21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental
IV-025 – LEVANTAMENTO SANITÁRIO DA BACIA DO RIO IBICUI –
AVALIAÇÃO DAS CARGAS POLUIDORAS ATUAIS
Maria do Carmo Cauduro Gastaldini(1)
Engenheira Civil pela Universidade Federal de Santa Maria. Mestre e Doutora em Hidráulica
e Saneamento pela Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP). Professora Adjunta do
Departamento de Hidráulica e Saneamento - Centro de Tecnologia - Universidade Federal de
Santa Maria.
Carlos Alberto Oliveira Irion
Engenheiro Civil pela Universidade Federal de Santa Maria. Mestre em Hidrologia Aplicada
pelo Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH/UFRGS). Professor Adjunto do Departamento
de Hidráulica e Saneamento - Centro de Tecnologia - Universidade Federal de Santa Maria.
FOTO
NÃO
DISPONÍVEL
Endereço (1): Rua Appel, 655/303 – Santa Maria – RS – CEP: 97015-030 – Brasil – Tel: (55) 221-5873 – email: [email protected].
RESUMO
A bacia hidrográfica objeto deste estudo é a do Rio Ibicuí, principal afluente da margem esquerda do rio
Uruguai em território brasileiro. Foram avaliadas as seguintes cargas poluidoras potenciais atuais: esgotos
domésticos (urbanos e rurais), efluentes líquidos industriais, drenagem pluvial urbana, drenagem pluvial rural
(irrigação e mata nativa), drenagem pluvial rural (atividade de pecuária), resíduos sólidos urbanos, resíduos
sólidos industriais, resíduos sólidos rurais. A quantificação e a localização das cargas poluidoras potenciais
atuais foi executada através da busca de informações junto a instituições públicas e privadas, que
posteriormente, foram verificadas “in loco” e localizadas com apoio de GPS. Na ausência de dados locais,
utilizou-se coeficientes disponíveis na literatura, para a avaliação do volume e qualidade dos efluentes gerados.
Da totalidade da carga potencial orgânica, 44% é gerada por atividades de pecuária, 24% devida a disposição de
resíduos sólidos e 12 % a esgotos sanitários. Da carga potencial total de nitrogênio gerada na bacia, 72% é
oriundo da irrigação do arroz e 23% a atividade de pecuária. Mata nativa é responsável por 48% da carga
potencial total de fósforo seguida das atividades de irrigação com 31% e da pecuária 14%. Os animais de
grande e pequeno porte são responsáveis pela geração de 78 % da carga total de coliformes fecais seguida dos
esgotos sanitários com 22%.
PALAVRAS-CHAVE: Cargas Poluidoras, Recursos Hídricos, Qualidade da Água.
INTRODUÇÃO
A área de estudo é a Bacia Hidrográfica do Rio Ibicuí, principal afluente do Rio Uruguai em território
brasileiro. Esta bacia situa-se entre as coordenadas geográficas 28° 30’ e 31° de latitude sul e 53° 30’ e 57° de
longitude oeste, no Estado do Rio Grande do Sul, envolvendo uma superfície de 37.345 km2.
A base econômica da população residente é a agropecuária, destacando-se a criação de bovinos de corte,
ovinocultura e o cultivo de arroz irrigado, que constitui o principal uso da água. O consumo industrial de água
é insignificante, quando comparado com as demandas de água para irrigação. Nesta bacia estão localizados
vinte e um municípios com área urbana na bacia, ou que a utilizam para captação de águas para abastecimento
público e/ou para lançamento de esgotos e disposição de resíduos sólidos. O abastecimento doméstico de água
é feito por captações superficiais e subterrâneas.
Este trabalho teve por objetivo quantificar e localizar as cargas poluidoras potenciais atuais na bacia
hidrográfica do Rio Ibicuí, para subsidiar a implementação dos mecanismos de gestão das águas previstos no
Sistema Estadual de Recursos Hídricos, nos termos da lei 10.350/1994, que regulamenta o Artigo 171 da
Constituição do Estado do Rio Grande do Sul.
ABES – Trabalhos Técnicos
1
21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental
CADASTRAMENTO DAS CARGAS POLUIDORAS
Os corpos d’água da bacia são utilizados como receptores de efluentes de esgotos domésticos e industriais, de
drenagem pluvial urbana, de drenagem pluvial rural, oriundas de atividades de agricultura e pecuária e de
lixívias de depósitos de resíduos sólidos urbanos. Também existe uma contribuição natural oriunda das matas
que aportam nitrogênio e fósforo aos recursos hídricos.
