Ano VIII • nº 166 16 de julho de 2009 R$ 5,90 AN BACKYARDIGANS empoucaspalavras Divulgação Quando alguém diz que vai comer um galeto, está subentendido que vai passar muito bem. Junto com o delicioso franguinho de pouco mais de meio quilo e abatido com 25 dias – praticamente um adolescente entre os galináceos – vai comer salada de batata, salada verde com bacon, polenta frita, espaguete ou talharim com molho de miúdos... Haja apetite! O galeto é tão representativo da culinária gaúcha que só perde, em importância, para o arroz de carreteiro e o churrasco, este em primeiríssimo lugar, é claro. Existe até tese de mestrado sobre a tradição de se comer galeto al primo canto, que numa tradução adaptada do italiano quer dizer: abatido assim que ensaia seu primeiro cocoricó. Em relação à origem da iguaria, há controvérsias. Estudiosos como Rosana Peccini, da família à qual se atribui a fundação da primeira galeteria do país, em Caxias do Sul, garantem que o galeto nasceu nessa cidade da Serra Gaúcha. Mas nosso colunista Luiz Recena, tão gaúcho quanto Rosana, discorda. Para ele, tudo começou no Vera Cruz, um restaurante de Santa Maria. Não por acaso, terra natal do nosso colaborador, tchê. Bairrismos à parte, nas últimas duas décadas o hábito de degustar um bom galeto ultrapassou a fronteira do Rio Grande do Sul e se espalhou pelo país inteiro. Tanto que já existe até um jeitinho carioca de prepará-lo e servi-lo, como informa a reportagem de Vicente Sá, a partir da página 4. Ainda nesta edição o amigo leitor encontrará boas novidades que acabam de se instalar na cidade: um fast-food só de comida mexicana, uma cervejaria, um novo restaurante japonês e outro de culinária contemporânea que funciona numa barca, além de duas novas casas do chef Dudu Camargo e de uma filial da Confeitaria Cristallo que estão vindo por aí. Não dá para não ler! Boa leitura e até a próxima quinzena. Maria Teresa Fernandes Editora 30 luzcâmeraação Luiz Fernando Guimarães, Pedro Cardoso e Fernanda Torres em O que é isso, companheiro?, um dos filmes da mostra Baseado em caso real, de 27 de julho a 2 de agosto, no cinema do CCBB 4 10 12 13 14 17 18 22 24 26 27 28 águanaboca picadinho garfadas&goles pão&vinho roteirogastronômico palavradochef dia&noite brasíliaturística valedocafé graves&agudos queespetáculo cartadaeuropa ROTEIRO BRASÍLIA é uma publicação da Editora Roteiro Ltda | SHS, Ed. Brasil 21, Bloco E, Sala 1208 – Tel: 3964.0207 Fax: 3964.0207 | Diretor Executivo Adriano Lopes de Oliveira | Redação [email protected] | Editora Maria Teresa Fernandes | Produção Célia Regina | Capa Carlos Roberto Ferreira sobre foto de Keka Azous | Diagramação Carlos Roberto Ferreira | Reportagem Akemi Nitahara, Alexandre Marino, Alexandre dos Santos Franco, Beth Almeida, Catarina Seligman, Diego Recena, Eduardo Oliveira, Heitor Menezes, Lúcia Leão, Luis Turiba, Luiz Recena, Quentin Geenen de Saint Maur, Reynaldo Domingos Ferreira, Ricardo Pedreira, Sérgio Moriconi, Silio Boccanera, Súsan Faria e Vicente Sá | Fotografia Eduardo Oliveira, Rodrigo Oliveira e Sérgio Amaral | Diretor Comercial Jaime Recena (9666.1690) | Contato Comercial Giselma Nascimento (9985.5881) | Administrativo/Financeiro Daniel Viana | Assinaturas (3964.0207) | Impressão Gráfica Coronário. 3 águanaboca Direto da Serra Gaúcha O prato inventado pelos imigrantes italianos cai no gosto dos brasilienses e as galeterias se multiplicam pela cidade Por Vicente Sá E 1987. O responsável por esse marco da culinária brasiliense é Arnaldo Sonda, que havia chegado aqui em janeiro daquele ano e em setembro aproveitou-se da festa para lançar a novidade. O sucesso, não só entre os gaúchos, fez com que Arnaldo levasse o restaurante para a 108 Sul, local mais acessível para a clientela, e depois abrisse uma filial no Lago Norte. O segredo do sucesso é Arnaldo quem explica: “Manter a mesma qualidade dos produtos e serviços que conquistou o público. Por isso, todos os ingredientes do nosso molho especial e das saladas são cultivados por nós, sem agrotóxicos, e assim não dependemos de oscilações de mercado, na questão da qualidade”. Keka Azous m 1958, em visita ao Brasil, o presidente da Itália, Giovanni Gronchi, foi levado pelo presidente JK a Caxias do Sul, reduto de imigrantes italianos, para inaugurar um monumento em homenagem a seu país. Após a cerimônia, quando a comitiva oficial se dirigiu para um churrasco na prefeitura da cidade, faltou lugar no carro para o governador do Estado, Ildo Menegheti. Aborrecido, ele não quis mais participar das solenidades nem do almoço. No outro dia, uma charge do Diário de Notícias mostrava o governador almoçando na Galeteria Peccini, comendo massa com galeto al primo canto. Pela primeira vez o Brasil ouvia falar dessa iguaria que à época já era apreciadíssima em toda a Serra Gaúcha. Criado pelos imigrantes italianos que vieram para o Rio Grande do Sul no final do século XIX, o galeto al primo canto é temperado com alho, sálvia e outras ervas, cortado em pequenos pedaços, assado na grelha e servido acompanhado de massa com molho de miúdos, radicci com bacon, salada de batata com maionese e polenta frita. Caindo no gosto popular, o prato deu origem a dezenas de galeterias que se espalharam por toda a Serra Gaúcha na segunda metade do século passado, e hoje por todo o país. Em Brasília, a pioneira foi a Galeteria Gaúcha, que começou na Granja do Torto, durante a Semana Farroupilha de O galeto do Box 16: ao estilo gaúcho 4 Rodrigo Oliveira Fiel à tradição, a Galeteria Gaúcha serve o galeto assado, cortado em pequenos pedaços e com o acompanhamento clássico: polenta frita ou assada, saladas verde e de batata com maionese, arroz carreteiro e macarrão à bolonhesa (R$ 23 por pessoa). As sobremesas também são as tradicionais: sagu, ambrosia e sorvete. Outras e boas O galeto al primo canto caiu tanto no gosto dos brasilienses que mais e mais galeterias vão surgindo na cidade. Inaugurada há menos de um ano, a Galeteria Serrana, da 404 Sul, busca conquistar seu público tanto com o atendimento sempre cuidadoso e espontâneo, quanto com a qualidade dos produtos. Luziano Oliveira, o proprietário, conhece muito do ramo: foi gerente da Galeteria Gaúcha por 12 anos e reconhece que lá aprendeu muito. Por isso, segue a tradição que deu certo. Com 170 lugares, a Galeteria Serrana oferece, igualmente, uma salada com verduras cultivadas na chácara da família, sem agrotóxicos, macarrão caseiro feito lá mesmo, polenta frita ou na chapa, farofa com bacon e, como destaque do acompanhamento, um carreteiro feito com o legítimo charque gaúcho. “Durante esses anos de experiência, eu fui me aprimorando nos serviços prestados e entendendo melhor o gosto do cliente. Por isso, nosso carreteiro é especial e nossos galetos são sempre da Perdigão ou da Sadia”, garante Luziano. Outras galeterias também têm seus serviços e temperos reconhecidos através da fidelização de seus clientes. A Grelha Galeteria, do Sudoeste, é uma delas. Funcionando há sete anos, tem 160 lugares e abre todos os dias, mas somente para o almoço. Seu galeto vem com o acompanhamento tradicional e custa R$ 22 por pessoa. O tempero que deixa a carne do galeto saborosa e macia é um dos destaques. O vinho colonial de Caxias do Sul ajuda a consolidar o clima da casa. Também adepta do estilo gaúcho de servir, a Galeteria e Costelaria Gaudério, localizada na descida de Sobradinho para o Plano Piloto, exibe um bom diferencial. Além de servir o galeto com os acompanhamentos tradicionais (R$ 24,90), oferece um rodízio de costelas de boi, de porco e de cordeiro. A deliciosa linguiça ca- João Miranda, sócio da Beira Lago (acima) e do Box 16: aprendizado em Caxias do Sul seira e o arroz carreteiro, mais úmido e feito na hora, são outros pontos fortes da casa. A mais sofisticada Considerada a mais elegante galeteria da cidade, especialmente pelo “ponto chique” que ocupa ao lado do Pier 21, a Beira Lago investiu na sofisticação do ambiente e em pequenas variações sobre o mesmo tema culinário para satisfazer a clientela. Inaugurada em 2007, com projeto arquitetônico de Mônica Pinto e decoração temática que se apóia nas obras do artista plástico brasiliense Nenn Soares, a galeteria se divide em cinco ambientes ca- pazes de “aconchegar”, como em pequenas cantinas, mais de 400 comensais, aos quais serve o galeto clássico, sob o cuidadoso comando do chef Darold, trazido diretamente de Caxias do Sul. “Antes de abrir a casa eu passei 15 dias no Sul, de onde trouxe toda uma equipe de profissionais, inclusive o Darold, para poder oferecer uma comida saborosa e rápida, que chega na mesa até antes da bebida, se o cliente assim quiser”, explica João Miranda, um dos proprietários. Bem localizada, de fácil acesso, com amplo estacionamento, serviço de manobrista e belíssima vista, a Beira Lago é uma ótima opção de almoço principalmente 5 para quem trabalha na Esplanada dos Ministérios. Aos que não abrem mão de uma suculenta carne bovina, a casa oferece a picanha fatiada, servida à la carte. Na sobremesa, como reza a tradição, sagu, ambrosia e outros doces caseiros, além de sorvetes e frutas tropicais. E quem se recorda do Box 16, do Setor de Indústria, famoso por apresentar shows sertanejos? Localizado bem na entrada da Ceasa, agora é uma espécie de “sucursal” da Beira Lago. Seu proprietário – o mesmo João Miranda – resolveu transformá-lo em Galeteria e Choperia Box 16, cujo carro-chefe, claro, é o tradicional galeto ao estilo gaúcho (R$ 25,90), servido de segunda a sábado, das 11h30 à meia-noite, e aos domingos, das 11h30 às 18 horas. Na happy-hour, a casa serve em seu espaço-varanda ótimos tira-gostos – frango a passarinho, coração de frango, escondidinho de carne seca, bolinho de bacalhau, batata frita com alho e bacon – para fazer companhia ao chope gelado. À moda carioca A Galeteria Carioca, no Setor Bancário Sul, talvez seja a única da cidade a não seguir o estilo gaúcho de preparação da iguaria. Inaugurada há seis meses, ela serve o galeto inteiro, de 800 gramas, à moda Fotos: Rodrigo Oliveira águanaboca do Rio de Janeiro, ou o prato executivo – meio galeto acompanhado de arroz branco, bacon, vinagrete, polenta fina e salada simples (R$ 17). Funciona do horário do almoço até o último freguês, o que só é possível porque fica numa região comercial e, portanto, não causa incômodo a ninguém. Para quem gosta de uma happyhour mais esticada, é uma boa pedida. Como se pode ver, Brasília não só adotou as galeterias, que não param de surgir, como está diversificando e inovando nos serviços e estilos. E de inovação, pode acreditar, a Capital da República entende. Galeteria Gaúcha 108 Sul – Bloco D (3242.2656) CA 7 – Bloco A – Lago Norte (3468.4082) Galeteria Serrana 404 Sul – Bloco D (3224-3447) Grelha Galeteria QMSW 6 – Bloco G – Sudoeste (3344.0505) Galeteria e Costelaria Gaudério Estrada Sobradinho-Plano Piloto, entre o Posto Colorado e a Granja do Torto (9982.6660) Galeteria Beira Lago Setor de Clubes Esportivos Sul – Trecho 2 (3223.7700) Galeteria e Choperia Box 16 SIA Trecho 10 – Multifeira/Ceasa (3234.4299) Galeteria Carioca SBS Quadra 1 – Bloco C (3322.6000) Onde tudo começou Por Luiz Recena Arnaldo Sonda, da Galeteria Gaúcha, foi o pioneiro 6 O nome dele era Augusto. Português, filho de português, dedicado ao trabalho e ao ramo da comida. A cidade era Santa Maria, a antiga, não essa nova, moderna, cheia de progresso e de barulho. Numa rua ainda de terra, longe do centro, para os padrões da época, o jovem Augusto começou no estabelecimento familiar, o primeiro Vera Cruz. Ali foram dados os primeiros passos com os galetos. Mas foi só depois, com a mudança para um novo e amplo restaurante, que o sucesso chegou. E ficou. O restaurante Augusto fica no centro da cidade, no velho centro e ainda hoje