Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Unidade Universitária de Dourados Programa de Pós- Graduação em Recursos Naturais APLICAÇÃO DAS TÉCNICAS DE ESPECTROSCOPIA ÓPTICA VIBRACIONAL EM COMPOSTOS QUÍMICOS E BIOLÓGICOS Francylaine Silva de Almeida Dourados – MS Março/2012 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Unidade Universitária de Dourados Programa de Pós- Graduação em Recursos Naturais APLICAÇÃO DAS TÉCNICAS DE ESPECTROSCOPIA ÓPTICA VIBRACIONAL EM COMPOSTOS QUÍMICOS E BIOLÓGICOS Francylaine Silva de Almeida Orientador: Luis Humberto da Cunha Andrade Co-orientador: Antonio Rogério Fiorucci “Dissertação apresentada ao programa de pós-graduação em Recursos Naturais, área de concentração em Recursos Naturais, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Recursos Naturais”. Dourados – MS Março/2012 “É melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar; é melhor tentar, ainda que em vão, que sentar-se fazendo nada até o final. Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias tristes em casa me esconder. Prefiro ser feliz, embora louco, que em conformidade viver.” Martin Luther King ii Dedico este trabalho aos meus avôs FRANCILINA CORREIA CARDOSO, FLORIANO CARDOSO e MANOEL ALVES DA SILVA, que apesar de não termos tido tempo de ter um convívio continuo, estarão sempre presentes em minha memória. (in memorian) iii AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a DEUS todo poderoso, que me acompanha em todos os momentos. Presente nas minhas vitórias e principalmente nos momentos difíceis. Aos meus pais Altair e Maria Aparecida, que sempre me apoiaram e me ajudaram, nos momentos mais complicados. Aos meus irmãos Francielle e Francy Helder, que são meus companheiros para toda hora. E principalmente por me aguentar, pois sou um ‘osso duro de roer’ quando quero. AMO MUITO VOCÊS. As minhas melhores amigas Camila Cristina, Natalia, Enedable, Sorraila e Hevillin, que estão sempre presentes em minhas lutas. Aos meus amigos Maryleide e Alex que me acompanham desde graduação, que não foi fácil, mas estavam sempre presentes, nos momentos de choros por causa de seminários, ou por bolsas que não eram bem vindas. Vou levá-los sempre em meu coração. Que nossa amizade continue existindo apesar da distancia, que vira com o tempo. A uma amiga que me acompanha desde o ensino médio e que está sempre presente, , Camila Brum obrigada por toda sua ajuda. Aos amigos de mestrado Ana Letícia, Débora, Euripedes, Paula, Phamilla, Letícia e Bruno. Desejo a vocês tudo de bom, que continuemos a nos falar. Aos meus amigos de laboratório, Carla, Daisy, Renata, Marcio, Fabio, Paulo Renato e Nicolas. Ao meu companheiro de pesquisa Eliel, obrigado por me ajudar neste trabalho. Aos meus sogros Regiane e Aparecido, por todo apoio e pela disponibilidade em me ajudar. E ao meu cunhado Rafael, pelas copias de graça. iv Não posso deixar de agradecer uma pessoa que entrou na vida da minha família mais tarde, meu padrasto Josemir, por sempre me ajudar quando precisei. Aos professores Sandro Marcio Lima, Antonio Rogério Fiorucci e Yzel Rondon Súarez. E principalmente ao Luis Humberto da Cunha Andrade pela paciência de me orientar. Ao Fundect por ter me financiado nesta empreitada. E agradeço a uma pessoa em especial, por me escolher para compartilhar uma vida, por seu companheirismo, amor, carinho, paciência e dedicação. TE AMO MUITO RODRIGO! v SUMÁRIO RESUMO............................................................................................................................ viii ABSTRACT .......................................................................................................................... x CAPÍTULO 1 -– Introdução .................................................................................................. 1 CAPÍTULO 2 – Revisão Bibliográfica ................................................................................. 2 2.1 - Espectroscopia Vibracional ....................................................................................... 2 2.1.1- Absorção no Infravermelho .................................................................................. 3 2.1.2- Espalhamento Raman ........................................................................................... 5 2.1.3- SERS................................................................................................................... 10 2.2- Técnicas Voltamétricas ............................................................................................. 11 2.3 - Referências Bibliográficas ....................................................................................... 15 CAPÍTULO 3 - Differentiation of neotropical fish species with statistical analysis of Fourier Transform Infrared Photoacoustic Spectroscopy data ............................................ 18 ABSTRACT ..................................................................................................................... 18 3.1 - INTRODUCTION ................................................................................................... 19 3.2 - MATERIALS AND METHODS ............................................................................. 20 3.2.1 - Fish collection.................................................................................................... 20 3.2.2 - Fourier Transform Infrared Photoacoustic Spectroscopy (FTIR-PAS) ............. 22 3.2.3 - Statistical analysis.............................................................................................. 22 3.3 - RESULTS AND DISCUSSION .............................................................................. 23 3.4 - CONCLUSION ........................................................................................................ 26 3.5 - ACKNOWLEDGEMENTS .......................................Erro! Indicador não definido. 3.6 - REFERENCES ........................................................................................................ 27 CAPÍTULO 4 - Desempenho de Eletrodos de Pastas de Carbono Modificados com Ácidos Húmicos na Detecção Voltamétrica de Thiram ................................................................... 29 Resumo ............................................................................................................................. 29 4.1 - INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 29 4.2 - MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 32 4.2.1 - Voltametria de Onda Quadrada (SWV)............................................................. 32 4.2.1.1 - Equipamentos utilizados ............................................................................. 32 4.2.1.2 - Reagentes e preparo das soluções ............................................................... 32 4.2.1.3 - Preparo dos Eletrodos de Pasta de Carbono ................................................ 33 4.2.1.4 - Procedimento Experimental Voltamétrico .................................................. 33 4.2.2 - Espectroscopia Fotoacústica no Infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR-PAS)................................................................................................................... 34 4.3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 34 4.4. - CONCLUSÃO ........................................................................................................ 40 4.5. – REFERÊNCIAS BIBLIO GRAFICA .................................................................... 40 CAPÍTULO 5 - Aplicação da técnica SERS em análises do fungicida Thiram .................. 45 Resumo ............................................................................................................................. 45 5.1 - INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 45 5.2 - MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 47 5.2.1 - Experimentos de absorção óptica no infravermelho médio PAS-FTIR ............ 47 5.2.2 - Experimentos de RAMAN e SERS ................................................................... 47 5.2.3 - Síntese dos substratos para os experimentos de SERS ...................................... 48 5.3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 49 5.4 - CONCLUSÃO ......................................................................................................... 58 vi 5.5 - REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................... 58 CAPÍTULO 6 – Considerações Finais ................................................................................ 61 vii RESUMO As diferentes técnicas que englobam a espectroscopia vibracional foram empregadas em diversos materiais. Primeiramente, a técnica de espectroscopia de absorção no infravermelho com a detecção fotoacústica (FTIR-PAS) foi empregada na diferenciação de dezenove espécies de peixes do Alto da Bacia do Rio Paraná, baseando-se na diferenciação da composição química das escamas. A análise canônica discriminante foi utilizada para indicar os picos de absorção mais relevantes para a diferenciação entre as espécies estudadas. Foram encontradas diferenças significativas na composição química das escamas entre as espécies, com wilk’s lambda=5,2 e p<0,001, indicando que a flexão do CH em 1396 cm-1 pode ser utilizada como bioindicador deste grupo de espécies. As espécies foram categorizadas em 4 grupos de acordo com o habitat, sugerindo que o CH esta relacionado com as características biológicas de cada espécie. Este procedimento também pode ser utilizado para complementar estudos evolutivos. O segundo trabalho utilizou a mesma técnica no infravermelho para a análise química de diferentes ácidos húmicos para posterior comparação com seu desempenho como modificador de eletrodos de pasta de carbono aplicados na detecção voltamétrica do fungicida Thiram. Foram analisados o desempenho de ácidos húmicos extraídos naturalmente (AH-G e AH-D) e ácido húmico comercial (AH-C) para detecção do agrotóxico em diferentes pHs. O desempenho foi comparado com eletrodos sem modificações. O eletrodo que teve melhor desempenho foi o AH-G, sendo este natural extraído do Guiraí. Este eletrodo além de se manter constante nos diferentes pH, obteve corrente de pico (Ip= 5,9) maior que o sem modificação (Ip=3,7) com uma boa resolução do pico anódico. A correlação com as suas características espectroscópicas revelaram que este ácido húmico apresenta menores índices de ácidos carboxílicos do que os demais, assim esta característica pode ser atribuída ao seu melhor desempenho na detecção voltamétrica do Thiram. O último trabalho analisou as vibrações do fungicida Thiram obtidas pelas técnicas FTIR-PAS e Raman para comparação com os modos vibracionais gerados pela técnica SERS, a fim de aperfeiçoá-la, e assim desenvolver uma metodologia simples e eficaz para detecção de agrotóxicos. Para obtenção dos espectros SERS do Thiram foram confeccionadas superfícies nanometricamente rugosas de prata, sendo obtidas através da oxidação do nitrato de prata em superfícies de cobre. As análises revelaram que o espectro SERS tem viii vários picos semelhantes aos das demais técnicas. Apresentando diferenças significativas quando comparado com o Raman, revelando picos que são provenientes das ligações formadas entre a superfície de prata e o agrotóxico. Além disso, existem vários picos que são amplificados no SERS devido à ressonância plasmo-ionica favorecida pela superfície. Analisando diferentes tempos de formações das nanoestruturas em comparação com os espectros SERS, observa-se que para o tempo de 15s obtém os melhores sinais SERS. Assim, as imagens MEV revelam que isso se deve a formação de nanofolhas nestas superfícies que favorecem a amplificação do sinal Raman. Palavras-chave: FTIR-PAS; Raman; SERS; escamas de peixe; ácido húmico; Thiram. ix ABSTRACT The different techniques which include vibrational spectroscopy were employed in various materials. First, the technique of infrared absorption spectroscopy with photoacoustic detection (FTIR-PAS) was employed in the differentiation of nineteen species of fish from the Upper Paraná River