Manoel Ignácio de Souza
(*1876, †1943)
Prefeito de Campo Grande, de 1º de Janeiro de 1904
até 1º de Janeiro de 1909, constituindo-se a primeira
administração mais duradoura e estável.
O administrador
Vindo para Campo Grande ainda muito jovem,
por volta de 1890, acompanhado de sua mãe e seus
irmãos, filho do português José Ignácio de Souza, na
época já falecido e de Maria Angélica de Freitas, que
viúva, veio a consorciar-se mais tarde com o também
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viúvo, José Alves Taveira, aqui chegado, já há alguns
anos, e estabelecido com sua numerosa família na região
do “Botas”.
Manoel era hábil carpinteiro e foi assim que, por
volta de 1905, construiu a sua própria casa, na rua 26 de
Agosto, local onde atualmente encontra-se o edifício “26
de Agosto”. Ali estabeleceu um pequeno um comercio,
que se abastecia de produtos vindos da firma “Wanderley,
Baís & Companhia”, de Corumbá, e de alguns produtos
agrícolas e pecuários produzidos na Vila, já demonstrava
grande capacidade administrativa, conforme se pode
observar em seus muitos livros de registros contábeis
deixados.
Em poucos anos, os negócios prosperaram,
transformando-se em um armazém, que vendia de tudo,
desde uma simples caixa de fósforos, tijolos, tecidos,
vinhos etc, como também num ponto de negócios, onde a
compra e venda de animais eram ali realizadas.
Em análise aos registros contábeis por ele
realizados, pode-se detectar, dentre os seus clientes mais
assíduos, alguns ilustres cidadãos, moradores daquela
época em Campo Grande, tais como: Dr. Arlindo de
Andrade Gomes, Antônio Anthero Paes de Barros,
Antonio Norberto de Almeida, Eng. Dr. José Paes de
Faria (agrimensor), José Modesto Medeiros, Francisco
Paes de Rodrigues, Amando de Oliveira, Jerônimo José
de Santana, Sebastião da Costa Lima, José Vieira
Damas, José Alves Taveira (Quito), José Ignácio de
Souza (seu irmão mais velho), Saturnino Pereira, Antonio
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Rosa Pires, João Cuiabano Albuquerque, Estevão
Rondon, José Pereira da Silva e muito outros.
À medida que seus negócios progrediam, já
demonstrando grande capacidade empreendedora,
começou adquirir alguns imóveis rurais, que mais tarde
integrados, vieram constituir a fazenda “Cerradinho”,
com cerca de 10.000ha, cuja sede se localizava na região
onde hoje se encontra o “Bairro Cerradinho” e o
Aeroporto Internacional, onde passou a morar com a
família a partir de 1915, dedicando-se mais intensamente
a atividade de pecuária.
O político
No início do século passado, no plano estadual, a
então Província de Mato Grosso, vivia talvez, o período
mais conturbado de sua história, quando foram
Presidentes da Província, dois personagens bastante
polêmicos e autoritários, o coronel Antônio Pedro Alves
de Barros (1899-1902), e seu sucessor, coronel Antônio
Paes de Barros, “Totó Paes” (1903-1906).
Período marcado por trágicos acontecimentos
políticos, envolvendo seus opositores, que combinados a
uma crescente insatisfação popular, culminou, em
meados de 1906, com uma revolução, comandada pelo
coronel Generoso Paes Leme de Souza Ponce, até então,
exilado em Concepcion, Paraguai, que conseguiu, com
apoio de lideranças do sul, reunir numeroso contingente
de tropas em Corumbá, subiu o Rio Paraguai, sitiou a
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capital Cuiabá. Como desdobramento deste fato, resultou
a morte, de forma trágica, do Presidente “Totó Paes”.
Estes acontecimentos, sem dúvida, dificultaram,
como de resto, os primeiros dias de administração da
recém criada Vila de Campo Grande. A partir de 1907, a
administração da Província voltou a ter um certo período
de estabilidade política.
