PROFESSOR: Equipe
ALUNO(A): _____________________________________________________________________________ - Nº.: _______
ESTUDO DIRIGIDO DE LÍNGUA PORTUGUESA - 1ª SÉRIE - ENSINO MÉDIO - Nº 06
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Texto 1
Romance LIII ou DAS PALAVRAS AÉREAS
Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
Ai, palavras, ai, palavras,
sois de vento, ides no vento,
no vento que não retorna,
e, em tão rápida existência,
tudo se forma e transforma!
Sois de vento, ides no vento,
e quedais, com sorte nova!
Ai, palavras, ai, palavras,
íeis pela estrada afora,
erguendo asas muito incertas,
entre verdade e galhofa,
desejos do tempo inquieto,
promessas que o mundo sopra...
Ai, palavras, ai, palavras,
mirai-vos: que sois, agora?
— Acusações, sentinelas;
bacamarte, algema, escolta;
— o olho ardente da perfídia,
a velar, na noite morta;
— a umidade dos presídios,
— a solidão pavorosa;
— duro ferro de perguntas,
com sangue em cada resposta;
— e a sentença que caminha,
— e a esperança que não volta,
— e o coração que vacila,
— e o castigo que galopa...
Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
Perdão podíeis ter sido!
— sois madeira que se corta,
— sois vinte degraus de escada,
— sois um pedaço de corda...
— sois povo pelas janelas,
cortejo, bandeiras, tropa...
Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
Éreis um sopro na aragem...
— sois um homem que se enforca!
Perdão podíeis ter sido!
— sois madeira que se corta,
— sois vinte degraus de escada,
— sois um pedaço de corda...
— sois povo pelas janelas,
cortejo, bandeiras, tropas...
Cecília Meireles. Obra poética.
01- (Recursos de Linguagem) No trecho acima, identifique o recurso linguístico utilizado para expressar um dado efeito de
sentido.
(A) O emprego do verbo ser na segunda pessoa do plural, na ordem direta, quebra a progressão textual.
(B) A repetição da estrutura sintática, em determinada ordem, prepara a visualização de um cenário.
(C) A sequência de substantivos apresenta um paralelismo de ações que se sucedem no tempo e no espaço.
(D) O emprego da segunda pessoa do plural ratifica uma atitude descritivista.
(E) O emprego do travessão expressa a enumeração de fatos já acontecidos.
Texto 2
Quando me ajoelho ali, se esvai a certeza. Penso, sinto e sei que meu lugar é do lado de cá, ajoelhado e chorando,
jamais do lado de lá, ouvindo,compreendendo, perdoando em nome de Deus. Mas Deus e a Virgem me hão de ajudar.
Amanhã pode vir a luz. Hoje, quem sabe, na missa da tarde.
Meu dia virá, eu sei. Dele sairei transfigurado, andando entre os homens como quem leva em si a bênção divina,
esquecido de minha cara, liberto dessa louca idéia de minha essência espúria. Sou um filho de Deus. N’Ele sou homem,
um homem qualquer. N’Ele sou gente e não apenas mairum ou, pior ainda um mairum converso, civilizado, transpassado,
evadido. Evadido, mas carregando dentro de mim, senão a marca, a essência. Mairum sou, pobre de mim. Esta é a
verdade irredutível que me dói como uma ferida. Sou mairum, sou dos mairuns. Cada mairum é o povo Mairum inteiro.
Ainda mais que um italiano é a Itália ou um brasileiro, o Brasil. Será assim porque estamos ameaçados de extermínio e é
preciso que até no último de nós viva e pulse nosso povo?
Este é o único mandato de Deus que me comove todo: o de que cada povo permaneça ele mesmo, com a cara que
Ele lhe deu, custe o que custar. Nosso dever, nossa sina, não sei, é resistir, como resistem os judeus, os ciganos, os
bascos e tantos mais. Todos inviáveis, mas presentes. Cada um de nós, povos inviáveis, é uma face de Deus. Com sua
língua própria que muda no tempo, mas que só muda dentro de uma pauta. Com seus costumes e modos peculiares, que
também mudam, mas mudam por igual, dentro do seu próprio espírito.
Afinal, tudo está claro. Na verdade apenas representei e ainda represento aqui um papel, segundo aprendi. Não sou,
nunca fui nem serei jamais Isaías. A única palavra de Deus que sairá de mim, queimando a minha boca, é que eu sou Avá,
o tuxauarã, e que só me devo a minha gente Jaguar da minha nação Mairum.
Darcy Ribeiro, Maíra.
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Os epílogos dos romances Iracema e O Guarani de José de Alencar e o fragmento de Maíra de Darcy Ribeiro
(autores identificados com a temática de fundação do nacional – séculos XIX e XX) podem ser considerados metáforas
para a compreensão de nossa origem.
Era sempre com emoção que o esposo de Iracema revia as plagas, onde fora tão feliz e as verdes folhas a cuja
sombra dormia a formosa tabajara.