Basin, based on the differentiation of the chemical composition of the scales. Canonical discriminate analysis was used to indicate the absorption peaks are most relevant to the differentiation between the species. There were significant differences in the chemical composition of scales between species, with Wilk's lambda = 5.2 and p <0.001, indicating that the bending of CH in 1396 cm-1 can be used as a bioindicator species of this group. The strains were categorized into four groups according to the habitat, suggesting that CH is related to the biological characteristics of each species. This procedure can also be used to complement evolutionary studies. The second study used the same technique in the infrared for chemical analysis of different humic acids to be compared with its performance as a modifier of carbon paste electrodes applied to the voltammetric detection of the fungicide Thiram. We analyzed the performance of humic acids naturally drawn (AH-C and AH-G) and commercial humic acid (AH-C) for detecting the pesticide at different pHs. The performance was compared with unmodified electrodes. The electrode that performed best was the AH-G, which is extracted from Guiraí River. This electrode also remains constant at different pH, obtained peak current (Ip = 5.9) than the unmodified (Ip = 3.7) with a good resolution of the anodic peak. The correlation with their spectroscopic characteristics showed that humic acid has lower rates of carboxylic acids than others, so this feature can be attributed to its better performance in voltammetric detecting of Thiram. The last study analyzed the vibrations of the fungicide Thiram obtained by FTIR-PAS techniques and for comparison with the Raman vibrational modes generated by the SERS technique in order to perfect it, and so develop a simple and effective for detection of pesticides. To obtain the SERS spectrum of Thiram nanometricamente rough surfaces were made of silver is obtained by oxidation of the silver nitrate on copper surfaces. The analysis revealed that the SERS spectrum has several peaks similar to those of other techniques. Significant differences compared with the Raman peak revealing that are derived from the linkages formed between the surface of silver and pesticides. Furthermore, there are several peaks that are amplified due to resonance in the SERS Plasmodium favored by ionic surface. Looking at different times formation of x nanostructures in comparison with the SERS spectra, it is noted that for obtaining the time of 15 seconds the best signal to SERS. Thus, SEM images reveal that this is due to formation of nanosheets on these surfaces which favor the amplification of the Raman signal. Keyworks: FTIR-PAS; Raman; SERS; scale of fish; humic acid; Thiram. xi CAPÍTULO 1 -– Introdução A espectroscopia vibracional é uma técnica que fornece informações sobre a estrutura molecular do material, por meio dos níveis vibracionais das moléculas presentes no mesmo. As vantagens desta técnica, além das informações sobre a estrutura molecular, incluem o curto tempo utilizado para preparo da amostra, estimados em alguns minutos, sendo que algumas não necessitam de preparo. A utilização de apenas pequenas quantidades do material em estudo, também é uma dos seus benefícios. Além disso, em muitos casos, a amostra utilizada não é destruída nas análises. Neste trabalho utilizou-se das técnicas vibracionais para caracterização e análise de diferentes materiais, cada um com suas particularidades. Assim, esta pesquisa divide-se em 4 partes. A primeira se destina a descrever, de forma sucinta, as diferentes técnicas empregadas ao longo deste trabalho. As demais estão em forma de artigos, os quais abordam a importância, os métodos utilizados, e os dados adquiridos em cada pesquisa. Assim o capítulo 2 intitula-se “Differentiation of neotropical fish species with statistical analysis of Fourier Transform Infrared Photoacoustic Spectroscopy data”, o qual teve como objetivo identificar diferenças entre espécies de peixes utilizando a técnica de infravermelho, sendo este submetido à revista Applied Spectroscopy. O capítulo 3 intitula-se “Desempenho de Eletrodos de Pastas de Carbono Modificados com Ácidos Húmicos na Detecção Voltamétrica de Thiram”, utilizou-se da técnica de Voltametria para a detecção do fungicida Thiram e a espectroscopia no Infravermelho como meio de caracterização dos ácidos húmicos, para posterior correlação com os dados da Voltametria. E, por último, o capítulo 4 intitulado “Aplicação da técnica SERS em análises do fungicida Thiram”, desenvolve um meio de se utilizar a espectroscopia SERS como ferramenta de caracterização de agrotóxicos. 1 CAPÍTULO 2 – Revisão Bibliográfica 2.1 - Espectroscopia Vibracional As técnicas de espectroscopia óptica estudam os diferentes mecanismos da interação da radiação eletromagnética com a matéria, dentre estas a espectroscopia de espalhamento Raman e Absorção na região do Infravermelho são utilizadas para analisar os tipos de vibrações moleculares, que são específicos para cada molécula. Estas técnicas geram informações sobre a composição e estrutura química de um material, por isso são muito utilizadas na caracterização e identificação de amostras, muitas vezes desconhecidas. (MENDHAM et al., 2002) A espectroscopia vibracional fundamenta-se na ideia das moléculas serem constituídas de átomos e possuírem certa massa, e que estes estão conectados entre si por ligações elásticas. Desta forma, eles podem executar movimentos, ou seja, vibrar de acordo com seu grau de liberdade vibracional. A quantidade de vibrações que cada molécula pode executar é definida pela quantidade de átomos envolvidos. Assim se uma molécula possui n átomos, então esta molécula possuirá 3n-5 vibrações, se for uma molécula linear. Caso contrário, terá 3n-6 vibrações. Esta diferença está no fato das moléculas lineares não possuírem vibração rotacional em torno do seu eixo. Porém não é somente isso que define um espectro vibracional, que depende também das massas dos átomos envolvidos, do arranjo geométrico da molécula e das forças das ligações químicas. As moléculas podem vibrar de várias formas como no exemplo representado na Figura 1. 2 Figura 1 - Representação dos modos vibracionais de uma molécula como, por exemplo, CH 2, NH e CO (a) Deformação angular, tipo tesoura; (b) deformação angular, tipo sacudida; (c) deformação angular simétrica; (d) deformação angular; (e) Estiramento simétrico; (f) Estiramento assimétrico; (g) Estiramento. Os sinais + e – representam movimentos perpendiculares ao plano do papel. A espectroscopia no Infravermelho e a Raman são as técnicas vibracionais mais utilizadas para o estudo dessas vibrações. Estas técnicas são complementares, pois dependendo da natureza da vibração esta pode ser ativa ou proibida para o espectro Infravermelho ou Raman sendo isso discutido no item a seguir. 2.1.1- Absorção no Infravermelho A radiação infravermelha corresponde a região de 14000 a 200 cm-1 do espectro eletromagnético, sendo que a região compreendida de 4000 a 400 chamada de infravermelho médio. Esta radiação foi primeiramente observada em 1800 e, somente no século XX, despertou o interesse no meio cientifico, pois foi quando Abney e Festing obtiveram o espectro de absorção de mais de 50 compostos. Hoje esta técnica é uma das mais valiosas para a caracterização e identificação de materiais. (BARBOSA, 2008) A espectroscopia no Infravermelho (IR- do inglês infrared) é o estudo da interação da radiação infravermelha com a matéria. A absorção no IR ocorre quando uma das freqüências da radiação incidente é igual a uma das transições entre níveis vibracionais da molécula. Porém, esta interação deve gerar uma modificação no momento de dipolo da molécula, se isso não ocorrer a molécula não absorverá a radiação e não será detectada no IR. Por isso que nem todas as moléculas têm vibrações no infravermelho. Para exemplificar esse efeito do momento de dipolo pode-se considerar os átomos de uma molécula como partículas carregadas. A carga de uma molécula pode mudar durante 3 uma vibração molecular, pois neste caso ocorre a mudança na geometria da molécula podendo afetar a redistribuição de elétrons. Na molécula de ácido clorídrico (HCl), o átomo de cloro tem eletronegativida maior, assim tem excessos de carga negativas, e o hidrogênio tem excesso de carga positivas. Assim a ligação de HCl é considerada um dipolo. Deste modo, quando a luz incide nesta molécula o campo elétrico oscilante irá exercer sobre o átomo positivo uma força em um sentido e sobre o átomo negativo uma forca no sentido contrário. Ocorrendo a mudança no dipolo, assim a vibração nesta molécula é IR ativa. (COLTHUP et al.) A molécula de hidrogênio (H2) tem um centro de simetria, quer dizer que para cada átomo de hidrogênio existe outro em sentido oposto e equidistante. Deste modo este arranjo garante que a carga positiva coincida com a negativa exatamente no centro da molécula, assim o momento de dipolo é zero. Sendo que em sua vibração é mantido o centro de simetria de modo que o momento de dipolo não mude. Portanto, essa vibração é inativa em IR., pois o campo elétrico não pode atrair os dois hidrogênios envolvidos em direções opostas, como é exigido em vibrações diatômicas. Assim, moléculas iguais ao H2, ou seja, moléculas diatômicas mononucleares, não têm vibrações no IR. (COLTHUP et al.) Isso ocorre também com os quatros átomos de hidrogênio do metano quando vibram simetricamente, pois esta vibração não resulta em variação no dipolo e assim não absorve no IR, assim como as vibrações simétricas dos C C e C C de grupos alquenos e alquinos (BARBOSA, 2008). A espectroscopia IR é geralmente acoplada com outra técnica para detecção, a qual depende do material a ser analisado como por exemplo, a de refletância total atenuada (ATR) e a Fotoacústica (PAS). Esta última é muito utilizada para caracterização de materiais sólidos opacos. A técnica fotoacústica (PAS- do inglês photoacoustic) baseia-se no efeito observado pela primeira vez em 1880 por Alexandre Graham Bell. Este efeito consiste em irradiar a amostra,onde suas moléculas vibram gerando ondas de calor, que perturbam o meio no qual a amostra esta inserida. Assim a vibração é detectada por um microfone sensível e transformadas em sinal eletrônico, como exemplificado na Figura 2. 