Realizada a primeira eleição municipal a 2 de
novembro de 1902 foram eleitos: Bernardo Franco Baís –
Intente; Francisco Mestre, 1º vice; Antonio Francisco
Almeida, 2º vice, e como vereadores: Joaquim José de
Santana, João Correia Leite, Manoel Ignácio de Souza,
José Vieira Damas e João Antonio da Silva. Bernardo
Baís, acabou renunciando ao cargo pouco tempo depois,
sendo substituído por Francisco Mestre.
Embora o mandato desta câmara tivesse iniciado a
1° de janeiro de 1903, só a janeiro de 1905 reuniu-se ela
para as primeiras deliberações, nada sendo feito até então.
Manoel Ignácio de Souza, eleito a novembro de
1903, assume a intendência geral, a 1º de Novembro de
1904, e até 1º de Janeiro de 1909, se constituindo a
primeira administração mais duradoura e estável da Vila
de Campo Grande.
Diante da inexistência de recursos financeiros e de
pessoal, e ainda, sem um local para instalar a intendência,
é que a mesma, começou a funcionar provisoriamente na
sua casa, na rua 26 de Agosto, na época única rua, onde
funcionou até 1909, contando inicialmente apenas com a
ajuda de alguns concidadãos. Foi durante
a
administração de Manoel Ignácio, que o município
começou a ser organizado, quando as primeiras decisões
foram tomadas, no sentido estabelecer posturas e tributos,
para o funcionamento do comércio, com objetivo de
organizar e obter recursos para atender as mínimas
necessidades da administração pública.
Fez a primeira tentativa de alargar a rua 26 de
Agosto, pois as casas já eram muitas, cerca de 50, mas
sem o devido alinhamento; na época foi muito criticado
por isso. Mas a idéia prosperou, se concretizando mais
tarde.
•
Nº 1, de 26 de Janeiro de 1905, “Fixa o subsidio de
intendente geral para o restante do triênio de 1903 a
1905”.
•
Nº 2, de 26 de Janeiro de 1905, “Cria os lugares de
fiscal, procurador, secretário, porteiro e dois agentes
fiscais.”
•
Nº 3, de 30 de Janeiro de 1905, 1° Código de
Posturas da Villa de Campo Grande; “A Câmara
Municipal da Villa de Campo Grande, de Acordo com o
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Paço da Câmara Municipal da Villa de Campo Grande
em 1.905:
Presidente - Jerônimo José de Sant' Anna;
Vice-Presidente - João Corrêa Leite;
Manoel Ignácio de Souza;
João Antunes da Silva;
José Vieira Damas.
Primeiras Resoluções:
organização Municipal decreta e promulga as seguintes,
Posturas:”
Dentre outras, “Proíbe matar ou esquartejar rezes
para consumo, a não ser dentro de matadouros
públicos”.
•
Nº 4, de 30 de Janeiro de 1905; Promulga e Decreta:
Art. 1º: “Todos aqueles que mascatearem dentro do
município estarão sujeitos ao pagamento de imposto
anual.”.
Art. 2º: “Fica autorizado o Intendente Geral, criar
uma lei no sentido de por cabo ao contrabando e
assim poder evitar prejuízo das rendas municipais.”
•
30 de Maio de 1905, “Fica aprovado o plano para
o alinhamento das ruas desta vila, apresentado pelo sr.
Intendente, cuja planta tão logo seja remetida pelo
Agrimensor, tratar-se das denominação das mesmas
rua”.
O Agrimensor era Emílio Rivasseau, um francês
que tem sua assinatura aposta em muitas plantas de
antigas divisões e demarcações de terras. No dia 15 de
Novembro de 1905 é iniciado o trabalho, porem acabou
não sendo concluído.
