Geral/Opinião Boa prosa [email protected] Duas perdas Faleceu, na semana passada, a professora Nadyr de Souza Andrade, um dos ícones da educação em Anápolis. Foram várias décadas dedicadas, exclusivamente, ao ensino, desde os antigos grupos escolares, a partir dos anos 50. Ela foi, ainda, diretora de escolas e secretária de Educação em várias administrações. Depois, Dona Nadyr se constituiu em uma espécie de referencial na luta dos aposentados da Prefeitura em busca de melhores condições de vida, dignidade e cidadania. Um exemplo para as atuais, e futuras, gerações. Outra perda lamentável foi a do publicitário e jornalista Jonas Paiva que, por vários anos, se dedicou à edição do jornal “Semeador Gospel”, considerado o portavoz das igrejas evangélicas de Anápolis. Jonas Paiva foi pioneiro nesse tipo de trabalho e vai fazer muita falta. Loteamento Existem algumas instituições em Anápolis que fizeram um verdadeiro loteamento político/eleitoral entre seus adeptos. Ou seja: colocaram candidatos e anunciam apoio a praticamente todas as doutrinas políticas. Valendo dizer que, seja quem for o vencedor das eleições, a instituição vai ficar “bem na fita”. Pesquisa Está sendo feita uma pesquisa extra-oficial para se saber quais foram os vereadores que propuseram a ampliação do perímetro urbano (sub judice por conta de ação interposta pelo Ministério Público) e a quem pertencem as áreas agrupadas ao mapa original. Dizem que é para se saber se existe alguma ligação de uma coisa com a outra. Ah, credo!!! Políticos criminosos É voz comum que pelas ruas de todas as cidades brasileiras circulam, livremente, pessoas condenadas pelos mais diversos crimes, sem serem incomodadas pelas autoridades. Mas, quase 200 parlamentares (senadores e deputados federais) do Congresso Nacional, também, respondem a um ou a mais crimes em diferentes esferas, dentre elas, criminal; cível; tributário, eleitoral, etc. E, continuam atuando como se nada tivesse acontecido com eles. Nas assembleias legislativas é a mesma coisa. E, para completar, até nas câmaras municipais de todo o Brasil, muitos vereadores, apesar de condenados, continuam no pleno gozo do mandato. Depois, querem cobrar o quê, da sociedade? Assédio Correm, de boca em boca, comentários de que, em determinada repartição em Anápolis, há uma espécie de ‘Don Juan’ às avessas que estaria tirando o sossego de funcionárias, inclusive senhoras casadas. Citase, até, o nome do dito cujo. Se for verdade mesmo, ele estaria, digamos, procurando. E, quem procura, acha. As emas Na rodovia que liga Anápolis a Silvânia, passando por Mocambinho e Gameleira de Goiás, podem ser vistos vários e enormes bandos de emas pastando nas plantações de sorgo, milho e soja, principalmente. É um espetáculo extraordinário. A ema é a maior ave da América do Sul. Emperrou? E o início das obras do viaduto na confluência das avenidas Fayad Hanna e Brasil Norte? Pelo que se informou, o serviço começaria há alguns dias o que, efetivamente, não se confirmou. É esperar, então, uma justificativa dos responsáveis pelo serviço. As pessoas de classe social alta, com mais recursos econômicos e educação, tendem a comportamentos menos éticos do que as com menos recursos, revelou um estudo feito por psicólogos das universidades de Berkeley (USA) e Toronto (Canadá), publicado nos Estados Unidos. A pesquisa, realizada em sete etapas, analisou o comportamento das pessoas por meio de uma série de experiências. Motoristas de carros luxuosos, por exemplo, se mostraram mais propensos a violar as leis em interseções e a interromper a travessia de pedestres do que os condutores de automóveis mais baratos. Em outro teste que usou um jogo de dados, quando percebiam a chance de ganhar um prêmio, as pessoas que se autodenominaram ricas, se mostraram mais propensas do que o resto, a mentir e a dizer que tiraram números maiores do que efetivamente o fizeram. Pessoas de classes mais altas, também, demonstraram serem menos propensas a dizer a verdade em uma negociação hipotética de emprego, na qual atuaram como empregadores, tentando contratar alguém para um trabalho que sabiam que seria encerrado em breve. E, quando receberam um recipiente com doces, que os pesquisadores informaram serem para crianças que participavam de experiências em um laboratório vizinho, os mais ricos tiraram mais balas do que os demais, quando informados de que poderiam pegar algumas. “A busca do interesse próprio é uma motivação mais fundamental na elite da sociedade e o desejo aumentado, associado à maior riqueza e status podem promover más atitudes”, destacou o estudo. Uma série de fatores “pode dar origem a um conjunto de normas culturalmente partilhadas entre indivíduos da classe alta que facilita um comportamento antiético”, acrescentaram os pesquisadores. Os autores sugeriram que os mais ricos seriam mais independentes do que os outros e, portanto, menos preocupados com o julgamento dos demais acerca de suas ações do que os mais pobres. Os mais ricos, também, parecem