Foram avaliadas as seguintes cargas poluidoras potenciais atuais:
•
•
•
•
•
esgotos domésticos (urbanos e rurais)
efluentes líquidos industriais
drenagem pluvial urbana
drenagem pluvial rural (irrigação, mata nativa e atividade de pecuária)
resíduos sólidos (urbanos, industriais e rurais)
No início dos trabalhos realizou-se uma busca de informações referentes a fontes poluidoras junto a
instituições como: Companhia Riograndense de Saneamento (CORSAN), Fundação Estadual de Proteção
Ambiental Henrique Luis Roessler – RS (FEPAM), prefeituras municipais dos municípios localizados na bacia,
visando obter informações do abastecimento de água, esgotos domésticos e industriais, drenagem urbana, e
resíduos sólidos, para direcionar e agilizar os trabalhos de campo. Estas fontes poluidoras foram
posteriormente verificadas “in loco”, por equipe de cadastro, que descreveu as condições vigentes e localizouas com apoio de GPS.
Na ausência de dados locais, utilizou-se, para a quantificação do volume de efluentes gerados as tabelas 1 e 2; e
para a avaliação da qualidade dos efluentes os coeficientes de cargas poluentes disponíveis na literatura, tabelas
3 e 4.
Tabela 1: Consumo “per capta” dos rebanhos
PORTE
ESPÉCIE
Bovinos e bufalinos
GRANDE
Equinos, asininos e muares
Suinos
Ovinos
PEQUENO
Coelhos
Aves
Fonte: Pró-Guaíba, CORSAN (1991)
Tabela 2: Índices de vazão de efluentes industriais
TIPOLOGIA INDUSTRIAL
Abatedouro de aves
Beneficiamento de fibras texteis
Curtume
Fábrica de conservas vegetais
Fábrica de produtos derivados do leite
Fábrica de vinhos (pequeno porte)
Matadouro e/ou frigorífico
Posto de resfriamento de leite
Refino de óleos vegetais comestíveis e derivados
Fonte: FEPAM (1997)
2
CONSUMOS (L/cap.dia)
45
45
30
5
0,35
0,35
VAZÃO EFLUENTE/PRODUÇÃO
(L de efluentes/unidade de produção)
20,3/ave
145.271/t
584/pele
6.442/t
1,5/litro
1,5/litro
1055/cabeça
0,7/litro
1.618/t óleo refinado
ABES – Trabalhos Técnicos
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Tabela 3: Coeficientes de Carga Poluidora das fontes contaminantes
Parâmetros População Drenage
Irrigação Pecuária: Pecuária:
Matas(5)
Resíduos
(2)
urbana e m pluvial de arroz
animais
animais
Sólidos(4)
(1)
(1)
rural
grande
urbana
pequeno
porte (3,4)
porte (3,4)
ton/hab.ano ton/ha.ano ton/ha.ano ton/hab.ano ton/hab.ano ton/hab.ano ton/hab.ano
8,47x1012 11,5x109
2,63.1012
8,76.1010
8,4x108
Coliformes
fecais
(NMP/cap.ano)
0,0158
0,254
0,15184
0,001971
0,018615
DBO
0,001548
0,0243
0,02081
0,014896
0,000194
0,00005
0,001095
Nitrogênio
Total
0,003
0,00449
0,00376
0,000048
0,0024
0,000365
Fósforo Total 0,000388
0,1295
Sólidos Totais
Fonte: (1) PRÓ-GUAIBA(1991), (2) EMBRAPA(1993), (3) Overcash(1980), (4) Rast(1993), (5) Wanielista(1977)
Tabela 4: Concentrações Médias de Poluentes por Tipologia Industrial
TIPOLOGIA INDUSTRIAL
DBO
DQO CROMO FERRO NÍQUEL
(mg/L) (mg/L) (mg/L)
(mg/L)
(mg/L)
Abatedouro de aves
1705,1 3500,0
0,000
0,000
0,000
Beneficiamento de fibras téxteis
247,0
614,6
0,290
3,000
0,009
Curtume
1780,0 5268,8
47,280
3,940
0,075
Fábrica de conservas vegetais
2028,0 4000,0
0,000
1,500
0,000
Fábrica de produtos derivados do leite
1503,0 3000,0
0,000
0,000
0,000
Fábrica de vinhos e/ou derivados
2329,3 4000,0
0,000
0,000
0,000
Fábrica de sucos
3289,7 5000,0
0,000
5,750
0,000
Matadouro e/ou frigorífico
1997,3 4050,0
0,000
0,000
0,000
Posto de resfriamento de leite
643,4 1000,0
0,000
0,000
0,000
Refino de óleos vegetais comestíveis e derivados
1568,8 3000,0
0,000
3,850
0,000
Fonte: FEPAM (1997)
•
ESGOTOS DOMÉSTICOS (URBANOS E RURAIS)
A grande maioria dos municípios localizados na bacia em estudo é desprovida de rede coletora de esgotos
sanitários, sendo o tratamento realizado através de fossas sépticas seguidas de sumidouros e/ou lançamento na
rede pluvial.