No governo Afonso Pena, 1907, é retomado o
estudo do traçado ferroviário, São Paulo - Mato Grosso,
foi quando uma equipe de engenheiros encarregados dos
estudos,
percorrendo
o
novo
traçado
para
reconhecimento, aqui chegaram.
A equipe de engenheiros, era chefiada pelo
engenheiro Emílio Schnoor, que, aqui chegando, se
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apresentou ao intendente Manoel Ignácio, como chefe da
equipe, apresentou os demais componentes do grupo:
Arrojado Lisboa, Luiz Schnoor, Gustavo Schnoor,
Francisco Chatier e Antonio Gravatá, com objetivo
verificar se a vila de Campo Grande, tinha condições
para receber uma estação intermediária.
Manoel Ignácio, cheio de entusiasmo, logo tomou
as providências para que os hóspedes tivessem a melhor
impressão da vila, e tratou de apresentá-los pessoas
importantes da época, como o coronel Sebastião da Costa
Lima, o filho do fundador Antônio Luis Pereira, dentre
outros.
Emílio Schnoor, simpatizou-se com os moradores
da localidade. Gostou da amabilidade do povo, e
visionário que era, fez questão de presenteá-los com uma
das futuras estações.
Esta estação, seria certamente, um marco que
mudaria por completo o curso da história desta cidade, a
partir da qual o destino de ser a maior cidade do sul de
Mato Grosso se configurava. Nela, nas décadas seguintes,
desembarcariam, numerosos imigrantes, principalmente
japoneses e libaneses, ávidos por trabalhar e produzir
riquezas, trazendo consigo, o crescimento demográfico e
econômico do município.
Em 1913, Manoel Ignácio de Souza, volta ser
vereador novamente, 4ª Legislatura, 1913-1914.
Paço da Câmara Municipal da Villa de Campo Grande
em 07/10/1914:
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Presidente – Clemente Pereira Martins;
Sebastião da Costa Lima;
Manoel Ignácio de Souza;
José Marcos da Fonseca;
João Alves Pereira;
Amando de Oliveira
Principais acontecimentos do período:
•
Foi aprovada autorização de despesa para o
Intendente construir o cemitério da Vila, atual Cemitério
Santo Antônio.
•
A 2 de maio, instalou-se a Comarca de Campo
Grande, foi empossado o 1° Juiz de Direito, Dr. Arlindo
de Andrade Gomes;
•
A 28 de maio, chegou a Campo Grande, com
muitas comemorações dos moradores da Vila, a 1ª
locomotiva da NOB, procedente de Porto Esperança, a
popular Maria Fumaça;
•
Em outubro, foi inaugurado o prédio da Intendência
Municipal;
•
A 31 de agosto, diante de grande entusiasmo da
população, ocorreu a ligação dos trilhos dos ramais, Porto
Esperânça-Campo Grande e Itapura-Campo Grande, a
ligação ocorreu sobre córrego Taveira, na fazenda
Pastinho, de propriedade de Antônio Ignácio de Souza
(Antônio Taveira), o local foi denominado Estação da
Ligação;
•
A 14 de outubro, procedeu-se solene seção da
Câmara Municipal, para inauguração oficial das linhas da
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Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, quando estiveram
presentes,
as
seguintes
autoridades:
Senador
matogrossense, Dr. Antônio Francisco de Azeredo, Dr.
Carlos Euler, representando o Ministro da Viação, o
coronel José Bevilacqua, representando o Ministro da
Guerra, o general-engenheiro Caetano Manoel de Faria
Albuquerque, que seria no ano seguinte o próximo
Presidente do Estado, o Procurador Geral do Estado
Desembargador Dr. João Carlos Pereira Leite,
representando o Presidente do Estado, Dr. Joaquim
Augusto da Costa Marques, o Deputado Federal Alfredo
Octávio de Mavigner, Dr. Firmo Dutra, e o Intedente
Municipal, José Santiago, dentre outras. Estiveram
fazendo cobertura jornalística do evento, o Estado de
Matto Grosso, o Jornal do Comércio, o Times, alem de
outros.