centro. Gerações locais e milhares de estudantes forasteiros passaram e ainda passam por ele. E o galeto, único, original, está lá. Um ponto de referência, um farol. Augusto já é saudade. Da receita dele, alguns segredos talvez tenham se perdido. Mas muito ficou. Em Brasília, o Arnaldo, da Galeteria Gaúcha, é, para mim, seu mais próximo afilhado e seguidor. É o galetinho ligando os processos da vida, dos mais velhos aos mais novos. Brindemos ao Augusto, que tantas noites serviu e aturou este escriba e seu bando de aprendizes de jornalista. Salud! Fast-food Por Beth Almeida T ransformar a gastronomia de outros países em fast-foods parece ser uma tendência que veio para ficar. Depois do boom das temakerias, surge agora na cidade um fast-food tipicamente mexicano – o Tacolino, na 405 Sul. São tacos, quesadillas, burritos e nachos, tudo servido no melhor estilo inventado pelos ianques: o pedido é feito no balcão e o prato fica pronto em cinco minutos. “A ideia surgiu da demanda pela comida rápida, de qualidade e que caiba no bolso do cliente”, explica o empresário Sergio Portilho, que buscou inspiração em casas semelhantes existentes nos Estados Unidos. Mas ele assegura que apenas a modalidade de serviço é de fast-food, porque todas as receitas são preparadas de forma artesanal, com ingredientes frescos e sabores adaptados ao paladar brasileiro. São 20 opções, com molhos de cheddar, guacamole, sour cream, fresh salsa, barbecue e jalapeños (que contém a pimenta verdeescura e de sabor forte originária da cidade mexicana de Jalapa). Entre os sete tipos de tacos, com preços a partir de R$ 4,90, merece destaque o delicioso Big Tex-Mex (chili, cheddar, guacamole, sour cream, alface e queijo). Entre os cinco burritos do cardápio, quem é fã da culinária mexicana não pode dispensar o Tijuana, recheado com carne grelhada, nachos crocantes salpicados de queijo cheddar derretido e bacon. O menu conta ainda com três sugestões de nachos e outras três de quesadillas. Para quem prefere um refeição convencional, o Tacolino tem cinco alternativas: do Executivo Tex-Mex (carne, arroz mexicano, pasta de feijão, nachos salpicados com cheddar derretido e salada) até opções mais frugais, como o Taco Salad, em que a concha de tortilla de trigo é recheada com uma mistura de folhas, tomate em cubos, queijo ralado e sour cream. De sobremesa, a casa oferece churros, Fotos: Divulgação Rodrigo Oliveira artesanal Comida mexicana de preparo rápido, mas de qualidade, é a proposta do Tacolino muito apreciados no México, com recheio de doce de leite, chocolate ou Romeu e Julieta. Para usufruir desses sabores, o horário é bem flexível, já que a casa abre do meio-dia à meia-noite de domingo a quarta e, a partir da quinta-feira, fica aberto até as cinco horas da madrugada. Um boa pedida para quem precisa se recuperar da balada. Tacolino 405 Sul (3242.9426) De domingo a 4ª feira, das 12 às 24h; de 5ª feira a sábado, das 12h às 5h da madrugada. 7 Franklin Vergara águanaboca Japonês de vizinhança Por enquanto, moradores da própria quadra, monges e frequentadores do templo budista da 116 Sul são a maioria dos clientes do recém-inaugurado Mitzu por Eduardo Oliveira P jardim e uma entrada pelos fundos dá também as boas vindas aos moradores da quadra, principal clientela do restaurante até o momento. A política de boa vizinhança também funciona para os frequentadores do templo budista localizado na mesma quadra do Mitzu. “Os monges de lá são nossos amigos. Quando a gente estava fazendo Fotos: Eduardo Oliveira oucos entendem os caracteres japoneses na entrada do mais novo restaurante japonês da cidade, o Mitzu, na 116 Sul. Mas logo na porta a simpática moça vestida de gueixa que recepciona os clientes traduz o recado: “Irasshaimasse, seja bem vindo!”. Em seguida, ela guia os clientes para as mesas de um dos cinco ambientes da casa ou para os aconchegantes tatames onde se come descalço, ao melhor estilo oriental. Mitzu, em japonês, significa Matheus, nome do filho de um dos sócios, Jefferson Ricardo, também responsável pelo agradável projeto arquitetônico que faz o cliente, de fato, se sentir bem-vindo. Um belo 8 Mitzu 116 Sul – Bloco C (3797.9440) Lazer flutuante Por Beth Almeida vinho, acompanhado de purê de batata baroa) e carnes, entre as quais se destaca o filé ao molho de tamarindo. Seguindo a linha da culinária contemporânea, o frango pode chegar à mesa em tiras e acompanhado de tempurá de shitake e salsa peruana. O andar térreo da balsa é um convite ao namoro, com sofás e poltronas confortáveis onde se pode degustar um variado menu de sushis e sashimis, ou tomar um champanhe com morangos, cerejas e calda de chocolate. Seja pela gastronomia, seja pelo clima romântico, vale a pena conferir. E m grego, Limni significa lago. O nome não poderia ser mais apropriado para um restaurante instalado numa balsa atracada às margens do Lago Paranoá. Depois das dificuldades para obter o alvará de funcionamento no local inicialmente planejado (em frente à academia A!Body Tech, no Setor de Clubes Sul), o Limni acabou ficando num local muito melhor: o Pontão do Lago Sul, que já se firmou como ponto de lazer, entretenimento e boa gastronomia. Na verdade, o Limni é mais do que um restaurante. O térreo da embarcação tem um lounge com uma pequena pista de dança e sushi bar. No andar superior é que fica o restaurante contemporâneo de influência asiática baseado em técnicas da nova gastronomia norte-americana, que o chef Rodrigo Garcia absorveu no curso da Art Institute de Fort Lauderdale, na Flórida. No cardápio, 13 opções de entradas e saladas, entre elas o wrap de alface, em que a folha envolve tiras de frango e um saboroso molho que lembra o japonês teriaki. São dez pratos principais – pescados, aves (inclusive um magret de pato ao Limni Pontão do Lago Sul (9275.8985) Fotos: Bruno Stuckert nossas degustações, testando o cardápio, eles vieram aqui provar”, conta Eduardo Franco, o outro sócio do restaurante. A proximidade com o templo, um dos principais pontos de encontro da comunidade japonesa em Brasília, é certamente um fator importante para o sucesso da nova casa. O objetivo do Mitzu, segundo Eduardo, é “oferecer conforto e qualidade por um preço legal”. O restaurante foi aberto no dia 10 de junho, sem muito alarde. “Estamos primeiro arrumando a casa, corrigindo os detalhes, para então começar uma divulgação maior. Não adianta lotar uma casa com capacidade para 200 pessoas e elas saírem insatisfeitas. A gente quer que o cliente volte”, diz Eduardo. Apesar de ter sido aberto de forma tímida, o Mitzu já conquistou um público cativo. As estudantes Jordana Eide, Ana Paula Guedes e Aline Guedes foram lá duas vezes em menos de 20 dias. “O sushi é tão bom quanto o dos restaurantes japoneses consagrados da cidade” opina Jordana, apontada por Aline como uma “viciada em sushi”. “Além da qualidade da comida, achei o lugar muito confortável e o atendimento ótimo”, complementa Ana Paula. Optando pelo bufê, que no almoço dos dias úteis custa R$ 39, o cliente fica à vontade para escolher entre as várias opções de sushis, com grande variedade de peixes: salmão, anchova negra, peixe branco, robalo, atum e hadock. O bufê dá direito também a várias opções de pratos quentes e a uma porção de sashimi. A quem preferir um dos pratos do cardápio à la carte, Eduardo recomenda os “especiais Mitzu”, como o camarão envolvido em macarrão frito (R$ 52) e o robalo ao molho de manga ou maracujá (R$ 43,90). Para petiscar, o tiradito octopus (polvo ao molho de limão), por R$ 34,80, e o tartari de salmão (cubinhos do peixe ao molho especial), por R$ 26,50. Grupos grandes podem pedir o “transatlântico”, combinado com 120 peças de sushi, que custa R$ 229 e serve seis pessoas. Quem não gostou dessas sugestões ainda pode pedir alguma das mais de 150 outras opções do cardápio. É só escolher e itadakimasu! Quer dizer, bom apetite! O chef Rodrigo Garcia: influência asiática 9 picadinho Eduardo x Eduardo A notícia mais surpreendente da quinzena foi o rompimento da parceria entre Dudu Camargo e o xará Eduardo Couto, seu sócio na pizzaria Fratello Uno do Terraço Shopping e no delivery do Lago Sul. Dudu se afasta dos dois empreendimentos (que ficam sob o comando do ex-sócio, mas com outro nome) e já se prepara para abrir duas novas casas: o restaurante Fatto, de cozinha mediterrânea, na QI 9 do Lago Sul (onde ficava o Doc Lounge Grill), e a hamburguería Respeitável Burger, na 402 Sul (ex-Salsas, Saladas & Grelhados). Boa sorte aos dois Eduardos! Restaurant Week Um dos mais importantes festivais gastronômicos do mundo está chegando a Brasília. Criado há 17 anos em Nova York, com o objetivo de popularizar a alta gastronomia, o Restaurante Week é realizado hoje em mais de 100 cidades – entre elas Paris, Boston, Washington, São Paulo, Rio de Janeiro e Recife. Meia 10 centena de restaurantes já confirmaram sua presença na versão brasiliense do festival, de 27 de julho a 9 de agosto. Cada participante deve criar menus especiais – entrada, prato principal e sobremesa – ao preço fixo de R$ 27 no almoço e R$ 39 no jantar, mais uma contribuição de R$ 1 em benefício da Fundação Nosso Lar de Brasília, que cuida de crianças abandonadas ou afastadas de suas famílias por sofrerem maus tratos. Na Confraria do Camarão, o menu do jantar (foto) terá consommé de camarão, penne com bacalhau e sorvete Romeu e Julieta com calda quente. Inverno Outback Uma dica para curtir o inverno: o cardápio da Outback Steakhouse, do ParkShop ping, oferece ótimas opções. Alguns trunfos da casa para espantar o frio: a Walkabout Soup (R$ 10,50) de cebola, batata ou brócolis, todas cobertas com um mix de queijos derretidos, e a Soup’n Salad (R$ 22), acompanhada de pão crocante dos ranchos australianos, preparado à base de centeio e mel. Para completar, a carta de vinhos, com rótulos como o nacional Salton Volpi Merlot (R$ 42,50), o chileno Isla Negra Syrah/Cabernet Sauvignon e o argentino Catena Malbec (R$ 85). Acaba de desembarcar na cidade a cervejaria Garota Carioca, da Happy News, rede de casas noturnas presente em Belo Horizonte, Salvador, Campinas, Niterói, São Paulo e Vitória. Localizada em frente ao Liberty Mall, a nova casa oferece variado bufê de frios, grelhados e comida japonesa. A programação musical promete: a cada noite, de terça a domingo, uma banda diferente. DJ’s selecionados ajudarão a animar as baladas. Telões espalhados por toda a cervejaria vão transmitir clipes e jogos e os clientes poderão se divertir com uma das cinco mesas de sinuca do mezanino. Cristallo em Brasília Em 1949, o italiano Armando Poppa desembaraçou em Santos com o propósito de comercializar no Brasil o panetone veramente milanês. Quatro anos depois, inaugurou a Confeitaria Cristallo, na Rua Marconi, na época o centro nobre de São Paulo. Ao longo dos anos, a loja de panetones, doces e Fotos: Divulgação Diversão garantida bolos artesanais cresceu e Poppa abriu várias filiais na Pauliceia. Mas só hoje, 56 anos após a fundação, será inaugurada a primeira loja longe de Sampa. Vem aí, no Terraço Shopping, a sucursal brasiliense da Cristallo. Bem-vinda! Executivo chique O Oscar, do Brasília Palace Hotel, acaba de lançar um menu executivo para o almoço assinado pelo chef Laurent Suadeau. Será um menu diferente a cada semana: de 20 a 24, carpaccio de filé com creme de alcaparras e parmesão, tagliatelli com camarão ao molho chutney ou supremo de frango grelhado recheado com queijo brie ao molho de sálvia, e de sobremesa figo flambado com sorvete de canela; na última semana do mês, de 27 a 31, salada de alfaces variadas com crôutons de queijo de cabra e castanha de caju, lasanha de frutos do mar gratinada ou medalhão de filé com batata assada ao molho de ervas de Provence, além de crepe de maçã com sorvete de creme. Très bon Até o final do mês, quem almoçar no C’est si bon (408 Sul e 213 Norte) de segunda a quinta-feira terá descontos especiais em cinco pratos do cardápio. O preço do fettutine ao sugo com polpetas cai de R$ 26,50 para R$ 20,50; o da omelete Pequin (recheada com frango desfiado, mussarela de búfala, cebola, cebolinha, parmesão e pimenta do reino), de R$ 18,50 para R$ 13,50; o Jane Fonda (peito de frango grelhado com pene ao molho de tomates, mussarela de búfala e manjericão) de R$ 26 para R$ 21; o risoto Sophia Loren (com tomates secos, queijo brie, pêra e parmesão) de (R$ 26,60 para R$ 22,60); e o Lampião (carne de charque desfiada, abóbora e parmesão) de R$ 25,30 para R$ 20,30. 