuário e econômico. Logo com a importância reconhecida por todo o território brasileiro em 1763, o ministro português Marquês de Pombal transferiu a sede da colônia de Salvador para o Rio de Janeiro. Com presença da família real portuguesa, o Brasil começou a deixar as funções de colônia. Houve toda uma reestruturação na capital, pela necessidade de transformar a cidade do Rio de Janeiro na agora cidade de corte, logo trataram de eliminar alguns “traços” coloniais, não condizentes à morada do monarca, assim como adaptar construções antigas a novos usos e, ainda, criar novas estruturas urbanas. A cidade do Rio ainda sofreu com outras diversas transformações ao longo do período colonial até ser proclamada a Independência em 1822. 1.4 Objetivos 1.4.1 Objetivo Geral Este trabalho pretende verificar como se deu a ocupação antrópica do Centro do Rio de Janeiro, através da análise de materiais histórico-cartográficos e da comparação entre eles, pontuando os marcos e fenômenos que podem ter contribuído para a expansão da malha urbana dessa área durante o dado período, retificando a importância da Cartografia Histórica para a análise geográfica. 1.4.2 Objetivos Específicos Selecionar dentre inúmeros materiais históricos-cartográficos quais são os que mais se adequam ao presente trabalho, demarcando as principais modificações da época; Situar quais foram os principais agentes modificadores da cidade colonial, como atuaram e quais foram as consequências no espaço urbano; Análise técnico-científica dos documentos. 2 METODOLOGIA 2.1 Conceitual Para que fique claro, nas próximas sessões estarão explicitados os conceitos que sustentam o trabalho, dando suporte à análise geográfica que será feita adiante. São eles: Cartografia História e Espaço Urbano. 2.2.1.1 Cartografia Histórica “A Cartografia Histórica tem por objetivo o estudo de mapas e representações cartográficas, elaboradas em épocas pretéritas, segundo técnicas e métodos também relativos à época de construção do documento, bem como a sua utilização na avaliação de processos que tenham ocorrido sobre o espaço geográfico de sua representação” MENEZES et al.(2005) Isto posto, entede-se que com o uso da Cartografia Histórica o estudo de um espaço do passado pode ser realizado de forma plena, a partir da análise das técnicas, toponímia, iconografia, ornamentos, orientação, projeção e impressão (ARAÚJO, 2011). Os registros cartográficos aliados aos históricos permitem que sejam reconstruídos tanto o espaço quanto o contexto da época em questão, possibilitando uma maior compreensão dos fatos ocorridos e suas consequentes reproduções espaciais. Neste caso, será fundamental para a análise do processo evolutivo de ocupação e uso da área do Centro do Rio. A partir da documentação cartográfica histórica pode ser feita o primeiro tipo de análise – analógica – porque este tipo se constitui como uma observação e extração de informações dos documentos, como por exemplo os pontos de controle e outras caraterísticas básicas já citadas anteriormente. 2.2.1.2 Espaço Urbano Esse trabalho aborda o tema evolução urbana sob uma perspectiva histórico-cartográfica. Mas para isso, primeiramente, é necessário entender o que esse tema envolve, que neste caso é o desenvolvimento de uma cidade – mais especificamente, o Rio de Janeiro. Cidade é o nome atribuído à forma do espaço urbano. O que é urbano é relacionado ao modo de vida, aos hábito e à cultura. Ao tratar sobre essa evolução, pode-se considerar o termo urbanização como um processo que nunca termina, sendo resultado de uma ação articulada de diferentes agentes com diferentes interesses, possibilitado por algumas conjunturas específicas que remontam às dinâmicas do modo de produção em questão, sendo a cidade o resultado deste processo. Além disso, têm-se que a condição fundamental para o estabelecimento de uma cidade é a acumulação de riquezas. A cidade é a materialização da produção humana socialmente organizada, e que se constitui como produto, condição e meio das relações oriundas do respectivo modo de produção. Segundo CORRÊA (2003), cidade enquanto forma do espaço urbano, precisa ser pensada como tendo movimento. Por isso é importante que a análise geográfica seja feita em conjunto com a histórica e a cartográfica, pois percebe-se exatamente esse movimento da forma urbana ao longo do tempo, bem como os interesses de quem o produziu. 