ser mais focados em suas metas, veem a ganância de forma mais positiva e têm sentimentos mais fortes de auto-indulgência, o que “pode dar forma à desatenção com relação às consequências das nossas atitudes com relação aos demais”, revelou o estudo. Lá, como cá... Nenhum tipo de rua foi tão famoso em Anápolis quanto o “Vaca”. Em todos os tempos. Na verdade, seu nome era Roque e ele morava em um simples barraco no Jardim Calixto, à época, chamado de “Leprosário”, na saída para Nerópolis. Detalhe: apesar de residir junto à colônia dos hansenianos, ele não era portador da doença. Ninguém sabia, ao certo, de onde viera. Mas, sua ‘fama’ surgiu quando ele passou a reagir às provocações que recebia ao trafegar pelas ruas de Anápolis com uma cesta de taquara, vendendo laranjas. Era o seu ganha-pão. Atribuía-se o apelido de “Vaca” a um episódio registrado no início dos anos 60, quando funcionava, junto à Igreja de São Sebastião, um programa de ajuda às pessoas carentes. Aos sábados eram distribuídas cestas de alimentos para quem necessitasse. Tratava-se do Dispensário “São Vicente”. Seu Roque era um dos beneficiários. E, conta-se que, de certa feita, quando da entrega dos víveres, entre os quais vinha um pedaço de carne, geralmente de reses doadas por fazendeiros caridosos, para a distribuição entre os pobres, inadvertidamente, Seu Roque teria sido ‘contemplado’ com um pedaço não muito convencional da rês. Ou seja, parte da genitália do animal. Foi a conta... Ao invés de ficar calado, ele resolveu reclamar. Daquele dia em diante, nunca mais teve sossego. Ao passar pelas ruas era inevitável o grito: “Vaca!!! Ô vaca.....”. Eram pessoas de todos os tipos. Crianças; adolescentes; adultos, gente que gostava de provocá-lo, justamente, por conta de suas reações. A cada grito de “Vaca!!!” ele respondia com um xingatório variado, quando não atirava muitas pedras. E, não foram raros os casos em que estas pedras atingiram vidraças; automóveis, feriram transeuntes, e outros componentes da paisagem urbana da Anápolis dos anos 60 e 70. Era um verdadeiro martírio para o pobre homem. Roque era magro, alto, pele muito branca e, sempre, usava um chapéu de palha. As provocações foram aumentando, a ponto de ele se tornar uma pessoa totalmente desequilibrada. Era passar, e os desocupados gritarem: “Vaca... Olha o leite... Olha a vaca... Ôôôa, vaca”. E, ele, de pronto respondia: “Vaca é sua mãe, seu isso, seu aquilo. Vai à... etc. etc. A platéia delirava. Não havia piedade. Seu Roque sofreu muito com as provocações (hoje com o nome sofisticado de bullying) que lhe faziam. Praticamente não podia sair de casa. Uma das maiores crueldades que muitos anapolinos da época fizeram a um ser humano. Seu Roque era massacrado com os gracejos e as provocações. Ninguém o defendia. Pelo contrário, até autoridades, incluindo policiais nas ruas, achavam graça ao vê-lo totalmente transtornado a ponto de sofrer um infarto. A situação de Seu Roque tornou-se insustentável e ele, praticamente, descompensado emocional e psicologicamente, acabou indo embora de Anápolis. Dizem que teria se mudado para Corumbá, no início dos anos 80, onde teria falecido. Mas, depois de 30 anos, ainda há quem se lembre dele e até faça referências à sua existência em Anápolis. Quando alguém remanescente daqueles tempos, às vezes, quer se dirigir a outrem de forma jocosa, o chama de “filho do Vaca”. Retratos de uma Anápolis que o tempo cuidou de apagar. Neste caso, para o bem. (Nilton Pereira). Os rodeios Na cidade de Jaboticabal, interior de São Paulo, acaba de sair uma decisão da Justiça proibindo a realização dos rodeios de montarias (touros e cavalos), tendo em vista uma ação do Ministério Público local. Os motivos alegados são maus tratos aos animais. Ressalte-se que, naquele estado, nada menos que 35 municípios estão impedidos de promoveram tais festas. Os rodeios se constituem nas principais atividades de lazer em grande parte dos municípios brasileiros, além de serem considerados uma boa fonte geradora de empregos e circulação de capital. E, se a moda pega? O futuro que queremos P essoalmente não sou do tipo de ficar muito animado com grandes eventos e propostas. Já estive envolvido em mobilizações de massa na juventude, mas admito que sofri um certo cansaço, ao perceber que boa parte destas mobilizações nada mais eram que promoções de egos inflados e ideologias radicais. A sensação do Rio + 20 parece-me alguma coisa deste tipo. O líder do Green peace no Brasil a ridicularizou em rede nacional chamando-a de “Rio menos 20”. O atual secretário-geral das nações unidas, Ban Ki-moon da Coréia do Sul, chegou afirmando que o documento era pouco ambicioso, para desfazer seu comentário algumas horas mais tarde, pela pressão que recebeu do governo brasileiro. Hillary Clinton apareceu apenas nas últimas 24 hs do evento para tirar fotografia e fazer um discurso pálido que só conseguiu arrancar aplausos numa declaração política voltada ao direito das mulheres de decidir ter filhos quando