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FOLHAS
NRE: Cornélio Procópio
Nome do Professor: Inês Kiyomi Koguissi
e-mail: [email protected]
Nível de Ensino: Fundamental
Série: 8ª
Título: Viajando e conhecendo a Arte Japonesa
Disciplina: Arte
Relação interdisciplinar: História
Conteúdo Estruturante: Artes visuais
Conteúdo Específico: Movimentos e períodos – Arte japonesa
Observe a imagem. Conhece ou reconhece?
E o autor, você conhece?
Acervo particular: Takeshi Morikawa (in memorian), s/d.
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Vamos conhecer um pouco da origem da pintura?
A pintura teve sua origem na Pré-história, antes do surgimento da escrita, na
qual os homens pintavam nas cavernas os elementos que reproduziam a natureza,
sobretudo animais. Essa pintura é conhecida como arte rupestre feita em rochedos e
paredes das cavernas. Representavam animais temidos com traços que revelavam
força e movimento, ao contrário para a representação de renas e cavalos que
apresentavam leveza e fragilidade. Quais foram os motivos que levaram o homem a
fazer essas pinturas? Atualmente, a provável explicação para essas dúvidas é que a
pintura era realizada por caçadores que acreditavam que o animal poderia ser
capturado se ele tivesse a imagem representada.
E no caso da imagem que você viu. Qual seria o significado da
representação do tigre e do dragão?
Pesquise em livros ou sites sobre a simbologia desses dois animais, pois
com certeza não tem o mesmo significado dos animais representados nas
cavernas da Pré-história.
E a Arte Oriental, você conhece?
Nas aulas de Arte, a arte oriental provavelmente não é um assunto muito
trabalhado em relação a ocidental ou européia.
Vamos conhecer um pouco sobre a Arte oriental, especialmente a Arte
japonesa?
A arte japonesa tem princípios bem diferentes da Arte ocidental, a qual
fundamenta-se na representação de um mundo em perfeita harmonia e serenidade. Os
primeiros exemplos dessa arte na história são as figuras fúnebres de argila chamadas
de haniwa e os dotaku que são os sinos de bronze cobertos de inscrição que datam de
aproximadamente 2500 a.C. A cerâmica e a escultura foram desenvolvidas após esse
período chamado Pré-budista, e sofreram influência coreana, pois a nação japonesa foi
formada pela imigração da Indochina, Indonésia e da Coréia, e posteriormente teve
influência na escultura chinesa.
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No século IX, Kose Kanaoka criou o estilo Kose que ilustrava poemas e contos.
Eram rolos de papel que se desdobravam e davam sensação de movimento.
Há outro estilo de pintura, a Yamato-ê que é a pintura narrativa criada pelo pintor
Tosa que narrava acontecimentos históricos, biográficos e religiosos. No Período
chamado Muromachi (1338 – 1573) surgiu o estilo de pintura chamado Suiboku que
eram aguadas de nanquim em preto e branco, e os pintores que trabalharam com essa
técnica foram Shubun e Sesshu.
No Período Momoyama (1574 – 1603) os artistas inventaram uma espécie de
biombo, na qual os painéis eram desdobráveis em sete faces, onde eles representavam
cenas populares com mulheres, samurais e paisagens que se destinavam para
ornamentar palácios e castelos.
No século XVI os portugueses levaram o cristianismo e na pintura apareceram
temas cristãos como “Retrato de São Francisco Xavier” e “Os Quinze Mistérios do
Rosário”.
Outro estilo, o Ukiyo-ê representava temas “beijin-ga” que retratam mulheres
consideradas bonitas. Inicialmente a técnica era o contraste entre preto e branco, mas
depois foi trabalhada em tonalidades de laranja, vermelho, amarelo e verde. Sobressaía
vários artistas, dentre eles Kitagawa Utamaro que trabalhava com figuras femininas,
Katsushika Hokusai e Ando Hiroshigue com paisagens e Igusa Kuniyoshi com figuras
humanas. Os artistas conhecidos internacionalmente, podemos citar Yoshisigue Saito e
Tadamaro Nogami.