Muitas vezes ia sentar-se naquelas doces areias, para cismar e acalentar no peito a agra saudade. A jandaia
cantava ainda no olho do coqueiro; mas não repetia já o mavioso nome de Iracema. Tudo passa sobre a terra.
José de Alencar. Iracema.
O hálito ardente de Peri bafejou-lhe a face.
Fez-se no semblante da virgem um ninho de castos rubores e lânguidos sorrisos: os lábios abriram como as asas
purpúreas de um beijo soltando o vôo.
A palmeira arrastada pela torrente impetuosa fugia...
E sumiu-se no horizonte...
José de Alencar. O Guarani.
Afinal, tudo está claro. Na verdade apenas representei e ainda represento aqui um papel, segundo aprendi. Não sou,
nunca fui nem serei jamais Isaías. A única palavra de Deus que sairá de mim, queimando a minha boca, é que eu sou Avá,
o tuxauarã, e que só me devo a minha gente Jaguar da minha nação Mairum.
Darcy Ribeiro.
02- (Nacionalismo – Romantismo) Pela leitura desses fragmentos constata-se que os textos de José de Alencar e Darcy
Ribeiro traduzem, sob pontos de vista diferentes:
(A) a afirmação de uma etnia brasileira advinda da existência cordial entre as duas culturas;
(B) a efetiva resistência da cultura indígena em se submeter à cultura européia;
(C) o surgimento do mito fundador da miscigenação das duas culturas, pela morte dos protagonistas;
(D) a impossibilidade de enunciar a plena harmonização entre as culturas européia e indígena;
(E) a inauguração do mito fundador da nacionalidade brasileira através da miscigenação.
03- (Processo de Formação de Palavras) O léxico de uma língua é constantemente atualizado em função de mudanças
sociais e de conquistas tecnológicas.
• Assinale, respectivamente, o valor do sufixo –agem e –ico em "técnica de clonagem" e "contos da era clônica".
(A) instituição / relação.
(C) semelhança / propriedade.
(E) intensidade / pertinência.
(B) ato / referência.
(D) ofício / proveniência.
Texto 3
Alguém já disse que o rococó é o barroco que não soube onde parar. Todos os estilos correm o risco de descambar
para o excesso, e saber o ponto em que começa o excesso é difícil, como acertar o ponto do pudim. Quando é que o
discurso político deixa de ser democrático e fica populista, ou passa de populista a demagógico? Qual o parâmetro para
distinguir um estilo lírico de um estilo preciosista, o sensível do piegas, o experimental do meramente pretensioso ou –
seguindo-se a máxima do Mário Quintana, segundo a qual estilo é uma dificuldade de expressão – do simplesmente
incapaz? Muitos escritores novos dizem que seu maior problema é saber por onde começar. Não é. O maior problema de
quem escreve (ou compõe, ou interpreta, ou, principalmente, discursa) é saber onde parar.
Fragmento de "Robinho e o paradoxo", Veríssimo, O Globo, 1/07/07.
Rococó é o nome de um estilo que esteve em moda no século XVIII e que desenvolveu algumas das
tendências do Barroco.
04- (Estética Barroca) Assinale a afirmativa que corresponde ao sentido da frase: "Alguém já disse que o rococó é o
barroco que não soube onde parar." (linha 1)
(A) Visto que o Barroco se caracterizou pelo uso de efeitos contrastantes, bem como pela complexidade da forma,
bizarria, bombasticidade e muitas vezes ambigüidade calculada, tudo isto o separou do Rococó.
(B) Porque o Rococó é um estilo ornamental da época de Luís XV (França) tipificado pela assimetria, caracterizado
pelo uso exagerado de floreados e motivos naturalistas (conchas, palmas etc.), a frase enfatiza que este sucede
ao Barroco.
(C) Como o Barroco é exagerado, extravagante e irregular, a frase significa que era um estilo mais bizarro, bombástico
e ambíguo do que o Rococó, destacando que este antecede àquele outro estilo.
(D) Como o Barroco, estilo de época do século XVII, se caracterizou pela tendência ao trabalho extensivo e complexo
de criação de jogos de palavras e idéias, a frase implica que o Rococó levou ao exagero essa tendência.
(E) Já que o Barroco era exagerado, extravagante, irregular e prevaleceu do fim do século XVI ao fim do século XVIII,
isto teve como efeito o surgimento do Renascimento no Brasil.
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Texto 4
O QUE A MUSA ETERNA CANTA
Cesse de uma vez meu vão desejo
de que o poema sirva a todas as fomes.
Um jogador de futebol chegou mesmo a declarar:
"Tenho birra de que me chamem de intelectual,
sou um homem como todos os outros."
Ah, que sabedoria, como todos os outros,
a quem bastou descobrir:
letras eu quero é pra pedir emprego,
agradecer favores,
escrever meu nome completo.
O mais são as mal-traçadas linhas.