Embora atuasse politicamente em uma época em
que as divergências políticas locais, se polarizavam de
forma bastante acentuada entre os principais líderes da
época, o coronel Amando de Oliveira de um lado e o
coronel Sebastião da Costa Lima, do outro, mantinha com
ambos uma relação pessoal e política, respeitosa e
cordial, característica dos mais hábeis políticos.
Apaixonado pelas plantas, sua paixão eram as
rosas, que cultivava várias espécies em sua casa, na sua
fazenda, mantinha um pequeno viveiro, onde cultivava
uma variedade de plantas, conforme testemunho de seus
descendentes, doou ao município algumas das espécies,
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que hoje quase centenárias, provavelmente, ainda
sombreiam a praça central, atual praça Ari Coelho de
Oliveira.
9 - Manoel Ignácio de Souza Junior (Milito),
nascido, 1916;
10 - Maria Theodora de Souza (Mariquita), 1921,
minha mãe.
A família
Manoel Taveira
Manoel Ignácio casou-se com Emília Theodoro
Paes Rodrigues, no dia 22 de Dezembro de 1897, ele com
22 anos e ela com 15 anos . O casamento aconteceu na
residência de seu irmão José Ignácio de Souza, que na
época com 35 anos. Emília Theodoro Paes Rodrigues,
era filha de Francisco Paes Rodrigues e Vicência
Theodoro Ferreira.
Estiveram presentes, nesta Freguesia de Campo
Grande, Comarca de Miranda, alem do Juiz de Paz em
exercício, Hermenegildo Alves Pereira e seu escrivão
Antonio Norberto de Almeida, os cidadãos José Ignácio
de Souza , Máximo Fernandes Fuentes e Deocleciano
Mascarenhas.
Desta união, houveram, todos em Campo Grande,
os seguintes filhos:
1 - Cleotildes Theodora de Souza (Coló), 1899;
2 - Rodolpho Ignácio de Souza, 1901;
3 - Octaviano Ignácio de Souza, 1903;
4 - Diógenes Ignácio de Souza, 1904;
5 - Izoleta Maria de Souza, 1907;
6 - Jeromita Theodora de Souza, 1909;
7 - Daniel Ignácio de Souza, 1911;
8 - Francisco Ignácio de Souza, 1914;
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Os primeiros Paes que chegaram a Mato Grosso,
oriundos de Sorocaba, estabeleceram-se primeiramente
nas minas de Cuiabá, com a decadência da exploração do
ouro e diamante na região, o português Manuel Paes
Rodrigues, o “Manoel Véio”, fez uma varação, até
Santana de Paranaíba, e em seguida, até alcançar a região
do alto Sucuriu, estabeleceu-se na região conhecida na
época como Baús, atualmente município de Costa Rica.
Manuel Paes Rodrigues, se casou com Ana
Theodoro do Sacramento, descendente dos “Faustinos
Inácios”, de Paranaíba, vindo a afazendar-se na Fazenda
Nova, situada ás nas margens do córrego Baús. Um dos
seus filhos, Francisco Paes Rodrigues, casou-se com
Vicência Theodoro Ferreira, filha de José Alves Taveira e
Jerônima Theodoro Ferreira, por volta de 1880, em Baús.
Posteriormente, tanto José Alves Taveira quanto
seu genro, Francisco Paes Rodrigues, se deslocaram,
com suas numerosas famílias, seguindo, com uma das
muitas caravanas, compostas principalmente de famílias
oriundas de Minas Gerais, que seguiram o mesmo trajeto
percorrido pela primeira vez, pelo fundador José Antônio
Pereira e sua família; para a recém fundada vila de
Campo Grande, atraídas pela fama que já despertava essa
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vila, aqui chegando, vindo a se estabelecerem na região
do “Botas”.
