APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL NA ESCOLA: ALGUNS RESULTADOS DE UM ESTUDO REALIZADO EM TRÊS PAÍSES EUROPEUS Maria Assunção Flores Universidade do Minho [email protected] Ana Margarida Veiga Simão Universidade de Lisboa [email protected] Nesta comunicação damos conta dos principais resultados de uma investigação mais vasta que pretendeu analisar e compreender as oportunidades de aprendizagem no local de trabalho e suas implicações para o seu desenvolvimento profissional dos professores em três países europeus. A necessidade de apoiar os professores ao longo da sua carreira, enquanto factor importante na melhoria da qualidade da educação, constitui um aspecto consensual na literatura sobre esta temática. Torna-se, portanto, fundamental compreender o que os professores conhecem, como conhecem, o que pensam sobre a sua profissão e sobre si próprios enquanto professores e como actuam em contexto. Foi nesta perspectiva que este projecto se desenvolveu, no âmbito de uma parceria entre as Universidades de Lapland, Finlândia, de Novi Sad, Sérvia e Montenegro e do Minho e de Lisboa, Portugal. Os dados foram recolhidos através de questionários e entrevistas semi-directivas. Os principais resultados apontam para a emergência de similaridades e contradições nas perspectivas dos professores dos três países, nomeadamente no que diz respeito ao papel das lideranças e das culturas de escola, à orientação profissional dos professores e ao enfoque da aprendizagem no local de trabalho. Introdução A necessidade de apoiar os docentes ao longo da sua carreira, enquanto factor importante na melhoria da qualidade da educação, constitui um aspecto consensual na literatura sobre formação, aprendizagem e desenvolvimento profissional dos professores. Torna-se, portanto, fundamental compreender o que eles conhecem, como conhecem, o que pensam sobre a sua profissão e sobre si próprios enquanto professores e como actuam em contexto, por outras palavras, como desenvolvem profissionalmente ao longo da sua carreira nos contextos em que trabalham. É nesta perspectiva que o projecto cujos resultados damos conta nesta comunicação se desenvolveu, no âmbito de uma parceria entre as Universidades de Lapland, Finlândia, de Novi Sad, Sérvia e Montenegro e do Minho e de Lisboa, Portugal. Nos últimos anos, as questões ligadas à aprendizagem, aos processos de mudança e ao desenvolvimento profissional dos professores têm sido objecto de um interesse crescente no sentido de compreender e analisar as preferências e os processos de aprendizagem dos professores bem como os contextos em que ocorrem (Calderhead, 1988; Lieberman, 1996; Marcelo, 1999; Kwakman, 2000; Veiga Simão, Caetano e Flores, 2005). Lieberman (1996). Lieberman (1996), por exemplo, chama a atenção para uma “visão ampla da aprendizagem profissional” e identifica três contextos principais: a instrução directa (conferências, cursos, workshops, etc.), a aprendizagem realizada na escola (através de amigos críticos, de treino de pares, da investigação-acção) e a aprendizagem realizada fora da escola (através de parcerias escola/universidade, redes de aprendizagem, etc.). Day (2001) acrescenta ainda a sala de aula enquanto contexto de aprendizagem (através, por exemplo, das respostas e reacções dos alunos). 725 Este entendimento da aprendizagem do professor implica necessariamente uma perspectiva alargada do desenvolvimento profissional que ultrapassa a visão mais restrita e tradicional na lógica do modelo único ou “one size fits all” (Lieberman, 1996; Loucks-Horsley et al., 1998) em que prevalecem sobretudo iniciativas isoladas e de curta-duração do tipo “oneshot workshops” e “quick-fix events” (Sykes, 1996; Day, 1993). A necessidade de ultrapassar o paradigma da deficiência (Eraut, 1987), que tem caracterizado muitas iniciativas de formação contínua, para incluir outras modalidades espaços de formação e de desenvolvimento profissional, bem como de aumentar o impacto do desenvolvimento profissional dos docentes ao nível das suas crenças, das suas práticas e da aprendizagem dos alunos, levou à emergência e desenvolvimento de perspectivas mais ecológicas e construtivistas (Sparks & Loucks-Horsley, 1990). Nos últimos anos, vários investigadores