CULTIVANDO ÁGUA BOA 36 À PROCURA DA VERDADEIRA RIQUEZA DO HOMEM Paralelamente ao 6º Encontro Cultivando Água Boa, são realizados em Foz do Iguaçu outros quatro eventos correlatos da maior relevância no âmbito nacional e internacional. Juntos, reúnem mais de 4.000 pessoas, entre elas representações de pelo menos 40 países. Provavelmente, constitui o maior evento do gênero no Brasil e na América Latina em 2009. A seguir, a caracterização de cada evento. 5ª CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE FELICIDADE INTERNA BRUTA O que, afinal, o ser humano realmente aspira ao longo de sua passagem pela Terra? Elementar: felicidade, mesmo quando a persegue por caminhos erráticos, como o acúmulo de riqueza material, de dinheiro. Por mais que isso ajude, há muitos outros ingredientes necessários à felicidade, ao maior bem-estar possível neste mundo. Verdadeira revolução nesse afã de dizer em que consiste e como mensurar o progresso, ou a verdadeira riqueza do homem, parte do Butão, um minúsculo país da Ásia que trocou o índice PIB (Produto Interno Bruto) pelo índice FIB (Felicidade Interna Bruta). DESENVOLVIMENTO É SER FELIZ Segundo o conceito FIB, desenvolvimento é ser feliz, senão, não é desenvolvimento. Para mensurá-lo são levados em conta 72 indicadores em nove dimensões, ou componentes da felicidade e bem-estar no Butão: bem-estar psicológico, uso do tempo, vitalidade da comunidade, cultura, saúde, educação, diversidade do meio ambiente, padrão de vida, governança. O movimento vem ganhando o mundo, especialmente pela voz e pelo empenho do movimento ambientalista. Uma das formas de disseminação é a conferência internacional anual, que neste ano é realizada pela primeira vez no Brasil, em Foz do Iguaçu, graças a gestões desenvolvidas pelo Instituto Visão Futuro e a Itaipu Binacional. RECONHECIMENTO AO CULTIVANDO ÁGUA BOA Segundo os organizadores, a escolha do Brasil e de Foz do Iguaçu como sede do evento se deve à constatação de que "o país apresenta características sociais, ambientais e políticas públicas favoráveis à aplicação das dimensões do FIB - aspectos esses verificados no Programa Cultivando Água Boa, da Itaipu e parceiros, pelo trabalho de construção da sustentabilidade na Bacia Hidrográfica do Paraná 3. A conferência abre às 15h30 do dia 20, logo após o encerramento do 6º Encontro Cultivando Água Boa, e se estenderá até o meio-dia do dia 24. Encontro Anual do Centro de Saberes e Cuidados Socioambientais da Bacia do Prata O evento tem a finalidade de estabelecer o planejamento de ações para o período 2010-2012, além de avaliar as atividades executadas e em desenvolvimento, continuar o debate sobre a dinâmica a ser aplicada nas futuras ações do Centro de Saberes e Cuidados Socioambientais da Bacia do Prata, que reúne cinco países (Brasil, Paraguai, Bolívia, Argentina e Uruguai). NOVEMBRO DE 2009 7º Encontro Iberoamericano de Desenvolvimento Sustentável A origem desse evento está na apresentação das conclusões do II CONAMA (II Congresso Nacional do Meio Ambiente), realizado no Rio de Janeiro em 1995, quando se evidenciou a necessidade de organizar um encontro iberoamericano que reuniria em um mesmo foro os países da região para tratar dos principais problemas ambientais e pleitear soluções comuns. O primeiro encontro se deu já no ano seguinte, em Madri, Espanha, depois foi sendo reeditado sempre em países diferentes, até chegar à sétima edição, a ser realizada pela primeira vez no Brasil, com representações de 10 países. Segundo seus responsáveis, o encontro propõe, na agenda ambiental internacional, debates sobre política e administração ambiental, planejamento energético, ecologia urbana, planos de cooperação internacional, contaminação atmosférica, fornecimento e contaminação da água, educação ambiental, produção de energia; participação cidadã, cooperação hispano-americana, gestão sustentável das cidades, entre outros temas. Anunciam os organizadores que o evento "será planejado para ser um dos principais encontros do gênero na América Latina, portanto contará com a presença de autoridades e articuladores sociais em escala internacional, regional e local, indivíduos que servem de ponto de referência para o tema do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável". 1º Encontro de Organismos de Bacias da América Latina e Caribe Durante a abertura o Fórum de Águas das Américas, realizado em Foz do Iguaçu em novembro de 2008, que contou com a participação de representantes de 33 países da América Latina e do Caribe, foi anunciada pelo Governo do Paraná a realização do I Encontro de Organismos de Bacias da América Latina e Caribe. Novamente, 33 países estarão representados. Em 1998 foi criada a Rede Latinoamericana de Organismos de Bacias (RELOB), congregando os organismos de bacias da América Latina. A RELOB foi rearticulada em 2008 na assembléia geral realizada nos dias 11 a 12 de dezembro de 2008 na cidade do Rio de Janeiro, por ocasião do X Encontro Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas. É uma realização do Governo do Paraná, Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (SUDERHSA), Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Instituto de Terras, Cartografia e Geociências (ITCG), Companhia Paranaense de Energia (Copel), Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), Itaipu Binacional, Fórum Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas e Rede Latinoamericana de Organismos de Bacia (Relob). Em 2007, contando com o apoio da Câmara Técnica de Gestão dos Recursos Hídricos Transfronteiriços (CTGRHT), do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), foi realizado pelo Governo do Paraná, Itaipu Binacional e Agência Nacional de Águas (ANA), o I Encontro Trinacional para a Gestão de Águas Fronteiriças e Transfronteiriças, nos dias 4 a 6 de junho, em Foz do Iguaçu. O objetivo é contribuir com o fortalecimento da gestão integrada dos recursos hídricos na América e no Caribe, por intermédio do conhecimento de experiências nacionais e internacionais e do intercâmbio entre organismos de bacias hidrográficas, na perspectiva da construção de uma agenda positiva entre os diversos representantes de organizações no âmbito da RELOB e demais redes de bacias hidrográficas. PROGRAMA SOCIOAMBIENTAL DA ITAIPU BINACIONAL - FOZ DO IGUAÇU, NOVEMBRO DE 2009 - No 15 EM FOZ DO IGUAÇU, O MAIOR EVENTO SOCIOAMBIENTAL LATINOAMERICANO CULTIVANDO ÁGUA BOA 2 OUTRO MUNDO É POSSÍVEL E DEVE SER CONSTRUÍDO Juvêncio Mazzarollo, editor Nestes dias, 18 a 24 de novembro de 2009, a Itaipu Binacional e seus parceiros de ação socioambiental na Bacia Hidrográfica do Paraná 3, juntamente com inúmeros outros atores da mesma causa no Brasil e no mundo, compartilham um conjunto de vivências que marcarão profundamente suas vidas. Estão imersos em um riquíssimo universo de convivência, diálogo, troca de conhecimentos e experiências de luta pela salvação de sua casa comum - o planeta Terra - e da própria vida em todas suas formas e manifestações. Itaipu e parceiros - cultivadores da água boa - realizam seu encontro anual de avaliação e realimentação do programa pelo qual fazem a parte que lhes cabe nessa crucial missão. A eles juntam-se partícipes da mesma missão em outras frentes, outros lugares e compromissos todos convergindo para o mesmo grande ideal. São os protagonistas que se encontram no mesmo espaço e tempo em torno do desenvolvimento sustentável no âmbito dos países iberoamericanos; são também os protagonistas dos organismos de bacias hidrográficas da América Latina e do Caribe, bem como dos que desenvolvem saberes e cuidados socioambientais na Bacia do Prata; e são, ainda, os protagonistas da busca pelas prioridades que, de fato, respondem ao superior anseio do homem: a felicidade. Mais de 4 mil pessoas de 40 países se concentram em Foz do Iguaçu para se conhecer, conviver, ensinar, aprender e amar, com tal força que, depois, voltarão para o pedaço de planeta que tem o privilégio de desfrutar e a responsabilidade de cuidar na sua passagem pela vida. A todos, Foz do Iguaçu e a Itaipu, como anfitriães, saúdam e querem oferecer o melhor bem-estar e o maior proveito possíveis, apesar de suas limitações, e esperam estabelecer laços de uma união imorredoura em torno da convicção de que um novo mundo é possível e será construído. Todos os que estão aqui, aqui estão porque sabem e vivem a situação dramática, ameaçadora a que a humanidade chegou por caminhos que não deveria ter percorrido, e estão dispostos a corrigir a rota enquanto há tempo. Sim, ainda há tempo, por isso há esperança. Esperança é o que move todas as pessoas de boa vontade, do bem. Sem ela, melhor seria terem todos permanecido em casa conformados com a tragédia que se anuncia e que, a cada dia, dá sinais mais visíveis de aproximação. Mas aqui estão, e isto é animador, porque têm uma oportunidade muito especial de se instrumentalizar, de se armar para essa verdadeira guerra que a humanidade tem de travar, a menos que prefira se resignar com a desgraça, com a ruína que vem cavando para si própria. A Mãe Terra ama seus filhos e quer o melhor para eles, mas não mais aceitará ser por eles maltratada como vem sendo. Se seus filhos a respeitarem e dela cuidarem, ela estará sempre disposta a lhes garantir vida plena e bem-estar, hoje e sempre. ([email protected]) EXPEDIENTE Publicação da Diretoria de Coordenação da Itaipu Binacional Diretor Geral Brasileiro: Jorge Miguel Samek Diretor de Coordenação e Meio Ambiente: Nelton Miguel Friedrich Superintendentes: Newton Kaminski (Obras), Jair Kotz (Meio Ambiente) Gerente Executivo do Cultivando Água Boa: Odacir Fiorentin Superintendente de Comunicação Social: Gilmar Piolla Redação e edição: Juvêncio Mazzarollo Fotografia: Adenésio Zanella, Caio Coronel, Alexandre Marchetti Pesquisa e seleção fotográfica: Valéria Silva Borges Visual e DTP: HDS Impressão: Jornal “O Paraná” Diretoria de Coordenação Av. Tancredo Neves, 6731 Foz do Iguaçu - Paraná CEP 85866-900 Fone (45) 3520-5724 Fax (45) 3520-6998 [email protected] NOVEMBRO DE 2009 Pensando bem... CULTIVANDO ÁGUA BOA NOVEMBRO DE 2009 35 REUNIÕES PREPARATÓRIAS AO 6o ENCONTRO CAB Pela dinâmica expansionista, o capital põe em perigo ou destrói suas próprias condições, a começar pelo meio ambiente natural. Michel Löwy, no livro Ecologia e Socialismo A produção capitalista só desenvolve a técnica e a combinação do processo de produção social ao minar as fontes de toda a riqueza: a terra e o trabalhador. Idem Agora a Terra está mudando, de acordo com suas regras internas, para um estado em que já não somos bem-vindos. James Lovelock, no livro A Vingança de Gaia Rogo aos meus amigos verdes que repensem sua crença ingênua Altônia Terra roxa São Miguel do Iguaçu Quatro Pontes Santa Tereza do Oeste Santa Terezinha de Itaipu São Pedro do Iguaçu Toledo Nova Santa Rosa Missal Medianeira Cascavel no desenvolvimento sustentável e na energia renovável, e que poupar energia é tudo o que precisa ser feito. Idem Temo que nossos filhos e netos, olhando para o nosso tempo, tenham motivos para nos amaldiçoar e nos devotar um soberano desprezo, porque não fizemos o que devíamos. Leonardo Boff Precisamos enfrentar o fato, meus amigos, de que o amanhã é hoje. Estamos de frente para a feroz urgência do agora. E nesse dilema da vida e da história, existe o que se chama chegar atrasado. Martin Luther King Desenvolvimento sustentável e capitalismo são incompatíveis. Juvêncio Mazzarollo, filósofo da obviedade NESTA EDIÇÃO Editorial ........................................................................................... 2 Artigos - Leonardo Boff e Maurice Strong ............................................ 3 Feiras Vida Orgânica e Sabores do Paraná. .......................................... 4 Alimentação e nutrição, direito humano básico .................................... 5 O ser humano está altamente poluído ............................................... 6 Municípios são chamados a ser protagonistas do CAB .......................... 7 Agressão ao meio ambiente é causa de todas as crises ........................ 8 Jean-Michel Cousteau na Itaipu. ........................................................ 9 Pronaf Sustentável é lançado na Bacia do Paraná 3. .......................... 10 Itaipu e responsabilidade socioambiental nas empresas. .................... 11 Laboratório Ambiental da Itaipu inova métodos. ................................. 12 Dia da Árvore: balões lançam sementes sobre a BP3 ......................... 13 Condomínio de Agroenergia da Agricultura Familiar. ............................ 14 Ações do Programa Cultivando Água Boa: Sustentabilidade das comunidades indígenas .............................. 15 Produção de peixes em nossas águas. ........................................ 16 Coleta solidária. ........................................................................ 17 Educação ambiental para a sustentabilidade. ............................... 18 Desenvolvimento rural sustentável ............................................ . 20 Gestão da informação territorial ................................................. 22 Gestão por bacias hidrográficas. ................................................. 23 Plantas medicinais e fitoterápicos ............................................... 24 Biodiversidade, nosso patrimônio. .............................................. 25 Formatura de jovens jardineiros .................................................. 26 Criança: cidadã ou consumista. ....................................................... 27 O Brasil e as mudanças climáticas. ................................................. 27 Encontro Paranaense de Educação Ambiental. ................................. 28 Educação Ambiental da Itaipu no Benchmarking. ............................... 29 Difusão do Cultivando Água Boa. ...................................................... 30 6º Encontro Cultivando Água Boa. .................................................... 33 Eventos correlatos ao 6º Encontro CAB. ............................................ 36 CULTIVANDO ÁGUA BOA 34 NOVEMBRO DE 2009 REUNIÕES PREPARATÓRIAS AO 6o ENCONTRO CAB NOVEMBRO DE 2009 CULTIVANDO ÁGUA BOA Um círculo vicioso mortal LEONARDO BOFF Da Comissão da Carta da Terra A demanda é por um outro sistema e um outro paradigma de habitar este pequeno, velho, devastado e superpovoado planeta São José das Palmeiras Santa Helena Pato Bragado Ouro Verde do Oeste Ramilândia Mercedes Maripá Mundo Novo Itaipulândia Entre Rios do Oeste Diamante do Oeste Céu Azul Estamos todos sentados em cima de paradigmas civilizacionais e econômicos falidos. É o que nos revela a atual crise global com suas várias vertebrações. Nada de consistente se apresenta como alternativa viável a curto e a médio prazo. Somos passageiros de um avião em vôo cego. O que se oferece é fazer correções e controles à la Keynes, que, no fundo, são mudanças no sistema mas não do sistema. Mas é este sistema que comparece como insustentável, incapaz de oferecer um horizonte promissor para a humanidade. Por isso, a demanda é por um outro sistema e um outro paradigma de habitar este pequeno, velho, devastado e superpovoado planeta. É urgente porque o tempo do relógico corre contra nós e temos pouca sabedoria e parco sentido de cooperação. Em razão dos interesses dos poderosos que não fazem o necessário para evitar o fatal, as soluções implementadas mundo afora vão na linha de “mais do mesmo”. Mas isso é absolutamente irracional pois foi esse “mesmo” que levou à crise que poderá evoluir para uma tragédia completa. Estamos, pois, enredados num círculo vicioso letal. Dois impasses estão à vista, gostem ou não os economistas, “os salvadores” do mundo: um humanitário e outro ecológico. O primeiro limite é de natureza ética: a consciência planetária, surgida à deriva da globalização, suscita a pergunta: quanto de inumanidade e de crueldade aguenta o espírito humano ao verificar que 20% das pessoas consomem 80% de toda a riqueza da Terra, condenando o resto à cruz do desespero, encurralada nos limites da sobrevivência? Esta aceitará o veredito de morte sobre ela? Ela resiste, se indigna e, por fim, se rebelará por instinto de sobrevivência O ideal capitalista de crescimento ilimitado num planeta limitado parece não ser mais proponível ou só sob grande violência. O segundo é o limite ecológico: o capitalismo criou a cultura do consumo e do desperdício cujo protótipo é a sociedade norte-americana. Generalizar esta cultura – cálculos foram já feitos – precisar-se-iam de duas ou mais Terras semelhantes à nossa, o que torna o propósito irrealizável. Por outra parte, encostamos nos limites dos recursos e serviços da Terra e os ultrapassamos em 40%. Todas as energias alternativas à fóssil, mantido o atual consumo, atenderia somente 30% da demanda global. Como se depreende, dentro do mesmo modelo, somos um sapo sendo lentamente cozido sem chances de saltar da panela. Há três propostas criativas: a da economia solidária que não mais se guia pelo objetivo capitalista da maximização do lucro e de sua apropriação individual. A do escambo com as moedas regionais. A terceira é a da biocivilização e da Terra da Boa Esperança, do economista polonês que dirige um centro de pesquisa sobre o Brasil em Paris: Ignacy Sachs. Ela confere centralidade à vida e à natureza, tendo o Brasil como o lugar de sua antecipação. As três são possíveis mas não acumularam ainda força suficiente para ganhar a hegemonia. Talvez elas nos poderiam salvar. Mas teremos tempo hábil? Bem dizia Gramsci: “o velho não acaba de morrer e o novo custa em nascer”. Não se desmonta uma cultura de um dia para outro. Quem está acostumado a comer bife de filé dificilmente se resignará a comer ovo. Meu sentimento do mundo diz que vamos ao encontro de uma formidável crise generalizada que nos colocará nos limites da sobrevivência. Chegando a água ao nariz, faremos tudo para nos salvar. Possivelmente seremos todos socialistas, não por ideologia mas por necessidade: os parcos recursos naturais serão repartidos equanimemente entre os humanos e os demais viventes da comunidade de vida. Santo Agostinho sabiamente ensinou que dois fatores ocasionam em nós grandes transformações: o sofrimento e o amor. Devemos aprender já agora a amar e a sofrer por esta única Casa Comum a fim de que possa ser uma grande Arca de Noé que albergue a todos. Então será, sim, a Terra da Boa Esperança, um sinal de um Jardim do Éden ainda por vir. 3 A Mãe Terra exige resgate climático MAURICE STRONG Ex-diretor executivo do Pnuma Somos a civilização mais rica que já existiu. Podemos aceitar que não estamos em condições de salvar a nós mesmos e às gerações futuras? Um estudo do Fórum Humanitário Mundial, encabeçado pelo ex-secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Kofi Annan, estima que o custo econômico e humano da mudança climática já chega a aproximadamente US$125 bilhões anuais, significando a perda de 300 mil vidas e afetando cada vez mais pessoas em todo o mundo, em especial os pobres. As medidas financeiras para alcançar o êxito na segurança climática vão além do que até agora consideram os principais países desenvolvidos e do que reclamam China e as nações em desenvolvimento. Essas medidas não devem consistir apenas em fornecer uma soma global, mas também na aplicação de um pacote de compromissos firmes durante um longo prazo, com uma contribuição inicial da magnitude de pelo menos US$ 1 trilhão. A redistribuição de maciços recursos econômicos e humanos que hoje se destinam ao setor militar poderia satisfazer a maior parte das necessidades em matéria de segurança climática. Seria o caso de dar prioridade à melhoria da vida no planeta em lugar de outorgá-la ao poder de matar. Se a quantia de US$ 1 trilhão pode parecer irrealmente alta nas atuais circunstâncias, cabe lembrar que é apenas uma porção do que os Estados Unidos gastaram nas guerras do Iraque e do Afeganistão e nas atuais tentativas de resgate de suas principais instituições financeiras e de sua debilitada economia. Na crise da mudança climática há uma necessidade maior ainda de resgate do que na crise econômica e financeira, embora ambas estejam intrinsecamente relacionadas. Somos a civilização mais rica que já existiu. Podemos realmente aceitar que não estamos em condições de salvar a nós mesmos e às gerações futuras? Há boas notícias quanto às promissoras dimensões do progresso tecnológico que nossa sociedade do conhecimento produziu. A informação cada vez mais sofisticada e a tecnologia proporcionam ferramentas que nos permitem entender e manejar os sistemas complexos que determinam o funcionamento de nossa civilização. Os países asiáticos mais bem sucedidos economicamente, especialmente Japão e Coréia do Sul, nenhum bem-dotado de recursos naturais, construíram seu êxito graças ao desenvolvimento de tecnologias avançadas e de altas taxas de investimento em educação e pesquisa. Além disso, a China faz progressos impressionantes para se transformar em uma economia baseada no conhecimento e na tecnologia, bem como outros países asiáticos em diferentes graus. O que devemos fazer? Primeiro, necessitamos de um novo modelo econômico que integre as disciplinas tradicionais com as novas percepções da economia ecológica. Esta “nova economia” deve proporcionar bases teóricas que incorporem na política tarifária e nas contas nacionais os verdadeiros valores do ambiente e dos serviços proporcionados pela natureza. Também deve incluir um regime fiscal e de regulamentação com incentivos para o sucesso da sustentabilidade econômica, social e ambiental. As ações das pessoas e suas prioridades dependem de sua motivação. Embora todos estejamos motivados pelo interesse próprio, em um plano mais profundo, a ética, a moral e os valores espirituais fornecem a base subjacente de nossa motivação. Grande parte dos atuais conflitos, violências e “terrorismos” surgem não de motivações econômicas, mas de ideologias extremas e de preconceitos profundamente arraigados. Em uma economia de mercado que leva ao processo de globalização, o mercado proporciona os sinais que motivam a necessidade do desenvolvimento sustentável. É necessária uma política impositiva que favoreça os produtos e os procedimentos mais benéficos para o meio ambiente e a sociedade e que aumente as taxações dos que são nocivos. Porém, nenhuma nação pode adotar isoladamente essa política sem prejuízo para sua própria economia. Isto só pode ser efetivamente realizado no contexto de um acordo internacional obrigatório para todos os países. A próxima Conferência Internacional sobre Mudança Climática, que acontecerá em dezembro em Copenhague, será uma das mais importantes e uma das mais difíceis. É um inquietante paradoxo que, enquanto o nosso futuro depende de graus de cooperação sem precedentes, vivamos uma crescente divisão. Copenhague será um marco muito importante, talvez decisivo, no caminho para as mudanças fundamentais a fim de alcançar a segurança climática essencial para nossa sobrevivência, tanto quanto a sustentabilidade e o progresso a que devemos aspirar. O tempo está se esgotando e não podemos deixar passar a oportunidade. Entretanto, devemos nos dar conta de que ainda existem poucas evidências de que os governos estejam preparados para concretizar os compromissos que nos levarão a essa nova era. Os países, as organizações e as pessoas que participam desse diálogo terão papel importante em Copenhague. Façamos com que as medidas para conseguir a segurança climática tenham a mais alta prioridade em nossas vidas, tal como esperamos que tenham para os governos. *Artigo produzido para o Terramérica, projeto de comunicação dos Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde em 13/7/09. CULTIVANDO ÁGUA BOA 4 NOVEMBRO DE 2009 Variedade e qualidade dos produtos atrairam cerca de 20 mil visitantes, o dobro do esperado Samek na abertura do evento: “é resultado das parcerias que Itaipu tem na BP3” FEIRAS zAGROECOLOGIA VIDA ORGÂNICA E SABORES DO PARANÁ Eventos revelaram alto nível alcançado pelo sistema orgânico na BP3 e no PR Uma vida mais saudável e saborosa esteve ao alcance de quem foi ao CTG Charrua, em Foz do Iguaçu, nos dias 25 a 28 de junho de 2009. Durante os quatro dias, o mundo da alimentação orgânica e da agricultura familiar pôde ser descoberto, debatido e experimentado por quem visitou a 14ª Feira Vida Orgânica, da Itaipu Binacional e seus parceiros, e a Feira Sabores do Paraná, da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab), com apoio da Prefeitura de Foz do Iguaçu. A Feira Vida Orgânica foi criada em 2005, fruto do amadurecimento do Projeto de Agricultura Orgânica, do Programa Cultivando Água Boa, criado em 2003. A 14ª edição do evento, desta vez realizado conjuntamente com a Feira Sabores do Paraná, foi, segundo o seu gestor, João José Passini, “a maior e melhor de todas, o que evidencia o grande avanço alcançado pela agricultura orgânica na Bacia Hidrográfica do Paraná 3, a BP3”. Já a Feira Sabores do Paraná, criada há dez anos, é uma realização da Fábrica do Agricultor, do Programa Agroindústria Familiar, da Seab, sempre levada a diferentes cidades do Estado. Esta foi a primeira vez que chegou a Foz do Iguaçu. A abertura dos eventos teve a participação do governador do Paraná, Roberto Requião, do secretário estadual de Agricultura e Abastecimento, Valter Bianchini, do diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Jorge Samek, e do diretor de Meio Ambiente da Itai- pu, Nelton Friedrich. O governador Requião destacou a qualidade dos produtos comercializados, a excelência da produção orgânica e seu papel na preservação da biodiversidade. Fez ainda duras críticas ao capitalismo movido pela ganância desenfreada e insustentável. “Se a ganância continuar mandando na produção, vai chegar o momento em que vamos ser alimentados por ração; perderemos a dimensão da diversidade alimentar que vem desde os primeiros moradores de nossa terra”, disse. Jorge Samek destacou os investimentos feitos pela Itaipu nas microbacias e propriedades rurais dos 29 municípios da BP3. “Um sobrevoo pela região nos mostra rios recuperados, estradas adequadas à proteção do solo e agricultores orgânicos que não geram passivos ambientais”, afirmou. “Isso vem crescendo principalmente em função das parcerias da Itaipu com entidades e instituições da região alvo do CAB”. Rica e apetitosa variedade de produtos As feiras apresentaram e comercializaram uma grande, rica e apetitosa variedade de produtos da agricultura familiar orgânica, e ainda ofereceram ao público oportunidades de aprendizagem com palestras de alto nível, seminários e debates, momentos lúdicos, culturais e artísticos (como a apresentação da Orquestra Viola Caipira, da Faculdade Assis Gurgacz (FAG), de Cascavel) e um concorrido café colonial. Os dois eventos simultâneos contaram com 80 expositores, receberam cerca de 20 mil visitantes – o dobro do esperado –, serviram 2.000 refeições e movimentaram aproximadamente R$ 200.000,00 em vendas. Mas o que mereceu especial destaque foi a alta qualidade dos produtos expostos e comercializados, das embalagens ao conteúdo, in natura ou industrializados. A Feira Vida Orgânica é importante ação do Cultivando Água Boa (CAB) dentro do Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável, que abrange a agricultura orgânica e familiar, a diversificação da produção e agregação de valor aos produtos por meio da agroindustrialização. Materializam-se assim os três conceitos-chave que se entrelaçam na concepção inovadora do CAB: responsabilidade socioambiental, desenvolvimento sustentável e qualidade de vida – valores que as feiras Vida Orgânica e Sabores do Paraná revelaram ter alcançado um patamar elevado na Itaipu e na BP3, em Foz do Iguaçu e no Paraná. CULTIVANDO ÁGUA BOA NOVEMBRO DE 2009 6 33 ENCONTRO º CULTIVANDO ÁGUA BOA Hora de avaliar o andamento do programa, fazer ajustes e projetar sua continuidade Já é tradicional: em novembro de cada ano, os que cultivam água boa se reúnem em Foz do Iguaçu para se encontrar, confraternizar, dialogar, comemorar, assimilar novos conhecimentos e fazer novo pacto pela vida sustentável. É o Encontro Cultivando Água Boa, que neste ano está em sua sexta edição e se realiza nos dias18 a 20 de novembro, em conjunto com outros eventos de dimensão nacional e internacional (ver página 36). O Encontro Cultivando Água Boa é preparado em reuniões dos atores em cada um dos 29 municípios da BP3, quando as comunidades passam por uma espécie de brainstorming (tempestade de idéias) ao redor do desenvolvimento do programa socioambiental da Itaipu e seus parceiros. As reuniões preparatórias ao 6º Encontro coincidiram com o processo de institucionalização dos comitês gestores municipais do CAB (ver pág. 7) e foram coordenados por uma equipe de colaboradores da Itaipu (Odacir Fiorentin, Luiz Suzuke, Gilmar Sec- co, Sílvio Depiné), pelos gestores de bacias (Edoni Pedroso, José Barth, Elton José Deves, Vilmar Freitas, Sadi Ferronato, Sérgio Scherer, Neron Halinski, Romualdo Barth, Moacir Pistori, Edson Poier, Rubens de Souza e Marcelo Uliana) e gestores de programas, especialmente da educação ambiental. OFICINAS REPARATÓRIAS Os trabalhos se desenvolveram em oficinas sobre os programas e projetos do CAB em andamento em cada município. “O papel da Itaipu, tanto nos comitês gestores como nas reuniões preparatórias ao grande evento de novembro, é articular e mobilizar as comunidades”, diz Luiz Suzuke. “A importância deste trabalho pôde ser atestada no 5º Encontro CAB, de 2008, quando uma pesquisa revelou que mais de 70% dos participantes compareceram motivados pelas reuniões preparatórias.” Gilmar Secco destaca que essa é a “oportunidade que as comunidades têm de dizer o que querem, pois o programa só é bom quando é bom para a comunidade. O processo é o da democracia participativa, não apenas representativa, de modo que os resultados e os méritos das realizações não sejam de uma instituição ou de outra, da Itaipu ou da Prefeitura, mas da comunidade.” Gilmar acrescenta: “A impressão comum que tivemos nos 29 municípios da BP3 é de uma avaliação altamente positiva dos programas do CAB. Em todas as reuniões o que se verificou é que está cada vez mais reforçada a consciência da necessidade de em todos foi reforçada a necessidade de se levar adiante o programa mediante o envolvimento cada vez maior das comunidades, que, onde as coisas não andam bem, cobram mesmo”, diz Gilmar. E Suzuke acrescenta que “as pessoas estão muito conscientes de que, na questão ambiental, como na saúde, é muito melhor e mais fácil preservar do que remediar”. “O CAMINHO É POR AÍ” Odacir Fiorentin, gerente executivo do CAB, afirma: “A imersão que fizemos nessa verdadeira peregrinação pela BP3, seja para a revitalização dos comitês gestores, seja para preparar o 6º Encontro CAB, nos deu a certeza da consolidação do programa. Temos muito que fazer e avançar, porque o programa não foi construído para quatro ou oito anos, mas para sempre, porque a questão ambiental é para sempre. A consolidação do CAB está na nova roupagem e promete grandes resultados, em função especialmente da mais ampla participação de praticamente todas as entidades existentes nos municípios. Para nossa surpresa, temos comitês formados por representantes de mais 50 entidades. Isso revela o avanço da consciência ambiental e do comprometimento da sociedade. As pessoas reconhecem: o caminho é por aí, e nós temos que participar, nós temos que fazer. “Entidades regionais como AMOP, Acamop, Adeop e Caciopar criaram um departamento de meio ambiente para conectar as entidades com os comitês gestores municipais do CAB. “Na execução das ações: concluímos 70 microbacias de 2003 até hoje; serão 100 até o final de 2010. Poderíamos executar mais talvez, mas temos que respeitar os orçamentos dos municípios, sua capacidade de investimento e também de outros parceiros e da própria Itaipu; “Temos um resultado tão proveitoso que se tornou referência nacional e até mundial, principalmente, fundamentalmente pela participação da sociedade. Posso dizer que é um momento de muita felicidade chegar ao 6 Encontro com todos os comitês formados e institucionalizados nos municípios, em torno dos convênios já firmados para as ações durante dois anos.” REUNIÕES PREPARATÓRIAS AO 6o ENCONTRO CAB Marechal Cândido Rondon Guaíra Vera Cruz do Oeste 32 CULTIVANDO ÁGUA BOA II Seminário Regional de Peixe de Água Doce Realizado em São Miguel do Iguaçu, este evento teve participação de 425 pessoas entre técnicos, agentes municipais, piscicultores, pescadores, índios e representantes de entidades ligadas ao setor. A Itaipu, além de apoiar o evento, participou com palestra de Nelton Friedrich sobre sustentabilidade e exposição, pelo gestor Pedro Tonelli, sobre o programa Mais Peixes em Nossas Águas, do Cultivando Água Boa. ExpoConcórdia 2009 A experiência da Itaipu na gestão ambiental por bacias hidrográficas foi um dos principais temas do Seminário sobre Desenvolvimento do Alto Uruguai Catarinense “Para onde vamos?”, realizado dentro da programação da ExpoConcórdia 2009, na cidade de Concórdia, SC. Na questão ambiental, o Programa Cultivando Água Boa, apresentado por Nelton Friecrich, foi recebido como resposta à pergunta “Para onde vamos?” Congresso de Controladores de Pragas A mensagem socioambiental da Itaipu também foi levada ao Congresso Sulbrasileiro de Atualização Tecnológica em Controle de Pragas e Vetores, realizado em Joinville, SC, numa iniciativa da Associa dos Controladores de Pragas de Santa Catarina (ACPRAG) e da Associação Paranaense de Controladores de Pragas e Vetores (APRAV). A participação da Itaipu se concentrou especialmente no trabalho que a empresa desenvolve no campo do saneamento básico e da coleta solidária e seletiva de materiais recicláveis. NOVEMBRO DE 2009 Comitivas de Londrina e Maripá na Itaipu Realizado em Foz do Iguaçu, o Simpósio sobre Plantio Direto na Palha contou com participação da Itaipu com apoio financeiro, palestras e debates especialmente sobre produção integrada de alimentos e energia para uma nova agricultura, questão em que se destaca o aproveitamento de dejetos animais para a produção de eletricidade nas propriedades rurais. “Tudo o que como e bebo me traz saúde e vida ou doença e morte” Bio Brasil Fair Em julho a Itaipu participou, em São Paulo, com estande, na feira Bio Brazil Fair – exposição de Alimentos e Bebidas, Chás e Ervas, Cosméticos, Produtos Têxteis e Artesanato, Mel e Derivados, Entidades Certificadoras e Insumos e Equipamentos, em tudo voltadas para a agroecologia. O evento recebeu mais de 20 mil visitantes. A Bio Brazil Fair gera o desenvolvimento da produção agroecológica, estimula o relacionamento comercial, proporciona negócios ao longo do ano, divulga marcas e o setor como um todo em diversas mídias e promove a consciência do consumo de orgânicos. Congresso Nós Podemos Paraná No dia 28 de outubro, o diretor de Meio Ambiente da Itaipu, Nelton Friedrich, participou do 2º Congresso Nós Podemos Paraná – Cultura, Ação e Criatividade, na sede da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), em Curitiba. Nelton fez parte da Roda de Diálogo “Meio Ambiente e o Futuro do Planeta”. O Centro de Saberes e Cuidados Socioambientais da Bacia do Prata apresentou seu projeto pedagógico na conferência central do VI Congresso Ibero-americano de Educação Ambiental, denominado Perspectivas Regionais em Educação Ambiental. O evento foi realizado entre 16 e 19 de setembro, em San Clemente de Tuyu, província de Buenos Aires. A apresentação foi feita pelo diretor de Meio Ambiente da Itaipu e membro do Conselho Diretor do Centro, Nelton Friedrich, que também apresentou as ações de educação ambiental do Cultivando Água Boa na oficina Educação Ambiental em Bacias Hidrográficas. A Itaipu participou também com exposição de painéis que mostram as interfaces da educação ambiental com as diversas ações do Cultivando Água Boa. 5 PENSAMENTO DE DOM MAURO O prefeito de Londrina, Homero Barbosa Neto, acompanhado de assessores, visitou Itaipu para conhecer o Cultivando Água Boa com o objetivo de conhecer os fundamentos do programa e utilizá-los na política socioambiental do seu município. Tabém visitaram Itaipu o prefeito e os vereadores do município de Maripá para dialogar sobre o andamento das ações do Cultivando Água Boa naquele município da Bacia Hidrográfica do Paraná 3. VI Conferência Ibero-americano de Educação Ambiental Simpósio sobre Plantio Direto na Palha CULTIVANDO ÁGUA BOA NOVEMBRO DE 2009 Dom Mauro: “A solidariedade só é uma virtude quando se cultiva a justiça” ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO, DIREITO HUMANO BÁSICO Cabe à família, à sociedade e aos governos garantir esse direito ao ser humano Em seguida à solenidade de abertura, Nelton dirigiu mesa redonda para o debate do tema Gestão da Merenda Escolar e Consumo Consciente, com participação de Dom Mauro Morelli, do Instituto Harpia Harpya, ONG dedicada à premente questão da segurança alimentar e nutricional, e do médico especialista em neuropediatria e nutrólogo Mauro Lins, de Niterói, Rio de Janeiro (ver pág. 6). Dom Mauro destacou a importância do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), instituído pela Lei 11.947, cuja origem está no Programa Dinheiro Direto na Escola, de 1995, criado para prestar assistência financeira suplementar às escolas públicas de educação básica e às escolas privadas sem fins lucrativos, inscritas no Conselho Nacional de Assistência Social. Na verdade, até 2008, o programa contemplou apenas escolas públicas de ensino fundamental, mas em 2009, com a edição da Medida Provisória 455, de 28 de janeiro, e depois, com sua transformação em lei (nº 11.947) em junho, foi ampliado para toda a educação Dom Mauro Morelli se tornou conhecido pela luta no combate à fome. Ele tem se destacado por uma ação firme em favor de uma Igreja aberta ao mundo e na luta pela dignidade humana. Hoje é uma das principais expressões nacionais no combate à fome e à miséria. Depois de integrar, junto com Herbert de Souza, o Betinho, a Campanha da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, ele tem continuado a buscar, junto de governos, ONGs e entidades civis, soluções para os graves problemas nacionais, além de assessorar iniciativas de combate à fome em todo o Brasil. Para ele, “campanhas contra a fome não enchem a barriga de ninguém. O doador se alimenta com a bondade de seu gesto, sem garantir o pão de cada dia ao faminto. Provoca-se muito mais ansiedade do que saciedade, sem promover o direito básico de cada ser humano ao alimento e à nutrição”. Dom Mauro entende que “não se deve ajudar os necessitados por um sentimento piegas” e que “a solidariedade só é uma virtude quando se cultiva a justiça” e que, “sem paternalismo e assistencialismo, pela participação e pelo trabalho, o povo quer e deve exercer sua cidadania”. Para Dom Mauro, “no Piauí, como em qualquer lugar do Brasil, o que está em jogo é um direito humano básico. Sem a promoção da cidadania, o povo continuará faminto”, afirma. E MAIS “Com miséria e fome não existe e nem sobrevive democracia alguma” “Ter fme é sinal de saúde. Não ter acesso ao alimento de boa qualidade que nutra o meu organismo para viver com saúde é violação de um direito humano básico”, prega o bispo. “Cabe à família, à sociedade e aos governos garantir esse direito a cada ser humano. Vamos tomar consciência de que o problema da fome é uma coisa ordinária, que interessa a todas as pessoas e que deve ser solucionado como exigência de um direito. Não com favores e caridade”, ele diz. Ato de abertura do debate sobre gestão da merenda escolar básica, passando a abranger as escolas de ensino médio e da educação infantil. Em 2008 beneficiava 26,9 milhões de alunos, e em 2009 passou a beneficiar 45,6 milhões. DIRETRIZES A lei que instituiu o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) estabelece, entre outras, as seguintes diretrizes: O emprego da alimentação saudável e adequada, compreendendo o uso de alimentos variados, seguros e saudáveis, contribuindo para o crescimento e o desenvolvimento dos alu- nos e para a melhoria do rendimento escolar; a alimentação escolar é direito dos alunos da educação básica pública e dever do Estado; a inclusão da educação alimentar e nutricional no processo de ensino e aprendizagem; a universalidade do atendimento aos alunos; a participação da comunidade no controle social; o apoio ao desenvolvimento sustentável, com incentivo à aquisição de gêneros alimentícios diversificados, preferencialmente oriundos da agricultura familiar orgânica. “Todos os níveis e ramos de governo deverão responder a esse direito de forma planejada e orgânica. As prioridades e a metodologia dos planos, com seus programas e projetos, deverão corresponder à dignidade humana e às exigências da cidadania.” “Não seremos um povo culto e forte sem que as pessoas efetivamente se alimentem para ter vida com saúde. Com miséria e fome não existe e nem sobrevive democracia alguma. Assim como a águia da Mantiqueira desaparece quando é rompida a cadeia alimentar, assim se desfaz uma nação quando o povo não tem assegurado o acesso e o gozo de alimento que produz saúde.” “Estejamos atentos ao direito e à qualidade dos alimentos e bebidas. Alimento, dom de Deus e direito de todas as pessoas. Tudo o que como e bebo me traz saúde e vida ou doença e morte. O aleitamento materno é decisivo para a vida saudável da criança. Os refrigerantes são ótimos para gerar doenças cardiovasculares.” 