A trajetória de Manoel Ignácio de Souza, não foi
muito diferente, há pouco mais de um século, por volta de
1870 a 1890, seguindo o caminho mais ou menos comum
a todas famílias dos desbravadores que aqui chegaram
neste período, levadas pelo espírito de aventura e
principalmente pelas perspectivas de melhores condições
de vida, famílias estas, que acabaram se constituindo,
dentre outras, naqueles primeiros moradores desta cidade
de Campo Grande.
Provenientes do Triangulo Mineiro, mais
provavelmente de Uberaba, com passagem por Franca do
Imperador, a família de Manoel Ignácio de Souza, se
estabeleceu temporariamente na região de Santana do
Paranaíba e Baús (atual município de Costa Rica). Vindo
para Campo Grande ainda muito jovem, acompanhado de
sua mãe e seus irmãos, filhos do português José Ignácio
de Souza, na época já falecido e de Maria Angélica de
Freitas.
Sua mãe, Da. Maria Angélica de Freitas, viúva,
tinha os seguintes filhos, de seu casamento com, José
Ignácio de Souza: José Ignácio de Souza (1862),
Francisco Ignácio de Souza, Camilo Ignácio de Souza,
Antonio Ignácio de Souza (1870), Manoel Ignácio de
Souza (1876), Claudine de Freitas, Ana Angélica de
Freitas, Maria Angélica de Freitas.
Da. Maria Angélica de Freitas (mãe), casou-se
novamente, com o já também viúvo. José Alves Taveira,
que já tinha os seguintes filhos: João Alves Taveira,
Ignácio Alves Taveira, Jerônimo Alves Taveira, José
Alves Taveira (1871, conhecido como coronel Quito),
Ana Ferreira, Rita Ferreira, Vicência Theodora Ferreira
(mãe da Emília), Julia Ferreira, Maria Ferreira, Beatriz
Ferreira (Bia), indo todos morar no “Botas”.
Os filhos de Da. Maria Angélica , passaram desde
então, a serem confundidos como “Taveiras”, como se
filhos fossem, do padrasto, José Alves Taveira.
Daí, José Ignácio de Souza, ser mais conhecido
como “Zeca Taveira”, Antonio Ignácio de Souza, como
“Antonio Taveira” e Manoel Ignácio de Souza, como
“Manoel Taveira”.
O casal, José Alves Taveira e Maria Angélica de
Freitas, tiveram ainda outros filhos: Flauzina, Angélica,
Astrogildo, Claudine, Luduvina e Aureliano Alves
Taveira.
Ocorre ainda, como complicador dessa
complexa genealogia, que, alguns filhos de José Alves
Taveira (o viúvo), casaram-se com filhos da Da. Maria
Angélica de Freitas (a viúva), o que gerava na época,
algumas confusões, no sentido de “como seriam possíveis
esses casamentos entre os irmãos Taveira ?”.
Dentre eles, casaram-se, João Alves Taveira com
Maria Angélica de Freitas (a filha), conhecida como
Marica, Camilo Ignácio de Souza, com Júlia Ferreira,
José Ignácio de Souza, com Rita Ferreira e Claudine
Freitas, com Ignácio Alves Taveira
Da união de José Alves Taveira e Maria Angélica
de Freitas, e de seus filhos, descende, direta ou
indiretamente, um verdadeiro clã , hoje estabelecido nesta
cidade de Campo Grande.
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Dos parentes diretos de Manoel Ignácio de Souza,
que muitos deles, se constituíram, dentre outros, como
aqueles primeiros moradores desta cidade, podemos
destacar, os que se tornaram mais conhecidos:
Seu irmão, José Ignácio de Souza, o “Zeca
Taveira”, que foi também comerciante e vereador de
03/01/1918 a 20/03/1918 (6ª Legislatura), e seu filho,
Sebastião Ignácio de Souza, o “Sebastião Taveira”, que
foi vereador, no ano de 1930 (10ª legislatura), foi
também, proprietário da região utilizada para a
construção dos Quartéis, que depois de parte
desapropriada, a área remanescente, loteada, deu origem a
bairro “Taveirópolis”.