Adélia Prado
05- (Análise Textual) O comentário do eu-lírico, a respeito do discurso do jogador, é uma estratégia textual que
exemplifica:
(A) uma explicação da função do intelectual;
(B) uma dúvida quanto à opção do interlocutor;
(C) uma afirmativa categórica sobre a função da leitura;
(D) uma ênfase na função comunicativa da linguagem;
(E) uma atitude crítico-irônica sobre a função do poeta.
06- (Arcadismo) Assinale o que não se refere ao Arcadismo:
(A) Época do Iluminismo (século XVIII) – Racionalismo, clareza, simplicidade.
(B) Volta aos princípios clássicos greco-romanos e renascentistas (o belo, o bem, a verdade, a perfeição, a imitação
da natureza).
(C) Ornamentação estilística, predomínio da ordem inversa, excesso de figuras.
(D) Pastoralismo, bucolismo suaves idílios campestres.
(E) Apóia-se em temas clássicos e tem como lema: inutilia truncat ("corta o que é inútil").
07- (Arcadismo) Indique a alternativa ERRADA:
(A) Cultismo e conceptismo são as duas vertentes literárias do estilo barroco.
(B) O arcadismo afirmou-se em oposição ao estilo barroco.
(C) O conceptismo correspondeu a um estilo fundado em "agudezas" ou "sutilezas"de pensamento, com transições
bruscas e associações inesperadas entre conceitos.
(D) O cultismo correspondeu sobretudo a um jogo formal refinado, com uso abundante de figuras de linguagem e
verdadeiras exaltação sensorial na composição das imagens e na elaboração sonora.
(E) O Arcadismo tendeu à obscuridade, à complicação lingüística e ao ilogismo.
08- (Estética Barroca) Identifique a afirmação que se refere a Gregório de Matos:
(A) No seu esforço da criação a comédia brasileira, realiza um trabalho de crítica que encontra seguidores no
Romantismo e mesmo no restante do século XIX.
(B) Sua obra é uma síntese singular entre o passado e o presente: ainda tem os torneios verbais do Quinhentismo
português, mas combina-os com a paixão das imagens pré-românticas.
(C) Dos poetas arcádicos eminentes, foi sem dúvida o mais liberal, o que mais claramente manifestou as ideias da
ilustração francesa.
(D) Teve grande capacidade em fixar num lampejo os vícios, os ridículos, os desmandos do poder local, valendo-se
para isso do engenho artificioso que caracteriza o estilo da época.
(E) Sua famosa sátira à autoridade portuguesa na Minas do chamado ciclo do ouro é prova de que seu talento não se
restringia ao lirismo amoroso.
09- (Processo de Formação de Palavras) A palavra "aguardente" formou-se por:
(A) hibridismo.
(C) justaposição.
(E) derivação regressiva.
(B) aglutinação.
(D) parassíntese.
10- (Figuras de Linguagem) No trecho: "...dão um jeito de mudar o mínimo para continuar mandando o máximo", a
figura de linguagem presente é chamada:
(A) metáfora.
(C) hipérbato.
(E) antítese.
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(B) hipérbole.
(D) anáfora.
11- (Verbos) A forma que pode estar no futuro do subjuntivo é:
(A) Quando virdes a realidade dos fatos...
(C) Quando vos verdes em idênticas situações...
(E) Se vós imposerdes a vossa idéia...
(B) Se irmos diretamente ao assunto...
(D) Se susterdes a palavra...
12- (Processo de Formação de Palavras) A palavra burocracia é formada por:
(A) composição por justaposição.
(C) onomatopeia.
(E) nenhuma das alternativas.
(B) derivação regressiva.
(D) hibridismo.
13- (Processo de Formação de Palavras) Amanhecer é formada pelo mesmo processo que:
(A) infelizmente.
(C) simbolismo.
(E) inútil.
(B) pedrada.
(D) pernoitar.
14- (Processo de Formação de Palavras) Na língua portuguesa é o elemento que contém o significado básico da palavra:
(A) afixo.
(C) radical.
(E) nenhuma das respostas.
(B) tema.
(D) desinência.
15- (Substantivo) Assinale a alternativa que os substantivos estão flexionados no plural incorretamente:
(A) más-línguas, bananas-maçã.
(C) grão-duques, tico-ticos.
(E) terças-feiras, pés-de-moleque.
(B) cachorros-quentes, pombos-correio.
(D) bananas-maçãs, altos-falantes.
GABARITO
01- (B)
02- (D)
03- (B)
04- (D)
05- (E)
06- (C)
07- (E)
08- (D)
09- (B)
10- (E)
11- (A)
12- (D)
13- (D)
14- (C)
15- (D)
FM/DATILOG/ESTUDO DIRIGIDO/LINGUA PORTUGUESA/LINGUA PORTUGUESA - 1a SERIE - ENSINO MEDIO – TIGRAN MAGNELLI - 2010 - PARTE 6.DOC
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