4 Figura 2 – Representação de uma célula fotoacústica. A radiação modulada incidente na amostra gera ondas de calor que perturbam o meio gerando sinal captado pelo microfone. A espectroscopia IR acoplada com a detecção PAS vem sendo muito utilizadas para a caracterização de uma vasta gama de materiais. Na literatura encontram-se diversos estudos com estas técnicas juntas, como por exemplo, em análise de fungos (GORDON et al., 1997), proteínas (SADLER et al., 1984), polímeros (DELPRAT & GARDETTE, 1992) 2.1.2- Espalhamento Raman O espalhamento Raman ocorre quando um meio é excitado em um comprimento de onda específico de forma que uma pequena parte da luz seja espalhada de forma inelástica, ou seja, a radiação espalhada possui comprimentos de ondas diferentes da fonte de excitação, que são dependentes da estrutura química das moléculas responsáveis pelo espalhamento. Esse efeito foi postulado primeiramente em 1923 por Smekal, mas somente em 1928 que foi observado experimentalmente por C. V. Raman quando percebeu que a luz espalhada era diferente da fonte de excitação (SMITH & DENT, 2005). Por esta descoberta Raman ganhou o Prêmio Nobel de Física em 1931, e o efeito leva seu nome. O espalhamento ocorre quando a luz interage com as moléculas induzindo uma modificação em sua polarizabilidade. Em termos de energia pode-se dizer que a molécula passa para um estado de energia virtual, o qual não é estável e a molécula volta a seu estado fundamental emitindo um fóton de radiação. A Figura 3 representa esta interação com a molécula. As linhas 1 e 2 representam os estados vibracionais da molécula, sendo 1 o estado fundamental, o qual é de menor energia, e o 2 um estado excitado. O estado X é um estado virtual, que são criados quando o feixe de luz interage com os elétrons e causa uma variação em sua polarizabilidade. Assim a energia desses estados é determinada pela fonte de luz utilizada. Esta figura representa os tipos de 5 espalhamentos que podem ocorrer em uma molécula. Quando a molécula absorve um fóton incidente é elevado ao estado virtual e imediatamente retorna ao estado fundamental, emitindo um fóton espalhado com mesma freqüência ( ) do incidente, este espalhamento é chamado de espalhamento elástico (ou Rayleigh), este efeito ocorre com maior incidência por isso, este sempre será mais intenso (COLTHUP et al.). O espalhamento inelástico, chamado de Raman, é resultado da perda de energia devido às vibrações moleculares, e pode ocorrer de duas maneiras, uma quando a molécula está no estado fundamental e ao absorver a energia é elevada para um estado virtual e ao espalhar decai para o estado 2, ou seja, espalha-se com freqüência menor do que a incidente. Este tipo de espalhamento é chamado de Stokes. A segunda maneira é quando a molécula já está no estado excitado 2 por influencia de energias térmicas, por exemplo, e é elevada ao estado virtual, e assim ao espalhar decai ao estado fundamental, espalhando assim com uma freqüência maior que a incidente, esse processo é chamando de Anti-Stokes. Figura 3 - As diversas interações da radiação com a molécula que gera vibrações. (adaptado de COLTHUP et al.) 6 É bom salientar, que as mesmas linhas geradas pelo Stokes são geradas no AntiStokes, mas em energias opostas em sinal, como representado na Figura 4, a qual mostra o espectro de espalhamento do tetracloreto de carbono (CCl4), excitado em 488 nm. A temperatura ambiente, as linhas geradas no espalhamento Anti-Stokes são menos intensas que os Stokes, por isso normalmente se utiliza somente as linhas Stokes. Vale salientar que a intensidade do Anti-Stokes é aumentada conforme se aumenta a temperatura, pois assim ocorrerão mais moléculas no estado excitado. (SKOOG et al., 2002) Figura 4 - Espectro do CCl4 excitado em 488nm. Observa-se todas as linhas do espalhamento gerado por esta molécula. (adaptado de SKOOG et al., 2002) Os espectros Raman são independentes do comprimento de onda de excitação, assim o espectro mostrado na Figura 4 será o mesmo qualquer que seja sua excitação (BOWEN et al., 2010; FROST et al., 2007; KORNATH et al.,2003; SHARMA et al., 2011).Os resultados fornecidos pelo espalhamento Raman se assemelham aos da Absorção Infravermelha por resultar também em alterações vibracionais na molécula. Porém há diferenças suficientes entre estas técnicas, que faz com que sejam complementares e não competitivas. A principal diferença está na forma de interação com a molécula, enquanto no espalhamento Raman deve ocorrer uma mudança na polarizabilidade da molécula, no Infravermelho deve gerar uma variação no momento de dipolo. No entanto, essas técnicas dependem dos mesmos modos vibracionais da molécula. Por isso, podem existir vibrações que são ativas nas duas técnicas, porém há outras que são ativas no Raman e não são no Infravermelho, e vice-versa. Por isso que existe a complementaridade das técnicas. 7 A maioria das vibrações moleculares é tanto Raman ativa quanto Infravermelho ativo como, por exemplo, as do dióxido de enxofre (SO2). Porem existe aquelas que não são Raman ativa e são Infravermelho ativo, e vice-versa. . Por exemplo, a molécula de dióxido de carbono (CO2) em seu modo vibracional de estiramento simétrico não ocorrem variações de momento de dipolo (Infravermelho inativo), já sua polarizabilidade varia, pois a distorção das ligações dos átomos de oxigênios fica mais fácil à medida que elas esticam e mais difícil quando elas encolhem, e assim é Raman ativa. Porém quando esta molécula vibra em modo assimétrico seu momento de dipolo varia e se torna Infravermelho ativo, por outro lado, à medida que a polarizabilidade da molécula aumenta quando um dos oxigênios se estica-se, de outro esta diminui quando o outro oxigênio se contrai, assim nenhuma variação efetiva ocorre. Deste modo, a vibração assimétrica do dióxido de carbono é Raman inativo. A Figura 5 representa estas diferentes vibrações do dióxido de carbono e o que acontece com o momento de dipolo ( ) e com sua polarizabilidade ( ). Quando a variação do momento de dipolo em relação a uma coordenada é zero ( / r 0 ) a vibração correspondente não aparece no espectro IR, e quando a polarizabilidade é zero ( / r 0 ) esta não aparecera no Raman. 8 Figura 5 – Representação das vibrações e do momento de dipolo e da polarizabilidade. (adaptado de SMITH & DENT, 2005) Como o IR e o Raman são técnicas complementares, em certos momentos o IR leva vantagem sobre o Raman principalmente por se obter uma intensidade maior no sinal. Porém, o Raman leva vantagens na análise de soluções aquosas, pois a água não interfere na detecção Raman, como no IR. Outra interferência na obtenção de espectros Raman é a fluorescência. Esse processo que ocorre nas moléculas quando são irradiadas por luz visível induzindo luminescência que sobrepõe ao espectro Raman, e assim as vibrações das moléculas não são evidenciadas, devido à intensidade de luminescência ser muitas vezes superior ao sinal Raman. Por isso, os pesquisadores desde que este efeito foi descoberto tentam sua minimização, varias técnicas já foram desenvolvidas com sucesso. Uma destas técnicas foi descoberta recentemente e está em desenvolvimento, que é a chamada de espalhamento Raman por intensificação de superfície (SERS- do inglês Surface Enhanced Raman Spectroscopy), que será discutida 9 adiante. Ainda assim a técnica Raman ainda é muito utilizada, como para análises em sistemas celulares (RUSCIANO et al., 2010), em aminoácidos (ZHU et al., 2011), em estudos de pele (VRABIE et al., 2007), análises de câncer (TU et al., 2011), estudos de vidros (OIKONOMOU et al., 2008), entre outros. 2.1.3- SERS A técnica SERS (do inglês surface enhanced Raman Spectroscopy) consiste na amplificação do sinal Raman devido à interação da amostra com uma superfície nanometricamente rugosa ou com nanopartículas metálicas. Este efeito foi descoberto ao acaso em 1974, quando Fleischmann e outros estudavam uma maneira de aumentar a área superficial eletroquimicamente, através da aplicação de vários ciclos de óxido-redução em um eletrodo, permitindo uma maior adsorção das moléculas. Desta forma utilizaram uma solução aquosa de piridina e aplicaram vários ciclos em um eletrodo de prata, e obtiveram um espectro Raman da piridina com excelente sinal/ruído. Na época eles consideraram que este efeito ocorreu por causa do aumento da superfície de contato do eletrodo. Porem, em 1977 foi descoberto que o fator de intensificação observado era muito maior que o esperado pelo simples aumento de área. No caso da piridina observou-se uma intensificação de 106 comparado com a técnica Raman sendo que se a intensificação fosse somente devido a área observar-se-ia uma intensificação de apenas duas ordens de grandeza. Assim estava descoberto um novo efeito. (FARIA et al., 1999) Desde a descoberta do efeito SERS muitos modelos teóricos foram propostos, e ainda não se tem uma teoria que descreva fielmente este efeito. De todos os modelos propostos apenas dois foram bem aceitos até hoje, que são chamados de teoria do aumento eletromagnético (EME) e do químico (CE). O EME é dependente das características da superfície utilizada, enquanto o CE envolve as mudanças que ocorre quando o analito é absorvido. Cada autor utiliza a teoria que melhor se encaixe em suas descobertas. O problema de interpretação deste efeito está em entender como uma ligação ou adsorção de uma substância em um material metálico pode intensificar suas vibrações moleculares. O campo de investigações sobre uma teoria única ainda está bem ativo. (RU & ETCHEGOIN, 2009) Devido a probabilidade do espalhamento Raman ocorrer ser muito menor do que o do espalhamento elástico, seu sinal é fraco. Assim a descoberta do SERS, o qual compensa esta baixa intensidade, representa um grande avanço na pesquisa de materiais. Além disso, foi evidenciado mais tarde que o SERS não apenas amplifica o sinal do espalhamento, como 10 também inibe a luminescência gerada por alguns materiais quando excitado com luz na faixa do visível. Esta é uma das principais razões de se utilizar esta técnica. O SERS gera uma resposta de ressonância do substrato, estes, ao contrário do Raman clássico, são dependentes do comprimento de onda de excitação. Um substrato que aumente o sinal Raman em uma determinada faixa de comprimento de onda, pode não revelar as mesmas vantagens em outro comprimento de onda. Assim, um substrato excitado com um comprimento de onda errado pode se revelar um substrato SERS ruim para o sinal Raman. A maioria dos substratos opera no visível e no infravermelho (aproximadamente 400 a 1000 nm), sendo esta escala típica para o espalhamento Raman. Ainda para um substrato ser SERS ativo sua estrutura deve ser nanometrica, entorno de 100 nm. (RU & ETCHEGOIN, 2009) As estruturas de ouro, prata e cobre são as mais utilizadas para fazer substrato SERS, isso porque eles têm as propriedades ópticas certas para obter-se ressonâncias na faixa do visível e do infravermelho (CAI et al., 1998; HAO et al., 2010; KUDELSKI et al., 1998; SANCI & VOLKAN, 2009; YAO et al., 2004; ZHANG et al., 1998). O SERS está ainda em grande desenvolvimento, e existem varias pesquisas sobre este assunto que envolve o tamanho de partícula ideal e as melhores estruturas. 2.2- Técnicas Voltamétricas As técnicas voltamétricas fazem parte de um grupo de métodos eletroanalíticos, que baseiam-se nas propriedades elétricas para analisar uma solução. Essa técnica utiliza medidas de corrente em função do potencial, feitas durante a eletrólise da amostra em uma cela eletroquímica. O gráfico gerado é chamado de voltamograma. (HARRIS, 2011) Figura 6 - Cela voltamétrica consistem em 3 eletrodos: eletrodo de trabalho, eletrodo de referencia, e contraeletrodo, submersos Na solução contendo o analito.(adaptado de Aleixo, 1996) 11 A cela eletroquímica é constituída de três eletrodos imersos na solução-amostra, como mostrado na Figura 6. O primeiro eletrodo é chamado de eletrodo de trabalho ao qual um potencial é aplicado e variado em função do tempo. Este eletrodo tem dimensões pequenas para que sua polarização seja favorecida, por isso também é chamado de microeletrodo. O segundo é o eletrodo de referência, no qual o potencial é mantido constante. Geralmente se usa eletrodos de calomelano saturado ou de prata/cloreto de prata. O terceiro é chamado de contra-eletrodo que serve simplesmente para conduzir eletricidade da fonte de sinal através da solução para o eletrodo de trabalho, que geralmente é um fio de platina ou um poço de mercúrio. (SKOOG et al., 2002) Figura 7 -Representaçao de um eletrodo de trabalho, o qual é formado por um disco condutor, um terminal elétrico e um tubo de material inerte. (adaptado de SKOOG et al., 2002) O eletrodo de trabalho é onde ocorrem as reações de oxido–redução, estes tem diversos tamanhos e formatos, e geralmente é um disco pequeno de um condutor que é prensado em um tubo feito de material inerte no qual se tem um fio para contato com o disco (Figura 7). Os potenciais que podem ser aplicados a estes eletrodos variam com o tipo de material e com o tipo de solução o qual estará imerso. A Figura 8 mostra os intervalos de potenciais que alguns tipos de eletrodo podem variar, de acordo com as soluções nas quais estão imersos. 12 Figura 8- Intervalos de potencial para diferentes eletrodos e amostras. (adaptado de SKOOG et al., 2002) Existem na voltametria vários tipos de sinais de excitação de potencial (Figura 9). Sendo que os tipos de voltametria variam de acordo com o tipo de sinal de excitação. Figura 9 - Tipos de sinais de excitação usados em voltametria.