TRATAMENTO DE EFLUENTES DE UMA BASE
DE ARMAZENAMENTO DE COMBUSTIVEIS:
ESTUDO DA EFICIENCIA
Ana Paula Ramos Ferreira 1
Osmar Mendes Ferreira 2
Universidade Católica de Goiás – Departamento de Engenharia – Engenharia Ambiental
AV. Universitária, Nº 1440 – Setor Universitário – Fone (62)3946-1351.
CEP: 74605-010 – Goiânia - GO.
RESUMO
Essa pesquisa desenvolveu-se para caracterizar e chamar à atenção do risco potencializado
pelas redes de distribuição de petróleo. Em Goiás, essa atividade é intensa em Senador
Canedo. A avaliação da eficiência do sistema de tratamento de efluentes de uma base de
armazenamento de combustíveis ocorre através do separador água e óleo -SAO. A utilização
de equipamentos de alta tecnologia podem contribuir na minimização do lançamento de
efluentes nos corpos receptores. Levando em consideração a qualidade ambiental, análises
obtidas seguindo os parâmetros exigidos, são comparados com a qualidade e monitoramento
visando a preocupação com a contaminação das águas e seu potencial poluidor. Portanto, a
eficiência é sempre resultante da boa operação e manutenção do sistema de tratamento.
Palavras-chave: Separador de água e óleo, combustíveis, poluição e meio ambiente.
ABSTRACT
This research was developed to characterize and to call to the attention of the risk
potencializado for the nets of oil distribution. In Goiás, this activity is intense in Canedo
Senator. The evaluation of the efficiency of the system of treatment of effluent of a base of
fuel storage occurs through the separating water and oil - SAO. The equipment use of high
technology can contribute in the minimização of the launching of effluent in the receiving
bodies. Taking in consideration the ambient quality, gotten analyses following the demanded
parameters, are compared with the quality and monitoramento aiming at the concern with the
contamination of waters and its polluting potential. Therefore, the efficiency is always
resultant of the good operation and maintenance of the treatment system.
Word-key: Sifter of water and oil, fuels, pollution and environment.
1
2
Acadêmica do curso de Engª Ambiental da Universidade Católica de Goiás. ([email protected])
Profº do Dep. de Engª da Universidade Católica de Goiás - UCG ([email protected])
2
1 INTRODUÇÃO
Com o grande desenvolvimento industrial, a contaminação das águas e os
problemas ambientais têm se tornado cada vez mais constantes, levando as empresas a
aplicarem novas tecnologias e se tornarem mais rígidas com seus descartes de efluentes. Entre
esses problemas o que mais preocupa é a contaminação das águas por efluentes industriais.
Diante destes aspectos, este artigo mostrará que a descarga de efluentes não tratados nos rios,
lagos e solo contribuem para a poluição do nosso meio ambiente, e ainda abordará a
fiscalização e o monitoramento dos sistemas de tratamento acompanhando as características
físicas, químicas e biológicas para que esses problemas sejam minimizados.
Para a conservação de nossa herança ambiental e recursos naturais para as futuras
gerações, soluções economicamente viáveis devem ser desenvolvidas com o objetivo de
reduzir o consumo de recursos, deter a poluição e conservar habitats naturais.
A contaminação das águas tem sido um dos grandes problemas que enfrentamos
na sociedade moderna. O ponto fundamental para este fim é conciliar a produção industrial
com a conservação do meio ambiente que nos cerca. A eficiência industrial é o primeiro passo
para a conservação do meio ambiente.
Faz-se necessário então que as indústrias de petróleo adotem monitoramentos
sobre a qualidade e quantidade dos efluentes industriais que são lançados, a fim de minimizar
os impactos.
Para isso existem sistemas de tratamento que consistem em várias etapas, e que
têm como objetivo principal à remoção dos poluentes. Mas, somente a utilização de técnicas
de controle não é suficiente, é necessário que haja uma conscientização das indústrias para
que tornem eficazes as técnicas empregadas no tratamento de efluentes.
Em sua grande maioria, os hidrocarbonetos formam o petróleo através de suas
misturas. Em uma mistura complexa, o petróleo é composto de hidrocarbonetos parfínicos,
cicloparafínicos e aromáticos.
O petróleo traz grandes riscos ao meio ambiente desde de sua extração, transporte,
refino até o consumo. Grandes acidentes ambientais já ocorreram devido a vazamentos em
poços de petróleo e rompimentos de dutos, podendo contaminar o solo e a água.
