PAPEL ESTRATÉGICO E OBJETIVOS DA P&D&I Déborah Patrício dos Santos Universidade Federal Fluminense – UFF Fabio Siqueira Universidade Federal Fluminense – UFF Fernanda da Silva Santos Universidade Federal Fluminense – UFF Karine Siqueira Mota Universidade Federal Fluminense – UFF Valquíria de Oliveira Carvalho Universidade Federal Fluminense – UFF RESUMO Este artigo baseado no trabalho de Santos, Déborah Patricio dos; Silva, Fernanda Santos da; Mota, Karine Siqueira; e Carvalho, Valquíria de Oliveira (2010), aborda o papel estratégico e os objetivos da P&D&I nas organizações. O mesmo está fundamentado em pesquisa bibliográfica e telematizada. As organizações têm se empenhado em uma busca incessante por métodos que proporcionem a sobrevivência e destaque no ambiente competitivo. Um dos artifícios é a Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação - P&D&I. Porém, embora sejam realizados estudos e pesquisas que abordem o assunto e existam publicações, ainda é pouco aplicada nas empresas. Neste trabalho serão apresentados os objetivos da P&D&I expondo exemplos e aplicações; será tratada ainda a perspectiva de seu papel estratégico em vários âmbitos. Primeiramente o governo, com suas leis e subsídios visando o incentivo à inovação. Em seguida o setorial, que trata da diversidade das características dos setores e suas necessidades estratégicas. Também serão abordadas as estratégias empresariais, bem como a relevância de P&D&I e as estratégias do governo brasileiro para P&D&I. PALAVRAS-CHAVE: Estratégia; Objetivos; P&D&I; Inovação; Planejamento. ABSTRACT This article is based on the work of Santos, Deborah Patricio dos; Silva, Fernanda Santos da; Mota, Karine Siqueira; Carvalho, Valquiria de Oliveira (2010), discusses the strategic role and objectives of R & D & I in the organization. The same is based on bibliographic research and telematic. The organizations have been engaged in a constant search for methods that provide survival and highlight on the competitive environment. One of the artifices is the Research, Development and Innovation - R & D & I. However, although studies and research that addresses the issue and publications are available, is still rarely applied in enterprises. This paper will present the objectives of R & D & I expose examples and applications; will be treated even the perspective of its strategic role in various areas. Firstly the government with its laws and subsidies seeking the incentive to the innovation. Then the industry, dealing with the diversity of characteristics of the sectors and their strategic needs. It will also be approached the business strategies, as well as the relevance of R & D & I and the Brazilian government's strategies for R & D & I. KEY-WORDS: Strategy, Goals, Innovation R & D &I; Planning INTRODUÇÃO O presente artigo objetiva apresentar o papel estratégico da Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P&D&I), dentro das organizações. A mesma pretende ainda, descrever os objetivos da inclusão da estratégia de P&D&I; como as leis geram apoio à pesquisa e inovação; a necessidade de conhecer o setor para determinar a melhor maneira de implementar a P&D&I e as estratégias no contexto empresarial. A pesquisa teve caráter bibliográfico e telemático com informações obtidas por meio de sites, na forma de artigos, revistas, teses, políticas de empresas que se direcionavam no assunto, também por meio de congressos, citações de autores etc. Durante a pesquisa algumas dificuldades foram encontradas, como: encontro de fontes que abordassem o assunto diretamente, com isso, descobriu-se que pouco se publica sobre P&D&I. Outro fator de dificuldade foi o acesso a documentos estrangeiros, restringindo o trabalho às perspectivas brasileiras. Todavia, esse fator não desmereceu, tampouco retirou o crédito do material encontrado que culminou com o texto que se segue. Com relação aos assuntos abordados neste trabalho: no capítulo um apresenta-se A Relevância da P&D&I, onde são discutidos os objetivos, motivações e perspectivas das empresas ao utilizarem a estratégia de P&D&I e como algumas organizações se empenham quando o assunto é estratégias que visam crescimento e produtividade. Na seção dois, intitulada Subsídios e Legislação, aborda de forma resumida algumas das principais leis e medidas de âmbito legal que contemplam as empresas que investem em P&D&I. E de que forma buscam incentivar um número maior de organizações a se beneficiarem. Nas seguintes seções são abordados respectivamente: As Estratégias do Governo Brasileiro para P&D&I, as estratégias para P&D&I em diferentes níveis. Primeiramente em um sentido mais amplo, explanando as estratégias definidas pelo governo. E de que maneira este traça o caminho do Brasil rumo ao desenvolvimento característico de um país que investe seriamente em inovação. Por fim, na seção cinco e última, destaca-se a importância de considerar os setores de atividades os quais as organizações estão inseridas para auxiliar na determinação da melhor estratégia. Depois do apoio e base dado pelo governo, por mais que ainda possa ser insuficiente, é necessário um olhar para os diferentes setores industriais e identificar planos de ação específicos. As organizações não podem deixar de fazer essa análise setorial. Finalizando então com as estratégias empresariais, onde é mostrado que a prática da pesquisa e o incremento da inovação trazem crescimento para empresa e competitividade, e quanto antes mais empresas terem essa visão melhor será para o próprio ambiente empresarial. 