(a) varredura linear; (b) pulso diferencia; (c) triangular. O nome da voltametria se refere ao mesmo do sinal. (adaptado de SKOOG et al., 2002) Uma técnica muito utilizada é a chamada voltametria de onda quadrada, que surgiu em 1957 pelos estudos de Baker. Esta técnica baseia-se no sinal de excitação de onda quadrada (Figura 10). Este sinal é a junção de duas ondas de excitação, uma de degrau na qual o potencial é crescente, e a outra é um ciclo quadrado de potencial. Essa técnica é muito 13 mais sensível e tem melhor resolução, por isso é indicada para estudos de soluções com baixas concentrações. (DICK, 1997) Figura 10- Sinal usado na voltametria de onda quadrada. Junção de duas ondas, uma de degrau, e a outra em um trem de pulsos. A Figura 11 (de um voltamograma) mostra o gráfico da corrente (I) pela voltagem (E) aplicada ao eletrodo de trabalho. Neste gráfico analisa-se a corrente de pico (Ip), que é proporcional a concentração da espécie eletroativa (que se oxida ou reduz sobre o eletrodo de trabalho) e o potencial de pico (Ep), que é característico para cada espécie de interesse em uma amostra. Cada espécie tem um potencial característico no qual se oxida ou reduz sobre um tipo de eletrodo e meio (aquoso, por exemplo), e a largura de meio pico (W 1/2), estes parâmetros são importantes também a determinar a resolução do voltamograma, que a divisão do Ip pela largura W1/2. Assim neste gráfico observa-se que o voltamograma c não terá uma boa resolução por sua Ip é baixa, e sua W1/2 é grande. Esta técnica possui variadas aplicações analíticas, dentre as quais podem ser citados o estudo da cinética e mecanismos das reações químicas. 14 Figura 11 - Exemplo de alguns voltamogramas e a forma de se obter a corrente de pico (Ip) e a largura de meio pico (W1/2) a partir da linha de base (em vermelho), estes parâmetros juntos darão a resolução do pico.(adaptado de PEDROSA et al., 2003) 2.3 - Referências Bibliográficas ALEIXO, L. M. Voltametria - Conceitos E Técnicas. 1996. Disponível em: < http://chemkeys.com/br/2003/03/25/voltametria-conceitos-e-tecnicas/>. Acessado em: 15 set. 2010. BARBOSA, L. C. A. Espectroscopia no infravermelho na caracterização de compostos orgânicos. Viçosa- MG. UFV, 2008. p.13-24. BOWEN, R. D.; EDWARDS, H. G. M.; FARWELL, D. W. Raman spectroscopy of unbranched hexenyl methyl ethers containing a terminal methoxy group. Journal of Molecular Structure, v.976, p. 36, 2010. CAI, W. B.; AMANO, T.; OSAWA, M. 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Súarezb a Grupo de Espectroscopia Óptica e Fototérmica, Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, C.P. 351, Dourados, MS, Brazil. b Laboratório de Ecologia, Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, C.P. 351, Dourados, MS, Brazil. ABSTRACT Fourier Transform Infrared Photoacoustic Spectroscopy (FTIR-PAS) was applied to nineteen fish species in Brazil’s Upper Paraná River basin to identify differences in the structural composition of their scales. To differentiate the species, a canonical discriminant analysis was used to indicate the most important absorption peaks in the mid-infrared region. Significant differences were found in the chemical composition of scales among the studied fish species, with Wilk's lambda = 5.2 × 10-6, F(13,18,394) = 37.57, P <0.001, indicating that CH bending at 1396 cm-1 can be used as a biomarker of this species group. The species could be categorized into four groups according to phylogenetic similarity, suggesting that the CH 1396 cm-1 absorbance is related to the biological traits of each species. This procedure can also be used to complement evolutionary studies. Keywords: Fourier Transform Infrared Photoacoustic Spectroscopy, Neotropical fish biomarker, Canonical discriminant analysis. 18 3.1 - INTRODUCTION Underlying the diversity and patterns of biological trait occurrence, the flow study is multi-scale, including individuals, populations and independent lineages. It is well known that the expression of traits (morphological, molecular or physiological) in different individuals, populations or lineages, depends on the degree of common origin. Moreover, during the evolutionary process, different individuals and species perceive the environment in spatial and temporal views, resulting in independent changes from their common origin. These two aspects, due to common origin and unrelated changes, determine the necessity of understanding the evolution of biological traits in a comparative context.1 In the last few years, multivariate morphometric techniques have been used to detect and interpret differences in body shape with respect to fish size, allowing for a better elucidation of the relationship between individuals and groups.2 Morphological differences can also be used to indicate intraspecific variation among geographical regions3 and osteological differences, which are usually used in fish phylogenetic studies. Nevertheless, complementary methods for the study of biological systems must be applied to better explain changes in traits. Recently, spectroscopic techniques have been used for analyzing different biological systems.4, 5 These techniques involve measuring optical absorption in the visible, near- and mid-infrared regions. When applied in the mid-infrared range, spectroscopic methods allow for the distinction of chemical species through the specific frequencies and intrinsic vibrational modes of each chemical bond. This technique allows the identification, or fingerprinting of each chemical bond in a sample. Fourier Transform Infrared Photoacoustic Spectroscopy (FTIR-PAS) is a useful technique that can be applied to different systems due to the versatility of its photoacoustic detection form, which allows optical absorption analysis for materials opaque in the infrared region. This technique, as well as conventional infrared optical absorption spectroscopy, 19 allows the qualitative and quantitative identification of chemical functional groups. It has been applied in fungi,6 bacteria7, 8 and in another approach, in the identification of some diseases, such as diabetes.9 More recently, our group has used FTIR-PAS combined with multivariate analysis in different biological systems. This combined methodology demonstrated the ability to discriminate the castes and sex of ants in the same colony.10 It was also able to distinguish different ant species by measuring the cuticular hydrocarbon level,11 and was used to diagnose the soy bean rust (Asian rust contamination) on soy leaves caused by the fungi Phakopsora pachyrhizi.12 In another application, transgenic and conventional soybean pairs were distinguished in a comparative analysis by measuring the grain directly.13 Despite a number of studies using FTIR-PAS, its application to animal biodiversity is rare. In this paper FTIR-PAS was combined with canonical discriminant analysis to identify differences between fish species and the differences correlated with the phylogenetic proximity among them. 3.2 - MATERIALS AND METHODS 3.2.1 - Fish collection Fish were collected in the Upper Paraná River basin, between the Southeast and West Central regions of Brazil. The nineteen collected species, together with their families and quantities, are listed in Table I. A total of 143 fish were captured. For the infrared analysis, three scales of the humeral portion were removed from each fish, a total of 429 specimens. Before the infrared experiments, scales were desiccated in a stove under vacuum for at least 12 hours. 20 Table I: Species, taxonomic position and number of individuals analyzed. Species Number of individuals Order Characiformes Family Characidae Sub-family Aphyocharacinae Aphyocharax dentatus 08 Sub-family Cheirodontinae Serrapinnus notomelas 10 Serrapinnus sp. 08 Insertae sedis species Astyanax altiparanae 10 Astyanax fasciatus 05 Astyanax paranae 06 Bryconamericus stramineus 08 Hemmigramus marginatus 10 Moenkhausia forestii 09 Piabina argentea 05 Family Curimatidae Cyphocharax modestus 05 Steindachnerina brevipinna 05 Family Crenuchidae Characidium zebra 07 Family Lebiasinidae Pyrhulina australis 06 Family Parodontidae Parodon nasus 06 Family Prochilodontidae Prochilodus lineatus 10 Order Cyprinodontiformes Family Poeciliidae Phalloceros harpagos 05 Phallotorynos pankalos 10 Order Perciformes Family Cichlidae Crenicichla britskii 10 21 3.2.2 - Fourier Transform Infrared Photoacoustic Spectroscopy (FTIR-PAS) FTIR-PAS was performed using a spectrophotometer Nexus 670 Thermo Nicolet with the photoacoustic detection in the spectral range from 4000 to 400 cm-1, covering the region known as the fingerprint (1500 and 400 cm-1). Throughout the experiment, the spectrophotometer was purged with dry air to remove any water vapor. The photoacoustic cell was purged with helium gas. A reference carbon black was used to collect the spectrum of the infrared source for standardization. New reference spectra were taken for each of the 9 fish spectra. The spectra were obtained with 8 cm-1 resolution and 128 scans for each sample. 3.2.3 - Statistical analysis The existence of some inter-species difference was verified using a discriminant function analysis, in which the selected spectral peak intensities were used as variables. This is a highly efficient method and is used to find a linear combination of variables that best explain the differentiation between analyzed species.14 Phylogeny of species between the studied fish was obtained by comparing taxonomic distance. In this case, if two species are of the same genus, then a distance of 1 is assigned to this species pair. If both are of different genus, but the same sub-family, a distance of 2 is assigned to the species pair, and so on. The phylogeny adjustment was obtained following the procedures described by Buckup et al.15 and Mirande16 to incorporate recent information about complex taxonomic groups. The similarity pattern of species determined by the mid-infrared spectra was represented by a dendrogram, using a Mahalanobis distance to measure the difference among analyzed species and Unweighted Pair Group Method Average (UPGMA) as connection method. The cophenetic correlation was used as the measurement of the dendrogram fidelity 22 to the original distance matrix, with a value of 0.75 as minimal fidelity of the correlation measurement.17 The influence of phylogeny in the observed pattern of species distance (Mahalanobis distance) was quantified by a Mantel test, with 999 permutations. 3.3 - RESULTS AND DISCUSSION Figure 1 presents a representative mid-infrared average photoacoustic spectrum obtained by the C. modestus specie. In the spectrum, 13 peaks were identified between 4000 and 500 cm-1 using the literature data18 and the correspondent functional groups with the vibrational modes are listed in Table II. The peaks 3, 4, 5, 6 and 8 are due to asymmetric and symmetric stretching and scissor vibrational modes of the hydrocarbons. The secondary amide groups were identified in peak 7. Although the intensities of these peaks could provide useful information, visual inspection of the spectra did not reveal obvious visible differences between them (not shown). Further interpretation and examination of this similarity requires application of multivariate statistical analysis. Our results show significant inter-specific variation in the spectroscopic pattern between the analyzed species (Wilk's lambda = 5.2×10-6, F(13, 18, 394) = 37.57, P <0.001). The two canonical roots explain 83.8% of data variation and all selected peaks were significant in species differentiation. By the F values, the four most relevant variables are NH2, CH, COC and OH, as indicated in Table II. 23 Photoacoustic signal ( arb. units ) 25 7 6 20 11 8 2 15 13 9 10 1 12 3 4 10 5 5 0 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 -1 Wavenumber ( cm ) Figure 1: Average mid-infrared photoacoustic spectra of C. modestus scales. Despite the phylogenetic influence suggested by the statistical analyzes of the spectroscopic results, Mantel’s test does not corroborate this notion (Mantel r = 0.125; p = 0.204): pairs of species with greater known phylogenetic distances (different taxonomic orders) are closely related in FTIR results (eg. P. pankalos and S. notomelas), as shown in the dendogram in Figure 2. However, the observed clusters of species suggest that the feeding habitat and spatial distribution can explain this similarity in the