Seu irmão, Antonio Ignácio de Souza, o “Antonio
Taveira” casado com sua cunhada, Filisbina Paes
Rodrigues (Bininha), proprietário da famosa fazenda
“Pastinho”, se notabilizou com importante pecuarista da
região; seu filho Dinamérico Ignácio de Souza, também
grande pecuarista, foi vereador de 1963 até 1967, e
prefeito de Campo Grande no período de 12/10/1955 à
22/11/1955.
Seu concunhado, Bento Gomes Benjamin, casado
com sua cunhada,
Jerônima Paes Rodrigues,
proprietários que foram da histórica Pensão Bentinho.
Seu coirmão, José Alves Taveira, conhecido como
“coronel Quito” de quem era muito amigo, se tornou
importante fazendeiro, um dos primeiros a se especializar
na intermediação de compra e venda de gado na região,
quando os comprava na campanha, estocava nas
proximidades de Campo Grande e os vendia em larga
escala, principalmente para compradores de outros
estados.
Dentre os seus descendentes, que se tornaram
posteriormente pessoas públicas, pode-se destacar:
Seus filhos, Daniel Ignácio de Souza e Octaviano
Ignácio de Souza, que atuavam no teatro amador em
Campo Grande, fizeram parte, do elenco principal de
atores da histórica produção cinematográfica sulmatogrossense, “Alma do Brasil”, que retrata alguns
episódios da epopéia “Retirada de Laguna”, que foi
produzida em 1930, em Campo Grande, pela FAN-FILM
do produtor Alexandre Wulfes, teve como diretor Líbero
Luxardo. Os personagens centrais foram representados
pelos atores Egon Adolpho e Conceição Ferreira.
Algumas cenas deste filme foram locadas na Fazenda
Cerradinho, de Manoel Ignácio.
Seu filho, o então capitão Manoel Ignácio de
Souza Junior (Milito), serviu em Campo Grande durante
muitos anos, esteve na Itália, durante a 2ª Guerra
Mundial, a serviço da Força Expedicionária Brasileira,
desde onde, em abril de 1945, foi signatário de manifesto
de oficiais combatentes, em agradecimento “às tarefas de
exaltação cívica e esforço unificador para a vitória, que,
no Brasil, a Liga de Defesa Nacional, vem levando a
efeito incansavelmente.” e ao desejo do “desenvolvimento
de um Brasil forte, emancipado, econômica e
politicamente, democrático e progressista.”. Hoje,
General do Exército, único filho ainda vivo, aos 88 anos,
reside no interior de São Paulo.
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Seus netos, Edgar de Souza Zardo, Mestre em
Engenharia Civil, historiador, professor e ex-Reitor da
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, e Thirson
de Almeida, vereador do município de Campo Grande, de
1964 a 1967.
O ocaso
Por volta de 1923, quanto se separou de sua
esposa Emília, por motivos que somente as razões do
destino podem explicar, partiu para Ponta Porá, movido
talvez, mais pelo seu espírito aventureiro, do que pela
razão; não sem antes, preocupado, como o bom pai, se
preocupa com futuro de sua família, oficializar a
repartição de todos os seus bens, entre a esposa Emília e
os filhos. Como fênix, lá estabeleceu um novo e pequeno
comercio, para tudo recomeçar, foi onde, conheceu,
alguns anos mais tarde, Clecência Medeiros, filha de
Manoel Modesto Medeiros, com quem teve os seguintes
filhos: Cláudio Emílio, Izolina, Ludjero, Claudina,
Deocleciano. No entanto, durante o período que esteve
ausente, nunca deixou de manifestar, o mesmo o amor, e
a mesma estima, que sempre dedicou, aos filhos que aqui
ficaram.