6 CULTIVANDO ÁGUA BOA NOVEMBRO DE 2009 NOVEMBRO DE 2009 CULTIVANDO ÁGUA BOA 31 Comitiva da Itália visita Itaipu No caminho da Felicidade Interna Bruta Autoridades, dirigentes da Itaipu e técnicos presentes nas feiras Vida Orgânica e Sabores do Paraná, que primaram pela diversidade NEUROPEDIATRA ALERTA: O SER HUMANO ESTÁ “ALTAMENTE POLUÍDO” Estilo de vida tido como moderno leva a maioria das pessoas a ter uma saúde cada vez mais debilitada constatações ao es“Refeições rápidas, à tudar causas ligadas base de alimentos com a quadros de retarmuitos conservantes e do mental e outros corantes, muita fritura problemas do sistee muito açúcar, vegetais ma nervoso, entre com elevada concentraelas a exposição a ção de pesticidas, peichumbo, mercúrio e xes contaminados com outros contaminanchumbo e mercúrio, Mauro Lins tes. Nos últimos 14 carnes com altas doses anos vem estudando os benefíde hormônios e medicamentos, cios da alimentação natural para entre outros problemas ligados a saúde. Na sua clínica, o médiao estilo de vida moderno, esco costuma receitar a seus pacitão levando as pessoas a ter entes alimentos orgânicos, sono uma saúde cada vez mais debie atividade física regular como litada.” seus principais “remédios”. Com esse alerta, o médico Segundo Lins, “há várias Mauro Lins iniciou sua palestra evidências de que é grave o no painel sobre Gestão da Megrau de contaminação das pesrenda Escolar e Consumo Conssoas no mundo todo”. Informou ciente. E continuou: “Mas não que, Nos Estados Unidos, um é apenas pela boca que o ser estudo feito com recém-nascihumano se contamina. Cosdos constatou a presença de méticos, medicamentos, eletrosubstâncias químicas nos cordomésticos, produtos de limpedões umbilicais de milhares de za, entre outros fatores, tambebês. Foram encontradas 287 bém são responsáveis pela presubstâncias químicas – 180 desença de elementos químicos las, cancerígenas. “O dado é estranhos na corrente sanguípreocupante porque estima-se nea e em diversos órgãos. Soque 50% da chance de ter cânmente após a Segunda Guerra cer na vida seja determinado Mundial, mais de 80 mil subsnos dois primeiros anos de tâncias químicas foram lançavida.” das no ambiente.” “Outra pesquisa” – inforMauro Lins chegou a essas mou Lins – “revela diminuição da enzima paraoxanase-1, o que deixa o sistema imunológico mais vulnerável em 30% a 40% da população. Esse problema é consequência da contaminação. “Não é apenas o meio ambiente que está poluído. O ser humano também está altamente poluído.” SOLUÇÃO: ALIMENTOS ORGÂNICOS “Da mesma forma como existem muitos estudos apontando os malefícios da alimentação errada, existem muitos outros que comprovam os benefícios da ingestão de alimentos puros, produzidos sem agrotóxicos e sem a adição de conservantes e de outros químicos”, ensinou Lins. Ele informou que, em fevereiro deste ano, a Academia Americana para o Avanço da Ciência lançou o documento Solo Vivo, Qualidade dos Alimentos e o Futuro Alimentar, em que consta, por exemplo, que: Na produção de maçãs orgânicas, os solos apresentam melhor saúde documentada pela maior diversidade biológi- ca, maior quantidade de matéria orgânica e melhores propriedades físicas e químicas. A melhora da qualidade do solo dos sistemas de produção de maçãs orgânicas leva a ganhos na qualidade nutricional, no sabor e no armazenamento da fruta. E mais: tomates que utilizam fertilizantes orgânicos mantêm concentrações constantes de benéficos antioxidantes, mesmo com o aumento do tamanho da fruta. “Os métodos de fertilização do solo orgânico melhoram os padrões de expressão genética da planta, proporcionando assimilação mais eficiente de nitrogênio e carbono em tomates. Esse ganho na eficiência da captação de nutrientes deixa as plantas com mais energia para produzir metabólitos secundários benéficos, compostos que promovem saúde em plantas e humanos”, disse o médico. Para ele, esses estudos só vêm comprovar o que já se sabia há muito tempo. Afinal, o pai da medicina, Hipócrates, que viveu no século IV a.C., já dizia: “Faça do alimento a sua medicina e da medicina o seu alimento”. Selo para produtos e concurso de receitas A abertura das feiras também foi marcada pelo lançamento do selo Vida Orgânica, a ser aplicado em todos os produtos gerados na BP3 com base na agroecologia, e do 2º Concurso de Receitas Saudáveis da BP3, aberto à participação de todas as merendeiras das escolas da região, que diariamente servem 167 mil refeições aos estudantes. A exemplo do que resultou do primeiro concurso – um livro com dezenas de receitas premiadas – novo livro será lançado em novembro, no 6º Encontro Cultivando Água Boa, com as premiadas do novo concurso. “Pretendemos chegar a mil merendeiras participando”, disse o diretor de Meio Ambiente da Itaipu, Nelton Friedrich. Para preparar a 5ª Conferência Internacional sobre Felicidade Interna Bruta (FIB), que divide espaço com o 6º Encontro Cultivando Água Boa e outros eventos (ver pág. 36), o diretor de Meio Ambiente da Itaipu, Nelton Friedrich, esteve no Butão a convite do governo daquele país asiático. Butão é o país pioneiro na troca de índices como o PIB (Produto Interno Bruto) pelo índice FIB (Felicidade Interna Bruta) para medir a verdadeira riqueza de um país. Além de ultimar preparativos para a conferência, Nelton pôde conhecer a fundo em que consiste o índice FIB e apresentar o trabalho desenvolvido pelo Programa Cultivando Água Boa. Ele viajou junto com Susan Andrews, diretora do Instituto Ethos, que propôs a realização da 5ª Conferência em Foz do Iguaçu. Entre outras autoridades e lideranças butanesas, Nelton e Susan se reuniram com o ministro da Educação, Lyonpo Thakur Powdyel, e o primeiro-ministro Jigme Thinley. Semana Mundial da Água A Itaipu e a Agência Nacional de Águas (ANA) representaram o Brasil na 18ª Semana Mundial da Água, promovida pelo Instituto Internacional da Água, de Estocolmo, Suécia. A Itaipu, representada pelo diretor Nelton Friedrich, contribuiu com a apresentação da sua experiência de gestão de água desenvolvida pelo Cultivando Água Boa, e a ANA levou ao evento a experiência brasileira na gestão de águas. A Semana Mundial da Água reuniu dirigentes e técnicos de instituições especializadas em recursos hídricos, autoridades governamentais e líderes de ONGs. Em outubro, uma comitiva da Província de Toscana, Itália, esteve na Itaipu para conhecer as ações do Cultivando Água Boa, no contexto do desenvolvimento do acordo de cooperação existente entre a empresa binacional, a Universidade de Pisa (Unipi) e a Universidade Federal do Paraná. Fizeram parte da comitiva o ministro do Meio Ambiente da Itália, Marco Betti; o diretor do setor geral de política territorial e ambiental, Paolo Matina; o professor Marco Mazzoncini, da área de agroecologia da Unipi, Roberto Spandre, adido científico da Itália no Brasil. Uma semana antes, o diretor geral da Itaipu, Jorge Samek, e Nelton Friedrich, diretor de Meio Ambiente, haviam estado em Florença, Itália, apresentando a missão de responsabilidade social e ambiental da empresa no Fórum Ítalo-Brasileiro da Cidade do Futuro. Itaipu na campanha Alimentação, direito de todos Energia e desenvolvimento sustentável No dia 14 de setembro, o diretor geral JorgeSamek participou em Curitiba do lançamento no Paraná da campanha “Alimentação, direito de todos”, criada para estimular a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional que trata do direito à alimentação. O evento, realizado no auditório do Museu Oscar Niemeyer, envolveu a exibição do filme “Garapa”, de José Padilha, e um painel de debates com autoridades vinculadas à questão da fome no País, entre elas o deputado federal Nazareno Fonteles, o diretor do Instituto Brasileiro de Análises Econômicas (Ibase), Francisco Menezes, e a presidente da seccional paranaense do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea/PR), Silvia Rigon. Samek proferiu a palestra de abertura do evento e destacou a importância fundamental das parcerias na implementação de qualquer programa social ou ambiental. A convite da Fundação MAPFRE Seguros, organizadora do evento, a Itaipu participou em agosto do V Seminário sobre Geração de Energia e Desenvolvimento Sustentável e do 3° Encontro Técnico sobre “A vocação e participação das fontes alternativas na matriz energética brasileira”. O superintendente de Meio Ambiente da Itaipu, Jair Kotz, representou a empresa e abordou o tema “Geração renovável em grandes aproveitamentos hidrelétricos”. Palestras para mais de mil acadêmicos Abordando temas ambientais e sustentabilidade, com foco especial na questão da coleta seletiva de materiais recicláveis, o diretor Nelton Friedrich e gestores de programas do CAB proferiram um ciclo de três palestras em cada turno dos cursos da unidade de Medianeira da Universidade Técnica Federal do Paraná (UTFPR). CULTIVANDO ÁGUA BOA 30 NOVEMBRO DE 2009 CULTIVANDO ÁGUA BOA NOVEMBRO DE 2009 7 DIFUSÃO DO CULTIVANDO ÁGUA BOA COMPARTILHANDO EXPERIÊNCIAS EM NÍVEL NACIONAL E INTERNACIONAL Só nos últimos três meses, a mensagem do programa foi levada a mais de 5.000 pessoas no Brasil e no exterior A Itaipu Binacional concebeu e implementa seu programa socioambiental também com uma visão pedagógica, ou ecopedagógica, no sentido de que pode oferecê-lo como modelo que, com as devidas adequações, pode ser aplicado em toda parte. À medida em que se consolidou e ganhou notoriedade por suas qualidades, cada vez mais se constitui em fonte de inspiração, conhecimento e ação Brasil afora e mundo afora. Convites para palestras e participações em eventos e exposições chegam de toda parte e são cada vez mais freqüentes. A Itaipu tem se empenhado ao máximo para atender a todos da melhor maneira possível, obtendo sempre grande receptividade, aplauso e manifestação de vontade de replicar a experiência. Este trabalho tem sido feito, especialmente, pelo diretor de Meio Ambiente, Nelton Friedrich, ou por seu assessor Odacir Fiorentin, pelo superintendente de Meio Ambiente, Jair Kotz, e outros colaboradores, como Luiz Suzuke e Gilmar Secco. A seguir, até a página 32, é apresentada uma amostra desta importante missão. Só nos meses de agosto, setembro e outubro de 2009, o Cultivando Água Boa foi exposto a mais de 5.000 pessoas no Brasil e no exterior. O objetivo é difundir o carrinho elétrico no Brasil Equipamento que dá eficiência e aumenta renda dos trabalhadores é adotado como modelo pelo Presidente Lula Carrinhos elétricos desenvolvidos pela Itaipu Binacional serão usados por catadores de materiais recicláveis de todo o Brasil No dia 29 de outubro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a transferência da patente do carrinho elétrico desenvolvido pela Itaipu para o Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCMR). O anúncio foi feito na abertura da Expocatadores 2009, em São Paulo. No mesmo evento, Itaipu assinou protocolo de intenções com a Eletrobrás para apoiar o movimento de catadores no fornecimento dos veículos elétricos. A binacional foi representada pelo diretor-geral brasi- leiro, Jorge Samek, pelo diretor de Coordenação, Nelton Friedrich, e pelo coordenador do Projeto Coleta Solidária, do Cultivando Água Boa, Luiz Carlos Matinc. Na cerimônia, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, assumiu o compromisso de abrir linha de crédito específica para a compra dos veículos elétricos pelos catadores. Em agosto, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) abriu licitação no valor de R$ 6 milhões para a construção de barracões de reciclagem Brasil afora. Por sua vez, a Eletrobrás já destinou R$ 1 milhão ao MNCMR para investimento em barracões e outros equipamentos usados na reciclagem. Sobre a linha de crédito para a compra dos carrinhos, Samek informa que Itaipu, BNDES e catadores vão se reunir para definir como será feito o financiamento. “O objetivo é universalizar o carrinho elétrico no Brasil”, afirma Samek. Pela linha de crédito, o BNDES subsidiará parte da compra e financiará a outra, com parcelamento a longo prazo e juros baixos. “Os catadores poderão pagar os carrinhos com a própria venda do material reciclado”, diz Samek. “Como a eficiência da coleta aumenta com o carrinho elétrico, os catadores poderão destinar uma parte de seu lucro para o pagamento das parcelas”. As prefeituras de todo País poderão contatar o movimento nacional para a compra dos carrinhos. “São os catadores que irão administrar e vender esses carrinhos daqui para a frente”, explicou Lula. Os veículos poderão ser fabricados no próprio município, para baratear o seu custo de produção. O carrinho foi desenvolvido em parceria entre a Plataforma Itaipu de Energias Renováveis, Parque Tecnológico Itaipu (PTI) e a empresa Blest Engenharia, de Curitiba. Seu custo de produção gira em torno de R$ 6,8 mil. A capacidade de transporte é de 300 quilos de carga, com autonomia para rodar de 4 a 5 horas, ou 25 a 30 quilômetros. Após isso, a bateria precisa ser carregada. A recarga completa leva em torno de seis horas. O acionamento do motor e o controle de velocidade são feitos manualmente em botões localizados no guidão. Em todos os municípios, mobilização das comunidades foi muito forte Propostas são discutidas e votadas pelos envolvidos na formação dos comitês gestores zPARCERIA Municípios são chamados a ser protagonistas do CAB “Itaipu precisa dos municípios e municípios precisam da Itaipu”, diz vice-prefeito As eleições municipais de 2007 causaram certa instabilidade nas parcerias em torno da implementação do Programa Cultivando Água Boa (CAB), especialmente em municípios nos quais a oposição venceu. Para superar essa situação, uma equipe da Diretoria de Coordenação e Meio Ambiente da empresa, formada por Odacir Fiorentin, Luiz Suzuke, Gilmar Secco e Sílvio Depiné, mais os gestores de bacias, desenvolveram intensa atividade junto às novas autoridade municipais, entidades e atores sociais para sensibilizar sobre a importância da continuidade das ações do programa nos 29 municípios da BP3, começando pelo fortalecimento dos comitês gestores. Nessa tarefa surgiu uma novidade: a proposta de institucionalização, mediante lei municipal, do Comitê Gestor do CAB de cada município. Em todos os municípios a proposta foi muito bem aceita e já está concretizada. Coroando o processo de revitalização, no dia 29 de julho foi realizado no Parque Tecno- Encontro no PTI reuniu representações dos comitês gestores dos 29 municípios da Bacia Hidrográfica do Paraná 3 lógico Itaipu (PTI) encontro que reuniu 160 pessoas entre funcionários da Itaipu, prefeitos e vice-prefeitos, secretários municipais, vereadores e membros dos comitês gestores. Impossibilitado de participar do encontro, o diretor-geral da Itaipu, Jorge Samek, enviou mensagem de incentivo aos participantes dessa reunião, pois fortalecer os comitês gestores municipais do Cultivando Água Boa, ampliar suas funções e até dar-lhe um caráter de legalidade, por meio de sua institucionalização pelas prefeitu- ras e câmaras, “é uma ótima medida”, escreveu Samek. “Sendo formados por membros indicados pela sociedade organizada de cada município e, em alguns casos, já nomeados por decreto municipal, fica garantida a pluralidade de idéias, assegurada a participação da comunidade e estabelecido o equilíbrio na relação públicoprivado-sociedade. Trata-se de uma forma de obter grande avanço do marcante trabalho socioambiental e de consolidação do Cultivando Água Boa na BP3”, observou Samek. Cultivando Água Boa deve ser um movimento de todos No encontro no PTI, o diretor de Meio Ambiente da Itaipu, Nelton Friedrich, reforçou a proposta: “Queremos consolidar e ampliar a atuação dos comitês gestores, porque é o caminho para fazer com que o protagonismo não seja da Itaipu, mas das próprias comunidades que implementam o programa”, disse Nelton. “O Programa não pode ser centrado na Itaipu. Temos, sim, que caminhar todos juntos na correção de rumos para construir a sustentabilidade econômica, social e ambiental na BP3.” O mesmo entendimento foi revelado por manifestações de diversos representantes dos municípios, como a do vice-prefeito Marcos Mocelin, de Santa Helena, primeiro município a institucionalizar o Comitê Gestor do CAB. “Os municípios precisam da Itaipu e a Itaipu precisa dos municípios para levar adiante esse grande programa que é o Cultivando Água Boa”, disse Mocelin. Dessa forma, a continuidade do programa não vai depender de quem estiver na direção da Itaipu, mas dos municípios, suas autoridades, entidades e comunidades. PRIMEIROS PASSOS DA OFICIALIZAÇÃO O processo começa com a inclusão de cláusula obrigatória de compromisso de oficializar e fortalecer o comitê nos novos convênios do município com a Itaipu; aprovação, pela Câmara de Vereadores, da lei que institui o comitê; convite à participação do maior número possível de instituições públicas e entidades sociais; indicação, pelas instituições e entidades, dos seus representantes no comitê; nomeação, via decreto, dos membros do comitê pelo prefeito. Os comitês gestores têm caráter consultivo, com os objetivos de congregar os interesses da comunidade; compatibilizar os interesses dos diferentes usuários; participar na elaboração dos planos de bacia e dos programas anuais e plurianuais de investimentos; propor a elaboração de estudos, pesquisas e projetos de interesse da comunidade; acompanhar a execução das obras e serviços programados nos convênios com a Itaipu Binacional. 8 CULTIVANDO ÁGUA BOA zÉTICA DO CUIDADO ‘Agressão ao meio ambiente está por trás de todas as crises’ Palestras de Leonardo Boff lotam auditórios da Itaipu em Curitiba e em Foz do Iguaçu Desde sua implantação, em 2003, o Programa Cultivando Água Boa tem a contribuição intelectual de Leonardo Boff em termos de fundamentação teórica e prática, de modo que o programa seja implementado dentro da melhor ciência ecológica, expressa especialmente em documentos planetários como a Carta da Terra, de cuja formulação Boff participou, Metas do Milênio, Agenda 21, Protocolo de Kyoto, Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, entre outros. Frequentemente, Leonardo Boff comparece na Itaipu e na região aportando sua sabedoria, como ocorreu no final de junho e início de julho de 2009, quando veio do Rio de Janeiro, onde mora, para conduzir um painel sobre o tema “A ética do cuidado no cotidiano das pessoas – desafios e possibilidades”, especial para diretores e funcionários da Itaipu Binacional, mas aberto também ao público em geral. EM CURITIBA E FOZ O painel se desenvolveu em Curitiba, no Teatro Tuca, da PUC-PR, em Curitiba, para um público de 500 pessoas, no dia 30 de junho, e em Foz do Iguaçu no auditório do Centro de Treinamento da Itaipu, no dia 1º de julho, com público de uma centena de diretores e funcionários da empresa. Em Curitiba o painel contou com a participação do pró-reitor comunitário de extensão da PUC, Ricardo Tescarolo, dos diretores dos cursos de Teologia, César Augusto Kuzma, e Engenharia Ambiental, Fabiana De Nadai Andreoli. O evento foi promovido pela própria Itaipu em parceria com a PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), com apoio da Copel (Companhia Paranaense de Energia), Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná), Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Paraná, UFPR (Universidade Federal do Paraná), dos Correios e da ONG Ação Voluntária. NOVEMBRO DE 2009 Por uma nova sociedade Como prega por toda parte, Boff insistiu na necessidade de se adotar um novo modelo de sociedade diante de uma realidade global abatida pela convergência de várias crises simultâneas: alimentar, ambiental, energética e econômica. “Nossa alternativa é viver ao redor de alguns valores comuns, que permitam ajudar a Terra a sair da crise”, afirmou. “Tais valores passam pela responsabilidade coletiva; pela criação de uma estratégia de cuidado dos ecossistemas; e pelo estabelecimento de uma rede de cooperação mundial, tarefa em que as grandes corporações, como a Itaipu, têm papel fundamental; devem fazer exatamente o que Itaipu faz há mais de seis anos”. “Ando muito pelo mundo em função do meu trabalho e noto que a Itaipu está sendo reconhecida não somente como hidrelétrica, mas também como uma empresa que desenvolve um projeto ecológico sustentável, de referência, que engloba milhares de pessoas”, disse. “O novo modelo de sociedade já está em construção na região alvo das ações do Cultivando Água Boa, por isso desejo que outras empresas vejam essas boas experiências e façam o mesmo.” E MAIS Lições de Leonardo Boff ”Nenhuma empresa, pública ou privada, so- Leonardo Boff: “Há hoje nos EUA uma crise mais profunda do que aquela econômicofinanceira. É a crise do estilo de sociedade que foi montada desde sua constituição pelos pais fundadores. Ela é profundamente individualista, derivação direta do tipo de capitalismo que ai foi implantado. A exaltação do individualismo ganhou a forma de um credo num monumento diante do majestoso Rockfeller Center em Nova York, no qual se pode ler o ato de fé de John D. Rockfeller Jr: - Eu creio no supremo valor do indivíduo e no seu direito à vida, à liberdade e à persecução da felicidade”. Na apresentação do palestrante, o diretor de Meio Ambiente da Itaipu, Nelton Friedrich, reconheceu: “Ter conosco Leonardo Boff é ter ao nosso lado um conselheiro presente desde o lançamento do Cultivando Água Boa (CAB), uma pessoa de grande im- portância nesse processo”. E Boff também expressou seu reconhecimento: “A Itaipu Binacional está na dianteira mundial quando se pensa no papel que uma empresa deve ter na realidade que vivemos”. breviverá num horizonte longo sem sustentabilidade. Não haverá uma nova Arca de Noé; ou nos salvamos todos, ou nos perdemos todos.” ”A conquista da Terra, da natureza pelo homem, num processo que historicamente foi de dominação e devastação, está por trás de todas as crises.” ”Não há como parar a roda (da catástrofe planetária), mas podemos diminuir sua velocidade. Ou fazemos uma aliança global, ou aceitamos o risco de desaparecer como seres humanos.” ”Nós precisamos da Terra; a Terra não precisa de nós.” ”Se eu não posso mudar o mundo, posso mudar uma parte do mundo, que sou eu.” ”O ser humano aprende com o sofrimento, mas também pode aprender com o amor.” Itaipu presente no Ciclo de Palestras no RJ O trabalho socioambiental da Itaipu esteve no centro das atenções no Ciclo de Palestras realizado no Rio de Janeiro na Semana do Meio Ambiente, em junho, promovido pelo Centro de Pesquisa da Eletrobrás, e na XV Semana do Meio Ambiente da PUC-RJ, eventos que também tiveram a contribuição de Leonardo Boff. Itaipu foi representada pelo diretor de Coordenação e Meio Ambiente, Nelton Friedrich. CULTIVANDO ÁGUA BOA NOVEMBRO DE 2009 29 zPRÊMIOS Educação Ambiental da Itaipu no benchmarking brasileiro Mais uma vez, a empresa fica entre as melhores no ranking da sustentabilidade Em 2007 foi o Programa Cultivando Água Boa como um todo que recebeu o prêmio de melhor prática de sustentabilidade do Brasil; em 2009, o premiado foi especificamente o Programa de Educação Ambiental para a Sustentabilidade, do próprio Cultivando Água Boa. Trata-se do Ranking Benchmarking Ambiental Brasileiro, criado em 2003 pela empresa Mais Projetos, especializada em gestão e capacitação ambiental, e consolidado como um dos mais respeitados selos de sustentabilidade do Brasil. É uma espécie de certificação de qualidade das ações ambientais brasileiras, com reconhecimento internacional. O objetivo é identificar, selecionar e compartilhar o melhor do conhecimento em programas ambientais. As 30 melhoras práticas ambientais do Brasil em 2009 no ranking Benchmarkin foram conhecidas no dia 4 de setembro, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo, por um público formado por executivos, gestores, especialistas e jornalistas. Neste ano foram inscritos 169 programas ou projetos de empresas no campo ambiental, dos quais 30 foram selecionados e classificados – e a Educação Ambiental da Itaipu ficou em terceiro lugar, superando trabalhos de empresas de renome nacional e internacional como a Anglo American, Givaudan do Brasil, Embratel, Johnson & Johnson, Souza Cruz, Klabin, Bradesco, Valtra do Brasil e outras. Na solenidade, a apresentação do Case Educação Ambiental para Sustentabilidade foi feita pelo Diretor de Meio da Itaipu, Nelton Frederich, que esteve acompanhado por Leila Fátima Alberton e Rodrigo Cu- Odacir, Leila, Nelton, Michelle e Rodrigo comemoram Selo Ouro “Amigo da Fauna” Prêmio de 2007 pelli, da equipe de Educação Ambiental; Michelle Lorencetti, da equipe de Relações Públicas, e Odacir Fiorentin, gerente executivo do Cultivando Água Boa. Para integrar o Ranking Benchmarking é necessário antes passar pelo crivo de uma comissão técnica multidisciplinar, formada por especialistas de vários países que pontuam os casos sem saber de quais empresas são. Neste ano, a comissão técnica contou com 16 especialistas de seis diferentes países. É também necessário cumprir um regulamento conforme determina o Programa Benchmarking que já se encontra em sua 7ª edição e já selecionou 171 casos de mais de 100 instituições. Um dos critérios básicos de classificação é a coerência entre dis- Prêmio de 2009 curso (teoria) e prática. DIFERENCIAL Os casos vencedores passam a fazer parte do maior banco de boas práticas brasileiras de sustentabilidade, disponíveis para empresas, instituições públicas e privadas, universidades e mídias especializadas. Segundo Leila Alberton, gestora do programa de Educação Ambiental da Itaipu, “foi uma grande oportunidade para divulgar o programa, que se destacou por abranger um conjunto de ações continuadas, e não apenas pontuais, como acontece na maioria das empresas. Um dos nossos diferenciais é justamente o caráter permanente do trabalho de educação, tanto para o público interno como para o externo.” A Itaipu Binacional também foi contemplada, em 2009, com o Selo Ouro “Amigo da Fauna”, conferido pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Com isso, o IAP quer dar visibilidade às iniciativas de empresas voltadas à preservação e proteção à fauna silvestre. Nesse sentido, Jair Kotz (esq.) representou Itaipu no Itaipu se destaca ato de entrega do Selo Ouro pelo trabalho que desenvolve nos refúgios biológicos, tanto na margem brasileira como na paraguaia, no campo da pesquisa, manejo, monitoramento e fiscalização. Na solenidade de entrega do prêmio, a Itaipu foi representada pelo superintendente de Meio Ambiente Jair Kotz. As primeiras empresas contempladas com o Selo do IAP foram a Fundação Boticário de Proteção à Natureza, a Itaipu Binacional e o Criadouro Conservacionista Onça-Pintada. “Ao longo da história da política conservacionista da fauna paranaense, foi necessário agregar atores que estavam obtendo resultados positivos”, diz João Batista Campos, coordenador de Biodiversidade e Áreas Protegidas da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos. “Este evento de premiação é uma forma de reconhecer instituições que contribuem para a conservação da fauna do Estado, servindo de exemplo para toda a sociedade.” CULTIVANDO ÁGUA BOA Parque Tecnológico Itaipu recebeu representações de dezenas de instituições e entidades NOVEMBRO DE 2009 Superintendente de Meio Ambiente da Itaipu Binacional, Jair Kotz representou a empresa Mesa de honra da abertura da Convenção Hemisférica de Proteção Ambiental Portuária 9 Como todas personalidades ilustres que visitam Itaipu, Cousteau plantou árvore zPRESENÇA ILUSTRE zEVENTO Educação Ambiental do Paraná realiza encontro estadual no PTI “A responsabilidade pelo cuidado com a natureza é de cada um” (Carlos Rodrigues Brandão) De 13 a 16 de outubro, o Parque Tecnológico Itaipu foi sede do Encontro Paranaense de Educação Ambiental (Epea), evento anual que em 2009 reuniu cerca de 600 pessoas em torno do tema “Educação para Cultura da Paz e Sustentabilidade Local e Planetária”. Participaram autoridades, professores, acadêmicos e gestores ambientais de todo o Estado. O Epea é uma promoção coletiva de diversas instituições presentes no município e região, entre elas a Prefeitura de Foz do Iguaçu, Itaipu Binacional, Fundação Parque Tecnológico Itaipu, Parque Nacional do Iguaçu, Núcleo Regional de Educação de Foz do Iguaçu, Conselho de Desenvolvimento dos Municípios Lindeiros, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Faculdades Anglo-Americano, Eduvivência, Educare, Instituto de Comunicação Solidária (ComSol) e Nativa Socioambiental, com apoio da Universidade Aberta do Brasil (UAB), União Dinâmica de Faculdades Cataratas (UDC), Unifoz, Rede Sul Brasileira de Educação Ambiental (REASUL) e Sanepar. Autoridades prestigiaram e participaram do evento: Rachel Trajber, diretora de Educação Ambiental do Ministério da Educação e Cultura; Lindsley Rasca Rodrigues, secretário estadual do Meio Ambiente; Jorge Pegoraro, chefe do Parque Nacional do Iguaçu; e o superintendente de Gestão Ambiental da Itaipu, Jair Kotz, representando a direção da empresa. CULTIVANDO ÁGUA BOA NOVEMBRO DE 2009 Educação crítica, reflexiva e participativa O encontro se desenvolveu com palestras, painéis, atividades culturais, oficinas temáticas, exibição de vídeos, reuniões e mesas-redondas, sempre buscando a sensibilização ambiental. Também houve a reunião da Rede Paranaense de Educação Ambiental (REA/PR) e o lançamento, pela autora, Angélica Góis Morales, do livro “Formação Profissional do Educador Ambiental: reflexões, possibilidades e constatações”. A autora esteve no espaço de exposições para diálogos com interessados em conhecer a sua nova obra. Paralelamente ao encontro, houve a Feira da Sustentabilidade, com exposição de produtos e serviços da área ambiental, como os alimentos orgânicos do município de Capanema e as peças de artesanato do Grupo de Moradores do Parque Nacional do Iguaçu e de tribos indígenas da região. Livros, plantas e produtos medicinais também foram comercializados, além de uma exposição intitulada “Memórias do Parque Nacional do Iguaçu” e do Programa Cultivando Água Boa. TROCA DE EXPERIÊNCIAS Mais de 200 trabalhos foram apresentados oralmente ou em pôsters. E houve um espaço para os participantes deixar suas mensagens na “Árvore da Esperança”. Especificamente na temática, o encontro foi uma troca de experiências e de idéias sobre a educação ambiental. Daí surgiu a proposta de congregar todos os que atuam na educação ambiental e ampliar o intercâmbio entre os diferentes segmentos, como universidades, escolas, organizações não-governamentais, OSCIPS e outros, no sentido de promover uma prática educativa crítica, reflexiva e participativa frente aos problemas socioambientais. O QUE ELES DISSERAM Rasca Rodrigues, secretário estadual do Meio Ambiente, sobre o Programa Cultivando Água Boa: “É parâmetro de como as instituições devem se envolver e se relacionar com a comunidade. Considero o programa uma das melhores intervenções ambientais de todo o planeta”. Carlos Rodrigues Brandão, antropólogo, que proferiu a palestra magna sobre “Educação para Cultura da Paz e Sustentabilidade Local/ Planetária”, convocou a sociedade a assumir o papel de protagonista nas questões relacionadas ao meio ambiente. “A responsabilidade de cuidarmos da natureza é de cada um, por meio de pequenos gestos e ações. Não podemos depender apenas de políticas globais e planetárias para resolver todos os problemas ambientais. A humanidade vive a década da educação ambiental dentro e fora das escolas. Precisamos pensar em sociedades sustentáveis, e nisso a educação é fundamental, decisiva.” Rachel Trajber, do Ministério da Educação: “É necessário modificar o pensamento atual de uma sociedade baseada no modelo capitalista e hegemônico, para um sistema de cooperação social e coletivo de ações ambientais. Temos possibilidades de transformar nossa sociedade e contribuir para a construção de sociedades sustentáveis.” Jair Kotz, superintendente de Meio Ambiente da Itaipu: “A educação ambiental é o alicerce do Cultivando Água Boa, pois só com a mudança de mentalidade e de hábitos – papel da educação –, a Itaipu e seus parceiros jamais seriam, como estão sendo, os grandes agentes da sustentabilidade ambiental na BP3. Precisamos dos educadores ambientais à frente da mudança de pensamento, consciência e ação.” “É O QUE ITAIPU JÁ FAZ” Jean-Michel Cousteau: “o impossível não existe” A 1ª Convenção Hemisférica de Proteção Ambiental Portuária foi organizada pela Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), tendo na pauta os diversos aspectos da operação de portos, como a dragagem, por exemplo, e seus impactos sobre o ambiente. O principal destaque do evento foi a palestra magna do ambientalista e oceanógrafo Jean-Michel Cousteau para cerca de 800 pessoas. Cousteau enfatizou “a necessidade urgente de promover uma revolução da comunicação e de tomar atitudes que mudem os rumos na relação que o ser humano tem com o ambiente. Todos podemos fazer uma escolha. E quando a fazemos é nossa responsabilidade seguila e comunicá-la aos formadores de opinião. O impossível não existe”, afirmou Cousteau. Oceanógrafo prega atitudes que mudem a relação do homem com o ambiente Em junho de 2004, na tarefa de estabelecer conexões internacionais na implementação do Programa Cultivando Água Boa, o diretor de Coordenação e Meio Ambiente da Itaipu Binacional, Nelton Friedrich, esteve em Barcelona, Espanha, participando de conferência sobre “Água, Vida e Segurança”, promovida pela Cruz Verde Internacional, Unesco e Conselho Mundial da Água. Na ocasião, Nelton teve o primeiro encontro com o oceanógrafo Jean-Michel Cousteau, filho do lendário Jacques Cousteau, informando-o sobre as ações de responsabilidade socioambiental que começavam a deslanchar na área de influência da usina de Itaipu, com vistas a estabelecer alguma possível forma de cooperação ou parceria em torno de algum projeto. Jean-Michel ficou impressionado e mostrou desejo