FTIR results. In this case, P. argentea and B. stramineus are strongly associated by their shared fast water habitat and their diet, mainly terrestrial insects that are adrift in the water (group A). On the other hand, H. marginatus, P. australis, P. lineatus, M. forestii and C. modestus inhabit larger streams or rivers, with slow water velocity and rich organic matter sediment (group B). Despite the presence of three families, P. lineatus and C. modestus are close phylogenetically. Phallotorynus pankalos, S. notomelas and Serrapinnus sp. use mainly periphytic algae in their diet, while C. britskii is a common predator in the habitats occupied by these species 24 (group C), so of the four species in this group, two are strongly phylogenetically related (same genus), whereas others represent different orders. Characidium zebra, S. brevipinna and P. nasus (group D) feed upon benthonic invertebrates, sediment organic matter and periphytic algae associated with rocks, respectively. Complementarily, A. paranae, A. fasciatus and A. altiparanae are omnivorous, with a preference for insects because the first two occur mainly in streams with fast water flow and the third species occurs mainly in streams with slow water velocity (group D). Table II: Selected peaks of the spectrum, their functional group, vibration type and importance in canonical discriminant analysis of stream fish species collected in the Upper Paraná River Basin, Brazil. The bolded Fvalues indicates the most significative peaks. Peak Wavenumber Functional Mode of vibration Root 1 Root 2 F-value (cm-1) group 1 3452 NH2 Stretching asymmetric 0.644 0.375 20.846 2 3297 NH2 Stretching symmetric -0.268 -0.745 8.051 3 3070 CH Stretching 0.020 0.042 8.248 4 2919 CH2 Stretching asymmetric -1.206 0.214 9.988 5 2854 CH2 Stretching symmetric 1.439 0.096 17.618 6 1670 C=C Stretching 0.415 0.736 5.869 7 1542 N-H Stretching asymmetric 0.005 -0.892 4.504 8 1454 C-CH2 Scissor -0.410 2.017 18.392 9 1396 C-H Bending 1.054 -4.154 77.730 10 1338 O-H Bending in-plane -0.746 1.863 19.800 11 1238 C-C-O Stretching 0.339 -1.344 18.587 12 1083 C-O-C Stretching asymmetric 0.728 0.254 41.180 13 671 O-H Bending out of plane 0.517 1.093 46.831 The aforementioned species have great variation in feeding behavior, or little information is known about their diet composition. However, our data permit us to 25 hypothesize that carbon sources differ among the studied species, suggesting the differences in diet as photosynthetic origin of the food (terrestrial superior plants, periphytic algae) or by aquatic microorganisms defining the chemical composition of the analyzed scales. Figure 2: Similarity dendrogram of analyzed scales (Mahalanobis distance) using absorption peak intensity from scales of fish species collected in the Upper Paraná River basin, Brazil. By comparing this work with other studies with different biological groups, we observed that there is a different number of relevant absorption peaks in the mid-infrared spectrum that can be used to differentiate species. For example, ant species were distinguished by considering the peaks at 2962 and 2931 cm-1.10 This suggests that each biological group can be identified by a collection of peaks, which constitutes a biomarker for that group. So, for our analysis, the C-H bending peak at 1396 cm-1 (peak 9), with F = 77.730, can be defined as a biomarker of this species group. 3.4 - CONCLUSION In conclusion, FTIR-PAS combined with statistical analysis was applied for the first time, to our knowledge, to explore the phylogenetic similarity in different species of fish. 26 Nineteen fish species were separated into four groups by the chemical composition of the scales, which is related to the biological traits of each fish species. Our results reinforce previous studies that showed that FTIR-PAS is an powerful tool for the differentiation of species and biological populations. FTIR-PAS could be a method for verification of the influence of environmental characteristics on the metabolism of different species. 3.5 - REFERENCES 1. J. A. F. D. Filho, Métodos filogenéticos comparativos (Holos, Ribeirão Preto, 2000), 160 p. 2. M. A Bemvenuti, Revista Brasileira de Zoologia 19, 251 (2002). 3. O. A. Shibatta and A. C. 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Andrade, P. G. Freitas, B. G. Mantovani, M. S. Figueiredo, R. A. Lima, S. M. Lima, M. A. S. Rangel, and R. M. Mussury, Eur. Phys. J. Special Topics 153, 539 (2008). 13. A. R. L. Caires, M. R. O. Teixeira, Y. R. Súarez, L. H. C. Andrade, and S. M. Lima, Applied Spectroscopy 62, 1044 (2008). 14. G. P. Quinn and M. J. Keough, Experimental design and data analysis for biologists (Cambridge University Press, Edinburgh, 2005), Chap. 16, p.425. 15. P. A. Buckup, N. A. Menezes, and M. S. Ghazzi. Catálogo das espécies de peixes de água doce do Brasil (Museu Nacional, Rio de Janeiro, 2007) p. 195. 16. J. M. Mirande, Neotropical Ichthyology 8, 385 (2010). 17. K. McGarigal, S. Cushman, and S. Stafford. Multivariate statistics for wildlife and ecology research (Springer-Verlag, New York, 2000), p. 283. 18. B. C. Smith, Infrared Spectral Interpretation: a systematic approach (CRC, New York, 1999), p. 265. 28 CAPÍTULO 4 - Desempenho de Eletrodos de Pastas de Carbono Modificados com Ácidos Húmicos na Detecção Voltamétrica de Thiram F. S. Almeidaa, E. G. S. Barrosb, A. R. Fioruccib, L. H. C. Andradea a Grupo de Espectroscopia Óptica e Fototérmica, Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, C.P. 351, Dourados, MS, Brasil. b Grupo de Pesquisa em Recursos Naturais Análise de plantas, medicamentos e contaminantes, Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, C.P. 351, Dourados, MS, Brasil. Resumo Este estudo avaliou o desempenho de eletrodos de pasta de carbono modificados com ácidos húmicos diferentes (AH-C, AH-D, AH-G) na detecção do pico anódico do fungicida Thiram por voltametria de onda quadrada em diferentes pH. Este desempenho foi comparado com eletrodos sem modificações. O eletrodo que teve melhor desempenho foi o AH-G, sendo este natural extraído do Guirai. Este eletrodo além de se manter constante nos diferentes pH, obteve corrente de pico (Ip= 5,9) maior que o sem modificação (Ip=3,7) com uma boa resolução do pico anódico. A correlação com as suas características espectroscópicas revelou que este ácido húmico apresenta menores índices de ácidos carboxílicos do que os demais, assim esta característica pode ser atribuída ao seu melhor desempenho na detecção voltamétrica do Thiram. Palavra - chave: fungicida; voltametria de onda quadrada; FTIR-PAS. 4.1 - INTRODUÇÃO Nos últimos anos houve um grande avanço nas atividades agrícolas, o que gerou uma ampliação na utilização dos insumos, principalmente de agrotóxicos, que são produtos químicos especificamente desenvolvidos e produzidos para uso no controle de pragas 29 agrícolas e de saúde pública, para aumentar a produção de alimentos e fibras, e para facilitar os modernos métodos agrícolas (PARHAM & RAHBAR, 2010). Devido a sua toxicidade, persistência e acumulação no meio ambiente os agrotóxicos necessitam ter seus resíduos monitorados e seus processos de degradação melhor compreendidos (HERNANDEZ et al., 1998; ZHOU et al., 2006). Um insumo muito utilizado é o fungicida Thiram (dissulfeto de tetrametilthiuram) (Figura 1) utilizado como protetor de sementes, frutas, vegetais, e plantas ornamentais (QUEFFELEC et al., 2001; SHARMA et al., 2003). Figura 1 – Fórmula estrutural do fungicida Thiram. Existem vários métodos de análise do Thiram como, por exemplo, a cromatografia, espectrofotometria, polarografia e métodos voltamétricos (AULAKH et al., 2005; FERANNDEZ et al., 1995; MALIKA & RAO, 1990; MALIKA et al., 1998; MANSILHA et al., 2010; RUPP et al., 1992; SEVILLA et al., 1990; SHARMA et al., 1998; SHARMA et al., 2005; ZHAO et al., 2003). A voltametria vem se mostrando uma técnica altamente sensível, rápida e útil para análise de resíduos e, em alguns casos, é capaz de ser utilizada sem as etapas trabalhosas de pré-tratamentos e/ou purificação das amostras, o que leva vantagem quando comparada com a cromatografia. Dentre as técnicas voltamétricas, destaca-se a voltametria de onda quadrada, por ser uma das técnicas voltamétricas mais rápidas e sensíveis, a qual seus limites de detecção podem ser comparados aos das técnicas cromatográficas (CODOGNOTO et al., 2008). Alguns métodos voltamétricos para análise de agrotóxicos, inclusive para Thiram, utilizam-se de eletrodos de mercúrio, porém o seu uso está sendo evitado, devido aos efeitos toxicológicos deste material (LAWRENCE et al., 2002; MICARONI et al., 2000). Desta forma, os eletrodos de pasta de carbono (EPCs) vem sendo bastante utilizados, pois além de serem adequados para detecção de processos de oxidação de uma variedade de substâncias orgânicas, também apresenta uma corrente residual extremamente baixa, o que favorece determinações com menor limite de detecção (MCCREERY, 1991;SVANCARA et al., 2001). A base das pastas de carbono é geralmente uma mistura de grafite em pó e um líquido aglutinante não eletrolítico. Um constituinte que vem sendo bastante incorporado à pasta é o agente modificador, que é geralmente uma só substância ou uma mistura de dois 30 modificadores (PEREIRA & KUBOTA, 2004; VIEIRA et al., 2003). No geral, a principal razão de se modificar quimicamente um eletrodo é a obtenção qualitativa de um novo sensor com propriedades desejáveis, freqüentemente pré-definidas. As principais funções do modificador são: captura de espécies preferencialmente desejadas (por exemplo, para préconcentração em análise por redissolução, stripping) na superfície do eletrodo; mediação das reações do eletrodo através de moléculas imobilizadas ou de seus fragmentos; atuação em processos catalíticos (repostas eletroquímicas catalíticas); e alteração das características da superfície de um EPC. Quando consideradas as possibilidades de combinação destas funções e a flexibilidade na preparação das pastas de carbono, não é surpreendente que na última década o número e a diversidade de substâncias usadas para a preparação dos EPCs modificados cresceram em uma ordem geométrica. Um modificador que vem sendo estudado são os provenientes das substâncias húmicas como, por exemplo, o ácido húmico (AH). O ácido húmico é a parte solúvel em álcali e insolúvel em ácido das substancias húmicas, suas moléculas de ácido húmico são extremamente volumosas e reconhecidas como trocadores iônicos efetivos de origem natural. Embora não haja um modelo definido sobre a estrutura dos ácidos húmicos, (CRESPILHO & REZENDE, 2004; PEÑA-MÉNDEZ et al., 2005) existe um fato que muito interessa àqueles que trabalham com eletroanalítica: os ácidos húmicos são compostos com grande capacidade de complexação de metais e possuem grande afinidade por compostos orgânicos (LANDGRAF et al., 1998; SARGENTINI et al., 2001; SENESI et al., 1986). Apesar da maioria dos trabalhos utilizando EPCs modificados com ácido húmico terem como objetivo a determinação de metais em solução e/ou o estudo da interação entre íons metálicos e ácidos húmicos, (SILVA et al., 2002; THOBIE-GAUTIER et al., 2003), a utilização dos EPCs modificados com ácido húmico vem crescendo para a determinação de outros compostos, como por exemplo, os agrotóxicos (AIROLDI et al., 2007; CAVALCANTE et al., 2010; CRESPILHO et al., 2002). Assim, a partir de estudos preliminares verificou-se ser possível a detecção do pico de oxidação do agrotóxico Thiram usando o EPC sem modificação química (SILVA et al., 2006). Contudo, a obtenção de picos com boa resolução requer procedimentos de pré-concentração com tempos elevados, o que estimulou a modificação química da pasta de carbono com Ácido Húmico (AH) para obtenção de resultados mais satisfatórios. Porém, os ácidos húmicos são moléculas que variam em sua composição, tendo como composição elementar C, H, O, N e S. Esses elementos são sempre encontrados nos ácidos húmicos independente da origem (PEÑA-MÉNDEZ et al., 2005). Apesar disso, seus grupos 31 funcionais podem variar, existindo vários modelos para sua estrutura molecular (SCHULTEN & SCHNITZER, 1993; SEIN et al., 1999). Desta forma, faz-se necessário uma caracterização de sua estrutura química. A espectroscopia Infravermelha por Transformada de Fourier com detecção Fotoacústica (do inglês Fourier Transform Infrared Photoacoustic Spectroscopy FTIR-PAS) é uma técnica que permite a determinação do modo de vibração de grupos funcionais presentes em vários tipos de materiais como plantas e solos (CAIRES et al., 2008; DU et al., 2008; DU et al., 2009; HABERHAUER & GERZABEK, 2001) Vários estudos mostraram que esta técnica é rápida e não destrutiva e uma poderosa ferramenta analítica para oferecer informações sobre a absorção do espectro infravermelho médio (GORDAN et al., 1999; SIVAKESAVA & IRUDAYARAJ, 2000). Desta forma, o presente trabalho visa avaliar a resposta de EPCs modificados com diferentes AH na detecção voltamétrica do fungicida Thiram. Além disso, caracterizar por técnicas espectroscópicas os principais grupos funcionais químicos das amostras de AH, correlacionando com as respostas dos eletrodos na detecção do agrotóxico. 