Salomé Lamas
20/02 — 03/05/2015
pa
ra
fic
ção
Salomé Lamas (Lisboa, 1987) é investigadora
e realizadora de cinema e o seu trabalho dissolve
a fronteira aparente entre documentário e ficção.
Interessando-se pela relação intrínseca entre a narração
de histórias, a memória e a História, Lamas usa a
imagem em movimento para explorar aquilo que foi
reprimido traumaticamente, que é aparentemente
irrepresentável ou historicamente invisível, desde os
horrores da violência colonialista até às paisagens do
capitalismo global. Os seus filmes têm circulado por
inúmeros festivais de cinema nacionais e internacionais,
tendo recebido diferentes prémios e menções honrosas.
A exposição em Serralves apresenta três filmes recentes:
Terra de Ninguém (2012), Theatrum Orbis Terrarum (2013)
e Mount Ananea (5853) (2015), este último em estreia.
Como parte integral da exposição, no dia 14 de
março de 2015 Salomé Lamas estará presente em
Serralves para uma conversa com João Ribas, curador
da exposição, seguida da apresentação de quatro
outros filmes da autoria da artista. “Paraficção” inclui
ainda o lançamento de um disco em vinil da autoria
de João Lobo, Norberto Lobo, Bruno Moreira e Salomé
Lamas, parte integrante do filme Mount Ananea (5853).
“Salomé Lamas: Paraficção” inaugura a Sala de
Projetos de Serralves, um espaço que possibilitará a
apresentação de trabalhos de artistas contemporâneos e da
Coleção de Serralves em exposições de acesso gratuito.
PROJETOS CONTEMPORÂNEOS
CONTEMPORARY PROJECTS
Salomé Lamas: Paraficção
Salomé Lamas: Parafiction
20 Fev Feb — 03 Mai May 2015
20/02 — 15/03/2015
Terra de Ninguém [No Man’s Land] 2012
17/03 — 12/04/2015
Theatrum Orbis Terrarum 2013
15/04 — 03/05/2015
Mount Ananea (5853) 2015 e s t r e i a p r e m i è r e
PROJEÇÃO SCREENING
14 Mar 2015 • sáb sat • 17h00 5 pm
Auditório Auditorium
Projeção de filmes, seguida de conversa entre a artista
e João Ribas, curador da exposição, e lançamento de
um disco de vinil.
Film screening, followed by a conversation between
the artist and João Ribas, curator of the exhibition, and
release of a vinyl record.
Salomé Lamas (Lisbon, 1987) is a researcher and
filmmaker whose work dissolves the apparent border
between documentary and fiction. With an interest in
the intrinsic relationship between storytelling, memory
and history, Lamas uses the moving image to explore the
traumatically repressed, seemingly unrepresentable or
historically invisible, from the horrors of colonial violence
to the landscapes of global capital. Her films have been
shown in numerous national and international film
festivals and have received various awards and honours.
The exhibition at Serralves presents three recent films:
Terra de Ninguém [No Man’s Land] (2012), Theatrum
Orbis Terrarum (2013) and the premiere of a new work,
Mount Ananea (5853) (2015).
As part of the exhibition, on 14 March 2015,
Salomé Lamas will take part in a conversation with
the exhibition’s curator, João Ribas, followed by the
presentation of four other films directed by the artist.
‘Parafiction’ also includes the release of a vinyl record
by authors João Lobo, Norberto Lobo, Bruno Moreira
and Salomé Lamas, which constitutes an integral part
of the film, Mount Ananea (5853).
‘Salomé Lamas: Parafiction’ debuts the Serralves
Project Room, which will enable the presentation of
contemporary artists and the Serralves Collection in
exhibitions available to the public free of charge.
2
A verdade ou a mentira na Terra de Ninguém,
filme de Salomé Lamas
Irene Flunser Pimentel
reconhecendo que talvez houvesse um pouco de
sadismo. “Mas para grandes males grandes remédios”.
Paulo Figueiredo gosta de utilizar provérbios
portugueses, e este é repetido à saciedade.
O espectador já está então envolvido na história,
seguindo-a sofregamente, para tentar saber mais e
conhecer melhor Paulo Figueiredo, a(s) verdade(s) e
mentira(s) de um homem no contexto – errado – da
História da segunda metade do século XX português
ditatorial e colonial. Afirma nunca ter eliminado
“pessoas”, mas só “aqueles que não prestam”.
Paulo Figueiredo reconhece que o “cheiro do sangue
e da pólvora” é viciante, tal como o são a coca e a
heroína. A “adrenalina” provocada por esse cheiro foi
certamente provada por ele, pois até confessa –
e talvez seja das partes mais genuínas, pois seria
pouco provável inventar tal facto –, que, em época de
paz, se deslocava às urgências do Hospital de São José
para ver, sentir e cheirar de novo esse sangue. Nessa
passagem particularmente impressionante do filme,
Paulo parece querer provocar uma reação de nojo ou
repugnância na interlocutora, que o filma.