Para uma estimativa tão realista quanto possível, da produção de esgotos domésticos urbanos, buscou-se dados
de sistemas de esgoto de cidades localizadas na bacia. Adotou-se o valor de 140 L/hab.dia como a produção de
esgoto doméstico da área urbana dos municípios, que multiplicada pela população urbana dos municípios
fornece o valor da contribuição de esgoto doméstico da área urbana. Quantificação análoga foi feita para o
esgoto doméstico rural, cuja contribuição “per capta” foi adotada 100 L/hab.dia (Haandel & Lettinga (1994)).
A caracterização qualitativa dos efluentes urbanos foi realizada utilizando-se coeficientes de cargas poluentes
disponíveis na literatura. Em função da percentagem de áreas urbanas e rurais dos municípios na bacia,
determinou-se as populações urbanas e rurais dos municípios na bacia. Multiplicando-se as populações urbanas
e rurais pelos coeficientes de cargas poluidoras potenciais obteve-se as cargas poluidoras potenciais de esgoto
doméstico, para os diversos municípios da bacia.
•
DRENAGEM PLUVIAL URBANA
A drenagem urbana contribui para a poluição dos recursos hídricos, especialmente nos períodos iniciais das
precipitações, quando são carreados sedimentos, matéria orgânica e outros constituintes para os cursos d’água
ABES – Trabalhos Técnicos
3
21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental
situados nas áreas urbanas dos municípios. Na maioria dos municípios a rede de drenagem pluvial urbana é
deficiente.
A caracterização da carga de poluentes resultante da drenagem pluvial urbana foi avaliada através do uso de
coeficientes de cargas poluentes. Estes coeficientes multiplicados pelas áreas urbanas de cada município na
bacia fornecem os valores das cargas poluentes geradas pela drenagem pluvial urbana.
•
DRENAGEM PLUVIAL RURAL
A drenagem pluvial rural envolve efluentes de atividades de agricultura, pecuária e das matas nativas. Para cada
município contabilizou-se as áreas da bacia utilizadas para atividades de agricultura irrigada(arroz), ocupadas
pela pecuária(campos) e por matas nativas que multiplicados pelos coeficientes de cargas poluidoras potenciais
correspondentes, fornecem as cargas poluidoras potenciais para DBO, nitrogênio e fósforo oriundas da
irrigação de cultivos (irrigação do arroz), atividade pecuária (campos) e da cobertura vegetal natural (matas).
Na avaliação da carga poluidora de coliformes fecais dos animais de grande e pequeno porte existentes na bacia
utilizou-se as informações obtidas de dados censitários, (FEE 1995 e IBGE 1994). Quantificou-se o efetivo de
rebanhos por município, que multiplicados pela percentagem da área de pecuária do município situada na bacia
e pelos coeficientes per capta de coliformes fecais dos animais de grande e pequeno porte fornecem as cargas
poluidoras dos animais. Foram considerados animais de pequeno porte os pertencentes rebanhos das: aves,
ovinos e coelhos e de grande porte os pertencentes aos rebanhos de: bovinos, bufalinos, eqüinos, asininos,
muares e suínos.