2.1 Materiais Para o trabalho foram escolhidos mapas com algum distanciamento temporal a fim de que as transformações mais expressivas fossem melhor representadas. Foram selecionados quatro mapas, dos seguintes anos: 1750, 1769, 1794 e 1812. Figura1 - Carta Topographica da Cidade do Rio de Janeiro, Capital do Estado do Brazil – 1750. Fonte: Biblioteca Nacional Figura 2 – Planta da Cidade do Ryo de Janeyro – 1769. Fonte: Biblioteca Nacional Figura 3 – Plan de Ryo de Janeyro avec ses fortresses e parte de la Baye, 1769. Fonte: Biblioteca Nacional Figura 4- Planta da Cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro. Levantada por Ordem de Sua Alteza Real, O Príncipe Regente Nosso Senhor – 1812. Fonte: Biblioteca Nacional. 3 ANÁLISE E DISCUSSÃO Através da análise dos mapas escolhidos, é possível que seja feito um apontamento das modificações, os agentes e consequências delas e, junto a isso, uma análise técnica dos materiais. A partir de 1730, há uma expansão física e demográfica da cidade. Nesse momento, algumas alterações fundamentais começam a aparecer nos materiais cartográficos como a utilização da astronomia e topografia, marcando o que pode se chamar o início da cartografia científica. Além disso, começa-se a mapear formas geométricas e a empregar projeções ortogonais. Na figura 1 - Carta Topographica da Cidade do Rio de Janeiro – de 1750, pode-se observar que todas as fortificações são mostradas, além dos edifícios públicos, porto , muro de defesa e o Arcos da Lapa. Essas modificações foram resultado desse crescimento econômico observado no período. Como já foi discutido, o Rio de Janeiro já se constituía, no século XVIII como um centro regional importante, com um eminente crescimento econômico devido à expansão da mineração em Minas Gerais. A abertura do Caminho Novo, que antes passava por São Paulo, promoveu uma movimentação maior do porto – o que explica a representação cartográfica deste, também ressaltado por BICALHO (2006) “Afirmava-se [...] a partir dos interesses sediados na cidade de São Sebastião, a supremacia do seu porto no Altântico Sul, traduzindo, desta forma, seu papel de importante núcleo articulador de múltiplos espaços territoriais e aterritoriais”. A representação de fortificações e muros deve-se ao fato de que, apesar da cidade estar experimentando uma face cosmopolita, de centro de trocas e circulação de pessoas e capital, havia também uma ameaça constante de corsários e contrabandistas, o que resultou em várias tentativas de funcionários e engenheiros militares a construirem fortificações, muros e trincheiras (BICALHO, 2006). Muitas das localizações listadas neste mapa ainda existem hoje. A figura 2 - Planta da Cidade do Rio de Janeiro (1769) reitera o que já foi exposto. No rodapé do mapa, há uma informação deveras interessante: “Mappa levantado pelo Sargento mor de Engenheiros Francisco José Roscio em 1769 e apresentado em Janeiro de 1770 com o fim de se levantar uma Trincheira de fortificação da Cidade do Rio de Janeiro”. Isso demonstra o objetivo do mapeamento levantado. Ela contém informações sobre o projeto de fortificação por terra, desde a área do Vallonguinho, até a Praia de Santa Luzia e inclui os redutos de defesa nos morros próximos e um fosso circundante, que seria inundado com água do mar. Este mapa se torna, portanto, uma representação ímpar do contexto da década de 1760 que foi marcada por uma política de unificação das forças militares do Reino e do ultramar, fazendo com que a cidade recebesse oficais, engenheiros e tropas para atender a essa demanda (BICALHO, 2006). Além disso, essa representação demonstra claramente a posição da cidade. A figura 3 contempla ainda o século XVIII. O Mapa das Fortalezas, de 1794, permite a visão de toda a área fortificada da cidade, localização das baterias, canhões, ângulos de tiro e alcance. Este mapa foi uma compilação de todos os planos e executado por ordem do Conde de Rezende, Vice Rei do Estado do Brazil. Neste período as principais transformações sofridas pela cidade são causadas pelo crescimento das construções e das fortificações, com a ocupação dos morros e das várzeas no entorno da área povoada. A toponímia se torna bem mais densa e detalhada e pode-se observar também um maior adentramento no continente. A figura 4 - Plano da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro – 1812 – contempla já o início do século XIX e reflete as grandes mudanças ocorridas