têm chamado a atenção para a natureza holística, inclusiva e dinâmica do processo de desenvolvimento profissional que inclui todas as actividades, formais e não formais, individuais ou colectivas, nas quais os professores se envolvem ao longo da sua carreira (Corcoran, 1995; Fullan, 1995; Day, 1999). Inclui, por isso, quer a aprendizagem eminentemente pessoal, sem qualquer tipo de orientação, a partir da experiência (através da qual a maioria dos professores aprende a sobreviver, a desenvolver competências e a desenvolver-se profissionalmente nos vários contextos em que trabalham), quer as oportunidades informais de desenvolvimento profissional vividas na escola, quer ainda as oportunidades de aprendizagem "acelerada" mais formais (Day, 2004), disponíveis através de actividades de formação contínua, interna e externamente organizadas. Esta visão ampla do desenvolvimento profissional evidencia não só a importância de considerar todas as actividades de aprendizagem (individuais ou colectivas) nas quais os professores se envolvem e as suas necessidades pessoais e profissionais e as suas motivações, mas também reforça a necessidade de proporcionar apoio e orientação/ assistência em função da fase da carreira em que se encontram e dos contextos em que trabalham. A este respeito, Salo (1996) chama a atenção para três níveis diferentes de pensar a aprendizagem numa organização: a aprendizagem a partir do grupo (pela imitação, pela percepção social, etc.), a aprendizagem no grupo (na medida em que os professores desenvolvem a divisão do trabalho, a coordenação de esforços para alcançar determinado resultado, a assunção de cargos, a cooperação, etc.) e a aprendizagem para o grupo (neste caso, o objecto de aprendizagem remete para uma comunidade de professores que pretende melhorar e desenvolver-se, partilhando uma missão comum, uma estratégia e uma imagem de ensino que se repercute nas suas práticas). Metodologia O estudo de que damos conta nesta comunicação teve como principal objectivo analisar e compreender as oportunidades de aprendizagem e de desenvolvimento profissional dos professores no local de trabalho em Portugal, na Finlândia e na Sérvia e Montenegro, relacionando-as com as políticas nacionais e locais neste domínio1. Os dados foram recolhidos, numa primeira fase, através de um questionário que abarcava questões abertas e fechadas sobre as seguintes dimensões: formação contínua frequentada (incluindo questões sobre motivações, modalidades, entidades promotoras, conteúdo e número de iniciativas frequentadas nos últimos dois anos), conteúdo e natureza do trabalho docente, lideranças escolares, orientação profissional, oportunidades para aprender na escola e desenvolvimento profissional. A recolha de dados foi realizada em Outubro e Novembro de 2004 nos três países. Na Finlândia, a percentagem de respostas foi de 66.1%, tendo sido devolvidos 228 questionários. Em Portugal, foram recebidos 252 questionários e na Sérvia e Montenegro 283, o que corresponde a 64% e 66.2% de percentagem de respondentes, respectivamente. 1 Para uma contextualização mais aprofundada deste estudo, sobretudo ao nível das políticas de formação contínua nos diferentes países envolvidos, ver Flores et al (2005) 726 Na totalidade, participaram neste estudo 763 professores. A amostra produtora de dados apresenta as seguintes características: 76.2% são do sexo feminino; a média de idades é de 41 a 45 anos; a maioria dos professores pertence ao quadro de nomeação definitiva (86.9%); a experiência média dos docentes é de 16.6 e o tempo de serviço na escola actual é de 9.9%; a dimensão média das escolas onde os professores leccionavam é de 589.2 alunos e 46.9 professores; a maioria dos professores leccionava nos anos primeiros 4 anos (40.5%), nos 5º e 6º anos (32.4%) e 24.9% dos professores leccionavam no ensino secundário; a maioria dos professores trabalhava em escolas urbanas (53.8%). Numa segunda fase, este estudo incluiu a realização de 30 entrevistas a professores em cada um dos países envolvidos, cuja análise está em curso. Neste texto apresentamos alguns dos principais resultados obtidos através do questionário. Resultados Desenvolvimento Profissional (DP) Nesta dimensão incluímos quatro