As indústrias de armazenamento de petróleo possuem separadores de água e óleo
para tratar os efluentes gerados. Mas, se seus efluentes são muito densos, possuindo grande
quantidade de óleo, estes são encaminhados para refinarias recebendo um tratamento rigoroso.
3
Os sistemas de tratamento devem ser utilizados não só com o objetivo de tratar os
efluentes, mas também com intuito de atender outras premissas. Deve-se sempre tratar os
esgotos sanitários gerados na própria empresa, evitando assim a sobrecarga no sistema
público. Assim, toda indústria deve controlar totalmente a sua carga poluidora. Podemos
finalizar aqui, que um bom sistema de tratamento é aquele que tem qualificação ambiental e
pode ser visitado.
Apesar de algumas empresas terem pouca consciência ambiental, as de grande
porte e com capacidade para qualificar seu tratamento, procuram melhorar seus recursos se
preocupando com a qualidade ambiental.
Esse estudo deve-se ao fato de ser uma grande motivação para as indústrias de
petróleo na preservação do nosso meio ambiente, pois vimos que efluentes não tratados são
jogados nos rios e lagos poluindo os mesmos, sem o devido tratamento.
O objetivo dessa pesquisa foi verificar a eficiência dos sistemas de tratamento de
efluentes industriais em uma base de armazenamento de combustível, destacando os efluentes
contaminados pelas indústrias e como seus avanços tecnológicos podem contribuir para
auxiliar nos impactos ambientais causados pela atividade da indústria que em Senador
Canedo-GO, está instalado um complexo dessas atividades.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A contaminação do meio ambiente tem sido apontada como um dos maiores
problemas da sociedade moderna. Como resultado de uma crescente conscientização deste
problema, novas normas e legislações cada vez mais restritivas têm sido adotadas a fim de
minimizar esses impactos ambientais. No Brasil, esse controle ainda é insuficiente e a
ausência de processos de tratamentos adequados, bem como de descarga de resíduos é uma
realidade.
Para que os impactos ambientais sejam minimizados, o controle desses efluentes
deverá ser eficiente e a busca de recirculação das águas deve ser permanente. Algumas vezes
uma estação de tratamento de efluentes industriais não opera eficientemente. É necessário,
então, que procedimentos operacionais sofram mudanças e ou melhorias no projeto original.
A eficiência é medida através de análises nos efluentes finais e mesmo até nos afluentes, para
se saber, neste caso, se o que chega à estação não sofreu alterações que, de alguma forma, não
4
se incorporou com o que anteriormente havia sido previsto. Além disso, outros aspectos
devem ser levados em conta, como por exemplo, se a manutenção está adequada ou se algum
insumo não condiz.
Existe hoje a necessidade do desenvolvimento de novos processos de tratamento
de efluentes que garantam um baixo nível de contaminantes. Entre os processos de tratamento
comumente utilizados industrialmente, existe também a incineração, o tratamento biológico e
o co-processamento que são considerados os mais eficientes no que diz respeito à destruição
de compostos tóxicos, uma vez que promovem a oxidação e redução dos contaminantes.
(NOGUEIRA E JARDIM, 1998).
O co-processamento é uma técnica usada para destruir resíduos industriais de
maneira responsável e definitiva, sem a criação de passivos ambientais e ao mesmo tempo, é
uma forma de substituir matérias-primas e combustíveis fósseis. Este processamento é
indicado para o tratamento de resíduos industriais líquidos, sólidos e pastosos.
O tipo de contaminante analisado no projeto, o Hidrocarboneto, esse que têm até
quatro átomos de carbono são gases à temperatura ambiente, e são estes os mais importantes
do ponto de vista da contaminação atmosférica, pois favorecem a formação de reações
fotoquímicas, contribuindo para o surgimento do smog fotoquímico. (MARIANO, 2001).
Smog fotoquímico, é a reação de hidrocarbonetos, não muito poluentes, com gases presentes
na atmosfera, O3, NO e NO2. O ozônio é o principal componente do smog fotoquímico.
Analisando o estudo realizado por Mariano (2001), os efluentes de processo
industriais são usualmente definidos como qualquer água ou vapor condensado que tenha
entrado em contato com óleo, estando este último sob a forma líquida ou gasosa, e que pode,
portanto, conter óleos ou contaminantes químicos.