de, algum dia, conhecer tudo isso. A oportunidade que esperava chegou em julho de 2009, quando ele esteve participando, em Foz do Iguaçu, da 1ª Con- Jean-Michel Cousteau (centro) em visita à Central Hidrelétrica de Itaipu venção Hemisférica de Proteção Ambiental Portuária, promovida pela Organização dos Estados Americanos (OEA), com apoio da Itaipu. Quando foi anunciada a vinda do famoso oceanógrafo e ambientalista, Nelton Friedrich lhe enviou convite para que visitasse Itaipu e as ações do Cultivando Água Boa, e argumentou: “Nós não lidamos diretamente com mares, mas sim com alguns rios que vão para o Oceano Atlântico. A água – nosso principal compromisso, ativo, matéria-prima básica – tem posição central no Cultivando Água Boa, como fio condutor do conjunto de suas ações soci- oambientais. Portanto, o alcance das ações do programa tem, sim, repercussão também nas águas marítimas, na medida em que as águas fluviais fluem para os oceanos e os afetam positiva ou negativamente, dependendo do tratamento que recebem em seu curso terrestre.” Jean-Michel Cousteau veio e, além de deixar sua tocante mensagem, visitou a usina, conheceu a região e as ações do Cultivando Água Boa – e não só gostou do que viu e ouviu, mas também mostrou interesse de estabelecer uma relação entre o programa socioambiental da Itaipu e a entidade que dirige, a Ocean’s Futures Society. QUEM É JEAN-MICHEL 28 “O Brasil deve se orgulhar de sua independência enérgica, proporcionada, principalmente, pela energia da Itaipu. Por muito tempo o foco do Brasil foi a energia (porque era deficiente no setor). Hoje, olho para os países e vejo que muitos dependem de outros na questão energética, mas o Brasil, não. Isso gera para o Brasil uma liberdade simbólica, um tesouro que talvez nem os próprios brasileiros saibam que possuem. “Mas, como transformar essa liberdade em ações práticas de preservação ambiental? É o que Itaipu já faz.. Já visitei muitas usinas e nunca tinha sido convidado para plantar uma árvore” (Cousteau plantou uma muda de araçá no Bosque dos Visitantes da Itaipu Bionacional), e disse que, “se todos plantassem mais árvores do que consomem, já seria um grande passo”. Como o pai Jacques Costeau, Jean-Michel é pesquisador e educador que, desde 1968, atua produzindo documentários sobre as riquezas naturais dos rios e oceanos. Aos 71 anos, já rodou mais de 70 filmes, tendo conquistado até mesmo um prêmio Emmy. Apontado como um dos mais importantes ambientalistas do mundo – a Casa Branca já o elegeu Herói do Ambiente, em 1998 –, ele criou em 1999 a Ocean´s Futures Society, organização sem fins lucrativos com sede em Santa Bárbara, Califórnia, EUA. E hoje, entre outras atividades, dedicase, por meio de um projeto chamado Embaixadores do Meio Ambiente, a ensinar crianças de seis países a viver de modo sustentável – no Brasil, a ação ocorre no Guarujá, Litoral Norte de São Paulo, com apoio da Dow Química. CULTIVANDO ÁGUA BOA 10 NOVEMBRO DE 2009 CULTIVANDO ÁGUA BOA NOVEMBRO DE 2009 Criança: cidadã ou consumista? Por Frei Betto, escritor Evento teve lugar no Centro de Treinamento da Itaipu e foi protagonizado pela Itaipu, Adeop e MDA, representado por seu delegado no Paraná, Reni Denardi zCRÉDITO RURAL Pronaf Sustentável é lançado na Bacia Hidrográfica do Paraná 3 Representante do MDA diz que não faltarâo linhas de crédito para investimento na agricultura familiar Em ato realizado no Auditório Integração, do espaço Treinamento da Itaipu, no dia 31 de julho, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a Itaipu e a Agência de Desenvolvimento do Oeste do Paraná (Adeop) lançaram o Programa Pronaf Sustentável na Bacia Hidrográfica do Paraná 3 (BP3). O MDA esteve representado por Reni Denardi, da Delegacia Federal do Desenvolvimento Agrário no Paraná; pela Itaipu, o diretor de Meio Ambiente, Nelton Friedrich, entre outros; e pela Adeop, o diretor Elsídio Cavalcante Barbosa. A instituição do Programa Nacional de Fortalecimento Agricultura Familiar Sustentável, ou simplesmente Pronaf Sustentável, foi concebido em 2007 pelo MDA e consolidado em 2009 pelo Decreto 6.882. De acordo com o MDA, o programa objetiva “diagnosticar, planejar, orientar, coordenar e financiar unidades produtivas de agricultores familiares e assentados da reforma agrária no âmbito das modalidades de crédito rural do Pro- grama Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar Sustentável”. Há muito reivindicada por organizações de apoio à agri- cultura familiar, a nova modalidade de crédito considera a propriedade rural como um todo, nos seus múltiplos aspectos e funções, não apenas ati- vidades isoladas ou tópicas, como cultura do milho, da soja, feijão, agroindústria, agricultura orgânica, etc. Por ele, todas as modalidades e possibilidades agrícolas e não agrícolas (como o turismo rural, por exemplo) de uma propriedade rural familiar podem ser contempladas em único projeto global. Desde o início da gestação do novo programa, a Itaipu não só se interessou por ele, no contexto do Programa Cultivando Água Boa e seu projeto específico para a agricultura familiar, como também foi fonte de subsídios para sua estruturação pelo MDA. Agora, com a institucionalização da Pronaf Sustentável, Adeop, Itaipu e MDA assumem a tarefa de apoiar sua implementação nos 29 municípios da BP3 – alvo do Cultivando Água Boa. Denardi: um salto de qualidade Na cerimônia de lançamento do programa, o representante do MDA, Reni Denardi, afirmou que “o Pronaf Sustentável representa um salto de qualidade, pois flexibiliza o fornecimento do crédito agrícola. Antes, o crédito tinha um fim específico, agora é possível investir em qualquer material da cadeia produtiva. Isso incentiva os pequenos produtores a planejar a produção a médio e longo prazos, e estabelece uma relação próxima entre o agricultor, a assistência técnica e a instituição de crédito.” Reni informou que já estão destinados R$ 13 bilhões para o Pronaf nacional, dos quais R$ 1 bilhão para o Paraná. “O presidente Lula garantiu que não faltarão linhas de crédito para investimento na agricultura familiar. O problema não é falta de recursos, mas a capacidade operacional dos produtores”, disse Reni. No primeiro momento, para a região da BP 3, o Pronaf Sustentável vai investir R$ 2,6 milhões. Pesquisas indicam que as crianças brasileiras costumam passar quatro horas por dia na escola e o dobro de olho na TV. Impressiona o número de peças publicitárias destinadas a crianças ou que as utilizam coo isca de consumo. A pesquisadora Susan Linn, da Universidade de Harvard, constatou que o excesso de publicidade causa nas crianças distúrbios comportamentais e nutricionais. De obesidade precoce, pela ingestão de de alientos ricos em açúcares ou gorduras saturadas, como refrigerantes e frituras, à anorexia provocada pela obsessão da magreza digna de passarela Sexualidade precoce e desajustes familares são outros efeitos da excsiva exposição à publicidade. São menos felizes as crianças influenciadas pelas idéias de que sexo independe de amor, a estética do corpo predomina sobre os entimentos e a felicidade reside na posse de bens materiais. Impregnada desses falsos valores, tão divulgados como absolutos, a criança exacerba suas expectativas. Se ua criança associa sua felicidade a propostas consumistas, tanto maior será sua frustração e infelicidade, seja pela impossibilidade de saciar o desejo, seja pela incapacidade de cultivar sua autoestima a partir de valores enraizados em sua subjetividade. Torna-se, assim, ua criança rebelde, geniosa, indisciplinada em casa e na escola. A praga do consumismo é, hoje, também uma questão ambiental e política. Montanhas de plástco se acumulam nos oceanos nos oceanos e a incontinência do desejo dficulta cada vez mais uma sociedade sustentável, na qual os bens da Terra e os frutos do trabalho humano sejam partilhados entre todos. Um dos fatores da deformação infantil é a desagregação do núcleo familiar. No Dia dos Pais um garoto suplicou ao pai, em bilhete, que desse a ele tanta atenção quanto dedica à TV... Um filho de pais separados pediu para morar com os avós após presenciar a discussão dos pais de que, um e outro, queriam se ver livre dele no fim de semana. Causa-me horror o orgulho de pais que exiem seus filhos em concursos de beleza. Uma criança instigada a, precocemente, porestar demasiada atenção ao próprio corpo, tende à esquizorenia de ser biologicamente infantil e psicologicamente “adulta”. Encurta-se, assim, seu tempo de infância. Nào surpreende, pois, que, na adolescência, o vazio do coração busque copensação na ingestão de drogas. Crianças são seres miméticos por natureza. Ora, o que esperar de ua criança que presencia os pais huilharem a faxineira, jogarem lixo na rua... Criança precisa de afeto, de sentir-se valorizada e acolhida, mas também de disciplina e, ao romper o código de conduta, de punição sem vioência física ou oral. Só assim aprenderá a conhecer os próprios liites e respeitar os direitos do outro. Só assim evitará tornar-se u adulto invejoso, competitivo, rancoroso, pois saberá não confundir diferença com divergência e não fará da dessemelhança fator de preconceito e discriminação. É preciso conversar com elas, através da linguagem adequada, sobre situações-limites da vida: dor, perda, ruptura afetiva, fracasso, morte. Incutir nelas o respeito aos mais pobres e a indignação frente à injustiça que causa pobreza; senso de responsabilidade social (há dias vi alunos de ua escoa varrendo a rua), de preservação ambiental (como a economia de água), de protagonismo político (saber acatar decisão da maioria e inteirar-se do que significam os períodos eleitorais). Se voocê adora passear com seu filho em shoppings, não estranhe se, nofuturo, ele se tornar um adulto ressentido por não possuir tantos bens finitos. Se você, porém, incutir nele os bens infinitos, - generosidade, solidariedade, espiritualidade - ele se tornará uma pessoa feliz e, quando adulto, será seu companheiro de amizade, e não o eterno filho-problema a lhe causar tanta aflição. Saber educar é saber amar 27 zMUDANÇA CLIMÁTICA O menor desmatamento da Amazônia em 21 anos É possível o desenvolvimento da região mantendo a floresta em pé Em reunião com os Ministérios do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Agrário e os governadores do Pará, Mato Grosso e Rondônia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou no dia 12 de novembro o registro da menor taxa de desmatanento da Amazônia nos últimos 21 anos. O presidente também anunciou os números (resultados) do Programa Arco Verde-Terra Legal que, ao longo de 20 semanas, levou aos 43 municípios da Amazônia responsáveis por mais de 50% do desmatamento da floresta amazônica, reais alternativas de desenvolvimento sustentável. O desenvolvimento com preservação ambiental é a meta da Operação Arco Verde. A proposta é desenvolver, junto com as populações locais, novos modelos de exploração econômica, invertendo a lógica do desmatamento. Aliada às ações de fiscalização e repressão, que vem reduzindo drasticamente a derrubada da floresta, a operação tem demonstrado que é possível o desenvolvimento da região mantendo a floresta em pé, através do extrativismo e de modernas técnicas agroextrativistas e agroecológicas. Ao coibir a abertura de novas áreas para a agropecuária, fechar serrarias e confiscar gado criado em áreas de preservação, O Presidente Lula com a Ministra Dilma o Governo afeta populações inteiras que tiram seu sustento destas atividades clandestinas. É um efeito inevitável, mas que vem sendo corrigido com programas de substituição dessas atividades por práticas sustentáveis. A redução do desmatamento, previsto pelo Plano Nacional de Mudanças do Clima assinado pelo presidente Lula, aprovado na Câmara e em tramitação no Senado em caráter terminativo, depende hoje em mais de 90% das ações de repressão. A médio prazo, o Ministério do Meio Ambiente espera ampliar a participação das medidas educativas e de sustentabilidade no cumprimento das metas previstas pelo Governo Federal. Proposta da ONU sobre emissões é pra valer Após reunião com o Presidente Lula (dia 12/11/09), os ministros Carlos Minc (Meio Ambiente) e Dilma Rousseff (Casa Civil) afirmaram que "o Brasil assumirá um compromisso firme e político sério de redução das emissões de gases-estufa". Mas Governo Federal ainda não divulgou qual proposta será levada à conferência da ONU sobre mudanças climáticas em Copenhague, em dezembro. A ministra Dilma disse, no entanto, que a definição depende de reuniões que ocorrerão nos próximos dias, uma delas com o Presidente Lula. A ministra Dilma afirmou que o país terá um "objetivo voluntário" de redução, e o ministro Minc disse que a proposta brasileira será "como se fosse realmente uma meta". Ele confirmou que o percentual de redução das emissões ficará entre 38% e 42% e que os cortes vão ser definidos por setor. "O que é objetivo firme com números de- finidos se não é uma meta? São como se fossem realmente metas", afirmou o ministro, após participar de um seminário sobre políticas públicas e mudanças climáticas, organizado pelo TCU (Tribunal de Contas da União). A ministra esclareceu: "Não estamos falando em meta. País em desenvolvimento não tem meta. O que temos é um compromisso voluntário de redução porque isso é uma questão política séria". O Presidente Lula, referindo-se a cobranças aos países desenvolvidos, perguntou: "Como é que a gente vai discutir essa questão do clima com seriedade se a gente vai ter em Copenhague uma reunião e, pelo que eu estou sabendo, os grandes líderes não vão?" E criticou: "Na hora de assinar os protocolos, todo mundo assina qualquer coisa. Na hora de cumprir, pão, pão, queijo, queijo, ninguém quer abrir mão do seus hábitos e costumes." 26 CULTIVANDO ÁGUA BOA NOVEMBRO DE 2009 Coral dos formandos (foto à esq.) abrilhantou a solenidade, prestigiada pela presença de familiares, amigos, instrutores, diretores da Itaipu, que ofereceu o curso, e autoridades NO RITMO DO CAB FORMATURA DE JOVENS JARDINEIROS No dia 23 de julho, no CRV, houve a formatura da sexta turma, de 19 alunos, do Projeto Jovem Jardineiro, depois de um ano de estudos e atividades. Os formandos foram acompanhados de familiares e prestigiados com a presença de autoridades, gestores e atores do projeto. Desde sua implantação, o projeto já capacitou mais de 200 jovens. O projeto atende a adoles- Heitor Winckler Daiane Klima centes com idade entre 16 e quentava o terceiro ano do ensino médio e 18 anos e trabalha com jardinagem, eduainda estava confuso sobre qual curso prescação ambiental, cerâmica, informática e canto. As aulas ocorreram no Refúgio Biotaria vestibular. Pouco tempo depois, o inlógico Bela Vista. A presença no programa teresse pelo meio ambiente cresceu e o gagarantiu ainda, para cada estudante, uma roto decidiu seguir profissão na área. Hoje, bolsa-auxílio de um salário mínimo e, ao Heitor é acadêmico do segundo período de final do treinamento, um kit de jardinagem engenharia ambiental. “Meu interesse foi para poderem trabalhar. despertado durante as aulas práticas no “O projeto possibilita vários aprendizaRefúgio Biológico, onde tínhamos contato dos”, diz seu coordenador, Renê Diomar direto com a natureza, plantas e animais”, Fernandes. “O curso não se restringe ao enconta. sinamento de uma profissão aos jovens ou Já Daiane Patrícia Klima, 17 anos, não à inserção deles no mercado de trabalho, pretende seguir profissão na área de meio mas avança para o despertar de uma nova ambiente. Contudo, diz que mudou a maconsciência por meio do conhecimento, saneira de pensar a respeito do assunto. “Levo bedoria e respeito ao meio ambiente e à comigo outras perspectivas e significados cidadania.” sobre meio ambiente, natureza e cidadania, além de mais conhecimento e experiência. BONS EXEMPLOS Espero crescer com isso”, diz Daiane, aluna Heitor Manoel Ries Winckler, 18 anos, do quarto ano de magistério do Colégio descobriu a aptidão profissional durante o Barão do Rio Branco. curso. Quando ingressou no projeto fre- CULTIVANDO ÁGUA BOA NOVEMBRO DE 2009 Jorge Samek e Nelton Friedrich, da Itaipu, com Ricardo Young, presidente do Instituto Ethos 11 Heloísa Covolan apresenta relatório da Itaipu com metodologia GRI zEVENTOS Para apaixonados por jardinagem Tudo bem que quem planta e cuida do seu canteiro, pátio ou jardim já ajuda o meio ambiente. Mas pode fazer mais. Pode fazer um jardim 100% correto. Quem dá as dicas é o agrônomo e paisagista Toni Backes, com seus dez mandamentos para criar um jardim ecológico: 1. Recrie o ambiente mais próximo do original (faça um programa de necessidade da natureza), mas evite coleta de plantas do ambiente natural. 2. Plante diversidade. Quanto mais plantas diferentes, mais chance de ter jardim atrativo para a fauna. Plante principalmente espécies nativas. Maneje também as plantas espontâneas, invasoras. 3. Faça um jardim estético, mas produtivo. Existem inúmeras espécies rústicas de usos medicinais e alimentares. 4. Evite gramados e uso de canteiros com flores anuais, pois são os vegetais que mais requerem manutenção e só servem para a contemplação. 5. Tenha local com água (vertente, açude, laguinho, recolhimento de água da chuva, etc.). 6. Melhore o microclima com uso de vegetação, reduzindo ventos, altas temperaturas, baixa umidade, geadas, reflexão do sol. 6. Tenha no jardim abrigo, água e alimentação para atração de animais, especialmente aves. 7. Faça reciclagem de matéria Itaipu no debate da responsabilidade social e ambiental nas empresas Diretores da binacional participaram de encontro da Global Reporting Initiative e do Instituto Ethos orgânica, evite trazer terras do ambiente natural. Não tenha solo coberto, use sempre vegetação ou faça "mulches". Não use agrotóxicos e adubos químicos. 8. Adapte e climatize as edificações com telhados vivos, trepadeiras, etc. Use pisos com superfícies drenantes e com materiais de baixa pegada ecológica. 9. Não tenha pressa, o jardim não precisa ser feito todo de uma vez; deixe a natureza agir. Nos dias 18 e 19 de junho de 2009, o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Jorge Samek, o diretor de Meio Ambiente, Nelton Friedrich, e a coordenadora de Responsabilidade Socioambiental, Heloisa Covolan, participaram do Encontro Anual do Conselho de Stakeholders da Global Reporting Initiative (GRI), em São Paulo. O encontro aconteceu paralelamente à Conferência Internacional do Instituto Ethos, o maior evento latino-americano sobre responsabilidade social empresarial. Os representantes da Itaipu foram recebidos pelo presidente da GRI, Ernst Ligteringen, que esteve na empresa no ano passado para o lançamento do Relatório de Sustentabilidade relativo a 2007. O conselho da GRI é formado por 50 pessoas de várias partes do mundo, que representam organizações da sociedade civil, empresas e governos. É esse conjunto de pessoas envolvidas (stakeholders) que estabelece os indicadores da GRI para a elaboração de relatórios de sustentabilidade. A Itaipu, que há dois anos elabora relatórios de acordo com essas diretrizes, foi co-patrocinadora da vinda do grupo ao Brasil. Foi a primeira vez que o grupo se reuniu fora da Holanda, país sede do GRI. “A NOVA GERAÇÃO” Samek exibiu aos integrantes do conselho o filme “Itaipu, a nova geração”. De acordo com Heloisa, os conselheiros “ficaram muito impressionados com a qualidade da plataforma de iniciativas de sustentabilidade adotadas pela Itaipu para colaborar com o desenvolvimento sustentável da região”. Para dar uma dimensão do trabalho, Samek destacou que a Bacia do Paraná 3 (BP3) – região de influência da binacional e alvo do programa socioambiental Cultivando Água Boa – é a área mais produtiva da agroindústria paranaense e ocupa um espaço maior que alguns países europeus. Samek também ressaltou as razões que levaram a Itaipu a adotar os indicadores da GRI. Holandês Ernst Ligteringen no lançamento do Relatório de 2007 “As diretrizes da GRI são como guias para aprimorarmos cada vez mais a gestão da sustentabilidade do nosso negócio, que, além de gerar a energia mais limpa da matriz brasileira, promove o desenvolvimento das pessoas que trabalham na empresa, aumenta o cuidado com a natureza do nosso entorno, incentiva a economia da região e participa de esforços coletivos para a inclusão social daqueles que ainda não têm seus direitos fundamentais garantidos”, disse Samek. A Itaipu também colabora com a ampliação ou melhoria dos indicadores da GRI. Representando o Brasil no Grupo Consultivo formado por 15 pessoas de vários países, Heloisa Covolan integra um projeto da GRI e do Banco Mundial para estudar os indicadores de gênero. Conferência Internacional do Instituto Ethos Jorge Samek e Nelton Friedrich também participaram de oficina da Conferência Internacional do Instituto Ethos e foram recebidos pelo presidente da entidade, Ricardo Young. A Itaipu ainda integrou o estande da Eletrobrás, que foi a maior patrocinadora do evento, e distribuiu brindes elaborados pela comunidade indígena ava guarani aos mais de 1.200 participantes do evento. Antes do encerramento, os diretores da Itaipu receberam o Compêndio de Sustentabilidade das Nações, das mãos da autora da obra, Anne Louette. O trabalho apresenta indicadores desenvolvidos por vários países para medir o índice do bem-estar das populações, indo além dos índices puramente de crescimento econômico, como o Produto Interno Bruto (PIB). Movimento desencadeado a partir do Butão, país asiático situado entre a China e a Índia, em contraposição ao índice PIB, introduz o índice FIB (Felicidade Interna Bruta). O livro, com patrocínio da Itaipu e outras entidades, seria lançado em Curitiba no dia 21 de julho, na sede do Sesi/ Fiep. CULTIVANDO ÁGUA BOA 12 NOVEMBRO DE 2009 zTECNOLOGIA Laboratório Ambiental da Itaipu inova métodos de exames clínicos Farmacêutica-bioquímica e equipe desenvolvem teorias e procedimentos únicos na biologia e meio ambiente O protozoário Acanthamoeba spp., causador de doenças que podem ser fatais, como ceratite e encefalite, leva uma média de 30 a 40 dias para ser identificado em exames tradicionais. Porém, a pesquisa, aliada à vontade de aperfeiçoar e criar novos métodos, levou os biólogos e bioquímicos do Laboratório Ambiental da Itaipu a descobrir uma técnica para reduzir esse tempo para apenas 48 horas. É apenas um exemplo dos conhecimentos desenvolvidos no Laboratório Ambiental da Itaipu transmitidos no 1° Curso sobre Técnicas Laboratoriais Aplicadas em Amostras Biológicas Ambientais, realizado em julho, com participação de 32 pessoas, entre profissionais da área, acadêmicos, professores e representantes do Parque das Aves e da Vigilância Sanitária de Foz do Iguaçu. Para o professor de Biome- Leonilda Correia dos Santos, responsável pelo Laboratório Ambiental da Itaipu: referência em novos métodos dicina da Uniamérica, Ney Carlos Lucca, o curso foi “uma excelente oportunidade de agregar novos valores em relação a exames laboratoriais nas áreas de zoologia e meio ambiente. As ideias apresentadas vão me ajudar em pesquisas que vou desenvolver, além de serem novos conhecimentos que poderei passar para meus alunos.” No curso também foi apre- sentado o método do Exame a Fresco, criado pelo Laboratório Ambiental e que serve para identificar infecções bacterianas a partir de um simples hemograma. Segundo a farmacêutica e bioquímica Leonilda Correia dos Santos, responsável por essas e outras descobertas, o curso mostrou que o laboratório começa a se consolidar como referência no campo da pesquisa e desenvolvimento de novos métodos de exames laboratoriais. Para a farmacêutica e bioquímica Michelle Pires Cubilla, “o curso ofereceu uma visão multiprofissional, envolvendo técnicas das áreas ambiental e de animais, mas que também podem ser utilizadas em exames humanos”. Michelle, que também é bolsista em pesquisa pelo Parque Tecnológico Itaipu, acredita que as teorias e os métodos desenvolvidos por Leonilda são únicas. “Ela tem uma visão direcionada para a pesquisa privilegiada. Com seus novos métodos, ela acaba revendo e melhorando várias técnicas laboratoriais, ocasionando um avanço inevitável na área.” Os participantes do curso receberam, ainda, 280 arquivos com artigos científicos, fotos, legislação e apostilas diversas. PALESTRA DE PETER HECK Jogar lixo fora é enterrar dinheiro No dia 22 de julho, o professor Peter Heck, coordenador do Programa de Mestrado Internacional em Gestão de Resíduos Sólidos da Universidade de Trier, Alemanha, proferiu palestra na Unioeste para autoridades, técnicos da Itaipu e catadores de materiais recicláveis. “Quando enterramos o lixo orgânico, estamos enterrando dinheiro”, afirmou Peter Heck, sugerindo que grande parte dos resíduos orgânicos pode ser transformada em energia e fertilizante. A palestra abriu as atividades de 2009 do Fórum Regional Lixo e Cidadania da BP 3, que reúne catadores, prefeituras e autoridades. Heck disse que na Alemanha é proibida a criação de aterros sanitários para destinar o lixo. “Isso é loucura”, diz. Ao invés de enterrar o problema, o governo recicla o lixo, gerando renda e empregos e reduzindo os passivos ambientais. Por lá, já existem quase quatro mil usinas, que transformam resíduos orgânicos em gás, energia e fertilizante. A intenção é chegar a 10 mil até 2020. Segundo Heck, uma tonelada de biomassa tem a energia de 50 litros de óleo e 600 kg de fertilizante. “O Brasil não precisa de óleo e fertilizante? Então por que joga o lixo fora? No Brasil, 70% do lixo é orgânico. Apenas 5% dos resíduos não podem ser aproveitados”, disse. Segundo o especialista, a experiência da Alemanha pode ser trazi- Heck falou para autoridades, técnicos da Itaipu e catadores de materiais recicláveis da ao Brasil. Ele é diretor de um instituto que difunde a reciclagem de lixo orgânico. O instituto tem parcerias em 21 países e, no Brasil, estuda fazer o tratamento dos resíduos do Aterro da Cachimba, na região metropolitana de Curiti- ba. Com 250 mil habitantes, o município de Colombo, por exemplo, gera 20 mil toneladas de material orgânico anualmente. Entre produção de energia, biogás, fertilizantes e créditos de carbono, a cidade deixa de ganhar quase 3 milhões de reais por ano. “É preciso parar de enterrar dinheiro”, pregou o professor alemão. “Não precisamos dar nem oxigênio, só um lugar quente e úmido, e as bactérias fazem todo o trabalho de graça.” NOVEMBRO DE 2009 CULTIVANDO ÁGUA BOA 25 NO RITMO DO CAB BIODIVERSIDADE, NOSSO PATRIMÔNIO CONSERVAÇÃO E MANEJO DE ANIMAIS SILVESTRES Nascimento de dois veados-bororó, duas harpias (uma não sobreviveu), um cervo-do-pantanal e duas jaguatiricas gêmeas. MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA Monitoramento radiotelemétrico pela equipe da Divisão de Reservatório com downloading dos dados armazenados, coleta e marcação de peixes, para análise de consultoria especializada. Instalação de estruturas para captura e amostragem de peixes junto ao Canal de Águas Bravas. OPERAÇÕES DE RESGATE Com relação às operações de resgate em unidades geradoras, no período foram realizadas 16 operações, totalizando 4.796 exemplares de 16 espécies. CONSERVAÇÃO/RECUPERAÇÃO DE ÁREAS PROTEGIDAS Continuidade dos trabalhos de recuperação florestal das áreas protegidas da Itaipu com plantio de 4,53 ha (3,82 hectares no Refúgio Biológico Bela Vista e 0,1 hectare na Faixa de Proteção do Reservatório, totalizando 11.225 mudas plantadas). Manutenção florestal em 117,09 hectares do Refúgio Biológico Bela Vista, objetivando o pleno desenvolvimento dos reflorestamentos já implantados. PRODUÇÃO E EXPEDIÇÃO DE MUDAS Foram produzidas e faturadas 42.000 mudas de três espécies no Viveiro Florestal de Foz do Iguaçu. O estoque atual de mudas é de 352.100 unidades de 68 espécies, em três diferentes estágios de crescimento. Expedidas a campo 56.500 mudas. LABORATÓRIO DE SEMENTES Coletados 38,98 quilos de sementes de 9 espécies arbóreas. O estoque atual é de 246,19 kg de sementes de 71 espécies. Doado 1,89 quilo de sementes ao Horto Municipal de Foz do Iguaçu. A meta de 34.000 hectares de área conservada estabelecida no período foi integralmente atendida, tendo sido realizadas as seguintes atividades: Manejo e conservação florestal: poda de condução em 45.633 m de extensão na Faixa de Proteção do Reservatório. Combate a incêndio florestal em área de 3,5 ha em S. Terezinha. Coleta, seleção e armazenamento de sementes, nascimento de animais silvestres, produção e plantio de mudas envolvem a população na preservação e reconstituição do meio ambiente natural MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO AMBIENTAL LABORATÓRIO AMBIENTAL 56 exames no setor de controle nos postos de trabalho. 252 exames nos setores de conservação e manejo de animais silvestres, operação do Zoológico Roberto Ribas Lange e monitoramento da ictiofauna. 297 exames na operação do Laboratório Ambiental e 149 exames no setor de Vigilância Epidemiológica. 15 exames no setor de implantação do uso de plantas medicinais e fitoterápicos. MONITORAMENTO DO RESERVATÓRIO E AFLUENTES Acompanhamento da campanha de mo- nitoramento da qualidade da água do reservatório. Realizada campanha de monitoramento de tanques-rede. Finalizado o manual de especificação técnico-operacional de monitoramento participativo de rios e todo o material necessário para incubação das empresas de monitoramento junto à Fundação Parque Tecnológico Itaipu. Realização de campanha de campo para coleta de amostras e início do processamento de dados. Inspeção de campo em cada uma das estações visando às melhorias a serem efetuadas. CULTIVANDO ÁGUA BOA 24 NOVEMBRO DE 2009 CULTIVANDO ÁGUA BOA NOVEMBRO DE 2009 13 NO RITMO DO CAB PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERÁPICOS IMPLANTAÇÃO DO USO NOS MUNICÍPIOS Realizados dois módulos teóricos e quatro práticas ambulatoriais para médicos, dentistas, nutricionistas e outros profissionais, com vistas à utilização da fitoterapia no atendimento à saúde, especialmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). VISITA AO VIVEIRO DA EMPRESA CHAMEL Em visita técnica realizada no viveiro de mudas medicinais da empresa Chamel, o Projeto de Plantas Medicinais recebeu 500 mudas de espinheira santa para multiplicação no horto da Itaipu. As mudas produzidas serão utilizadas para produção de plantas desidratadas no Ervanário da Itaipu e doadas a agricultores da região. RECEPÇÃO DE VISITAS TÉCNICAS O projeto recebeu visita técnica de representantes da Prefeitura de Enéas Marques, Ato simbólico envolveu e empolgou milhares de pessoas nos 29 municípios da BP3... ... e as crianças em festa lançaram os balões com as sementes zDIA DA ÁRVORE Balões espalham sementes sobre os municípios da BP3 A idéia partiu dos gestores de educação ambiental dos 29 municípios da BP3 dos coordenadores da Secretaria de Meio Ambiente do Paraná (SEMA) e de participantes de cursos realizados pelo Centro Integrado de Educação, Natureza e Saúde (ACIENS). Os visitantes conheceram as atividades do Ervanário da Itaipu e os processos empregados na desidratação de plantas medicinais, bem como o trabalho realizado pela empresa no setor. O projeto também recebeu visitas técnicas de representantes do setor metalúrgico da Bélgica e turistas franceses interessados em conhecer as atividades desenvolvidas pela Itaipu na área de plantas medicinais e outros projetos socioambientais. AUMENTO EXPRESSIVO DO CONSUMO Em Santa Helena, o Comitê Gestor do Cultivando Água Boa constatou aumento de 40% para 82% na utilização de plantas medicinais e fitoterápicos em função do trabalho desenvolvido pelo Projeto de Plantas Medicinais da Itaipu e parceiros. INCENTIVO À AGRICULTURA FAMILIAR Dando continuidade à política de incentivo à agricultura familiar para produção de plantas medicinais na BP3, com ênfase na atenção básica à saúde, a Itaipu produziu e distribuiu mais 5.492 mudas só nos meses de agosto e setembro. PARTICIPAÇÃO NA SIPAT Projeto Plantas Medicinais participou da Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho na Itaipu doando mudas de espécies medicinais para os funcionários. Plantas medicinais contra o tabagismo Quem fuma sabe: largar o vício do cigarro não é nada fácil, ainda mais para quem não pode pagar um tratamento à base de medicamentos importados tidos como revolucionários, ou sequer encontra palavras de incentivo entre amigos e familiares. Mas, em Foz do Iguaçu, um tratamento inédito e gratuito oferece medicamentos 100% naturais e muitos ombros amigos. Com a ajuda da Itaipu, profissionais de dois postos municipais de saúde incluíram plantas medicinais no tratamento antitabagis- ta. Os fitoterápicos são doados pela Itaipu e complementam a ação de remédios alopáticos (químicos) e das terapias de grupo. Para quem participa, fumaça, agora, só a da infusão das ervas no preparo dos chazinhos. “Os resultados são muito positivos”, garantem os responsáveis pelo projeto. O Dia Mundial da Árvore (21 de setembro) ganhou tons de celebração da natureza e até ares de feriado nos municípios da BP3. Em cada uma das 29 cidades da BP3 foram soltos, simultaneamente, mil balões biodegradáveis com sementes de árvores nativas, como ipê, angico, paineira e aroeira, entre outras. A idéia partiu dos gestores de educação ambiental dos 29 municípios da BP3. Itaipu assumiu, forneceu os balões e as sementes e as transportou até os locais de lançamento aos ares da região. Não se trata de apresentar isto como método eficiente de plantar árvores, que pode funcionar apenas em determinados ambientes e com determinadas espécies de árvores. O gesto da Itaipu e parceiros no Cultivando Água Boa foi mais simbólico do que prático, até porque em cada balão foram lançadas duas sementes. Como disse na ocasião o diretor de Meio Ambiente da Itaipu, Nelton Friedrich, “o simbolismo é forte, mas não de ficar restrito ao dia 21 de setembro, pois todo dia deve ser dia da árvore, plantando ou adotando uma. O mundo só vai resolver o seu grande problema se reassumir a sintonia com a natureza, e dentro dela a árvore tem um Anna Rebeca Macedo Mazzarollo LABORATÓRIO HERBARIUM Representantes da Itaipu e Sustentec reuniram-se com o Laboratório Herbarium, em Curitiba, para negociação de venda de plantas medicinais produzidas por agricultores orgânicos da Bacia Hidrográfica do Paraná 3. O Laboratório Herbarium é o maior produtor de fitoterápicos do Paraná, portanto um potencial comprador da produção de plantas medicinais incentivada pelo projeto da Itaipu, que, além da produção, tem se preocupado com a comercialização dos produtos. Entre as plantas de interesse do laboratório estão o guaco, a espinheira santa e azedoaria, que já podem ser produzidas pelos agricultores e comercializadas com o laboratório para produção de medicamentos fitoterápicos. Estufa de ervas medicinais; Laboratório de Extrato Seco; cultivo, processamento e produtos prontos para distribuição, consumo e saúde popular papel decisivo”. Ou como entendeu a diretora da Escola Padre Luigi, de Foz do Iguaçu, Paulina Simões: “É uma forma lúdica de as crianças compreenderem a importância da árvore e da preservação do meio ambiente.” “Vai ajudar a nascer mais árvores” Em Medianeira, crianças de todas as escolas municipais e estaduais se reuniram na praça central da cidade para soltar os balões, ao som da fanfarra do Colégio Estadual João Manoel Mondrone. “É importante, vai ajudar a nascer mais árvores na natureza”, disse Iuri, de 10 anos, da 4ª série da Escola Monteiro Lobato. Feita a contagem regressiva, o céu de Medianeira se coloriu de verde, amarelo, azul e vermelho, as cores de Itaipu. Em Marechal Cândido Rondon também teve festa, com participação de cerca de 300 estudantes. O ato incluiu apresentações culturais, o lançamento dos programas Berçário Natural e Aquecedor Solar Ecológico e entrega das lixeiras ecológicas às escolas públicas e ao parque Anitta Wanderer. “Resolvemos integrar todas as ações voltadas ao meio ambiente e ao turismo, que agregam um mesmo projeto”, disse Celiria Smaniotto, gestora ambiental da Itaipu e funcionária da Secretaria de Educação da Prefeitura de Marechal Rondon. 