Manoel Ignácio de Souza (*1876, †1943) Prefeito de Campo Grande, de 1º de Janeiro de 1904 até 1º de Janeiro de 1909, constituindo-se a primeira administração mais duradoura e estável. O administrador Vindo para Campo Grande ainda muito jovem, por volta de 1890, acompanhado de sua mãe e seus irmãos, filho do português José Ignácio de Souza, na época já falecido e de Maria Angélica de Freitas, que viúva, veio a consorciar-se mais tarde com o também 1 2 viúvo, José Alves Taveira, aqui chegado, já há alguns anos, e estabelecido com sua numerosa família na região do “Botas”. Manoel era hábil carpinteiro e foi assim que, por volta de 1905, construiu a sua própria casa, na rua 26 de Agosto, local onde atualmente encontra-se o edifício “26 de Agosto”. Ali estabeleceu um pequeno um comercio, que se abastecia de produtos vindos da firma “Wanderley, Baís & Companhia”, de Corumbá, e de alguns produtos agrícolas e pecuários produzidos na Vila, já demonstrava grande capacidade administrativa, conforme se pode observar em seus muitos livros de registros contábeis deixados. Em poucos anos, os negócios prosperaram, transformando-se em um armazém, que vendia de tudo, desde uma simples caixa de fósforos, tijolos, tecidos, vinhos etc, como também num ponto de negócios, onde a compra e venda de animais eram ali realizadas. Em análise aos registros contábeis por ele realizados, pode-se detectar, dentre os seus clientes mais assíduos, alguns ilustres cidadãos, moradores daquela época em Campo Grande, tais como: Dr. Arlindo de Andrade Gomes, Antônio Anthero Paes de Barros, Antonio Norberto de Almeida, Eng. Dr. José Paes de Faria (agrimensor), José Modesto Medeiros, Francisco Paes de Rodrigues, Amando de Oliveira, Jerônimo José de Santana, Sebastião da Costa Lima, José Vieira Damas, José Alves Taveira (Quito), José Ignácio de Souza (seu irmão mais velho), Saturnino Pereira, Antonio 3 Rosa Pires, João Cuiabano Albuquerque, Estevão Rondon, José Pereira da Silva e muito outros. À medida que seus negócios progrediam, já demonstrando grande capacidade empreendedora, começou adquirir alguns imóveis rurais, que mais tarde integrados, vieram constituir a fazenda “Cerradinho”, com cerca de 10.000ha, cuja sede se localizava na região onde hoje se encontra o “Bairro Cerradinho” e o Aeroporto Internacional, onde passou a morar com a família a partir de 1915, dedicando-se mais intensamente a atividade de pecuária. O político No início do século passado, no plano estadual, a então Província de Mato Grosso, vivia talvez, o período mais conturbado de sua história, quando foram Presidentes da Província, dois personagens bastante polêmicos e autoritários, o coronel Antônio Pedro Alves de Barros (1899-1902), e seu sucessor, coronel Antônio Paes de Barros, “Totó Paes” (1903-1906). Período marcado por trágicos acontecimentos políticos, envolvendo seus opositores, que combinados a uma crescente insatisfação popular, culminou, em meados de 1906, com uma revolução, comandada pelo coronel Generoso Paes Leme de Souza Ponce, até então, exilado em Concepcion, Paraguai, que conseguiu, com apoio de lideranças do sul, reunir numeroso contingente de tropas em Corumbá, subiu o Rio Paraguai, sitiou a 4 capital Cuiabá. Como desdobramento deste fato, resultou a morte, de forma trágica, do Presidente “Totó Paes”. Estes acontecimentos, sem dúvida, dificultaram, como de resto, os primeiros dias de administração da recém criada Vila de Campo Grande. A partir de 1907, a administração da Província voltou a ter um certo período de estabilidade política. Realizada a primeira eleição municipal a 2 de novembro de 1902 foram eleitos: Bernardo Franco Baís – Intente; Francisco Mestre, 1º vice; Antonio Francisco Almeida, 2º vice, e como vereadores: Joaquim José de Santana, João Correia Leite, Manoel Ignácio de Souza, José Vieira Damas e João Antonio da