O estilo Ukiyo-ê foi um estilo popular de arte no Japão que trabalhava com cenas
de vida cotidiana, que pode ser traduzida como retratos do “mundo flutuante”, que seria
um nome irônico dado ao planeta Terra pelos budistas, chamada de “mundo do
desgosto”. Pode-se dizer que alguns pintores ocidentais como Tolouse-Lautrec, Edgar
Degas, Vincent Van Gogh, foram influenciados pela arte Ukiyo-ê. A filosofia dessa arte
é aproveitar cada momento da vida, o mundo aqui e agora. Por isso, os pintores
captavam fatos e costumes cotidianos sobre blocos de madeira e a produção era em
massa.
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Vista do Monte Fuji.
Ukiyo-e de Ando Hiroshigue – 1859
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ukiyo-e
Vamos pesquisar sobre alguns pintores japoneses? Que tal começar por
Katsushika Hokusai que têm uma seqüência de pinturas chamada “36 vistas do
Monte Fuji”. E também Ando Hiroshigue, Kitagawa Utamaro, Toshusai Sharaku
para conhecer as obras e observar a diferença existente entre a pintura ocidental
e a japonesa. Observe os temas utilizados, as cores, os traços.
Pintores japoneses contemporâneos
A maioria dos imigrantes japoneses vieram para trabalhar na agricultura, mas, às
vezes, traziam na sua bagagem conhecimento artístico. Foi o caso do pintor Manabu
Mabe que nasceu em 1924 na província de Kumamoto no Japão e veio para o Brasil
com seus pais para trabalhar na agricultura. Foi na cidade de Lins (SP) que Manabu
iniciou sua trajetória de pintor, na década de 1940 que foi a fase que o pintor considera
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de estudo. Após, começa a sua participação em eventos da arte brasileira e também
internacional.
Podemos citar também a Tomie Ohtake que nasceu em 1913 na cidade de Kioto,
no Japão. Ela veio para o Brasil no ano de 1936 e começa a pintar só aos 40 anos. Nos
anos de 1960 foram os anos decisivos para Tomie produzir com domínio as suas
produções abstratas.
Há também outros pintores que vieram do outro lado do mundo, talvez menos
conhecidos, mas que também tem produções importantes para a nossa cultura.
Talvez você esteja se perguntando, por que estamos tratando sobre pintores
japoneses? Qual seria o motivo de tanta ênfase?
O ano de 2008 é o ano marcante para a comunidade nipo-brasileira, pois,
comemora-se o centenário da imigração japonesa no Brasil. Foram cem anos que se
passaram depois da chegada oficial do primeiro navio, o Kasato Maru, com os primeiros
imigrantes japoneses.
Você conhece a história da vinda dos imigrantes ao Brasil? Tem
conhecimento sobre a sua ascendência? Converse com pessoas da sua família
com mais idade para saber sobre o assunto: de onde veio a sua família, como foi
a vida dos imigrantes numa terra desconhecida, quando chegaram?
Moro e trabalho numa pequena cidade do norte do Paraná chamada Assaí. E
tenho em minha casa duas pinturas que pelas características e assinatura, são obras
de pintores japoneses ou com descendência japonesa. Conversei com a minha sogra,
mas ela não tem idéia quem são os autores das obras, pois quem adquiriu foi o marido
dela, mas ele já é falecido há 29 anos. Assim como têm esses quadros, acredito que há
muitas obras de pintores com descendência japonesa espalhados pelo Estado do
Paraná, anônimos, pois não temos registros dos mesmos.
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Acervo particular: Takeshi Morikawa (in memorian), s/d.
E na sua cidade já viu alguma pintura com característica japonesa?