O segundo dia decorre do primeiro, pois é o
relato da vida de mercenário. E, assim se chega ao
terceiro dia, o de Paulo Figueiredo como assassino a
soldo dos Grupos Antiterroristas de Liberación (GAL).
Por breves momentos, o filme torna-se documental e
a cineasta passa a investigadora, contextualizando a
atuação, entre 1981 e 1987, do grupo terrorista, criado
pelo Estado espanhol, durante a vigência do governo
Felipe Gonzalez, do PSOE, que deixou a democracia
espanhola em cheque. Democracia que se autodestrói
cada vez que utiliza a tortura e o assassinato. Terror de
Estado justificado pelo terror dos “terroristas”. Quase
tudo o que Paulo conta do GAL pode ser comprovado
pela investigação feita pela imprensa espanhola. Ou
viveu tudo o que conta, ou apropriou-se da identidade
de alguém que o viveu e lhe contou e/ou ele próprio
investigou. À pergunta de quanto vale a vida de um
Homem, responde com outra: “Homem como eu ou
como eles?”
Em voz-off, ouvimos que Paulo não tem quaisquer
documentos ou registos oficiais. “Quem é Paulo de
Figueiredo?” – pergunta Salomé Lamas, dando pistas,
sem respostas, e deixando o próprio espectador, com
a sua curiosidade atiçada, decidir por ele próprio e
investigar por sua conta. Mas há uma verdade – essa
sim – que ainda nos falta. O tal local ermo mostrado
de cima, no início, é agora calcorreado por um homem
que transporta água, bebe, canta e ri com os seus
companheiros de vida de sem-abrigo, dois africanos.
Paulo é de facto um dos muitos sem-abrigo, sem cara,
sem existência reconhecida, aos quais se vira as costas
Começa com arvoredo e vegetação vista de cima,
com um zoom até lá abaixo, a um caminho, que não
sabemos qual é nem o que é. Lembrei-me do começo
do livro de Robert Musil, O Homem sem Qualidades,
também iniciado com uma visão cósmica, neste caso
meteorológica, de um belo dia de Agosto de 1913, de
“pressão barométrica mínima” a pairar no Atlântico.
Daí, as linhas escritas aproximam o leitor de uma
cidade, no caso Viena, com bairros, uma rua, a casa
do homem sem qualidades e, finalmente, este último.
No filme Terra de Ninguém1, que agora chega às salas
de cinema, de Salomé Lamas, uma sala escura, com
paredes carcomidas, uma cadeira, pano preto, quase
aprisionada, vazia, é o cenário. Ouvem-se vozes, a sala
ilumina-se e começa a “função”, como se a verdade
e o conhecimento de uma pessoa, de um homem, se
iluminasse gradualmente à medida que o tempo do
filme passa.
Depois há três dias, divididos por quadros, entre
2011 e 2012, que remetem para um relato do tempo
passado, entre 1966 e os anos 90, com um recuo à
infância, e ao presente de então do homem. O olhar
e a curiosidade, quase de voyeur, do espectador,
tentam aprisionar a verdade do homem, acalentando
uma vontade irreprimível de o conhecer, através das
histórias relatadas no contexto de Portugal ditatorial
e colonial, na segunda metade do século XX, e da
democracia (?) em Espanha. O homem diz chamar-se
José Paulo Sobral de Figueiredo, ter sido engenheiro
electrotécnico, e começa a contar episódios da sua
vida. Sabe e quer contar. Porquê? Não se sabe.
Talvez queira deixar um rasto da sua passagem,
procure o contacto e a empatia de quem o ouve e
filma, apesar de saber que o que tem para contar não
resulte em simpatia, porque as suas histórias revelam
um soldado-comando, um mercenário e um “killer”,
cuja profissão é matar. Empatia encontra em Salomé
Lamas, de quem não há simpatia, nem julgamento,
embora este esteja presente através das perguntas,
que não ouvimos mas que intuímos. Poderá existir
simpatia para com um homem que foi comando na
guerra colonial, entre 1966 e 1980/81, em Angola e
Moçambique, que menciona os pretos como macacos
ou saguins a saltarem da sanzala, desfeitos pelas
granadas? “Cada sanzala, cada granada”, conta o
homem. Tratava-se do “reembolso”, diz ele, embora
1 O filme de Salomé Lamas, estreado no Doclisboa 2012, recebeu
então quatro prémios.
3
a black cloth, almost prison-like and empty, is the set.
Voices can be heard, the room lights up and the ‘show’
begins. As if the truth and the knowledge of a person,
of a man, was gradually illuminated as the duration of
the film elapses.