14 CULTIVANDO ÁGUA BOA Autoridades, lideranças e técnicos presentes na sessão de abertura do evento Condomínio de Agroenergia da Agricultura Familiar em Rondon “É uma oportunidade que os agricultores não podem deixar escapar”, afirma produtor rural Os dejetos, ao invés de poluidores do meio ambiente, passarão a ser fonte de biogás – combustível que movimentará uma microcentral termelétrica. O projeto utiliza tecnologias desenvolvidas na região para biodigestores, tubulações de gás e motogeradores. O custo estimado para as obras nas propriedades e na construção da microcentral (que será também uma estrutura voltada ao ensino e à pesquisa) é de cerca de R$ 29 mil por propriedade, totalizando R$ 1,1 milhão. A Itaipu e demais parceiros se responsabilizam pelo projeto, assistência técnica, materiais e equipamentos de construção, cabendo aos agricultores a mão-de-obra. Para o agricultor Gedson Vargas, dono de uma propriedade de 16 hectares e dedicado à produção de leite, “o condomínio é uma oportunidade que os agricultores não podiam deixar escapar, porque estamos recebendo tudo, e nós só temos que trabalhar. Vai ser muito bom para nós”. O diretor-geral brasileiro da Itaipu, Jorge Samek, destacou “o caráter social do projeto, que proporciona novas fontes de receita para o produtor rural, com a venda de energia, produção de biofertilizante e venda de créditos de carbono”. SANEAMENTO O projeto é um passo a mais no saneamento ambiental que vinha sendo adotado no Ajuricaba, uma das microbacias alvo do CAB. Conforme o superintendente de Energias Renováveis da Itaipu, Cícero Bley Jr., o projeto foi preparado e discutido ao longo de cinco meses pelos técnicos das instituições envolvidas e responde ao grande desafio que é inserir o pequeno produtor no mercado da agroenergia. “É um projeto que pode ser facilmente replicado em outras partes do país”, disse Cícero. Projeto é levado a encontro da FAO em Roma No dia 28 de outubro, o superintendente de Energias Renováveis, Cícero Bley Jr., e especialistas em agroenergia de outros continentes encontraram-se em Roma, Itália, para apresentar propostas de combate à pobreza por meio da bioenergia. O encontro foi convocado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), para tratar do seguinte tema: “Como projetar, implementar e replicar iniciativas de bioenergia de pequena escala orientada a um meio de vida sustentável na área rural”. Nas últimas três décadas, a bioenergia tem ocupado muito o interesse em sua difusão por parte da ONU e suas agências, com as quais a Itaipu mantém estreito relacionamento, como a FAO, a Onudi e a Unesco. No encontro de Roma, Itaipu, representada por Cícero Bley, foi convidada a expor o projeto do Condomínio de Agroenergia para Agricultura Familiar. Além de fazer a apresentação do projeto, Cícero Bley se reuniu com especialistas em busca de recursos para a criação de condomínios semelhantes em outras regiões do Paraná. Cícero Bley, coordenador de Energias Renováveis da Itaipu, expõe o projeto do condomínio CULTIVANDO ÁGUA BOA NOVEMBRO DE 2009 23 Obras de manutenção da infra-estrutura, como no acesso à usina, jardinagem nos estabelecimentos da Itaipu, coleta e destinação adequada de materiais recicláveis Autoridades e agropecuaristas conhecem o projeto na maquete da bacia do Ajuricaba zPIONEIRISMO No dia 13 de agosto, em Marechal Cândido Rondon, cerca de 300 pessoas, entre agricultores e autoridades federais, estaduais e municipais, participaram do ato de lançamento de um projeto pioneiro no país: o Condomínio de Agroenergia da Agricultura Familiar. Entre os presentes estiveram o prefeito de Rondon, Moacir Froehlich, o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Walter Bianchini, o diretor-geral da Itaipu, Jorge Samek, e o superintendente de Energias Renováveis da Itaipu, Cícero Bley Jr. Resultado de uma parceria entre a Itaipu Binacional, Prefeitura de Rondon, Secretaria de Estado da Agricultura, Copel, Emater, Iapar, Embrapa, Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI) e Instituto de Tecnologia Aplicada e Inovação, o projeto permitirá que 41 propriedades familiares estabelecidas às margens do Rio Ajuricaba, município de Rondon, utilizem dejetos da agropecuária para gerar energia para consumo próprio e para venda à Copel de eventuais excedentes. Inicialmente, porém, toda a energia será vendida à Copel, que paga por ela preço superior ao da energia que a empresa vende aos agricultores. NOVEMBRO DE 2009 NO RITMO DO CAB GESTÃO POR BACIAS HIDROGRÁFICAS PRÁTICAS CONSERVACIONAIS DE ÁGUA E SOLO Execução de 3,06 km de cercas em Pato Bragado. Calçamento com pedra irregular de 885 metros de estradas em Pato Bragado. Cascalhamento de 12,27 km de estradas em Ouro Verdedo Oeste. SANEAMENTO RURAL Coleta e destinação adequada, nos últimos quatro meses, de 20.322 toneladas de dejetos em 11 municípios, atendendo e beneficiando 651 produtores rurais. DIAGNÓSTICO DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS DE PROPRIEDADES Contratação da Empresa Conceito Assessoria e Planejamento Ambiental, de Marechal Cândido Rondon, para a revisão de 630 projetos de adequação ambiental em propriedades rurais nos municípios de Marechal Cândido Rondon, Medianeira, Céu Azul, Quatro Pontes, Pato Bragado e Matelândia. Contratação, pela Funda- ção Parque Tecnológico Itaipu, por meio de convênio, de novas empresas incubadas de Projetos Ambientais e Educação Ambiental para execução das ações previstas no referido convênio. Foram contratadas as empresas: Habitat e Nativa, de Foz do Iguaçu; Trovo e Viana, de Cascavel; e TecBio, de Marechal Cândido Rondon. Encontro técnico com acadêmicos de Agronomia da Unioeste de Marechal Cândido Rondon para ajustes metodológicos de forma a agilizar o processo de elaboração de projetos de adequação ambiental de propriedades rurais dentro do convênio firmado entre Itaipu e Unioeste. Desenvolvimento de tratativas em conjunto com a área jurídica e de compras para viabilizar e formalizar a seleção de parceiros para a continuidade dos diagnósticos dos recursos naturais renováveis de propriedades rurais em convênio com universidades da região. INFRAESTRUTURA EFICIENTE Manutenção do sistema viário da Itaipu com serviços de prevenção e correção, especialmente de drenagem pluvial, sinalização horizontal e vertical, meio-fio, cercas, muros, calçadas, estrada de acesso e vias internas da usina. Manutenção dos sistemas elétrico e hidráulico na usina. Correção do pavimento com pedra no Refúgio Biológico Bela Vista, Parque da Piracema e no estacionamento dos visitantes. Entregue o estudo de alternativas de acesso à Universidade de Integração LatinoAmericana (UNILA) pela empresa Dalcon Engenharia Ltda., aceita pela Diretoria da Itaipu. Reurbanização da Avenida Tancredo Neves, que dá acesso à usina. COLETA E DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E VARRIÇÃO Coleta de lixo, varrição de ruas, praças e avenidas, poda de árvores, recolhimento de entulhos orgânicos e inorgânicos. Lixo orgânico coletado: 23.730 kg. MANUTENÇÃO DO SISTEMA ELÉTRICO Confecção de eletroduto e instalação no painel do religador do alimentador 14 para lançamento da alimentação auxiliar. Reinstalação de conjuntos de lâmpadas ultra violeta no Refúgio Biológico Bela Vista. Instalação de novo suporte para elevação da altura das luminárias da barreira de controle na entrada da usina. Atendimento emergencial à ruptura de cabo de aterramento devido à escavação perto do mirante. Manutenção da infraestrutura mecânica, hidráulica e de combate a incêndio. Monitoramento da rede de água tratada das áreas externas da usina. Apoio aos trabalhos de abastecimento de água bruta. Monitoramento da Esta- ção de Tratamento de Esgoto do Centro de Recepção de Visitantes (CRV). Manutenção de carrinhos da Coleta Solidária. Limpeza dos poços da estação elevetória do esgoto Bela Vista. Lavagem dos módulos da Estação de Tratamento de Água e substituição dos tirantes das cortinas. Inspeção geral do funcionamento das bombas das estações elevatórias dos esgotos do Refúgio Biológico Bela Vista. Substituição de bomba da estação elevatória do Centro ce Recepção de Visitantes. Sondagem do solo do local onde será instalada a Estação de Tratamento de Efluentes para os escritórios da Central Hidrelétrica Itaipu. SANEAMENTO NA REGIÃO DESTINAÇÃO ADEQUADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS A Central de Triagem de Resíduos Recicláveis repassou à Cooperativa dos Agentes Ambientais de Foz do Iguaçu (Coaafi) 13.373 kg de resíduos sólidos (papel, papelão, plástico, latas, etc.). CONTROLE DE VETORES DE PRAGAS Para manter higienizados os ambientes e o patrimônio, foi feito controle de pragas e insetos nas edificações do Parque Tecnológico Itaipu. Monitoramento preventivo contra infestações de insetos, roedores e ervas nas subestações das margens brasileira e paraguaia, e controle de larvas do mosquito da dengue nas áreas de paisagismo e edificações internas e externas da Itaipu (internas e externas) e do Floresta Clube. Controle de formigas nas áreas de paisagismo reflorestadas do RBV e nas áreas verdes e edificações de responsabilidade da Itaipu na Vila “A”. CULTIVANDO ÁGUA BOA 22 NOVEMBRO DE 2009 GESTÃO DA INFORMAÇÂO TERRITORIAL EXECUÇÃO 2007 – 2009 Estruturação da Unidade de Geoprocessamento e da Unidade de Cartografia, com: concurso público para seleção e alocação de profissionais capacitados; disponibilização de plataformas de software e hardware adequados; disponibilização de conjunto de informações territoriais (banco de imagens satelitais e base cartográfica) apropriados; Atendidas, em 2007, 10.766 demandas, e, 2008, 14.596 demandas pela Unidade de Geoprocessamento e Unidade de Cartografia, com desenvolvimento de atividades como elaboração de mapas temáticos e topográficos, impressões de material geográfico, gravações de CD´s/DVD´s com informações geográficas, execução de atualizações na Base Cartográfica, atualizações de informações em SIG, levantamentos topográficos na região de influência da Itaipu, participação em reuniões e eventos externos. SISTEMATIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES TERRITORIAIS E HISTÓRICAS Sistematização do processo de concessão de áreas de Uso Múltiplo na Faixa de Proteção e Reservatório (aplicação OFP) e Controle dos Marcos da Poligonal Envolvente; sistematização do processo de elaboração dos projetos de Adequação Ambiental em Propriedades Rurais da BP3 (aplicação SIG@LIVRE), com armazenamento de informações de 5.213 projetos; desenvolvimento da aplicação CPTT – Cadastro de Projetos Técnicos e Temáticos, elaborados de Unidade de Geoprocessamento e Unidade de Cartografia, visando organizar e agilizar a recuperação de trabalhos já realizados por essas unidades, facilitando a elaboração de novas versões desses projetos; desenvolvimento da aplicação PMI - Portal de Mapas Itaipu para facilitar e democratizar o acesso às informações territoriais e ambientais da área de influência da Itaipu; participação com o Ministério do Desenvolvimento Agrário no desenvolvimento da metodologia do Pronaf Sustentável e coordenação no desenvolvimento da aplicação SIG@LIVRE SUSTENTÁVEL, para gestionar os dados desse programa. OPERAÇÃO DA UNIDADE DE GEOPROCESSAMENTO Atendimento de pedidos de diversas áreas de programas da Itaipu, prefeituras e instituições de ensino superior, foram elaborados trabalhos temáticos contendo informações geográficas da Área Prioritária e da Bacia do Paraná 3. 15 NO RITMO DO NO RITMO DO CAB OBJETIVO Manter, disponibilizar e evoluir o acervo de informações cartográficas e geográficas, com confiabilidade e integridade, da região de influência da Itaipu, subsidiando a tomada de decisão para adequada evolução da gestão territorial e ambiental da Entidade. A seguir, é presentada lista dos principais trabalhos e atividades desenvolvidas e a desenvolver nas 4 ações do programa, considerando execução no período de 20072009 e planejamento para o período 2010-2011. CULTIVANDO ÁGUA BOA NOVEMBRO DE 2009 CULTIVANDO ÁGUA BOA Trabalho conjunto com a Diretoria de Coordenação e Diretoria Técnica para compatibilização das curvas de nível de 1979, visando subsidiar estudos do alteamento ou deplecionamento do Reservatório; trabalho conjunto com a Diretoria Administrativa visando subsidiar a otimização das linhas coletivas de transporte dos empregados da Itaipu; convênio com a Agência Nacional de Águas (ANA) para codificação das bacias hidrográficas da área de influência da Itaipu, por meio da utilização de tecnologia de geoprocessamento e cartografia, com internalização da metodologia de codificação desenvolvida pela ANA; trabalho conjunto com a Diretoria Técnica de digitalização do material analógico sobre sondagem geológica anterior à construção da barragem, visando a modelagem geotécnica com o uso de técnicas de geoprocessamento e cartografia; atualização sistemática do banco de imagens satelitais da BP3 por meio de contratação e de convênios de cooperação; digitalização e georreferenciamento dos processo de concessão de áreas de uso múltiplo na Faixa de Proteção e no Reservatório: digitalização de 7.882 documentos (1.7 Gbytes) sobre 476 processos de concessão; relocação de 212 marcos da Poligonal Envolvente, com digitalização de 430 documentos (0,6 Gbytes). A partir desta página, até a 27, são apresentadas as principais ações desenvolvidas nos três últimos meses, nos 29 municípios da Bacia Hidrográfica do Paraná 3, pelos diversos projetos do programa socioambiental da Itaipu Binacional e seus parceiros SUSTENTABILIDADE DE COMUNIDADES INDÍGENAS TEKOHA OCOY, SÃO MIGUEL DO IGUAÇU Portal de mapas OPERAÇÃO DA UNIDADE DE CARTOGRAFIA Em atendimento a pedidos de diversas áreas formais e programas da Itaipu, foram elaborados 22 trabalhos técnicos, nos quais se destaca o desenho para adaptação da alça de acesso à (Universidade Federal da Integração Latinoamerican (Unila) a partir do trevo da Vila C, para acesso provisório de serviço, além de 49 plotagens de desenhos contendo informações geográficas da Área Prioritária e da BP3, dentre os quais se destacam: Fornecimento de dados da Estação Base de GPS para levantamentos externos; cópias de diversos desenhos com levantamentos efetuados para apoio e subsídios a diversas solicitações; adoção do padrão nacional de armazenamento de dados geográficos de acordo com metodologia da Comissão Nacional de Cartografia (Concar). LEVANTAMENTOS TOPOGRÁFICOS NA BP3 Concluídos 13 trabalhos de levantamentos topográficos/geodésicos na área de influência do Reservatório e regularização imobiliária, dentre os quais se destacam: Verificação de divisas da Poligonal Envolvente com a Fazenda Paulista em Santa Terezinha de Itaipu; levantamentos olanialtimétricos em áreas do Parque Tecnológico Itaipu (PTI); levantamento topográfico do terreno para o projeto do Posto da Polícia Florestal/Laboratório de Ictiologia em Santa Helena; estaqueamento e altimetria da área onde será implantado o acesso à Unila pelo trevo da Vila C; verificação de divisas em três lotes da Vila A para alienação.; levantamento planialtimétrico em áreas da usina para subsídio ao projeto de implantação de rede de esgoto; levantamento dos limites para revisão da RDE da Área Industrial. Apoio a confecção de cerca de divisa na aldeia Tekoha Añetete. Nascimento de dois bezerros do plantel bovino. Distribuição de sementes de melancia, melão e pepino. Apoio ao preparo de solo para plantio. Produção e distribuição de 106,5 kg de mel à comunidade Tekoha Añetete. Segurança alimentar e nutricional Apoio ao atendimento semanal de 20 crianças e 20 acompanhantes pelo Programa de Nutrição Infantil. Repasse de 120 cestas básicas à comunidade Tekoha Ocoy e 14 ao Programa de Nutrição Infantil. Atividade agropecuária Visita de representante da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) à aldeia com o objetivo de conhecer o programa de criação de peixes em tanques-rede pelos índios. Repasse de 32m³ de rama da mandioca para plantio. Fortalecimento da cultura ava guarani Valorização da mulher indígena por meio do fomento ao artesanato para comercialização, o que significa importante fonte de renda e melhoria da qualidade de vida. Uma compradora assídua é empresa suíça Gebana, que tem sede no Brasil. O grupo responsável pelas vendas é composto, em sua maioria, por mulheres indígenas. Venda de árvores da vida para a Prefeitura de São Miguel do Iguaçu. Formação de grupos de trabalho para fomento à produção agrícola familiar. Apoio à participação dos artesãos indígenas no SIPAT. Filmagens das TVs Cataratas, Naipi, Justiça e Tarobá na comunidade indígena do Ocoy, retratando a produção artesanal e o modo de vida na aldeia. TEKOHA AÑETETE, DIAMANTE DO OESTE Segurança alimentar e nutricional Apoio ao atendimento médio semanal de 33 crianças pelo Programa de Nutrição Infantil. Atividade agropecuária Fortalecimento da cultura ava guarani Apoio aos juízes federais no planejamento das ações a serem empreendidas no Projeto Expedição da Cidadania. TEKOHA ITAMARÃ, DIAMANTE DO OESTE Segurança alimentar e nutricional Apoio ao atendimento médio semanal de 26 crianças pelo Programa de Nutrição Infantil. Atividade agropecuária Repasse de 23 m³ de rama de mandioca para plantio. Reunião entre lideranças indígenas, representantes da Associação Indígena Tekoha Itamarã, Prefeitura de Diamante do Oeste e Itaipu para planejamento do plantio de mandioca a ser comercializada com a Cooperativa Agroindustrial Lar. Atividades comuns às três comunidades SAÚDE NA FRONTEIRA Apoio do grupo de trabalho do projeto Saúde na Fronteira, da Itaipu, no desenvolvimento de curso intensivo para os índios sobre a importância da alimentação e dos benefícios das vacinas na prevenção de doenças como gripe, sarampo, paralisia infantil e malária. VALORIZAÇÃO DA CULTURA AVA GUARANI Produção de DVD pelo Programa Ñandeva com cenas das danças, músicas e do cotidiano das três aldeias. Visita técnica de representante da Itaipu em área indíge- na argentina com o objetivo de prestar assistência e repassar metodologia para o plantio de mudas frutíferas. NUTRIÇÃO INFANTIL Consolidação de canais de comunicação entre as comunidades indígenas, Itaipu Binacional, Prefeituras Municipais e demais parceiros para fortalecer a logística para a nutrição infantil nas três aldeias. EXPEDIÇÃO DA CIDADANIA Cerca de 300 índios receberam documentos pessoais (identidade, CPF, carteira de trabalho e título de eleitor). CULTIVANDO ÁGUA BOA 16 NOVEMBRO DE 2009 NO RITMO DO CAB O Programa Desenvolvimento Rural Sustentável, em parceria com o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e a Agência de Desenvolvimento do Extremo Oeste do Paraná (Adeop), realizou capacitação dos técnicos que trabalharão no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) Sustentável. A instrução foi realizada em agosto no auditório do Polo Astronômico Casimiro Montenegro, do (PTI). Participaram do treinamento 25 pessoas que, a partir de setembro, realizam os trabalhos de campo nos municípios da BP3. APOIO À AQUICULTURA REGIONAL Orientação técnica para controle do mexilhão dourado nos tanques-rede para evitar que o molusco comprometa a eficiência desse sistema de produção de peixe. O projeto-piloto do programa, resultado de convênio entre a Adeop e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), atenderá 2,5 mil propriedades agrícolas nos 29 municípios da BP3. Será uma espécie de laboratório antes de o benefício se estender a outras regiões do país. VISITA DA FAO José Tobino, representante da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), visitou Itaipu e conheceu o programa de aquicultura e pesca, e participou do 2º seminário de peixes de água doce em São Miguel do Iguaçu. Tobino elogiou muito o trabalho de inclusão social e segurança alimentar, resultado da criação de peixes em tanques-rede por pescadores e índios. ATENDIMENTOS À COMUNIDADE Em atendimento à solicitação da Prefeitura de Itaipulândia, foram entregues 2.500 juvenis de pacu aos pequenos produtores rurais da cidade, com viveiros escavados subtilizados mas com potencial para boa produção. Foram entregues 1.500 alevinos de pacu em atendimento à solicitação da 3ª Companhia do 34º Batalhão da Infantaria Motorizado de Guaíra. Os alevinos foram soltos em viveiros escavados existentes nas dependências do Batalhão. Mais de 40 alunos do curso técnico em aquicultura do Instituto Federal do Paraná (IFPR) foram recebidos para uma visita no Canal da Piracema, onde foram apresentados os equipamentos, estrutura, fun- cionalidade e importância na biodiversidade da ictiofauna no Reservatório e no Rio Paraná. A TV Tarobá produziu e veiculou reportagem especial sobre a cadeia produtiva do pacu desde a produção do alevino e a engorda até o consumo na merenda escolar. Por iniciativa do IAP (Instituto Ambiental do Paraná), CREA (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) e EMATER/PR (Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural), foi dado curso de reciclagem em licenciamento ambiental para piscicultura. Foi realizado pregão eletrônico para compra de ração para peixes visando à produção de alevinos e a manutenção de matriz durante doze meses, sendo vencedora a Centro Oeste Rações S/A – Guabi de Sales Oliveira – SP, e o total de ração adquirida foi de 61.370 kg. Cadastro técnico no IBAMA das colônias de pescadores e do responsável pelo encami- nhamento dos processos de licenciamento das áreas aquícolas requeridas pelas colônias. Realização de vistoria da Marinha nas áreas aquícolas. Foi encaminhada, para formalização, minuta de convênio, plano de trabalho e requisição de compra para o convênio a ser celebrado entre Itaipu, Colônia de Pescadores São Francisco e Prefeitura de Entre Rios do Oeste, com o objetivo de promover a aquicultura no município. EVENTOS 2º Seminário Regional de Peixe de Água Doce de São Miguel do Iguaçu, com 425 participantes. Participação no 1º Concurso de Merendeiras para elaboração de receitas para a merenda escolar à base de peixe. Ministério da Pesca e Aquicultura realizou a 2ª Oficina Territorial para implantação da política de desenvolvimento da aquicultura e pesca no Paraná. CULTIVANDO ÁGUA BOA 21 Capacitação para o Pronaf Sustentável PRODUÇÃO DE PEIXES EM NOSSAS ÁGUAS BALANÇO DA PRODUÇÃO Volume de peixes produzidos em tanques-rede, consumidos ou comercializados pelos pescadores, assentados e índios, foi de 30.675 quilos. NOVEMBRO DE 2009 Piscicultura em tanques-rede no Lago de Itaipu prospera, inclusive nas comunidades indígenas, e atrai eventos da política nacional para o setor Adequação dos pontos de pesca Distribuição de lixeiras e orientação quanto à limpeza e retirada de animais domésticos nos pontos de pesca de Pato Bragado, Santa Helena, Missal e Entre Rios. Foi firmado acordo com as prefeituras desses municípios para periodicamente fazerem a retirada de lixo. Início da adequação dos pontos de pesca 18 ao 22. A Prefeitura de Itaipulândia contribuiu com máquinas e operários na adequação do ponto de pesca e se comprometeu com a retirada mensal do lixo do local. Produção e distribuição, pelo Centro de Produções Técnicas, de DVD sobre o processamento artesanal de pescado. Estação de Hidrobiologia Participação no II Congresso de Produção de Peixes Nativos em Cuiabá, MT, cujo principal objetivo foi adquirir conhecimento técnico para o desenvolvimento da reprodução de peixes nativos. No início de 2009, foi criado um plantel de reprodutores de pacus, curimbas e jundiás para avaliar o desempenho de maturação dessas espécies em tanques-rede, de acordo com pesquisas da Unioeste de Toledo, conveniada da Itaipu. O grupo forma a primeira das quatro turmas que devem passar pela capacitação. Boa parte da equipe já tem experiência na área ambiental e, alguns, também nos sistemas de produção agrícola. As instruções ficaram a cargo de técnicos da Itaipu, Iapar e Adeop. As exposições teóricas abordaram os conceitos e ferramentas do programa, questões ambientais, o diagnóstico das propriedades e o planejamento teórico e operacional das ações propostas pelo Pronaf Sustentável. A capacitação foi complementada com aulas práticas em propriedades rurais da BP3. Caberá aos técnicos levar à prática o enfoque sistêmico do programa. Eles abordarão os agricultores e farão o levantamento de diversas informações. Entre elas, as atividades desenvolvidas na propriedade, os fatores ambientais, a produção, a composição da família, aspectos econômicos e até dados mais subjetivos. Eles também pesquisarão o que o agricultor deseja para o seu futuro, quais os seus sonhos. A formatação do curso foi feita pela Itaipu. E não por acaso. A Itaipu assentou a base do projeto-piloto do Pronaf Sustentável ao desenvolver as ações do Cultivando Água Boa na BP3, região que foi escolhida pelo governo federal para testar o programa. Ainda em fevereiro de 2009, o MDA decidiu usar a experiência da Itaipu chamando a empresa, e também a Adeop, para a assinatura de um termo de cooperação para a implantação da fase inicial do programa. O curso teve boa avaliação em todos os aspectos (organização, instrutores, local, alimentação, etc.), tanto pelos participantes como pelos instrutores. (Saiba mais sobre o assunto na pág. 10) EXCURSÃO A NOVA AURORA No dia 8 de setembro, técnicos do Programa Desenvolvimento Rural Sustentável acompanharam um grupo de 34 pessoas, entre agricultores, técnicos e estudantes de Foz do Iguaçu, em visita a três pontos em Nova Aurora, que tem um programa de apoio às agroindústrias, entre elas a Empresa Rural Manarin, que assume a missão de “produzir com qualidade respeitando o meio ambiente e proporcionando aos consumidores uma vida mais saudável”. SIMPÓSIO SOBRE PLANTIO DIRETO NA PALHA Brasil e Paraguai realizaram conjuntamente um simpósio sobre Plantio Direto na Palha com enfoque na “qualidade garantindo sustentabilidade”. Itaipu participou por meio do diretor de Meio Ambiente, Nelton Friedrich, que proferiu palestra na abertura do evento sobre o tema “Produção integrada de alimentos e energia para uma nova agricultura”. EXCURSÃO DO ASSENTAMENTO S. ISABEL No dia 19 de setembro foi feita excursão com agricultores e técnicos do Assentamento Santa Isabel, do município de Ramilândia. Participaram 35 integrantes de projetos apoiados pela Itaipu, como Culturas Alternativas, Agricultura Orgânica, Agroindústrias, etc., com o objetivo de difundir técnicas de produção orgânica, diversificação e transformação da produção. CURSO DE PASTOREIO RACIONAL VOISIN Nos dias 23 a 25 de setembro foi realizado curso sobre Pastoreio Racional Voisin para 25 técnicos da Rede ATER com o professor Luiz Car- Reunião de criação da Associação de Produtores Orgânicos de Mundo Novo, MS; comitiva em visita ao Assentamento Santa Isabel, Ramilândia; e visita de agricultores a agroindústrias de Nova Aurora, como o Laticínio Manarin (abaixo) los Pinheiro Filho, em Malrechal Cândido Rondon. O curso foi promovido pela Sustentec, com apoio logístico da Itaipu, e organizado por técnicos da Biolabore e do Capa. III SEMINÁRIO DE APICULTURA DO OESTE DO PARANÁ No dia 26 de setembro foi realizado o III Seminário de Apicultura do Oeste do Paraná, na cidade de Santa Helena, com participação de aproximadamente 300 pessoas. Foi uma realização da Coofamel, Itaipu,, Biolabore, Sustentec, Emater, Sebrae e Unioeste. CRIAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DE PRODUTORES ORGÂNICOS DE MUNDO NOVO Também em setembro foi criada a Associação de Produtores Orgânicos de Mundo Novo, MS. Na assembléia estiveram presentes 36 produtores. A formalização da entidade foi incentivada pelos trabalhos da Suzete Ferrazza, consultora do Instituto Maytenus, e pelo técnico da Biola- bore Etiene Leite Júnior, que presta serviço de assistência técnica e extensão rural nesse município. FERRAMENTAS E ESTRATÉGIAS DA REDE ATER Realizado o 2º Módulo de Capacitação dos técnicos da Rede ATER, com foco no tema Sistemas Agroflorestais, escolhido pelos técnicos em reuniões anteriores ao evento. Esta capacitação contou com apoio financeiro da Produtores Associados para o Desenvolvimento de Tecnologias Sustentáveis (Sustentec) para pagamento das horas técnicas e despesas de viagem da instrutora Fabiana Mongeli Peneireiro. O curso foi prático e teórico. A parte prática foi desenvolvida numa propriedade de produção orgânica atendida pelo Centro de apoio ao Pequeno Agricultor (Capa). Foram capacitados 29 técnicos da Biolabore, do Capa e da Itaipu Binacional. CULTIVANDO ÁGUA BOA 20 NOVEMBRO DE 2009 NOVEMBRO DE 2009 CULTIVANDO ÁGUA BOA 17 NO RITMO DO CAB COLETA SOLIDÁRIA Nas imagens, aprendizado teórico e prático de bioarquitetura; abaixo, seminário e feira sobre sementes no Paraguai NO RITMO DO CAB DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL INCENTIVO À PRODUÇÃO E CONSUMO DE ALIMENTOS ORGÂNICOS Formação do Comitê Gestor do Cultivando Água Boa em Diamante do Oeste. O programa mobilizou 30 pessoas para esse evento, no qual foram discutidas as diretrizes para o Programa de Desenvolvimento Rural Sustentável no município. DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA FAMILIAR Realização da Assembléia Geral da Cooperativa Agrofa- miliar Solidária dos Apicultores da Costa Oeste do Paraná (Coofamel) em Santa Helena, onde foram apresentados os resultados das ações em 2009 e definidas as metas para o próximo semestre. XIV FEIRA AGROECOLÓGICA A Feira foi realizada no Centro de Educación, Capacitación y Tecnología Campesina (CECTEC) na comunidade de Pirapey, Departamento de Itapuã, Paraguai. O evento desenvolveu seminários e apresentações cul- turais e contou com uma exposição de sementes crioulas de diversas variedades, muitas delas próximas de extinção. Representando o governo do Paraguai, participaram o Ministro do Meio Ambiente e o Vice-Ministro da Agricultura e uma equipe de funcionários da Itaipu (Diretoria de Coordenação). Além da Itaipu, a comitiva representava também duas instituições ligadas à agroecologia no Brasil: o ITEPA, representado por Nildemar Gonçalves da Silva, e o Fórum Oeste, representado por Salete Zilio. No decorrer do evento, várias reuniões e contatos foram feitos com instituições, autoridades, estudantes do Paraguai e da Argentina, com objetivo de criar o Comitê Gestor de Agroecologia na fronteira dos três países. REDE DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL Realização do II Módulo de Capacitação da Rede ATER (Assistência Técnica e Extensão Rural) em Marechal Cândido Rondon sobre o tema Sistemas Agroflorestais. Realizado encontro da Rede de ATER (CAPA, Biolabore, Sustentec, DESER, Instituto Maytenus e Itaipu) para definição de estratégias e ferramentas para a agricultura orgânica na BP3. Realizado o primeiro curso para formação de técnicos para atuar no Pronaf Sustentável na BP3, no Pólo Astronômico do PTI, promovido pela Agência de Desenvolvimento Regional do Extremo Oeste do Paraná (ADEOP) para 25 profissionais da região. ENTREGA DE SEMENTES A Unidade de Beneficiamento de Sementes do IAPAR de Palotina doou 500 kg de semente de cobertura à Fazenda da Esperança, de Toledo. O programa Desenvolvimento Rural Sustentável foi responsável por reali- zar o intermédio dessa doação para a Fazenda da Esperança, que atende jovens alcoólatras e dependentes químicos. CURSO DE BIOARQUITETURA Entre os dia 25 a 30 de setembro foi ministrado curso de Bioarquitetura pelo Tibá – Tecnologia Intuitiva e Bio-Arquitetura do Rio de Janeiro. O início se deu com palestra para estudantes de arquitetura, técnicos e agricultores da BP3, e seu desenvolvimento teve lugar em terreno onde será construída loja de produtos orgânicos que seguirá todos os preceitos da bioarquitetura e servirá como amostra prática desses conceitos. Participaram do curso, com duração de 40 horas, 20 pessoas, entre técnicos, agricultores, agentes de extensão e representantes da Prefeitura de Foz do Iguaçu. No curso foram apresentados conceitos de construção de banheiro seco, plastocimento, adobe, teto-verde, construção com bambu, conceitos de agroecologia e sistemas agroflorestais e biogeologia. COMITÊ GESTOR DE DIAMANTE DO OESTE No dia 28 de agosto foi realizada a reunião de Formação do Comitê Gestor do Cultivando Água Boa em Diamante do Oeste, com participação de 30 pessoas ligadas ao Programa Desenvolvimento Rural Sustentável. EM FOZ DO IGUAÇU Começo das gestões e debates em todos os Centros de Triagem da Cooperativa dos Agentes Ambientais objetivando a criação do Comitê Regional de Catadores Organizados, com sede em Foz do Iguaçu. Desenvolvimento de discussões da proposta de transformação da Cooperativa dos Agentes Ambientais de Foz do Iguaçu (COAAFI) em entidade com o título de Utilidade Pública. Participação no debate em torno da situação dos carroceiros de Foz do Iguaçu, segmento ainda não participante da cooperativa, quanto à utilização de suas carroças na coleta de materiais recicláveis. ENTREGA DE CARRINHOS ELÉTRICOS O projeto Coleta solidária fez entrega de carrinhos elétricos às organizações de catadores dos municípios de Cascavel, Vera Cruz do Oeste e Santa Helena, Céu Azul, Santa Terezinha de Itaipu, Medianeira, Palotina, Marechal Cândido Rondon e Cascavel. Junto à entrega foi feito trabalho de demonstração do funci- onamento e mecanismos dos carrinhos, em convênio com o Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis, e capacitação dos catadores para a operação do equipamento, em conjunto com o Instituto Lixo e Cidadania. EM CASCAVEL Reinauguração da Central de Processamento e Transferência de Materiais Recicláveis Ecolixo e entrega de carrinhos elétricos. A Cooperativa dos Trabalhadores Catadores de Material Reciclável assumiu a concessão de uso da estrutura da Ecolixo, sob a denominação de Central de Processamento e Transferência de Materiais Recicláveis. A cooperativa conta com 55 famílias cooperadas, atendendo, indiretamente, 273 pessoas. Catadores de recicláveis de Cascavel na reinauguração da Central de Processamento, com entrega de novos carrinhos elétricos, e, em Foz do Iguaçu, debate para a formação do Comitê Regional de Catadores Organizados: lixo que não é lixo, mas fonte de renda e respeito ao meio ambiente EM NOVA SANTA ROSA Desenvolvimento de trabalho de esclarecimento sobre a importância da formação de uma associação de catadores no município. A proposta foi bem aceita, prosperou e está praticamente consolidada. CADASTRO NACIONAL II SEMINÁRIO DE CATADORES O Centro Internacional de Hidroinformática (CIH), em cooperação com a Diretoria de Coordenação e a Coordenadoria de Energias Renováveis de Itaipu, entregou no Parque Tecnológico Itaipu (PTI) o Cadastro Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis. Serviço online elaborado pelo CIHC em software livre, o sistema vai contribuir diretamente na organização, integração e fortalecimento do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), além de permitir o acompanhamento da frota de carrinhos elétricos. Cerca de 200 catadores e técnicos dos municípios da BP3 realizaram o II Seminário Regional com o objetivo principal de constituir o Comitê Regional de Catadores Organizados, com sede em Foz do Iguaçu. A criação deste Comitê articula-se com o plano de consolidação de três comitês regionais na BP3 – em Foz do Iguaçu, Cascavel e Marechal C. Rondon. Foi decidido que a entidade terá sede em Foz do Iguaçu e que o comitê será formado por um catador por base. Na Expocatadores 2009, evento realizado em São Paulo com participação de 2.000 catadores do Brasil e da América Latina, a Itaipu foi premiada com o selo “Empresa Amiga do Catador”, em reconhecimento às ações do Projeto Coleta Solidária, do Cultivando Água Boa. CULTIVANDO ÁGUA BOA 18 NO RITMO DO CAB EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A SUSTENTABILIDADE CAPACITAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL CORPORATIVA Distribuição de texto para reflexão referente ao Dia do Meio Ambiente a todos os empregados. Palestras de Leonardo Boff a todos os empregados da Itaipu sobre Ética do Cuidado no Cotidiano (ver pág. 8). Elaboração de conteúdos referentes aos painéis informativos a serem utilizados no Centro de Triagem de Reciclados e Centro de Armazenagem. Palestras de Educação Ambiental e Monitoramento de Resíduos para os novos integrantes do Programa de Iniciação e Incentivo ao Trabalho (PIIT). Desenvolvimento de estudos e discussões para a organização e facilitação dos trabalhos da Rede Corporativa e da Rede Interna de Educadores para diálogos e encaminhamentos da pauta coletiva. Distribuição à imprensa de materiais sobre o trabalho de monitoramento de resíduos da Itaipu. Estudo para a implementação do Plano de Gerencia- mento de Resíduos Sólidos em conjunto com a Superintendência de Obras, Saneamento e Divisão de Ação Ambiental. Elaboração e distribuição interna da planilha de monitoramento de resíduos para a rede interna de educadores, incluindo esclarecimentos de dúvidas sobre a questão. Promoção de palestra e debate sobre monitoramento de resíduos do projeto Vai e Vem, dentro das atividades do Programa de Integração do Novo Empregado. Organização e acompanhamento de visita técnica de empregados da Itaipu aos projetos socioambientais em andamento na BP3. Elaboração de novo mapeamento da Rede Interna de Educação Ambiental na Central Hidrelétrica Diálogo permanente com os facilitadores da Rede Interna de Educação Ambiental, com o objetivo de estimular e fortalecer a responsabilidade socioambiental corporativa, especialmente no que se refere à coleta seletiva. EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESTRUTURAS EDUCADORAS DA ITAIPU Desenvolvimento de atividades com estudantes de escolas municipais de Foz do Iguaçu, comunidades do entorno das estruturas e jovens jardineiros,visando a estimular o cuidado e a participação nas questões ambientais. FORMAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA BP3 Encontro dos participantes do FEA em Foz do Iguaçu para avaliação e planejamento das ações do programa para o período 2009-2010. Realização de Oficinas de Autoestima para moradores do município de São José das Palmeiras. Encontro do Coletivo Educador da BP3 em Cascavel para planejamento das ações 20092010. Participação no VI Fórum Brasileiro de Educação Ambiental, juntamente com os 58 gestores da Educação Ambiental da BP3, com apresentação de trabalhos, participação em mesa redonda e monitoria no CULTIVANDO ÁGUA BOA NOVEMBRO DE 2009 Em colônia de férias, nas estruturas educadoras da Itaipu (Refúgio Biológico Bela Vista e Ecomuseu), no contato com animais e plantas, na brincadeira e confecção de artesanato, na Rede Interna Corporativa e na BP3, uma intensa e extensa atividade de transformação de consciências e atitudes estande da Itaipu. Realização de três encontros de formação para os educadores ambientais/PAP3 (Pessoas que Aprendem Participando) dos 29 municípios da BP3, nos núcleos de Foz do Iguaçu, Toledo e Cascavel, com a pesquisadora Aline Cunha, sobre metodologias de educação popular segundo a concepção de Paulo Freire, com participação de 144 educadores. Realização de cinco etapas das Oficinas do Futuro nos municípios de Nova Santa Rosa (Sanga das Antas e Príncipe), Mercedes (Interbacia Guilherme), Terra Roxa (Córrego Cambu), Toledo (Rio Marreco) e Santa Terezinha de Itaipu (Interbacia Três Fazendas), com participação de 162 pessoas. Realização de 12 ciclos de Oficinas do Futuro nas