64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013 RESPOSTAS DE Laetia corymbulosa (SALICACEAE) À INDUÇÃO EXPERIMENTAL DE ESTRESSE POR ALAGAMENTO, ESCURO E SECA. 1* 2 Astrid O.Wittmann , Danielle Waldhoff . 1 2 Universidade Federal do Amazonas (UFAM); Max Planck Institute for Limnology *[email protected] . Introdução A vegetação das florestas inundáveis da região amazônica está inserida em um gradiente de diferentes níveis de alagamento. A inundação média é de 10 m, mas pode alcançar 15 m de altura, o que, conforme a altura de relevo considerada, corresponde a até 270 dias de inundação ao ano [1]. Neste contexto, as plântulas formadas de sementes recém-germinadas sofrem o impacto da inundação de forma mais severa que os indivíduos adultos em função de seu tamanho reduzido, pois ficam completamente submersas durante todo o período de fase aquática [2]. Em contrapartida, durante a estação de estiagem, é possível que haja meses sem precipitação, o que pode levar a uma seca severa durante a fase terrestre. Assim, como ocorre o estabelecimento de plântulas neste ambiente dinâmico com tantas situações adversas para transpor? Metodologia Para testar as condições potencialmente estressantes foi escolhida a espécie arbórea Laetia corymbulosa, frequente em florestas de várzea. Durante 5 meses plantas jovens da espécie foram colocadas em câmaras climáticas sob condições controladas na Universidade de Kiel, Alemanha, e submetidas aos seguintes tratamentos: inundação gradativa, supressão de luz e seca (baixa umidade). Após este período as plantas regressaram à casa de vegetação, onde foram acompanhadas por um mês para avaliar a recuperação. Os parâmetros investigados nas três condições impostas foram: a produção de α-Tocoferol (como bioindicador de estresse) medido em HPLC, a fluorescência de clorofila “a” com o Diving PAM 2000, a anatomia foliar e a queda e produção de folhas. Resultados e Discussão Aos 15 dias de experimento o tratamento com maior conteúdo de α-Tocoferol era o de inundação, próximo a 3 -2 µg cm , valor que pouco mudou ao longo dos meses de observação, contudo, quanto as plantas voltaram à casa de vegetação este valor quase dobrou. Nos tratamentos de seca e escuro as plantas perderam as folhas aos 60 e 90 dias respectivamente. A razão Fv/Fm da fluorescência de clorofila “a” esteve em média acima de 0,6 no tratamento inundação durante todo o experimento de submersão, e próximo a este valor nos tratamentos de seca e escuro, até as plantas perderem suas folhas. Após 140 dias de submersão a anatomia das folhas do tratamento de inundação mostrou uma diminuição dos espaços intercelulares no mesofilo e, além disso, algumas folhas submersas produziram raízes adventícias (figura 1). As plantas mostraram rapidez de recuperação e após 4 semanas de retorno à casa de vegetação os indivíduos dos tratamentos de seca e escuro possuíam folhas novas. A B Figura 1. A e B. Folhas de Laetia corymbulosa com raiz adventícia originada a partir de nervura secundária. Conclusões O conteúdo de α-Tocoferol não aumentou significativamente como esperado, mesmo após 120 dias de submersão e ausência de luz. A razão Fv/Fm da fluorescência de clorofila “a” não declinou abaixo de 0,6, indicando a integridade do fotossistema II. A submersão induziu a modificações na anatomia foliar, assim como a formação de raízes adventícias em folhas. A espécie mostrou plasticidade fenológica com diferentes padrões de perda e manutenção de folhas. Agradecimentos Ao CNPq/DAAD e CAPES pelas bolsas de estudos e à cooperação bilateral INPA/Max-Plack pelo financiamento. Referências Bibliográficas [1] Wittmann F.; Schöngart J.; Brito J. M.; Wittmann A. O.; Guillamet J. L.; Piedade M. T. F.; Parolin, P. & Junk, W. J. 2010. Manual de árvores da várzea da Amazônia Central: taxonomia, ecologia e uso. Manaus. Editora do INPA. [2] Wittmann A.O.; Piedade M.T.F.; Parolin P. & Wittmann F. 2007. Germination in four low-várzea tree species of Central Amazonia. Aquatic Botany. 86 (3): 197-203.