4.2 - MATERIAIS E MÉTODOS 4.2.1 - Voltametria de Onda Quadrada (SWV) 4.2.1.1 - Equipamentos utilizados Para realização das medidas eletroquímicas utilizou-se o potenciostato/galvanostato AUTOLAB PGSTAT 30 (Eco Chemie), acoplado a um computador que dispõe do programa AUTOLAB SOFTWARE ECOCHEMIE. Um pHmetro (HANNA – pH 21 pH/mV meter) foi utilizado para o ajuste do pH no preparo das soluções tampão Briton-Robinson (BR) com valores de pH 5, 7 e 9. 4.2.1.2 - Reagentes e preparo das soluções Foram preparados como eletrólito de suporte soluções tampão BR em três pH (5, 7 e 9). Para estas soluções foram utilizadas soluções de ácido bórico (H3BO3) 0,2 mol.L-1, ácido fosfórico (H3PO4) 0,2 mol.L-1, ácido acético (CH3COOH) 0,2 mol.L-1 e hidróxido de sódio (NaOH) 0,2 mol.L-1. Com o auxílio do pHmetro, o pH a ser trabalhado foi obtido adicionando o mesmo volume dos ácidos e ajustando o pH com a adição do hidróxido, todo o processo foi realizado sob agitação magnética. 32 Foram preparadas soluções de Thiram 5 mmol L-1 em uma solução de 28% (v/v) de acetona e 72% (v/v) de álcool etílico. Esta solução foi diluída com a solução do eletrólito de suporte tampão BR de pH conhecido, obtendo concentrações do fungicida de 10 µmol L-1 e 50 µmol L-1. 4.2.1.3 - Preparo dos Eletrodos de Pasta de Carbono Confeccionou-se dois tipos de eletrodos, um com pasta de carbono sem modificador, e outro de pasta de carbono modificado quimicamente com diferentes amostras de ácidos húmicos. O eletrodo de pasta de carbono não modificado foi construído usando uma pasta de carbono com a composição: 75% (m/m) de grafite (Aldrich®) e 25% (m/m) de óleo mineral Fluka® como líquido aglutinante. Para homogeneização das pastas adicionou-se aos reagentes 20 mL de hexano. A mistura foi submetida à agitação magnética no interior da capela para a total volatilização do hexano. Cada pasta foi empacotada em uma seringa com fio de cobre por sucessivas inserções até atingir a marcação de 0,04 mL na seringa. Para a confecção dos eletrodos modificados foram utilizados os seguintes ácidos húmicos (AH): Ácido Húmico Comercial (AH-C), marca FLUKA ®; Ácido Húmico Natural, extraído do solo da região do Rio Guiraí (AH-G); e Ácido Húmico Natural, extraído de solos da região de Dourados-MS (AH-D). Os ácidos húmicos naturais foram extraídos utilizando a metodologia empregada para separação de substâncias húmicas dos solos, padronizada pelo “Internacional Humic Substances Society” (IHSS) (IHSS, 2008). Cada EPC modificado com ácido húmico foi preparado de forma análoga ao não modificado, sendo a pasta composta de 25% (m/m) de Óleo Mineral, 72% (m/m) de grafite e 3% (m/m) de uma amostra de ácido húmico. 4.2.1.4 - Procedimento Experimental Voltamétrico A técnica de voltametria de onda quadrada (SWV) foi aplicada com a cela eletroquímica de 3 eletrodos, composta de um contra-eletrodo de platina, de um eletrodo de referência Ag/AgCl, KCl 3 M e de um EPC como eletrodo de trabalho. Os voltamogramas dos eletrólitos foram registrados após adição de 30 mL da solução eletrólito de suporte (solução tampão BR de pH 5; 7 ou 9) a cela eletroquímica. Os voltamogramas do fungicida Thiram foram registrados após contato do EPC com um volume de solução de aproximadamente 30 mL sob agitação por 45 segundos com auxílio 33 de barra magnética e agitador magnético. As superfícies dos eletrodos foram renovadas empurrando uma pequena quantidade de pasta para fora da seringa pelo movimento do fio de cobre dentro da seringa e a superfície da pasta foi tornada plana sobre uma folha de papel sulfite, com movimentos circulares antes de cada obtenção do voltamograma do eletrólito. Os voltamogramas foram obtidos com os seguintes parâmetros: tempo de equilíbrio (teq) = 15s; frequencia (f)= 75 Hz; amplitude (a)= 25 mV; altura de degrau (ΔE)= 4 mV; em um intervalo de potencial de 0,2 V – 1,1V. 4.2.2 - Espectroscopia Fotoacústica no Infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR-PAS) Esta foi empregada para obtenção dos espectros dos diversos ácidos húmicos. Primeiramente, os AH foram armazenados em dissecador sobre vácuo por 12 horas para retirar o máximo de umidade, para posterior obtenção dos espectros. Os experimentos de FTIR-PAS foram realizados usando o espectrofotômetro com transformada de Fourier (Nexus 870 - Nicolet) com o acessório de detecção fotoacústica na faixa espectral de 400 a 4000 cm-1, atingindo assim a região conhecida como impressão digital (400 e 1500 cm -1). Durante todo o experimento o espectrofotômetro foi purgado usando ar comprimido a fim de eliminar o vapor de água e o CO2 do interferômetro. A célula fotoacústica foi purgada com gás hélio. Uma referência de carbono negro foi usada para coletar o espectro da fonte infravermelha para a normalização. Assim coletados os espectros de cada AH. Os espectros foram obtidos com 8 cm-1 de resolução pela média de 128 varreduras para cada amostra. 4.3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO O desempenho dos EPCs na detecção do pico anódico do Thiram foi analisado em eletrólitos com diferentes valores de pH. Para esta primeira análise, os voltamogramas foram obtidos com solução de Thiram 10 µmol L-1. Nos voltamogramas obtidos o potencial de pico (Ep) foi em torno de 0,809 V, o que é esperado para o pico de oxidação do Thiram (HERNANDEZ-OLMOS et al., 2000). A Tabela 1 mostra os parâmetros de pico destes voltamogramas. 34 Tabela 1 - Médias e erro-padrão (n=6) de parâmetros de pico dos voltamogramas de solução de Thiram 10 µmol L-1 registrados com eletrodos modificados com diferentes amostras de ácido húmico. Modificador pH Ip (µA) Ip (µA) / W1/2 (V) Ausente 0,9±0,2 7,4 AH-C 0,36±0,05 3,2 5 AH-G 0,63±0,09 5,8 AH-D 0,14±0,04 1,1 Ausente 0,61±0,05 4,8 AH-C 0,42±0,07 3,3 7 AH-G 0,61±0,09 4,4 AH-D 0,25±0,09 2,2 Ausente AH-C AH-G AH-D 9 0,53±0,06 0,34±0,06 0,64±0,05 0,37±0,05 4,3 2,5 4,7 2,7 Pela análise da Tabela 1 e Figura 2 (a), constata-se que em pH 5 os eletrodos modificados com AH não se mostraram eficientes quando comparado com o eletrodo sem modificador, pois este obteve a melhor resolução do pico anódico, estimada pela razão corrente de pico/largura de meio-pico (Ip/W1/2). Os voltamogramas obtidos da solução em pH 7 e 9 estão representados na Figura 2 (b) e (c), respectivamente. Apesar do pico anódico ocorrer em todos os voltamogramas, a resolução do pico e linha de base muda bastante dependendo do eletrodo estudado. Deste modo, o eletrodo modificado com AH-G obteve melhor resolução comparado aos demais. Além disso, em pH 9 este eletrodo obteve uma corrente de pico maior que o obtido com o eletrodo não modificado. 35 I (A) 3 8 2 1 6 4 2 0 0,2 Sem modificador AH-C AH-G AH-D 10 Sem Modificador AH-C AH-G AH-D I (A) 4 0 0,4 0,6 0,8 1,0 0,2 0,4 E (V) 0,6 0,8 1,0 E (V) (a) (b) 10 I (A) 8 Sem Modificador AH-D AH-G AH-C 6 4 2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 E (V) (c) Figura 2 - Voltamogramas de soluções de Thiram 10 µmol L-1 registrados com intervalo de potencial de trabalho: +0,2 a +1,1 V (vs. Ag/AgCl), f = 75Hz, ΔE = 4mV, a = 25mV, teq. = 15s, em (a) pH 5; (b) pH 7; (c) pH 9. A Figura 3 apresenta os resultados de corrente de pico obtido para os diferentes ácidos húmicos nos diferentes pH. Quando se confronta todas as correntes de pico das soluções de Thiram nos diferentes pH, o acido húmico extraído do Guirai (AH-G) mostrou-se o melhor modificador para a pasta de carbono, pois com este AH obteve a melhor repetibilidade da corrente de pico. Ainda, nota-se que em pH 9 obteve-se os menores desvios padrões em todos os eletrodos estudados, assim faz-se necessário uma melhor análise dos EPCs neste pH. Para isso, utilizou-se uma solução de Thiram mais concentrada (50 µmol L-1). A Tabela 2 mostra os dados obtidos a partir dos voltamogramas adquiridos nesta análise. 36 Sem Modificador AH-C AH-G AH-D 1,2 1,0 Ip ( A) 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 5 6 7 8 9 pH Figura 3 – Gráfico referente à média das correntes de pico de cada eletrodo estudado em eletrólitos do tipo tampão BR com diferentes valores de pH. Barras de erro referem-se ao desvio padrão das medidas em cada condição. A Figura 4 mostra os voltamogramas obtidos com os diferentes eletrodos. Observa-se que na detecção do pico anódico do Thiram o eletrodo sem modificador obteve uma corrente de pico média de 3,7 µA, havendo um aumento de aproximadamente, sete vezes comparada a registrada com a solução de Thiram na concentração 10 µmol L-1 e no mesmo pH. Resultado este esperado, pois na técnica voltamétrica o sinal da corrente de pico relaciona-se linearmente com a concentração (ALEIXO, 2003). Tabela 2 - Médias e erro-padrão (n=6) de parâmetros de pico dos voltamogramas de solução de Thiram 50 µmol L-1 registrados em pH 9 com eletrodos modificados com diferentes amostras de ácido húmico. Modificador Ip (µA) Ip/W1/2(µA/V) ausente AH-C AH-G AH-D 3,7±0,3 2,2±0,1 5,9±0,9 1,6±0,2 25,9 14,3 45,3 12,2 Em relação aos eletrodos modificados, e assim como no estudo realizado com Thiram 10 μmol L-1, o eletrodo AH-C ainda se mostrou ineficiente na detecção do agrotóxico, tendo também uma resposta inferior ao sem modificador, porém melhorou sua resolução de pico. Para o AH-D obteve-se a menor corrente de pico, se mostrando o menos eficiente na detecção do agrotóxico e obtenção de um pico com razoável resolução. Ocorre para este eletrodo um deslocamento da linha de base na solução do agrotóxico, que pode ter sido causada por 37 diversas razões como processos de adsorção dos componentes do eletrólito (tampão BR) com o AH-D incorporado na pasta que podem alterar a corrente capacitiva que compõe a corrente residual registrada pelo eletrodo. Uma outra possível razão é a detecção de processos faradáicos (no caso uma onda de oxidação em torno de +0,5 V) devido a oxidação do próprio AH incorporado na pasta ou em solução por sua dissolução na forma de sal (humato) no eletrólito durante a medida. 