•
EFLUENTES LÍQUIDOS INDUSTRIAIS
As cargas de poluentes atualmente lançadas, nos corpos d’água, são oriundas de efluentes tratados ou
parcialmente tratados das diversas indústrias acionadas pela FEPAM e por efluentes ainda não tratados, das
empresas em processo de licenciamento ambiental ou ainda sem processo na FEPAM, constituindo as cargas
remanescentes. A FEPAM analisou os laudos disponíveis no Sistema de Automonitoramento – SISAUTO, do
Serviço de Diagnóstico e Avaliação da Poluição Industrial da FEPAM, visando quantificar as cargas
remanescentes. Para a avaliação das cargas potenciais de poluentes lançadas na bacia utilizaram-se os dados
fornecidos pela FEPAM, afora as apreciações desenvolvidas pela equipe do cadastro quando da realização dos
serviços de campo.
•
RESÍDUOS SÓLIDOS
A maioria dos municípios situados na bacia não possui sistema de disposição adequada para os resíduos sólidos
urbanos, estes são, na maioria das vezes simplesmente lançados em lixões.
Foram obtidos, junto a FEPAM, dados relativos aos resíduos sólidos de origem industrial dos municípios
componentes da bacia.
Foram inseridos neste item os resíduos sólidos industriais rurais, uma vez que a atividade industrial na bacia é
pequena e, na grande maioria, é proveniente de agroindústrias. As principais atividades que geram estes
resíduos, na bacia, são: casca de arroz - gerada no beneficiamento do arroz; embalagens de agrotóxicos; resíduo
sólido de frigoríficos; resíduo sólido de curtume.
SITUAÇÃO ATUAL DO SANEAMENTO BÁSICO NA BACIA
Na bacia do Rio Ibicuí estão localizados vinte e um municípios de pequeno e médio porte com área urbana na
bacia, ou que a utilizam para captação de águas para abastecimento público e/ou para lançamento de esgotos e
disposição de resíduos sólidos. Na maioria destes, os sistemas de coleta e tratamento de esgotos domésticos e
de resíduos sólidos é precário.
A figura 1 mostra o número de habitantes total e atendidos com abastecimento de água e tratamento de esgotos
dos municípios com área urbana na bacia. A cidade de maior porte na bacia é Santa Maria, que situa-se no
divisor de águas da bacia; as demais possuem número de habitantes inferior a 100.000. Com relação ao
4
ABES – Trabalhos Técnicos
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abastecimento doméstico, as cidades de maior porte apresentam um nível de atendimento superior a 90%. No
entanto, os sistemas de coleta e tratamento de esgotos sanitários atendem, quando existem, apenas pequena
parcela da população urbana. Na cidade de Santa Maria aproximadamente 50% da população urbana é atendida
com sistema de coleta e tratamento dos efluentes. As cidades de Jaguari, São Borja e São Francisco de Assis
possuem um nível de atendimento inferior a 30%, e nas demais inexiste sistema público de tratamento de
esgotos domésticos.
A maioria dos municípios situados na bacia não possui sistema de disposição adequada para os resíduos sólidos
urbanos, estes são, na maioria das vezes, simplesmente lançados em lixões. A figura 2 mostra a quantidade de
resíduos sólidos geradas e a contribuição “per capta”. Nas cidades de maior porte, como Santa Maria,
Santiago, São Borja e Alegrete, a contribuição per capta ficou próxima dos 0,6 kg/hab.dia e foram os locais de
piores condições de disposição. Nas cidades de menor porte a contribuição foi normalmente mais baixa e a
disposição mais adequada, cita-se o município de Manoel Viana onde a prefeitura promovia campanhas de
coleta seletiva e a contribuição per capta ficou em torno de 0,21 kg/hab.dia.
250.000
200.000
150.000
100.000
50.000
população (hab)
abastec. água (hab)
Unistalda
Tupanciretã
Toropi
São Vicente do Sul
São Pedro do Sul
São Martinho da Serra
São Francisco de Assis
São Borja
Santiago
Santa Maria
Quevedos
Nova Esperança do Sul
Mata
Manoel Viana
Maçambará
Júlio de Castilhos
Jari
Jaguari
Itaqui
Dilermando de Aguiar
Alegrete
-
tratam. esgotos (hab)
Figura 1: População atual atendida com abastecimento de água e tratamento de
municípios da bacia do Rio Ibicuí
esgotos dos
SITUAÇÃO ATUAL DAS CARGAS POLUIDORAS AGROPECUÁRIAS E INDUSTRIAIS NA BACIA
A atividade de pecuária representa importante papel na economia da bacia, destacando-se a bovinocultura, a
ovinocultura e avinocultura. A figura 3 mostra o efetivo dos principais rebanhos de pequeno porte e de grande
porte dos municípios da bacia.