1. A RELEVÂNCIA DA P&D&I Em geral as organizações anseiam ser líder no seu ramo, ter capacidade e recursos para destacar-se das demais, visando principalmente o aumento da produção. Só que para se obter liderança no mercado, muito mais que um produto de qualidade, colaboradores treinados e um ótimo ponto de venda, há necessidade de outros fatores serem observados e implementados pela organização. São esses fatores que encontram-se inseridos nos objetivos da estratégia de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação. Por exemplo: de acordo com Evonik Industries (2010), nos Estados Unidos, o valor médio destinado a pesquisa e desenvolvimento no setor industrial é de algo em torno de 3,5% das suas receitas. Empresas de alta tecnologia como um fabricante de computadores em chegam a investir 7% das receitas. A Allergan, empresa de biotecnologia, atualmente encontra-se no topo da lista de investimento, chegando ao limite de 43,4% das receitas em P&D. Atualmente, por mais que os investimentos em P&D&I existam e sejam uma constante às organizações, empresas que investem mais de 15% é exceção e em geral recebe reputação de ser uma empresa de alta tecnologia. Muitas delas, nesta categoria, são do ramo de medicamentos, como por exemplo: Merck que investe 14,1% e a Novartis 15,1%. Outras tantas nesse patamar são as empresas do segmento de engenharia, como a Ericsson (24,9%). Estas empresa são vistas no mercado como empresas de alto risco porque a flutuação no lucro é bastante atípica. Em geral elas prosperam apenas em mercados onde os clientes possuem necessidades extremas, como remédios inovadores, no caso da indústria farmacêutica, instrumentos científicos, mecanismos críticos para segurança, encontrados na industria da aviação ou navegação, bem como, equipamento bélico. Estas necessidades extremas justificam o alto risco de falha em projetos. No que tange a indústria farmacêutica vale citar a união de dois dos grandes grupos representantes desse segmento a Eurofarma e o Biolab no ano de 20051. Ambos uniram-se no sentido de criarem Incrementha PD&I, um centro para pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica de novos produtos. Com o objetivo inicial de desenvolver inovações incrementais, a partir de uma droga já conhecida, chegando no futuro à inovação radical, criação de uma nova molécula. Em princípio a Incrementha PD&I continuará com os projetos que as duas indústrias já estavam desenvolvendo individualmente. O corpo técnico da nova empresa estabelecerá um cronograma de ações, prazos, investimentos, equipamentos, entre outros, com o objetivo de levar para o mercado estes novos medicamentos. A proposta inicial da união das empresas foi de ter os primeiros projetos da Incrementha PD&I transformados em produtos a partir do segundo semestre de 2006. As instalações da Incrementha PD&I foram transformadas num Centro Incubador de Empresas Tecnológicas CIETEC, no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares - IPEN, na Cidade Universitária, em São Paulo. Para validar cada etapa do desenvolvimento de um medicamento, a Incrementha PD&I desenvolveu uma certificação de qualidade de cada um dos projetos nos padrões nacionais e internacionais, atendendo à regulamentação de entidades como Anvisa, FDA, e EMEA European Medicines Agency. A empresa acredita que assim irá garantir a possibilidade de exportação e licenciamento dos novos medicamentos para mercados mundiais. De acordo com as palavras de Domingos Pires, principal executivo da empresa a época: "Trata-se de uma iniciativa pioneira no Brasil. O ineditismo vem do compartilhamento do pipeline das duas empresas que, mesmo investindo em conjunto na área de pesquisa, desenvolvimento e inovação, continuarão atuando de forma independente e com estratégias individuais", afirma Domingos Pires, executivo contratado pela Incrementha PD&I. Assim como na indústria farmacêutica, na indústria bélica não é diferente. Por exemplo, o primeiro lote de vendas tem um custo de fabricação que é de 10% a 15% do valor gasto em P&D/I&D. Nesta indústria, 90% dos projetos não produzem qualquer produto utilizável. Ainda assim estes projetos fornecem informações vitais para que futuros projetos sejam bem sucedidos, na verdade, o ganho consiste não somente em quantidade de produtos comercializados, mas na quantidade e na qualidade das informações que o mesmo pode proporcionar à empresa. Uma pesquisa desenvolvida em 2008 (QUANDT, SILVA JUNIOR, PROCOPIUCK,) estudou 182 empresas do setor elétrico brasileiro - SEB, empresas do ramo de distribuição, geração e transmissão de energia, por meio de questionários. Empresas desse setor são, por lei, obrigadas a investir em pesquisa. As empresas apontaram os fatores mais importantes que as motivam a investir em P&D&I. Como