nesta fase, cujo grande fator foi a transferência da Corte Portuguesa para o Rio de Janeiro em 1808, abertura dos portos e comércio com as nações amigas. Em 1807, por exemplo, 778 navios entraram na baía, sendo apenas um estrangeiro. Em 1811 eram cerca de 5000 navios, de todas as bandeiras e procedências. A cidade expande-se principalmente para o norte, em direção à Gamboa e São Cristóvão, onde se instala a família real, na Quinta da Boa Vista. Devido ao enorme crescimento do movimento marítimo, a linha de costa começa a ser alterada com a melhoria e construção dos atracadouros ao longo da área do Vallonguinho, com rampas e escadas para acesso e descarga das embarcações. Inúmeros projetos são elaborados e as principais alterações consistem nos aterros entre os morros de São Bento e a ponta do Calabouço. Um detalhe técnico relevante no presente documento é a presença da escala cartográfica. Todas essas alterações começam a transormar a paisagem colonial para que o Rio de Janeiro fosse uma cidade Imperial. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir das análises feitas a partir da comparação entre os quatro materiais históricocartográficos escolhidos, pode-se, primeiramente verificar quais foram as principais modificações – como ocupação de morros e várzeas, construção de edifícios públicos, fortificações, expansão do porto, expansão para a Gamboa e São Cristóvão, etc – permitindo que as transformações fossem associadas a fatores como expansão da mineração em Minas Gerais, abertura do Caminho Novo, necessidade de defender a cidade, transferência da família real para o Brasil, entre outros. O que é importante destacar é que essa análise pode ser complementada com o estudo de mapas históricos e que pode-se também acompanhar o desenvolvimento técnico-científico destes, como mudanças nas projeções utilizadas, detalhamente da toponímia e também utilização de escala cartográfica. Este é um projeto inicial que buscou retificar a importância do uso de mapas históricos como base para o estudo de processos espaciais pretéritos e também sua eficácia em estudos sobre evolução urbana. O Rio de Janeiro, privilegiado que foi com registros cartográficos, permite uma riqueza de conhecimentos que auxiliam na reconstrução desses espaços e, sobretudo, que seus processos e agentes sejam passíveis de compreensão. Além disso, espera-se que este trabalho reitere a importância da Cartografia Histórica, sobretudo, para análises geográficas, como a afirmação a seguir assim coloca sobre o papel dos mapas no ofício do geógrafo Mostre-me um geógrafo que não necessite deles (mapas) constantemente e os queira ao seu redor e eu terei minhas dúvidas se ele fez a correta escolha em sua vida. O mapa fala através da barreira da linguagem. (SAUER apud MENEZES, 2000) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, J. C. DE. Paisagem Cultural, as potencialidades dos estudos em cartografia histórica e sistema de informações geográficas. Rio de Janeiro, 2011. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Geografia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2011) BICALHO, M. F. B. O Rio de Janeiro no século XVIII: a transferência da capital e a construção do território centro-sul da América portuguesa. Urbana. Revista Eletrônica do CIEC. Campinas: IFCH/CIEC, 1(1), set./dez., 2006. Disponível em <http://www.ifch.unicamp.br/ciec/revista/artigos/dossie1.pdf.> CORRÊA, R. L. O espaço Urbano. São Paulo: Ática, 4. 5T. 2003. GATTO, A. F.. Do porto ao Aeroporto – Um estudo das modificações da paisagem urbana do Rio de Janeiro sob a ótica da cartografia histórica (Século VXII a XX). Rio de Janeiro, 2011. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Geografia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2011 MENEZES, P. M. L., LEPORE, V. M. G., FERREIRA, T. S., Cartografia Histórica como suporte para análise geográfica, IV Colóquio Brasileiro de Ciências Geodésicas – IV CBCG: Curitiba, maio de 2005. MENEZES, P. M. L., A interface cartografia-geoecologia nos estudos diagnósticos e prognósticos da paisagem: um modelo de avaliação de procedimentos analíticointegrativos. 2000. 271 p. Tese (Doutorado em 2000) – Departamento de Geografia, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, 2000. MORAES, A. C. R. Formação Colonial e Consquista de Espaço. In: MORAES, A. Território e História no Brasil. 3. ed. São Paulo: Annablume, 2008. p. 63-73.