A bacia do Rio Ibicuí não é uma bacia características industriais. Do ponto de vista de efluentes líquidos
gerados destacam-se alguns matadouros, frigoríficos e um curtume. As cargas de poluentes, atualmente
lançadas nos corpos d’água, são oriundas de efluentes tratados, principalmente nas indústrias de maior porte.
Na bacia do Rio Ibicuí estão localizadas várias indústrias de beneficiamento de arroz, que geram como resíduo
a casca. O destino da casca é a queima e a disposição no solo, constituindo um grande problema ambiental. Da
totalidade de arroz beneficiado, resultam 22% de casca e se esta for queimada resultam 4% de cinzas. A tabela
5 apresenta as quantidades de casca geradas nos principais municípios da bacia.
ABES – Trabalhos Técnicos
5
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resíduos produzidos (t/ano)
Unistalda
Tupanciretã
Toropi
São Vicente do Sul
São Pedro do Sul
São Martinho da Serra
São Francisco de Assis
São Borja
Santiago
Santa Maria
Quevedos
0
Nova Esperança do Sul
Mata
1
Manoel Viana
10.000
Maçambará
2
Júlio de Castilhos
20.000
Jari
3
Jaguari
30.000
Itaara
4
Itaqui
40.000
Dilermando de Aguiar
5
Alegrete
50.000
contribuição per capta (kg/hab.dia)
Figura 2: Resíduos sólidos totais produzidos e contribuição per capta para os municípios da bacia do
Rio Ibicuí
animais de grande porte (1000 cabeças)
Tupanciretã
São Vicente do Sul
São Pedro do Sul
São Martinho da Serra
São Francisco de Assis
São Borja
Santiago
Santa Maria
Quevedos
Nova Esperança do Sul
Mata
Manoel Viana
Júlio de Castilhos
Jaguari
Itaqui
Alegrete
900
800
700
600
500
400
300
200
100
0
animais de pequeno porte (1000 cabeças)
Figura 3: Efetivo de rebanhos de pequeno porte e de grande porte dos municípios da bacia do Rio Ibicuí
6
ABES – Trabalhos Técnicos
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Tabela 5: Cerealistas que beneficiam arroz e quantidade de casca gerada por município da bacia do Rio
Ibicuí (CRH/RS (1998))
MUNICÍPIO
N0 CEREALISTAS
CASCA ARROZ GERADA
(ton./ano)
3
63960
Alegrete
1
132
Dilermando de Aguiar
2
60409
Itaqui
4
5377
Jaguari
12
60660
São Borja
2
4488
São Francisco de Assis
6
10856
São Pedro do Sul
TOTAIS NA BACIA
30
205.882
CARGAS POLUIDORAS POTENCIAIS ATUAIS
A bacia hidrográfica do Rio Ibicuí foi dividida em 13 sub-bacias, conforme ilustrado na figura 4. A
quantificação das cargas poluidoras potenciais foi realizada baseando-se nesta divisão.
Figura 4: Sub-bacias de Qualidade da Água da Bacia Hidrográfica do Rio Ibicuí (CRH/RS (1998))
A quantificação das cargas potenciais atuais de DBO, nitrogênio total, fósforo total e coliformes fecais da bacia
do Rio Ibicuí são mostrados nas tabelas 6, 7, 8 e 9, respectivamente, para cada sub-bacia de qualidade, bem
como o total da bacia.