Conhece algum pintor anônimo? Pesquise com seu professor para poder
catalogar esses artistas e suas obras. Quem sabe criar um acervo dessas obras?
A vinda dos japoneses a Assaí
Assaí é uma pequena cidade do Norte do Paraná, localizada a 340 quilômetros
de Curitiba, com aproximadamente 16.000 habitantes. Faz alguns anos, mas Assaí
tinha aparência de ser uma cidade do Japão no Brasil, pois grande parte da população
assaiense era de imigrantes japoneses e seus descendentes. A história desse
município começou há exatamente 74 anos quando chegaram nesta terra, um grupo de
colonizadores da empresa Bratac (Brasil Takushoku Kumiai), uma Cooperativa de
Colonização do Brasil, que havia adquirido uma gleba de terras com 18.340 alqueires
para formar o núcleo habitacional de imigrantes japoneses, situado na região da
Estrada de Ferro São Paulo – Paraná. O Sr. Miyuki Saito que gerenciava o trabalho na
região paulista, havia sido transferido para Paraná e viajou de trem de passageiros até
Cornélio Procópio. Naquela época era a parada final para os passageiros. Seguia
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diante somente o vagão de carga que, o Sr. Saito viajou até Jataizinho. Lá contratou
trabalhadores para abertura de caminho até o local que seria a sede da Fazenda Três
Barras, denominação da localidade que pertencia ao município de São Jerônimo da
Serra, as margens do Ribeirão Tigre, local onde hoje está instalado o município de
Assaí.
Foi no dia 1° de maio de 1932 que o Sr. Saito inaug urou oficialmente o povoado.
Gradativamente novos imigrantes chegaram e adquiriram terras para se estabelecerem
por aqui. Exatamente no mês de novembro do mesmo ano, o Sr. Kaito Ussui, que
substituiu o Sr. Saito, deu ao povoado o nome de Assailand (Terra do Sol Nascente). O
Núcleo recebia a cada dia novos moradores. E como é de costume, onde há um grupo
grande de japoneses, deveria criar uma escola para ensinar seus filhos a leitura e a
escrita. Na época foi improvisada uma para poder ensinar a língua japonesa.
A mata derrubada dava lugar a plantação de café ou algodão, produtos
cultivados nessa época. A terra roxa retribuía com farta produção, motivo de
propaganda para novos compradores de terra, que aqui chegavam para realizar o
anseio de trabalho e riqueza. Imigrantes japoneses, nordestinos, paulistas, vários
grupos de pessoas se instalavam na região.
Apesar das dificuldades encontradas no dia a dia, no comunicar, na alimentação,
no transporte, nos hábitos e costumes e no perigo que corriam por adentrar na floresta,
que era habitat de animais como onça, cobra, macaco e queixada, cada imigrante
japonês que aceitava o desafio de morar nesse lugar, vencia cada dificuldade para
fazer da terra assaiense, a sua morada. Outros abriam casas de comércio com venda
de mantimentos, ferragens, vestuário, calçados e destas, algumas lojas tradicionais
estão presentes até nos dias atuais sendo administrados por seus filhos ou netos.
Os imigrantes trouxeram na sua bagagem, ferramentas para o trabalho,
apetrechos domésticos e na memória, a canção e a dança. Cantarolando a sua musica
preferida continham a saudade de sua terra natal. E foi assim que essas canções se
transformaram num precioso bem cultural e social que até hoje, em muitas localidades
com grande concentração de japoneses e seus descendentes, preservam e transmitem
o valor da cultura japonesa através da música e dança.
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O Festival das Estrelas, como é conhecido o Tanabata Matsuri é um exemplo. É
um festival que teve origem na China há cerca de 4000 anos, na qual retrata a história
de amor entre a Princesa Orihime com o seu eleito Kengyu que não conseguiam
concretizar os seus sonhos. No Japão foi introduzido mais tarde, há cerca de 1300
anos, sendo comemorado enfeitando-se as ruas e passarelas com arranjos
multicoloridos, compostos por bolas confeccionadas em papel reproduzindo flores, com
tiras de papel penduradas ao meio do mesmo.