principal ficou evidente o fator da obrigação 1 www.eurofarma.com.br imposta pelas concessões e legislação. Entre os fatores de média importância estão as melhorias nos serviços e a imagem institucional. E como os de mínima importância aparecem os aspectos relacionados com a competitividade, desenvolver novos negócios e conquistar novos mercados. As empresas que decidem investir na estratégia de P&D&I tem em mente os objetivos a alcançar. A pesquisa já mencionada também tratou das expectativas das empresas ao investirem na estratégia em questão. Os resultados mostraram que para as empresas estudadas é de pequena importância as expectativas quanto ao aumento dos lucros, aumento do faturamento, desenvolvimento de novos negócios, atenuação dos impactos ambientais, lançamento de novos produtos e serviços e melhoria da economia local e regional. E de média importância a redução de custos operacionais. Com esses resultados, alguns questionamentos surgem: o investimento em estratégias de P&D&I é simplesmente uma obrigação? Porque os outros fatores, considerados por estudiosos como relevantes, são para as empresas apenas conseqüências da obrigatoriedade? 1.1 CONCEITO DE P&D&I Parece simples definir ou afirmar ser o significado da sigla P&D&I como: Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação. Mas a que correspondem essas palavras quando definidas e observadas em suas essências apresenta não diferentes, mas significados passíveis de análise. Frascati: As atividades de inovação tecnológica são o conjunto de etapas científicas, tecnológicas, organizativas, financeiras e comerciais, incluindo os investimentos em novos conhecimentos, que levam ou que tentam levar à implementação de produtos e de processos novos ou melhorados. A P&D não é mais do que uma destas atividades e pode ser desenvolvida em diferentes fases do processo de inovação, não sendo utilizada apenas enquanto fonte de ideias criativas, mas também para resolver os problemas que podem surgir em qualquer fase até a sua implementação (FRASCATI, 2002). Destaca-se aqui primeiramente, a diferença de P&D&I de outras atividades afins que visam à inovação, que segundo o manual de Frascati (2002) podem ser resumidas na seguinte afirmação: O critério básico que permite distinguir a P&D de atividades afins é a existência no seio da P&D de um elemento apreciável de novidade e a resolução de uma incerteza científica e/ou tecnológica; ou seja, a P&D aparece quando a resolução de um problema não é evidente para alguém que tenha o conjunto básico de conhecimentos da área e conheça as técnicas habitualmente utilizadas nesse setor. Assim sendo, a P&D&I é um processo que deve envolver a pesquisa básica, ou seja, pesquisa científica; a pesquisa aplicada, vista como pesquisa tecnológica; mais o desenvolvimento experimental, que consiste no cumprimento de uma agenda, de um plano de trabalho, tem um orçamento, tem uma equipe de pesquisadores e, por visar a inovação, logicamente, exige um contrato de confidencialidade. No manual de Frascati (2002) encontram-se três atividades referentes à P&D&I. Além das pesquisas básica e aplicada, encontra-se também o desenvolvimento experimental. Observe a seguir: A pesquisa básica: consiste em trabalhos experimentais ou teóricos iniciados principalmente para obter novos conhecimentos sobre os fundamentos dos fenômenos e fatos observáveis, sem ter em vista qualquer aplicação ou utilização particular. A pesquisa aplicada: consiste também em trabalhos originais realizados para adquirir novos conhecimentos; no entanto, está dirigida fundamentalmente para um objetivo prático específico. O desenvolvimento experimental consiste em trabalhos sistemáticos baseados nos conhecimentos existentes obtidos pela pesquisa e/ou pela experiência prática, e dirigese à produção de novos materiais, produtos ou dispositivos, à instalação de novos processos, sistemas e serviços, ou à melhoria substancial dos já existentes. A P&D engloba tanto a P&D formal realizada nas unidades de P&D como a P&D informal ou ocasional realizada noutras unidades. 1.2 A ESTRATÉGIA DE P&D&I A estratégia é um assunto abordado por vários autores que geralmente falam de lucro, plano, desenvolvimento, apresentar vantagem e ficar a frente da concorrência. Empresas que visam estratégias de P&D&I devem ter em seu cotidiano idéias e mudanças incrementais que possam transforma-se em lucro e em reconhecimento no mercado. Ou seja, investir em P&D&I significa aumentar a produtividade e é fundamental para a competitividade. Na verdade tem sido tarefa difícil para as empresas investir em P&D&I, pois surgem muitas definições para a inovação, o que gera dúvidas sobre o assunto e sobre como colocá-la em prática. Por outro lado, encontram-se empresas que investem em P&D&I. Um exemplo a ser considerado é o do Ministério da Defesa, que tem como objetivo alcançar o domínio de tecnologias aeroespaciais, desenvolver sistemas, crescer e aperfeiçoar a indústria aeroespacial por meio de pesquisa e desenvolvimento. Outro exemplo, o sistema Eletrobrás adota a gestão de P&D&I como uma estratégia empresarial que visa crescimento, competitividade a nível nacional e