11 Espumas do mar da Bahia Luiz Recena garfadas&goles [email protected] 12 Prezado diretor, querida editora: a espuma das águas do mar da Bahia, vez por outra, prega peças. E assim, fez com que o colunista, sempre atento observador, passasse batido na mudança do expediente. Depois das escusas, do mea culpa e das cinzas jogadas na cabeça, recebam o carinhoso abraço e os votos de mais uma feliz gestão nas novas definições de cargo. A vida é um eterno voltar, um constante retorno. E a cada volta, o rever dos amigos atualiza as conversas e cria a ilusão de que, na verdade, nunca saímos. Mas o andar da história, com aquela roda que sempre toca para frente, mesmo quando sequer percebamos seu pequeno movimento, quando achamos que ela parou, mesmo assim, as novidades surgem e garantem que as coisas não pararam. Então, após pouco mais de dois meses de afastamento, a cidade recebeu e engoliu o colunista com inúmeras novidades. Sabores, gostos, gestos, comes e bebes, garfadas e goles, tudo com o sabor do novo ou do renovado. Tirando a má vontade de uns e outros e as trapalhadas dos de sempre, a capital, ainda e cada vez mais, é capaz de surpreender. Festival de inverno “Tradição é tradição”, afirmam e assinam Issa Attié e Lucio Bittar, que abriram as portas do BSB Grill da Asa Sul para apresentar o chope nitrogenado, que prolonga duração, leveza e temperatura da bebida querida. Com novos petiscos a bons preços, com destaque para o filezinho enrolado com cebola, azeitonas e bacon à milanesa. E a linha Vesúvio, de petiscos grelhados na brasa, em homenagem ao bar homônimo de Anápolis, cidade de onde veio toda a turma, guiada pelo slogam um dia criado por seus maiores, Jabra Issa e David Bittar: “Minha família servindo sua família”. O visual do cardápio de inverno, criado por André Gil, reforça a idéia saborosa dos novos petiscos e pratos. Vai até 30 de agosto. Convidado especial nessa festa de chope, o espumante Arte, da Casa Valduga, pegou uma super beirada e encantou muitos presentes, pelo sabor e pela promessa de preços baixos nas casas do ramo. Mais mudanças Outro com sugestões novas no cardápio e promoções para que as pessoas se aqueçam neste inverno é Gil Guimarães, no Baco Napoletano (206 Sul). Pequenos pratos, entradas, a bons preços, com muita substância. Puxa o desfile o ravióli com recheio de figo, servido com raspinha de limão siciliano e partículas de presunto cru. Há mais: carne assada com nhoque e papardelli com polpetini. Depois do livro Jorge Ferreira agora lança livros. Mas, entre um autógrafo e outro, cuida das novidades nos seus bares. O Bar Brahma (202 Sul), que sucedeu o Monumental, tem bom gosto e uma varanda, de frente para o Setor Burocrático Sul, que é um convite. Bom chope, bons petiscos e um horário, três da tarde, para matar de inveja. Ô da janela com divisória: pode morrer... Charme discreto No complexo hoteleiro Alvorada, vizinho do palácio xará, temos agora o Old Bar, a última novidade do Jorjão. É, talvez, o pub mais londrino fora da Inglaterra, no julgar modesto dos seus idealizadores. Tudo ali tem vínculo direto com o bom gosto: decoração, mesas, cadeiras, ambientes, música, uísques, cervejas, petiscos. Destaque para o croquete de cordeiro e para o camembert, especial, quentinho, grelhado com alho e cogumelos, servido com pão ou torradas. O pub é chique e, discretamente, como deve ser em se tratando de cavalheiros, nota-se o toque de José Luiz Paixão. God save the Queen! Dois de julho Depois do São João, a festa da independência. De volta a Salvador, a tempo de lembrar que o Brasil, depois do grito às margens do Ipiranga, em 1822, só ficou realmente livre da coroa e dos portugueses em 1823, no dois de julho baiano. E à espera do colunista, algumas novidades. Temporada: voltou o tempo da pesca da lagosta e o restaurante do mesmo nome, perto do farol de Itapuã e da estátua de Vinícius de Moraes, recebe-as, frescas, pelo menos duas vezes por semana. Sempre atento, mestre Adilson telefona e avisa, quase em código: “Doutor, elas chegaram”. Garantia de sabor. A carne é fraca: amigo e ex-colega Fernando Daltro mudou de ramo e abriu franquia do Outback, no shopping Iguatemi, o mais popular e movimentado de Salvador. Sirloin Special é a pedida de carne. Chope nota alta. Happy-hour com dose dupla. No terceiro andar, em uma das poucas esquinas calmas do shopping. Comida típica: memória gastronômica não requer tempo de casa. Então, mesmo com poucos meses, chegar a Salvador remete ao bom acarajé. Um dos melhores está perto, bem pertinho: a Cira de Itapuã. Perto da Sereia do bairro. Voltando ao dia-a-dia celente Hospices de Baune Savigny 2001 por US$ colunas sobre os vinhos de sobremesa, voltamos a 99,50. Mas dessa região o que mais me impressio- comentar as “vínicas” do dia-a-dia. Ao final de maio nou foi um branco da Camile Giroud, um Chassagne e no início de junho tive a oportunidade de visitar Montrachet Lês Vergers 1er Cru 2005, com um nariz duas feiras de vinhos que vale a pena comentar, inesquecível de manteiga tostada e leve abacaxi em mesmo com algum atraso: a da Vinci, representada boca seca e redonda, sensacional para carnes bran- em Brasília pela Bordeaux, na QI-13 do Lago Sul, e cas em geral. uma feira de vinhos espanhóis, muitos deles ainda a Champagne Henriot. Todos os exemplares apresen- sulado da Espanha em São Paulo. tados foram ótimos, mas destaco o seu cuvée básico, Henriot Brut Souverain (US$ 117,50), que apre- começar pelos exemplares alemães que vêm compro- senta aromas evoluídos de pão torrado, perlage var a alta qualidade de produção daquele país, mui- consistente e cremosidade extraordinária. E, é claro, to distante dos mal-afamados “garrafa-azul”. Quase seu top, o Henriot Cuvée Enchanteleurs 1995, seco todos de baixa alcoolicidade, destaco o Riesling Kabi- como um nature, com aromas realmente encantado- nett Feinherb da Hans Lang, fresco e leve, com aro- res de fermento de pão fresco. mas de mel e 11.5% de álcool (US$ 57,50), e o óti- Na feira de vinhos espanhóis muitas foram as mo Wehlener Sonnenuhr Selbach, com apenas 8,5% agradáveis surpresas – que esperamos encontrem em de álcool, muito aromático e de acidez agradável breve sua importadora no Brasil, para podermos des- (apenas US$ 39,90). frutá-las –, além da tradicional presença da Bodegas A presença da brasileira Angheben, como sem- Protos, já importada para o Brasil pela Península. pre, fez-se notar com seus ótimos Pinot Noir e Touri- Desta última, destaco o Protos Gran Reserva, com ga Nacional e seu espumante, que continuo elegen- sensacional nariz à chocolate e aromas complexos e do o melhor nacional. Do Chile, a Errazuriz mostrou profundos em boca redonda e elegante. Um vinho excelentes “custos x benefícios”, como o ótimo Pinot especial que vai melhorar ainda mais, por incrível Noir Wild Fermented 2006, com aromas típicos que possa parecer. Destaco também a Chozas Car- à morangos e agradável fundo de boca doce rascal, especialmente com seu Lãs Ocho 2005, re- (US$ 47,25), e um Sauvignon Blanc Reserva 2008 dondo e longevo, e sua Cava Reserva 2006, de perla- fresco, com aromas típicos de grama cortada e ge fino e persistente e aromas de torradas mesclado maracujá, pelo ótimo preço de US$ 21,15. E ainda, com frutas brancas. é claro, seu top, o Don Maximiano Reserva 2006, Além de diversos produtores muito bons, como a com madeira bem colocada e já muito bom, ainda Vindemia Wines, a Pago de Vallegarcía (seu Vallegar- que vá crescer muito com o tempo. cía Viognier é excelente e sua acidez cortante o equi- A Bodegas Mauro apresentou seu excepcional paoevinho @alo.com.br De tudo, na feira da Vinci, todavia, o melhor foi não importados para o Brasil, organizada pelo ConNa feira da Vinci, muitos foram os destaques. A ALEXANDRE DOS SANTOS FRANCO para a um bom Chablis), a Crianzas y Vinedos Santo Mauro Vendimia Selecionada 2003, com nariz pro- Cristo, a Coto de Gomariz, a Celler L’Encastell, a Al- fundo a frutas vermelhas confitadas e em geléia, mas tolandon e tantas outras, não posso deixar de co- ao preço pouco convidativo de US$ 239. Da minha mentar a Viña Santa Marina, cujos excelentes vinhos preferida, Borgonha, a Maison talvez em breve sejam trazidos pela Vinea. Menção Champy continua imbatível na especial para um branco de viognier, o Vina Santa sua qualidade x preço, apre- Marina VT 2006, impressionante: muito aromático, sentando um ótimo Bourgog- parece um Sauterne ao nariz, na boca seco, intenso ne Pinot Noir, básico mas clás- e untuoso. É, na verdade, um Sauternes sem açúcar, sico, por US$ 39,90, e um ex- incrível. pão&vinho Finalmente, para alguns, após a longa série de 13 MÚSICA AO VIVO roteirogastronômico ESPAÇO VIP ACESSO PARA DEFICIENTES ÁREA EXTERNA DELIVERY FRALDÁRIO MANOBRISTA BANHEIRO PARA DEFICIENTE Armazém do Ferreira Restaurante inspirado no Rio de Janeiro dos anos 40. O buffet, com cerca de 20 tipos de frios, sanduíches e rodadas de empadas e quibes, com a performance do garçom Tampinha, são boas opções para os frequentadores. 206 Sul (3443.4841), Liberty Mall e Brasília Shopping cc: todos Em plena W3 Sul, o Bar Brasília tem decoração caprichada, com móveis e objetos da primeira metade do século XX. Destaques para os pasteizinhos. Sugestão de gourmet: Cordeiro ensopado com ingredientes especiais, que realçam seu sabor. Em ambiente aconchegante, com decoração pontuada por arte e história, pode-se tomar um cafezinho ou um chope para acompanhar o pastel de bacalhau, o sanduíche de mortadela ou o autêntico Bauru. No almoço, cardápio paulistano. 405 Sul (3443.0299) CC: todos brasileiros contemporâneos 509 Sul (3244.7999) CC: todos Cachaçaria Empório da Cachaça Bar do Mercado buffet de festa Cardápio variado, sabor e qualidade. Buffet no almoço é o carro-chefe, com mais de 10 pratos quentes, diversos tipos de saladas e várias opções de sobremesa, a R$ 35,90 (2ª a 6ª) e R$ 39,90 (sáb, dom e feriados) por pessoa. Recém inaugurada a versão bar da cachaçaria temática de Brasília. Decoração colonial, cachaças artesanais, chopp, petiscos exclusivos e o famoso prato da casa, o arroz de senzala, são opções para quem valoriza a gastronomia brasileira. No Happy Hour, Chopp Brahma a R$2,50 e caipirinha com Sagatiba a R$ 4,00. 506 Sul Bloco A (3443.4323) CC: Todos QI 21 do Lago Sul (3366.3531) 412 Sul (3345.3531) creperias É um dos mais renomados buffets de festa da cidade, com mais de dez anos de experiência. Além dos salgados e doces finos oferecidos no buffet, destaque para o Risoto de Foie-Gras, o Carré de Cordeiro ao Molho de Alecrim e o Filé ao Molho de Tâmaras. Praliné O cardápio é bastante variado, com tortas doces e salgadas, bolos, pães, géleias, caldos quentes, quiches, tarteletes, chás, café e sucos de frutas naturais por R$ 12,90 de 2ª a 6ª e chá da tarde por R$ 20,50 às 3ªs (bufê por pessoa). 