Silva. Bernardo Baís, acabou renunciando ao cargo pouco tempo depois, sendo substituído por Francisco Mestre. Embora o mandato desta câmara tivesse iniciado a 1° de janeiro de 1903, só a janeiro de 1905 reuniu-se ela para as primeiras deliberações, nada sendo feito até então. Manoel Ignácio de Souza, eleito a novembro de 1903, assume a intendência geral, a 1º de Novembro de 1904, e até 1º de Janeiro de 1909, se constituindo a primeira administração mais duradoura e estável da Vila de Campo Grande. Diante da inexistência de recursos financeiros e de pessoal, e ainda, sem um local para instalar a intendência, é que a mesma, começou a funcionar provisoriamente na sua casa, na rua 26 de Agosto, na época única rua, onde funcionou até 1909, contando inicialmente apenas com a ajuda de alguns concidadãos. Foi durante a administração de Manoel Ignácio, que o município começou a ser organizado, quando as primeiras decisões foram tomadas, no sentido estabelecer posturas e tributos, para o funcionamento do comércio, com objetivo de organizar e obter recursos para atender as mínimas necessidades da administração pública. Fez a primeira tentativa de alargar a rua 26 de Agosto, pois as casas já eram muitas, cerca de 50, mas sem o devido alinhamento; na época foi muito criticado por isso. Mas a idéia prosperou, se concretizando mais tarde. • Nº 1, de 26 de Janeiro de 1905, “Fixa o subsidio de intendente geral para o restante do triênio de 1903 a 1905”. • Nº 2, de 26 de Janeiro de 1905, “Cria os lugares de fiscal, procurador, secretário, porteiro e dois agentes fiscais.” • Nº 3, de 30 de Janeiro de 1905, 1° Código de Posturas da Villa de Campo Grande; “A Câmara Municipal da Villa de Campo Grande, de Acordo com o 5 6 Paço da Câmara Municipal da Villa de Campo Grande em 1.905: Presidente - Jerônimo José de Sant' Anna; Vice-Presidente - João Corrêa Leite; Manoel Ignácio de Souza; João Antunes da Silva; José Vieira Damas. Primeiras Resoluções: organização Municipal decreta e promulga as seguintes, Posturas:” Dentre outras, “Proíbe matar ou esquartejar rezes para consumo, a não ser dentro de matadouros públicos”. • Nº 4, de 30 de Janeiro de 1905; Promulga e Decreta: Art. 1º: “Todos aqueles que mascatearem dentro do município estarão sujeitos ao pagamento de imposto anual.”. Art. 2º: “Fica autorizado o Intendente Geral, criar uma lei no sentido de por cabo ao contrabando e assim poder evitar prejuízo das rendas municipais.” • 30 de Maio de 1905, “Fica aprovado o plano para o alinhamento das ruas desta vila, apresentado pelo sr. Intendente, cuja planta tão logo seja remetida pelo Agrimensor, tratar-se das denominação das mesmas rua”. O Agrimensor era Emílio Rivasseau, um francês que tem sua assinatura aposta em muitas plantas de antigas divisões e demarcações de terras. No dia 15 de Novembro de 1905 é iniciado o trabalho, porem acabou não sendo concluído. No governo Afonso Pena, 1907, é retomado o estudo do traçado ferroviário, São Paulo - Mato Grosso, foi quando uma equipe de engenheiros encarregados dos estudos, percorrendo o novo traçado para reconhecimento, aqui chegaram. A equipe de engenheiros, era chefiada pelo engenheiro Emílio Schnoor, que, aqui chegando, se 7 apresentou ao intendente Manoel Ignácio, como chefe da equipe, apresentou os demais componentes do grupo: Arrojado Lisboa, Luiz Schnoor, Gustavo Schnoor, Francisco Chatier e Antonio Gravatá, com objetivo verificar se a vila de Campo Grande, tinha condições para receber uma estação intermediária. Manoel Ignácio, cheio de entusiasmo, logo tomou as providências para que os hóspedes tivessem a melhor impressão da vila, e tratou de apresentá-los pessoas importantes da época, como o coronel Sebastião da Costa Lima, o filho do fundador Antônio Luis Pereira, dentre outros. Emílio Schnoor, simpatizou-se com os moradores da localidade. Gostou da amabilidade do