Arte Rococó
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Rocalhas em uma igreja na cidade de Reutlingen na Alemanha
O Rococó é um estilo artístico surgido na França em meados do século 18. Posterior ao
Barroco, é um estilo de arte aristocrático. Alguns pesquisadores consideram como um
desenvolvimento natural do Barroco.
O Barroco foi um estilo forte, de impacto, teatral com realismo de inspiração popular e
trazia em seu seio a mentalidade da burguesia que evoluía para um estágio industrial e
capitalista, que desembocará na conquista do poder político com a Revolução Francesa. Já o
Rococó é um estilo colorido, suave, gracioso, frágil, decorativista e de inspiração mundana,
delicado e elegante que expressará todos os interesses e os hábitos da aristocracia palaciana,
ociosa e já em decadência, mas que busca ostentar sua glória.
O Rococó foi uma arte preocupada em expressar sentimentos agradáveis e que apresenta
uma técnica de uma execução perfeita.
O elemento mais característico do Rococó é a “Rocalha”. A Rocalha é uma derivação da
palavra francesa rocaille (concha), artifício muito usado na decoração da época, em formas
estilizadas pelos decoradores. Na foto acima, é possível observar uma talha rococó toda
ornamentada com rocalhas.
O Rococó sobrevive até fins do século 18, quando será substituído pelo racionalismo do
estilo Neoclássico.
Arquitetura
O Rococó manifesta-se na arquitetura, principalmente na decoração interior. Neste estilo,
os interiores se transformam completamente sob profusa e delicada ornamentação. Os salões e
salas tornam-se ovais, os ângulos retos formados pelas paredes e o teto se encurvam sob
requintados ornamentos, as paredes se cobrem de espelhos, elementos florais, treliças ou
pinturas de cores claras e suaves representando cenas mitológicas, paisagens e pastoris idílicas,
alegorias galantes e personagens da comédia italiana.
Em oposição a esse interior rico em elementos decorativos, a fachada dos edifícios reflete
um barroco depurado ou o estilo clássico dos renascentistas italianos.
O material utilizado na decoração é muito frágil: estuque (mistura de cal, pó de mármore ou
gesso e água). Os ambientes são bastante delicados, refinados e requintados. Tudo na
decoração dos ambientes parece de inspiração feminina, criados para a sensibilidade e a
convivência da mulher.
A expressão máxima do Rococó encontra-se na arquitetura palaciana. Construídas para
o lazer dos membros da corte, essas edificações transmitiam uma atmosfera de mundo
ideal que pode ser observada nas pinturas profanas como a ilustração disso tudo.
http://en.wikipedia.org/wiki/File:BasilikaOttobeurenHauptschiff02.JPG
Basílica de Ottobeuren, na Baviera, Alemanha
Observe como a decoração dessa igreja é clara.
Ao contrário das igrejas barrocas, que eram soturnas e propiciavam um sentimento de
contemplação, o estilo Rococó permite que a igreja tenha um tom mais elegante e mais
afetado.
Existe uma alegria na decoração carregada, na teatralidade, na refinada artificialidade dos
detalhes. Tenta-se, pelo exagero, comemorar a alegria de viver. Um espírito que se reflete,
inclusive nas obras sacras, onde o amor de Deus pelo homem assume agora a forma de
uma infinidade de anjinhos rechonchudos. Tudo é mais leve nesse estilo.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Queluz_Palace_fountains.JPG
O Palácio Real de Queluz, também chamado de Palácio Nacional, Portugal, Lisboa
O Palácio de Queluz é uma das obras rococós mais famosas. Nessa foto, vemos a
“Fachada de Cerimônia” do Palácio, onde podemos observar, no edifício, traços
Neoclássicos e a fonte Rococó, em primeiro plano. O Palácio Queluz é uma das últimas
edificações de grande vulto do estilo Rococó; por isso, ela já acusa elementos
neoclássicos em sua constituição.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Pal%C3%A1cio_Queluz_interior_1.JPG
Interior do Palácio Real de Queluz
Uma das características mais marcantes da arquitetura rococó são as salas e salões
em forma oval. Observe como as paredes são cobertas com pinturas de cores claras e
suaves. Os espelhos e ornamentos com motivos florais feitos com estuque são
também muito comuns nesse tipo de ornamentação. Requinte para a aristocracia do
século 18.
Escultura
A escultura rococó é bastante suave, o que contrasta com as vigorosas massas barrocas.
A graça substitui a energia da escultura barroca e observa-se o predomínio do espírito
aristocrático, cheio de elegância mundana.