205 Sul bl A lj 3 (3443.7490) CC: V Café Antiquário À beira do lago, diante da vista mais bela de Brasília, a casa atrai todos que desejam unir ambiente agradável, boa cozinha e música. Almoçar um rico grelhado e tomar café ao fim da tarde são apenas algumas das ecléticas delícias do restaurante. O piano sofistica o ambiente de 18h às 20h30 todos os dias. As noites são de jazz e blues ao vivo. Pontão do Lago Sul (3248.7755) CC: Todos C’est si bon Sweet Cake 14 Camarão 206 Bar Brasília confeitarias BARes 202 Norte (3327.8342) CC: Todos buffet de restaurante CARTÕES DE CRÉDITO: CC / VISA: V / MASTERCARD: M / AMERICAN EXPRESS: A / DINERS: D / REDECARD: R Inspirado nas tradicionais panquecas de dulce de leche da Argentina que o chef Sérgio Quintiliano criou o crepe Astor Piazzolla, batizando-o com o nome do maior compositor contemporâneo argentino de tangos. Após o sucesso de vendas durante o Festival Sabor Brasília 2008, o Crepe Piazzolla foi incorporado ao cardápio por R$ 15,70. 408 Sul (3244.6353) CC: V, M e D BSB Grill Trattoria 101 304 Norte (3326.0976) 413 Sul (3346.0036) CC: A, V 101 Sudoeste (3344.8866) CC: V, M e D. GRELHADOS Villa Borghese O charme da decoração e a iluminação à luz de velas dão o clima romântico. Aberto diariamente para almoço e jantar. Sugestão: Filetto al gorgonzola (Filet mignon recheado com creme de gorgonzola servido com arroz cremoso de abobrinha e farofinha crocante de alho), por R$ 43. ITALIANOS Cardápio com produtos italianos autênticos e tradicionais. Massas, filés, peixes e risotos, carpaccio. Tudo preparado na hora. Execelente carta de vinhos com 90 rótulos, entre nacionais e importados. Ambiente charmoso e varanda completam o ambiente. Manobrista na 6ª, sáb. e dom. Desde 1998 oferece as melhores e os mais diversos cortes nobres de carne: Bife Ancho, Bife de tira, Prime Ribe, Picanha, além de peixe na brasa, esfirras, quibes e outras especialidades árabes. Adega climatizada e espaço reservado completam os ambientes das casas. 201 Sul (3226.5650) CC: Todos Roadhouse Grill Criado nos EUA, foi eleito por três anos consecutivos o preferido da família americana. Com mais de 100 lojas, seus generosos pratos foram criados, pesquisados e inspirados nas raízes da América. Conheça tais delícias: ribs, steaks, pasta, hambúrgueres. Brasília Golfe Center - SCES Trecho 2 (3323.5961) CC: Todos www.restauranteoliver.com.br 209 Sul (3443.5050) CC: Todos naturais Saboroso e diversificado buffet, com produtos orgânicos e carnes exóticas. No domingo, pratos especiais, como o bacalhau de natas e o arroz de pequi. Horário: de segunda à sexta, das 11:30 às 15h e sábados, domingos e feriados, das 12 às 16h. SCS trecho 2 (3226.9880) CC: Todos Haná ITALIANOS San Marino O Rodízio de massas e galetos está com preços especiais: de domingo a quarta por R$ 15,80 e de quinta a sábado por R$ 17,80. No almoço, Buffet com saladas, pratos executivos e grelhados Oca da Tribo Bufê de sushis, sashimis e pratos quentes. Almoço (R$ 36): 2ª a 6ª de 12h às 15h / sábado e domingo, de 12h30 às 16h. Jantar (R$ 42): domingo a 5ª, de 19h à 0h / 6ª e sábado, de 19h à 1h. De 2ª à 4ª, cada bufê vale 1 sorvete com calda de chocolate. Funciona também à la carte. 408 Sul (3244.9999) CC: Todos 15 ORIENTAIS Oliver Próximo ao Eixo Monumental, apresenta espetacular vista para um tranquilo campo de golfe, sem prédios ao redor. O ambiente composto por piso de pedras vindas de Pirenópolis e móveis de Tiradentes (MG) conferem ainda mais rusticidade ao restaurante. Elaboradas pelo gourmet Carlos Guerra, as receitas internacionais têm base na culinária mediterrânea. INTERNACIONAIS .Clubes Sul Tr. 2 ao lado do S Pier 21 (3321.8535) Terraço Shopping (3034.8535) MÚSICA AO VIVO roteirogastronômico ESPAÇO VIP ACESSO PARA DEFICIENTES ÁREA EXTERNA DELIVERY FRALDÁRIO MANOBRISTA BANHEIRO PARA DEFICIENTE Nippon Baco Tradicional e inovador. Sushis e sashimis ganham toques inusitados. Exemplo disso é o sushi de atum picado, temperado com gengibre e cebolinha envolto em fina camada de salmão. As novidades são fruto de muita pesquisa do proprietário Jun Ito. Premiada por todas as revistas. Massas originais da Itália, vinhos e ambiente. No cardápio, pizzas tradicionais e exóticas. Novidades são uma constante. Opção de rodízio em dias especiais – na 309 Norte, toda 3ª e domingo, e na 408 Sul, às 2as. 403 Sul (3224.0430 / 3323.5213) CC: Todos 309 Norte (3274.8600), 408 Sul (3244.2292) CC: Todos Baco Delivery (3223.0323) PIZZARIAS ORIENTAIS CARTÕES DE CRÉDITO: CC / VISA: V / MASTERCARD: M / AMERICAN EXPRESS: A / DINERS: D / REDECARD: R Gordeixo Ambiente agradável, comida boa e área de lazer para as crianças fazem o sucesso da casa desde 1987. No almoço, além das pizzas, o buffet de massas preparadas na hora, onde o cliente escolhe os molhos e os ingredientes para compor seu prato. Belini Feitiço Mineiro A casa premiada é um misto de padaria, delikatessen, confeitaria e restaurante. O restaurante serve risotos, massas e carnes. Destaque para o café gourmet, único torrado na própria loja, para as pizzas especiais e os buffets servidos na varanda. A culinária de raiz das Minas Gerais e uma programação cultural que inclui músicos de renome nacional e eventos literários. Diariamente, buffet com oito a nove tipos de carnes. Destaque para a leitoa e o pernil à pururuca, servidos às 6as e domingos. 113 Sul (3345.0777) Regionais Padaria 306 Norte (3273.8525) CC: V, M e D 306 Norte (3272.3032) CC: Todos CC: Todos Peixe na Rede 405 Sul (3242.1938) 309 Norte (3340.6937) CC: Todos Restaurante Badejo A tradicional moqueca capixaba leva o tempero mineiro no Restaurante Badejo, com 19 anos de história em Belo Horizonte e 15 em São Paulo. Agora é a vez de Brasília conhecer o autêntico sabor da cozinha capixaba. SCES - Trecho 4 - Lote 1B Academia de Tênis Setor de Clubes Sul (3316.6866) CC: V e M 16 Saborella SORVETERIAS Peixes e frutos do mar A vedete do cardápio é a tilápia, servida de 30 maneiras. O frescor é garantido pela criteriosa criação em cativeiro na fazenda exclusiva do restaurante, a 100 Km de Bsb. Há também pratos de camarão e bacalhau. Sorvetes com sabores regionais e tecnologia italina são a especialidade da casa. Os mais pedidos: tapioca, cupuaçu, açaí e frutas vermelhas. Na varanda, pode-se apreciar café bem tirado e fresquinho, acompanhado de tapiocas quentinhas. 112 Norte (3340.4894) e Casa Park (Praça Central) CC: Todos Sorbê Sorveteria genuinamente artesanal, com receitas que utilizam frutos nativos do cerrado. São mais de 150 sabores. Os sabores tradicionais, cremosos, como as variedades de chocolate, dentre outros, contêm leite e creme de leite em suas fórmulas. Já os sorvetes de frutas (com algumas exceções, como abacate, pequi, araticum e outros) são produzidos com água. 405 Norte (3447.4158), 103 Sudoeste (3967.6727) e 210 Sul (3244- 3164) Isto é São Paulo! mente leve e airada por dentro, seguida por um tipo de bruscheta de polvo – fatias de polvo deitadas sobre um misto de folhas da horta. Como prato principal, um copa lombo com quiabo e tomate salteados, acompanhada de farofa de maça verde, e de sobremesa um crème brulé de milho. Dava para perceber que o chef estava inspirado e de bem com a vida. No dia seguinte, experimentamos o tradicional hambúrguer do Ritz, casa aberta desde o inicio dos anos 80, e à noite fomos reverenciar Marie, da segunda geração que dirige o Casserole, no Largo do Arouche. Foi o primeiro restaurante que conheci quando cheguei a São Paulo. Uma brisa de rejuvenescimento foi dada ao espaço e ao cardápio sem tirar as características “vieille France” legadas pelos fundadores Tuna e Roger. Abrir um restaurante é complexo, mas herdar uma tradição e mantê-la, ao mesmo tempo adequando-se a uma nova era, é bem mais difícil. No último dia passamos pelo Mercado Municipal para comer, no balcão de uma peixaria, as ostras vivas de Florianópolis. Depois, fomos até o Santa Luzia, templo dos ingredientes e produtos ligada aos sabores, um “La Palma” ao tamanho de São Paulo. E de lá andamos até a feira livre da Rua Barão de Capanema, uma explosão de alegria, cor e variedades que se estica por quatro quarteirões. Na esquina dessa rua, o novo restaurante Dalva e Dito, assinado pelo chef Alex Atala. Com proposta ousada, muito gosto e qualidade, apresenta uma variação do PF como prato do dia: arroz, dois tipos de feijão, couve picada, farofa de pão tostada e temperada, dois tipos de molhos e uma variedade de pimentas caseiras em conserva, para acompanhar um rodízio de frango, um filet mignon assado numa rotisserie e um pernil de porco saboroso e úmido. Quentin Geenen de Saint Maur palavradochef @alo.com.br palavradochef M uitos anos se passaram desde a última vez em que fui bater perna na Fispal (Feira Internacional para a Indústria de Alimentos e Bebidas de São Paulo) e posso dizer que ela continua muito bem organizada, profissional e variada. Procurei um piano, nome usado para o fogão na gíria culinária, com olhar ecológico. Não encontrei. Lembrei-me do fogão a lenha da Fazenda Montevidéu, em Araras, que aproveitava a fonte do calor das brasas que esquentavam uma serpentina para alimentar as torneiras da cozinha com água quente. Em São Paulo, aproveitei para mostrar alguns restaurantes representativos das várias tendências gastronômicas da cidade ao filho que me acompanhava. Fomos almoçar no Emiliano uma salada com mâche, vagem al dente, codorna defumada desfiada e trufas, uma costeleta de cordeiro de leite que derretia na boca, assada no ponto certo, preparado pelo chef José Carlos Baratino. Deixamos o belo espaço do hotel para ir comer como sobremesa os deliciosos macarons no Douce France. O dono, Fabrice Le Nud, estava em Cuba, e seu segundo pâtissier, Thiago, formado por ele, nos explicou a filosofia da casa. Todos os aprendizes têm que passar por cada atelier – Pâtissier, Glacier, Chocolatier – e só após dominar as técnicas e o conhecimento da especialidade estão aptos a passar para outro departamento. À noite fomos jantar no Sal Gastronomia, restaurante escondido num pátio interno na Rua Minas Gerais. O chef Henrique Fogaça pilota a cozinha e sua mulher Fernanda, sorriso iluminado, recebe os clientes. Pedimos para o chef preparar um cardápio com toda liberdade. Para abrir o apetite, batata rústica, crocante por fora e inacreditavel- 17 dia&noite Miguel Chevalier segundanatureza culturapopular De Catalão vem a congada; do Pará, os índios kaiapós; do Paraná, o fandango; de Pernambuco, o maracatu. O IX Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros vai movimentar a Vila de São Jorge de 18 de julho a 1º de agosto. Além de representantes de 12 Estados, virão grupos da Colômbia e do México. Na programação, shows da dupla Zé Mulato e Cassiano (foto) e do grupo de carimbó paraense Os Quentes da Madrugada de Santarém. Nas já tradicionais Rodas de Prosa destaque para os temas relacionados ao impacto das grandes obras de infraestrutura em pequenas comunidades. Programação completa em www.encontrodeculturas.com.br. Divulgação asgemasdemarilene A joalheira Marilene Rangel acaba de voltar de São Paulo, onde participou do 4º Salão do Turismo, no Parque Anhembi. Ela expôs seu trabalho no estande Vitrine, destinado a artistas e artesãos de todo o país que trabalham com mistura de matérias-primas brasileiras com metais e pedras preciosas. A pulseira da foto, por exemplo, é feita de madeira certificada com prata 950. Agora, Marilene começa a preparar as peças que estarão na exposição programada para 2010, no aniversário de 50 anos da cidade que inspira sua criação. Além de joalheira, ela é doceira. Suas “gemas” comestíveis podem ser encontradas na Quituart, onde fica a Quindins, Quindões e Suspiros. Informações: 3338.7174. 