Afterwards three days, divided by frames, between
2011 and 2012, refer to an account of past times,
between 1966 and the 1990s, with a glance back at
the childhood and the present of that time, of the
man. The look and the curiosity, almost voyeuristic, of
the spectator, try to trap the man’s truth, harbouring
an irrepressible will to get to know him through the
stories told in the contexts of a dictatorial and colonial
Portugal in the second half of the 20th century, and the
democracy (?) in Spain. The man claims that his name
is José Paulo Sobral de Figueiredo, and that he has
been an electronic engineer. He then begins to recount
episodes of his life. He knows and wants to tell. Why?
We don’t know.
Perhaps he wants to leave a trace of his travelled
path, to seek contact and empathy from those who
hear him and film him, despite knowing that what
he has to say will not result in sympathy because
his stories reveal a commando soldier, a mercenary
and a killer whose profession is to murder. He finds
empathy in Salomé Lamas from whom there is neither
sympathy nor judgment, although it is present in
the questions that we do not hear but we intuit. Can
sympathy exist for a man who was a commando in the
colonial war between 1960 and 1980/81 in Angola and
Mozambique, who refers to black people as monkeys
or tamarins jumping from the settlements, torn to
pieces by the grenades? ‘Each settlement a grenade’
recounts the man. It had to do with ‘pay back’, he said,
while recognizing that there might be a bit of sadism.
‘But for great evils great remedies.’ Paulo Figueiredo
likes to use Portuguese proverbs, and this one is
repeated to the point of satiation.
The spectator is now wrapped up in the story,
eagerly following it to try to learn more and to know
Paulo Figueiredo better, the truth(s) and lie(s) of
a man in the – wrong – context of the Portuguese
dictatorial and colonial history of the second half of the
20th century. He affirms to never having eliminated
‘people’, but only ‘those that were no good’. Paulo
Figueiredo recognizes that ‘the smell of blood and gun
powder’ are addicting, just like cocaine and heroin. The
‘adrenaline’ brought on by that smell was surely proven
by him, for he even confesses – and it is probably one
of the most genuine parts, for it would be unlikely to
invent such a fact – that in times of peace he would go
to the Emergency Room of São José Hospital to see,
feel and smell blood once more. In that particularly
para não se saber que existem, e cuja ténue pertença
à humanidade comum passa pelos contactos com
a realizadora, que conta o resto da vida breve deste
homem, do qual sabe muito, sem nada poder provar
da sua veracidade através de documentos.
O resto, é quase tudo e está no filme, não se
deixando aprisionar por qualquer comentário que
dele se faça. No fim do documentário, que aqui
não se revela, a realizador revela “a aflição” e a
urgência de dar a conhecer Paulo, que todos devem
conhecer e, se não o conhecem, é por culpa deles.
Essa urgência foi cumprida. O filme aí está, como
obra de invulgar maturidade, colocando questões
sobre o relacionamento da memória com a História,
contribuindo para o conhecimento de um (do)
ser humano, na sua complexidade. Sem ser uma
investigação histórica – e muito menos um tribunal –,
pois faltam documentos/fontes que provem e
contextualizem o que Paulo relatou, o filme é uma
belíssima narrativa, que revela verdades da vida de
um português, comando, mercenário, assassino a
soldo e sem-abrigo. Tudo isso, de tudo um pouco
ou nada disso, pois nenhum ser humano se deixa
verdadeiramente encarcerar numa definição. Paulo
existiu. Daí a necessidade de o filmar. Graças a Salomé
Lamas, colocando-se no lugar do outro, por mais
repugnante que seja a sua vida, não para julgar, nem
perdoar, abre-se uma nesga de oportunidade para
compreender como foi (é) possível este homem.
Texto inicialmente publicado in jornal Público, 27 nov. 2013
e disponível em <http://www.publico.pt/opiniao/jornal/averdade-ou-a-mentira-na-terra-de-ninguem-filme-de-salomelamas-27466324> [acesso em 19 jan. 2015].
The truth or the lie in No Man’s Land,
a film by Salomé Lamas
Irene Flunser Pimentel
The film begins with groves of trees and vegetation
seen from above, with a zoom to the bottom, to a
path, that we do neither know which it is or what it is.
I recalled the beginning of Robert Musil’s book The
Man Without Qualities, as it commences with a cosmic
vision, in this case meteorological, of a beautiful
August day in 1913, of ‘minimal barometric pressure’
hovering over the Atlantic. From there the written lines
take the reader closer to a city, in this case Vienna,
with neighbourhoods, a street, to the home of the man
without qualities, and finally to the man himself. In
the film by Salomé Lamas No Man’s Land, that is now
in theatres, a dark room, with decrepit walls, a chair,
4
sources that prove and contextualize what Paulo
relates, the film is a beautiful narrative of the life of a
Portuguese man, a commando, a mercenary, a hired
assassin, and a homeless man. All of that, a bit of
everything or nothing at all, for no human being can
be comprehended in a single definition. Paulo existed,
hence the need to film him. Thanks to Salomé Lamas
who places herself in the position of another – despite
how repugnant his life may have been, not judging,
nor forgiving – a sliver of opportunity was opened to
understand how this man’s life was (is) possible.
impacting point in the film Paulo appears to want to
provoke a reaction of disgust and repugnance in the
interviewer who films him.