categorias: motivações para participar em oportunidades de DP, diversidade de oportunidades oferecidas, perspectiva temporal e enfoque das actividades de DP. De um modo geral, os professores consideram-se motivados para o DP (62.6%). Se olharmos para os dados obtidos em cada um dos países, verificamos que é na Finlândia que se regista uma percentagem mais elevada (72.2%), seguida de Portugal (65.2%) e da Sérvia e Montenegro (51.7%). Quanto às oportunidades de DP, os professores respondentes, na sua generalidade, consideram-nas boas ou muito boas (54.8%), tendo-se, no entanto, registado diferenças nos dados obtidos nos três países. As oportunidades de DP foram consideradas melhores em Portugal (64.1%), seguidas da Sérvia e Montenegro (50.0%) e da Finlândia (45.6%), facto que se poderá relacionar, pelo menos em parte, com o sistema de Formação Contínua descentralizado e diversificado (e obrigatório) em vigor em Portugal. De um modo geral, os professores eram mais favoráveis a oportunidades de DP de longa duração, apenas 23.5% referiram actividades de curta duração. Mais uma vez, registaram-se diferenças nos três países: em Portugal, as actividades de curta duração eram mais frequentes (24.9%), seguido da Sérvia e Montenegro (22.2%). Na Finlândia, as metas a longo prazo eram mais frequentes na Finlândia (78.5%). Oportunidades de aprendizagem no local de trabalho Nesta dimensão distinguimos dois aspectos: oportunidades individuais para aprender enquanto base para desenvolver e questionar o conteúdo do trabalho e oportunidades de aprendizagem em comunidade que se articulam com a existência de uma comunidade que valoriza a aprendizagem e está disposta a desenvolver-se e a mudar a par de alterações no seu trabalho. As oportunidades para a aprendizagem individual (M=3.78) eram mais elevadas do que a aprendizagem em comunidade (M=3.62). As diferenças verificadas entre os três países indicam que as oportunidades individuais eram mais notórias na Finlândia (M=3.95), seguida da Sérvia e Montenegro (M=3.79) e de Portugal (M=3.59). Motivações para a Formação Contínua Nesta dimensão distinguimos quatro tipos de motivações: i) motivações políticas (relacionadas com a implementação de políticas educativas nacionais e/ou locais), ii) pedagógicas (associadas à expansão de perspectivas ligadas a uma maior eficácia no ensino), iii) práticas (resolução de questões ou exigências relacionadas com o próprio ensino) e emancipatórias (associadas ao seu próprio desenvolvimento). Globalmente, os motivos emancipatórios (M=3.86) e práticos (M=3.81) foram mais enfatizados do que os pedagógicos (M=3.70) e os políticos (M=2.71). Foi possível identificar diferenças estatisticamente significativas entre os três países nas várias dimensões. Assim, os professores finlandeses destacam motivações políticas para participar em acções de formação contínua, associadas à implementação de medidas educativas de âmbito nacional ou local, bem como razões de ordem prática. Os professores portugueses e os sérvios 727 revelaram maior motivação para participar em acções de formação contínua devido sobretudo à expansão das suas perspectivas pedagógicas. Orientação Profissional A orientação profissional dos professores tem sido tradicionalmente individualista. Mais recentemente, em investigações sobre a profissão docente tem emergido uma orientação que enfatiza uma lógica de comunidade. Neste estudo, ambos os aspectos sobressaíram. Os professores mostraram menos uma orientação individual (M=2.38) do que de comunidade (M=3.49). Os participantes da Sérvia e Montenegro demonstraram uma orientação individual e de comunidade mais elevada (M=2.53 e 3.69, respectivamente). Em termos de relações profissionais e de confiança, propícias ao trabalho docente, os professores finlandeses foram os que registaram percentagens mais elevadas quando se reportavam às suas comunidades (M=3.83), seguida da Sérvia e Montenegro (M=3.69) e de Portugal (M=3.54). Lideranças escolares Neste âmbito, distinguimos três aspectos que uma liderança participativa evidencia, nomeadamente eficácia, encorajamento e participação na tomada de decisão. De uma forma geral, os professores referem que podem participar na tomada de decisões (M=3.80) e descrevem os directores