Os efluentes líquidos gerados nas unidades da indústria são tratados visando ao
seu enquadramento nos limites estabelecidos pela legislação ambiental. Um exemplo de
preocupação é com o impacto ambiental de seus efluentes que geram despejo de água e
resíduos líquidos. Todos os efluentes gerados por aquela empresa e lançados em corpos
d’água devem estar de acordo com os parâmetros estabelecidos pela Resolução 357 do
Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) de 17 de Março de 2005, não gerando
assim impactos ambientais indevidos.
Além desses parâmetros, os padrões de qualidade dos corpos receptores e padrões
de lançamento de efluentes nos corpos d’água, ambos estão de certa forma inter-relacionados.
E o objetivo de ambos é a preservação da qualidade no corpo d’água. (SILVA, 2005).
Um dos grandes problemas enfrentados pelas indústrias de refino de petróleo é o
5
tratamento dos seus efluentes antes da sua deposição no meio ambiente. Uma boa parcela
destes efluentes é constituída de emulsões de óleo em água. De acordo com o CONSELHO
NACIONAL DO MEIO AMBIENTE 357, art.34 (2005), o teor de óleos e graxas em
efluentes não deve exceder 20 mg/L. Um processo para separação de emulsões que vem
recebendo crescente atenção devido a sua eficiência energética, facilidade de operação, vasta
aplicabilidade, entre outras vantagens são os que utilizam membranas como principio ativo de
seu funcionamento. Com o desenvolvimento e aplicação de um sistema especifico de
membranas, sozinho ou em conjunto com outras técnicas, podemos assegurar a passagem de
apenas moléculas especificas, mesmo em situações onde os efluentes possuem um alto teor de
óleo. (SILVA, 2003).
As refinarias de petróleo normalmente empregam sistemas separadores de esgotos
para separar as águas oleosas, as águas de processo, as águas de chuvas drenadas, a água de
refrigeração servida e os esgotos sanitários. Tal separação se faz necessária na medida em que
todos esses efluentes não passarão pelas mesmas etapas de tratamento.
Muitas separações de óleo e água são feitas por processos meramente físicos,
outras, porém, necessitam de processos físico-químicos. Em qualquer caso, projetos especiais
têm que ser realizados para se alcançar a eficiência que atenda aos padrões da legislação.
Segundo o artigo técnico da empresa Engenho Novo, água oleosa é um termo
genérico usado para descrever todas as águas que apresentam quantidades variáveis de graxas,
óleos lubrificantes, além de uma variedade de outros materiais em suspensão.
De acordo com a Resolução 357 do CONAMA a qualidade das águas é
representada por um conjunto de características, geralmente mensuráveis, de natureza
química, física e biológica. Sendo um recurso comum a todos, foi necessário, para a proteção
dos corpos receptores, instituir restrições legais de uso. Desse modo, as características físicas
e químicas da água devem ser mantidas dentro de certos limites, os quais são representados
por padrões, valores orientadores da qualidade de água, dos sedimentos e da biota.
Para que os efluentes líquidos sejam lançados nos corpos hídricos receptores,
devem ser observados os padrões de emissão de efluentes constantes da resolução 357
(CONAMA, 2005).
No Decreto nº 1.745 de 06 de Dezembro de 1979 da legislação do estado de
Goiás, os efluentes não podem ser lançados mesmo se tratados, se existem alterações em seu
parâmetros e valores, que podem prejudicar a qualidade da água.
Um separador de hidrocarbonetos é um equipamento destinado a reter os
hidrocarbonetos contidos nas águas usadas antes do seu despejo no esgoto. Este equipamento
6
deve obrigatoriamente ser procedido de um decantador que reterá as partículas decantáveis.
(F.P. Ambiente).
No tratamento dos efluentes líquidos gerados em uma base de armazenamento de
combustíveis segundo normas internas, os efluentes podem ser enquadrados três tipos
sistemas estes que são tratados de acordo com o grau de contaminação:
-
Sistema Pluvial Limpo: que são os efluentes que não apresentam contaminação
podendo ser lançados no corpo receptor. Todos os efluentes que se enquadram neste sistema
passam por remoção de sólidos grosseiros e areia, antes de serem descartados no corpo
receptor.