ABES – Trabalhos Técnicos
7
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Tabela 6: Carga Potencial de DBO na bacia do Rio Ibicuí (t/ano)
Bacias Qualidade
Animais
Drenagem pluvial
Mata
Esgoto
Resíduos Industrial
Doméstico
Sólidos
0,00
0,00
0,00
1
810,90
0,00
194,61
2
3.112,16
598,85
597,28
1.399,65
1.440,42
132,79
3
710,97
463,04
160,42
326,74
243,89
0,25
4
162,71
433,32
117,70
49,72
3.979,14
6,40
5
332,67
0,00
47,76
0,00
0,00
0,00
6
778,73
115,67
173,05
75,39
18,29
0,00
7
682,89
0,00
161,09
440,56
313,80
310,93
9
1.397,40
236,62
763,91
1067,82
957,20
319,70
10
1.225,73
85,06
468,86
200,96
54,15
41,54
11
770,21
0,00
94,01
0,00
0,00
0,00
12
441,34
0,00
23,85
0,00
0,00
0,00
13
2.538,21
0,00
278,16
0,00
0,00
0,00
12963,92
1932,56
3080,7
3560,84
7006,89
811,48
TOTAL
Tabela 7: Carga potencial de nitrogênio total na bacia do Rio Ibicuí (t/ano)
Bacias Qualidade
Animais
1
337,875
Drenagem
pluvial
65,683
Irrigação
2
1.296,735
57,292
1.471,912
7,466
137,131
84,731
3
296,238
44,299
265,556
2,005
32,013
14,347
4
67,798
41,456
3,602
1,471
4,872
234,067
5
138,613
0,000
177,509
0,597
0,000
0,000
6
324,473
11,066
900,303
2,163
7,387
1,076
7
284,538
0,000
182,192
2,014
43,164
18,670
12.937,360
Mata
Esgoto
Resíduos
Doméstico
Sólidos
2,433
0,000
0,000
9
582,250
22,638
9,693
9,549
104,620
56,306
10
510,723
8,138
0,000
5,861
19,689
3,185
11
320,920
43,934
300,996
1,175
0,000
0,000
12
183,890
2,415
20,685
0,298
0,000
0,000
13
1.057,588
140,819
844,158
3,477
0,000
0,000
TOTAL
5401,638
437,740
17113,966
38,510
348,876
412,383
Tabela 8: Carga potencial de fósforo total na bacia do Rio Ibicuí (t/ano)
Bacias Qualidade
Animais
Drenagem
Irrigação
Mata
Esgoto
Resíduos
pluvial
Doméstico Sólidos
32,436
8,109 279,139 116,770
0,000
0,000
1
124,487
7,073
317,582
358,370
34,371
28,244
2
28,439
5,469
57,297
96,254
8,024
4,782
3
6,509
5,118
0,777
70,625
1,221
78,022
4
13,307
0,000
38,300
28,661
0,000
0,000
5
31,149
1,366 194,251 103,831
1,852
0,359
6
27,316
0,000
39,310
96,655
10,819
6,223
7
55,896
2,795
2,091 458,347
26,223 18,769
9
49,029
1,005
0,000 281,316
4,935
1,062
10
30,808
5,424
64,943
56,410
0,000
0,000
11
17,653
0,298
4,463
14,314
0,000
0,000
12
101,528
17,385 182,137 166,896
0,000
0,000
13
TOTAL
518,557
54,042 1.180,290 1.848,449
87,444 137,461
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21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental
Tabela 4: Carga potencial de coliformes fecais na bacia do Rio Ibicuí (NMP/ano)
Bacias Qualidade
Animais
Esgoto Doméstico
6,391E+17
0,000E+00
1
1,633E+18
7,503E+17
2
3,816E+17
1,751E+17
3
1,396E+17
2,665E+16
4
1,668E+17
0,000E+00
5
2,699E+17
4,042E+16
6
3,629E+17
2,362E+17
7
1,033E+18
5,724E+17
9
5,287E+17
1,077E+17
10
3,741E+17
0,000E+00
11
1,773E+17
0,000E+00
12
1,260E+18
0,000E+00
13
TOTAL
6,966E+18
1,909E+18
Lixo
0,000E+00
6,499E+13
1,101E+13
1,796E+14
0,000E+00
8,257E+11
1,432E+13
4,319E+13
2444E+12
0,000E+00
0,000E+00
0,000E+00
3,164E+14
Em relação à DBO, observa-se que a carga total potencialmente poluidora dos recursos hídricos gerada na bacia
é de 29.536 ton/ano. Desse total 44% é gerada pela atividade de pecuária, seguida da drenagem das áreas de
disposição de resíduos sólidos, que contribui com 24% e 12% dos esgotos domésticos.
É importante registrar que, em relação à carga de DBO oriunda dos animais de pequeno e grande porte, com
exceção quando há pocilgas situadas nas proximidades das coleções hídricas, o impacto sobre os recursos
hídricos não é da mesma magnitude que as demais fontes, como por exemplo, lixívias de resíduos sólidos e
esgotos domésticos de áreas urbanas, pois sabe-se que estas cargas são difusas e distribuídas por toda a área de
pecuária da bacia, sendo, portanto, pouco concentradas; diferentemente do que ocorre em relação aos esgotos
domésticos produzidos pela população urbana que são concentrados em poucos pontos da bacia e lançados nos
recursos hídricos sem tratamento adequado. Outra peculiaridade da região de estudo é a contribuição expressiva
para a poluição dos corpos hídricos detectada na bacia 4, onde são dispostos os resíduos sólidos sem qualquer
controle da cidade de Santa Maria e Itaara.