das escolas (ou Presidentes dos Conselhos Executivos) como sendo encorajadores (M=3.75). A eficácia foi o indicador que recolheu dados ligeiramente mais baixos (M=3.58). Olhando para as diferenças obtidas nos três países, verificamos que é na Sérvia e Montenegro que estas dimensões registam valores mais elevados, à excepção da eficácia situando-se ao mesmo nível que Portugal. Natureza do trabalho De acordo com Hackman e Oldham (1975), a natureza do trabalho tem efeitos na iniciativa, na motivação e na responsabilização das pessoas. No âmbito deste estudo, incluímos cinco dimensões relativas ao conteúdo do trabalho: oportunidades para usar as próprias destrezas e capacidades, obter feedback do seu trabalho, experienciar um sentido para o seu trabalho, ter uma latitude considerável em termos de tomada de decisão e sentido de completamento de tarefas associadas ao trabalho. De um modo geral, os professores avaliaram o seu trabalho como constituindo um todo com sentido (M=8.72), possibilitando o uso das suas destrezas e capacidades (M=8.20). Com pontuações mais baixas registaram-se os seguintes aspectos: latitude em termos de tomada de decisão (M=7.84), possibilidade de obter feedback (M=7.60) e sentido de completamento de tarefas associadas ao trabalho (M=7.25). Quanto às diferenças encontradas nos resultados obtidos nos três países, os professores finlandeses avaliam o seu trabalho com um elevado grau de uso de destrezas e capacidades e de tomada de decisão, enquanto que os professores da Sérvia e de Portugal valorizam mais a possibilidade de obter feedback e o entendimento do trabalho como um todo com sentido, respectivamente. Considerações finais Este estudo permitiu analisar alguns contextos de DP associados à natureza do trabalho, às lideranças escolares e à orientação profissional dos professores. Na Finlândia, os professores manifestaram uma maior latitude em termos de tomada de decisão e de uso de destrezas, o que, de acordo com o modelo de Hackman e Oldham (1975), implica maior disposição para a assunção de responsabilidades e para a melhoria da escola. De facto, os professores finlandeses mostraram maior motivação para promover as políticas educativas nacionais e/ou locais. Na Sérvia e Montenegro, os professores parecem denotar um sistema que acentua o feedback, pelo que, com base no mesmo modelo, poderão revelar-se mais conscientes dos resultados do seu 728 trabalho. Em Portugal, os professores valorizaram sobretudo o sentido global que atribuíam ao seu trabalho. Em relação às lideranças, os professores finlandeses parecem destacar uma visão que se centra sobretudo na gestão, negligenciando a liderança dos professores (Nivala, 1999). Os professores sérvios parecem denotar uma liderança mais positiva, que coincide com um sistema que enfatiza o feedback, estando o caso português algures entre as duas alternativas. Neste estudo, os professores demonstraram uma menor orientação individual do que de comunidade. Estas orientações correlacionaram-se negativamente, indicando que se trata de orientações profissionais opostas. De um modo global, os professores destacam sobretudo as oportunidades para aprender individualmente no local de trabalho. Por outro lado, a existência de lideranças que encorajam contribui para a aprendizagem individual e da comunidade, o que corrobora investigações que têm enfatizado a importância de lideranças eficazes para a criação e manutenção de comunidades de aprendizagem (Leithwood, Jantzi & Steinbach, 1999; Fernandez, 2000; Barker, 2001; OCDE, 2005; Flores, 2004; 2005). Um relatório recente da OCDE (2005) chamou a atenção para o papel dos directores das escolas na criação de culturas escolares orientadas para o desenvolvimento e na promoção e apoio a mudanças na escola e nas práticas dos professores. As culturas colaborativas e, em particular, as lideranças preocupadas em informar, apoiar e encorajar os membros da escola são aspectos decisivos na formação da orientação profissional dos professores e no sentido de comunidade, com implicações na sua aprendizagem e desenvolvimento profissional, na sua realização profissional, auto-eficácia, comprometimento e dedicação. No âmbito deste estudo, a aprendizagem na comunidade aparece sobretudo