internacional, rentabilidade, integração nos negócios de energia, ter o domínio da inovação tecnológica, obter recursos, buscar parcerias e maiores resultados tecnológicos e científicos. Outras empresas recorrem à estratégia de P&D&I para modificar sua atual situação no mercado. O grupo farmacêutico ROCHE, por exemplo, aumentou seus investimentos em pesquisa e tecnologia, pois as patentes de remédios teriam expirado e com essa estratégia tinham o objetivo de até mesmo introduzir-se em novas áreas de terapias. A Evonik, que atua no ramo químico, tem como objetivo apresentar novas idéias e desenvolver novas tecnologias para a indústria e para o mundo, e para isso investe em pesquisas para inovação. Enfim, o objetivo da estratégia de P&D&I inclui, entre muitos outros, lucratividade, competitividade, crescimento, maiores capacidade e recursos, independência da tecnologia internacional, aumento da produtividade, desenvolvimento de novos negócios, produtos e serviços. Consequentemente, as empresas que se empenham no investimento em P&D&I estão também contribuindo para o crescimento e desenvolvimento da economia do país. 2. SUBSÍDIOS E LEGISLAÇÃO De acordo com o Manual Básico de Acordos de Parcerias de P&D&I (2002, p. 38): A natureza jurídica do acordo de parceria de P&D&I é mista: obrigação de dar e fazer. A obrigação de dar consiste na alocação dos conhecimentos e dos recursos humanos, financeiros e materiais necessários à P&D&I, logo será inadimplente a parte obrigada que não aportar os recursos comprometidos. A obrigação de fazer a P&D&I é uma obrigação de meio e não de resultado. Quer dizer, se ao final, depois de consumidos os recursos alocados e terminado o prazo, não houver um resultado suficiente para a resolução de uma incerteza científica ou tecnológica que possa gerar inovação, ou mesmo um resultado que possa ser protegida por direitos de propriedade intelectual, a obrigação será considerada cumprida. Portanto há um risco inerente a este tipo de acordo. Apesar de ainda ser pequena a participação do Brasil em relação à pesquisa e inovação, tanto por iniciativa pública quanto privada, o chamado Marco Legal do governo federal representa um avanço, pelo menos na parte legislativa. O Marco Legal se constitui de um conjunto de medidas e leis como uma forma de estimulo à cultura da inovação, objetivando o desenvolvimento do país, e outros objetivos citados anteriormente. Busca-se aplicar o conhecimento produzido no setor acadêmico no setor produtivo, isto é, busca-se a prática da inovação. O marco legal se organiza entre três linhas principais. São elas: a “constituição de ambiente propício às parcerias estratégicas entre as universidades, institutos tecnológicos e empresas; estímulo à participação de instituições de ciência e tecnologia no processo de inovação; e incentivo à inovação na empresa” (MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA, 2010a). O apoio gerado por essas leis se manifesta de muitas maneiras. Através de recursos financeiros - subvenção econômica, financiamento ou participação de sócios; facilidades em acordos e contratos envolvendo pesquisas; redução de impostos, entre outras. Algumas leis e medidas de aspectos importantes serão comentadas a seguir: Medida Provisória Nº. 495 Conhecida como Lei de Incentivo à Inovação, altera alguns pontos em leis2 sobre licitação; incentivos á inovação e pesquisa científica. As mudanças visam à preferência a produtos e serviços que proporcionem desenvolvimento e inovação nacional. Serão também priorizados produtos e tecnologias desenvolvidos no Brasil. Além disso, essa medida permite que Instituições Federais e Tecnológicas - IFTs firmem contratos com fundações que desejam dar apoio a projetos de ensino, pesquisa e desenvolvimento institucional, científico e tecnológico. Lei da Inovação – Nº. 10973 Cria alguns mecanismos para estímulo à formação de alianças estratégicas entre universidades, institutos tecnológicos e empresas nacionais. Essa lei procura um maior apoio do setor produtivo na promoção da inovação, através de concessão de recursos financeiros, humanos, materiais e até de infra-estrutura. A lei também se propõe a capacitar o setor produtivo tecnologicamente visando à competição externa. Muitos estados brasileiros acompanhando essa visão e interessados no desenvolvimento regional criaram e aprovaram leis estaduais complementares à Lei de Inovação federal. Lei do Bem – Nº. 11196 Passou a ser chamada de Lei do Bem por criar isenção fiscal, inédito para uma lei tributária. Os benefícios dessa lei se destinam a todas as empresas que aplicam e investem em pesquisa e inovação tecnológica, quer sejam de pequeno, médio ou grande porte. No capítulo III ² Lei nº. 8666, de 21 de junho de 1993; lei nº.8958, de 20 de dezembro de 1994 e lei nº.10973 de 2 de dezembro de 2004. 