quiserem... Qual é a causa do meu desânimo diante destes eventos? Fico frustrado ao perceber que existem muitos querendo olhar globalmente, mas são incapazes de agir localmente; envolvem-se em grandes discussões, mas são incapazes de cuidar de sua casa e abraçar seus filhos; defendem a preservação dos rios, oceanos e florestas, mas se destroem com cigarro, drogas e bebidas. Parecem ter todas as soluções diante da complexidade da sustentabilidade e da ecologia, mas não sabem ainda levantar a tampa do vaso para fazer xixi. Sinto-me como a Elis Regina que declarou: “Hoje eu sei que quem me deu a idéia, da minha consciência e juventude, está em casa, guardado por Deus, contando os vis metais”. Diante destas impressões, torno-me cético e cínico em relação a movimentos que representam fortíssimos lobbies econômicos e interesses de nações de primeiro mundo, e que se traduzem, para seus articuladores, em votos, privilégios e cargos. Todos queremos um futuro de paz e prosperidade, de consciência e cidadania – Isto é até óbvio demais para ser dito, mas a violência não diminui, o descaso e a corrupção não melhoram, e assim por diante... O futuro que queremos começa, na verdade, com pequenas decisões e atitudes que tomamos hoje, com integridade e bondade de anônimas mãos que cuidam, e que, como pequenas ondas causadas por uma pedra jogada num calmo lago, geram movimentos. O futuro começa com o presente que decido construir, afinal, “tudo o que fazemos, ecoa pela eternidade”, e “tudo que não é eterno é eternamente inútil” (C. S. Lewis). Bom programa Iniciativa da Saneago, está sendo implantado em Anápolis, o projeto denominado “Olho no óleo”, destinado ao recolhimento de óleo comestível sem condições de consumo, para o reaproveitamento na fabricação de biocombustível. O programa já é desenvolvido em Goiânia e Aparecida de Goiânia, com bons resultados. Outro objetivo é evitar que milhões de litros de óleo sejam despejados na rede de esgoto doméstico o que, comprovadamente, causa o entupimento no sistema de captação. Todavia, para o sucesso da proposta, é indispensável a adesão da comunidade. Antônio de Deus Samuel Vieira [email protected] 3 Um homem chamado “Vaca” Ricos e egoístas NILTON PEREIRA Anápolis, de 29 de junho a 05 de julho de 2012 [email protected] Liberdade e crescimento A equação é simples: no regime democrático, quanto mais riqueza é criada, mais dinheiro é colocado em circulação e menor é o número de pessoas dependentes da caridade oficial. Portanto, a melhor maneira de erradicar a miséria não é aumentando as verbas dos programas sociais do governo. Promover o desenvolvimento das pessoas através da educação e do acesso à informação, assegurar a autonomia dos indivíduos e a oferta de boa formação profissional para a produção de bens, o comércio e outras atividades são o modo mais eficaz de reduzir a pobreza. A liberdade supõe o direito de manifestação do pensamento, da iniciativa no campo público e privado, da competição e da cooperação comprometidas com a criação de valores e o atendimento das necessidades do modo mais justo e gratificante para os que produzem e os que consomem. O assistencialismo governamental é ruim não apenas porque desequilibra as disputas eleitorais em favor dos governantes, mas porque induz os pobres a justificar sua acomodação. A exemplo dos norteamericanos, que confirmaram o valor da liberdade e da responsabilidade individual como meios de assegurar a unidade nacional e a superação das desigualdades regionais, o Brasil de Dilma Rousseff acredita em medidas como a privatização dos aeroportos, da produção de energia, da conservação de rodovias e de outros setores. Se fosse um empreendimento privado, a ferrovia NorteSul já teria sido concluída e estaria viabilizando a criação de um volume considerável da riqueza do país, com a transformação profunda da economia da região norte e do centrooeste. Porque a economia brasileira cresce em condições diferentes da era Vargas: um grande número de empresários atingiu a maturidade necessária para os grandes empreendimentos e a disposição de competir e crescer no mercado glo- balizado. É compreensível, portanto, que o governo federal não se mostre vocacionado para retroagir ao estatismo. Dos políticos e administradores públicos deve-se esperar que passem da condição de curandeiros à de médicos para tratarem das feridas e contusões do tecido social com diagnósticos coerentes e soluções adequadas, transcendendo o receituário dos unguentos e analgésicos, pão e circo. O papel dos políticos deve ser o de colocar-se a serviço do aprimoramento da economia, das condições de desenvolvimento das pessoas e da multiplicação dos empreendimentos produtivos. Aliás, nenhum político pode compreender a real importância da educação sem comprometer-se com a transformação de sua cidade e de sua região em ambiente estimulante da boa formação profissional, da diversificação dos negócios, das inovações e do progresso que contempla a dignidade e o anseio de prosperidade.