18 Thomaz Farkas asfotosderosely Durante 30 anos, ela reuniu trabalhos de fotógrafos do quilate de Thomaz Farkas, José Medeiros, Pierre Verger, Sebastião Salgado e Chico Albuquerque. Agora, a arquiteta de formação Rosely Nakagawa apresenta, na Caixa Cultural, parte de seu acervo na exposição 30 anos de fotografia. A curadora Simonetta Persichetti selecionou 40 fotos do portfólio de 200 imagens que Rosely começou a montar a partir de uma foto em preto e branco presenteada pelo fotógrafo baiano Mario Cravo Neto. “Mais do que uma coleção, o que Rosely nos mostra é uma coletânea, onde ficam evidentes os interesses e os gêneros de época. E mostra um panorama da história da fotografia brasileira, muito mais ligado à afeição, ao emocional, do que a um discurso intelectualizado”, declara Simonetta Persichetti. Até 16 de agosto, diariamente, das 9 às 21h. Divulgação Ele nasceu no México em 1959, mas desde 1985 mora na França. Miguel Chevalier é considerado pioneiro no uso da arte digital e virtual. Desde 1979 ele explora as possibilidades dos programas de desenho para computadores. Em comemoração ao Ano da França no Brasil, o Espaço Cultural Marcantonio Vilaça apresenta duas séries de obras interativas do artista: Ultra nature e Fractal flowers. A primeira está no edifício sede do TCU (de segunda a sexta, das 10 às 19h, e sábado, das 14 às 18h). A segunda, uma instalação, pode ser vista na Estação Galeria do Metrô (de segunda a sexta, das 6 às 23h30, e sábado, domingo e feriado, das 7h às 19h). Divulgação viagensaoscurtas Nosso crítico de cinema Sérgio Moriconi é também o curador da mostra de curtas-metragem em cartaz no Museu da República, de 15 a 19 de julho. Segundo ele, esse tipo de filme é uma arte de síntese: “A brevidade do discurso, a liberdade da narração, as inovações formais, a criatividade e a ousadia muitas vezes transformam o curta no suporte adequado para a experimentação”. A França é um dos países mais férteis nessa área – de 1900 até hoje, mais de 17 mil filmes foram produzidos naquele país, segundo levantamento do portal do curta-metragem Le-court. A mostra brasiliense apresenta 40 filmes, divididos em cinco temas. Entre eles, O beijo (foto), de Stéfan Le Lay, em cartaz dia 17. No Auditório 2 do museu, com entrada franca e classificação indicativa livre. De quarta a sábado, às 19h, e no domingo, às 17. Programação em www.roteirobrasilia.com.br. candangocantador... espejos Esse é o nome da série que o fotógrafo argentino Camilo Del Cerro apresenta até 2 de agosto no campus da UnB, junto com a conterrânea Patrícia Gil e o paraguaio Jorge Codas. A exposição faz parte das Semanas Latinas 2009, promovidas pela Casa de Cultura da América Latina. Desde menino Camilo se nutriu das imagens produzidas por seu pai, um fotógrafo assassinado pela ditadura militar argentina. Por isso explica sua vocação para observar os movimentos sociais. Ele apresenta, na exposição, imagens que captou na selva impenetrável do Chaco boliviano e na Amazônia peruana (foto). Já Patrícia tem na natureza inspiração para seu trabalho Aqui y ahora. As oito fotografias de Jorge Codas fazem parte da obra Y – que em guarani significa água, seu tema preferido. De segunda a sexta, das 7 às 23h45. Sábado, domingo e feriados, das 8 às 17h45. Esta é sob medida para os compositores que moram em Brasília há pelo menos dois anos. Estão abertas, até o dia 24, as inscrições para o Festival de Música Candango Cantador, que aceita composições de todos os gêneros musicais e terá cinco etapas classificatórias. O vencedor vai levar R$ 10 mil e terá disponível a estrutura para gravação de CD e presença garantida no projeto Cultura e Outras Prosas, a ser realizado entre setembro e dezembro deste ano. O segundo e o terceiro colocados receberão R$ 6 mil e R$ 4 mil, respectivamente, além de poderem gravar seu CD e participar do mesmo projeto que percorreu sete cidades do DF em sua primeira edição, em 2008. Inscrições em www.candangocantador.com.br. ...ecandangopintor E esta é sob medida para os artistas plásticos da cidade que querem mostrar seu talento. Estão abertas, até 30 de julho, as inscrições para o IX Prêmio de Artes Visuais, que aceita trabalhos em pintura, gravura e fotografia. Os artistas devem apresentar três trabalhos numa mesma técnica e o vencedor também vai levar R$ 10 mil. O prêmio é realizado pelo Iate Clube de Brasília, em parceria com a Secretaria de Cultura. Informações: 3329.8759. Inscrições em www.iatebsb.com.br. 19 Débora Amorim dia&noite argonautas Divulgação De tudo, um pouco: circo, teatro, dança, música e performance. Assim é o espetáculo De paetês, que a Trupe de Argonautas apresenta na Funarte até o dia 26. Por sob as luzes quentes de um bordel, dançarinas, garçons e prostitutas dividem suas histórias de encontros e desencontros. Os números aéreos – lira, trapézio, tecidos, tecido marinho, acrobacia de solo, dança, equilíbrio e força – têm tratamento lírico e cômico no contexto da narrativa. A direção é de Súlian Princivalli. Sexta e sábado, às 21h. Domingo, às 20h. Dias 1º e 2 de agosto os Argonautas estarão no Teatro Newton Rossi, na Ceilândia. Ingressos a R$ 20 e R$ 10. besteirolzoológico “Você é um cabrodependente? Então procure no Google o ZA, ou Zoófilos Anônimos...” O conselho, um tanto quanto nonsense, dá bem o tom da comédia A cabra ou quem é Sylvia, escrita pelo norte-americano Edward Albee e dirigida por Jô Soares. Ela conta a história de Martin, um arquiteto bem casado com Stella mas que se apaixona por uma cabra chamada Sylvia. Desconcertante mas divertida, a comédia tem no elenco José Wilker, Denise Del Vecchio, Gustavo Machado e Francarlos Reis. Dias 17, 18 e 19, na Sala Villa-Lobos. Sexta e sábado, às 21h, e domingo, às 19h. Ingressos a R$ 80 e R$ 40. Divulgação Uma mulher guarda seu coração numa pequena caixa, até que um dia decide recolocá-lo em seu peito. Esse é o argumento do curta-metragem Pequena fábula urbana, uma das atrações do Jogo de Cena Férias. Apresentado no 41º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, o filme é o mais recente trabalho de Jimi Figueiredo, roteirista e diretor de cinema e televisão. No elenco, Catarina Accioly, Sérgio Sartório, William Ferreira e Ana Paula Braga. Na Caixa Cultural, dia 29, a partir das 20h. Apresentação de Welder e Pipo (foto). Ingressos a R$ 20 e R$ 10. Bilheteria: 3206.6456. 20 robertocorrêa Viola e voz, sina e morte se encontram em Temperança, show que o violeiro Roberto Corrêa fará no Teatro da Caixa para apresentar seu mais novo CD, o 16º da carreira. São 18 composições – com poesias suas e de parceiros – e apenas um solo instrumental, A morte, que encerra o disco. A sina de violeiro e a idéia de escolher ou ser escolhido pela arte são temas desse trabalho, que traz ainda o enfrentamento de Roberto com a morte, quando um tumor no cérebro começou a afetar seus movimentos. “Se posso morrer logo, vou deixar registradas minhas composições, o mais valioso de mim,” afirmou na época. Agora, com a saúde recobrada, ele comemora 26 anos de carreira nas duas apresentações, dias 17 e 18, às 20h. Ingressos a R$ 20 e R$ 10. Ricardo Labastier cenadeférias Carlos Eduardo Cinelli avoltadostapetes Uma lagartixa, um barbante e um sapo são três amigos que têm uma coisa em comum: sonham em ser grandes. As aventuras desses personagens estão no livro O sonho de ser grande, de Clara Rosa, que dirige também a peça infantil Marmelada.comhistórias, na qual inclui histórias de outros três livros de sua autoria. Utilizando técnicas circenses e manipulação de objetos, Clara conta com a ajuda de divertidos bonecos criados por ela. O monólogo tem direção de Jovane Nunes, ator do grupo Os Melhores do Mundo. Até dia 26, aos sábados e domingos, das 11 às 12h, no Teatro Goldoni (EQS 208/209). Ingressos a R$ 30 e R$ 15. Paki casamentodebarata Dona Baratinha encontrou uma moeda de prata e se considerou rica. Decidiu, então, se casar não sem antes testar cada pretendente. Isso chamou a atenção do Galo, do Cachorro e do Dom Ratão. Está em cartaz, na Escola Parque (307/308 Sul), a peça infantil O casamento da Dona Baratinha. Produzido pela Cia Néia & Nando, é apresentada até o fim do mês aos sábados e domingos, sempre às 17h. Ingressos a R$ 24 e R$ 12. Informações: 3443.3149. Saltimbancos A fábula musical inspirada num conto dos Irmãos Grimm tem agora uma versão do grupo Mapati. A história dos quatro amigos – um jumento, um cachorro, uma galinha e uma gata – abandonados por seus donos está em cartaz até 2 de agosto no Espaço Cultural Mapati (707 Norte). Os saltimbancos seguem em busca da felicidade, encontrada numa cidade ideal, onde não são proibidos de sonhar. Baseada no conto Os músicos de Bremen, a peça teve adaptação de Chico Buarque de Holanda e destaca valores como amizade, respeito aos mais velhos, aos animais e ao meio ambiente. Adaptação de texto e direção de Tereza Padilha. Sábados e domingos, às 17h. Ingressos a R$ 20 e R$ 10. Informações: 3347.3920. Dayse Hansa marmelada.comhistórias Grua Fotografia e Imagem O formato é o mesmo das edições anteriores: 18 cenários que servem de apoio à narração de contos populares de autores vários, como Ana Maria Machado e Carlos Drummond de Andrade. A proposta também é a mesma: fazer adultos e crianças tirarem os sapatos e sentarem confortavelmente para ouvir as histórias narradas pela trupe carioca Os Tapetes Contadores de Histórias. De 17 de julho a 16 de agosto a Caixa Cultural será a sede da série Pé-de-moleque pede a palavra, com programação que inclui exposição e 84 sessões de “contação” de histórias. Durante a semana, os espetáculos são para escolas. Nos fins de semana são abertos ao público a partir das 16h. Quem quiser garantir lugar deve chegar meia hora antes. A exposição pode ser vista todos os dias, das 9 às 21h, exceto nos horários das apresentações. Programação em www.caixa.gov.br/caixacultural. Informações: 3206.9450. 21 brasíliaturística Até que enfim! Demorou, mas finalmente nossos visitantes podem passear pela cidade em ônibus com vista panorâmica Texto e fotos Eduardo Oliveira F im de tarde de uma sexta-feira. No ônibus de turismo novinho em folha, estacionado em frente à Torre de TV, vão subindo turistas argentinos, italianos, brasileiros. Vão todos direto para o segundo andar, que é aberto e proporciona uma visão mais ampla da cidade que estão prestes a conhecer. E assim parte para mais uma viagem o Brasília City Tour, serviço desenvolvido pela Brasiliatur que roda a cidade desde 9 de maio. Os visitantes pagam R$ 15 para conhecer os principais pontos turísticos de Brasília. O percurso de 30 km, a partir da Torre de TV, dura uma hora e 20 minutos. Enquanto registram os monumentos candangos em suas máquinas fotográficas, os passageiros ouvem com atenção informações em português, inglês e espanhol. Mas não se trata de nenhum guia trilingue a falar sobre a cidade, e sim de um sis22 tema de alto-falantes ligado ao GPS que fornece informações pré-gravadas. Assim, o turista conhece um pouco da história de Brasília, descobre quais poderes ocupam cada palácio e fica sabendo quem projetou e quando foi inaugurado cada monumento. Quem quiser mais informações pode perguntar para um monitor, que fica à disposição para esclarecer dúvidas. “Achei o passeio ótimo, pois além de conhecer os principais pontos turísticos, fiquei sabendo a história de cada um deles”, diz o gaúcho Ari Oliveira Fonseca, que veio de Santo Ângelo visitar a sobrinha Patrícia. “Estou recebendo 12 parentes em casa, e não teria como levar todos juntos para um passeio como esse se estivesse de carro”, ela conta. A paulista Terezinha Cichy, ao lado do filho Gabriel, também elogiou: “Gostei do ônibus porque ele dá uma visão mais ampla, é possível perceber coisas que não veríamos num passeio de carro ou van”. Serviços de city tour em ônibus abertos como esse não são nenhuma novidade nas principais cidades turísticas do mundo, mas só agora começam a ser implantados por aqui. Já circulam em Salvador, Florianópolis, Manaus, Curitiba, Porto Alegre e agora Brasília. “Fui conhecer na