povo, e visionário que era, fez questão de presenteá-los com uma das futuras estações. Esta estação, seria certamente, um marco que mudaria por completo o curso da história desta cidade, a partir da qual o destino de ser a maior cidade do sul de Mato Grosso se configurava. Nela, nas décadas seguintes, desembarcariam, numerosos imigrantes, principalmente japoneses e libaneses, ávidos por trabalhar e produzir riquezas, trazendo consigo, o crescimento demográfico e econômico do município. Em 1913, Manoel Ignácio de Souza, volta ser vereador novamente, 4ª Legislatura, 1913-1914. Paço da Câmara Municipal da Villa de Campo Grande em 07/10/1914: 8 Presidente – Clemente Pereira Martins; Sebastião da Costa Lima; Manoel Ignácio de Souza; José Marcos da Fonseca; João Alves Pereira; Amando de Oliveira Principais acontecimentos do período: • Foi aprovada autorização de despesa para o Intendente construir o cemitério da Vila, atual Cemitério Santo Antônio. • A 2 de maio, instalou-se a Comarca de Campo Grande, foi empossado o 1° Juiz de Direito, Dr. Arlindo de Andrade Gomes; • A 28 de maio, chegou a Campo Grande, com muitas comemorações dos moradores da Vila, a 1ª locomotiva da NOB, procedente de Porto Esperança, a popular Maria Fumaça; • Em outubro, foi inaugurado o prédio da Intendência Municipal; • A 31 de agosto, diante de grande entusiasmo da população, ocorreu a ligação dos trilhos dos ramais, Porto Esperânça-Campo Grande e Itapura-Campo Grande, a ligação ocorreu sobre córrego Taveira, na fazenda Pastinho, de propriedade de Antônio Ignácio de Souza (Antônio Taveira), o local foi denominado Estação da Ligação; • A 14 de outubro, procedeu-se solene seção da Câmara Municipal, para inauguração oficial das linhas da 9 Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, quando estiveram presentes, as seguintes autoridades: Senador matogrossense, Dr. Antônio Francisco de Azeredo, Dr. Carlos Euler, representando o Ministro da Viação, o coronel José Bevilacqua, representando o Ministro da Guerra, o general-engenheiro Caetano Manoel de Faria Albuquerque, que seria no ano seguinte o próximo Presidente do Estado, o Procurador Geral do Estado Desembargador Dr. João Carlos Pereira Leite, representando o Presidente do Estado, Dr. Joaquim Augusto da Costa Marques, o Deputado Federal Alfredo Octávio de Mavigner, Dr. Firmo Dutra, e o Intedente Municipal, José Santiago, dentre outras. Estiveram fazendo cobertura jornalística do evento, o Estado de Matto Grosso, o Jornal do Comércio, o Times, alem de outros. Embora atuasse politicamente em uma época em que as divergências políticas locais, se polarizavam de forma bastante acentuada entre os principais líderes da época, o coronel Amando de Oliveira de um lado e o coronel Sebastião da Costa Lima, do outro, mantinha com ambos uma relação pessoal e política, respeitosa e cordial, característica dos mais hábeis políticos. Apaixonado pelas plantas, sua paixão eram as rosas, que cultivava várias espécies em sua casa, na sua fazenda, mantinha um pequeno viveiro, onde cultivava uma variedade de plantas, conforme testemunho de seus descendentes, doou ao município algumas das espécies, 10 que hoje quase centenárias, provavelmente, ainda sombreiam a praça central, atual praça Ari Coelho de Oliveira. 9 - Manoel Ignácio de Souza Junior (Milito), nascido, 1916; 10 - Maria Theodora de Souza (Mariquita), 1921, minha mãe. A família Manoel Taveira Manoel Ignácio casou-se com Emília Theodoro Paes Rodrigues, no dia 22 de Dezembro de 1897, ele com 22 anos e ela com 15 anos . O casamento aconteceu na residência de seu irmão José Ignácio de Souza, que na época com 35 anos. Emília Theodoro Paes Rodrigues, era filha de Francisco Paes Rodrigues e Vicência Theodoro Ferreira. Estiveram presentes, nesta Freguesia de Campo Grande, Comarca de Miranda, alem do Juiz de Paz em exercício, Hermenegildo