The second day derives from the first, for it is the
report of his life as a mercenary. And we come to the
third day, where Paulo Figueiredo is a paid assassin
for the Antiterrorist Liberation Group (GAL). For brief
instances the film becomes a documentary and the
filmmaker becomes an investigator contextualizing
the operation, between 1981 and 1987, of the terrorist
group created by the Spanish state during the
government of Felipe González, of the PSOE, which
put Spanish democracy in question. Democracy that
self-destructs every time it resorts to torture and
assassination. State terrorism that is justified by the
terror of the ‘terrorists’. Almost everything that Paulo
says about GAL can be proven by the research done
by the Spanish press. Either he lived everything he
recounts, or he appropriated himself of the identity of
someone who lived it and told him about it and/or he
himself did the research. The question of how much
is a Man’s life worth is answered with another: ‘A man
like me or a man like them?’
In voice-over, we hear that Paulo has no
documents or official records. ‘Who is Paulo
Figueiredo?’ asks Salomé Lamas, giving hints without
answers and allowing the spectators, with their piqued
curiosity, to decide for themselves and investigate
on their own account. But there is one truth – an
important one – that we still need. The secluded area
shown from above in the beginning, and now trod
upon by a man who carries water, drinks, sings, and
laughs with his companions of a life of homelessness,
two Africans. Paulo is in fact one of many homeless
people, without a face, without a recognized existence,
to whom one turns one’s back on not wanting to
know that they exist, and whose tenuous belonging to
common humanity passes through the instances of
contact with the filmmaker, she who tells the remainder
of the brief life of this man, of which she knows a lot,
but cannot prove its veracity through documents.
The rest is almost everything and it’s in the film,
not allowing itself to be constrained by any comment
that is made about it. At the end of the documentary,
which is not revealed here, the filmmaker reveals ‘the
affliction’ and urgency in making Paulo known, a man
who everyone should know, and if they don’t it’s their
own fault. That urgency was fulfilled. The film is here,
a work of unusual maturity, raising questions about
the relationship of memory with history, contributing
to the acknowledgment of a (the) human being in his
complexity. Without being a historical investigation
– and very less a trial – for the lack of documents/
Text initially published in Público newspaper, 27 Nov. 2013
and available at <http://www.publico.pt/opiniao/jornal/averdade-ou-a-mentira-na-terra-de-ninguem-filme-de-salomelamas-27466324> [accessed 19 Jan. 2015].
Mapas de areia, barcos virados pela água do mar:
Notas sobre Theatrum Orbis Terrarum,
de Salomé Lamas
Joana Pimenta
No século XVI, o Padrão Real pendia do teto da
Divisão dos Mapas da Casa da Índia. Era um mapa
secreto, guardado da vista de espiões estrangeiros,
que se fazia e refazia com as idas e voltas de cada
expedição. Ajudados por instrumentos científicos
para medir a distância, os navegadores imaginavam
a representação do espaço percorrido. Em alto-mar,
olhavam para cima e mediam o caminho pelas estrelas,
enquanto a mão desenhava no espaço linhas fictícias
que formavam territórios. No retorno a terra, tomavam
como seu o mapa que antes tinha pertencido a outros,
apagando traços divisórios e construindo novas
fronteiras. Esse mapa sob o qual se andava apagou-se
com o tempo e aquilo que dele resta é uma cópia
roubada, feita de memória por um dos cartógrafos para
despistar os italianos.
Mapas são linhas imaginárias projetadas no
espaço, representações visuais de um território
percorrido. Criam espaços a navegar, utopias e
distopias, ficções que a memória projeta e desfaz.
Como as bandeirolas coloridas que soletram o título
da instalação, desenhando homógrafos no ar, os
mapas constroem mensagens codificadas que são
depois expostas à entropia dos elementos. Os espaços
projetados em Theatrum Orbis Terrarum funcionam
como um mapa de memória que traça o seu próprio
território, feito e refeito nas fronteiras exíguas entre os
três ecrãs.
A linha da água serve, inicialmente, como
arraia entre o que existe por baixo e por cima do
5
which was changed and reworked with the comings
and goings of each expedition. Aided by scientific
equipment to measure distance, the navigators
guessed the representation of the expanses that they
had covered. When at sea, they looked up to the
heavens and gauged their path by the stars, hands
drawing in space fictional lines that carved territories.
Upon returning to shore, they took the map that had
previously belonged to others as their own, erasing
divisive lines and constructing new borders. This map
that they followed has been lost over time, and what
remains of it is a stolen copy, made from memory
by one of the cartographers in order to outwit Italian
enemies.
Maps are imaginary lines projected in space,
visual representations of a territory that has been
traversed. They create spaces for navigating, utopias
and dystopias, fictions created and broken by memory.