-
Sistema Contaminado: os efluentes que se encaixam no sistema contaminado,
possuem presença de hidrocarbonetos este podendo conter sólidos suspensos e dissolvidos
impossibilitando seu lançamento direto no corpo receptor. Este sistema necessita de um
tratamento preliminar, muitas das vezes podem ser tratados na própria base de
armazenamento de combustíveis.
-
Sistema Oleoso: possuem presença constante de hidrocarbonetos, se tornando
mais denso. Este efluente não é tratado na base.
Para remoção dos sólidos grosseiros utilizamos as chamadas: grades, peneiras,
sedimentadores e flotadores. Os sólidos dissolvidos são removidos utilizando tratamentos
físico-químicos. Os processos biológicos são utilizados para a remoção de matéria orgânica
dissolvida. Iremos agora descrever os níveis de tratamento que são: Preliminar, Primário,
Secundário e Terciário e as suas aplicações.
-
Preliminar: Faz a remoção de sólidos sedimentáveis grosseiros (areia, terra,
carvão, pó de pedra e similares), em caixas de areia; sólido com diâmetro superior a 1 mm
(penas, plásticos, fios e similares), são removidos em peneiras; sólidos com diâmetros
superiores a 10 mm podem ser removidos em grades.
O nível preliminar compreende também a remoção por diferença de densidade dos
óleos e graxas livres em separadores (SAO) de água e óleo (caixas separadores tipo API, TPI).
-
Primário: Remove os sólidos por sedimentação ou flotação (utilizando
sedimentadores ou flotadores), ou pela associação de coagulação e floculação química
(clarificação físico-química para a remoção de matéria orgânica ou óleos e gorduras
emulsionados).
Nesta etapa são removidos normalmente componentes tóxicos (excesso de
detergentes, corantes, amidas, etc.), matéria orgânica, gorduras e metais pesados (dissolvidos).
-
Secundário: Remoção de matéria orgânica biodegradável dissolvida. Nesta
7
etapa podem ser também removidos os nutrientes: nitrogênio ou fósforo. Estes elementos
estão presentes nos esgotos sanitários e nos efluentes industriais e são essenciais as diversas
formas de vida, causando problemas devido proliferação de plantas aquáticas nos corpos
receptores. Nos esgotos sanitários são provenientes dos próprios excrementos humanos, mas
atualmente tem fontes importantes nos produtos de limpeza domésticos e industriais, tais
como: detergentes e amaciantes de roupas. Nos efluentes industriais podem ser originados em
proteínas, aminoácidos, ácidos fosfóricos e seus derivados.
Terciário: Melhora a qualidade dos efluentes tratados pelas remoções de cor
-
residual, turbidez (remoção de colóides, metais pesados, nitrogênio, fósforo, compostos
orgânicos refratórios aos níveis de tratamento anterior); e desinfecção do efluente tratado.
Os efluentes tratados em uma base de armazenamento de combustível, por
exemplo, são os hidrocarbonetos naturais, compostos químicos constituídos por átomos de
carbono (C), hidrogênio (H), aos quais se podem juntar átomos de oxigênio (O), azoto (N) e
enxofre (S).
3 METODOLOGIA
O cenário desse estudo desenvolveu-se no setor de armazenamento e distribuição
de petróleo instalado em Senador Canedo-Go.
Nesse trabalho foram desenvolvidos dois sujeito de pesquisa:
-
Pesquisa teórica: foram estudados, conceitos envolvendo o sistema de
informação com suas fontes e canais. As referências bibliográficas constam de
pesquisas em sites referenciados na Internet para levantamento de informações
e livros técnicos.
-
Pesquisa de Campo: a pesquisa de campo foi realizada em uma base de
armazenamento de combustível, através da coleta de amostras no próprio local
gerador de efluente, ao final de cada mês avaliando as considerações
ambientais. Nas figuras e quadros, que posteriormente estarão dispostas para a
comparação dos valores de parâmetros da Resolução 357 do Conselho
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicado pela Legislação Federal
em 2005 e Decreto nº 1.745 de 06 de Dezembro de 1979, poderemos verificar
os resultados finais das análises.
8
O sistema estudado foi o tratamento de efluentes industriais em uma base de
armazenamento de combustível. O estudo de sua eficiência, que é um assunto de grande
interesse na área de engenharia ambiental e tem se destacado pelo potencial poluidor que
essas empresas possuem ao lançarem seus efluentes sem devido tratamento.