7 encontramos alguns dos incentivos fiscais: deduções de Imposto de Renda e da Contribuição sobre o Lucro Líquido; redução do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI na compra de máquinas e equipamentos para P&D; depreciação acelerada desses bens; amortização acelerada de bens intangíveis; redução do Imposto de Renda retido na fonte incidente sobre remessa ao exterior, resultantes de contratos de transferência de tecnologia; e isenção do Imposto de Renda retido na fonte nas remessas efetuadas para o exterior, destinada ao registro e manutenção de marcas, patentes e cultivares. Por essa lei também é possível receber subvenção econômica devido a contratações de pesquisadores, com mestrado ou doutorado, para atividades relacionadas à P&D&I. Lei da Informática – Nºs 8248, 10176 e 11077 Igualmente de incentivo fiscal, porém destinada a “empresas produtoras de alguns hardwares específicos e que tenham por prática investir em pesquisa e desenvolvimento.” (GODOY, 2010) O incentivo dado é a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados, a empresa beneficiada, então, deve investir parte do faturamento dos produtos que receberam incentivos em pesquisas. Para essa lei, são consideradas como pesquisa e desenvolvimento em tecnologia da informação as seguintes atividades: trabalhos teóricos ou experimentais; trabalhos onde se utilizam conhecimento de pesquisa ou experiências práticas; formação ou capacitação de profissional de níveis médio e superior; e serviços científicos e tecnológicos. Apesar de existirem essas e outras leis de incentivo à pesquisa, desenvolvimento e inovação, seus benefícios ainda não são amplamente aproveitados pelas organizações. Na maioria das vezes por desconhecimento, mas também por desinteresse. É preciso maior divulgação da legislação existente e conscientização da importância de se investir em P&D para inovação. 3. ESTRATÉGIAS DO GOVERNO BRASILEIRO PARA P&D&I No contexto brasileiro, importantes iniciativas têm partido do governo com relação à inovação. Um dos passos notáveis foi ajustar estrategicamente o setor público com o privado. Esse alinhamento tem sido possível através da implementação de algumas políticas nesse sentido, tais como a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior – PITCE, de 2004; o Plano de Ação: Ciência, Tecnologia e Inovação – de 2007; e a Política de Desenvolvimento Produtivo – PDP, de 2008. O Plano de Ação acima citado reúne iniciativas que englobam não somente o governo federal, mas também o estadual e o municipal, numa visão em que a inovação é responsabilidade do Estado. Como na maioria dos programas e políticas atuais sobre P&D, as iniciativas estão direcionadas a estimular as empresas a possuírem atividades de pesquisa. Especial atenção tem sido dada ao estudo da nanotecnologia e biotecnologia; também nas áreas das engenharias e em áreas estratégicas como a espacial. O governo federal através do Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT coordena programas e ações, desenvolvendo “pesquisas e estudos que se traduzem em geração de conhecimento, novas tecnologias e na criação de produtos, processos, gestão e patentes nacionais” (MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA, 2010b). Compõe esse ministério a Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP; o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq; o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos - CGEE; A Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN; a Agência Espacial Brasileira - AEB; unidades de pesquisas e empresas estatais. Através dessas instituições o MCT realiza suas ações estratégicas. O MCT está estruturado em quatro secretarias para melhor gerir os programas existentes. A Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento - SEPED é responsável pelos programas de desenvolvimento nas áreas de ciências exatas. A Secretaria de 8 Ciência e Tecnologia para Inclusão Social - SECIS tem o desafio de viabilizar desenvolvimento econômico, social e regional, em especial na Amazônia e no Nordeste, além de promover a inclusão de conhecimento e tecnologia em comunidades carentes. A terceira secretaria é a de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação - SETEC que tem sua atenção voltada para a capacitação tecnológica das organizações. Além disso, desenvolve pesquisas de formulações de políticas que visem aumentar a competitividade no setor empresarial. Essa secretaria está intimamente ligada à Política Nacional de Desenvolvimento Tecnológico. A quarta secretaria é a de Política de Informática - SEPIN e está relacionada com setor de Tecnologias da Informação e Comunicação, coordena a Política Nacional de Informática e Automação e o desenvolvimento do setor de Software. Particularmente, o Programa de Sensibilização e Mobilização para a Inovação – PróInova, do MCT, tem sido um instrumento favorável para a disseminação da pesquisa e inovação. O Pró-Inova visa parcerias para e divulgação de informações e sensibilização da importância da inovação. Essa divulgação visa tanto o empresariado como também a sociedade. O programa busca estimular as empresas a crescerem e competirem por meio da P&D&I, mostrando como ela pode ser um instrumento de competitividade e crescimento sustentável, e assim formando um ambiente propício para inovação no país. Outra iniciativa importante do Pró-Inova é o apoio a eventos técnicos como mini-cursos, seminários, workshops e outras iniciativas de capacitação similares. Como síntese dos objetivos do