microbacias dos municípios de Toledo, São Pedro do Iguaçu, Missal, Ouro Verde do Oeste e Vera Cruz do Oeste, com participação de aproximadamente 500 agricultores. Realização de três encontros com os educadores ambientais do Programa de Formação de Educadores Ambientais (FEA) e gestores municipais de educação ambiental para planejamento, alinhamento, articulação e fortalecimento das ações educativas. O primeiro encontro reuniu os 58 gestores municipais da educação ambiental para es- tudo e debate dos seguintes assuntos: Panorama atual do Programa Coleta Solidária na BP3; elaboração de projeto de captação de recurso para os coletivos educadores municipais; mobilização para a comemoração do Dia da Árvore; avaliação da participação dos gestores municipais no Fórum Brasileiro de Educação Ambiental no Rio de Janeiro. O segundo e o terceiro encontros foram realizados nos municípios de Santa Terezinha de Itaipu e Ramilândia, onde os educadores ambientais do FEA (Formação de Educadores Ambientais) avaliaram o panorama da educação ambiental e definiram prioridades, sendo a principal a consolidação do coletivo educador municipal e das comunidades de aprendizagem e a efetivação da Sala Verde. Realização do 3º Módulo do Curso de Gestão da Merenda Escolar para merendeiras das escolas e centros municipais de educação infantil da BP3, nos municípios de Santa Terezinha de Itaipu, Céu Azul, Pato Bragado e Altônia. EDUCOMUNICAÇÃO SOCIOAMBIENTAL Reunião com a equipe de Educação Ambiental e a Divisão de Ação Ambiental, para tratar dos detalhes do lançamento da segunda edição do concurso “Receitas Saudáveis 19 das Merendeiras da Bacia do Paraná 3 - Edição Orgânicos” Produção e distribuição do cartaz do concurso e capa do caderno de “Receitas Saudáveis das Merendeiras da Bacia do Paraná 3 - Edição Orgânicos” e do “Caderno de Educação Ambiental para Sustentabilidade”. Participação na produção de materiais da Divisão de Educação Ambiental dos 25 anos do Refúgio Biológico Bela Vista – RBV. REFÚGIO BIOLÓGICO BELA VISTA Projeto Amigos do Refúgio, formado por um grupo fixo de 20 crianças residentes no entorno do Refúgio Biológico Bela Vista, com as quais são realizadas atividades educativas quinzenais, no contraturno escolar, por meio de atividades com programação continuada ao longo do ano. Atividades na trilha dos sentidos: identificar facilidades para realização de atividades com olhar diferenciado para o nosso entorno; identificar cores, formas e tipos diferentes de materiais que poderão gerar artes. PROJETO ESCOLAS NO RBV Voltado para alunos das 4ªs séries das escolas municipais de Foz do Iguaçu, objetivando estimular o cuidado e a participação nas questões ambientais por meio de atividades lúdico-educativas tendo como tema “Água”. ANIVERSÁRIO DO REFÚGIO Planejamento e realização de atividades comemorativas dos 25 anos do RBV, evento que teve apresentação da peça teatral com o tema “As Histórias do Refúgio Bela Vista” e oficina de desenho sobre o aniversário, com participação dos moradores da comunidade da Vila C. ECOMUSEU Projeto Escolas no Ecomuseu, voltado a alunos de escolas municipais de Foz do Iguaçu, visando a estimular o cuidado e a participação nas questões ambientais. Realização de atividades educativas relacionadas à exposição “Consciência Hídrica” e “Cultivando Água Boa”. JOVEM JARDINEIRO Educação Ambiental para grupo de adolescentes (aulas semanais para grupo fixo). Atividades para sensibilizar sobre questões ambientais e sociais por meio de ações de educação ambiental fundamentadas no Cultivando Água Boa e na responsabilidade social institucional. Incentivo a atividades educativas, culturais e de lazer com os adolescentes do Projeto Jovem Jardineiro, voltadas especialmente à área ambiental. CULTIVANDO ÁGUA BOA 20 NOVEMBRO DE 2009 NOVEMBRO DE 2009 CULTIVANDO ÁGUA BOA 17 NO RITMO DO CAB COLETA SOLIDÁRIA Nas imagens, aprendizado teórico e prático de bioarquitetura; abaixo, seminário e feira sobre sementes no Paraguai NO RITMO DO CAB DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL INCENTIVO À PRODUÇÃO E CONSUMO DE ALIMENTOS ORGÂNICOS Formação do Comitê Gestor do Cultivando Água Boa em Diamante do Oeste. O programa mobilizou 30 pessoas para esse evento, no qual foram discutidas as diretrizes para o Programa de Desenvolvimento Rural Sustentável no município. DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA FAMILIAR Realização da Assembléia Geral da Cooperativa Agrofa- miliar Solidária dos Apicultores da Costa Oeste do Paraná (Coofamel) em Santa Helena, onde foram apresentados os resultados das ações em 2009 e definidas as metas para o próximo semestre. XIV FEIRA AGROECOLÓGICA A Feira foi realizada no Centro de Educación, Capacitación y Tecnología Campesina (CECTEC) na comunidade de Pirapey, Departamento de Itapuã, Paraguai. O evento desenvolveu seminários e apresentações cul- turais e contou com uma exposição de sementes crioulas de diversas variedades, muitas delas próximas de extinção. Representando o governo do Paraguai, participaram o Ministro do Meio Ambiente e o Vice-Ministro da Agricultura e uma equipe de funcionários da Itaipu (Diretoria de Coordenação). Além da Itaipu, a comitiva representava também duas instituições ligadas à agroecologia no Brasil: o ITEPA, representado por Nildemar Gonçalves da Silva, e o Fórum Oeste, representado por Salete Zilio. No decorrer do evento, várias reuniões e contatos foram feitos com instituições, autoridades, estudantes do Paraguai e da Argentina, com objetivo de criar o Comitê Gestor de Agroecologia na fronteira dos três países. REDE DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL Realização do II Módulo de Capacitação da Rede ATER (Assistência Técnica e Extensão Rural) em Marechal Cândido Rondon sobre o tema Sistemas Agroflorestais. Realizado encontro da Rede de ATER (CAPA, Biolabore, Sustentec, DESER, Instituto Maytenus e Itaipu) para definição de estratégias e ferramentas para a agricultura orgânica na BP3. Realizado o primeiro curso para formação de técnicos para atuar no Pronaf Sustentável na BP3, no Pólo Astronômico do PTI, promovido pela Agência de Desenvolvimento Regional do Extremo Oeste do Paraná (ADEOP) para 25 profissionais da região. ENTREGA DE SEMENTES A Unidade de Beneficiamento de Sementes do IAPAR de Palotina doou 500 kg de semente de cobertura à Fazenda da Esperança, de Toledo. O programa Desenvolvimento Rural Sustentável foi responsável por reali- zar o intermédio dessa doação para a Fazenda da Esperança, que atende jovens alcoólatras e dependentes químicos. CURSO DE BIOARQUITETURA Entre os dia 25 a 30 de setembro foi ministrado curso de Bioarquitetura pelo Tibá – Tecnologia Intuitiva e Bio-Arquitetura do Rio de Janeiro. O início se deu com palestra para estudantes de arquitetura, técnicos e agricultores da BP3, e seu desenvolvimento teve lugar em terreno onde será construída loja de produtos orgânicos que seguirá todos os preceitos da bioarquitetura e servirá como amostra prática desses conceitos. Participaram do curso, com duração de 40 horas, 20 pessoas, entre técnicos, agricultores, agentes de extensão e representantes da Prefeitura de Foz do Iguaçu. No curso foram apresentados conceitos de construção de banheiro seco, plastocimento, adobe, teto-verde, construção com bambu, conceitos de agroecologia e sistemas agroflorestais e biogeologia. COMITÊ GESTOR DE DIAMANTE DO OESTE No dia 28 de agosto foi realizada a reunião de Formação do Comitê Gestor do Cultivando Água Boa em Diamante do Oeste, com participação de 30 pessoas ligadas ao Programa Desenvolvimento Rural Sustentável. EM FOZ DO IGUAÇU Começo das gestões e debates em todos os Centros de Triagem da Cooperativa dos Agentes Ambientais objetivando a criação do Comitê Regional de Catadores Organizados, com sede em Foz do Iguaçu. Desenvolvimento de discussões da proposta de transformação da Cooperativa dos Agentes Ambientais de Foz do Iguaçu (COAAFI) em entidade com o título de Utilidade Pública. Participação no debate em torno da situação dos carroceiros de Foz do Iguaçu, segmento ainda não participante da cooperativa, quanto à utilização de suas carroças na coleta de materiais recicláveis. ENTREGA DE CARRINHOS ELÉTRICOS O projeto Coleta solidária fez entrega de carrinhos elétricos às organizações de catadores dos municípios de Cascavel, Vera Cruz do Oeste e Santa Helena, Céu Azul, Santa Terezinha de Itaipu, Medianeira, Palotina, Marechal Cândido Rondon e Cascavel. Junto à entrega foi feito trabalho de demonstração do funci- onamento e mecanismos dos carrinhos, em convênio com o Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis, e capacitação dos catadores para a operação do equipamento, em conjunto com o Instituto Lixo e Cidadania. EM CASCAVEL Reinauguração da Central de Processamento e Transferência de Materiais Recicláveis Ecolixo e entrega de carrinhos elétricos. A Cooperativa dos Trabalhadores Catadores de Material Reciclável assumiu a concessão de uso da estrutura da Ecolixo, sob a denominação de Central de Processamento e Transferência de Materiais Recicláveis. A cooperativa conta com 55 famílias cooperadas, atendendo, indiretamente, 273 pessoas. Catadores de recicláveis de Cascavel na reinauguração da Central de Processamento, com entrega de novos carrinhos elétricos, e, em Foz do Iguaçu, debate para a formação do Comitê Regional de Catadores Organizados: lixo que não é lixo, mas fonte de renda e respeito ao meio ambiente EM NOVA SANTA ROSA Desenvolvimento de trabalho de esclarecimento sobre a importância da formação de uma associação de catadores no município. A proposta foi bem aceita, prosperou e está praticamente consolidada. CADASTRO NACIONAL II SEMINÁRIO DE CATADORES O Centro Internacional de Hidroinformática (CIH), em cooperação com a Diretoria de Coordenação e a Coordenadoria de Energias Renováveis de Itaipu, entregou no Parque Tecnológico Itaipu (PTI) o Cadastro Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis. Serviço online elaborado pelo CIHC em software livre, o sistema vai contribuir diretamente na organização, integração e fortalecimento do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), além de permitir o acompanhamento da frota de carrinhos elétricos. Cerca de 200 catadores e técnicos dos municípios da BP3 realizaram o II Seminário Regional com o objetivo principal de constituir o Comitê Regional de Catadores Organizados, com sede em Foz do Iguaçu. A criação deste Comitê articula-se com o plano de consolidação de três comitês regionais na BP3 – em Foz do Iguaçu, Cascavel e Marechal C. Rondon. Foi decidido que a entidade terá sede em Foz do Iguaçu e que o comitê será formado por um catador por base. Na Expocatadores 2009, evento realizado em São Paulo com participação de 2.000 catadores do Brasil e da América Latina, a Itaipu foi premiada com o selo “Empresa Amiga do Catador”, em reconhecimento às ações do Projeto Coleta Solidária, do Cultivando Água Boa. CULTIVANDO ÁGUA BOA 16 NOVEMBRO DE 2009 NO RITMO DO CAB O Programa Desenvolvimento Rural Sustentável, em parceria com o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e a Agência de Desenvolvimento do Extremo Oeste do Paraná (Adeop), realizou capacitação dos técnicos que trabalharão no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) Sustentável. A instrução foi realizada em agosto no auditório do Polo Astronômico Casimiro Montenegro, do (PTI). Participaram do treinamento 25 pessoas que, a partir de setembro, realizam os trabalhos de campo nos municípios da BP3. APOIO À AQUICULTURA REGIONAL Orientação técnica para controle do mexilhão dourado nos tanques-rede para evitar que o molusco comprometa a eficiência desse sistema de produção de peixe. O projeto-piloto do programa, resultado de convênio entre a Adeop e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), atenderá 2,5 mil propriedades agrícolas nos 29 municípios da BP3. Será uma espécie de laboratório antes de o benefício se estender a outras regiões do país. VISITA DA FAO José Tobino, representante da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), visitou Itaipu e conheceu o programa de aquicultura e pesca, e participou do 2º seminário de peixes de água doce em São Miguel do Iguaçu. Tobino elogiou muito o trabalho de inclusão social e segurança alimentar, resultado da criação de peixes em tanques-rede por pescadores e índios. ATENDIMENTOS À COMUNIDADE Em atendimento à solicitação da Prefeitura de Itaipulândia, foram entregues 2.500 juvenis de pacu aos pequenos produtores rurais da cidade, com viveiros escavados subtilizados mas com potencial para boa produção. Foram entregues 1.500 alevinos de pacu em atendimento à solicitação da 3ª Companhia do 34º Batalhão da Infantaria Motorizado de Guaíra. Os alevinos foram soltos em viveiros escavados existentes nas dependências do Batalhão. Mais de 40 alunos do curso técnico em aquicultura do Instituto Federal do Paraná (IFPR) foram recebidos para uma visita no Canal da Piracema, onde foram apresentados os equipamentos, estrutura, fun- cionalidade e importância na biodiversidade da ictiofauna no Reservatório e no Rio Paraná. A TV Tarobá produziu e veiculou reportagem especial sobre a cadeia produtiva do pacu desde a produção do alevino e a engorda até o consumo na merenda escolar. Por iniciativa do IAP (Instituto Ambiental do Paraná), CREA (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) e EMATER/PR (Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural), foi dado curso de reciclagem em licenciamento ambiental para piscicultura. Foi realizado pregão eletrônico para compra de ração para peixes visando à produção de alevinos e a manutenção de matriz durante doze meses, sendo vencedora a Centro Oeste Rações S/A – Guabi de Sales Oliveira – SP, e o total de ração adquirida foi de 61.370 kg. Cadastro técnico no IBAMA das colônias de pescadores e do responsável pelo encami- nhamento dos processos de licenciamento das áreas aquícolas requeridas pelas colônias. Realização de vistoria da Marinha nas áreas aquícolas. Foi encaminhada, para formalização, minuta de convênio, plano de trabalho e requisição de compra para o convênio a ser celebrado entre Itaipu, Colônia de Pescadores São Francisco e Prefeitura de Entre Rios do Oeste, com o objetivo de promover a aquicultura no município. EVENTOS 2º Seminário Regional de Peixe de Água Doce de São Miguel do Iguaçu, com 425 participantes. Participação no 1º Concurso de Merendeiras para elaboração de receitas para a merenda escolar à base de peixe. Ministério da Pesca e Aquicultura realizou a 2ª Oficina Territorial para implantação da política de desenvolvimento da aquicultura e pesca no Paraná. CULTIVANDO ÁGUA BOA 21 Capacitação para o Pronaf Sustentável PRODUÇÃO DE PEIXES EM NOSSAS ÁGUAS BALANÇO DA PRODUÇÃO Volume de peixes produzidos em tanques-rede, consumidos ou comercializados pelos pescadores, assentados e índios, foi de 30.675 quilos. NOVEMBRO DE 2009 Piscicultura em tanques-rede no Lago de Itaipu prospera, inclusive nas comunidades indígenas, e atrai eventos da política nacional para o setor Adequação dos pontos de pesca Distribuição de lixeiras e orientação quanto à limpeza e retirada de animais domésticos nos pontos de pesca de Pato Bragado, Santa Helena, Missal e Entre Rios. Foi firmado acordo com as prefeituras desses municípios para periodicamente fazerem a retirada de lixo. Início da adequação dos pontos de pesca 18 ao 22. A Prefeitura de Itaipulândia contribuiu com máquinas e operários na adequação do ponto de pesca e se comprometeu com a retirada mensal do lixo do local. Produção e distribuição, pelo Centro de Produções Técnicas, de DVD sobre o processamento artesanal de pescado. Estação de Hidrobiologia Participação no II Congresso de Produção de Peixes Nativos em Cuiabá, MT, cujo principal objetivo foi adquirir conhecimento técnico para o desenvolvimento da reprodução de peixes nativos. No início de 2009, foi criado um plantel de reprodutores de pacus, curimbas e jundiás para avaliar o desempenho de maturação dessas espécies em tanques-rede, de acordo com pesquisas da Unioeste de Toledo, conveniada da Itaipu. O grupo forma a primeira das quatro turmas que devem passar pela capacitação. Boa parte da equipe já tem experiência na área ambiental e, alguns, também nos sistemas de produção agrícola. As instruções ficaram a cargo de técnicos da Itaipu, Iapar e Adeop. As exposições teóricas abordaram os conceitos e ferramentas do programa, questões ambientais, o diagnóstico das propriedades e o planejamento teórico e operacional das ações propostas pelo Pronaf Sustentável. A capacitação foi complementada com aulas práticas em propriedades rurais da BP3. Caberá aos técnicos levar à prática o enfoque sistêmico do programa. Eles abordarão os agricultores e farão o levantamento de diversas informações. Entre elas, as atividades desenvolvidas na propriedade, os fatores ambientais, a produção, a composição da família, aspectos econômicos e até dados mais subjetivos. Eles também pesquisarão o que o agricultor deseja para o seu futuro, quais os seus sonhos. A formatação do curso foi feita pela Itaipu. E não por acaso. A Itaipu assentou a base do projeto-piloto do Pronaf Sustentável ao desenvolver as ações do Cultivando Água Boa na BP3, região que foi escolhida pelo governo federal para testar o programa. Ainda em fevereiro de 2009, o MDA decidiu usar a experiência da Itaipu chamando a empresa, e também a Adeop, para a assinatura de um termo de cooperação para a implantação da fase inicial do programa. O curso teve boa avaliação em todos os aspectos (organização, instrutores, local, alimentação, etc.), tanto pelos participantes como pelos instrutores. (Saiba mais sobre o assunto na pág. 10) EXCURSÃO A NOVA AURORA No dia 8 de setembro, técnicos do Programa Desenvolvimento Rural Sustentável acompanharam um grupo de 34 pessoas, entre agricultores, técnicos e estudantes de Foz do Iguaçu, em visita a três pontos em Nova Aurora, que tem um programa de apoio às agroindústrias, entre elas a Empresa Rural Manarin, que assume a missão de “produzir com qualidade respeitando o meio ambiente e proporcionando aos consumidores uma vida mais saudável”. SIMPÓSIO SOBRE PLANTIO DIRETO NA PALHA Brasil e Paraguai realizaram conjuntamente um simpósio sobre Plantio Direto na Palha com enfoque na “qualidade garantindo sustentabilidade”. Itaipu participou por meio do diretor de Meio Ambiente, Nelton Friedrich, que proferiu palestra na abertura do evento sobre o tema “Produção integrada de alimentos e energia para uma nova agricultura”. EXCURSÃO DO ASSENTAMENTO S. ISABEL No dia 19 de setembro foi feita excursão com agricultores e técnicos do Assentamento Santa Isabel, do município de Ramilândia. Participaram 35 integrantes de projetos apoiados pela Itaipu, como Culturas Alternativas, Agricultura Orgânica, Agroindústrias, etc., com o objetivo de difundir técnicas de produção orgânica, diversificação e transformação da produção. CURSO DE PASTOREIO RACIONAL VOISIN Nos dias 23 a 25 de setembro foi realizado curso sobre Pastoreio Racional Voisin para 25 técnicos da Rede ATER com o professor Luiz Car- Reunião de criação da Associação de Produtores Orgânicos de Mundo Novo, MS; comitiva em visita ao Assentamento Santa Isabel, Ramilândia; e visita de agricultores a agroindústrias de Nova Aurora, como o Laticínio Manarin (abaixo) los Pinheiro Filho, em Malrechal Cândido Rondon. O curso foi promovido pela Sustentec, com apoio logístico da Itaipu, e organizado por técnicos da Biolabore e do Capa. III SEMINÁRIO DE APICULTURA DO OESTE DO PARANÁ No dia 26 de setembro foi realizado o III Seminário de Apicultura do Oeste do Paraná, na cidade de Santa Helena, com participação de aproximadamente 300 pessoas. Foi uma realização da Coofamel, Itaipu,, Biolabore, Sustentec, Emater, Sebrae e Unioeste. CRIAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DE PRODUTORES ORGÂNICOS DE MUNDO NOVO Também em setembro foi criada a Associação de Produtores Orgânicos de Mundo Novo, MS. Na assembléia estiveram presentes 36 produtores. A formalização da entidade foi incentivada pelos trabalhos da Suzete Ferrazza, consultora do Instituto Maytenus, e pelo técnico da Biola- bore Etiene Leite Júnior, que presta serviço de assistência técnica e extensão rural nesse município. FERRAMENTAS E ESTRATÉGIAS DA REDE ATER Realizado o 2º Módulo de Capacitação dos técnicos da Rede ATER, com foco no tema Sistemas Agroflorestais, escolhido pelos técnicos em reuniões anteriores ao evento. Esta capacitação contou com apoio financeiro da Produtores Associados para o Desenvolvimento de Tecnologias Sustentáveis (Sustentec) para pagamento das horas técnicas e despesas de viagem da instrutora Fabiana Mongeli Peneireiro. O curso foi prático e teórico. A parte prática foi desenvolvida numa propriedade de produção orgânica atendida pelo Centro de apoio ao Pequeno Agricultor (Capa). Foram capacitados 29 técnicos da Biolabore, do Capa e da Itaipu Binacional. CULTIVANDO ÁGUA BOA 22 NOVEMBRO DE 2009 GESTÃO DA INFORMAÇÂO TERRITORIAL EXECUÇÃO 2007 – 2009 Estruturação da Unidade de Geoprocessamento e da Unidade de Cartografia, com: concurso público para seleção e alocação de profissionais capacitados; disponibilização de plataformas de software e hardware adequados; disponibilização de conjunto de informações territoriais (banco de imagens satelitais e base cartográfica) apropriados; Atendidas, em 2007, 10.766 demandas, e, 2008, 14.596 demandas pela Unidade de Geoprocessamento e Unidade de Cartografia, com desenvolvimento de atividades como elaboração de mapas temáticos e topográficos, impressões de material geográfico, gravações de CD´s/DVD´s com informações geográficas, execução de atualizações na Base Cartográfica, atualizações de informações em SIG, levantamentos topográficos na região de influência da Itaipu, participação em reuniões e eventos externos. SISTEMATIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES TERRITORIAIS E HISTÓRICAS Sistematização do processo de concessão de áreas de Uso Múltiplo na Faixa de Proteção e Reservatório (aplicação OFP) e Controle dos Marcos da Poligonal Envolvente; sistematização do processo de elaboração dos projetos de Adequação Ambiental em Propriedades Rurais da BP3 (aplicação SIG@LIVRE), com armazenamento de informações de 5.213 projetos; desenvolvimento da aplicação CPTT – Cadastro de Projetos Técnicos e Temáticos, elaborados de Unidade de Geoprocessamento e Unidade de Cartografia, visando organizar e agilizar a recuperação de trabalhos já realizados por essas unidades, facilitando a elaboração de novas versões desses projetos; desenvolvimento da aplicação PMI - Portal de Mapas Itaipu para facilitar e democratizar o acesso às informações territoriais e ambientais da área de influência da Itaipu; participação com o Ministério do Desenvolvimento Agrário no desenvolvimento da metodologia do Pronaf Sustentável e coordenação no desenvolvimento da aplicação SIG@LIVRE SUSTENTÁVEL, para gestionar os dados desse programa. OPERAÇÃO DA UNIDADE DE GEOPROCESSAMENTO Atendimento de pedidos de diversas áreas de programas da Itaipu, prefeituras e instituições de ensino superior, foram elaborados trabalhos temáticos contendo informações geográficas da Área Prioritária e da Bacia do Paraná 3. 15 NO RITMO DO NO RITMO DO CAB OBJETIVO Manter, disponibilizar e evoluir o acervo de informações cartográficas e geográficas, com confiabilidade e integridade, da região de influência da Itaipu, subsidiando a tomada de decisão para adequada evolução da gestão territorial e ambiental da Entidade. A seguir, é presentada lista dos principais trabalhos e atividades desenvolvidas e a desenvolver nas 4 ações do programa, considerando execução no período de 20072009 e planejamento para o período 2010-2011. CULTIVANDO ÁGUA BOA NOVEMBRO DE 2009 CULTIVANDO ÁGUA BOA Trabalho conjunto com a Diretoria de Coordenação e Diretoria Técnica para compatibilização das curvas de nível de 1979, visando subsidiar estudos do alteamento ou deplecionamento do Reservatório; trabalho conjunto com a Diretoria Administrativa visando subsidiar a otimização das linhas coletivas de transporte dos empregados da Itaipu; convênio com a Agência Nacional de Águas (ANA) para codificação das bacias hidrográficas da área de influência da Itaipu, por meio da utilização de tecnologia de geoprocessamento e cartografia, com internalização da metodologia de codificação desenvolvida pela ANA; trabalho conjunto com a Diretoria Técnica de digitalização do material analógico sobre sondagem geológica anterior à construção da barragem, visando a modelagem geotécnica com o uso de técnicas de geoprocessamento e cartografia; atualização sistemática do banco de imagens satelitais da BP3 por meio de contratação e de convênios de cooperação; digitalização e georreferenciamento dos processo de concessão de áreas de uso múltiplo na Faixa de Proteção e no Reservatório: digitalização de 7.882 documentos (1.7 Gbytes) sobre 476 processos de concessão; relocação de 212 marcos da Poligonal Envolvente, com digitalização de 430 documentos (0,6 Gbytes). A partir desta página, até a 27, são apresentadas as principais ações desenvolvidas nos três últimos meses, nos 29 municípios da Bacia Hidrográfica do Paraná 3, pelos diversos projetos do programa socioambiental da Itaipu Binacional e seus parceiros SUSTENTABILIDADE DE COMUNIDADES INDÍGENAS TEKOHA OCOY, SÃO MIGUEL DO IGUAÇU Portal de mapas OPERAÇÃO DA UNIDADE DE CARTOGRAFIA Em atendimento a pedidos de diversas áreas formais e programas da Itaipu, foram elaborados 22 trabalhos técnicos, nos quais se destaca o desenho para adaptação da alça de acesso à (Universidade Federal da Integração Latinoamerican (Unila) a partir do trevo da Vila C, para acesso provisório de serviço, além de 49 plotagens de desenhos contendo informações geográficas da Área Prioritária e da BP3, dentre os quais se destacam: Fornecimento de dados da Estação Base de GPS para levantamentos externos; cópias de diversos desenhos com levantamentos efetuados para apoio e subsídios a diversas solicitações; adoção do padrão nacional de armazenamento de dados geográficos de acordo com metodologia da Comissão Nacional de Cartografia (Concar). LEVANTAMENTOS TOPOGRÁFICOS NA BP3 Concluídos 13 trabalhos de levantamentos topográficos/geodésicos na área de influência do Reservatório e regularização imobiliária, dentre os quais se destacam: Verificação de divisas da Poligonal Envolvente com a Fazenda Paulista em Santa Terezinha de Itaipu; levantamentos olanialtimétricos em áreas do Parque Tecnológico Itaipu (PTI); levantamento topográfico do terreno para o projeto do Posto da Polícia Florestal/Laboratório de Ictiologia em Santa Helena; estaqueamento e altimetria da área onde será implantado o acesso à Unila pelo trevo da Vila C; verificação de divisas em três lotes da Vila A para alienação.; levantamento planialtimétrico em áreas da usina para subsídio ao projeto de implantação de rede de esgoto; levantamento dos limites para revisão da RDE da Área Industrial. Apoio a confecção de cerca de divisa na aldeia Tekoha Añetete. Nascimento de dois bezerros do plantel bovino. Distribuição de sementes de melancia, melão e pepino. Apoio ao preparo de solo para plantio. Produção e distribuição de 106,5 kg de mel à comunidade Tekoha Añetete. Segurança alimentar e nutricional Apoio ao atendimento semanal de 20 crianças e 20 acompanhantes pelo Programa de Nutrição Infantil. Repasse de 120 cestas básicas à comunidade Tekoha Ocoy e 14 ao Programa de Nutrição Infantil. Atividade agropecuária Visita de representante da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) à aldeia com o objetivo de conhecer o programa de criação de peixes em tanques-rede pelos índios. Repasse de 32m³ de rama da mandioca para plantio. Fortalecimento da cultura ava guarani Valorização da mulher indígena por meio do fomento ao artesanato para comercialização, o que significa importante fonte de renda e melhoria da qualidade de vida. Uma compradora assídua é empresa suíça Gebana, que tem sede no Brasil. O grupo responsável pelas vendas é composto, em sua maioria, por mulheres indígenas. Venda de árvores da vida para a Prefeitura de São Miguel do Iguaçu. Formação de grupos de trabalho para fomento à produção agrícola familiar. Apoio à participação dos artesãos indígenas no SIPAT. Filmagens das TVs Cataratas, Naipi, Justiça e Tarobá na comunidade indígena do Ocoy, retratando a produção artesanal e o modo de vida na aldeia. TEKOHA AÑETETE, DIAMANTE DO OESTE Segurança alimentar e nutricional Apoio ao atendimento médio semanal de 33 crianças pelo Programa de Nutrição Infantil. Atividade agropecuária Fortalecimento da cultura ava guarani Apoio aos juízes federais no planejamento das ações a serem empreendidas no Projeto Expedição da Cidadania. TEKOHA ITAMARÃ, DIAMANTE DO OESTE Segurança alimentar e nutricional Apoio ao atendimento médio semanal de 26 crianças pelo Programa de Nutrição Infantil. Atividade agropecuária Repasse de 23 m³ de rama de mandioca para plantio. Reunião entre lideranças indígenas, representantes da Associação Indígena Tekoha Itamarã, Prefeitura de Diamante do Oeste e Itaipu para planejamento do plantio de mandioca a ser comercializada com a Cooperativa Agroindustrial Lar. Atividades comuns às três comunidades SAÚDE NA FRONTEIRA Apoio do grupo de trabalho do projeto Saúde na Fronteira, da Itaipu, no desenvolvimento de curso intensivo para os índios sobre a importância da alimentação e dos benefícios das vacinas na prevenção de doenças como gripe, sarampo, paralisia infantil e malária. VALORIZAÇÃO DA CULTURA AVA GUARANI Produção de DVD pelo Programa Ñandeva com cenas das danças, músicas e do cotidiano das três aldeias. Visita técnica de representante da Itaipu em área indíge- na argentina com o objetivo de prestar assistência e repassar metodologia para o plantio de mudas frutíferas. NUTRIÇÃO INFANTIL Consolidação de canais de comunicação entre as comunidades indígenas, Itaipu Binacional, Prefeituras Municipais e demais parceiros para fortalecer a logística para a nutrição infantil nas três aldeias. EXPEDIÇÃO DA CIDADANIA Cerca de 300 índios receberam documentos pessoais (identidade, CPF, carteira de trabalho e título de eleitor). 14 CULTIVANDO ÁGUA BOA Autoridades, lideranças e técnicos presentes na sessão de abertura do evento Condomínio de Agroenergia da Agricultura Familiar em Rondon “É uma oportunidade que os agricultores não podem deixar escapar”, afirma produtor rural Os dejetos, ao invés de poluidores do meio ambiente, passarão a ser fonte de biogás – combustível que movimentará uma microcentral termelétrica. O projeto utiliza tecnologias desenvolvidas na região para biodigestores, tubulações de gás e motogeradores. O custo estimado para as obras nas propriedades e na construção da microcentral (que será também uma estrutura voltada ao ensino e à pesquisa) é de cerca de R$ 29 mil por propriedade, totalizando R$ 1,1 milhão. A Itaipu e demais parceiros se responsabilizam pelo projeto, assistência técnica, materiais e equipamentos de construção, cabendo aos agricultores a mão-de-obra. Para o agricultor Gedson Vargas, dono de uma propriedade de 16 hectares e dedicado à produção de leite, “o condomínio é uma oportunidade que os agricultores não podiam deixar escapar, porque estamos recebendo tudo, e nós só temos que trabalhar. Vai ser muito bom para nós”. O diretor-geral brasileiro da Itaipu, Jorge Samek, destacou “o caráter social do projeto, que proporciona novas fontes de receita para o produtor rural, com a venda de energia, produção de biofertilizante e venda de créditos de carbono”. SANEAMENTO O projeto é um passo a mais no saneamento ambiental que vinha sendo adotado no Ajuricaba, uma das microbacias alvo do CAB. Conforme o superintendente de Energias Renováveis da Itaipu, Cícero Bley Jr., o projeto foi preparado e discutido ao longo de cinco meses pelos técnicos das instituições envolvidas e responde ao grande desafio que é inserir o pequeno produtor no mercado da agroenergia. “É um projeto que pode ser facilmente replicado em outras partes do país”, disse Cícero. Projeto é levado a encontro da FAO em Roma No dia 28 de outubro, o superintendente de Energias Renováveis, Cícero Bley Jr., e especialistas em agroenergia de outros continentes encontraram-se em Roma, Itália, para apresentar propostas de combate à pobreza por meio da bioenergia. O encontro foi convocado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), para tratar do seguinte tema: “Como projetar, implementar e replicar iniciativas de bioenergia de pequena escala orientada a um meio de vida sustentável na área rural”. Nas últimas três décadas, a bioenergia tem ocupado muito o interesse em sua difusão por parte da ONU e suas agências, com as quais a Itaipu mantém estreito relacionamento, como a FAO, a Onudi e a Unesco. No encontro de Roma, Itaipu, representada por Cícero Bley, foi convidada a expor o projeto do Condomínio de Agroenergia para Agricultura Familiar. Além de fazer a apresentação do projeto, Cícero Bley se reuniu com especialistas em busca de recursos para a criação de condomínios semelhantes em outras regiões do Paraná. Cícero Bley, coordenador de Energias Renováveis da Itaipu, expõe o projeto do condomínio CULTIVANDO ÁGUA BOA NOVEMBRO DE 2009 23 Obras de manutenção da infra-estrutura, como no acesso à usina, jardinagem nos estabelecimentos da Itaipu, coleta e destinação adequada de materiais recicláveis Autoridades e agropecuaristas conhecem o projeto na maquete da bacia do Ajuricaba zPIONEIRISMO No dia 13 de agosto, em Marechal Cândido Rondon, cerca de 300 pessoas, entre agricultores e autoridades federais, estaduais e municipais, participaram do ato de lançamento de um projeto pioneiro no país: o Condomínio de Agroenergia da Agricultura Familiar. Entre os presentes estiveram o prefeito de Rondon, Moacir Froehlich, o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Walter Bianchini, o diretor-geral da Itaipu, Jorge Samek, e o superintendente de Energias Renováveis da Itaipu, Cícero Bley Jr. Resultado de uma parceria entre a Itaipu Binacional, Prefeitura de Rondon, Secretaria de Estado da Agricultura, Copel, Emater, Iapar, Embrapa, Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI) e Instituto de Tecnologia Aplicada e Inovação, o projeto permitirá que 41 propriedades familiares estabelecidas às margens do Rio Ajuricaba, município de Rondon, utilizem dejetos da agropecuária para gerar energia para consumo próprio e para venda à Copel de eventuais excedentes. Inicialmente, porém, toda a energia será vendida à Copel, que paga por ela preço superior ao da energia que a empresa vende aos agricultores. NOVEMBRO DE 2009 NO RITMO DO CAB GESTÃO POR BACIAS HIDROGRÁFICAS PRÁTICAS CONSERVACIONAIS DE ÁGUA E SOLO Execução de 3,06 km de cercas em Pato Bragado. Calçamento com pedra irregular de 885 metros de estradas em Pato Bragado. Cascalhamento de 12,27 km de estradas em Ouro Verdedo Oeste. SANEAMENTO RURAL Coleta e destinação adequada, nos últimos quatro meses, de 20.322 toneladas de dejetos em 11 municípios, atendendo e beneficiando 651 produtores rurais. DIAGNÓSTICO DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS DE PROPRIEDADES Contratação da Empresa Conceito Assessoria e Planejamento Ambiental, de Marechal Cândido Rondon, para a revisão de 630 projetos de adequação ambiental em propriedades rurais nos municípios de Marechal Cândido Rondon, Medianeira, Céu Azul, Quatro Pontes, Pato Bragado e Matelândia. Contratação, pela Funda- ção Parque Tecnológico Itaipu, por meio de convênio, de novas empresas incubadas de Projetos Ambientais e Educação Ambiental para execução das ações previstas no referido convênio. Foram contratadas as empresas: Habitat e Nativa, de Foz do Iguaçu; Trovo e Viana, de Cascavel; e TecBio, de Marechal Cândido Rondon. Encontro técnico com acadêmicos de Agronomia da Unioeste de Marechal Cândido Rondon para ajustes metodológicos de forma a agilizar o processo de elaboração de projetos de adequação ambiental de propriedades rurais dentro do convênio firmado entre Itaipu e Unioeste. Desenvolvimento de tratativas em conjunto com a área jurídica e de compras para viabilizar e formalizar a seleção de parceiros para a continuidade dos diagnósticos dos recursos naturais renováveis de propriedades rurais em convênio com universidades da região. INFRAESTRUTURA EFICIENTE Manutenção do sistema viário da Itaipu com serviços de prevenção e correção, especialmente de drenagem pluvial, sinalização horizontal e vertical, meio-fio, cercas, muros, calçadas, estrada de acesso e vias internas da usina. Manutenção dos sistemas elétrico e hidráulico na usina. Correção do pavimento com pedra no Refúgio Biológico Bela Vista, Parque da Piracema e no estacionamento dos visitantes. Entregue o estudo de alternativas de acesso à Universidade de Integração LatinoAmericana (UNILA) pela empresa Dalcon Engenharia Ltda., aceita pela Diretoria da Itaipu. Reurbanização da Avenida Tancredo Neves, que dá acesso à usina. COLETA E DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E VARRIÇÃO Coleta de lixo, varrição de ruas, praças e avenidas, poda de árvores, recolhimento de entulhos orgânicos e inorgânicos. Lixo orgânico coletado: 23.730 kg. MANUTENÇÃO DO SISTEMA ELÉTRICO Confecção de eletroduto e instalação no painel do religador do alimentador 14 para lançamento da alimentação auxiliar. Reinstalação de conjuntos de lâmpadas ultra violeta no Refúgio Biológico Bela Vista. Instalação de novo suporte para elevação da altura das luminárias da barreira de controle na entrada da usina. Atendimento emergencial à ruptura de cabo de aterramento devido à escavação perto do mirante. Manutenção da infraestrutura mecânica, hidráulica e