Like the colourful banners that bear the title of the
installation, drawing homographs in the air, maps
devise coded messages that are then exposed to
the entropy of the elements. The spaces projected
in Theatrum Orbis Terrarum act as a map made
of memories that sketch out their own territory,
constructed and reconstructed in the minute borders
between the three screens.
The water line initially serves as a separation
between what exists below and above the level of
the sea. But when the ruins of a sunken village come
into contact and collide with the rocks on display
in the museum, the images begin to question the
chronological time that divides the different surfaces,
and what was previously buried in time and space
starts haunting the elements that are above. Objects
that belong to different moments of the line of time
overlap, inserted into a contiguous space. They
move into the spaces between the screens, breaking
the projected lines that divide them. The historical
period to which they belong becomes as ephemeral
and malleable a substance as the hazy, cloud-like
ghosts that are summoned to the images. Theatrum
Orbis Terrarum pits chronology against stratigraphy.
It proposes an anachronous, geological time that
expands and contracts; a landscape where the linearity
of progression crumbles between porous layers. These
rocks dissolve in water; in them the words of those who
try to order and catalogue history are lost.
‘When I look at the sea… I lose interest in what is
happening on land,’ says the visitor to the museum,
having turned into a shaman. The atlas that the
installation draws creates an island, a piece of land in
the high seas. You can reach it by boat, following maps
that lead everywhere and take you from everywhere
nível do mar. Mas quando as ruínas de uma aldeia
submersa entram em contacto e em rota de colisão
com as rochas em exposição no museu, as imagens
começam a questionar o tempo cronológico que
separa as diferentes superfícies e aquilo que antes
estava enterrado, no espaço e no tempo, assombra
os que estão à tona. Inseridos num espaço contíguo,
são sobrepostos objetos que vão de um tempo ao
outro. Transferem-se nos intervalos entre os ecrãs,
quebrando as linhas projetadas que os dividem. O
tempo histórico ao qual pertenciam torna-se uma
substância tão efémera e maleável como aquela que
compõe as nuvens esfumadas dos fantasmas que são
chamados às imagens. À cronologia, Theatrum Orbis
Terrarum opõe a estratigrafia. Propõe que se pense um
tempo geológico, anacrónico, que se expande e contrai,
uma paisagem onde a linearidade da progressão se
desfaz entre camadas porosas. Estas são rochas que
se diluem em água e onde ficam perdidas as palavras
daqueles que tentam ordenar e catalogar a História.
“Quando olho o mar… perco interesse no que se
passa em terra”, diz a personagem que visita o museu,
tornada xamã. No atlas que a instalação desenha,
cria-se uma ilha, um pedaço de terra em alto-mar.
Chega-se lá de barco, seguindo mapas que levam a
toda a parte e, de toda a parte, a sítios que não existem
ainda. Objeto ao qual se dá um nome próprio mas
nunca um lugar fixo, o barco vive entre estar contido
em si mesmo e o espaço que percorre entre cada
porto. Em civilizações sem barcos, “os sonhos secam,
as aventuras dão lugar à espionagem e os piratas são
substituídos pela polícia”.2 Theatrum Orbis Terrarum
cria um território onde se imagina uma outra geografia,
do acaso e da contingência, de marinheiros em terra e
de terras à deriva.
Texto inicialmente produzido para a exposição “Theatrum Orbis
Terrarum” de Salomé Lamas, comissariada por Emília Tavares
e patente no Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu
do Chiado, Lisboa, de 17 de outubro a 17 de novembro de 2013.
Maps of sand, boats capsizing on the seas:
Notes on Theatrum Orbis Terrarum, by Salomé Lamas
Joana Pimenta
In the 16th century the Padrão Real hung from the
ceiling of the Map Room in the Casa da Índia. It was
a secret map, guarded from the eyes of foreign spies,
2 Michel Foucault. “Of Other Spaces: Utopias and Heterotopias”,
in Rethinking Architecture: A Reader in Cultural Theory, Neil Leach
(ed.), Londres: Routledge, 1997, p. 336.
6
to places that do not yet exist. With a proper name
yet no fixed place, the boat drifts between being
self-contained and existing in the space between each
port. In civilisations that do not have boats, ‘dreams
dry up, adventure gives way to spying and pirates
are replaced by the police’.3 Theatrum Orbis Terrarum
creates a territory where we can imagine another kind
of geography, formed of chance and contingency, with
sailors on land and lands adrift.
O lado B – Untitled, faixa de 22’47’’ de Norberto
Lobo & João Lobo – é um convite-carta branca que
surge do entusiasmo de Lobo por música folclórica
andina; e concebe uma aproximação à paisagem de La
Rinconada e Cerro Lunar em jeito de drone melódico.
Ambos os lados do disco são estudos para,
variações para, rascunhos, diálogos sonhados,
aproximações livres à realidade da La Rinconada.