A carga potencial total de nitrogênio gerada na bacia é de 23753 ton/ano. Desse total, 72% é oriundo da
irrigação do arroz e 23% a atividades de pecuária. Percentuais pouco significativos são oriundos da drenagem
urbana, resíduos sólidos e os esgotos domésticos.
Em relação ao fósforo, a carga potencial total é de 3.826 ton/ano. Desse total 48% é produzida pela mata nativa
da região seguida das atividades de irrigação com 31% e da pecuária 14%. As lixívias de resíduos sólidos
produzem 4% do total (137 ton/ano). Apesar do pequeno percentual essa carga é importante pois, a maior
parcela de contribuição está localizada na bacia 4, região essa considerada das nascentes do Rio Ibicuí.
Os animais de grande e pequeno porte são responsáveis pela geração de 78 % da carga total de coliformes fecais
seguida dos esgotos sanitários com 22%. Entretanto, é importante salientar que o efeito deletério sobre a
qualidade dos recursos hídricos é mais intensa a partir do lançamento dos esgotos sanitários, por estarem
concentradas em pontos específicos da bacia e junto às áreas urbanas pois a totalidade dos municípios inseridos
na bacia não dispõem de tratamento dos esgotos sanitários de forma adequada enquanto que a carga oriunda dos
animais é dispersa na expressiva área de pecuária existente, sendo, portanto pouco concentrada. Essa
observação também é válida para todas as demais cargas geradas pelos animais (nitrogênio, fósforo, DBO) .
Pelo fato de ser pouco concentrada é absorvida, na sua grande maioria, pelo solo da área física ocupada pela
pecuária.
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CONCLUSÕES
Os municípios com área urbana na bacia são de pequeno e médio porte; e embora na maioria os sistemas de
coleta e tratamento de esgotos sanitários e de resíduos sólidos seja precário, não constituem as atividades de
maior responsabilidade pela contaminação dos recursos hídricos.
O abastecimento doméstico das cidades de maior porte apresentam um nível de atendimento superior a 90%;
os sistemas de coleta e tratamento de esgotos sanitários atendem, quando existem, apenas pequena parcela da
população urbana. Os municípios situados na bacia não possuem sistema de disposição adequada para os
resíduos sólidos urbanos, estes são, na maioria das vezes, simplesmente lançados em lixões.
Com relação a atividade industrial, o maior problema ambiental é a casca de arroz gerada no seu
beneficiamento que alcança valores anuais de 205.882 ton/ano.
Sob o ponto de vista de contaminação orgânica, avaliada através da DBO, 44% da carga potencialmente
poluidora dos recursos hídricos, é gerada por atividades de pecuária, 24% devida a disposição de resíduos
sólidos e 12 % a esgotos sanitários.
Da carga potencial total de nitrogênio gerada na bacia, 72% é oriundo da irrigação do arroz e 23% a atividade
de pecuária.
Em relação ao fósforo, 48% da carga potencial total é produzida pela mata nativa da região seguida das
atividades de irrigação com 31% e da pecuária 14%. As lixívias de resíduos sólidos produzem 4% do total.
Os animais de grande e pequeno porte são responsáveis pela geração de 78 % da carga total de coliformes fecais
seguida dos esgotos sanitários com 22%. Entretanto, é importante salientar que o efeito deletério sobre a
qualidade dos recursos hídricos é mais intensa a partir do lançamento dos esgotos sanitários, por estarem
concentradas em pontos específicos da bacia e junto `as áreas urbanas pois a totalidade dos municípios
inseridos na bacia não dispõem de tratamento dos esgotos sanitários de forma adequada, enquanto que a carga
oriunda dos animais é dispersa na expressiva área de pecuária existente, sendo, portanto pouco concentrada.
Essa observação também é válida para todas as demais cargas geradas pelos animais (nitrogênio, fósforo, DBO)
. Pelo fato de ser pouco concentrada é absorvida, na sua grande maioria, pelo solo da área física ocupada pela
pecuária.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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