de combate a incêndio. Monitoramento da rede de água tratada das áreas externas da usina. Apoio aos trabalhos de abastecimento de água bruta. Monitoramento da Esta- ção de Tratamento de Esgoto do Centro de Recepção de Visitantes (CRV). Manutenção de carrinhos da Coleta Solidária. Limpeza dos poços da estação elevetória do esgoto Bela Vista. Lavagem dos módulos da Estação de Tratamento de Água e substituição dos tirantes das cortinas. Inspeção geral do funcionamento das bombas das estações elevatórias dos esgotos do Refúgio Biológico Bela Vista. Substituição de bomba da estação elevatória do Centro ce Recepção de Visitantes. Sondagem do solo do local onde será instalada a Estação de Tratamento de Efluentes para os escritórios da Central Hidrelétrica Itaipu. SANEAMENTO NA REGIÃO DESTINAÇÃO ADEQUADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS A Central de Triagem de Resíduos Recicláveis repassou à Cooperativa dos Agentes Ambientais de Foz do Iguaçu (Coaafi) 13.373 kg de resíduos sólidos (papel, papelão, plástico, latas, etc.). CONTROLE DE VETORES DE PRAGAS Para manter higienizados os ambientes e o patrimônio, foi feito controle de pragas e insetos nas edificações do Parque Tecnológico Itaipu. Monitoramento preventivo contra infestações de insetos, roedores e ervas nas subestações das margens brasileira e paraguaia, e controle de larvas do mosquito da dengue nas áreas de paisagismo e edificações internas e externas da Itaipu (internas e externas) e do Floresta Clube. Controle de formigas nas áreas de paisagismo reflorestadas do RBV e nas áreas verdes e edificações de responsabilidade da Itaipu na Vila “A”. CULTIVANDO ÁGUA BOA 24 NOVEMBRO DE 2009 CULTIVANDO ÁGUA BOA NOVEMBRO DE 2009 13 NO RITMO DO CAB PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERÁPICOS IMPLANTAÇÃO DO USO NOS MUNICÍPIOS Realizados dois módulos teóricos e quatro práticas ambulatoriais para médicos, dentistas, nutricionistas e outros profissionais, com vistas à utilização da fitoterapia no atendimento à saúde, especialmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). VISITA AO VIVEIRO DA EMPRESA CHAMEL Em visita técnica realizada no viveiro de mudas medicinais da empresa Chamel, o Projeto de Plantas Medicinais recebeu 500 mudas de espinheira santa para multiplicação no horto da Itaipu. As mudas produzidas serão utilizadas para produção de plantas desidratadas no Ervanário da Itaipu e doadas a agricultores da região. RECEPÇÃO DE VISITAS TÉCNICAS O projeto recebeu visita técnica de representantes da Prefeitura de Enéas Marques, Ato simbólico envolveu e empolgou milhares de pessoas nos 29 municípios da BP3... ... e as crianças em festa lançaram os balões com as sementes zDIA DA ÁRVORE Balões espalham sementes sobre os municípios da BP3 A idéia partiu dos gestores de educação ambiental dos 29 municípios da BP3 dos coordenadores da Secretaria de Meio Ambiente do Paraná (SEMA) e de participantes de cursos realizados pelo Centro Integrado de Educação, Natureza e Saúde (ACIENS). Os visitantes conheceram as atividades do Ervanário da Itaipu e os processos empregados na desidratação de plantas medicinais, bem como o trabalho realizado pela empresa no setor. O projeto também recebeu visitas técnicas de representantes do setor metalúrgico da Bélgica e turistas franceses interessados em conhecer as atividades desenvolvidas pela Itaipu na área de plantas medicinais e outros projetos socioambientais. AUMENTO EXPRESSIVO DO CONSUMO Em Santa Helena, o Comitê Gestor do Cultivando Água Boa constatou aumento de 40% para 82% na utilização de plantas medicinais e fitoterápicos em função do trabalho desenvolvido pelo Projeto de Plantas Medicinais da Itaipu e parceiros. INCENTIVO À AGRICULTURA FAMILIAR Dando continuidade à política de incentivo à agricultura familiar para produção de plantas medicinais na BP3, com ênfase na atenção básica à saúde, a Itaipu produziu e distribuiu mais 5.492 mudas só nos meses de agosto e setembro. PARTICIPAÇÃO NA SIPAT Projeto Plantas Medicinais participou da Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho na Itaipu doando mudas de espécies medicinais para os funcionários. Plantas medicinais contra o tabagismo Quem fuma sabe: largar o vício do cigarro não é nada fácil, ainda mais para quem não pode pagar um tratamento à base de medicamentos importados tidos como revolucionários, ou sequer encontra palavras de incentivo entre amigos e familiares. Mas, em Foz do Iguaçu, um tratamento inédito e gratuito oferece medicamentos 100% naturais e muitos ombros amigos. Com a ajuda da Itaipu, profissionais de dois postos municipais de saúde incluíram plantas medicinais no tratamento antitabagis- ta. Os fitoterápicos são doados pela Itaipu e complementam a ação de remédios alopáticos (químicos) e das terapias de grupo. Para quem participa, fumaça, agora, só a da infusão das ervas no preparo dos chazinhos. “Os resultados são muito positivos”, garantem os responsáveis pelo projeto. O Dia Mundial da Árvore (21 de setembro) ganhou tons de celebração da natureza e até ares de feriado nos municípios da BP3. Em cada uma das 29 cidades da BP3 foram soltos, simultaneamente, mil balões biodegradáveis com sementes de árvores nativas, como ipê, angico, paineira e aroeira, entre outras. A idéia partiu dos gestores de educação ambiental dos 29 municípios da BP3. Itaipu assumiu, forneceu os balões e as sementes e as transportou até os locais de lançamento aos ares da região. Não se trata de apresentar isto como método eficiente de plantar árvores, que pode funcionar apenas em determinados ambientes e com determinadas espécies de árvores. O gesto da Itaipu e parceiros no Cultivando Água Boa foi mais simbólico do que prático, até porque em cada balão foram lançadas duas sementes. Como disse na ocasião o diretor de Meio Ambiente da Itaipu, Nelton Friedrich, “o simbolismo é forte, mas não de ficar restrito ao dia 21 de setembro, pois todo dia deve ser dia da árvore, plantando ou adotando uma. O mundo só vai resolver o seu grande problema se reassumir a sintonia com a natureza, e dentro dela a árvore tem um Anna Rebeca Macedo Mazzarollo LABORATÓRIO HERBARIUM Representantes da Itaipu e Sustentec reuniram-se com o Laboratório Herbarium, em Curitiba, para negociação de venda de plantas medicinais produzidas por agricultores orgânicos da Bacia Hidrográfica do Paraná 3. O Laboratório Herbarium é o maior produtor de fitoterápicos do Paraná, portanto um potencial comprador da produção de plantas medicinais incentivada pelo projeto da Itaipu, que, além da produção, tem se preocupado com a comercialização dos produtos. Entre as plantas de interesse do laboratório estão o guaco, a espinheira santa e azedoaria, que já podem ser produzidas pelos agricultores e comercializadas com o laboratório para produção de medicamentos fitoterápicos. Estufa de ervas medicinais; Laboratório de Extrato Seco; cultivo, processamento e produtos prontos para distribuição, consumo e saúde popular papel decisivo”. Ou como entendeu a diretora da Escola Padre Luigi, de Foz do Iguaçu, Paulina Simões: “É uma forma lúdica de as crianças compreenderem a importância da árvore e da preservação do meio ambiente.” “Vai ajudar a nascer mais árvores” Em Medianeira, crianças de todas as escolas municipais e estaduais se reuniram na praça central da cidade para soltar os balões, ao som da fanfarra do Colégio Estadual João Manoel Mondrone. “É importante, vai ajudar a nascer mais árvores na natureza”, disse Iuri, de 10 anos, da 4ª série da Escola Monteiro Lobato. Feita a contagem regressiva, o céu de Medianeira se coloriu de verde, amarelo, azul e vermelho, as cores de Itaipu. Em Marechal Cândido Rondon também teve festa, com participação de cerca de 300 estudantes. O ato incluiu apresentações culturais, o lançamento dos programas Berçário Natural e Aquecedor Solar Ecológico e entrega das lixeiras ecológicas às escolas públicas e ao parque Anitta Wanderer. “Resolvemos integrar todas as ações voltadas ao meio ambiente e ao turismo, que agregam um mesmo projeto”, disse Celiria Smaniotto, gestora ambiental da Itaipu e funcionária da Secretaria de Educação da Prefeitura de Marechal Rondon. CULTIVANDO ÁGUA BOA 12 NOVEMBRO DE 2009 zTECNOLOGIA Laboratório Ambiental da Itaipu inova métodos de exames clínicos Farmacêutica-bioquímica e equipe desenvolvem teorias e procedimentos únicos na biologia e meio ambiente O protozoário Acanthamoeba spp., causador de doenças que podem ser fatais, como ceratite e encefalite, leva uma média de 30 a 40 dias para ser identificado em exames tradicionais. Porém, a pesquisa, aliada à vontade de aperfeiçoar e criar novos métodos, levou os biólogos e bioquímicos do Laboratório Ambiental da Itaipu a descobrir uma técnica para reduzir esse tempo para apenas 48 horas. É apenas um exemplo dos conhecimentos desenvolvidos no Laboratório Ambiental da Itaipu transmitidos no 1° Curso sobre Técnicas Laboratoriais Aplicadas em Amostras Biológicas Ambientais, realizado em julho, com participação de 32 pessoas, entre profissionais da área, acadêmicos, professores e representantes do Parque das Aves e da Vigilância Sanitária de Foz do Iguaçu. Para o professor de Biome- Leonilda Correia dos Santos, responsável pelo Laboratório Ambiental da Itaipu: referência em novos métodos dicina da Uniamérica, Ney Carlos Lucca, o curso foi “uma excelente oportunidade de agregar novos valores em relação a exames laboratoriais nas áreas de zoologia e meio ambiente. As ideias apresentadas vão me ajudar em pesquisas que vou desenvolver, além de serem novos conhecimentos que poderei passar para meus alunos.” No curso também foi apre- sentado o método do Exame a Fresco, criado pelo Laboratório Ambiental e que serve para identificar infecções bacterianas a partir de um simples hemograma. Segundo a farmacêutica e bioquímica Leonilda Correia dos Santos, responsável por essas e outras descobertas, o curso mostrou que o laboratório começa a se consolidar como referência no campo da pesquisa e desenvolvimento de novos métodos de exames laboratoriais. Para a farmacêutica e bioquímica Michelle Pires Cubilla, “o curso ofereceu uma visão multiprofissional, envolvendo técnicas das áreas ambiental e de animais, mas que também podem ser utilizadas em exames humanos”. Michelle, que também é bolsista em pesquisa pelo Parque Tecnológico Itaipu, acredita que as teorias e os métodos desenvolvidos por Leonilda são únicas. “Ela tem uma visão direcionada para a pesquisa privilegiada. Com seus novos métodos, ela acaba revendo e melhorando várias técnicas laboratoriais, ocasionando um avanço inevitável na área.” Os participantes do curso receberam, ainda, 280 arquivos com artigos científicos, fotos, legislação e apostilas diversas. PALESTRA DE PETER HECK Jogar lixo fora é enterrar dinheiro No dia 22 de julho, o professor Peter Heck, coordenador do Programa de Mestrado Internacional em Gestão de Resíduos Sólidos da Universidade de Trier, Alemanha, proferiu palestra na Unioeste para autoridades, técnicos da Itaipu e catadores de materiais recicláveis. “Quando enterramos o lixo orgânico, estamos enterrando dinheiro”, afirmou Peter Heck, sugerindo que grande parte dos resíduos orgânicos pode ser transformada em energia e fertilizante. A palestra abriu as atividades de 2009 do Fórum Regional Lixo e Cidadania da BP 3, que reúne catadores, prefeituras e autoridades. Heck disse que na Alemanha é proibida a criação de aterros sanitários para destinar o lixo. “Isso é loucura”, diz. Ao invés de enterrar o problema, o governo recicla o lixo, gerando renda e empregos e reduzindo os passivos ambientais. Por lá, já existem quase quatro mil usinas, que transformam resíduos orgânicos em gás, energia e fertilizante. A intenção é chegar a 10 mil até 2020. Segundo Heck, uma tonelada de biomassa tem a energia de 50 litros de óleo e 600 kg de fertilizante. “O Brasil não precisa de óleo e fertilizante? Então por que joga o lixo fora? No Brasil, 70% do lixo é orgânico. Apenas 5% dos resíduos não podem ser aproveitados”, disse. Segundo o especialista, a experiência da Alemanha pode ser trazi- Heck falou para autoridades, técnicos da Itaipu e catadores de materiais recicláveis da ao Brasil. Ele é diretor de um instituto que difunde a reciclagem de lixo orgânico. O instituto tem parcerias em 21 países e, no Brasil, estuda fazer o tratamento dos resíduos do Aterro da Cachimba, na região metropolitana de Curiti- ba. Com 250 mil habitantes, o município de Colombo, por exemplo, gera 20 mil toneladas de material orgânico anualmente. Entre produção de energia, biogás, fertilizantes e créditos de carbono, a cidade deixa de ganhar quase 3 milhões de reais por ano. “É preciso parar de enterrar dinheiro”, pregou o professor alemão. “Não precisamos dar nem oxigênio, só um lugar quente e úmido, e as bactérias fazem todo o trabalho de graça.” NOVEMBRO DE 2009 CULTIVANDO ÁGUA BOA 25 NO RITMO DO CAB BIODIVERSIDADE, NOSSO PATRIMÔNIO CONSERVAÇÃO E MANEJO DE ANIMAIS SILVESTRES Nascimento de dois veados-bororó, duas harpias (uma não sobreviveu), um cervo-do-pantanal e duas jaguatiricas gêmeas. MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA Monitoramento radiotelemétrico pela equipe da Divisão de Reservatório com downloading dos dados armazenados, coleta e marcação de peixes, para análise de consultoria especializada. Instalação de estruturas para captura e amostragem de peixes junto ao Canal de Águas Bravas. OPERAÇÕES DE RESGATE Com relação às operações de resgate em unidades geradoras, no período foram realizadas 16 operações, totalizando 4.796 exemplares de 16 espécies. CONSERVAÇÃO/RECUPERAÇÃO DE ÁREAS PROTEGIDAS Continuidade dos trabalhos de recuperação florestal das áreas protegidas da Itaipu com plantio de 4,53 ha (3,82 hectares no Refúgio Biológico Bela Vista e 0,1 hectare na Faixa de Proteção do Reservatório, totalizando 11.225 mudas plantadas). Manutenção florestal em 117,09 hectares do Refúgio Biológico Bela Vista, objetivando o pleno desenvolvimento dos reflorestamentos já implantados. PRODUÇÃO E EXPEDIÇÃO DE MUDAS Foram produzidas e faturadas 42.000 mudas de três espécies no Viveiro Florestal de Foz do Iguaçu. O estoque atual de mudas é de 352.100 unidades de 68 espécies, em três diferentes estágios de crescimento. Expedidas a campo 56.500 mudas. LABORATÓRIO DE SEMENTES Coletados 38,98 quilos de sementes de 9 espécies arbóreas. O estoque atual é de 246,19 kg de sementes de 71 espécies. Doado 1,89 quilo de sementes ao Horto Municipal de Foz do Iguaçu. A meta de 34.000 hectares de área conservada estabelecida no período foi integralmente atendida, tendo sido realizadas as seguintes atividades: Manejo e conservação florestal: poda de condução em 45.633 m de extensão na Faixa de Proteção do Reservatório. Combate a incêndio florestal em área de 3,5 ha em S. Terezinha. Coleta, seleção e armazenamento de sementes, nascimento de animais silvestres, produção e plantio de mudas envolvem a população na preservação e reconstituição do meio ambiente natural MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO AMBIENTAL LABORATÓRIO AMBIENTAL 56 exames no setor de controle nos postos de trabalho. 252 exames nos setores de conservação e manejo de animais silvestres, operação do Zoológico Roberto Ribas Lange e monitoramento da ictiofauna. 297 exames na operação do Laboratório Ambiental e 149 exames no setor de Vigilância Epidemiológica. 15 exames no setor de implantação do uso de plantas medicinais e fitoterápicos. MONITORAMENTO DO RESERVATÓRIO E AFLUENTES Acompanhamento da campanha de mo- nitoramento da qualidade da água do reservatório. Realizada campanha de monitoramento de tanques-rede. Finalizado o manual de especificação técnico-operacional de monitoramento participativo de rios e todo o material necessário para incubação das empresas de monitoramento junto à Fundação Parque Tecnológico Itaipu. Realização de campanha de campo para coleta de amostras e início do processamento de dados. Inspeção de campo em cada uma das estações visando às melhorias a serem efetuadas. 26 CULTIVANDO ÁGUA BOA NOVEMBRO DE 2009 Coral dos formandos (foto à esq.) abrilhantou a solenidade, prestigiada pela presença de familiares, amigos, instrutores, diretores da Itaipu, que ofereceu o curso, e autoridades NO RITMO DO CAB FORMATURA DE JOVENS JARDINEIROS No dia 23 de julho, no CRV, houve a formatura da sexta turma, de 19 alunos, do Projeto Jovem Jardineiro, depois de um ano de estudos e atividades. Os formandos foram acompanhados de familiares e prestigiados com a presença de autoridades, gestores e atores do projeto. Desde sua implantação, o projeto já capacitou mais de 200 jovens. O projeto atende a adoles- Heitor Winckler Daiane Klima centes com idade entre 16 e quentava o terceiro ano do ensino médio e 18 anos e trabalha com jardinagem, eduainda estava confuso sobre qual curso prescação ambiental, cerâmica, informática e canto. As aulas ocorreram no Refúgio Biotaria vestibular. Pouco tempo depois, o inlógico Bela Vista. A presença no programa teresse pelo meio ambiente cresceu e o gagarantiu ainda, para cada estudante, uma roto decidiu seguir profissão na área. Hoje, bolsa-auxílio de um salário mínimo e, ao Heitor é acadêmico do segundo período de final do treinamento, um kit de jardinagem engenharia ambiental. “Meu interesse foi para poderem trabalhar. despertado durante as aulas práticas no “O projeto possibilita vários aprendizaRefúgio Biológico, onde tínhamos contato dos”, diz seu coordenador, Renê Diomar direto com a natureza, plantas e animais”, Fernandes. “O curso não se restringe ao enconta. sinamento de uma profissão aos jovens ou Já Daiane Patrícia Klima, 17 anos, não à inserção deles no mercado de trabalho, pretende seguir profissão na área de meio mas avança para o despertar de uma nova ambiente. Contudo, diz que mudou a maconsciência por meio do conhecimento, saneira de pensar a respeito do assunto. “Levo bedoria e respeito ao meio ambiente e à comigo outras perspectivas e significados cidadania.” sobre meio ambiente, natureza e cidadania, além de mais conhecimento e experiência. BONS EXEMPLOS Espero crescer com isso”, diz Daiane, aluna Heitor Manoel Ries Winckler, 18 anos, do quarto ano de magistério do Colégio descobriu a aptidão profissional durante o Barão do Rio Branco. curso. Quando ingressou no projeto fre- CULTIVANDO ÁGUA BOA NOVEMBRO DE 2009 Jorge Samek e Nelton Friedrich, da Itaipu, com Ricardo Young, presidente do Instituto Ethos 11 Heloísa Covolan apresenta relatório da Itaipu com metodologia GRI zEVENTOS Para apaixonados por jardinagem Tudo bem que quem planta e cuida do seu canteiro, pátio ou jardim já ajuda o meio ambiente. Mas pode fazer mais. Pode fazer um jardim 100% correto. Quem dá as dicas é o agrônomo e paisagista Toni Backes, com seus dez mandamentos para criar um jardim ecológico: 1. Recrie o ambiente mais próximo do original (faça um programa de necessidade da natureza), mas evite coleta de plantas do ambiente natural. 2. Plante diversidade. Quanto mais plantas diferentes, mais chance de ter jardim atrativo para a fauna. Plante principalmente espécies nativas. Maneje também as plantas espontâneas, invasoras. 3. Faça um jardim estético, mas produtivo. Existem inúmeras espécies rústicas de usos medicinais e alimentares. 4. Evite gramados e uso de canteiros com flores anuais, pois são os vegetais que mais requerem manutenção e só servem para a contemplação. 5. Tenha local com água (vertente, açude, laguinho, recolhimento de água da chuva, etc.). 6. Melhore o microclima com uso de vegetação, reduzindo ventos, altas temperaturas, baixa umidade, geadas, reflexão do sol. 6. Tenha no jardim abrigo, água e alimentação para atração de animais, especialmente aves. 7. Faça reciclagem de matéria Itaipu no debate da responsabilidade social e ambiental nas empresas Diretores da binacional participaram de encontro da Global Reporting Initiative e do Instituto Ethos orgânica, evite trazer terras do ambiente natural. Não tenha solo coberto, use sempre vegetação ou faça "mulches". Não use agrotóxicos e adubos químicos. 8. Adapte e climatize as edificações com telhados vivos, trepadeiras, etc. Use pisos com superfícies drenantes e com materiais de baixa pegada ecológica. 9. Não tenha pressa, o jardim não precisa ser feito todo de uma vez; deixe a natureza agir. Nos dias 18 e 19 de junho de 2009, o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Jorge Samek, o diretor de Meio Ambiente, Nelton Friedrich, e a coordenadora de Responsabilidade Socioambiental, Heloisa Covolan, participaram do Encontro Anual do Conselho de Stakeholders da Global Reporting Initiative (GRI), em São Paulo. O encontro aconteceu paralelamente à Conferência Internacional do Instituto Ethos, o maior evento latino-americano sobre responsabilidade social empresarial. Os representantes da Itaipu foram recebidos pelo presidente da GRI, Ernst Ligteringen, que esteve na empresa no ano passado para o lançamento do Relatório de Sustentabilidade relativo a 2007. O conselho da GRI é formado por 50 pessoas de várias partes do mundo, que representam organizações da sociedade civil, empresas e governos. É esse conjunto de pessoas envolvidas (stakeholders) que estabelece os indicadores da GRI para a elaboração de relatórios de sustentabilidade. A Itaipu, que há dois anos elabora relatórios de acordo com essas diretrizes, foi co-patrocinadora da vinda do grupo ao Brasil. Foi a primeira vez que o grupo se reuniu fora da Holanda, país sede do GRI. “A NOVA GERAÇÃO” Samek exibiu aos integrantes do conselho o filme “Itaipu, a nova geração”. De acordo com Heloisa, os conselheiros “ficaram muito impressionados com a qualidade da plataforma de iniciativas de sustentabilidade adotadas pela Itaipu para colaborar com o desenvolvimento sustentável da região”. Para dar uma dimensão do trabalho, Samek destacou que a Bacia do Paraná 3 (BP3) – região de influência da binacional e alvo do programa socioambiental Cultivando Água Boa – é a área mais produtiva da agroindústria paranaense e ocupa um espaço maior que alguns países europeus. Samek também ressaltou as razões que levaram a Itaipu a adotar os indicadores da GRI. Holandês Ernst Ligteringen no lançamento do Relatório de 2007 “As diretrizes da GRI são como guias para aprimorarmos cada vez mais a gestão da sustentabilidade do nosso negócio, que, além de gerar a energia mais limpa da matriz brasileira, promove o desenvolvimento das pessoas que trabalham na empresa, aumenta o cuidado com a natureza do nosso entorno, incentiva a economia da região e participa de esforços coletivos para a inclusão social daqueles que ainda não têm seus direitos fundamentais garantidos”, disse Samek. A Itaipu também colabora com a ampliação ou melhoria dos indicadores da GRI. Representando o Brasil no Grupo Consultivo formado por 15 pessoas de vários países, Heloisa Covolan integra um projeto da GRI e do Banco Mundial para estudar os indicadores de gênero. Conferência Internacional do Instituto Ethos Jorge Samek e Nelton Friedrich também participaram de oficina da Conferência Internacional do Instituto Ethos e foram recebidos pelo presidente da entidade, Ricardo Young. A Itaipu ainda integrou o estande da Eletrobrás, que foi a maior patrocinadora do evento, e distribuiu brindes elaborados pela comunidade indígena ava guarani aos mais de 1.200 participantes do evento. Antes do encerramento, os diretores da Itaipu receberam o Compêndio de Sustentabilidade das Nações, das mãos da autora da obra, Anne Louette. O trabalho apresenta indicadores desenvolvidos por vários países para medir o índice do bem-estar das populações, indo além dos índices puramente de crescimento econômico, como o Produto Interno Bruto (PIB). Movimento desencadeado a partir do Butão, país asiático situado entre a China e a Índia, em contraposição ao índice PIB, introduz o índice FIB (Felicidade Interna Bruta). O livro, com patrocínio da Itaipu e outras entidades, seria lançado em Curitiba no dia 21 de julho, na sede do Sesi/ Fiep. CULTIVANDO ÁGUA BOA 10 NOVEMBRO DE 2009 CULTIVANDO ÁGUA BOA NOVEMBRO DE 2009 Criança: cidadã ou consumista? Por Frei Betto, escritor Evento teve lugar no Centro de Treinamento da Itaipu e foi protagonizado pela Itaipu, Adeop e MDA, representado por seu delegado no Paraná, Reni Denardi zCRÉDITO RURAL Pronaf Sustentável é lançado na Bacia Hidrográfica do Paraná 3 Representante do MDA diz que não faltarâo linhas de crédito para investimento na agricultura familiar Em ato realizado no Auditório Integração, do espaço Treinamento da Itaipu, no dia 31 de julho, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a Itaipu e a Agência de Desenvolvimento do Oeste do Paraná (Adeop) lançaram o Programa Pronaf Sustentável na Bacia Hidrográfica do Paraná 3 (BP3). O MDA esteve representado por Reni Denardi, da Delegacia Federal do Desenvolvimento Agrário no Paraná; pela Itaipu, o diretor de Meio Ambiente, Nelton Friedrich, entre outros; e pela Adeop, o diretor Elsídio Cavalcante Barbosa. A instituição do Programa Nacional de Fortalecimento Agricultura Familiar Sustentável, ou simplesmente Pronaf Sustentável, foi concebido em 2007 pelo MDA e consolidado em 2009 pelo Decreto 6.882. De acordo com o MDA, o programa objetiva “diagnosticar, planejar, orientar, coordenar e financiar unidades produtivas de agricultores familiares e assentados da reforma agrária no âmbito das modalidades de crédito rural do Pro- grama Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar Sustentável”. Há muito reivindicada por organizações de apoio à agri- cultura familiar, a nova modalidade de crédito considera a propriedade rural como um todo, nos seus múltiplos aspectos e funções, não apenas ati- vidades isoladas ou tópicas, como cultura do milho, da soja, feijão, agroindústria, agricultura orgânica, etc. Por ele, todas as modalidades e possibilidades agrícolas e não agrícolas (como o turismo rural, por exemplo) de uma propriedade rural familiar podem ser contempladas em único projeto global. Desde o início da gestação do novo programa, a Itaipu não só se interessou por ele, no contexto do Programa Cultivando Água Boa e seu projeto específico para a agricultura familiar, como também foi fonte de subsídios para sua estruturação pelo MDA. Agora, com a institucionalização da Pronaf Sustentável, Adeop, Itaipu e MDA assumem a tarefa de apoiar sua implementação nos 29 municípios da BP3 – alvo do Cultivando Água Boa. Denardi: um salto de qualidade Na cerimônia de lançamento do programa, o representante do MDA, Reni Denardi, afirmou que “o Pronaf Sustentável representa um salto de qualidade, pois flexibiliza o fornecimento do crédito agrícola. Antes, o crédito tinha um fim específico, agora é possível investir em qualquer material da cadeia produtiva. Isso incentiva os pequenos produtores a planejar a produção a médio e longo prazos, e estabelece uma relação próxima entre o agricultor, a assistência técnica e a instituição de crédito.” Reni informou que já estão destinados R$ 13 bilhões para o Pronaf nacional, dos quais R$ 1 bilhão para o Paraná. “O presidente Lula garantiu que não faltarão linhas de crédito para investimento na agricultura familiar. O problema não é falta de recursos, mas a capacidade operacional dos produtores”, disse Reni. No primeiro momento, para a região da BP 3, o Pronaf Sustentável vai investir R$ 2,6 milhões. Pesquisas indicam que as crianças brasileiras costumam passar quatro horas por dia na escola e o dobro de olho na TV. Impressiona o número de peças publicitárias destinadas a crianças ou que as utilizam coo isca de consumo. A pesquisadora Susan Linn, da Universidade de Harvard, constatou que o excesso de publicidade causa nas crianças distúrbios comportamentais e nutricionais. De obesidade precoce, pela ingestão de de alientos ricos em açúcares ou gorduras saturadas, como refrigerantes e frituras, à anorexia provocada pela obsessão da magreza digna de passarela Sexualidade precoce e desajustes familares são outros efeitos da excsiva exposição à publicidade. São menos felizes as crianças influenciadas pelas idéias de que sexo independe de amor, a estética do corpo predomina sobre os entimentos e a felicidade reside na posse de bens materiais. Impregnada desses falsos valores, tão divulgados como absolutos, a criança exacerba suas expectativas. Se ua criança associa sua felicidade a propostas consumistas, tanto maior será sua frustração e infelicidade, seja pela impossibilidade de saciar o desejo, seja pela incapacidade de cultivar sua autoestima a partir de valores enraizados em sua subjetividade. Torna-se, assim, ua criança rebelde, geniosa, indisciplinada em casa e na escola. A praga do consumismo é, hoje, também uma questão ambiental e política. Montanhas de plástco se acumulam nos oceanos nos oceanos e a incontinência do desejo dficulta cada vez mais uma sociedade sustentável, na qual os bens da Terra e os frutos do trabalho humano sejam partilhados entre todos. Um dos fatores da deformação infantil é a desagregação do núcleo familiar. No Dia dos Pais um garoto suplicou ao pai, em bilhete, que desse a ele tanta atenção quanto dedica à TV... Um filho de pais separados pediu para morar com os avós após presenciar a discussão dos pais de que, um e outro, queriam se ver livre dele no fim de semana. Causa-me horror o orgulho de pais que exiem seus filhos em concursos de beleza. Uma criança instigada a, precocemente, porestar demasiada atenção ao próprio corpo, tende à esquizorenia de ser biologicamente infantil e psicologicamente “adulta”. Encurta-se, assim, seu tempo de infância. Nào surpreende, pois, que, na adolescência, o vazio do coração busque copensação na ingestão de drogas. Crianças são seres miméticos por natureza. Ora, o que esperar de ua criança que presencia os pais huilharem a faxineira, jogarem lixo na rua... Criança precisa de afeto, de sentir-se valorizada e acolhida, mas também de disciplina e, ao romper o código de conduta, de punição sem vioência física ou oral. Só assim aprenderá a conhecer os próprios liites e respeitar os direitos do outro. Só assim evitará tornar-se u adulto invejoso, competitivo, rancoroso, pois saberá não confundir diferença com divergência e não fará da dessemelhança fator de preconceito e discriminação. É preciso conversar com elas, através da linguagem adequada, sobre situações-limites da vida: dor, perda, ruptura afetiva, fracasso, morte. Incutir nelas o respeito aos mais pobres e a indignação frente à injustiça que causa pobreza; senso de responsabilidade social (há dias vi alunos de ua escoa varrendo a rua), de preservação ambiental (como a economia de água), de protagonismo político (saber acatar decisão da maioria e inteirar-se do que significam os períodos eleitorais). Se voocê adora passear com seu filho em shoppings, não estranhe se, nofuturo, ele se tornar um adulto ressentido por não possuir tantos bens finitos. Se você, porém, incutir nele os bens infinitos, - generosidade, solidariedade, espiritualidade - ele se tornará uma pessoa feliz e, quando adulto, será seu companheiro de amizade, e não o eterno filho-problema a lhe causar tanta aflição. Saber educar é saber amar 27 zMUDANÇA CLIMÁTICA O menor desmatamento da Amazônia em 21 anos É possível o desenvolvimento da região mantendo a floresta em pé Em reunião com os Ministérios do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Agrário e os governadores do Pará, Mato Grosso e Rondônia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou no dia 12 de novembro o registro da menor taxa de desmatanento da Amazônia nos últimos 21 anos. O presidente também anunciou os números (resultados) do Programa Arco Verde-Terra Legal que, ao longo de 20 semanas, levou aos 43 municípios da Amazônia responsáveis por mais de 50% do desmatamento da floresta amazônica, reais alternativas de desenvolvimento sustentável. O desenvolvimento com preservação ambiental é a meta da Operação Arco Verde. A proposta é desenvolver, junto com as populações locais, novos modelos de exploração econômica, invertendo a lógica do desmatamento. Aliada às ações de fiscalização e repressão, que vem reduzindo drasticamente a derrubada da floresta, a operação tem demonstrado que é possível o desenvolvimento da região mantendo a floresta em pé, através do extrativismo e de modernas técnicas agroextrativistas e agroecológicas. Ao coibir a abertura de novas áreas para a agropecuária, fechar serrarias e confiscar gado criado em áreas de preservação, O Presidente Lula com a Ministra Dilma o Governo afeta populações inteiras que tiram seu sustento destas atividades clandestinas. É um efeito inevitável, mas que vem sendo corrigido com programas de substituição dessas atividades por práticas sustentáveis. A redução do desmatamento, previsto pelo Plano Nacional de Mudanças do Clima assinado pelo presidente Lula, aprovado na Câmara e em tramitação no Senado em caráter terminativo, depende hoje em mais de 90% das ações de repressão. A médio prazo, o Ministério do Meio Ambiente espera ampliar a participação das medidas educativas e de sustentabilidade no cumprimento das metas previstas pelo Governo Federal. Proposta da ONU sobre emissões é pra valer Após reunião com o Presidente Lula (dia 12/11/09), os ministros Carlos Minc (Meio Ambiente) e Dilma Rousseff (Casa Civil) afirmaram que "o Brasil assumirá um compromisso firme e político sério de redução das emissões de gases-estufa". Mas Governo Federal ainda não divulgou qual proposta será levada à conferência da ONU sobre mudanças climáticas em Copenhague, em dezembro. A ministra Dilma disse, no entanto, que a definição depende de reuniões que ocorrerão nos próximos dias, uma delas com o Presidente Lula. A ministra Dilma afirmou que o país terá um "objetivo voluntário" de redução, e o ministro Minc disse que a proposta brasileira será "como se fosse realmente uma meta". Ele confirmou que o percentual de redução das emissões ficará entre 38% e 42% e que os cortes vão ser definidos por setor. "O que é objetivo firme com números de- finidos se não é uma meta? São como se fossem realmente metas", afirmou o ministro, após participar de um seminário sobre políticas públicas e mudanças climáticas, organizado pelo TCU (Tribunal de Contas da União). A ministra esclareceu: "Não estamos falando em meta. País em desenvolvimento não tem meta. O que temos é um compromisso voluntário de redução porque isso é uma questão política séria". O Presidente Lula, referindo-se a cobranças aos países desenvolvidos, perguntou: "Como é que a gente vai discutir essa questão do clima com seriedade se a gente vai ter em Copenhague uma reunião e, pelo que eu estou sabendo, os grandes líderes não vão?" E criticou: "Na hora de assinar os protocolos, todo mundo assina qualquer coisa. Na hora de cumprir, pão, pão, queijo, queijo, ninguém quer abrir mão do seus hábitos e costumes." CULTIVANDO ÁGUA BOA Parque Tecnológico Itaipu recebeu representações de dezenas de instituições e entidades NOVEMBRO DE 2009 Superintendente de Meio Ambiente da Itaipu Binacional, Jair Kotz representou a empresa Mesa de honra da abertura da Convenção Hemisférica de Proteção Ambiental Portuária 9 Como todas personalidades ilustres que visitam Itaipu, Cousteau plantou árvore zPRESENÇA ILUSTRE zEVENTO Educação Ambiental do Paraná realiza encontro estadual no PTI “A responsabilidade pelo cuidado com a natureza é de cada um” (Carlos Rodrigues Brandão) De 13 a 16 de outubro, o Parque Tecnológico Itaipu foi sede do Encontro Paranaense de Educação Ambiental (Epea), evento anual que em 2009 reuniu cerca de 600 pessoas em torno do tema “Educação para Cultura da Paz e Sustentabilidade Local e Planetária”. Participaram autoridades, professores, acadêmicos e gestores ambientais de todo o Estado. O Epea é uma promoção coletiva de diversas instituições presentes no município e região, entre elas a Prefeitura de Foz do Iguaçu, Itaipu Binacional, Fundação Parque Tecnológico Itaipu, Parque Nacional do Iguaçu, Núcleo Regional de Educação de Foz do Iguaçu, Conselho de Desenvolvimento dos Municípios Lindeiros, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Faculdades Anglo-Americano, Eduvivência, Educare, Instituto de Comunicação Solidária (ComSol) e Nativa Socioambiental, com apoio da Universidade Aberta do Brasil (UAB), União Dinâmica de Faculdades Cataratas (UDC), Unifoz, Rede Sul Brasileira de Educação Ambiental (REASUL) e Sanepar. Autoridades prestigiaram e participaram do evento: Rachel Trajber, diretora de Educação Ambiental do Ministério da Educação e Cultura; Lindsley Rasca Rodrigues, secretário estadual do Meio Ambiente; Jorge Pegoraro, chefe do Parque Nacional do Iguaçu; e o superintendente de Gestão Ambiental da Itaipu, Jair Kotz, representando a direção da empresa. CULTIVANDO ÁGUA BOA NOVEMBRO DE 2009 Educação crítica, reflexiva e participativa O encontro se desenvolveu com palestras, painéis, atividades culturais, oficinas temáticas, exibição de vídeos, reuniões e mesas-redondas, sempre buscando a sensibilização ambiental. Também houve a reunião da Rede Paranaense de Educação Ambiental (REA/PR) e o lançamento, pela autora, Angélica Góis Morales, do livro “Formação Profissional do Educador Ambiental: reflexões, possibilidades e constatações”. A autora esteve no espaço de exposições para diálogos com interessados em conhecer a sua nova obra. Paralelamente ao encontro, houve a Feira da Sustentabilidade, com exposição de produtos e serviços da área ambiental, como os alimentos orgânicos do município de Capanema e as peças de artesanato do Grupo de Moradores do Parque Nacional do Iguaçu e de tribos indígenas da região. Livros, plantas e produtos medicinais também foram comercializados, além de uma exposição intitulada “Memórias do Parque Nacional do Iguaçu” e do Programa