Tanabata Matsuri em Assaí
Foto: Akira Morikawa (set. 2008)
A preservação da cultura, seus hábitos e costumes eram motivos de zelo para os
imigrantes japoneses. Para isso, eles organizavam festivais de canção e dança,
campeonatos de atletismo, beisebol e sumô, concursos de oratória, e em cada bairro da
zona rural, dividido e chamado de Secções, criavam a Associação de moradores, onde
homens, senhoras e jovens separadamente, organizavam e realizavam eventos com a
finalidade de preservar a cultura e os costumes trazidos por ele da sua terra natal, pois
com a aquisição de terra no Brasil, era sinal de que haviam escolhido o solo brasileiro
como seu novo lar. Já haviam deixado para trás a ilusão de riqueza fácil, de que
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trabalhariam alguns anos nas fazendas brasileiras e retornariam após acumularem
fortuna para iniciar vida nova no Japão.
É interessante que há duas décadas aproximadamente, ocorreu o fenômeno
inverso, o chamado dekassegui. São brasileiros descendentes de japoneses que vão
trabalhar no país de origem de seus pais ou avós para tentar acumular sua “fortuna” e
retornarem ao Brasil para investir num negócio. Muitas famílias já vivem no Japão há
muito tempo, e afirmam que ali vão ficar. Nessas idas e vindas, na troca de informação
e produto trazidos como presente, ocorre o intercâmbio das culturas japonesa e
brasileira.
Nesses cem anos de imigração japonesa oficialmente ao Brasil, muitas marcas
ficaram do povo que aqui chegou da terra do Sol nascente. Em Assaí especialmente,
ainda há muitos costumes, hábitos e tradições que são cultuados não só pelos
descendentes de japoneses, mas ocorreu a troca de culturas que resultou no nosso
cotidiano assaiense, que muitos apreciam a culinária, o mangá, a dança, a música e
tantos outros aspectos vindos do país do Sol Nascente.
Você já ouviu falar de Assaí?
Conhece algo da cultura japonesa? Tem
algum parente ou amigo que tenha ido ao Japão para trabalhar como dekassegui?
Que tal conhecer um pouco da cultura japonesa: mangá, animê, dekasegui, Bom
Odori, Tanabata... Vamos pesquisar?
REFERÊNCIAS:
HANDA, Tomoo. O imigrante japonês: história de sua vida no Brasil. São Paulo:
T.A.Queiroz, 1987.
OGUIDO, Homero. De imigrantes a pioneiros: A saga dos japoneses no Paraná.
Curitiba, 1988.
SANTOS, Maria das Graças V. P. História da Arte. São Paulo: Ática, 1994.
LIGA DAS ASSOCIAÇÕES CULTURAIS DE ASSAÍ. Comunidades Nipo-brasileiras
do Paraná: História dos Pioneiros. Assaí: 2004.
Folha Imin 100. Suplemento da Folha de Londrina. 18 de junho de 2008.
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Arte Japonesa. <http://www.pitoresco.com.br/art_data/japonesa/index.htm> Acesso em
04 nov. 2008.
Hatsushika Hokusai. <http://pt.wikipedia.org/wiki/Katsushika_Hokusai> Acesso em 04
de nov. 2008.
Manabu Mabe. http://www.mabe.com.br/> Acesso em 30 out. 2008.
Pintura Japonesa. <http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_do_Jap%C3%A3o> Acesso em
03 nov. 2008.
Tanabata Matsuri. <http://pt.wikipedia.org/wiki/Tanabata> Acesso em 31 out. 2008.
Tomie Ohtake. http://www.institutotomieohtake.org.br/tomie/tetomie.htm> Acesso em
30 out. 2008.
Ukiyo-e. <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ukiyo-e> Acesso em 03 nov. 2008.
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