10 Sem Modificador eletrolito 8 AH-C eletrolito 6 4 I (A) 2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 A AH-G eletrolito 1,0 0,2 10 8 0,4 0,6 0,8 1,0 A AH-D eletrolito 6 4 2 0 E (V) Figura 4 - Voltamogramas registrados em soluções de Thiram 50 µmol L-1 e do eletrólito em solução tampão BR pH 9 obtidos com EPC. Condições: intervalo de potencial de trabalho: +0,2 a +1,1 V (vs. Ag/AgCl), f = 75Hz, ΔE = 4mV, a = 25mV, teq. = 15s. Com o modificador AH-G obteve-se uma corrente de pico superior ao obtido com o eletrodo sem modificador, mesmo resultado obtido no estudo realizado com Thiram em baixa concentração. Sendo este modificador o que apresentou melhores resultados na detecção do agrotóxico, com um aumento de 62% na corrente de pico média em relação ao eletrodo sem modificador no pH 9. Comparado com os demais modificadores, este apresenta melhor resolução do pico de oxidação do Thiram (45,26 μA/V), desta forma este modificador se mostrou o melhor dentre os estudados para detectar o pico anódico do fungicida Thiram usando a técnica de SWV em condições instrumentais estabelecidas anteriormente com EPC não modificado. Os espectros das amostras de ácidos húmicos estão representados na Figura 5, os quais são semelhantes aos encontrados na literatura (ANDJELKOVIC et al., 2006; 38 ANDJELKOVIC et al., 2006; CALACE et al., 2004; ROVIRA et al., 2003) Observa-se nos ácidos húmicos naturais uma banda larga na região entre 3029 e 2746 cm-1 isso ocorre devido ao estiramento do O-H dos grupos carboxílicos presentes nestas amostras (SMITH, 1999). Estes grupos são característicos por terem uma das maiores banda nesta região, em torno de 300 cm-1. Porém, na amostra comercial, nesta mesma região, aparecem dois picos (2923 e 2850 cm-1) proveniente da combinação dos grupos funcionais C-C e C-H também pertencentes aos grupos carboxílicos. Estes picos aparecem devido um efeito chamado ressonância de Fermi, que ocorre quando grupos funcionais combinados roubam a energia de vibração de outros grupos, que neste caso é o estiramento do O-H. Isso é muito comum ocorrer nas vibrações dos grupos carboxílicos. Nesta região, apresenta ainda picos entre 3691 e 3617 cm-1 que são característicos de materiais que contém argila, (DONINI & MICHAELIAN, 1986; MICHAELIAN, 2003) verificando-se que nas amostras naturais esses picos são mais intensos. Este material, portanto deve ter sido incorporado a amostras de ácido húmico no processo de sua extração do solo. 1037 1006 914 1697 1650 1114 3691 3648 20 AH-C AH-D AH-G 3617 2919 1558 1508 1457 1419 15 2850 Sinal Fotoacustico (unit. arb.) 25 10 5 0 3500 3000 2500 2000 1500 1000 -1 Numero de onda(cm ) Figura 5- Espectros dos ácidos húmicos utilizados na detecção voltamétrica do agrotóxico Thiram Os picos (1114, 1037, 1006 e 914 cm-1) também são provenientes da argila, (MICHAELIAN, 2003) e reflete o ocorrido na região de 3600 cm-1. Desta forma, pode-se aferir que os ácidos húmicos naturais têm maior quantidade de argila que o comercial. A região entre 1700 e 1400 cm-1 envolve a região de impressão digital dos materiais e, dessa forma, é a mais complexa de se estudar. Nesta região aparecem muitos picos de diferentes 39 grupos funcionais, os principais foram em 1697 cm-1 (C=0 estiramento dos peptídeos), 1650 cm-1 (C=C aromático ou C=O de quinonas), 1558 cm-1 (NH ou C-N da amida secundária), 1508 cm-1 (O-H dos ácidos carboxílicos), 1447 cm-1 (estirameno e/ou deformações de grupos alifáticos), 1419 cm-1 (C-H deformação de grupos alifáticos ou/e estiramento simétrico do COO-). Estudando estas regiões observa-se que há um grande número de vibrações referentes aos grupos carboxílicos, sendo o AH-D o que apresenta maiores intensidades nessas regiões. Em estudos recentes revelou, a partir da determinação potenciométrica da acidez, que o AHD apresenta maiores quantidades destes compostos quando comparado com o AH-G (SILVA, 2006). Para o AH-C os picos são de intensidades intermediárias. Comparando com o resultado da voltametria, pode-se aferir que o AH-G possibilitou melhor detecção do pico de oxidação de Thiram devido seus baixos índices de ácidos carboxílicos, permitindo uma maior interação de outros grupos pertencentes a composição dos AH com a molécula de Thiram nas superfícies dos EPCs modificados. 4.4. - CONCLUSÃO Esse trabalho mostra que nem todos os ácidos húmicos tem a propriedades para melhorar eletrodos de pasta de carbono para a detecção do pico anódico do Thiram. Por isso os estudos para este tipo de detecção devem ser feitas. Os estudos revelam ainda que somente um tipo de modificador é eficiente na obtenção do pico anódico do Thiram, que é o AH-G, pois devido às características espectroscópicas este contém menos índices de ácidos carboxílicos. 4.5. – REFERÊNCIAS BIBLIO GRAFICA AIROLDI, F. P.; DA SILVA, W.T.; CRESPILHO, F. N.; REZENDE, M. O. 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Resumo Para obtenção dos espectros SERS do Thiram foram confeccionadas superfícies nanometricamente rugosas de prata, sendo obtidas através da oxidação do nitrato de prata em superfícies de cobre. Foram obtidos os espectros do fungicida Thiram através das técnicas de FTIR-PAS e Raman, para comparação com o espectro obtido por SERS. As análises revelaram que o espectro SERS tem vários picos semelhantes aos das demais técnicas. Apresentando diferenças significativas quando comparado com o Raman, revelando picos que são provenientes das ligações formadas entre a superfície de prata e o agrotóxico. Além disso, existem vários picos que são amplificados no SERS devido à ressonância plasmoionica favorecida pela superfície. Analisando diferentes tempos de formações das nanoestruturas em comparação com os espectros SERS, observa-se que para o tempo de 15s obten-se os melhores sinais SERS. Assim, as imagens MEV revelam que isso se deve a formação de nanofolhas nestas superfícies que favorecem a amplificação do sinal Raman. Palavra-chave: agrotóxico; Raman; MEV. 5.1 - INTRODUÇÃO O interesse por análises de agrotóxicos vem crescendo, devido ao seu alto consumo na agricultura, e também no uso doméstico. A utilização crescente destes compostos é 45 preocupante, principalmente com os impactos ambientais gerados, como por exemplo, quando são persistentes na água e no solo (GRÜTZMACHER et al., 2008; RIBEIRO et al., 2007). Além disso, os possíveis resíduos deixados por esses agrotóxicos nos alimentos é outra questão preocupante, pois os metabólitos produzidos a partir da degradação também podem representar sérios riscos à saúde, já que muitas vezes, seus metabolitos são mais tóxicos que os produtos de origem. Os principais agrotóxicos utilizados são fungicidas, no qual está o Thiram (dissulfeto tetramethylthiuram), o qual é utilizado no controle de diversas doenças. Este agrotóxico é sensibilizador da pele, causando irritações moderadas, provocando também irritações nos olhos (KESARI & GUPTA, 1998; MALIK et al., 1998). Porém a maior preocupação esta em sua degradação, pois pode causar hepatotoxidades (DALVI et al., 2003). Desta forma, é importante o desenvolvimento de análises eficientes de agrotóxicos. Assim, uma técnica recente e que vem mostrando um grande potencial na análise química bastante utilizada na caracterização de compostos é chamada SERS (do inglês: Surface Enhanced Raman Spectrscopy), ou seja é um efeito da amplificação do já conhecido sinal Raman através de uma interação da espécie química em estudo com uma superfície nanometricamente rugosa. Desde sua descoberta o SERS vem se mostrando como uma ferramenta poderosa devido à informação estrutural que proporciona em compostos com uma baixa concentração (ADDISON & BROLO, 2006; CAMPION & KAMBHAMPATI, 1998; STOKES & VO-DINH, 2000). A observação deste efeito exige o contato da espécie química com uma superfície metálica condutora, com rugosidade da ordem de nanômetros ou seu contato com nanopartpiculas metálicas que pode ser na forma de colóides (BAO et al., 2008; KAWABATA et al., 2007; LI et al., 1999; VO-DINH et al., 1998; VOLKAN et al., 2005). A literatura traz vários estudos sobre este fenômeno com diferentes metais que formam nanoestruturas, sendo que o Au, Ag, e Cu são os mais utilizados devido a maior amplificação conseguida com esses metais (BHATTACHARRYA et al., 2000; CEPAK & MARTIN, 1998; PEREZ-JUSTE et al., 2004; ZHU et al., 2000). Alguns dos principais avanços do SERS incluem a inibição da luminescência, que é uma limitação do Raman clássico, e um aumento significativo do sinal de espalhamento. Devido a estas vantagens, vários métodos vêm sendo estudados para o aperfeiçoamento desta técnica. As suas aplicações são variadas, porém poucos trabalhos relatam a caracterização de agrotóxicos (ALAK & VO-DINH, 1907; VO-DINH et al., 1988). Desta forma, o presente trabalho objetivou otimizar substratos contendo superfície nanometricamente rugosa de prata e empregar estes para a caracterização de SERS do agrotóxico Thiram. 46 5.2 - MATERIAIS E MÉTODOS 5.2.1 - Experimentos de absorção óptica no infravermelho médio PAS-FTIR As amostras de Thiram foi caracterizada pelo experimento de Absorção Óptica (PASFTIR), na faixa espectral do infravermelho médio de 4000 a 400cm-1 através do espectrofotômetro por Transformada de Fourier (Nexus 870 - Nicolet) com o acessório de detecção fotoacústica (PAS), para posterior comparação com as demais técnicas. Durante todo o experimento o espectrofotômetro foi purgado usando ar comprimido a fim de eliminar o vapor de água e o CO2 do interferômetro e a célula fotoacústica foi purgada com gás hélio para aumentar a propagação do sinal fotoacústico no interior da mesma. Uma referência de carbono negro foi usada para coletar o espectro da fonte infravermelha para a normalização. E assim coletados os espectros do Thiram em pó. Os espectros foram obtidos com 8 cm-1 de resolução pela média de 128 varreduras para cada amostra. 5.2.2 - Experimentos de RAMAN e SERS Para as analises Raman e SERS foi realizada uma montagem experimental conforme Figura 1. Para estes experimentos, as amostras foram excitadas em 514,5 nm por um laser de Ar+ (Coherent innova 300C). A fonte laser foi filtrada por um filtro tipo “notch”, e colimado por um grupo de lentes acromáticas com 4mm de distancia focal. O espalhamento inelástico foi separado do espalhamento Rayleigh através de um filtro tipo “degrau”, sendo posteriormente e focalizado em uma fibra óptica acoplada a um monocromador (Horiba Jobin Yvon iHR 320). O sinal foi coletado por uma CCD (Sygnature Hamamatsu S3903-1024Q PDA). O espalhamento Raman foi coletado das amostras sem preparo algum, em forma de pó, prensadas em um suporte de grafite. 47 Figura 1- Esquema do aparato experimental utilizado nas medidas de Raman e SERS. 5.2.3 - Síntese dos substratos para os experimentos de SERS Foram fabricadas superfícies ativas de prata com base em NIE & FENG (2002), utilizando placas de circuito impresso folhas de cobre, com espessuras de 1 cm, e AgNO3 (CennaBras P.A., 99.8% de pureza). Primeiramente, a placa foi lavada com solução de 1% de ácido sulfúrico, em seguida lavadas com água bidestilada, para retirar possíveis impurezas. Após este procedimento, as folhas de cobre foram aquecidas por 2h a 80ᵒC para produzir uma fina camada de óxido de cobre na superfície a fim de atrasar a reação de deposição da prata da solução de AgNO3. Para formar a superfície nanometricamente rugosa de Ag, as placas foram mergulhada em solução aquosa de 1 x10-1 mol L-1 AgNO3 em diferentes tempos, que variaram de 5s a 60s. Este procedimento permitiu verificar o tempo ideal para a formação da camada nanometricamente rugosa a qual permitiria obter o sinal SERS mais intenso. As estruturas formadas em cada placa foram analisadas por Microscopia eletrônica de varredura (MEV). Foram utilizadas soluções de Thiram (Tetramethylthiuramdissulfide, ALDRICH®, 97%;) com concentração de 1mmol L-1. 48 5.3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO A Figura 2 mostra os espectros do Thiram obtido com as técnicas de FTIR-PAS (a), Raman (b) e SERS (c). Os espectros obtidos em todas as técnicas são semelhantes aos encontrados na literatura (KANG et al., 2002; SÁNCHEZ-CORTÉS et al., 1998). A Tabela 1 apresenta as principais bandas com suas respectivas vibrações. O Thiram pertence ao grupo dos compostos Dithiocarbamatos (DTC) e nos espectros destes grupos encontram-se váarias vibrações de grupos metilas (ALVERDI et al., 2004). Estes grupos apresentam bandas nas regiões de aproximadamente 1041 cm-1 ( (CH3), (CH3-N)), 1149 cm-1 ( (N-CH3), 2885 1375 1460 959 1079 1134 829 RAMAN 2959 (b) SERS 1000 1500 2000 2500 -1 Número de onda (cm ) 2891 1633 1138 921 1383 1517 500 (a) 2955 1699 2850 2931 FTIR-PAS 532 358 409 326 404 541 648 Intensidade (u. a.) 790 439 563 848 971 1041 1149 1234 1380 1492 (CH3)), 1376 cm-1 ( S (CH3)), 2850 cm-1 ( (N-CH3)) e 2931 cm-1 ( (CH3)). 3000 (c) 3500 Figura 2- Análise do Thiram por FTIR-PAS, Raman e SERS O espectro infravermelho apresenta diversas bandas que também são Raman ativa, como em 1496 cm-1 ( (C-N)) e 848 cm-1 (S-S). Os picos em 1234 e 439 cm-1 apresentam vibrações do CH3-N-C, que no Raman aparece em 358 cm-1. As vibrações IR e Raman ativas incluem ainda, 563 cm-1 ( (SCS)) e 971 cm-1 ( (C-S)). 