Cultivando Água Boa. TROCA DE EXPERIÊNCIAS Mais de 200 trabalhos foram apresentados oralmente ou em pôsters. E houve um espaço para os participantes deixar suas mensagens na “Árvore da Esperança”. Especificamente na temática, o encontro foi uma troca de experiências e de idéias sobre a educação ambiental. Daí surgiu a proposta de congregar todos os que atuam na educação ambiental e ampliar o intercâmbio entre os diferentes segmentos, como universidades, escolas, organizações não-governamentais, OSCIPS e outros, no sentido de promover uma prática educativa crítica, reflexiva e participativa frente aos problemas socioambientais. O QUE ELES DISSERAM Rasca Rodrigues, secretário estadual do Meio Ambiente, sobre o Programa Cultivando Água Boa: “É parâmetro de como as instituições devem se envolver e se relacionar com a comunidade. Considero o programa uma das melhores intervenções ambientais de todo o planeta”. Carlos Rodrigues Brandão, antropólogo, que proferiu a palestra magna sobre “Educação para Cultura da Paz e Sustentabilidade Local/ Planetária”, convocou a sociedade a assumir o papel de protagonista nas questões relacionadas ao meio ambiente. “A responsabilidade de cuidarmos da natureza é de cada um, por meio de pequenos gestos e ações. Não podemos depender apenas de políticas globais e planetárias para resolver todos os problemas ambientais. A humanidade vive a década da educação ambiental dentro e fora das escolas. Precisamos pensar em sociedades sustentáveis, e nisso a educação é fundamental, decisiva.” Rachel Trajber, do Ministério da Educação: “É necessário modificar o pensamento atual de uma sociedade baseada no modelo capitalista e hegemônico, para um sistema de cooperação social e coletivo de ações ambientais. Temos possibilidades de transformar nossa sociedade e contribuir para a construção de sociedades sustentáveis.” Jair Kotz, superintendente de Meio Ambiente da Itaipu: “A educação ambiental é o alicerce do Cultivando Água Boa, pois só com a mudança de mentalidade e de hábitos – papel da educação –, a Itaipu e seus parceiros jamais seriam, como estão sendo, os grandes agentes da sustentabilidade ambiental na BP3. Precisamos dos educadores ambientais à frente da mudança de pensamento, consciência e ação.” “É O QUE ITAIPU JÁ FAZ” Jean-Michel Cousteau: “o impossível não existe” A 1ª Convenção Hemisférica de Proteção Ambiental Portuária foi organizada pela Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), tendo na pauta os diversos aspectos da operação de portos, como a dragagem, por exemplo, e seus impactos sobre o ambiente. O principal destaque do evento foi a palestra magna do ambientalista e oceanógrafo Jean-Michel Cousteau para cerca de 800 pessoas. Cousteau enfatizou “a necessidade urgente de promover uma revolução da comunicação e de tomar atitudes que mudem os rumos na relação que o ser humano tem com o ambiente. Todos podemos fazer uma escolha. E quando a fazemos é nossa responsabilidade seguila e comunicá-la aos formadores de opinião. O impossível não existe”, afirmou Cousteau. Oceanógrafo prega atitudes que mudem a relação do homem com o ambiente Em junho de 2004, na tarefa de estabelecer conexões internacionais na implementação do Programa Cultivando Água Boa, o diretor de Coordenação e Meio Ambiente da Itaipu Binacional, Nelton Friedrich, esteve em Barcelona, Espanha, participando de conferência sobre “Água, Vida e Segurança”, promovida pela Cruz Verde Internacional, Unesco e Conselho Mundial da Água. Na ocasião, Nelton teve o primeiro encontro com o oceanógrafo Jean-Michel Cousteau, filho do lendário Jacques Cousteau, informando-o sobre as ações de responsabilidade socioambiental que começavam a deslanchar na área de influência da usina de Itaipu, com vistas a estabelecer alguma possível forma de cooperação ou parceria em torno de algum projeto. Jean-Michel ficou impressionado e mostrou desejo de, algum dia, conhecer tudo isso. A oportunidade que esperava chegou em julho de 2009, quando ele esteve participando, em Foz do Iguaçu, da 1ª Con- Jean-Michel Cousteau (centro) em visita à Central Hidrelétrica de Itaipu venção Hemisférica de Proteção Ambiental Portuária, promovida pela Organização dos Estados Americanos (OEA), com apoio da Itaipu. Quando foi anunciada a vinda do famoso oceanógrafo e ambientalista, Nelton Friedrich lhe enviou convite para que visitasse Itaipu e as ações do Cultivando Água Boa, e argumentou: “Nós não lidamos diretamente com mares, mas sim com alguns rios que vão para o Oceano Atlântico. A água – nosso principal compromisso, ativo, matéria-prima básica – tem posição central no Cultivando Água Boa, como fio condutor do conjunto de suas ações soci- oambientais. Portanto, o alcance das ações do programa tem, sim, repercussão também nas águas marítimas, na medida em que as águas fluviais fluem para os oceanos e os afetam positiva ou negativamente, dependendo do tratamento que recebem em seu curso terrestre.” Jean-Michel Cousteau veio e, além de deixar sua tocante mensagem, visitou a usina, conheceu a região e as ações do Cultivando Água Boa – e não só gostou do que viu e ouviu, mas também mostrou interesse de estabelecer uma relação entre o programa socioambiental da Itaipu e a entidade que dirige, a Ocean’s Futures Society. QUEM É JEAN-MICHEL 28 “O Brasil deve se orgulhar de sua independência enérgica, proporcionada, principalmente, pela energia da Itaipu. Por muito tempo o foco do Brasil foi a energia (porque era deficiente no setor). Hoje, olho para os países e vejo que muitos dependem de outros na questão energética, mas o Brasil, não. Isso gera para o Brasil uma liberdade simbólica, um tesouro que talvez nem os próprios brasileiros saibam que possuem. “Mas, como transformar essa liberdade em ações práticas de preservação ambiental? É o que Itaipu já faz.. Já visitei muitas usinas e nunca tinha sido convidado para plantar uma árvore” (Cousteau plantou uma muda de araçá no Bosque dos Visitantes da Itaipu Bionacional), e disse que, “se todos plantassem mais árvores do que consomem, já seria um grande passo”. Como o pai Jacques Costeau, Jean-Michel é pesquisador e educador que, desde 1968, atua produzindo documentários sobre as riquezas naturais dos rios e oceanos. Aos 71 anos, já rodou mais de 70 filmes, tendo conquistado até mesmo um prêmio Emmy. Apontado como um dos mais importantes ambientalistas do mundo – a Casa Branca já o elegeu Herói do Ambiente, em 1998 –, ele criou em 1999 a Ocean´s Futures Society, organização sem fins lucrativos com sede em Santa Bárbara, Califórnia, EUA. E hoje, entre outras atividades, dedicase, por meio de um projeto chamado Embaixadores do Meio Ambiente, a ensinar crianças de seis países a viver de modo sustentável – no Brasil, a ação ocorre no Guarujá, Litoral Norte de São Paulo, com apoio da Dow Química. 8 CULTIVANDO ÁGUA BOA zÉTICA DO CUIDADO ‘Agressão ao meio ambiente está por trás de todas as crises’ Palestras de Leonardo Boff lotam auditórios da Itaipu em Curitiba e em Foz do Iguaçu Desde sua implantação, em 2003, o Programa Cultivando Água Boa tem a contribuição intelectual de Leonardo Boff em termos de fundamentação teórica e prática, de modo que o programa seja implementado dentro da melhor ciência ecológica, expressa especialmente em documentos planetários como a Carta da Terra, de cuja formulação Boff participou, Metas do Milênio, Agenda 21, Protocolo de Kyoto, Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, entre outros. Frequentemente, Leonardo Boff comparece na Itaipu e na região aportando sua sabedoria, como ocorreu no final de junho e início de julho de 2009, quando veio do Rio de Janeiro, onde mora, para conduzir um painel sobre o tema “A ética do cuidado no cotidiano das pessoas – desafios e possibilidades”, especial para diretores e funcionários da Itaipu Binacional, mas aberto também ao público em geral. EM CURITIBA E FOZ O painel se desenvolveu em Curitiba, no Teatro Tuca, da PUC-PR, em Curitiba, para um público de 500 pessoas, no dia 30 de junho, e em Foz do Iguaçu no auditório do Centro de Treinamento da Itaipu, no dia 1º de julho, com público de uma centena de diretores e funcionários da empresa. Em Curitiba o painel contou com a participação do pró-reitor comunitário de extensão da PUC, Ricardo Tescarolo, dos diretores dos cursos de Teologia, César Augusto Kuzma, e Engenharia Ambiental, Fabiana De Nadai Andreoli. O evento foi promovido pela própria Itaipu em parceria com a PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), com apoio da Copel (Companhia Paranaense de Energia), Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná), Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Paraná, UFPR (Universidade Federal do Paraná), dos Correios e da ONG Ação Voluntária. NOVEMBRO DE 2009 Por uma nova sociedade Como prega por toda parte, Boff insistiu na necessidade de se adotar um novo modelo de sociedade diante de uma realidade global abatida pela convergência de várias crises simultâneas: alimentar, ambiental, energética e econômica. “Nossa alternativa é viver ao redor de alguns valores comuns, que permitam ajudar a Terra a sair da crise”, afirmou. “Tais valores passam pela responsabilidade coletiva; pela criação de uma estratégia de cuidado dos ecossistemas; e pelo estabelecimento de uma rede de cooperação mundial, tarefa em que as grandes corporações, como a Itaipu, têm papel fundamental; devem fazer exatamente o que Itaipu faz há mais de seis anos”. “Ando muito pelo mundo em função do meu trabalho e noto que a Itaipu está sendo reconhecida não somente como hidrelétrica, mas também como uma empresa que desenvolve um projeto ecológico sustentável, de referência, que engloba milhares de pessoas”, disse. “O novo modelo de sociedade já está em construção na região alvo das ações do Cultivando Água Boa, por isso desejo que outras empresas vejam essas boas experiências e façam o mesmo.” E MAIS Lições de Leonardo Boff ”Nenhuma empresa, pública ou privada, so- Leonardo Boff: “Há hoje nos EUA uma crise mais profunda do que aquela econômicofinanceira. É a crise do estilo de sociedade que foi montada desde sua constituição pelos pais fundadores. Ela é profundamente individualista, derivação direta do tipo de capitalismo que ai foi implantado. A exaltação do individualismo ganhou a forma de um credo num monumento diante do majestoso Rockfeller Center em Nova York, no qual se pode ler o ato de fé de John D. Rockfeller Jr: - Eu creio no supremo valor do indivíduo e no seu direito à vida, à liberdade e à persecução da felicidade”. Na apresentação do palestrante, o diretor de Meio Ambiente da Itaipu, Nelton Friedrich, reconheceu: “Ter conosco Leonardo Boff é ter ao nosso lado um conselheiro presente desde o lançamento do Cultivando Água Boa (CAB), uma pessoa de grande im- portância nesse processo”. E Boff também expressou seu reconhecimento: “A Itaipu Binacional está na dianteira mundial quando se pensa no papel que uma empresa deve ter na realidade que vivemos”. breviverá num horizonte longo sem sustentabilidade. Não haverá uma nova Arca de Noé; ou nos salvamos todos, ou nos perdemos todos.” ”A conquista da Terra, da natureza pelo homem, num processo que historicamente foi de dominação e devastação, está por trás de todas as crises.” ”Não há como parar a roda (da catástrofe planetária), mas podemos diminuir sua velocidade. Ou fazemos uma aliança global, ou aceitamos o risco de desaparecer como seres humanos.” ”Nós precisamos da Terra; a Terra não precisa de nós.” ”Se eu não posso mudar o mundo, posso mudar uma parte do mundo, que sou eu.” ”O ser humano aprende com o sofrimento, mas também pode aprender com o amor.” Itaipu presente no Ciclo de Palestras no RJ O trabalho socioambiental da Itaipu esteve no centro das atenções no Ciclo de Palestras realizado no Rio de Janeiro na Semana do Meio Ambiente, em junho, promovido pelo Centro de Pesquisa da Eletrobrás, e na XV Semana do Meio Ambiente da PUC-RJ, eventos que também tiveram a contribuição de Leonardo Boff. Itaipu foi representada pelo diretor de Coordenação e Meio Ambiente, Nelton Friedrich. CULTIVANDO ÁGUA BOA NOVEMBRO DE 2009 29 zPRÊMIOS Educação Ambiental da Itaipu no benchmarking brasileiro Mais uma vez, a empresa fica entre as melhores no ranking da sustentabilidade Em 2007 foi o Programa Cultivando Água Boa como um todo que recebeu o prêmio de melhor prática de sustentabilidade do Brasil; em 2009, o premiado foi especificamente o Programa de Educação Ambiental para a Sustentabilidade, do próprio Cultivando Água Boa. Trata-se do Ranking Benchmarking Ambiental Brasileiro, criado em 2003 pela empresa Mais Projetos, especializada em gestão e capacitação ambiental, e consolidado como um dos mais respeitados selos de sustentabilidade do Brasil. É uma espécie de certificação de qualidade das ações ambientais brasileiras, com reconhecimento internacional. O objetivo é identificar, selecionar e compartilhar o melhor do conhecimento em programas ambientais. As 30 melhoras práticas ambientais do Brasil em 2009 no ranking Benchmarkin foram conhecidas no dia 4 de setembro, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo, por um público formado por executivos, gestores, especialistas e jornalistas. Neste ano foram inscritos 169 programas ou projetos de empresas no campo ambiental, dos quais 30 foram selecionados e classificados – e a Educação Ambiental da Itaipu ficou em terceiro lugar, superando trabalhos de empresas de renome nacional e internacional como a Anglo American, Givaudan do Brasil, Embratel, Johnson & Johnson, Souza Cruz, Klabin, Bradesco, Valtra do Brasil e outras. Na solenidade, a apresentação do Case Educação Ambiental para Sustentabilidade foi feita pelo Diretor de Meio da Itaipu, Nelton Frederich, que esteve acompanhado por Leila Fátima Alberton e Rodrigo Cu- Odacir, Leila, Nelton, Michelle e Rodrigo comemoram Selo Ouro “Amigo da Fauna” Prêmio de 2007 pelli, da equipe de Educação Ambiental; Michelle Lorencetti, da equipe de Relações Públicas, e Odacir Fiorentin, gerente executivo do Cultivando Água Boa. Para integrar o Ranking Benchmarking é necessário antes passar pelo crivo de uma comissão técnica multidisciplinar, formada por especialistas de vários países que pontuam os casos sem saber de quais empresas são. Neste ano, a comissão técnica contou com 16 especialistas de seis diferentes países. É também necessário cumprir um regulamento conforme determina o Programa Benchmarking que já se encontra em sua 7ª edição e já selecionou 171 casos de mais de 100 instituições. Um dos critérios básicos de classificação é a coerência entre dis- Prêmio de 2009 curso (teoria) e prática. DIFERENCIAL Os casos vencedores passam a fazer parte do maior banco de boas práticas brasileiras de sustentabilidade, disponíveis para empresas, instituições públicas e privadas, universidades e mídias especializadas. Segundo Leila Alberton, gestora do programa de Educação Ambiental da Itaipu, “foi uma grande oportunidade para divulgar o programa, que se destacou por abranger um conjunto de ações continuadas, e não apenas pontuais, como acontece na maioria das empresas. Um dos nossos diferenciais é justamente o caráter permanente do trabalho de educação, tanto para o público interno como para o externo.” A Itaipu Binacional também foi contemplada, em 2009, com o Selo Ouro “Amigo da Fauna”, conferido pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Com isso, o IAP quer dar visibilidade às iniciativas de empresas voltadas à preservação e proteção à fauna silvestre. Nesse sentido, Jair Kotz (esq.) representou Itaipu no Itaipu se destaca ato de entrega do Selo Ouro pelo trabalho que desenvolve nos refúgios biológicos, tanto na margem brasileira como na paraguaia, no campo da pesquisa, manejo, monitoramento e fiscalização. Na solenidade de entrega do prêmio, a Itaipu foi representada pelo superintendente de Meio Ambiente Jair Kotz. As primeiras empresas contempladas com o Selo do IAP foram a Fundação Boticário de Proteção à Natureza, a Itaipu Binacional e o Criadouro Conservacionista Onça-Pintada. “Ao longo da história da política conservacionista da fauna paranaense, foi necessário agregar atores que estavam obtendo resultados positivos”, diz João Batista Campos, coordenador de Biodiversidade e Áreas Protegidas da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos. “Este evento de premiação é uma forma de reconhecer instituições que contribuem para a conservação da fauna do Estado, servindo de exemplo para toda a sociedade.” CULTIVANDO ÁGUA BOA 30 NOVEMBRO DE 2009 CULTIVANDO ÁGUA BOA NOVEMBRO DE 2009 7 DIFUSÃO DO CULTIVANDO ÁGUA BOA COMPARTILHANDO EXPERIÊNCIAS EM NÍVEL NACIONAL E INTERNACIONAL Só nos últimos três meses, a mensagem do programa foi levada a mais de 5.000 pessoas no Brasil e no exterior A Itaipu Binacional concebeu e implementa seu programa socioambiental também com uma visão pedagógica, ou ecopedagógica, no sentido de que pode oferecê-lo como modelo que, com as devidas adequações, pode ser aplicado em toda parte. À medida em que se consolidou e ganhou notoriedade por suas qualidades, cada vez mais se constitui em fonte de inspiração, conhecimento e ação Brasil afora e mundo afora. Convites para palestras e participações em eventos e exposições chegam de toda parte e são cada vez mais freqüentes. A Itaipu tem se empenhado ao máximo para atender a todos da melhor maneira possível, obtendo sempre grande receptividade, aplauso e manifestação de vontade de replicar a experiência. Este trabalho tem sido feito, especialmente, pelo diretor de Meio Ambiente, Nelton Friedrich, ou por seu assessor Odacir Fiorentin, pelo superintendente de Meio Ambiente, Jair Kotz, e outros colaboradores, como Luiz Suzuke e Gilmar Secco. A seguir, até a página 32, é apresentada uma amostra desta importante missão. Só nos meses de agosto, setembro e outubro de 2009, o Cultivando Água Boa foi exposto a mais de 5.000 pessoas no Brasil e no exterior. O objetivo é difundir o carrinho elétrico no Brasil Equipamento que dá eficiência e aumenta renda dos trabalhadores é adotado como modelo pelo Presidente Lula Carrinhos elétricos desenvolvidos pela Itaipu Binacional serão usados por catadores de materiais recicláveis de todo o Brasil No dia 29 de outubro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a transferência da patente do carrinho elétrico desenvolvido pela Itaipu para o Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCMR). O anúncio foi feito na abertura da Expocatadores 2009, em São Paulo. No mesmo evento, Itaipu assinou protocolo de intenções com a Eletrobrás para apoiar o movimento de catadores no fornecimento dos veículos elétricos. A binacional foi representada pelo diretor-geral brasi- leiro, Jorge Samek, pelo diretor de Coordenação, Nelton Friedrich, e pelo coordenador do Projeto Coleta Solidária, do Cultivando Água Boa, Luiz Carlos Matinc. Na cerimônia, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, assumiu o compromisso de abrir linha de crédito específica para a compra dos veículos elétricos pelos catadores. Em agosto, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) abriu licitação no valor de R$ 6 milhões para a construção de barracões de reciclagem Brasil afora. Por sua vez, a Eletrobrás já destinou R$ 1 milhão ao MNCMR para investimento em barracões e outros equipamentos usados na reciclagem. Sobre a linha de crédito para a compra dos carrinhos, Samek informa que Itaipu, BNDES e catadores vão se reunir para definir como será feito o financiamento. “O objetivo é universalizar o carrinho elétrico no Brasil”, afirma Samek. Pela linha de crédito, o BNDES subsidiará parte da compra e financiará a outra, com parcelamento a longo prazo e juros baixos. “Os catadores poderão pagar os carrinhos com a própria venda do material reciclado”, diz Samek. “Como a eficiência da coleta aumenta com o carrinho elétrico, os catadores poderão destinar uma parte de seu lucro para o pagamento das parcelas”. As prefeituras de todo País poderão contatar o movimento nacional para a compra dos carrinhos. “São os catadores que irão administrar e vender esses carrinhos daqui para a frente”, explicou Lula. Os veículos poderão ser fabricados no próprio município, para baratear o seu custo de produção. O carrinho foi desenvolvido em parceria entre a Plataforma Itaipu de Energias Renováveis, Parque Tecnológico Itaipu (PTI) e a empresa Blest Engenharia, de Curitiba. Seu custo de produção gira em torno de R$ 6,8 mil. A capacidade de transporte é de 300 quilos de carga, com autonomia para rodar de 4 a 5 horas, ou 25 a 30 quilômetros. Após isso, a bateria precisa ser carregada. A recarga completa leva em torno de seis horas. O acionamento do motor e o controle de velocidade são feitos manualmente em botões localizados no guidão. Em todos os municípios, mobilização das comunidades foi muito forte Propostas são discutidas e votadas pelos envolvidos na formação dos comitês gestores zPARCERIA Municípios são chamados a ser protagonistas do CAB “Itaipu precisa dos municípios e municípios precisam da Itaipu”, diz vice-prefeito As eleições municipais de 2007 causaram certa instabilidade nas parcerias em torno da implementação do Programa Cultivando Água Boa (CAB), especialmente em municípios nos quais a oposição venceu. Para superar essa situação, uma equipe da Diretoria de Coordenação e Meio Ambiente da empresa, formada por Odacir Fiorentin, Luiz Suzuke, Gilmar Secco e Sílvio Depiné, mais os gestores de bacias, desenvolveram intensa atividade junto às novas autoridade municipais, entidades e atores sociais para sensibilizar sobre a importância da continuidade das ações do programa nos 29 municípios da BP3, começando pelo fortalecimento dos comitês gestores. Nessa tarefa surgiu uma novidade: a proposta de institucionalização, mediante lei municipal, do Comitê Gestor do CAB de cada município. Em todos os municípios a proposta foi muito bem aceita e já está concretizada. Coroando o processo de revitalização, no dia 29 de julho foi realizado no Parque Tecno- Encontro no PTI reuniu representações dos comitês gestores dos 29 municípios da Bacia Hidrográfica do Paraná 3 lógico Itaipu (PTI) encontro que reuniu 160 pessoas entre funcionários da Itaipu, prefeitos e vice-prefeitos, secretários municipais, vereadores e membros dos comitês gestores. Impossibilitado de participar do encontro, o diretor-geral da Itaipu, Jorge Samek, enviou mensagem de incentivo aos participantes dessa reunião, pois fortalecer os comitês gestores municipais do Cultivando Água Boa, ampliar suas funções e até dar-lhe um caráter de legalidade, por meio de sua institucionalização pelas prefeitu- ras e câmaras, “é uma ótima medida”, escreveu Samek. “Sendo formados por membros indicados pela sociedade organizada de cada município e, em alguns casos, já nomeados por decreto municipal, fica garantida a pluralidade de idéias, assegurada a participação da comunidade e estabelecido o equilíbrio na relação públicoprivado-sociedade. Trata-se de uma forma de obter grande avanço do marcante trabalho socioambiental e de consolidação do Cultivando Água Boa na BP3”, observou Samek. Cultivando Água Boa deve ser um movimento de todos No encontro no PTI, o diretor de Meio Ambiente da Itaipu, Nelton Friedrich, reforçou a proposta: “Queremos consolidar e ampliar a atuação dos comitês gestores, porque é o caminho para fazer com que o protagonismo não seja da Itaipu, mas das próprias comunidades que implementam o programa”, disse Nelton. “O Programa não pode ser centrado na Itaipu. Temos, sim, que caminhar todos juntos na correção de rumos para construir a sustentabilidade econômica, social e ambiental na BP3.” O mesmo entendimento foi revelado por manifestações de diversos representantes dos municípios, como a do vice-prefeito Marcos Mocelin, de Santa Helena, primeiro município a institucionalizar o Comitê Gestor do CAB. “Os municípios precisam da Itaipu e a Itaipu precisa dos municípios para levar adiante esse grande programa que é o Cultivando Água Boa”, disse Mocelin. Dessa forma, a continuidade do programa não vai depender de quem estiver na direção da Itaipu, mas dos municípios, suas autoridades, entidades e comunidades. PRIMEIROS PASSOS DA OFICIALIZAÇÃO O processo começa com a inclusão de cláusula obrigatória de compromisso de oficializar e fortalecer o comitê nos novos convênios do município com a Itaipu; aprovação, pela Câmara de Vereadores, da lei que institui o comitê; convite à participação do maior número possível de instituições públicas e entidades sociais; indicação, pelas instituições e entidades, dos seus representantes no comitê; nomeação, via decreto, dos membros do comitê pelo prefeito. Os comitês gestores têm caráter consultivo, com os objetivos de congregar os interesses da comunidade; compatibilizar os interesses dos diferentes usuários; participar na elaboração dos planos de bacia e dos programas anuais e plurianuais de investimentos; propor a elaboração de estudos, pesquisas e projetos de interesse da comunidade; acompanhar a execução das obras e serviços programados nos convênios com a Itaipu Binacional. 6 CULTIVANDO ÁGUA BOA NOVEMBRO DE 2009 NOVEMBRO DE 2009 CULTIVANDO ÁGUA BOA 31 Comitiva da Itália visita Itaipu No caminho da Felicidade Interna Bruta Autoridades, dirigentes da Itaipu e técnicos presentes nas feiras Vida Orgânica e Sabores do Paraná, que primaram pela diversidade NEUROPEDIATRA ALERTA: O SER HUMANO ESTÁ “ALTAMENTE POLUÍDO” Estilo de vida tido como moderno leva a maioria das pessoas a ter uma saúde cada vez mais debilitada constatações ao es“Refeições rápidas, à tudar causas ligadas base de alimentos com a quadros de retarmuitos conservantes e do mental e outros corantes, muita fritura problemas do sistee muito açúcar, vegetais ma nervoso, entre com elevada concentraelas a exposição a ção de pesticidas, peichumbo, mercúrio e xes contaminados com outros contaminanchumbo e mercúrio, Mauro Lins tes. Nos últimos 14 carnes com altas doses anos vem estudando os benefíde hormônios e medicamentos, cios da alimentação natural para entre outros problemas ligados a saúde. Na sua clínica, o médiao estilo de vida moderno, esco costuma receitar a seus pacitão levando as pessoas a ter entes alimentos orgânicos, sono uma saúde cada vez mais debie atividade física regular como litada.” seus principais “remédios”. Com esse alerta, o médico Segundo Lins, “há várias Mauro Lins iniciou sua palestra evidências de que é grave o no painel sobre Gestão da Megrau de contaminação das pesrenda Escolar e Consumo Conssoas no mundo todo”. Informou ciente. E continuou: “Mas não que, Nos Estados Unidos, um é apenas pela boca que o ser estudo feito com recém-nascihumano se contamina. Cosdos constatou a presença de méticos, medicamentos, eletrosubstâncias químicas nos cordomésticos, produtos de limpedões umbilicais de milhares de za, entre outros fatores, tambebês. Foram encontradas 287 bém são responsáveis pela presubstâncias químicas – 180 desença de elementos químicos las, cancerígenas. “O dado é estranhos na corrente sanguípreocupante porque estima-se nea e em diversos órgãos. Soque 50% da chance de ter cânmente após a Segunda Guerra cer na vida seja determinado Mundial, mais de 80 mil subsnos dois primeiros anos de tâncias químicas foram lançavida.” das no ambiente.” “Outra pesquisa” – inforMauro Lins chegou a essas mou Lins – “revela diminuição da enzima paraoxanase-1, o que deixa o sistema imunológico mais vulnerável em 30% a 40% da população. Esse problema é consequência da contaminação. “Não é apenas o meio ambiente que está poluído. O ser humano também está altamente poluído.” SOLUÇÃO: ALIMENTOS ORGÂNICOS “Da mesma forma como existem muitos estudos apontando os malefícios da alimentação errada, existem muitos outros que comprovam os benefícios da ingestão de alimentos puros, produzidos sem agrotóxicos e sem a adição de conservantes e de outros químicos”, ensinou Lins. Ele informou que, em fevereiro deste ano, a Academia Americana para o Avanço da Ciência lançou o documento Solo Vivo, Qualidade dos Alimentos e o Futuro Alimentar, em que consta, por exemplo, que: Na produção de maçãs orgânicas, os solos apresentam melhor saúde documentada pela maior diversidade biológi- ca, maior quantidade de matéria orgânica e melhores propriedades físicas e químicas. A melhora da qualidade do solo dos sistemas de produção de maçãs orgânicas leva a ganhos na qualidade nutricional, no sabor e no armazenamento da fruta. E mais: tomates que utilizam fertilizantes orgânicos mantêm concentrações constantes de benéficos antioxidantes, mesmo com o aumento do tamanho da fruta. “Os métodos de fertilização do solo orgânico melhoram os padrões de expressão genética da planta, proporcionando assimilação mais eficiente de nitrogênio e carbono em tomates. Esse ganho na eficiência da captação de nutrientes deixa as plantas com mais energia para produzir metabólitos secundários benéficos, compostos que promovem saúde em plantas e humanos”, disse o médico. Para ele, esses estudos só vêm comprovar o que já se sabia há muito tempo. Afinal, o pai da medicina, Hipócrates, que viveu no século IV a.C., já dizia: “Faça do alimento a sua medicina e da medicina o seu alimento”. Selo para produtos e concurso de receitas A abertura das feiras também foi marcada pelo lançamento do selo Vida Orgânica, a ser aplicado em todos os produtos gerados na BP3 com base na agroecologia, e do 2º Concurso de Receitas Saudáveis da BP3, aberto à participação de todas as merendeiras das escolas da região, que diariamente servem 167 mil refeições aos estudantes. A exemplo do que resultou do primeiro concurso – um livro com dezenas de receitas premiadas – novo livro será lançado em novembro, no 6º Encontro Cultivando Água Boa, com as premiadas do novo concurso. “Pretendemos chegar a mil merendeiras participando”, disse o diretor de Meio Ambiente da Itaipu, Nelton Friedrich. Para preparar a 5ª Conferência Internacional sobre Felicidade Interna Bruta (FIB), que divide espaço com o 6º Encontro Cultivando Água Boa e outros eventos (ver pág. 36), o diretor de Meio Ambiente da Itaipu, Nelton Friedrich, esteve no Butão a convite do governo daquele país asiático. Butão é o país pioneiro na troca de índices como o PIB (Produto Interno Bruto) pelo índice FIB (Felicidade Interna Bruta) para medir a verdadeira riqueza de um país. Além de ultimar preparativos para a conferência, Nelton pôde conhecer a fundo em que consiste o índice FIB e apresentar o trabalho desenvolvido pelo Programa Cultivando Água Boa. Ele viajou junto com Susan Andrews, diretora do Instituto Ethos, que propôs a realização da 5ª Conferência em Foz do Iguaçu. Entre outras autoridades e lideranças butanesas, Nelton e Susan se reuniram com o ministro da Educação, Lyonpo Thakur Powdyel, e o primeiro-ministro Jigme Thinley. Semana Mundial da Água A Itaipu e a Agência Nacional de Águas (ANA) representaram o Brasil na 18ª Semana Mundial da Água, promovida pelo Instituto Internacional da Água, de Estocolmo, Suécia. A Itaipu, representada pelo diretor Nelton Friedrich, contribuiu com a apresentação da sua experiência de gestão de água desenvolvida pelo Cultivando Água Boa, e a ANA levou ao evento a experiência brasileira na gestão de águas. A Semana Mundial da Água reuniu dirigentes e técnicos de instituições especializadas em recursos hídricos, autoridades governamentais e líderes de ONGs. Em outubro, uma comitiva da Província de Toscana, Itália, esteve na Itaipu para conhecer as ações do Cultivando Água Boa, no contexto do desenvolvimento do acordo de cooperação existente entre a empresa binacional, a Universidade de Pisa (Unipi) e a Universidade Federal do Paraná. Fizeram parte da comitiva o ministro do Meio Ambiente da Itália, Marco Betti; o diretor do setor geral de política territorial e ambiental, Paolo Matina; o professor Marco Mazzoncini, da área de agroecologia da Unipi, Roberto Spandre, adido científico da Itália no Brasil. Uma semana antes, o diretor geral da Itaipu, Jorge Samek, e Nelton Friedrich, diretor de Meio Ambiente, haviam estado em Florença, Itália, apresentando a missão de responsabilidade social e ambiental da empresa no Fórum Ítalo-Brasileiro da Cidade do Futuro. Itaipu na campanha Alimentação, direito de todos Energia e desenvolvimento sustentável No dia 14 de setembro, o diretor geral JorgeSamek participou em Curitiba do lançamento no Paraná da campanha “Alimentação, direito de todos”, criada para estimular a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional que trata do direito à alimentação. O evento, realizado no auditório do Museu Oscar Niemeyer, envolveu a exibição do filme “Garapa”, de José Padilha, e um painel de debates com autoridades vinculadas à questão da fome no País, entre elas o deputado federal Nazareno Fonteles, o diretor do Instituto Brasileiro de Análises Econômicas (Ibase), Francisco Menezes, e a presidente da seccional paranaense do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea/PR), Silvia Rigon. Samek proferiu a palestra de abertura do evento e destacou a importância fundamental das parcerias na implementação de qualquer programa social ou ambiental. A convite da Fundação MAPFRE Seguros, organizadora do evento, a Itaipu participou em agosto do V Seminário sobre Geração de Energia e Desenvolvimento Sustentável e do 3° Encontro Técnico sobre “A vocação e participação das fontes alternativas na matriz energética brasileira”. O superintendente de Meio Ambiente da Itaipu, Jair Kotz, representou a empresa e abordou o tema “Geração renovável em grandes aproveitamentos hidrelétricos”. Palestras para mais de mil acadêmicos Abordando temas ambientais e sustentabilidade, com foco especial na questão da coleta seletiva de materiais recicláveis, o diretor Nelton Friedrich e gestores de programas do CAB proferiram um ciclo de três palestras em cada turno dos cursos da unidade de Medianeira da Universidade Técnica Federal do Paraná (UTFPR). 