Mount Ananea (5853)
Salomé Lamas
Text initially produced for the exhibition ‘Theatrum Orbis
Terrarum’ by Salomé Lamas, curated by Emília Tavares at the
Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado,
Lisbon, from 17 October to 17 November 2013.
Mount Ananea (5853) (2015) is an installation
produced from materials collected during the research
in September/October 2014 for the feature film
El Dorado (2015), directed by Salomé Lamas and
produced by O Som e a Fúria (PT) in co-production
with Shellac-Sud (FR).
The film is an existential fable that travels
through 24 hours in the life of an informal miner in La
Rinconada (5500 m), Peru, the highest settlement on
the planet. He works under the lottery system called
the cachorreo (similar to the scheme imposed by the
Spanish Crown) in the hope that one day he can release
his family from their Dantean inferno and return to
their home village.
The fixed silent shot filmed in La Compuerta,
a key access gorge to the mining pits, is a haunting
and mysterious ethnographic reality cut-up, where a
continuous flux of miners and peasants conflict in the
darkness, vanishing in the out-of-frame.
An illusion that leads men to self-destruction,
moved by the same interests, dealt with the same tools
and means in contemporaneity as it has been dealt in
the ancient times.
Side A 20’27’’-track Y arriba quemando el sol
by Bruno Moreira & Salomé Lamas is an eclectic
soundscape collection; a patchwork composition of
ambient sound, interviews, direct sounds, radio news,
folkloric tracks, etc.
Side B 22’47’’-track Untitled by Norberto Lobo &
João Lobo is a carte blanche invitation resulting from
Lobo’s enthusiasm with Andean guitar folk music and
comprises a melodic drone approach to La Rinconada y
Cerro Lunar’s landscape.
Both sides of the record are studies to, variations
for, drafts, dreamed dialogues, free-approaches to La
Rinconada’s reality.
Mount Ananea (5853)
Salomé Lamas
Mount Ananea (5853) é uma instalação produzida
com materiais recolhidos durante a viagem de
pesquisa, que teve lugar em setembro/outubro de
2014, para o filme El Dorado (2015), realizado por
Salomé Lamas e produzido por O Som e a Fúria (PT)
em coprodução com a Shellac Sud (FR).
O filme é uma fábula existencial que narra 24 horas
da vida de um mineiro informal em La Rinconada,
Peru, a cidade mais alta do mundo (5500 m). Este
homem trabalha segundo o regime de cachorreo
(semelhante ao esquema implementado pela Coroa
espanhola), alimentando a esperança de em breve
libertar a sua família do inferno de Dante e regressar à
sua terra natal.
Uma ilusão que conduz os homens à
autodestruição, que na contemporaneidade é movida
pelos mesmos interesses e praticada com os mesmos
contornos da antiguidade.
O plano fixo e silencioso filmado em La
Compuerta, uma garganta-chave de acesso às minas,
é uma fração de realidade etnográfica, assombrada
e misteriosa, onde o fluxo contínuo de mineiros
e transeuntes converge na escuridão para depois
desaparecer fora de campo.
O lado A do disco – Y arriba quemando el sol,
faixa de 20’27’’ de Bruno Moreira & Salomé Lamas –
é uma eclética coleção de paisagens sonoras;
uma composição de retalhos e som ambiente,
entrevistas, noticiários radiofónicos, som direto,
faixas folclóricas, etc.
3 Michel Foucault. “Of Other Spaces: Utopias and Heterotopias”,
in Rethinking Architecture: A Reader in Cultural Theory, Neil Leach
(ed.), London: Routledge, 1997, p. 336.
7
Terra de Ninguém [No Man’s Land] 2012
Filme HD (cor, estéreo, 72’); língua: português,
legendas em inglês
HD film (colour, stereo, 72’); language: Portuguese,
English subtitles
produção production O Som e a Fúria • argumento e
realização written and directed by Salomé Lamas • produtores
producers Luís Urbano, Sandro Aguilar • participação with
Paulo de Figueiredo, Chiquinho e Alcides • fotografia
cinematography Takashi Sugimoto • som e mistura sound
and mix Bruno Moreira • montagem editing Telmo Churro •
correção de cor colour grading Paulo Américo • apoio support
Fundação Calouste Gulbenkian, Obvio Som, Bikini,
Carpe Diem Arte e Pesquisa, Galeria Miguel Nabinho
Paulo oferece retratos sublimes das crueldades e
paradoxos do poder assim como das revoluções que
o depuseram, apenas para erguer novas burocracias,
novas crueldades e paradoxos. O seu trabalho como
mercenário encontra-se na margem destes dois mundos.
Paulo offers sublimated portrayals of the cruelties
and paradoxes of power and of the revolutions that
brought it down, only to erect new bureaucracies, new
cruelties and paradoxes. His work as a mercenary is in
the fringe of these two worlds.