49 Tabela 1- Picos selecionados em cada espectro, e seus respectivos grupos funcionais. PAS-FTIR (cm-1) RAMAN (cm-1) SERS (cm-1) Grupo Funcional 326 Ag-S (CH3-NC) ou (C=S) 358 409 404 ((CH3)2-N) 439 (CH3NC) ou (C=S) 563 790 848 971 1041 532 829 959 1079 541 648 921 - 1149 1134 1138 1234 - 1380 1375 1383 1496 1699 2850 1464 2878 1517 2931 2955 2959 1633 2891 (SCS) S-C-S C-S (S-S) (CH3N) ou (C-S) (CH3) ou (CH3-N) (N-CH3), (CH3) CH3-N-C S (CH3) C-N (C=N) C-N S-C=N N-CH3 or N-(CH3)2 S CH3 O espectro SERS do Thiram revela significantes mudanças quando comparado com o Raman. Primeiramente ocorre o aparecimento de uma nova banda em 326 cm-1, a qual é atribuída à ligação do Thiram com a superfície de prata, esta ligação é reportada na literatura, variando de 226 a 341 cm-1 (KANG et al., 2002; SÁNCHEZ-CORTÉS et al., 1998). O Thiram, assim como outros DTC, tem alta afinidade com superfícies metálicas, principalmente com a Ag (GUERRINI et al., 2009; TONG et al., 2006; VICHERS et al., 2006). E, por esse motivo, as medidas de SERS realizadas neste composto, apresentou uma boa relação sinal ruído até em concentrações abaixo de unidades de µmol L-1. A banda em 541 cm-1 está relacionada à vibração de dobra S-C-S e aparece de forma menos intensa no SERS em comparação aos espectros de Raman e IR. Essa diminuição ocorre devido à quebra da molécula do Thiram para a adsorção na superfície metálica, formando uma nova ligação Ag-S. Já a banda em 1383 cm-1 está relacionada com as vibrações de dobra dos grupos metilas. Sendo assim pode-se supor que com a quebra da molécula de Thiram, cada metade interage diretamente com o metal presente na superfície. A principal mudança no espectro do SERS é o aparecimento da banda em 1517 cm-1 atribuída a vibração de estiramento do C N também observada por outros autores (KANG et al., 2002; PAGES et al., 1985; SÁNCHEZCORTÉS et al., 1998). O Thiram, quando diluído, se ioniza na forma de tioureida, como ilustrado na Figura 3. Essa forma é produzida pelo equilíbrio tautomerico dos íons DTC. 50 Além disso, o desaparecimento da banda 829 cm-1 correspondente a ligação S-S, evidencia mais uma vez a presença da ligação bidentada com o metal. (a) (b) Figura 3– (a) estrutura molecular do Thiram; (b) equilíbrio tautomerico do íon DTC. Figura 4- Diferentes formas da ligação do Thiram com Ag. Quando ocorre a complexação do Thiram com o metal, os pares de elétrons livres do S se ligam ao metal, este processo ocorre comumente nos grupos dos compostos DTCs (FRIGERIO et al., 1989; ARAIN et al., 2009; ARAINet al.,2002). Assim a banda em 326 cm-1 pode ser atribuída a ligações das partículas de prata com o S pertencente ao Thiram (Ag-S). Neste caso, a intensidade da banda em 1517 cm-1 pode ser usada para estimar a interação do ligante com o metal (BROWN et al., 1976). A ligação da molécula de Thiram com a superfície de prata, após sua quebra, pode ocorrer de duas formas: monodentada e bidentada, como apresentado na Figura 4. Essa banda aparece mais intensa que a de 1464 cm51 1 que é relacionada a vibração de estiramento do C-N mostrada no espectro Raman da Figura 1b. Na Figura 1c esta banda parece estar sobreposta as bandas de 1383cm-1 e 1517cm-1 sendo assim, como esta ultima aparece mais intensa no espectro, sugere uma interação predominante do Thiram com a prata na forma bidentada. Ademais, a ligação C-S que aparece em 921 cm-1 para compostos dithiocarbamatos também é atribuída a forma bidentada. (STERGIOUA et al., 1994) Intensidade (u. a.) BORDA 600 400 200 0 600 400 200 0 600 400 200 0 600 400 200 0 MEIO 600 600 400 400 200 200 0 0 600 400 200 0 600 600 400 400 200 200 0 0 600 400 200 0 600 600 400 400 200 200 0 0 600 400 200 0 600 600 400 400 200 200 0 0 600 400 200 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 05s 10s 15s 25s 30s 40s 50s 60s -1 Número de Onda (cm ) Figura 5- Espectros do Thiram 1mmol L-1 em relação ao tempo de mergulho no AgNO3 e a diferenciação do sinal SERS obtido no meio e na borda das placas. A fim de aperfeiçoar o preparo dos substratos de prata e cobre que melhor amplificam o sinal SERS do Thiram, foram testados diferentes tempos de deposição de prata e para cada um deles foi realizado os experimentos de SERS para amostras de Thiram. A Figura 5 mostra os espectros do Thiram obtidos para os diferentes tempos de deposição de prata. Em nossas medidas observou-se uma diferença de sinal entre os espectros medidos no meio e nas bordas do substrato SERS. Na maioria das medidas os melhores espectros foram obtidos na borda , sendo que em algumas posições da placa encontramos pontos onde o sinal SERS é 52 substancialmente amplificado comparado outras posições do substrato. Estas regiões são conhecidas como “hot-spots”. A qualidade dos substratos pode ser definida pelo número de “hot-spots” encontrados na sua superfície e pela média de amplificação conseguida pelo efeito SERS em toda sua superfície. Devido a este efeito a reprodutividade da intensidade do sinal SERS para muitos casos é um dos fatores limitantes da técnica (RU & ETCHEGOIN, 2009). Pode-se observar na Figura 5 que as bordas foram as regiões onde conseguimos uma maior amplificação do sinal SERS, e um maior número de “hot-spots”, conforme aumenta o tempo de deposição de prata. Entretanto um comportamento distinto é observado quando a mesma análise é realizada no meio da placa. Nesta região pode-se observar um aumento do sinal até 15s, seguida de uma queda de intensidade para os tempos subsequentes. A Tabela 2 mostra a relação sinal ruído (SR) do sinal SERS do Thiram para os diferentes tempos de deposição de prata. Pode-se notar que o único espectro que não teve diferenças significativas para o valor de SR entre o seu meio e sua borda foi o das placas mergulhadas por 15s. Tabela 2- Relação sinal/ruído das bordas e meios das placas com diferentes tempos no AgNO 3. Tempo no AgNO3 S/R borda S/R meio 05 9,91 3,73 10 8,67 7,34 15 15,06 10,67 25 9,36 4,29 30 19,00 2,81 40 11,22 5,76 50 16,57 4,92 60 18,29 4,53 Como já se sabe o sinal SERS depende do tipo do material metálico e também das estruturas rugosas formadas por este metal (RU & ETCHEGOIN, 2009; VO-DINH etal., 1984). Assim as diferenças encontradas devem estar relacionadas com o crescimento das nanopartiuclas de prata formadas na superfície (RU & ETCHEGOIN, 2009). Para verificar essas estruturas formadas nos diferentes tempos de deposição foi feito a Microscopica eletrônica de varredura (MEV). A Figura 6-13 mostra as imagens obtidas para as placas nas regiões da borda e do centro. As estruturas encontradas são semelhantes aos vistos na literatura (SONG et al., 2006; YI et al., 2011). Observa-se que para o tempo de 5s as nanoparticulas estão ainda em formação, encontradas em baixa densidade superficial, tanto 53 para o meio quanto para a borda (Figura 6) somente em sua borda ocorre a formação de aglomerados de nanocristais de prata que se arranjam na forma alinhada, formando nano fios, similar a nano folhas, enquanto que seu meio ainda esta em formação, assim observa-se que estas nanoestruturas são formadas primeiramente nas bordas (Figura 7). Pode-se observar na Figura 8 que para o tempo de 15s ocorre um aumento na formação das estruturas de nano folhas e consequentemente um aumento na densidade superficial de nanopartículas de prata. Em tempos superiores a 15s são observados as mesmas nano folhas do de 15s porem ocorre uma sobreposição destas estruturas e o sinal SERS piora gradativamente como consequência do aumento das nanopartículas (Figuras 9-13). Porém este efeito só é observado no meio das placas de 25 a 60 s, em suas bordas o sinal SERS aumenta com o tempo, isso ocorre devido à tensão superficial que proporciona a formação de hot-spots. 54 Figura 6- (a) Foto da placa de circuito impresso mergulhada em AgNO3 por 05 s; MEV do meio desta placa com (b) 10 da borda com (f) 10 m; (g) 05 m; (h) 1 m; (i) 500 nm. Figura 7- (a) Foto da placa de circuito impresso mergulhada em AgNO 3 por 10 s; MEV do meio desta placa com (b) 10 borda com (f) 10 m; (g) 05 m; (h) 1 m; (i) 500nm. 54 m; (c) 05 m; (d) 1 m; (e) 500 nm; e MEV m; (c) 05 m; (d) 1 m; (e) 500nm; e MEV da Figura 8- (a) Foto da placa de circuito impresso mergulhada em AgNO3 por 15 s; MEV do meio desta placa com (b) 10 da borda com (f) 10 m; (g) 05 m; (h) 1 m; (i) 500 nm. Figura 9- (a) Foto da placa de circuito impresso mergulhada em AgNO3 por 25 s; MEV do meio desta placa com (b) 10 da borda com (f) 10 m; (g) 05 m; (h) 1 m; (i) 500 nm. 55 m; (c) 05 m; (d) 1 m; (e) 500 nm; e MEV m; (c) 05 m; (d) 1 m; (e) 500 nm; e MEV Figura 10- (a) Foto da placa de circuito impresso mergulhada em AgNO 3 por 30 s; MEV do meio desta placa com (b) 10 da borda com (f) 10 m; (g) 05 m; (h) 1 m; (i) 500 nm. Figura 11- (a) Foto da placa de circuito impresso mergulhada em AgNO 3 por 40 s; MEV do meio desta placa com (b) 10 da borda com (f) 10 m; (g) 05 m; (h) 1 m; (i) 500 nm. 56 m; (c) 05 m; (d) 1 m; (e) 500 nm; e MEV m; (c) 05 m; (d) 1 m; (e) 500 nm; e MEV Figura 12- (a) Foto da placa de circuito impresso mergulhada em AgNO 3 por 50 s; MEV do meio desta placa com (b) 10 da borda com (f) 10 m; (g) 05 m; (h) 1 m; (i) 500 nm. Figura 13- (a) Foto da placa de circuito impresso mergulhada em AgNO3 por 60 s; MEV do meio desta placa com (b) 10 da borda com (f) 10 m; (g) 05 m; (h) 1 m; (i) 500 nm. 57 m; (c) 05 m; (d) 1 m; (e) 500 nm; e MEV m; (c) 05 m; (d) 1 m; (e) 500nm; e MEV 5.4 - CONCLUSÃO A superfície de prata feita a partir de AgNO3 é própria para obter-se estruturas SERS ativas, e obter o espectro do fungicida Thiram. Sendo que para adquirir um melhor sinal SERS a superfície deve ser mergulhada por apenas 15s em solução de AgNO3, devido as namofolhas de prata formadas na superfície metálica favorecendo a amplificação do sinal. 5.5 - REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADDISON, C.J.; BROLO, A.G. Nanoparticle-containing structures as a substrate for surfaceenhanced Raman scattering. Langmuir. v. 22, p. 8696, 2006. ALAK, A. M.; VO-DINH, T.Surface-Enhanced Raman Spectrometry of Organophosphorus Chemical Agents. Anal. Chem. v. 59, p. 2149, 1907. ALVERDI, V.; GIOVAGNINI, L.; MARZANO, C.; SERAGLIA, R.; BETTIO, F.; SITRAN, S.; GRAZIANI, R.; FREGONA, D. Characterization studies and cytotoxicity assays of Pt(II) and Pd(II) dithiocarbamate complexes by means of FT-IR, NMR spectroscopy and mass spectrometry. Journal of Inorganic Biochemistry. v. 98, p. 1117, 2004. ARAIN, M. A.; WATTOO, F. H.; WATTOO, M. H. S.; GHANGHRO, A. B.; TIRMIZI, S. A.; IQBAL, J.; ARAIN, S. A. 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Este trabalho abre portas para mais pesquisas que incluem a diferenciação de espécies e de indivíduos com análises rápidas e não destrutivas, quando comparadas com a hoje utilizada como a análise multivariada que exige muito tempo de pesquisa. A caracterização por FTIR-PAS de alguns ácidos húmicos revelou que a principal diferença entre estes materiais estão na quantidade de ácidos carboxílicos e na presença de caulinita, proveniente da argila, presente somente nos ácidos húmicos extraídos naturalmente. Devido a estas diferenças foi possível a correlação com o desempenho destes ácidos como modificador de pastas de carbono para ser utilizado como eletrodo na detecção voltamétrica do fungicida Thiram, revelando que somente o ácido húmico que contem maior índices de ácidos carboxílicos é um bom detector deste agrotóxico. Este estudo mostra que a caracterização de novos materiais é importante para explicar as suas reações de acordo com a aplicação. A utilização da técnica SERS como método de caracterização de pesticidas revelou eficiente. Sendo que o método utilizado revelou que superfícies nanometricamente rugosas de prata feitas a partir de AgNO3 é própria para obter-se estruturas SERS ativas, e obter o espectro do fungicida Thiram. E para adquirir um melhor sinal SERS a superfície deve ser mergulhada por apenas 15s em solução de AgNO3, devido as namofolhas de prata formadas na superfície metálica favorecendo a amplificação do sinal. Este estudo mostra que a pesquisa pelo aperfeiçoamento de técnicas já existentes tem grande importância para a evolução dos estudos. 61