programa, pode-se observar o que nos diz o MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA (2010c): [...] disseminar informações sobre as vantagens de investir em atividades inovativas bem como promover programas e projetos inovadores; sensibilizar e mobilizar empresas, sociedade civil, entidades técnicas e de classe, universidades, institutos de pesquisa tecnológica e estimular e apoiar as empresas na identificação e utilização dos instrumentos e programas mais adequados às suas necessidades; e, identificar oportunidades de melhoria dos mecanismos, dos instrumentos e dos marcos legais de suporte à atividade de desenvolvimento tecnológico e inovação. O governo também tem se movido através de outras instituições e programas, como o SIBRATEC – Sistema Brasileiro de Tecnologia, que possui a finalidade de aumentar o desenvolvimento e a assistência tecnológica às empresas; o BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social; o Ministério do Desenvolvimento, a ABDI – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial; e o Portal da Inovação, criado com finalidade de proporcionar cooperação no ambiente de inovação. Mas o governo não age independentemente. A Confederação Nacional da Indústria – CNI representa o setor industrial brasileiro e está sempre em busca dos interesses do setor. Assim sendo e considerando a empresa como o ator fundamental da inovação, a CNI se alia ao governo na tentativa de despertar nas empresas maior interesse e consequentemente maior participação na gestão da inovação. A confederação reconhece que a intervenção governamental é importante, pois tem forte influência no setor privado. Outros parceiros também atuam juntamente com o governo, na mesma direção. É o caso de associações como a ANPEI, a ANPROTEC, a PROTEC e a ABIPTI, e muitas outras. É importante uma coordenação e organização bem ajustada entre todas as parcerias e todos os programas para que a finalidade de incrementar a inovação no Brasil seja alcançada. 3.1 ESTRATÉGIAS DE P&D&I NO BRASIL Com a notória e constante velocidade das mudanças organizacionais no mundo inteiro, o Brasil não poderia ficar de fora de uma tendência mundial. A rapidez com que as coisas acontecem e as informações são passadas e transformadas em vantagem competitiva, faz com 9 que empresas a busquem com avidez e criem estratégias para garantirem seus lugares no mercado. Em trabalho apresentado ao Centro de Gestão de Estudos Estratégicos, Cassiolato e Lastres (2005), dentre os vários aspectos observados, discutem e apresentam questões relativas à recepção do Brasil dos investimentos estrangeiros em P&D&I. Sob a ótica dos autores o Brasil é um grande receptor de investimentos estrangeiros devido sua industrialização estar baseada na substituição das importações, estimulando assim a entrada de capital estrangeiro. Essa medida fez com que o país se tornasse um dos destinos mais importantes para o investimento direto estrangeiro do final da Segunda Guerra Mundial até o início da década de 1980. Ratificando os autores afirmam: Em 1980 o país tinha o maior estoque de investimento estrangeiro entre os países em desenvolvimento (e o sétimo maior no mundo): US$ 17 bilhões. A crise dos anos 80 e a perda de dinamismo do mercado interno contribuíram para que a posição do Brasil, enquanto receptor de investimentos externos, caísse de primeiro entre os países em desenvolvimento em 1980 (com 3,6% dos fluxos globais de investimento estrangeiro) para décimo primeiro em 1990 (2,6%) e décimo quarto em 1993 (1,1%). O Brasil que recebia em média 25% de todos os fluxos de investimento direto estrangeiro (IDE) ao longo dos anos 70 passou em pouco tempo a uma posição quase que Insignificante (CASSOLATO E LASTRO, 2005). Com a chegada dos anos 90, mudanças ocorreram. A abertura comercial, a privatização e a desregulação implementadas a partir do início dos anos 90 alteraram mais uma vez essa situação, fazendo com que o IDE subisse de US$ $1,3 bilhões em 1993 para um montante de US$$32.8 bilhões em 2000. Em 2000, o Brasil era o segundo maior receptor de investimento direto estrangeiro entre os países em desenvolvimento, após a China. Com a diminuição e “final” das privatizações das empresas no Brasil, bem como com a diminuta possibilidade de aquisição de empresas domésticas reconhecidas no mercado, a qual pudesse proporcionar grandes lucros aos investidores, culminando com a estagnação do mercado interno e a crise mundial do período fez com que os níveis de IDE, no período que corresponde aos anos de 2001 – 2003, diminuíssem significativamente novamente (CASSIOLATO e LASTRES, 2005). Por fim, os autores afirmam que o boom de investimentos estrangeiros diretos no Brasil coincidiu com uma fase histórica do capitalismo associada à globalização e marcada por uma crescente importância das atividades das empresas multinacionais. Dados da UNCTAD (2002) estimam que as vendas mundiais de subsidiárias de EMs em 2001 somavam US $19 trilhões, mais que o dobro das exportações mundiais naquele ano. 4. ESTRATÉGIA DE P&D&I SETORIAL Sendo um dos determinantes para a implementação da estratégia da P&D&I, identificar o setor o qual a empresa atua