associada à vontade de expandir as perspectivas pedagógicas. As motivações emancipatórias surgem ligadas a motivos individuais, tais como vontade de saber mais, autodesenvolvimento e criação de novas perspectivas para o próprio ensino. As motivações pedagógicas aparecem, por seu turno, associadas à relação professor/trabalho. A motivação para participar em actividades de DP foi considerada elevada ou muito elevada pelos professores inquiridos, realçando, globalmente, boas oportunidades para o DP. Este cenário (diversidade de oportunidades de DP) era melhor em Portugal, seguido da Sérvia e Montenegro e da Finlândia, o que se pode relacionar, em parte, com o modelo da formação contínua existente no nosso país em termos de entidades promotoras e de modalidades de formação. De salientar que a orientação profissional individual surge negativamente relacionada com as oportunidades para o DP, o que pode dever-se ao facto de estes professores procurarem sobretudo espaços de desenvolvimento profissional individuais e serem, portanto, críticos em relação às oportunidades de DP. Globalmente, os professores valorizaram mais os objectivos de formação e de DP a longo prazo do que a curto prazo. Os professores que valorizavam objectivos a curto prazo associavam-nos à melhoria do seu ensino (ao aumento das suas perspectivas pedagógicas) e não ao desenvolvimento do seu conhecimento numa perspectiva mais ampla (motivos emancipatórios). Por outro lado, estes professores reportam oportunidades de DP reduzidas. Contrariamente, os professores que estabelecem objectivos a longo prazo podem descrever-se como professores que se preocupam com o seu desenvolvimento e com o da sua escola, destacando-se sobretudo motivos políticos e um sentido de comunidade que respeita a aprendizagem e o desenvolvimento (maiores oportunidades para a aprendizagem no local de trabalho). Estes resultados, aqui apresentados de forma necessariamente sumária, suscitam algumas reflexões sobre o papel das escolas na promoção do desenvolvimento profissional contínuo dos seus professores e na criação de oportunidades de aprendizagem significativas ao longo da sua carreira. Como sustenta Barth (1996, citado por Day, 2004, p.133), “não haverá provavelmente nada dentro de uma escola que tenha mais impacto nos alunos em termos de desenvolvimento de destrezas, da sua auto-confiança ou do seu comportamento na sala de aula do que o crescimento pessoal e profissional dos seus professores”. Assim, é necessário ter em conta a preparação e disposição dos professores para aprender, as suas necessidades pessoais e profissionais, as suas motivações e os contextos em que trabalham. 729 Como salienta ainda Day (1999, p. 97), “ o desenvolvimento profissional não é algo que possa ser forçado, porque é o professor que se desenvolve (activamente) e não é desenvolvido (passivamente)”. É ainda fundamental proporcionar aos professores condições de trabalho propícias a um questionamento contínuo das suas práticas e das finalidades e valores que lhes estão subjacentes, bem como dos contextos educacionais mais amplos em que trabalham, pois “aprender pela experiência” é diferente de “ter experiência” (Shulman, 1997, p. 92). O modo como os professores aprendem e se desenvolvem depende de factores idiossincráticos e contextuais, reflectindo a interdependência das biografias pessoais e das características dos contextos educacionais nos quais trabalham, o que afecta o modo como alteram o seu pensamento e a sua acção. Estas e outras questões serão objecto de análise mais aprofundada na segunda fase deste estudo (através de uma abordagem qualitativa), relacionando-as, de modo mais sistemático, com as políticas e práticas de formação nos três países. Referências bibliográficas Barker, B. (2001) Do Leaders matter? Educational Review, 53 (1), pp. 65-76. Barroso, J. & Canário, R. (1999) Centros de Formação das Associações de Escolas. Das expectativas às realidades. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional. Calderhead, J. (1988) (ed) Teachers’ Professional Learning. London: The Falmer Press. Corcoran, T. (1995) Transforming Professional Development for Teachers. A guide for State Policymakers. 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