Em meados de 1935, saudoso, e já com a saúde
relativamente abalada, reuniu todas as suas economias,
parece que, antevendo que aqueles próximos anos, seriam
o ocaso de sua vida, Manoel Ignácio, voltou, com
Clecência e os filhos, para a sua querida Campo Grande,
terra onde tinha fixado suas raízes mais profundas. Foi
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quando adquiriu sua última morada, uma casa na rua
Joaquim Murtinho n° 514, na quadra que fica entre as
ruas Padre João Cripa e José Antônio, onde ainda existe,
quase sem modificações, quando passou a sobreviver
com as poucas economias que lhe restaram. Ali,
sucumbiu, cerca de seis anos mais tarde, a 8 de abril de
1943, aos 67 anos, assistido pela sua numerosa prole.
Seus restos mortais encontram-se depositados no
mausoléu da família no Cemitério Santo Antônio. Emilia
faleceu, pouco tempo depois, em 23 de março de 1947.
E assim terminou a emocionante saga de meus
avós, Manoel Ignácio e Emília. O menino pobre, órfão
ainda muito jovem, que consegui prosperar
exclusivamente através de seus próprios esforços,
construiu seu patrimônio moral e econômico, através da
honestidade e do trabalho incansável, princípios que
sempre nortearam a sua vida. Tornou-se um exemplo para
todos os seus descendentes, pela sua simplicidade e
honradez.
A Prefeitura Municipal de Campo Grande, em
reconhecimento a sua importante participação na história
desta cidade, atribuiu, em sua memória, seu nome a uma
escola localizada no bairro Cerradinho, “Escola Manoel
Taveira”, edificada em local próximo, onde foi a sede de
sua fazenda “Cerradinho”, e a uma importante artéria, que
atravessa alguns importantes bairros de Campo Grande,
iniciando-se na rua Bahia, atravessando o bairro Jardim
dos Estados, a avenida Ceará, o bairro Santa Fé, a
avenida Paulo Coelho Machado, o bairro Vivendas do
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Bosque, e terminando no entroncamento com a nova
avenida, Via Parque.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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•
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•
•
O município de Campo Grande - ROSÁRIO CONGRO,
IHG-MS.
Costa Rica: História e Genealogia - MARLEI CUNHA.
História de Campo Grande - J.BARBOSA RODRIGUES
1980.
Pelas ruas de Campo Grande - A Rua Velha - PAULO
COELHO MACHADO.
Alma do Brasil – Roteiro/Tese – JOSÉ OCTÁVIO
GUIZZO.
Campo Grande – 100 Anos de Construção - Editora Matriz
Ltda - 1999.
Resoluções n° 1, n° 2, n° 3 e n° 4, de janeiro de 1905 CÂMARA MUNICIPAL DE CAMPO GRANDE.
Internet: História Militar do Brasil - LIGA DE DEFESA
NACIONAL.
Depoimentos: OLIVAN TAVEIRA;
LUDJERO MEDEIROS DE SOUZA, e;
MANOEL IGNÁCIO DE SOUZA
JUNIOR.
Livros de Registros Contábeis - MANOEL IGNÁCIO DE
SOUZA, 1906/1907 - 1911/1915.
Autora:
MARIA EMÍLIA SOUZA PAES DE BARROS MESQUITA.
• Pedagoga, pela Faculdade Dom Aquino de Filosofia
Ciências e Letras, 1980;
• Neta, de Manoel Ignácio de Souza;
• Proprietária de parte remanescente da Fazenda Cerradinho.
Material publicado na Revista Personalidades 2004, sob o
patrocínio da Prefeitura de Campo Grande, Mato Grosso do Sul,
gestão prefeito André Pucinelli.
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Manoel Ignácio de Souza