se torna um fator imprescindível para a análise completa e necessária. Disso depende um bom planejamento perante o posicionamento no qual a organização se encontra em um dado momento, seja ele de crescimento, desenvolvimento, sobrevivência ou manutenção. A importância da análise setorial se deve às constantes interferências existentes, que podem ser internas ou externas. Essas interferências atuam diretamente na empresa podendo fortalecer, enfraquecer, criar oportunidades, ou ameaçar sua estabilidade. Com relação à inovação como ponto central da estratégia a ser aplicado, um estudo realizado por Pavitt³ (1984, apud CAMPANÁRIO, 2010) divide as atividades industriais em quatro setores. A partir disso é feita a escolha da melhor opção inovadora a ser incorporada. O primeiro setor seria os receptores de tecnologia, que necessita de maquinário, equipamentos, por exemplo, para uma produção automobilística. Neste, devido à alta proximidade com meio tecnológico, facilita o emprego de um diferencial na mercadoria a ser produzida dando uma posição de destaque da empresa no ambiente competitivo. O segundo segmento abordado é o intensivo de escala. Para este são necessárias inúmeras informações a respeito das tecnologias que o envolvam; tanto na produção, para que possa reduzir os custos, como nos produtos, para chamar a atenção do consumidor através de novos atributos. O terceiro setor envolve as indústrias que voltam a sua produção para as máquinas e equipamentos. Neste a tecnologia é um forte ponto, pois será ela que irá colocar a empresa na frente ou não dos concorrentes devido ao desempenho de um dado produto. Por último, o quarto setor abrange as organizações que estão direcionadas ao campo da pesquisa, da ciência. Possuem desta maneira maiores oportunidades de estudo de novos métodos, experiências, sendo utilizados como recursos estratégicos. Todos esses segmentos, apesar de suas distinções, chegam a um ponto comum: inovar. Seja para liderar ou para se manter estável. Porém, pode-se perceber que as empresas possuem posturas organizacionais diversas, são assimétricas no que implica a necessidade de conhecimento da dimensão setorial para determinar o melhor diagnóstico. Determinados setores são responsáveis por gerar novas informações específicas e outros apenas as adquirem. Freeman4 (1975, apud CAMPANÁRIO, 2010) através de estudos sobre estratégias tecnológicas, em íntima relação com os objetivos e metas que as organizações querem alcançar, descobriu seis tipos de estratégias. A primeira destas se refere às organizações que investem ousadamente e de forma intensa em pesquisa e desenvolvimento com a finalidade de obter maior destaque diante de seus adversários. A segunda está relacionada às empresas que procuram conhecer a estratégia de seus concorrentes assim como diferenciar as suas das demais. A terceira e a quarta são vistas nas empresas que possuem grande capacidade de produção, que licenciam ou reproduzem desenhos, projetos, ideações, planos de outras organizações, e não tem como foco inovar, mas sim conseguir custos cada vez menores como vantagem competitiva. As duas últimas são as que não colocam a inovação tecnológica como um diferencial na estratégia, e as oportunistas que resistem apenas por causa do nicho de mercado. Porém estas são as que permanecem na maioria das vezes na posição de sobrevivência. Cabe ainda ressaltar que a escolha de determinadas tecnologias não se baseia em critérios puramente racionais, mas na conciliação envolvendo os interesses dos diversos grupos e setores estratégicos que se encontram na atividade tecnológica (ANDRADE, 2006 apud FISCHER, 2009). Diante dessas estratégias se torna claro que os setores que possuírem um alto nível de maturação frente ao avanço tecnológico irão contribuir para o bom posicionamento das organizações. Pode-se perceber a alta influência tanto positiva tanto como negativa a respeito da introdução ou não da tecnologia como estratégia de inovação. A respeito existem os financiamentos, “conjunto de fundos setoriais, especialmente aqueles vinculados a concessões públicas e com significativos impactos sobre o processo de geração e difusão de novas tecnologias” (PACHECO, 2007), como incentivo à inclusão tecnológica nas empresas. 3 PAVITT, K. “Sectoral Patterns of Technical Change: Towards a Taxonomy and a Theory” in: ____ Research Policy 13. 1984. 4 FREEMAN, C. La Teoría Económica de la Innovación Industrial. Alianza Editorial, Madrid, 1975. 