Os instrumentos utilizados para coleta de dados foram entrevistas com:
engenheiro civil especializado na área de meio ambiente, técnicos em segurança do trabalho,
registros fotográficos e análises feitas no local de estudo.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A Figura 1 mostra o fluxograma de tratamento de efluentes contaminados,
passando por todos os processos de pré-tratamento antes de ser lançado em um sistema de
tratamento.
EFLUENTE CONTAMINADO
GRADEAMENTO
DESARENADOR
CAIXA DE PARTIÇÃO
TRATAMENTO PRIMÁRIO
Figura 1: Fluxograma.
A Figura 2, mostra o Sistema de Tratamento Primário que recebe somente as
águas contaminadas. As águas pluviais limpas são lançadas direto no corpo receptor através
de canaletas, as águas contaminadas são tratadas no sistema de tratamento e as águas oleosas
são retornadas para a refinaria, através de transporte rodoviário, para receberem tratamento,
pois esta é mais densa ou são encaminhadas para tratamento externo em empresa
especializada.
O sistema possui gradeamento, desarenador, caixa de partição e bacias ou tanques
de acumulação onde a água contaminada fica em repouso ocorrendo a decantação da mistura
de água e óleo, sendo assim o líquido mais denso se separa após a deposição.
9
No gradeamento ocorre à retenção de sólidos grosseiros através de grades fixas ou
móveis, facilitando a limpeza e remoção dos sólidos retidos. Assim, este processo aumenta a
eficiência para a próxima etapa do tratamento de efluentes.
Após ter passado pelo gradeamento, o efluente é destinado à remoção de sólidos
finos, o desarenador, este constituído por sistema de sedimentação. Na Figura 2, observamos
dois decantadores, número mínimo exigido em pequenas estações de tratamento.
Na caixa de partição, o efluente já se encontra sem a presença de sólidos grossos
ou finos e em condições normais de ser encaminhado para tratamento do efluente.
A bacia ou tanque de acumulação é de concreto armado dimensionado para
armazenar a vazão do efluente do sistema contaminado. Após o efluente ter sido acumulado
na bacia, é transferido para o sistema de separador água e óleo sem ultrapassar a vazão
máxima permitida.
Figura 2: Sistema de Tratamento Primário.
O funcionamento de um separador água/óleo (SAO), mostrado na Figura 3, é um
simples tanque que reduz a velocidade do efluente contaminado, de forma que a água e o óleo
sejam separados. Como o óleo tem densidade menor que a água, ele flutua, e em seguida se
separa naturalmente. Em seu tratamento preliminar em condições de tempo seco, os efluentes
devem ser dirigidos ao SAO, sem queda livre do efluente.
O separador água e óleo recebem o efluente após ter passado pelo tratamento
primário. Nesta fase ocorre a separação da água e do óleo que em seguida é lançado na lagoa
de aeração.
Para aumentar a eficiência do separador de água e óleo, devem ser feita
manutenções e inspeções periódicas. A instalação de um compartimento de decantação e
10
separação das fases líquidas da água e dos óleos depurando, ao máximo, a mistura faz com
que o sistema seja melhor.
A vazão do tanque se separação água/óleo analisado é de 10 m³/h e sua bomba
possui uma vazão de 3 m³/h.
Figura 3: Separador Água e Óleo (SAO)
As lagoas de aeração, mostrada na Figura 4, possuem dispositivos de oxigênio,
suprindo a ausência de algas que ali não proliferam por causa da intensa agitação de massa
líquida.
Esta lagoa foi construída com o objetivo inicial de receber e armazenar as águas
pluviais e as águas tratadas pelo SAO (separador água e óleo) antes de enviá-las ao corpo
receptor. Na complementação dos serviços da lagoa, o objetivo é evitar que em seu sistema de
escoamento seja evitado o acúmulo de água na lagoa para não estimular a presença de
mosquitos e epidemias, tipo dengue.
A água contaminada que passa pelo tratamento no SAO, após ter sido finalizado
seu processo de tratamento e não apresentar hidrocarbonetos é lançada na lagoa e fica em
estado de evaporação até que atinja o limite a ser lançado no corpo receptor.
A lagoa deve ser impermeabilizada, para garantir que a água a ser descartada no
corpo receptor não esteja contaminada.
Para sua manutenção a área da lagoa deve ser cercada, impedindo que animais
possam entrar contaminando a água com coliformes fecais e evitando que os próprios animais
também se contaminem. Em volta deve ser gramado para impedir o arraste de partículas de
solo através de água pluvial limpa. A lagoa possui volume de 480 m³, 10 m de largura, 30 de
11
comprimento.