Theatrum Orbis Terrarum 2013
Instalação vídeo, dimensões variáveis; 3 projeções sync HD
(16:9, cor, estéreo, 26’, loop); DVD (4:3, p&b, s/ som, 5’, loop)
em monitor de TV; língua: português, legendas em inglês
Video installation, dimensions variable; 3-channel sync
HD projection (16:9, colour, stereo, 26’ loop); DVD
(4:3, b&w, silent, 5’, loop) on TV monitor; language:
Portuguese, English subtitles
argumento e realização written and directed by Salomé
Lamas • produtor producer Joana Gusmão • participação
especial guest appearance Ana Moreira • participação
with João Fernandes, Cavaleiros do Mar, Dr. Fernando
Ramalho (Museu Geológico), Renato Cortes (Bora-Bora)
• fotografia cinematography Mónica Lima, Rafael Matos,
Gonçalo Soares, Telmo Romão • som e mistura sound and
mix Bruno Moreira • montagem editing Salomé Lamas •
música original original music Montanhas Azuis com with
João Lobo • correção de cor colour grading Andreia Bertini
(Ingreme) • apoio support The Macdowell Colony, Screen
Miguel Nabinho, Museu Nacional de Arte Contemporânea
– Museu do Chiado, Fundação Calouste Gulbenkian,
DgArtes, Dupla Cena, Festival Temps d’Images
“Quando olho o mar durante muito tempo, perco
o interesse no que se passa em terra.”
‘When I look at the sea too long, I lose interest in
what happens on land.’
Mount Ananea (5853) 2015
estreia première
Instalação vídeo, dimensões variáveis; HD (cor,
s/ som, 20’, loop) transferido para 16 mm, PT, PE;
2 giradiscos, 2 discos de vinil, 2 auscultadores
Video installation, dimensions variable; HD (colour,
silent, 20’, loop) transfer to 16 mm, PT, PE;
2 turntables, 2 vinyl records, 2 headphones
produção production O Som e a Fúria • em associação
com in association with Fundação de Serralves – Museu
de Arte Contemporânea, Porto • conceito concept
Salomé Lamas • apoio support Screen Miguel Nabinho,
Rockefeller Foundation Bellagio Center, Bogliasco
Foundation, Bikini, Yaddo, DAAD Artists-in-Berlin,
Universidade Católica do Porto
Filme 16mm 16 mm Film
produção production O Som e a Fúria • em associação com
in association with Fundação de Serralves – Museu de
Arte Contemporânea, Porto • argumento e realização
written and directed by Salomé Lamas • produtores producers
Luís Urbano, Sandro Aguilar • participação with La
Rinconada y Cerro Lunar (Peru) • fotografia cinematography
Salomé Lamas • direção de produção director of production
Raquel Silva • condutores drivers Jorge Llerena, Orlando
assistente assistant Niche – Neceforo Quispe Pari • equipa
crew Tambo Films (Peru), Maxim Holland, Céline Wald,
Lali Madueno, Cesar Egoavil • correção de cor colour grading
Paulo Américo (Bikini) • laboratório lab Andec Berlin
Edição de vinil Vinyl edition
produção production O Som e a Fúria • em associação
com in association with Fundação de Serralves – Museu
de Arte Contemporânea, Porto • design gráfico graphic
design Catarina Lee • fotografia photography Salomé
Lamas • edição de imagem image editing Sara Rafael •
fábrica plant Record Industry
Lado A Side A (20’27”) Y arriba quemando el sol, Bruno
Moreira & Salomé Lamas • som sound Salomé Lamas,
Raquel Silva, Lali Madueno • desenho de som e mistura
sound design and mix Bruno Moreira • estúdio studio
Universidade Católica do Porto Lado B Side B (22’47”)
Untitled, Norberto Lobo & João Lobo • músicos musicians
Norberto Lobo, João Lobo • masterização masterization
Manuel Mesquita • estúdio studio Fonte Santa, Alandroal
Uma fração de realidade etnográfica, assombrada
e misteriosa, onde o fluxo contínuo de mineiros
e transeuntes converge na escuridão para depois
desaparecer fora de campo.
A haunting and mysterious ethnographic reality
cut-up, where a continuous flux of miners and peasants
conflict in the darkness, vanishing in the out-of-frame.
1.
Terra de Ninguém 2012
20/02 — 15/03/2015
2.
Theatrum Orbis Terrarum 2013
17/03 — 12/04/2015
3.