11 5. ESTRATÉGIAS DE P&D&I EMPRESARIAIS A inovação ainda não está presente em todas as empresas. Mas as organizações que são inovadoras estão sempre à procura de aumentar suas habilidades, montando estratégias para chegar a um produto inovador, aumentando assim seu nível de competitividade no mercado, buscando sempre um produto que dê um diferencial à empresa, pela qualidade, e pelo bom preço. Para que esse processo de inovar possa dar certo é preciso que haja colaboração de todas as pessoas envolvidas na empresa. Para isso muitas vezes são feitas premiações, que servem como incentivo para os trabalhadores, afinal eles são muito importantes para o desenvolvimento do produto pesquisado. Para fins deste processo são adotadas ferramentas e metodologias de ponta a fim de manter a liderança na questão da qualidade. Inovar significa criar, inventar e inserir um novo produto no mercado de trabalho visando aumentar os resultados econômicos. Com esse avanço surge a necessidade de manter a competitividade no mercado. As organizações precisam criar ambientes para o desenvolvimento das pesquisas e realização dos projetos onde também será agregado um valor aos produtos, chegando a um preço final. O homem consegue aproveitar todos os conhecimentos do seu meio de trabalho e utiliza as informações transformando-as em inovações. Já para a ciência é adotado sistemas organizacionais abertos e de relação de troca ambiental, com a finalidade de sobrevivência. Para que as empresas consigam, de fato, sobreviver é preciso que alguém fique responsável por estabelecer estratégias para que as mesmas possam estar capacitadas para competir com outras do mesmo nível. No Brasil não se tem muitos profissionais na área de P&D, pode-se observar algumas causas para esses problemas: (1) As multinacionais contratam pessoas mais qualificadas para ocuparem cargos gerenciais, mantendo as pesquisas de P&D nas matrizes que geralmente fica fora do país. (2) As empresas nacionais compram maquinários para aumentar a produtividade acelerando o processo e reduzindo o preço de custo. Elas acabam se auto-excluindo do meio deixando a atividade de inovar apenas para as multinacionais. (3) Para mudar essa situação, esse quadro passa por um processo, onde será transformado o conhecimento em projetos que sejam adequados socialmente. Levando em consideração esses pontos, é recomendado: Criar laboratórios e redes de pesquisas, para atender todas as micros e pequenas empresas. Estimular as empresas nacionais a inovar produtos, para igualar o nível de desenvolvimento ao de empresas mais elevados. Outro fator, também um grande problema, mas agora para a Europa que sofre com ele, é a falta de capital para a inovação. Já os Estados Unidos são uma grande fonte de inovação, pois contam com um grande apoio, de varias fontes e setores, do setor privado e publico. Há no Brasil um órgão nacional que cuida de projetos e negócios tecnológicos, o Instituto de Inovação, através desse Instituto é possível perceber que as empresas cada vez mais se interessam pela tecnologia. A P&D&I hoje em dia vem sendo um assunto presente nas reuniões organizacionais do mundo inteiro, as empresas estão interessadas em desenvolver inovação tecnológica. E um fator que incentiva essas empresas a querer fazer parte desse grupo, são os prêmios nacionais de inovação que elas podem concorrer, como por exemplo, o Prêmio FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) e o Prêmio CNI (Prêmio da Confederação Nacional das Indústrias). Juntamente com esses prêmios a empresa também ganha uma imagem inovadora perante a sociedade, o que de fato é o mais importante. 12 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao pensar na implementação de estratégias de P&D&I se faz necessário ter em mente os objetivos a alcançar. Para isso é importante analisar os ambientes interno e externo nos quais a empresa está inserida, a fim de definir esses objetivos. Cada empresa possui suas particularidades assim como o setor a que pertence. Por exemplo, as empresas do SEB, na pesquisa citada, investem em P&D&I principalmente para cumprir a lei, devido à obrigatoriedade imposta ao setor pelo governo. Em contrapartida, as empresas são incentivadas a investir em P&D&I objetivando a competitividade, o aumento do lucro e da produção e desenvolvimento de novos produtos, serviços, tecnologias e processos. As estratégias de P&D&I devem e precisam ser incentivadas e apoiadas pelo governo. Embora existam algumas medidas e subsídios para motivar a inovação nas empresas, a indústria necessita de maior apoio por parte das políticas públicas. No setor empresarial foram identificados alguns problemas. A falta de capital é um dos principais. Outro problema é a ausência de profissionais qualificados para a área de pesquisa. Não pela falta de profissionais formados, mas pelo fato das empresas multinacionais contratarem os mais qualificados para os cargos gerenciais, consequentemente é pequeno o número de mestres e doutores destinados a atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação. A idéia de que a compra de maquinário para aumento de produção é inovação tem prejudicado o setor, que não se arrisca a pesquisar e desenvolver algo novo. Enfim, a proposta seria que mais pessoas interessadas, especializadas e envolvidas no assunto produzam e divulguem materiais sobre essa estratégia tão importante e ao mesmo tempo tão pouco compreendida. 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAMPANÁRIO, Milton de Abreu. Tecnologia, inovação e sociedade. Organización de Estados Iberoamericanos. Disponível em: <http://www.oei.es/salactsi/milton.htm>. Acesso em: 15 set. 2010. CASSIOLATO, Jose Eduardo e LASTRES, Helena Maria Martins. Tecno-globalismo e o papel dos esforços de P&D&I de multinacionais no mundo e no Brasil. 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