Alves Pereira e seu escrivão Antonio Norberto de Almeida, os cidadãos José Ignácio de Souza , Máximo Fernandes Fuentes e Deocleciano Mascarenhas. Desta união, houveram, todos em Campo Grande, os seguintes filhos: 1 - Cleotildes Theodora de Souza (Coló), 1899; 2 - Rodolpho Ignácio de Souza, 1901; 3 - Octaviano Ignácio de Souza, 1903; 4 - Diógenes Ignácio de Souza, 1904; 5 - Izoleta Maria de Souza, 1907; 6 - Jeromita Theodora de Souza, 1909; 7 - Daniel Ignácio de Souza, 1911; 8 - Francisco Ignácio de Souza, 1914; 11 Os primeiros Paes que chegaram a Mato Grosso, oriundos de Sorocaba, estabeleceram-se primeiramente nas minas de Cuiabá, com a decadência da exploração do ouro e diamante na região, o português Manuel Paes Rodrigues, o “Manoel Véio”, fez uma varação, até Santana de Paranaíba, e em seguida, até alcançar a região do alto Sucuriu, estabeleceu-se na região conhecida na época como Baús, atualmente município de Costa Rica. Manuel Paes Rodrigues, se casou com Ana Theodoro do Sacramento, descendente dos “Faustinos Inácios”, de Paranaíba, vindo a afazendar-se na Fazenda Nova, situada ás nas margens do córrego Baús. Um dos seus filhos, Francisco Paes Rodrigues, casou-se com Vicência Theodoro Ferreira, filha de José Alves Taveira e Jerônima Theodoro Ferreira, por volta de 1880, em Baús. Posteriormente, tanto José Alves Taveira quanto seu genro, Francisco Paes Rodrigues, se deslocaram, com suas numerosas famílias, seguindo, com uma das muitas caravanas, compostas principalmente de famílias oriundas de Minas Gerais, que seguiram o mesmo trajeto percorrido pela primeira vez, pelo fundador José Antônio Pereira e sua família; para a recém fundada vila de Campo Grande, atraídas pela fama que já despertava essa 12 vila, aqui chegando, vindo a se estabelecerem na região do “Botas”. A trajetória de Manoel Ignácio de Souza, não foi muito diferente, há pouco mais de um século, por volta de 1870 a 1890, seguindo o caminho mais ou menos comum a todas famílias dos desbravadores que aqui chegaram neste período, levadas pelo espírito de aventura e principalmente pelas perspectivas de melhores condições de vida, famílias estas, que acabaram se constituindo, dentre outras, naqueles primeiros moradores desta cidade de Campo Grande. Provenientes do Triangulo Mineiro, mais provavelmente de Uberaba, com passagem por Franca do Imperador, a família de Manoel Ignácio de Souza, se estabeleceu temporariamente na região de Santana do Paranaíba e Baús (atual município de Costa Rica). Vindo para Campo Grande ainda muito jovem, acompanhado de sua mãe e seus irmãos, filhos do português José Ignácio de Souza, na época já falecido e de Maria Angélica de Freitas. Sua mãe, Da. Maria Angélica de Freitas, viúva, tinha os seguintes filhos, de seu casamento com, José Ignácio de Souza: José Ignácio de Souza (1862), Francisco Ignácio de Souza, Camilo Ignácio de Souza, Antonio Ignácio de Souza (1870), Manoel Ignácio de Souza (1876), Claudine de Freitas, Ana Angélica de Freitas, Maria Angélica de Freitas. Da. Maria Angélica de Freitas (mãe), casou-se novamente, com o já também viúvo. José Alves Taveira, que já tinha os seguintes filhos: João Alves Taveira, Ignácio Alves Taveira, Jerônimo Alves Taveira, José Alves Taveira (1871, conhecido como coronel Quito), Ana Ferreira, Rita Ferreira, Vicência Theodora Ferreira (mãe da Emília), Julia Ferreira, Maria Ferreira, Beatriz Ferreira (Bia), indo todos morar no “Botas”. Os filhos de Da. Maria Angélica , passaram desde então, a serem confundidos como “Taveiras”, como se filhos fossem, do padrasto, José Alves Taveira. Daí, José Ignácio de Souza, ser mais conhecido como “Zeca Taveira”, Antonio Ignácio de Souza, como “Antonio Taveira” e Manoel Ignácio de Souza, como “Manoel Taveira”. O casal, José Alves Taveira e Maria Angélica de Freitas, tiveram ainda outros filhos: Flauzina, Angélica, Astrogildo, Claudine, Luduvina e Aureliano Alves Taveira. Ocorre ainda, como complicador dessa complexa genealogia, que, alguns filhos de José Alves Taveira (o viúvo), casaram-se com filhos da Da. Maria Angélica de Freitas (a viúva), o que gerava na época, algumas confusões, no sentido de “como seriam possíveis esses casamentos entre os irmãos Taveira ?”