32 CULTIVANDO ÁGUA BOA II Seminário Regional de Peixe de Água Doce Realizado em São Miguel do Iguaçu, este evento teve participação de 425 pessoas entre técnicos, agentes municipais, piscicultores, pescadores, índios e representantes de entidades ligadas ao setor. A Itaipu, além de apoiar o evento, participou com palestra de Nelton Friedrich sobre sustentabilidade e exposição, pelo gestor Pedro Tonelli, sobre o programa Mais Peixes em Nossas Águas, do Cultivando Água Boa. ExpoConcórdia 2009 A experiência da Itaipu na gestão ambiental por bacias hidrográficas foi um dos principais temas do Seminário sobre Desenvolvimento do Alto Uruguai Catarinense “Para onde vamos?”, realizado dentro da programação da ExpoConcórdia 2009, na cidade de Concórdia, SC. Na questão ambiental, o Programa Cultivando Água Boa, apresentado por Nelton Friecrich, foi recebido como resposta à pergunta “Para onde vamos?” Congresso de Controladores de Pragas A mensagem socioambiental da Itaipu também foi levada ao Congresso Sulbrasileiro de Atualização Tecnológica em Controle de Pragas e Vetores, realizado em Joinville, SC, numa iniciativa da Associa dos Controladores de Pragas de Santa Catarina (ACPRAG) e da Associação Paranaense de Controladores de Pragas e Vetores (APRAV). A participação da Itaipu se concentrou especialmente no trabalho que a empresa desenvolve no campo do saneamento básico e da coleta solidária e seletiva de materiais recicláveis. NOVEMBRO DE 2009 Comitivas de Londrina e Maripá na Itaipu Realizado em Foz do Iguaçu, o Simpósio sobre Plantio Direto na Palha contou com participação da Itaipu com apoio financeiro, palestras e debates especialmente sobre produção integrada de alimentos e energia para uma nova agricultura, questão em que se destaca o aproveitamento de dejetos animais para a produção de eletricidade nas propriedades rurais. “Tudo o que como e bebo me traz saúde e vida ou doença e morte” Bio Brasil Fair Em julho a Itaipu participou, em São Paulo, com estande, na feira Bio Brazil Fair – exposição de Alimentos e Bebidas, Chás e Ervas, Cosméticos, Produtos Têxteis e Artesanato, Mel e Derivados, Entidades Certificadoras e Insumos e Equipamentos, em tudo voltadas para a agroecologia. O evento recebeu mais de 20 mil visitantes. A Bio Brazil Fair gera o desenvolvimento da produção agroecológica, estimula o relacionamento comercial, proporciona negócios ao longo do ano, divulga marcas e o setor como um todo em diversas mídias e promove a consciência do consumo de orgânicos. Congresso Nós Podemos Paraná No dia 28 de outubro, o diretor de Meio Ambiente da Itaipu, Nelton Friedrich, participou do 2º Congresso Nós Podemos Paraná – Cultura, Ação e Criatividade, na sede da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), em Curitiba. Nelton fez parte da Roda de Diálogo “Meio Ambiente e o Futuro do Planeta”. O Centro de Saberes e Cuidados Socioambientais da Bacia do Prata apresentou seu projeto pedagógico na conferência central do VI Congresso Ibero-americano de Educação Ambiental, denominado Perspectivas Regionais em Educação Ambiental. O evento foi realizado entre 16 e 19 de setembro, em San Clemente de Tuyu, província de Buenos Aires. A apresentação foi feita pelo diretor de Meio Ambiente da Itaipu e membro do Conselho Diretor do Centro, Nelton Friedrich, que também apresentou as ações de educação ambiental do Cultivando Água Boa na oficina Educação Ambiental em Bacias Hidrográficas. A Itaipu participou também com exposição de painéis que mostram as interfaces da educação ambiental com as diversas ações do Cultivando Água Boa. 5 PENSAMENTO DE DOM MAURO O prefeito de Londrina, Homero Barbosa Neto, acompanhado de assessores, visitou Itaipu para conhecer o Cultivando Água Boa com o objetivo de conhecer os fundamentos do programa e utilizá-los na política socioambiental do seu município. Tabém visitaram Itaipu o prefeito e os vereadores do município de Maripá para dialogar sobre o andamento das ações do Cultivando Água Boa naquele município da Bacia Hidrográfica do Paraná 3. VI Conferência Ibero-americano de Educação Ambiental Simpósio sobre Plantio Direto na Palha CULTIVANDO ÁGUA BOA NOVEMBRO DE 2009 Dom Mauro: “A solidariedade só é uma virtude quando se cultiva a justiça” ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO, DIREITO HUMANO BÁSICO Cabe à família, à sociedade e aos governos garantir esse direito ao ser humano Em seguida à solenidade de abertura, Nelton dirigiu mesa redonda para o debate do tema Gestão da Merenda Escolar e Consumo Consciente, com participação de Dom Mauro Morelli, do Instituto Harpia Harpya, ONG dedicada à premente questão da segurança alimentar e nutricional, e do médico especialista em neuropediatria e nutrólogo Mauro Lins, de Niterói, Rio de Janeiro (ver pág. 6). Dom Mauro destacou a importância do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), instituído pela Lei 11.947, cuja origem está no Programa Dinheiro Direto na Escola, de 1995, criado para prestar assistência financeira suplementar às escolas públicas de educação básica e às escolas privadas sem fins lucrativos, inscritas no Conselho Nacional de Assistência Social. Na verdade, até 2008, o programa contemplou apenas escolas públicas de ensino fundamental, mas em 2009, com a edição da Medida Provisória 455, de 28 de janeiro, e depois, com sua transformação em lei (nº 11.947) em junho, foi ampliado para toda a educação Dom Mauro Morelli se tornou conhecido pela luta no combate à fome. Ele tem se destacado por uma ação firme em favor de uma Igreja aberta ao mundo e na luta pela dignidade humana. Hoje é uma das principais expressões nacionais no combate à fome e à miséria. Depois de integrar, junto com Herbert de Souza, o Betinho, a Campanha da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, ele tem continuado a buscar, junto de governos, ONGs e entidades civis, soluções para os graves problemas nacionais, além de assessorar iniciativas de combate à fome em todo o Brasil. Para ele, “campanhas contra a fome não enchem a barriga de ninguém. O doador se alimenta com a bondade de seu gesto, sem garantir o pão de cada dia ao faminto. Provoca-se muito mais ansiedade do que saciedade, sem promover o direito básico de cada ser humano ao alimento e à nutrição”. Dom Mauro entende que “não se deve ajudar os necessitados por um sentimento piegas” e que “a solidariedade só é uma virtude quando se cultiva a justiça” e que, “sem paternalismo e assistencialismo, pela participação e pelo trabalho, o povo quer e deve exercer sua cidadania”. Para Dom Mauro, “no Piauí, como em qualquer lugar do Brasil, o que está em jogo é um direito humano básico. Sem a promoção da cidadania, o povo continuará faminto”, afirma. E MAIS “Com miséria e fome não existe e nem sobrevive democracia alguma” “Ter fme é sinal de saúde. Não ter acesso ao alimento de boa qualidade que nutra o meu organismo para viver com saúde é violação de um direito humano básico”, prega o bispo. “Cabe à família, à sociedade e aos governos garantir esse direito a cada ser humano. Vamos tomar consciência de que o problema da fome é uma coisa ordinária, que interessa a todas as pessoas e que deve ser solucionado como exigência de um direito. Não com favores e caridade”, ele diz. Ato de abertura do debate sobre gestão da merenda escolar básica, passando a abranger as escolas de ensino médio e da educação infantil. Em 2008 beneficiava 26,9 milhões de alunos, e em 2009 passou a beneficiar 45,6 milhões. DIRETRIZES A lei que instituiu o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) estabelece, entre outras, as seguintes diretrizes: O emprego da alimentação saudável e adequada, compreendendo o uso de alimentos variados, seguros e saudáveis, contribuindo para o crescimento e o desenvolvimento dos alu- nos e para a melhoria do rendimento escolar; a alimentação escolar é direito dos alunos da educação básica pública e dever do Estado; a inclusão da educação alimentar e nutricional no processo de ensino e aprendizagem; a universalidade do atendimento aos alunos; a participação da comunidade no controle social; o apoio ao desenvolvimento sustentável, com incentivo à aquisição de gêneros alimentícios diversificados, preferencialmente oriundos da agricultura familiar orgânica. “Todos os níveis e ramos de governo deverão responder a esse direito de forma planejada e orgânica. As prioridades e a metodologia dos planos, com seus programas e projetos, deverão corresponder à dignidade humana e às exigências da cidadania.” “Não seremos um povo culto e forte sem que as pessoas efetivamente se alimentem para ter vida com saúde. Com miséria e fome não existe e nem sobrevive democracia alguma. Assim como a águia da Mantiqueira desaparece quando é rompida a cadeia alimentar, assim se desfaz uma nação quando o povo não tem assegurado o acesso e o gozo de alimento que produz saúde.” “Estejamos atentos ao direito e à qualidade dos alimentos e bebidas. Alimento, dom de Deus e direito de todas as pessoas. Tudo o que como e bebo me traz saúde e vida ou doença e morte. O aleitamento materno é decisivo para a vida saudável da criança. Os refrigerantes são ótimos para gerar doenças cardiovasculares.” CULTIVANDO ÁGUA BOA 4 NOVEMBRO DE 2009 Variedade e qualidade dos produtos atrairam cerca de 20 mil visitantes, o dobro do esperado Samek na abertura do evento: “é resultado das parcerias que Itaipu tem na BP3” FEIRAS zAGROECOLOGIA VIDA ORGÂNICA E SABORES DO PARANÁ Eventos revelaram alto nível alcançado pelo sistema orgânico na BP3 e no PR Uma vida mais saudável e saborosa esteve ao alcance de quem foi ao CTG Charrua, em Foz do Iguaçu, nos dias 25 a 28 de junho de 2009. Durante os quatro dias, o mundo da alimentação orgânica e da agricultura familiar pôde ser descoberto, debatido e experimentado por quem visitou a 14ª Feira Vida Orgânica, da Itaipu Binacional e seus parceiros, e a Feira Sabores do Paraná, da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab), com apoio da Prefeitura de Foz do Iguaçu. A Feira Vida Orgânica foi criada em 2005, fruto do amadurecimento do Projeto de Agricultura Orgânica, do Programa Cultivando Água Boa, criado em 2003. A 14ª edição do evento, desta vez realizado conjuntamente com a Feira Sabores do Paraná, foi, segundo o seu gestor, João José Passini, “a maior e melhor de todas, o que evidencia o grande avanço alcançado pela agricultura orgânica na Bacia Hidrográfica do Paraná 3, a BP3”. Já a Feira Sabores do Paraná, criada há dez anos, é uma realização da Fábrica do Agricultor, do Programa Agroindústria Familiar, da Seab, sempre levada a diferentes cidades do Estado. Esta foi a primeira vez que chegou a Foz do Iguaçu. A abertura dos eventos teve a participação do governador do Paraná, Roberto Requião, do secretário estadual de Agricultura e Abastecimento, Valter Bianchini, do diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Jorge Samek, e do diretor de Meio Ambiente da Itai- pu, Nelton Friedrich. O governador Requião destacou a qualidade dos produtos comercializados, a excelência da produção orgânica e seu papel na preservação da biodiversidade. Fez ainda duras críticas ao capitalismo movido pela ganância desenfreada e insustentável. “Se a ganância continuar mandando na produção, vai chegar o momento em que vamos ser alimentados por ração; perderemos a dimensão da diversidade alimentar que vem desde os primeiros moradores de nossa terra”, disse. Jorge Samek destacou os investimentos feitos pela Itaipu nas microbacias e propriedades rurais dos 29 municípios da BP3. “Um sobrevoo pela região nos mostra rios recuperados, estradas adequadas à proteção do solo e agricultores orgânicos que não geram passivos ambientais”, afirmou. “Isso vem crescendo principalmente em função das parcerias da Itaipu com entidades e instituições da região alvo do CAB”. Rica e apetitosa variedade de produtos As feiras apresentaram e comercializaram uma grande, rica e apetitosa variedade de produtos da agricultura familiar orgânica, e ainda ofereceram ao público oportunidades de aprendizagem com palestras de alto nível, seminários e debates, momentos lúdicos, culturais e artísticos (como a apresentação da Orquestra Viola Caipira, da Faculdade Assis Gurgacz (FAG), de Cascavel) e um concorrido café colonial. Os dois eventos simultâneos contaram com 80 expositores, receberam cerca de 20 mil visitantes – o dobro do esperado –, serviram 2.000 refeições e movimentaram aproximadamente R$ 200.000,00 em vendas. Mas o que mereceu especial destaque foi a alta qualidade dos produtos expostos e comercializados, das embalagens ao conteúdo, in natura ou industrializados. A Feira Vida Orgânica é importante ação do Cultivando Água Boa (CAB) dentro do Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável, que abrange a agricultura orgânica e familiar, a diversificação da produção e agregação de valor aos produtos por meio da agroindustrialização. Materializam-se assim os três conceitos-chave que se entrelaçam na concepção inovadora do CAB: responsabilidade socioambiental, desenvolvimento sustentável e qualidade de vida – valores que as feiras Vida Orgânica e Sabores do Paraná revelaram ter alcançado um patamar elevado na Itaipu e na BP3, em Foz do Iguaçu e no Paraná. CULTIVANDO ÁGUA BOA NOVEMBRO DE 2009 6 33 ENCONTRO º CULTIVANDO ÁGUA BOA Hora de avaliar o andamento do programa, fazer ajustes e projetar sua continuidade Já é tradicional: em novembro de cada ano, os que cultivam água boa se reúnem em Foz do Iguaçu para se encontrar, confraternizar, dialogar, comemorar, assimilar novos conhecimentos e fazer novo pacto pela vida sustentável. É o Encontro Cultivando Água Boa, que neste ano está em sua sexta edição e se realiza nos dias18 a 20 de novembro, em conjunto com outros eventos de dimensão nacional e internacional (ver página 36). O Encontro Cultivando Água Boa é preparado em reuniões dos atores em cada um dos 29 municípios da BP3, quando as comunidades passam por uma espécie de brainstorming (tempestade de idéias) ao redor do desenvolvimento do programa socioambiental da Itaipu e seus parceiros. As reuniões preparatórias ao 6º Encontro coincidiram com o processo de institucionalização dos comitês gestores municipais do CAB (ver pág. 7) e foram coordenados por uma equipe de colaboradores da Itaipu (Odacir Fiorentin, Luiz Suzuke, Gilmar Sec- co, Sílvio Depiné), pelos gestores de bacias (Edoni Pedroso, José Barth, Elton José Deves, Vilmar Freitas, Sadi Ferronato, Sérgio Scherer, Neron Halinski, Romualdo Barth, Moacir Pistori, Edson Poier, Rubens de Souza e Marcelo Uliana) e gestores de programas, especialmente da educação ambiental. OFICINAS REPARATÓRIAS Os trabalhos se desenvolveram em oficinas sobre os programas e projetos do CAB em andamento em cada município. “O papel da Itaipu, tanto nos comitês gestores como nas reuniões preparatórias ao grande evento de novembro, é articular e mobilizar as comunidades”, diz Luiz Suzuke. “A importância deste trabalho pôde ser atestada no 5º Encontro CAB, de 2008, quando uma pesquisa revelou que mais de 70% dos participantes compareceram motivados pelas reuniões preparatórias.” Gilmar Secco destaca que essa é a “oportunidade que as comunidades têm de dizer o que querem, pois o programa só é bom quando é bom para a comunidade. O processo é o da democracia participativa, não apenas representativa, de modo que os resultados e os méritos das realizações não sejam de uma instituição ou de outra, da Itaipu ou da Prefeitura, mas da comunidade.” Gilmar acrescenta: “A impressão comum que tivemos nos 29 municípios da BP3 é de uma avaliação altamente positiva dos programas do CAB. Em todas as reuniões o que se verificou é que está cada vez mais reforçada a consciência da necessidade de em todos foi reforçada a necessidade de se levar adiante o programa mediante o envolvimento cada vez maior das comunidades, que, onde as coisas não andam bem, cobram mesmo”, diz Gilmar. E Suzuke acrescenta que “as pessoas estão muito conscientes de que, na questão ambiental, como na saúde, é muito melhor e mais fácil preservar do que remediar”. “O CAMINHO É POR AÍ” Odacir Fiorentin, gerente executivo do CAB, afirma: “A imersão que fizemos nessa verdadeira peregrinação pela BP3, seja para a revitalização dos comitês gestores, seja para preparar o 6º Encontro CAB, nos deu a certeza da consolidação do programa. Temos muito que fazer e avançar, porque o programa não foi construído para quatro ou oito anos, mas para sempre, porque a questão ambiental é para sempre. A consolidação do CAB está na nova roupagem e promete grandes resultados, em função especialmente da mais ampla participação de praticamente todas as entidades existentes nos municípios. Para nossa surpresa, temos comitês formados por representantes de mais 50 entidades. Isso revela o avanço da consciência ambiental e do comprometimento da sociedade. As pessoas reconhecem: o caminho é por aí, e nós temos que participar, nós temos que fazer. “Entidades regionais como AMOP, Acamop, Adeop e Caciopar criaram um departamento de meio ambiente para conectar as entidades com os comitês gestores municipais do CAB. “Na execução das ações: concluímos 70 microbacias de 2003 até hoje; serão 100 até o final de 2010. Poderíamos executar mais talvez, mas temos que respeitar os orçamentos dos municípios, sua capacidade de investimento e também de outros parceiros e da própria Itaipu; “Temos um resultado tão proveitoso que se tornou referência nacional e até mundial, principalmente, fundamentalmente pela participação da sociedade. Posso dizer que é um momento de muita felicidade chegar ao 6 Encontro com todos os comitês formados e institucionalizados nos municípios, em torno dos convênios já firmados para as ações durante dois anos.” REUNIÕES PREPARATÓRIAS AO 6o ENCONTRO CAB Marechal Cândido Rondon Guaíra Vera Cruz do Oeste CULTIVANDO ÁGUA BOA 34 NOVEMBRO DE 2009 REUNIÕES PREPARATÓRIAS AO 6o ENCONTRO CAB NOVEMBRO DE 2009 CULTIVANDO ÁGUA BOA Um círculo vicioso mortal LEONARDO BOFF Da Comissão da Carta da Terra A demanda é por um outro sistema e um outro paradigma de habitar este pequeno, velho, devastado e superpovoado planeta São José das Palmeiras Santa Helena Pato Bragado Ouro Verde do Oeste Ramilândia Mercedes Maripá Mundo Novo Itaipulândia Entre Rios do Oeste Diamante do Oeste Céu Azul Estamos todos sentados em cima de paradigmas civilizacionais e econômicos falidos. É o que nos revela a atual crise global com suas várias vertebrações. Nada de consistente se apresenta como alternativa viável a curto e a médio prazo. Somos passageiros de um avião em vôo cego. O que se oferece é fazer correções e controles à la Keynes, que, no fundo, são mudanças no sistema mas não do sistema. Mas é este sistema que comparece como insustentável, incapaz de oferecer um horizonte promissor para a humanidade. Por isso, a demanda é por um outro sistema e um outro paradigma de habitar este pequeno, velho, devastado e superpovoado planeta. É urgente porque o tempo do relógico corre contra nós e temos pouca sabedoria e parco sentido de cooperação. Em razão dos interesses dos poderosos que não fazem o necessário para evitar o fatal, as soluções implementadas mundo afora vão na linha de “mais do mesmo”. Mas isso é absolutamente irracional pois foi esse “mesmo” que levou à crise que poderá evoluir para uma tragédia completa. Estamos, pois, enredados num círculo vicioso letal. Dois impasses estão à vista, gostem ou não os economistas, “os salvadores” do mundo: um humanitário e outro ecológico. O primeiro limite é de natureza ética: a consciência planetária, surgida à deriva da globalização, suscita a pergunta: quanto de inumanidade e de crueldade aguenta o espírito humano ao verificar que 20% das pessoas consomem 80% de toda a riqueza da Terra, condenando o resto à cruz do desespero, encurralada nos limites da sobrevivência? Esta aceitará o veredito de morte sobre ela? Ela resiste, se indigna e, por fim, se rebelará por instinto de sobrevivência O ideal capitalista de crescimento ilimitado num planeta limitado parece não ser mais proponível ou só sob grande violência. O segundo é o limite ecológico: o capitalismo criou a cultura do consumo e do desperdício cujo protótipo é a sociedade norte-americana. Generalizar esta cultura – cálculos foram já feitos – precisar-se-iam de duas ou mais Terras semelhantes à nossa, o que torna o propósito irrealizável. Por outra parte, encostamos nos limites dos recursos e serviços da Terra e os ultrapassamos em 40%. Todas as energias alternativas à fóssil, mantido o atual consumo, atenderia somente 30% da demanda global. Como se depreende, dentro do mesmo modelo, somos um sapo sendo lentamente cozido sem chances de saltar da panela. Há três propostas criativas: a da economia solidária que não mais se guia pelo objetivo capitalista da maximização do lucro e de sua apropriação individual. A do escambo com as moedas regionais. A terceira é a da biocivilização e da Terra da Boa Esperança, do economista polonês que dirige um centro de pesquisa sobre o Brasil em Paris: Ignacy Sachs. Ela confere centralidade à vida e à natureza, tendo o Brasil como o lugar de sua antecipação. As três são possíveis mas não acumularam ainda força suficiente para ganhar a hegemonia. Talvez elas nos poderiam salvar. Mas teremos tempo hábil? Bem dizia Gramsci: “o velho não acaba de morrer e o novo custa em nascer”. Não se desmonta uma cultura de um dia para outro. Quem está acostumado a comer bife de filé dificilmente se resignará a comer ovo. Meu sentimento do mundo diz que vamos ao encontro de uma formidável crise generalizada que nos colocará nos limites da sobrevivência. Chegando a água ao nariz, faremos tudo para nos salvar. Possivelmente seremos todos socialistas, não por ideologia mas por necessidade: os parcos recursos naturais serão repartidos equanimemente entre os humanos e os demais viventes da comunidade de vida. Santo Agostinho sabiamente ensinou que dois fatores ocasionam em nós grandes transformações: o sofrimento e o amor. Devemos aprender já agora a amar e a sofrer por esta única Casa Comum a fim de que possa ser uma grande Arca de Noé que albergue a todos. Então será, sim, a Terra da Boa Esperança, um sinal de um Jardim do Éden ainda por vir. 3 A Mãe Terra exige resgate climático MAURICE STRONG Ex-diretor executivo do Pnuma Somos a civilização mais rica que já existiu. Podemos aceitar que não estamos em condições de salvar a nós mesmos e às gerações futuras? Um estudo do Fórum Humanitário Mundial, encabeçado pelo ex-secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Kofi Annan, estima que o custo econômico e humano da mudança climática já chega a aproximadamente US$125 bilhões anuais, significando a perda de 300 mil vidas e afetando cada vez mais pessoas em todo o mundo, em especial os pobres. As medidas financeiras para alcançar o êxito na segurança climática vão além do que até agora consideram os principais países desenvolvidos e do que reclamam China e as nações em desenvolvimento. Essas medidas não devem consistir apenas em fornecer uma soma global, mas também na aplicação de um pacote de compromissos firmes durante um longo prazo, com uma contribuição inicial da magnitude de pelo menos US$ 1 trilhão. A redistribuição de maciços recursos econômicos e humanos que hoje se destinam ao setor militar poderia satisfazer a maior parte das necessidades em matéria de segurança climática. Seria o caso de dar prioridade à melhoria da vida no planeta em lugar de outorgá-la ao poder de matar. Se a quantia de US$ 1 trilhão pode parecer irrealmente alta nas atuais circunstâncias, cabe lembrar que é apenas uma porção do que os Estados Unidos gastaram nas guerras do Iraque e do Afeganistão e nas atuais tentativas de resgate de suas principais instituições financeiras e de sua debilitada economia. Na crise da mudança climática há uma necessidade maior ainda de resgate do que na crise econômica e financeira, embora ambas estejam intrinsecamente relacionadas. Somos a civilização mais rica que já existiu. Podemos realmente aceitar que não estamos em condições de salvar a nós mesmos e às gerações futuras? Há boas notícias quanto às promissoras dimensões do progresso tecnológico que nossa sociedade do conhecimento produziu. A informação cada vez mais sofisticada e a tecnologia proporcionam ferramentas que nos permitem entender e manejar os sistemas complexos que determinam o funcionamento de nossa civilização. Os países asiáticos mais bem sucedidos economicamente, especialmente Japão e Coréia do Sul, nenhum bem-dotado de recursos naturais, construíram seu êxito graças ao desenvolvimento de tecnologias avançadas e de altas taxas de investimento em educação e pesquisa. Além disso, a China faz progressos impressionantes para se transformar em uma economia baseada no conhecimento e na tecnologia, bem como outros países asiáticos em diferentes graus. O que devemos fazer? Primeiro, necessitamos de um novo modelo econômico que integre as disciplinas tradicionais com as novas percepções da economia ecológica. Esta “nova economia” deve proporcionar bases teóricas que incorporem na política tarifária e nas contas nacionais os verdadeiros valores do ambiente e dos serviços proporcionados pela natureza. Também deve incluir um regime fiscal e de regulamentação com incentivos para o sucesso da sustentabilidade econômica, social e ambiental. As ações das pessoas e suas prioridades dependem de sua motivação. Embora todos estejamos motivados pelo interesse próprio, em um plano mais profundo, a ética, a moral e os valores espirituais fornecem a base subjacente de nossa motivação. Grande parte dos atuais conflitos, violências e “terrorismos” surgem não de motivações econômicas, mas de ideologias extremas e de preconceitos profundamente arraigados. Em uma economia de mercado que leva ao processo de globalização, o mercado proporciona os sinais que motivam a necessidade do desenvolvimento sustentável. É necessária uma política impositiva que favoreça os produtos e os procedimentos mais benéficos para o meio ambiente e a sociedade e que aumente as taxações dos que são nocivos. Porém, nenhuma nação pode adotar isoladamente essa política sem prejuízo para sua própria economia. Isto só pode ser efetivamente realizado no contexto de um acordo internacional obrigatório para todos os países. A próxima Conferência Internacional sobre Mudança Climática, que acontecerá em dezembro em Copenhague, será uma das mais importantes e uma das mais difíceis. É um inquietante paradoxo que, enquanto o nosso futuro depende de graus de cooperação sem precedentes, vivamos uma crescente divisão. Copenhague será um marco muito importante, talvez decisivo, no caminho para as mudanças fundamentais a fim de alcançar a segurança climática essencial para nossa sobrevivência, tanto quanto a sustentabilidade e o progresso a que devemos aspirar. O tempo está se esgotando e não podemos deixar passar a oportunidade. Entretanto, devemos nos dar conta de que ainda existem poucas evidências de que os governos estejam preparados para concretizar os compromissos que nos levarão a essa nova era. Os países, as organizações e as pessoas que participam desse diálogo terão papel importante em Copenhague. Façamos com que as medidas para conseguir a segurança climática tenham a mais alta prioridade em nossas vidas, tal como esperamos que tenham para os governos. *Artigo produzido para o Terramérica, projeto de comunicação dos Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde em 13/7/09. CULTIVANDO ÁGUA BOA 2 OUTRO MUNDO É POSSÍVEL E DEVE SER CONSTRUÍDO Juvêncio Mazzarollo, editor Nestes dias, 18 a 24 de novembro de 2009, a Itaipu Binacional e seus parceiros de ação socioambiental na Bacia Hidrográfica do Paraná 3, juntamente com inúmeros outros atores da mesma causa no Brasil e no mundo, compartilham um conjunto de vivências que marcarão profundamente suas vidas. Estão imersos em um riquíssimo universo de convivência, diálogo, troca de conhecimentos e experiências de luta pela salvação de sua casa comum - o planeta Terra - e da própria vida em todas suas formas e manifestações. Itaipu e parceiros - cultivadores da água boa - realizam seu encontro anual de avaliação e realimentação do programa pelo qual fazem a parte que lhes cabe nessa crucial missão. A eles juntam-se partícipes da mesma missão em outras frentes, outros lugares e compromissos todos convergindo para o mesmo grande ideal. São os protagonistas que se encontram no mesmo espaço e tempo em torno do desenvolvimento sustentável no âmbito dos países iberoamericanos; são também os protagonistas dos organismos de bacias hidrográficas da América Latina e do Caribe, bem como dos que desenvolvem saberes e cuidados socioambientais na Bacia do Prata; e são, ainda, os protagonistas da busca pelas prioridades que, de fato, respondem ao superior anseio do homem: a felicidade. Mais de 4 mil pessoas de 40 países se concentram em Foz do Iguaçu para se conhecer, conviver, ensinar, aprender e amar, com tal força que, depois, voltarão para o pedaço de planeta que tem o privilégio de desfrutar e a responsabilidade de cuidar na sua passagem pela vida. A todos, Foz do Iguaçu e a Itaipu, como anfitriães, saúdam e querem oferecer o melhor bem-estar e o maior proveito possíveis, apesar de suas limitações, e esperam estabelecer laços de uma união imorredoura em torno da convicção de que um novo mundo é possível e será construído. Todos os que estão aqui, aqui estão porque sabem e vivem a situação dramática, ameaçadora a que a humanidade chegou por caminhos que não deveria ter percorrido, e estão dispostos a corrigir a rota enquanto há tempo. Sim, ainda há tempo, por isso há esperança. Esperança é o que move todas as pessoas de boa vontade, do bem. Sem ela, melhor seria terem todos permanecido em casa conformados com a tragédia que se anuncia e que, a cada dia, dá sinais mais visíveis de aproximação. Mas aqui estão, e isto é animador, porque têm uma oportunidade muito especial de se instrumentalizar, de se armar para essa verdadeira guerra que a humanidade tem de travar, a menos que prefira se resignar com a desgraça, com a ruína que vem cavando para si própria. A Mãe Terra ama seus filhos e quer o melhor para eles, mas não mais aceitará ser por eles maltratada como vem sendo. Se seus filhos a respeitarem e dela cuidarem, ela estará sempre disposta a lhes garantir vida plena e bem-estar, hoje e sempre. ([email protected]) EXPEDIENTE Publicação da Diretoria de Coordenação da Itaipu Binacional Diretor Geral Brasileiro: Jorge Miguel Samek Diretor de Coordenação e Meio Ambiente: Nelton Miguel Friedrich Superintendentes: Newton Kaminski (Obras), Jair Kotz (Meio Ambiente) Gerente Executivo do Cultivando Água Boa: Odacir Fiorentin Superintendente de Comunicação Social: Gilmar Piolla Redação e edição: Juvêncio Mazzarollo Fotografia: Adenésio Zanella, Caio Coronel, Alexandre Marchetti Pesquisa e seleção fotográfica: Valéria Silva Borges Visual e DTP: HDS Impressão: Jornal “O Paraná” Diretoria de Coordenação Av. Tancredo Neves, 6731 Foz do Iguaçu - Paraná CEP 85866-900 Fone (45) 3520-5724 Fax (45) 3520-6998 [email protected] NOVEMBRO DE 2009 Pensando bem... CULTIVANDO ÁGUA BOA NOVEMBRO DE 2009 35 REUNIÕES PREPARATÓRIAS AO 6o ENCONTRO CAB Pela dinâmica expansionista, o capital põe em perigo ou destrói suas próprias condições, a começar pelo meio ambiente natural. Michel Löwy, no livro Ecologia e Socialismo A produção capitalista só desenvolve a técnica e a combinação do processo de produção social ao minar as fontes de toda a riqueza: a terra e o trabalhador. Idem Agora a Terra está mudando, de acordo com suas regras internas, para um estado em que já não somos bem-vindos. James Lovelock, no livro A Vingança de Gaia Rogo aos meus amigos verdes que repensem sua crença ingênua Altônia Terra roxa São Miguel do Iguaçu Quatro Pontes Santa Tereza do Oeste Santa Terezinha de Itaipu São Pedro do Iguaçu Toledo Nova Santa Rosa Missal Medianeira Cascavel no desenvolvimento sustentável e na energia renovável, e que poupar energia é tudo o que precisa ser feito. Idem Temo que nossos filhos e netos, olhando para o nosso tempo, tenham motivos para nos amaldiçoar e nos devotar um soberano desprezo, porque não fizemos o que devíamos. Leonardo Boff Precisamos enfrentar o fato, meus amigos, de que o amanhã é hoje. Estamos de frente para a feroz urgência do agora. E nesse dilema da vida e da história, existe o que se chama chegar atrasado. Martin Luther King Desenvolvimento sustentável e capitalismo são incompatíveis. Juvêncio Mazzarollo, filósofo da obviedade NESTA EDIÇÃO Editorial ........................................................................................... 2 Artigos - Leonardo Boff e Maurice Strong ............................................ 3 Feiras Vida Orgânica e Sabores do Paraná. .......................................... 4 Alimentação e nutrição, direito humano básico .................................... 5 O ser humano está altamente poluído ............................................... 6 Municípios são chamados a ser protagonistas do CAB .......................... 7 Agressão ao meio ambiente é causa de todas as crises ........................ 8 Jean-Michel Cousteau na Itaipu. ........................................................ 9 Pronaf Sustentável é lançado na Bacia do Paraná 3. .......................... 10 Itaipu e responsabilidade socioambiental nas empresas. .................... 11 Laboratório Ambiental da Itaipu inova métodos. ................................. 12 Dia da Árvore: balões lançam sementes sobre a BP3 ......................... 13 Condomínio de Agroenergia da Agricultura Familiar. ............................ 14 Ações do Programa Cultivando Água Boa: Sustentabilidade das comunidades indígenas .............................. 15 Produção de peixes em nossas águas. ........................................ 16 Coleta solidária. ........................................................................ 17 Educação ambiental para a sustentabilidade. ............................... 18 Desenvolvimento rural sustentável ............................................ . 20 Gestão da informação territorial ................................................. 22 Gestão por bacias hidrográficas. ................................................. 23 Plantas medicinais e fitoterápicos ............................................... 24 Biodiversidade, nosso patrimônio. .............................................. 25 Formatura de jovens jardineiros .................................................. 26 Criança: cidadã ou consumista. ....................................................... 27 O Brasil e as mudanças climáticas. ................................................. 27 Encontro Paranaense de Educação Ambiental. ................................. 28 Educação Ambiental da Itaipu no Benchmarking. ............................... 29 Difusão do Cultivando Água Boa. ...................................................... 30 6º Encontro Cultivando Água Boa. .................................................... 33 Eventos correlatos ao 6º Encontro CAB. ............................................ 36 CULTIVANDO ÁGUA BOA 36 À PROCURA DA VERDADEIRA RIQUEZA DO HOMEM Paralelamente ao 6º Encontro Cultivando Água Boa, são realizados em Foz do Iguaçu outros quatro eventos correlatos da maior relevância no âmbito nacional e internacional. Juntos, reúnem mais de 4.000 pessoas, entre elas representações de pelo menos 40 países. Provavelmente, constitui o maior evento do gênero no Brasil e na América Latina em 2009. A seguir, a caracterização de cada evento. 5ª CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE FELICIDADE INTERNA BRUTA O que, afinal, o ser humano realmente aspira ao longo de sua passagem pela Terra? Elementar: felicidade, mesmo quando a persegue por caminhos erráticos, como o acúmulo de riqueza material, de dinheiro. Por mais que isso ajude, há muitos outros ingredientes necessários à felicidade, ao maior bem-estar possível neste mundo. Verdadeira revolução nesse afã de dizer em que consiste e como mensurar o progresso, ou a verdadeira riqueza do homem, parte do Butão, um minúsculo país da Ásia que trocou o índice PIB (Produto Interno Bruto) pelo índice FIB (Felicidade Interna Bruta). DESENVOLVIMENTO É SER FELIZ Segundo o conceito FIB, desenvolvimento é ser feliz, senão, não é desenvolvimento. Para mensurá-lo são levados em conta 72 indicadores em nove dimensões, ou componentes da felicidade e bem-estar no Butão: bem-estar psicológico, uso do tempo, vitalidade da comunidade, cultura, saúde, educação, diversidade do meio ambiente, padrão de vida, governança. O movimento vem ganhando o mundo, especialmente pela voz e pelo empenho do movimento ambientalista. Uma das formas de disseminação é a conferência internacional anual, que neste ano é realizada pela primeira vez no Brasil, em Foz do Iguaçu, graças a gestões desenvolvidas pelo Instituto Visão Futuro e a Itaipu Binacional. RECONHECIMENTO AO CULTIVANDO ÁGUA BOA Segundo os organizadores, a escolha do Brasil e de Foz do Iguaçu como sede do evento se deve à constatação de que "o país apresenta características sociais, ambientais e políticas públicas favoráveis à aplicação das dimensões do FIB - aspectos esses verificados no Programa Cultivando Água Boa, da Itaipu e parceiros, pelo trabalho de construção da sustentabilidade na Bacia Hidrográfica do Paraná 3. A conferência abre às 15h30 do dia 20, logo após o encerramento do 6º Encontro Cultivando Água Boa, e se estenderá até o meio-dia do dia 24. Encontro Anual do Centro de Saberes e Cuidados Socioambientais da Bacia do Prata O evento tem a finalidade de estabelecer o planejamento de ações para o período 2010-2012, além de avaliar as atividades executadas e em desenvolvimento, continuar o debate sobre a dinâmica a ser aplicada nas futuras ações do Centro de Saberes e Cuidados Socioambientais da Bacia do Prata, que reúne cinco países (Brasil, Paraguai, Bolívia, Argentina e Uruguai). NOVEMBRO DE 2009 7º Encontro Iberoamericano de Desenvolvimento Sustentável A origem desse evento está na apresentação das conclusões do II CONAMA (II Congresso Nacional do Meio Ambiente), realizado no Rio de Janeiro em 1995, quando se evidenciou a necessidade de organizar um encontro iberoamericano que reuniria em um mesmo foro os países da região para tratar dos principais problemas ambientais e pleitear soluções comuns. O primeiro encontro se deu já no ano seguinte, em Madri, Espanha, depois foi sendo reeditado sempre em países diferentes, até chegar à sétima edição, a ser realizada pela primeira vez no Brasil, com representações de 10 países. Segundo seus responsáveis, o encontro propõe, na agenda ambiental internacional, debates sobre política e administração ambiental, planejamento energético, ecologia urbana, planos de cooperação internacional, contaminação atmosférica, fornecimento e contaminação da água, educação ambiental, produção de energia; participação cidadã, cooperação hispano-americana, gestão sustentável das cidades, entre outros temas. Anunciam os organizadores que o evento "será planejado para ser um dos principais encontros do gênero na América Latina, portanto contará com a presença de autoridades e articuladores sociais em escala internacional, regional e local, indivíduos que servem de ponto de referência para o tema do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável". 1º Encontro de Organismos de Bacias da América Latina e Caribe Durante a abertura o Fórum de Águas das Américas, realizado em Foz do Iguaçu em novembro de 2008, que contou com a participação de representantes de 33 países da América Latina e do Caribe, foi anunciada pelo Governo do Paraná a realização do I Encontro de Organismos de Bacias da América Latina e Caribe. Novamente, 33 países estarão representados. Em 1998 foi criada a Rede Latinoamericana de Organismos de Bacias (RELOB), congregando os organismos de bacias da América Latina. A RELOB foi rearticulada em 2008 na assembléia geral realizada nos dias 11 a 12 de dezembro de 2008 na cidade do Rio de Janeiro, por ocasião do X Encontro Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas. É uma realização do Governo do Paraná, Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (SUDERHSA), Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Instituto de Terras, Cartografia e Geociências (ITCG), Companhia Paranaense de Energia (Copel), Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), Itaipu Binacional, Fórum Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas e Rede Latinoamericana de Organismos de Bacia (Relob). Em 2007, contando com o apoio da Câmara Técnica de Gestão dos Recursos Hídricos Transfronteiriços (CTGRHT), do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), foi realizado pelo Governo do Paraná, Itaipu Binacional e Agência Nacional de Águas (ANA), o I Encontro Trinacional para a Gestão de Águas Fronteiriças e Transfronteiriças, nos dias 4 a 6 de junho, em Foz do Iguaçu. O objetivo é contribuir com o fortalecimento da gestão integrada dos recursos hídricos na América e no Caribe, por intermédio do conhecimento de experiências nacionais e internacionais e do intercâmbio entre organismos de bacias hidrográficas, na perspectiva da construção de uma agenda positiva entre os diversos representantes de organizações no âmbito da RELOB e demais redes de bacias hidrográficas. PROGRAMA SOCIOAMBIENTAL DA ITAIPU BINACIONAL - FOZ DO IGUAÇU, NOVEMBRO DE 2009 - No 15 EM FOZ DO IGUAÇU, O MAIOR EVENTO SOCIOAMBIENTAL LATINOAMERICANO