Itália, Portugal, Espanha, Chile... Pegamos o melhor de cada um e juntamos no Brasília City Tour”, informa Clayton Vidal, sócio da empresa licenciada para explorar o serviço. “Percebemos que Brasília tinha necessidade de passeios como esse. As pessoas vêm para eventos e congressos e têm pouco tempo para conhecer a cidade. Às vezes, têm a tarde livre e acabam não fazendo nada, porque não teriam tempo de conhecer a cidade direito”, completa Francisco Assis, o outro sócio. Ao contrário do que se pensa, não é só de convenções, política e negócios que vive o turismo brasiliense. Saulo e Raiza Faccio, casal de Campinas que observava atentamente e fotografava cada monumento da cidade, resolveram tirar o fim de semana para conhecer a Capital Federal. Era a primeira vez que Raiza pisava em solo candango, enquanto Saulo já tinha vindo à cidade aos 13 anos, mas de pouca coisa se lembrava. “Tudo que eu me lembro é de uma igreja onde se andava em um caminho circular até o centro, seguindo uma linha preta na ida e uma linha branca na volta”, conta, numa óbvia alusão ao Templo da Boa Vontade. O casal pegou o ônibus na Torre de TV e desceu na Catedral. Depois de conhecer e se encantar com o interior de uma das obras-primas de Oscar Niemeyer, os dois foram a pé até a Esplanada, onde pegaram outro ônibus e continuaram o gi- ro pela cidade. Essa é uma das vantagens do Brasília City Tour: o turista pode descer nos pontos pelos quais se interessa mais e subir no ônibus seguinte, em intervalos de uma hora e meia. O primeiro sai da Torre de TV às dez da manhã e o último às cinco e meia da tarde. Quem pega esse último ônibus tem como atrativo extra um dos patrimônios de Brasília: seu pôr-do-sol. A Ponte JK, o Congresso Nacional e o Memorial JK são emoldurados pelas cores do céu. Infelizmente, o horário do pôr-do-sol coincide com outro fenômeno que já faz parte do dia-a-dia dos brasilienses: “Engraçado. Nunca imaginei que a cidade tivesse esse trânsito todo, com vias tão largas”, observa Raiza. O passeio termina já de noite, quando os monumentos ganham uma nova beleza. “Achei a cidade mais bonita agora, com a iluminação dos palácios“, opina Saulo. Para mostrar esse lado da cidade, em breve o Brasília City Tour deverá ter um percurso noturno, o “by night”, como é comum nas principais cidades turísticas do mundo. Só que ele terá uma rota diferente: “Vamos fazer um roteiro gastronômico, passando por bares e restaurantes, em lugares como o Pontão e o Pier 21. Assim, as pessoas podem descer em alguns desses pontos para jantar e depois pegar o próximo ônibus”, informa Francisco Assis. Aí sim, os turistas vão poder descobrir que, além de belezas esculpidas no concreto, em Brasília também há vida. Saulo e Raiza Faccio se encantaram com o pôrdo-sol de Brasília mas ficaram surpresos com a quantidade de carros no Eixo Monumental O trajeto Torre de TV* Conjunto Cultural da República Catedral* Palácio do Itamaraty Praça dos Três Poderes* Ponte JK Palácio do Jaburu Palácio da Alvorada** Palácio do Planalto Palácio da Justiça Teatro Nacional Estádio Mané Garrincha Centro de Convenções Palácio do Buriti Memorial dos Povos Indígenas Memorial JK* Parque da Cidade * Embarque e desembarque ** Parada de dez minutos 23 valedocafé Fazenda Taquara, em Barra do Piraí Fazenda São João da Barra, em Paty do Alferes Viagem cultural e gastronômica Turismo de inverno não é só na Serra Gaúcha ou em Campos do Jordão. O interior fluminense também tem comidinhas típicas e variada programação cultural. Por Ana Redig P ara quem gosta de curtir um friozinho mas procura algo diferente dos destinos turísticos convencionais desta época do ano, uma boa dica é o Festival Vale do Café, que chega à sua sétima edição. Até o próximo dia 26, a região do Vale do Paraíba, no interior fluminense, vai mostrar o melhor da cultura e da gastronomia do interior. Nas 13 cidades participantes haverá cursos, palestras, manifestações popula24 res, shows e concertos em igrejas, casarões, praças e fazendas históricas, algumas só abertas à visitação durante o festival. Os turistas ainda poderão degustar o verdadeiro sabor da comida do interior nos restaurantes dessas cidades. A Fazenda São João da Barra, em Paty do Alferes, é imperdível. Construída em 1830, foi recentemente restaurada e tem uma das mais completas exposições de gravuras e documentos originais do século XIX. Em Barra do Piraí, destaque para a Fazenda Taquara, com quase dois sécu- importante fazendeira do Século XIX, falecida em 1930. Localizada num belo sobrado construído em 1949 na Praça Barão de Campo Belo, a Casa de Cultura Tancredo Neves, aberta ao público em 1990, tem em seu acervo fotografias de algumas das mais belas fazendas da região e um quadro genealógico dos barões do café. No lado oposto da praça fica o Memorial Judaico de Vassouras, cujos jardins foram projetados por Burle Marx e que no início dos anos 90 restaurou suas antigas lápides. Serão oferecidos cerca de 15 oficinas e cursos gratuitos de canto e de instrumentos musicais, além de palestras, debates e degustações. O ideal é reservar hospedagem, escolher e agendar as visitas e os concertos previamente, pois há grupos limitados e a procura tem sido grande. Fotos: Divulgação los de história. A família do Comendador João Pereira da Silva mantém a sede perfeitamente conservada, preservando, inclusive, móveis, documentos e retratos originais. Os admiradores de uma boa cachaça não podem deixar de visitar a Fazenda do Anil, na divisa de Vassouras com Miguel Pereira, onde é produzida uma das mais famosas e prestigiadas do país – a Magnífica. Os adeptos da cerveja podem tomar uma “gelada” no Bar Brasil, também em Vassouras, em frente à Praça Barão de Campo Belo, onde ninguém menos do que o maestro Heitor Villa-Lobos costumava jogar sinuca. Para os amantes da natureza, uma boa ideia é cavalgar no circuito organizado pela Fazenda Galo Vermelho, cercado pelo verde da Mata Atlântica. Vale a pena reservar um dia inteiro para caminhar por Vassouras e conhecer, por exemplo, o Museu Chácara da Hera. O casarão, que começou a ser construído em 1820 e pertenceu ao Barão de Itambé, foi residência de Eufrásia Teixeira Leite, Casa de Cultura Tancredo Neves (acima) e Fazenda Galo Vermelho, em Vassouras Festival Vale do Café De 17 a 26/7 em 13 cidades do Vale do Paraíba. Os ingressos para os concertos (de sexta a domingo, às 11 e às 16h) custam R$ 70. Programação completa em www.festivalvaledocafe.com 25 graves&agudos Por Akemi Nitahara O melhor que há no samba de raiz, aquele de raiz mesmo. Pode ser o samba carioca de Candeia, Cartola, João Nogueira, Paulinho da Viola, Nelson Cavaquinho, Noel Rosa e Dona Ivone Lara. Também pode ser o paulista, de Adoniran Barbosa, o pernambucano, de Bezerra da Silva, o mineiro, de Ataulfo Alves, e – por que não? – o de jovens e talentosos compositores brasilienses. Essa é a proposta do Adora-Roda, projeto musical desenvolvido pelos músicos Breno Alves (voz e pandeiro), Kadu Nascimento (voz e tantan), Tito Silva (voz e cavaco), Vinícius Silva (voz e banjo), Guto Martins (percussão), Dinho Braga (surdo), Marcus Vinícius (violão de 7 cordas), Bruno Patrício (sax) e quem mais aparecer para dar uma “canja”. O projeto começou em 2007, com quatro edições da típica roda de samba no Arena Futebol Clube. Naquele mesmo ano, em junho, transferiu-se para o Bar do Calaf e lá está até hoje, todas as terça-feiras. O produtor Marcelo Barki explica que a idéia é fazer uma releitura do samba tradicional dos mestres acima citados, além de abrir espaço para artistas locais. “É um trabalho sério no sentido de resgatar o autêntico samba de raiz, que quase não tem vez em Brasília. O que mais temos visto hoje em dia são os grupos de pagode”. Segundo o vocalista Breno Alves, o Adora-Roda 26 foi buscar os primórdios do samba, de Donga, Pixinguinha, João da Baiana. “A roda de samba é sempre muito animada e a receptividade do público é ótima”. Recentemente o grupo apresentou o show Damas do samba, tendo como convidadas especiais grandes cantoras da cidade – Teresa Lopes, Elen Oléria, Cris Maciel, Kiki Oliveira, Renata Jambeiro e Cris Pereira. Os músicos do Adora-Roda têm entre 23 e 33 anos e muitos estudaram na Escola de Choro Raphael Rabelo. Marcelo Barki diz que a intenção é mostrar que a cidade também passou a ter um movimento forte de samba, atraindo inclusive músicos que começaram no choro. O jornalista e poeta Luis Turiba atesta a qualidade do grupo: “Os meninos são os que fazem mais pesquisa, são os mais dedi- cados aos sambas antigos”. Ele convidou o Adora-Roda para participar de seu novo projeto, o livro Turisambas, que virá com um CD encartado contendo dez composições de músicos brasilienses com letras de sua autoria. O projeto está em fase de produção e deve ser lançado ainda este ano. Os jovens brasilienses também já subiram ao palco com o carioca Almir Guineto, do Fundo de Quintal, participaram do Festival Ataulfo Alves em Mirai, cidade natal do compositor, tocaram no Clube do Choro e abriram o recente show de Zeca Pagodinho na AABB. Adora-Roda Todas as terças-feiras, a partir das 21h, no Bar do Calaf (Setor Bancário Sul – Quadra 2). Couvert: R$ 10. Diego Bresani O velho e o novo Adora-Roda resgata sambas clássicos e abre espaço para nova geração de compositores queespetáculo Simplesmente Clarice “Sou tão misteriosa que não me entendo”, disse uma vez a escritora ucraniana naturalizada brasileira Clarice Lispector (1920/1977). Com esse mistério a atriz Beth Goulart se identificou e começou, dois anos atrás, a mergulhar no mundo da escritora que redimensionou a literatura brasileira “falando do indizível com a delicadeza da música”. O mergulho da atriz se transformou na peça Simplesmente eu, em cartaz no CCBB, não sem antes seguir à risca um conselho de Clarice: “Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho”. Para fazer o roteiro da peça, Beth leu tudo o que podia da obra de Clarice e fez dois workshops com a psicanalista Daisy Justus, especialista em analisar sua obra sob a ótica da psicanálise. “Vi e ouvi tudo o que podia sobre ela, suas entrevistas, fotos, o depoimento no Museu da Imagem e do Som, a última entrevista à TV Cultura, enfim, me tornei uma esponja de tudo o que se referia a ela”, explica a atriz. O olhar apaixonado de Beth escolheu percorrer a obra da escritora para poder recontá-la. “Construí um corpo narrativo Fabian Beth Goulart revive a autora de A hora da estrela no palco do CCBB com trechos de entrevistas, depoimentos e correspondências que preparam os personagens que irão se apresentar ao público como desdobramentos dela mesma”, conta Beth, para depois acrescentar: “Os temas abordados são reflexões sobre criação, vida e morte, Deus, cotidiano, palavra, silêncio, solidão, arte, loucura, amor, inspiração, aceitação e entendimento”. O que levou a atriz a viver a escritora no teatro foi o mistério do espelho, a identificação que sente por ela, além da vontade de trazer mais luz sobre a mulher que usava a escrita como revelação, buscando o som do silêncio ou fotografar o perfume. “A arte é o vazio que a gente entendeu”, disse Clarice. E Beth pretende, com sua delicada peça, “atingir o vazio de mim mesma para refletir a profundidade desta mulher que conhece o segredo das palavras e suas dimensões”. Na peça Simplesmente eu, a atriz seguiu outro conselho da escritora: “Renda-se como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento”. Simplesmente eu De 16/7 a 2/8, de quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 20h. Ingressos a R$ 15 e R$ 7,50. Sexta-feira, dia 31, apresentação gratuita às 14h, seguida de bate-papo com a atriz e roteirista. Mais informações: 3310.7420. 