. Dentre eles, casaram-se, João Alves Taveira com Maria Angélica de Freitas (a filha), conhecida como Marica, Camilo Ignácio de Souza, com Júlia Ferreira, José Ignácio de Souza, com Rita Ferreira e Claudine Freitas, com Ignácio Alves Taveira Da união de José Alves Taveira e Maria Angélica de Freitas, e de seus filhos, descende, direta ou indiretamente, um verdadeiro clã , hoje estabelecido nesta cidade de Campo Grande. 13 14 Dos parentes diretos de Manoel Ignácio de Souza, que muitos deles, se constituíram, dentre outros, como aqueles primeiros moradores desta cidade, podemos destacar, os que se tornaram mais conhecidos: Seu irmão, José Ignácio de Souza, o “Zeca Taveira”, que foi também comerciante e vereador de 03/01/1918 a 20/03/1918 (6ª Legislatura), e seu filho, Sebastião Ignácio de Souza, o “Sebastião Taveira”, que foi vereador, no ano de 1930 (10ª legislatura), foi também, proprietário da região utilizada para a construção dos Quartéis, que depois de parte desapropriada, a área remanescente, loteada, deu origem a bairro “Taveirópolis”. Seu irmão, Antonio Ignácio de Souza, o “Antonio Taveira” casado com sua cunhada, Filisbina Paes Rodrigues (Bininha), proprietário da famosa fazenda “Pastinho”, se notabilizou com importante pecuarista da região; seu filho Dinamérico Ignácio de Souza, também grande pecuarista, foi vereador de 1963 até 1967, e prefeito de Campo Grande no período de 12/10/1955 à 22/11/1955. Seu concunhado, Bento Gomes Benjamin, casado com sua cunhada, Jerônima Paes Rodrigues, proprietários que foram da histórica Pensão Bentinho. Seu coirmão, José Alves Taveira, conhecido como “coronel Quito” de quem era muito amigo, se tornou importante fazendeiro, um dos primeiros a se especializar na intermediação de compra e venda de gado na região, quando os comprava na campanha, estocava nas proximidades de Campo Grande e os vendia em larga escala, principalmente para compradores de outros estados. Dentre os seus descendentes, que se tornaram posteriormente pessoas públicas, pode-se destacar: Seus filhos, Daniel Ignácio de Souza e Octaviano Ignácio de Souza, que atuavam no teatro amador em Campo Grande, fizeram parte, do elenco principal de atores da histórica produção cinematográfica sulmatogrossense, “Alma do Brasil”, que retrata alguns episódios da epopéia “Retirada de Laguna”, que foi produzida em 1930, em Campo Grande, pela FAN-FILM do produtor Alexandre Wulfes, teve como diretor Líbero Luxardo. Os personagens centrais foram representados pelos atores Egon Adolpho e Conceição Ferreira. Algumas cenas deste filme foram locadas na Fazenda Cerradinho, de Manoel Ignácio. Seu filho, o então capitão Manoel Ignácio de Souza Junior (Milito), serviu em Campo Grande durante muitos anos, esteve na Itália, durante a 2ª Guerra Mundial, a serviço da Força Expedicionária Brasileira, desde onde, em abril de 1945, foi signatário de manifesto de oficiais combatentes, em agradecimento “às tarefas de exaltação cívica e esforço unificador para a vitória, que, no Brasil, a Liga de Defesa Nacional, vem levando a efeito incansavelmente.” e ao desejo do “desenvolvimento de um Brasil forte, emancipado, econômica e politicamente, democrático e progressista.”. Hoje, General do Exército, único filho ainda vivo, aos 88 anos, reside no interior de São Paulo. 