A escultura é mais intimista e os artistas brilham na arte do retrato. Geralmente os artistas
procuram retratar as pessoas mais importantes da época.
A grande novidade da Escultura Rococó é a estatueta decorativa de porcelana. A
porcelana foi a grande contribuição alemã à Arte Rococó. O físico Tschirnhaus e o alquimista
Boettger conseguiram fundir o caulim (argila branca), em 1708, obtendo a porcelana europeia.
Em 1709, já eram vendidas as primeiras peças decorativas fabricadas em Meissen, na Alemanha
Oriental, ainda hoje capital da porcelana. Da noite para o dia, o novo material escultórico tornavase conhecido e a produção de pequenas e frágeis peças decorativas se aperfeiçoava em alguns
centros mais famosos.
A frágil peça, ao lado, foi criada no Palácio
Nymphenburg, na Alemanha, que possui uma
fábrica de porcelana fundada em 1741. O local é
um dos maiores e mais antigos centros de
produção de escultura em porcelana do mundo.
http://en.wikipedia.org/wiki/File:Franz_Anton_Bustelli_Liebesgruppe_1756-4.jpg
Par de amantes – porcelana - 1760, modelado por Franz Anton Bustelli
O escultor alemão Ignaz Günther
(1725-1775) é um dos maiores
representantes do estilo Rococó.
Suas esculturas eram produzidas,
geralmente, em madeira e, a seguir,
policromadas.
http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Ignaz_Guenther_Schutzengel_Buergersaal_Muenchen-1.jpg
Anjo da Guarda – 1763 - Ignaz Günther
Os temas mitológicos também são muito
comuns durante o Rococó, especialmente
na pintura, como veremos adiante. A
escultura de vulto redondo, ou seja,
aquele tipo de escultura independente,
que não era empregada para ornamentar
os prédios, ganha força durante o
Rococó. Esse tipo de escultura é muito
utilizada para decorar os vastos jardins
dos palácios.
http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Mercury_Pigalle_Louvre_RF3023.jpg
Mercúrio calçando suas sandálias aladas – 1753 - Jean-Baptiste Pigalle
Os bustos de grandes personalidades da
história estavam na moda, no período
Rococó. Os materiais mais utilizados
para essa categoria foram a pedra e o
bronze.
http://en.wikipedia.org/wiki/File:Pope_Clement_XII_bust.jpg
Papa Clemente XII - Edmé Bouchardon
Pintura
Na pintura, o rompimento com o Barroco é completo. Ao invés das teatrais pinturas com
seus claro-escuros marcados e radicais, onde a luz é o protagonista principal, as pinturas rococós
são fluidas e claras, onde a graciosidade decorativa, fantasia, erotismo e mundanidade são as
marcas principais.
O século 18 é o século da beleza feminina e a pintura irá refletir isso. A mulher como nunca
tinha sido tão bem retratada como no Rococó. O estilo da corte, afetado e gracioso, propicia a
celebração da beleza feminina. No período, surgem vários retratistas femininos que rivalizam com
os homens pela preferência da aristocracia.
A temática Rococó difere também, em muito, do Barroco. A pintura religiosa perde espaço
para os temas frívolos e galantes. Os temas, agora, são mundanos, ambientados em parques e
jardins ou em interiores luxuosos. Os modelos não são mais procurados entre as pessoas
simples, como no Barroco, para aproximar as pessoas comuns de seus santos. Agora os modelos
são membros de uma aristocracia que vive seus últimos tempos de ostentação, antes da
revolução Francesa que se aproxima.
Outra inovação técnica importante do período é a utilização “pastel”, espécie de giz
colorido, pastoso e ardente, feito com terras bem moídas. O pastel permite a produção de efeitos
suaves, como a delicadeza e leveza dos tecidos, a maciez da pele feminina, e a sedosidade dos
cabelos.
A dimensão dos quadros diminui significativamente. As pequenas dimensões surgem da
necessidade de decorar o espaço, passando a ser colocado nas entreportas ou ao lado das
janelas, muitas vezes no lugar dos espelhos.
http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Les_Champs-Elys%C3%A9es_1717_by_Watteau.jpg
Les Champs Elysées -1717-18 - Jean-Antoine Watteau
Watteau é o pintor mais prestigiado do período Rococó. Suas obras se destacam, pois
demonstram o espírito de uma classe social, a aristocracia, em uma época bastante
específica.
Seus personagens são jovens e descontraídos, um pouco entediados, talvez, mas são
figuras graciosas em momentos de descanso e tranquilidade, gozando das boas coisas
da vida.