27 cartadaeuropa Já vi esse filme antes A overdose de mídias, do videogame ao reality show, está provocando a “exaustão de narrativa”, uma inundação de histórias que se encaixam em certos padrões e se repetem Por Silio Boccanera, de Londres M uitos fãs de cinema de uma geração jovem (menos de 40) reagem com indiferença a filmes que abalaram os mais velhos pela maneira incomum de apresentar as histórias. Nem poderia ser diferente, claro, pois os mais novos se formaram sob outras influências culturais, quando as revoluções do cinema dos anos 50 e 60 já tinham sido absorvidas e tornadas rotineiras. Assim, os espectadores menos veteranos com frequência nem entendem porque os mais velhos fazem tanto alarde em torno de trechos dos filmes de Jean-Luc Godard que surpreenderam na época do lançamento original, como a cena em que o personagem de Jean Paul Belmondo, em Acossado (1959), vira para a câmera e diz alguma coisa para o espectador. Não se fazia isso no cinema antes. Como não se editavam 28 os filmes de forma tão desordenada – de propósito. Pouco espanta a turma jovem, tampouco, a intromissão regular de sonhos nas narrativas de filmes, como nos surpreendia o diretor espanhol Luiz Buñuel, sem nos dar sinais claros – ao estilo do tradicional cinema americano – para separar a parte da narrativa básica do filme do que era delírio de alguém. Tudo vinha misturado, como os sonhos e a suposta vida real de Catherine Deneuve em A bela da tarde (1967). Pensei nisso há poucos semanas, quando fui entrevistar para a televisão um dos mais conceituados roteiristas de cinema do último meio século, o francês Jean-Claude Carrière, que escreveu (e ainda o faz) para grandes diretores, incluindo Godard e Buñuel. Perguntei-lhe logo sobre a preparação de roteiros para o espectador de cinema hoje, influenciado visualmente pela internet e pelo telefone celular, com video clipes, YouTube e imagens instantâneas que despencam em telas de computador ou telefone, vindas do mundo inteiro, como se fossem mísseis disparados a esmo, para atingir quem quiser chamá-los. – Precisamos levar isso em conta – respondeu Carrière. – O espectador de hoje tem não só um grau de informação diferente, mas uma maneira nova de interpretar as imagens e a narrativa que colocamos diante dele na tela. Por coincidência, poucos dias depois da conversa com Carrière (leia em http://especiais.globonews.globo.com/ milenio/), li uma publicação nova do roteirista americano Paul Schrader (Taxi driver, Touro indomável, A última tentação de Cristo, entre outros), que veio a Londres dar um curso de como escrever para cinema. Schrader vai mais longe que Carrière e reclama que a proliferação de mídias, do videogame ao reality show (como o Big Brother), está pro- As tentativas de superar esse dilema incluem supostas “contranarrativas”, diz Schrader, que lista como exemplo videogames, minidramas em telefones celulares, reality shows e documentários. Segundo ele, programas como Big Brother apenas aparentam ser espontâneos e desprovidos de roteiros, quando na verdade já têm uma trama previsível. Já os documentários, que sempre foram os primos pobres do cinema comercial, têm se expandido em número e audiência porque oferecem uma saída mais atraente para quem busca narrativas além do previsível. Schrader nota que roteiristas pagam o preço por seu sucesso em saturar o mercado com histórias, provocando a exaustão que ele denuncia agora como apenas uma das muitas crises que afetam o cinema contemporâneo, cada dia exalando uma sensação de coisa velha. “Não sei qual será o futuro do entretenimento audiovisual, mas não acho que será o que chamávamos de cinema, com imagens projetadas para espectadores numa sala escura. O entretenimento audiovisual está mudando e a narrativa vai mudar junto” – conclui o cineasta. A bela da tarde Fotos: Divulgação vocando o que ele chama de “exaustão de narrativa”, uma inundação de histórias que se encaixam em certos padrões e se repetem. Ele esclarece que esse fenômeno vai além da lista básica de temas que diversos autores apontaram em diferentes épocas como recorrentes. Alguns sustentam que só existem sete tipos, outros listam 20 ou 36. O escritor inglês Rudyard Kipling foi mais generoso e disse que existem 69 tramas básicas, misturadas e repetidas com ligeiras variações. Schrader compara o que uma pessoa de 30 anos hoje já assistiu de narrativas audiovisuais com o que seu pai e avô tiveram oportunidade de ver na mesma idade, em suas respectivas épocas. Cálculo dele: 2.500 horas para o avô, 10 mil horas para o pai e 35 mil horas que o espectador contemporâneo passou vendo filmes, shows de tevê, desenhos animados, video streams, clipes do YouTube. “Hora após hora, dia após dia, ano após ano”, comenta Schrader. “É muita narrativa. É exaustivo.” Fica cada vez mais difícil satisfazer as expectativas do espectador, diz o roteirista americano, porque quase todo assunto possível já foi não apenas tratado, mas exaustivamente tratado. São tramas longas e curtas, cobrindo comédias de adolescentes, novelas, histórias de amor, dramas históricos, mistérios, terror, pornografia, programas inte lectuais. “Quantas horas de trama ligada a assassinatos em série o espectador médio já não assistiu? Cinquenta? Cem? Ele já viu as tramas básicas, as permutações delas, as imitações das permutações e as permutações das imitações. Idem para outros gêneros”. Schrader pergunta se a proliferação de novas mídias significa que ficou mais difícil ser original hoje do que há 50 anos. E ele mesmo responde: “Sim, os espectadores de hoje vivem numa biosfera de narrativa multimídia 24 horas ao dia. Quem se dirige a eles compete com outras narrativas simultâneas. O mercado atribui um preço extra a qualquer coisa nova ou fresca, mas, ao mesmo tempo, inunda o espectador com narrativas contínuas e concorrentes”. Taxi driver 29 luzcâmeraação A ficção em busca do real Batismo de sangue Mostra no CCBB vai exibir filmes nacionais sobre acontecimentos que calaram fundo na alma popular Por Sérgio Moriconi C om filmes compreendidos num período que vai dos anos 50 até os dias de hoje, a mostra Baseado em caso real, no CCBB a partir do dia 21, possibilita compreender a realidade brasileira das últimas seis décadas, ao mesmo tempo em que dá ao espectador a oportunidade de ver como o cinema nacional se apropriou dessa mesma realidade em diferentes circunstâncias históricas. A programação inclui clássicos inquestionáveis do cinema novo brasileiro dos anos 60, como Assalto ao trem pagador (1962), de Roberto Farias, e o muito raro O caso dos irmãos Naves (1967), de Luís Sérgio Person, assim como uma obra-prima do chamado “cinema marginal”, O bandido da luz vermelha (1968), de Rogério Sganzerla, além de obras muito mais recentes e de grande apelo popular, casos de O que é isso companheiro (1997), de Bruno Barreto, e Ônibus 174 (2002), de José Padilha. Assim como as verdades são historica30 mente determinadas, as representações que os filmes fazem da realidade também são condicionadas pelo contexto a que estão submetidas. Baseado em caso real é uma ótima oportunidade para compreender como o Brasil era lido através do seu cinema. No seu conjunto, os filmes programados produzem um verdadeiro painel sociológico do país. Na politizadíssima época do Cinema Novo, por exemplo, os fatos reais muitas vezes serviam de pretexto para um segundo discurso, em que o diretor aproveitava para fazer críticas veladas ao governo militar que se instalara por aqui após o golpe de 1964. Para bom entendedor, meia palavra bastava. Nesse aspecto, O caso dos irmãos Naves não deixa de ser um ótimo exemplo. O diretor Luís Sérgio Person se utiliza de uma notícia de jornal sobre um erro judiciário dos anos 30, em plena ditadura de Getúlio Vargas, para fazer uma analogia com as injustiças, as iniquidades e a ilegitimidade do Estado brasileiro de sua época. O episódio envolvendo o irmão Na- ves de Minas Gerais havia chocado brutalmente a opinião pública dos anos 30, especialmente porque tinha sido ela própria, a opinião pública, a primeira a condenar os Naves pelo assassinato de um dos sócios do negócio deles. Como o indivíduo havia desaparecido levando uma quantidade significativa de dinheiro, julgava-se que os dois irmãos o tinham caçado e morto, à moda de um faroeste caboclo. Capturados pelas autoridades, os Naves sofreram todo tipo de tortura e humilhação, apesar de nem cadáver nem dinheiro jamais terem sido encontrados. O desfecho dos acontecimentos seria impressionante, mas a intenção do realizador foi apenas denunciar a arbitrariedade do poder constituído (leia-se, os militares) e a pusilanimidade dos indivíduos face às ignomínias das autoridades. Outros filmes da época do Cinema Novo presentes na mostra, O bandido da luz vermelha e o ultra-raro Cidade ameaçada, de Roberto Farias, se valem das situações reais para denunciar a marginalidade Fotos: Divulgação como fruto das injustiças de classe no Brasil, assim como a manipulação sensacionalista da imprensa, casos de Assalto ao trem pagador e de Mineirinho vivo ou morto (1967), de Aurélio Teixeira. As três obras têm grande apelo popular e se valem muito dos códigos do cinema policial para cativar as plateias, ainda que O bandido da luz vermelha seja um tanto quanto experimental e lance mão de procedimentos bastante complexos de linguagem. De qualquer maneira, é inegável que todos os realizadores de filmes baseados em fatos de grande impacto junto à população sabem do seu enorme potencial comercial. Obras do período da Embrafilme (a empresa estatal responsável pela produção e distribuição de filmes nos anos 70 e 80, que queria ver implantada uma base industrial para o cinema brasileiro) passaram a explorar o filão de forma sistemática. O caso Cláudia (1979), de Miguel Borges, e Eu matei Lúcio Flávio (1979), de Antônio Calmon, são muito característicos dessa nova visão. Neles não há segundas intenções, apenas o desejo de se comunicar com o público. Nisso eles não eram diferentes dos pioneiros do cinema brasileiro. Já nos primeiros anos do século XX, a arte cinematográfica engatinhava quando produtores do Rio de Janeiro e de São Paulo passaram a explorar o gênero policial a partir de fatos retirados de notícias publicadas em jornais populares. Um desses fatos, em 1906, retratava o estrangulamento misterioso de dois indivíduos, Paulino e Carluccio Fuoco. Alguns detalhes são deliciosos: a polícia carioca fotografa a retina de um dos cadáveres “para ver se nelas encontrava o retrato do assassino”. O episódio, retratado na forma de documentário, obtém sucesso completamente inesperado, a ponto de, logo depois, no mesmo ano, ser ficcionado. Os estranguladores, a versão “posada” com atores, viria a se transformar no primeiro grande sucesso do cinema brasileiro. O filão estava aberto. Em 1908, A mala sinistra dramatiza o assassinato em São Paulo do comerciante de calçados Elias Faraht por um dos seus ajudantes. Teria sido um crime de amor, já que o ajudante – como nos conta Fernão Ramos, em História do cinema brasileiro – teria se apaixonado pela mulher de Elias. No mesmo ano, apareceria uma nova versão para o cinema do mesmo caso, O crime da mala, que obteria também grande êxito junto ao público. Obras contemporâneas, produzidas num contexto ideológico mais desarmado do que o dos anos 60, portanto mais próximo dos tempos pioneiros da primeira época de nosso cinema, oscilam entre intenções as mais diversas. Batismo de sangue (2007), de Helvécio Ratton, Hércules 56 (2006), de Silvio Da-Rim, e Serras da desordem (2006), de Andrea Tonacci, querem, sobretudo, resgatar episódios da história para que eles nos sirvam de lição no presente. Baseado em caso real De 21/7 a 2/8 no CCBB. Sessões às 15h30, 18h30 e 20h30. Ingressos a R$ 4 e R$ 2. Mais informações: www.bb.com.br/cultura 31 Fotos: divulgação luzcâmeraação Altos e baixos Desejo e perigo faz reconstituição de época primorosa mas se perde no roteiro e no fraco desempenho dos principais atores Por Reynaldo Domingos Ferreira N a variedade de temas que aborda em seus filmes, o taiwanês Ang Lee explicita a compreensão de que a paixão é a força da natureza mais desestabilizadora na vida das pessoas, como acontece, uma vez mais, em Desejo e perigo, ambientado na China ocupada pelos japoneses durante a II Guerra Mundial. Ganhadora do Leão de Ouro do Festival de Veneza, a película, primorosa na reconstituição de época e na valorização de detalhes cênicos, à semelhança de Razão e sensibilidade, se baseia também numa obra literária, o conto Se, jie (Sedução, corrupção), de Eileen Chang. Grande admirador da estética do cinema americano, Lee se inspira desta vez em Hitchcock (Interlúdio e suspeita), para narrar a história de jovens estudantes da Universidade de Hong Kong que, desprezando sua dedicação ao teatro amador, partem para tramar a morte do sr. Yee (Tony Leung), chefe de polícia chinesa em Shangai, colaborador das forças japonesas. Wong Jiazhi (Tang Wei), que se sente atraída, porém não correspondida, por um dos líderes do grupo, Kuang Yu Min (Wang Lee-Hom), é por ele próprio escolhida para, sob o nome de Mai Tai Tai, se aproximar da família do sr. Yee a fim de seduzi-lo e levá-lo à morte numa emboscada. 