15 16 Seus netos, Edgar de Souza Zardo, Mestre em Engenharia Civil, historiador, professor e ex-Reitor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, e Thirson de Almeida, vereador do município de Campo Grande, de 1964 a 1967. O ocaso Por volta de 1923, quanto se separou de sua esposa Emília, por motivos que somente as razões do destino podem explicar, partiu para Ponta Porá, movido talvez, mais pelo seu espírito aventureiro, do que pela razão; não sem antes, preocupado, como o bom pai, se preocupa com futuro de sua família, oficializar a repartição de todos os seus bens, entre a esposa Emília e os filhos. Como fênix, lá estabeleceu um novo e pequeno comercio, para tudo recomeçar, foi onde, conheceu, alguns anos mais tarde, Clecência Medeiros, filha de Manoel Modesto Medeiros, com quem teve os seguintes filhos: Cláudio Emílio, Izolina, Ludjero, Claudina, Deocleciano. No entanto, durante o período que esteve ausente, nunca deixou de manifestar, o mesmo o amor, e a mesma estima, que sempre dedicou, aos filhos que aqui ficaram. Em meados de 1935, saudoso, e já com a saúde relativamente abalada, reuniu todas as suas economias, parece que, antevendo que aqueles próximos anos, seriam o ocaso de sua vida, Manoel Ignácio, voltou, com Clecência e os filhos, para a sua querida Campo Grande, terra onde tinha fixado suas raízes mais profundas. Foi 17 quando adquiriu sua última morada, uma casa na rua Joaquim Murtinho n° 514, na quadra que fica entre as ruas Padre João Cripa e José Antônio, onde ainda existe, quase sem modificações, quando passou a sobreviver com as poucas economias que lhe restaram. Ali, sucumbiu, cerca de seis anos mais tarde, a 8 de abril de 1943, aos 67 anos, assistido pela sua numerosa prole. Seus restos mortais encontram-se depositados no mausoléu da família no Cemitério Santo Antônio. Emilia faleceu, pouco tempo depois, em 23 de março de 1947. E assim terminou a emocionante saga de meus avós, Manoel Ignácio e Emília. O menino pobre, órfão ainda muito jovem, que consegui prosperar exclusivamente através de seus próprios esforços, construiu seu patrimônio moral e econômico, através da honestidade e do trabalho incansável, princípios que sempre nortearam a sua vida. Tornou-se um exemplo para todos os seus descendentes, pela sua simplicidade e honradez. A Prefeitura Municipal de Campo Grande, em reconhecimento a sua importante participação na história desta cidade, atribuiu, em sua memória, seu nome a uma escola localizada no bairro Cerradinho, “Escola Manoel Taveira”, edificada em local próximo, onde foi a sede de sua fazenda “Cerradinho”, e a uma importante artéria, que atravessa alguns importantes bairros de Campo Grande, iniciando-se na rua Bahia, atravessando o bairro Jardim dos Estados, a avenida Ceará, o bairro Santa Fé, a avenida Paulo Coelho Machado, o bairro Vivendas do 18 Bosque, e terminando no entroncamento com a nova avenida, Via Parque. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • • • • • • • • • • O município de Campo Grande - ROSÁRIO CONGRO, IHG-MS. Costa Rica: História e Genealogia - MARLEI CUNHA. História de Campo Grande - J.BARBOSA RODRIGUES 1980. Pelas ruas de Campo Grande - A Rua Velha - PAULO COELHO MACHADO. Alma do Brasil – Roteiro/Tese – JOSÉ OCTÁVIO GUIZZO. Campo Grande – 100 Anos de Construção - Editora Matriz Ltda - 1999. Resoluções n° 1, n° 2, n° 3 e n° 4, de janeiro de 1905 CÂMARA MUNICIPAL DE CAMPO GRANDE. Internet: História Militar do Brasil - LIGA DE DEFESA NACIONAL. Depoimentos: OLIVAN TAVEIRA; LUDJERO MEDEIROS DE SOUZA, e; MANOEL IGNÁCIO DE SOUZA JUNIOR. Livros de Registros Contábeis - MANOEL IGNÁCIO DE SOUZA, 1906/1907 - 1911/1915. Autora: MARIA EMÍLIA SOUZA PAES DE BARROS MESQUITA. • Pedagoga, pela Faculdade Dom Aquino de Filosofia Ciências e Letras, 1980; • Neta, de Manoel Ignácio de Souza; • Proprietária de parte remanescente da Fazenda Cerradinho. Material publicado na Revista Personalidades 2004, sob o patrocínio da Prefeitura de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, gestão prefeito André Pucinelli. 19 20