O pintor francês Boucher era muito
amigo de Antoine Watteau. Na
década de 1740, por influência de
Madame Pompadour, tornou-se o
pintor principal de Luís XV,
chegando a ser um dos decoradores
mais solicitados de Paris.
Suas pinturas são cheias de encanto
e sedução. Repletas de ninfas nuas
em cenas mitológicas e alegóricas,
que caíram no gosto das altas
camadas parisienses e serviam de
decoração para as residências mais
famosas.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Fran%C3%A7ois_Boucher_018_(Madame_de_Pompadour).jpg
Retrato da Madame de Pompadou – 1758 - François Boucher
Fragonard é considerado o continuador da
obra de Watteau - como pintor do amor, da
graça e dos ideais da vida da nobreza. Sua
obra transcendeu a Revolução Francesa, que
trouxe para a Arte os cânones clássicos.
O tema do retrato é extremamente comum no
Rococó, assim como no Barroco. É uma
tradição na pintura que irá ser bastante
significativa, mesmo depois da invenção da
máquina fotográfica.
http://en.wikipedia.org/wiki/File:Fragonard,_The_Reader.jpg
A Young Girl Reading – 1776 - Jean-Honoré Fragonard
A Moda Rococó
Você já parou para pensar o que moda tem a ver com Arte? A moda ou, como chamamos,
o nosso “guarda roupa”, muda constantemente. As roupas de dez anos atrás já não podem ser
utilizadas hoje, pois são consideradas bregas. Imagine, então, uma a moda do século 18?
O que a roupa representa para as pessoas de cada época?
A moda Rococó era a moda europeia vigente no século 18. A Europa, mais precisamente a
França, ditava a moda e o restante do mundo ocidental seguia o que chamamos hoje de
“tendência”. Hoje quem dita a “tendência” é o EUA, mas, em tempos de globalização, um estilista
brasileiro também pode alcançar sucesso internacional. Hoje, na Arte e na Moda, as fronteiras
são bem menores, processo conhecido como desterritorialização da arte.
Durante o Rococó, os vestidos das mulheres eram tão pesados que dificultavam as
mulheres caminharem. As saias eram extremamente volumosas, a parte de cima era apertada e
afinada por um espartilho. Além disso, havia a maquiagem, o cabelo e os chapéus, elementos
muito extravagantes. A roupa masculina era mais simples: fraques, calças justas até os joelhos,
camisa, coletes, casacos largos, meias e pasmem: sapato de salto alto. Além disso, os homens
também usavam peruca, que era amarrada atrás em um rabo de cavalo.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Fragonard_musical.jpg
“O amoroso coroado” ou “O concurso musical” - Jean-Honoré Fragonard
O Site “Picnic Vitoriano” tem uma excelente matéria sobre a Moda Rococó, com imagens e
informações técnicas muito interessantes: http://picnicvitorianocwb.com/moda-historica/modarococo/
O site é todo dedicado à moda da Era Vitoriana, conhecida como Moda Vitoriana. A Era
Vitoriana é o período da história da Inglaterra em que a rainha Vitória I governou o país, entre
1837 e 1901. Esta época ganhou importância na história inglesa, pois foi marcada por grande
desenvolvimento econômico e industrial do país, além das conquistas coloniais. Na Era Vitoriana,
a Inglaterra tornou-se o país mais rico e poderoso do mundo.
Em várias partes do Brasil, existem grupos de pessoas que apreciam reviver determinados
estilos de vida, indumentárias e costumes de alguns períodos históricos, geralmente da Era
Vitoriana, mas também de períodos que vão da Idade Média até a Era Eduardiana. Esses grupos
de pessoas se encontram vestidos a caráter e promovem uma série de atividades, como
piqueniques, chás das cinco e saraus, por exemplo. Outro grande prazer dessas pessoas é tirar
fotos vestidas com as elegantes e charmosas indumentárias antigas. Hoje, com o advento das
redes sociais, os grupos vão se formando e se fortalecendo nesse hobby um tanto peculiar.
E você já parou para pensar na roupa que usa? Faça uma pesquisa sobre a História da
Moda e veja se alguma época lhe chama a atenção no quesito moda. Teria coragem de envergar
uma indumentária antiga e dar umas voltas pelo seu bairro?
Roupa é coisa séria, um mercado que fatura muito dinheiro por ano no mundo todo. Já
parou para pensar quantos estilos, culturas, subculturas, tribos que se destacam por usar um tipo
de roupa?
E você? Qual é o seu estilo?