32 A restrição que se faz a esse trabalho de Lee se relaciona, primeiro, com o roteiro. A narrativa, como foi estruturada, sob a ótica de Wong, prejudica a dramaturgia, que não abrange a reação social ao amor proibido do sr. Yee por Mai Tai Tai. Assim, o conflito contra as convenções sociais, que caracteriza outros filmes dele, nesse praticamente não existe. Sob esse aspecto, a sra. Yee (Joan Chen), que introduz Mai Tai Tai em sua casa pensando ser ela esposa de um mercador de produtos contrabandeados de Hong Kong, tem figuração dúbia, pois, por incrível que pareça, como mulher traída, de nada suspeita. Tudo lhe passa em brancas nuvens. E, por outro lado, se a linguagem é, desde o começo, de ordem subjetiva, a cena final, de natureza objetiva, perde, em termos técnicos, qualquer sentido. Muito embora tenha sido enxertada pelos roteiristas para levar o espectador à compreensão do sofrimento do sr. Yee ante o desenlace de seu caso amoroso. Outra restrição diz respeito ao desempenho dos atores, principalmente dos dois protagonistas, Tony Leung e Tang Wei, deixados por Lee um tanto à solta. Apesar de colaborarem muito para o efeito plástico das cenas de relacionamento amoroso, captadas de forma magistral pelas lentes de Rodrigo Prieto, eles não convencem plenamente em suas interpreta- ções. Tony Leung, de boa estampa, mas de limitados recursos, não faz outra coisa senão repetir suas atuações anteriores em O amante, de Jean-Jacques Annaud, e Amor à flor da pele, de Wong Kar Wai. Nada de peculiar ele acrescenta para personificar o sr. Yee. Tang Wei é bonita e elegante principalmente nas cenas em que tira proveito do uso do chapéu para impor o estilo, segundo o intuito de Lee, de Ingrid Bergman, em Interlúdio ou em Casablanca. Mas também, afora isso, deixa a personagem no limbo. À exceção de Joan Chen, atriz veterana de fama internacional que praticamente nada tem a fazer no filme, os demais atores são inexpressivos. Wang Lee-Home perde boa oportunidade numa sequên cia importante por não saber transmitir a reação interior adequada, quando Kuang Yu Min, sentindo-se preocupado com o que poderia acontecer a Wong em sua missão, tenta dela se aproximar afetivamente. Mas, de pronto, Wong o rechaça, afirmando-lhe que nenhum sentimento existia mais entre eles. Desejo e perigo (Se, jie) China/ 2007, 157 min. Direção: Ang Lee. Roteiro: Eileen Chang, James Schamus e Hui-Ling Wang, baseado no conto Se, jie, da primeira. Com Tony Leung, Tang Wei, WangLee Home, Joan Chen, Chu, Chih-yng, Kao Ying-hsien e Chun Hua Tou. Divulgação A arte imita a vida O argumento de Trama internacional, de Tom Tykwer, tem algo a ver com a difícil conjuntura atual na medida em que expõe, em termos ficcionais, na linguagem de um thriller, como as instituições financeiras são capazes de exercer enorme influência sobre a política, a economia e a vida das pessoas. O roteiro, do estreante Eric Warren Singer, é inspirado no escândalo do Banco de Crédito e Comércio Internacional (BCCI), criado no Paquistão, na década de 70, que se tornou o maior operador internacional de lavagem de dinheiro e de investimentos predatórios, como o do recente caso Madoff. Além disso, administrou lucrativo esquema de tráfico de armas e de apoio ao terrorismo de todas as colorações. Os protagonistas da película são o agente da Interpol Louis Salinger (Clive Owen) e a assistente da promotoria de Manhattan Eleonor Whitman (Naomi Watts), que se dedicam a obter provas incriminadoras contra uma poderosa organização bancária, a IBBC, sediada em Luxemburgo. Ao ler o roteiro, Tykwer (Corra, Lola, corra) identificou nele condições propícias para realizar um filme como O ultimato Bourne, o que fica evidente pela linha que impôs à direção, semelhante à de Paul Greengrass, especialmente nas longas e bem feitas sequências de rua em que personagens de ficção se misturam com figuras reais, os transeuntes. Salinger e Eleonor, por se conscientizarem de que uma série de assassínios ocorridos em Berlim, Milão (este contra um candidato a primeiro ministro da Itália) e Nova York foi perpetrada a mando da IBBC, que sabia tudo sobre a vida de suas vítimas, armam um esquema para tentar desbaratar a trama e evitar que outros crimes aconteçam. Na perseguição aos criminosos, que em Nova York tem como cenário o interior do Museu Gugenheim, Tykwer realiza, graças à precisão das tomadas do fotógrafo Frank Griebe, o melhor e o mais bem inspirado momento do filme. A sequência se inicia quando Salinger encontra numa rua o assassino contratado pela IBBC (Brian F. O´Byrne) e, de repente, uma pista promissora, por ele seguida, se transforma em virada significativa no caso que investiga. O elenco reunido por Tykwer é muito bom, mas falta sintonia entre o trabalho de Owen e o de Naomi Watts. No caso de Owen, ele transmite a complexidade da personagem, Salinger, um indivíduo solitário, duro, imbuído de um senso moral rigoroso, que o torna obcecado e impetuoso no exercício da profissão. Mas não faria mal à sua composição dar à personagem uma nuance de herói de filme de aventura, como de fato ela o é. Watts se mostra à deriva, ou melhor, indecisa na sua composição da promotora Eleonor, pois não dá noção de ser ela a chefe da operação, a quem Salinger é subordinado e de quem ele espera apenas apoio para o seu trabalho, pelo que se deduz. A atriz retrata mais uma mulher sensível, insegura, que usa a profissão para superar suas frustrações na vida conjugal. Mas que, apesar disso, não consegue atrair para si a atenção de Salinger. O excelente ator dinamarquês Ulrich Thomsen interpreta Jonas Skarssen, presidente da IBBC, frio, metódico, que pauta suas ações pelos calculados lances do jogo de xadrez. Thomsen sabe compor sua personagem dentro do rigorismo técnico de observância de suas características, mas não descura de lhe dar também o aspecto de vilão de uma história de suspense. Da mesma forma, Armin MuellerStahl envolve a personagem de Wilhelm Wexter, um dos confidentes de Skarssen, ex-agente de espionagem da Stasi da Alemanha Oriental, numa aura de mistério que só vai se esclarecendo aos poucos. E, como ocorreu em todos os seus filmes anteriores, Tykwer se encarregou também da trilha sonora, que, feita em parceria com os compositores Johnny Klimek e Reinhold Heil, sublinha a narrativa com canções de Eric Clapton e composições de Johann Sebastian Bach. (R.D.F.) Trama internacional (The international) EUA/Reino Unido/2009, 118 min. Direção: Tom Tykwer. Roteiro: Eric Warren Singer. Com Clive Owen, Naomi Watts, Ulrich Thomsen, Armin Mueller-Stahl e Brian F. O´Byrne. 33 luzcâmeraação Inquietações adolescentes Por Reynaldo Domingos Ferreira A cineasta francesa Sylvie Verheyde mostra, em Stella, narrando episódios de sua própria vida, que nada é melhor do que a literatura e a música para dar a uma adolescente criada em condições adversas um sentido mais promissor para sua existência. Autora também do roteiro, Verheyde reconstitui o ambiente de degradação familiar em que vive Stella Vlaminck (Lóra Barbara), nos anos de 1970, num bairro periférico de Paris. Aos 11 anos, ela tem oportunidade de iniciar o curso secundário num prestigioso colégio francês. É a sua chance. Mas ela também não sabe como tirar proveito disso. O argumento se assemelha ao de A culpa é do Fidel, mas sem a conotação política da película de Julie Gavras. Stella não nasceu, como Anne de La Mesa, a protagonista de Gavras, no meio de uma família tradicional, de costumes refinados e de orientação católica, embora os pais sejam ativistas políticos de esquerda. Ao contrário, os pais de Stella – Serge (Benjamin Biolay) e Roselyne (Karole Rocher) – são de pouca instrução, donos de um bar, frequentado por pessoas desajustadas, sem perspectivas na vida, que se entregam desbragadamente ao jogo e à bebida. A família de Stella, que tem um irmão, Loïc (Johan Lebéreau), habita um cubícu34 lo na sobreloja, de onde se ouve todo o ruído produzido pelas noitadas de danças no bar, nos finais de semana, que não deixam Stella dormir e muito menos estudar. Seu aproveitamento escolar é, à causa disso, o pior possível. A menina elege como amigo um dos boêmios, Alain-Bernard (Gillaume Depardieu), jovem desiludido que bebe e fuma a todo o tempo, com quem joga cartas. Para ela, ele é um anjo. E quando sai de férias vai para a casa da avó paterna, numa localidade pobre, isolada, onde faz amizade com outra menina, Geneviève (Laetitia Guerard), também problemática, com quem joga futebol. A vida de Stella começa a mudar quando, na escola, ela se aproxima de uma colega, Gladys (Melissa Rodrigues), a primeira da classe, de família de intelectuais judeus argentinos, de classe média, que a induz a gostar de literatura e de música. Assim, aos poucos, participando de brincadeiras dançantes com garotos de sua idade na casa da amiga e lendo obras de Balzac, de Cocteau e de Marguerite Duras, seu progresso no aprendizado se torna visível aos professores. Esses, diferentemente daquele estouvado professor François Marin, do premiado Entre os muros da escola, de Laurent Cantet, não desestimulam os alunos a ler obras importantes da literatura francesa. Ao contrário, têm outra visão do que é o ensino e um diver- so comportamento também dentro da sala de aula. A linguagem de Verheyde é simples, isto é, despojada de ornamentos e de pouca emoção, mas firme e objetiva, deixando o espectador a todo o tempo na expectativa de que algo mais dramático possa vir a ocorrer com Stella ou com alguns de seus entes mais próximos. A interpretação de Lóra Barbara é o grande trunfo do filme. Trabalhando principalmente com a expressividade do olhar, ela cria uma personagem que, já perdendo a inocência da criança, seduz por sua capacidade de observar o mundo que a cerca e tirar dele, como adolescente, suas próprias conclusões. Embora todo o elenco seja merecedor de atenção, vale a pena destacar as atuações do cantor e compositor Benjamin Biolay, surpreendendo no papel de Serge, pai de Stella, indicado ao César de melhor ator coadjuvante do ano, e de Gillaume Depardieu, como Alain Bernard, numa de suas últimas criações, pois morreu, aos 37 anos, de pneumonia, um mês antes da estreia do filme na França. Stella França / 2008, 103 min. Roteiro e direção: Sylvie Verheyde. Com Lóra Barbara, Benjamin Biolay, Karole Rocher, Gillaume Depardieu, Melissa Rodrigues, Jeannick Graveline, Laetitia Guerard, Johan Libéreau e Christophe Bourseiller.