Figura 4: Lagoa de aeração.
Na Figura 5, é mostrado a vista aérea de uma base de armazenamento de
combustíveis, que é responsável pelo transporte dutoviario de derivados de petróleo, gasolina,
diesel e GLP. Esta empresa zela pelos aspectos de segurança, meio ambiente e saúde de seus
produtos, desde sua origem até a destinação final, bem como se empenha na constante
redução dos impactos que eventualmente possa causar.
Além de se preocupar com a redução de seus impactos, a empresa promove
programas de educação ambiental para conscientizar as comunidades próximas da
importância e benefícios que o meio ambiente oferece.
Um de seus grandes investimentos é na racionalização do uso da água, na
minimização da geração e descarte de efluentes e no tratamento de efluentes. A empresa atua
de forma rentável na indústria de petróleo, nos mercados nacional e internacional respeitando
o meio ambiente e contribuindo para o desenvolvimento do País.
Figura 5 – Base de Armazenamento de Combustíveis.
12
A medição dos efluentes sempre se inicia com a determinação junto aos
parâmetros e limites de emissão. Nas tabelas 1 e 2 a seguir, poderemos verificar os resultados
das análises feitas, comparando-as com a Resolução 357 do Conselho Nacional de Meio
Ambiente (CONAMA) de 17 de Março de 2005 art. 34 e 22 e Decreto do Estado de Goiás Lei
nº 1.745 art.22.
Através de amostras de efluentes coletadas mensalmente e semestralmente, os
contaminantes industriais gerados pelos hidrocarbonetos são analisados para garantir a
qualidade do pH e temperatura, e ainda avaliando-os para caracterizá-los de acordo com a
quantidade de hidrocarbonetos presente.
Os efluentes só podem ser lançados nos corpos receptores se estiverem dentro do
padrão permitido, caso contrário podem causar danos ambientais.
O padrão de lançamento de efluentes varia de empresa para empresa e podem ser
acrescentados ou tornados mais restritivos de acordo com o órgão ambiental competente.
Caso as condições dos efluentes não se enquadre nos parâmetros permitidos, medidas devem
ser tomadas para que seu lançamento no corpo receptor não agrida o meio aquático.
Quadro 1: Análises Mensais.
Parâmetros
Art. 34 e 22 Resolução
CONAMA nº357
Art. 22 Decreto nº
1.745
Resultados
pH
Temperatura (ºC)
Óleos e graxas (mg/l)animais
5,0 < pH < 9,0
< 40º C
50
5,0 < pH < 9,0
< 40º C
-
Março
6,82
28
n.d
Abril
7,32
25
27
Óleos e graxas (mg/l) –
minerais
20
-
3
18
DBO (mg/l)
Nitrogênio Amoniacal
Cádmio (mg/l Cd)
5,0 mg/litro NH3
0,2
< 60 mg/litro
0,2 mg/litro Cd
49
n.d
n.d
37
1,13
n.d
Chumbo
Cobre (mg/l Cu)
Fenóis
Ferro Solúvel
Mercúrio
0,5
1,0 mg/litro Cu
0,5
15
0,01
1,0 mg/litro Cu
0,5
15
-
n.d
n.d
0,168
0,129
n.d
n.d
0,020
n.d
0,238
n.d
Níquel (mg/l Ni)
2,0 mg/litro Ni
2,0 mg/litro Ni
n.d
n.d
Sulfetos (mg/l S)
1,0 mg/litro S
-
n.d
n.d
n.d : não detectado.
Referente a coleta mensal feita, os meses de Março e Abril atendem aos limites
13
máximos estabelecidos pela Resolução CONAMA 357 e pelo Decreto do Estado de Goiás
1.745. Nos meses de Janeiro, Fevereiro, Maio, Junho, Julho e Agosto não houve geração de
efluentes. As amostras foram realizadas somente até o mês de Agosto.
Quadro 2: Análises Semestrais.
Parâmetros
Art. 34 Resolução
Art. 22 Decreto nº
CONAMA nº357
1.745
Junho
5,0 < pH < 9,0
5,0 < pH < 9,0
-
Temperatura (ºC)
< 40º C
< 40º C
-
Sólidos Sedimentáveis
< = 1,0
1,0
-
< = 20
--
-
< = 50
--
-
--
100
-
--
60
-
< = 0,5
< = 0,2
-
Bário (mg/l Ba)
< = 5,0
< = 5,0
-
Boro (mg/l B)
< = 5,0
< =5,0
-
Cádmio (mg/l Cd)
< = 0,2
< = 0,2
-
Chumbo (mg/l Pb)
< = 0,5
< = 0,5
-
Cianeto (mg/l CN)
< = 0,2
< = 0,2
-
Cobre (mg/l Cu)
< = 1,0
< = 1,0
-
Cromo Hexavalente
< = 0,5
< = 0,1
-
Cromo Trivalente
--
--
-
Cromo Total
--
< = 5,0
-
< = 4,0
< = 4,0
-
0,5
0,5
-
Ferro Solúvel
< = 15,0
< = 15,0
-
Fluoretos (mg/l F)
< = 10,0
< = 10,0
-
Manganês Solúvel
< = 1,0
< = 1,0
-
Mercúrio
< = 0,01
< = 0,01
-
Níquel
< = 2,0
< = 2,0
-
Nitrogênio Amoniacal
Total
< = 5,0
--
-
pH
Resultados
(mg/l)
Óleos e graxas (mg/l)mineral
Óleos e graxas (mg/l) –
animal
Substâncias solúveis em
hexana (mg/l)
DBO (mg/l)
Arsênio Total
(mg/l As)
Estanho (mg/l Sn)
Índice de Fenóis
Dezembro
14
Parâmetros
Art. 34 Resolução
Art. 22 Decreto nº
CONAMA nº357
1.745
Junho
Prata
< = 0,1
< = 0,02
-
Selênio
< = 0,05
< = 0,02
-
Sulfetos
< = 1,0
--
-
Sulfitos
< = 1,0
--
-
Zinco
< = 5,0
< = 5,0
-
1,0 mg/l em Paration
--
-
< = 1,0
--
-
Tricloroetano
< = 1,0
--
-
Clorofórmio
< = 1,0
--
-
Materiais Flutuantes
Ausente
--
-
Tetracloreto de Carbono
< = 1,0
--
-
Dicloroeteno
< = 1,0
--
-
--
--
-
--
--
-
Compostos
organofosforados e
carbamatos totais
Sulfeto de Carbono
Compostos
Organoclorados não
Listados acima (pesticidas,
solventes,etc)
BTX (Benzeno, Tolueno e
Xileno)
Resultados
Dezembro
Não houve efluente na coleta do mês de Junho, e até o fechamento do artigo a coleta
do mês de dezembro não tinha sido realizada.
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
As empresas de petróleo e seus derivados possuem grande potencial poluidor,
portanto para que uma indústria possua um correto projeto de sistema de tratamento de
efluentes, é necessário que seja feita à caracterização adequada dos efluentes desde o processo
inicial para que possam ser conduzidos e/ou pré-tratados de forma eficaz, pois as indústrias de
petróleo são uma das que obtém mais lucros e conseqüentemente realiza investimentos na
área de meio ambiente.
Por isso um sistema de boa qualidade e qualificado deve possuir um
monitoramento confiável e tratamentos para manter as emissões dentro dos padrões exigidos,
visando assim, a reutilização de insumos (óleo, água, etc) e minimizando os impactos gerados.
15
Porém uma empresa de grande porte tem capacidade suficiente para
implementação de um ótimo sistema, fazendo com que qualifique seus efluentes líquidos
observando seus aspectos de durabilidade e segurança das instalações. E se a carga de
contaminantes dos efluentes for reduzida, seu tratamento se torna barato e seu processo mais
rápido.
Neste artigo verificamos a eficiência do sistema de tratamento de uma base de
armazenamento de combustível juntamente com os avanços que a empresa tem com seu
processo de lançamento de efluentes. A principal recomendação decorrente, é que as
empresas se conscientizem com o grande índice de poluição dos últimos anos e façam uma
boa gestão ambiental.
Na base de armazenamento que foi realizada a pesquisa atualmente, o SAO
encontra-se inativo. Isso faz com que uma empresa terceirizada retire a água contaminada que
foi dirigida para a lagoa, através de caminhões a vácuo levando para o local de tratamento
licenciado pelo órgão ambiental estadual. Neste caso poderia haver investimentos para que o
efluente fosse tratado no próprio local gerador, levando a motivação de um melhor
monitoramento.
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