Mount Ananea (5853) 2015
15/04 — 03/05/2015
13
14
15
Theatrum Orbis Terrarum (2013) © Salomé Lamas
Terra de Ninguém (2012) © O Som e a Fúria
Mount Ananea (5853) 2015 © Salomé Lamas
PROJEção
screening
14 Mar 2015 • sáb sat • 17h00 5 pm
Auditório Auditorium
A Torre [The Tower] 2015
antestreia première
Filme HD (Dolby 5.1, 8’, p&b, sem diálogos), PT, DE,
MD (Transnistria)
HD film (Dolby 5.1, 8’, b&w, no dialogues), PT, DE, MD
(Transnistria)
Projeção de filmes, seguida de conversa entre a artista
e João Ribas, curador da exposição, e lançamento de
disco de vinil da autoria de João Lobo, Norberto Lobo,
Bruno Moreira e Salomé Lamas.
produção production O Som e a Fúria, Mengamuk
Films • argumento e realização written and directed by
Salomé Lamas • baseado na ideia original based on the
original idea “The Tree Walker”, Christoph Both-Asmus
• produtores producers Luís Urbano, Sandro Aguilar,
Michel Balagué, Marcin Malaszczak • participação with
Kolja Kravchenko, Christoph Both-Asmus • fotografia
cinematography Jorge Piquer Rodriguez • assistente de
imagem focus puller Salomé Lamas (Berlin) • diretor de
produção director of production Stanislav Danylyshyn
(Transnistria), Michel Balagué (Berlin) • condutor driver
Alex Cuciuc (Transnistria) • som e mistura sound and
mix Bruno Moreira • montagem editing Salomé Lamas
• correção de cor colour grading Paulo Américo (Bikini) •
música music Alvin Singleton • apoio support Fundação
Calouste Gulbenkian, DAAD Artists-In-Berlin, Yaddo,
Bogliasco Foundation, Bikini, Universidade Católica
do Porto, Fundação de Serralves – Museu de Arte
Contemporânea, Porto
Film screening, followed by a conversation between
the artist and João Ribas, curator of the exhibition, and
release of a vinyl record by authors João Lobo, Norberto
Lobo, Bruno Moreira and Salomé Lamas.
A Torre é um projeto produzido com materiais
recolhidos durante a produção da longa-metragem
Extinção (2015), realizado por Salomé Lamas e
produzido por O Som e a Fúria (PT), em coprodução
com a Mengamuk Films (DE).
Talvez a experiência de Kolja de subir ao topo
da árvore, de metamorfosear o seu corpo (humano)
com a árvore (natureza) aventurando-se na fronteira
da terra com o céu, venha confirmar a sua pureza de
espírito, a grandiosidade dos idiotas ou a imbecilidade
dos místicos. Ou será tudo isto junto? Talvez seja
um sintoma dos iluminados ou somente um suicídio
elaborado.
A Torre [The Tower] is a project produced with
materials collected during the production of the feature
film Extinction (2015), directed by Salomé Lamas and
produced by O Som e a Fúria (PT), in co-production
with Mengamuk Films (DE).
Maybe Kolja’s experiment of merging his body
(human) with the tree (nature) venturing into a border
zone between the earth and the sky is due to his
purity of spirit, to the grandeur of the idiots, or the
foolishness of the mystics; or is it all this together?
Maybe it is a symptom of the enlightened – or simply
an elaborated suicide.
16
17
Le Boudin 2014
Filme HD (cor, estéreo, 16’), PT/DE;
línguas: alemão/português, legendas em inglês
HD film (colour, stereo, 16’), PT/DE;
Languages: German/Portuguese, English subtitles
habilidade de inclusão destes aspetos da natureza através
das virtudes de uma ideia de razão. Esta ideia apropria o
supersensível e a natureza moral humana.
Para experienciar o sublime, sensibilidade, um
corpo, ser-se humano e ser-se finito são pré-requisitos.
Será que foi falta de sensibilidade?
Ao filmar senti a necessidade de formalizar a
paisagem através de jogos de linguagem. É o olhar que
confere valor às coisas. Encounters with Landscape 3x é
este exercício. A paisagem transforma-se num perigoso
parque de diversões. Quando se é jovem é-se audaz e
estúpido, com o crescimento a tendência é de perda
da audácia e que nos tornemos menos estúpidos.
Modificamos as regras pelo caminho.
In late 2011 I arrived in Sete Cidades, Azores. I
recalled Kant’s ideas on the sublime. We experience the
sublime when our imagination fails to comprehend the
greatness of natural events, in the process of determining
concepts of understanding, but supplants this failure
with a delight stemming from its ability to grasp these
aspects of nature by virtue of an idea of reason. That idea
appropriates the supersensible and human moral nature.
To experience the sublime sensibility, a body, being
human and being finite are preconditions. Was it a lack
of sensibility?
While filming I felt the urge to formalize landscape
through language games. It is the sight that makes things
valuable. Encounters with Landscape 3x happens to be this
exercise. Landscape becomes a dangerous playground.
When one is young one is daring and stupid, you grow
older and you tend to lose the daringness and get less
stupid. We change the rules as we go along.
produção production Salomé Lamas • argumento e
realização written and directed by Salomé Lamas •
participação with Nuno Fialho & Elias Geißler • fotografia
cinematography Salomé Lamas • som sound Carlos
Godinho • pós-produção de som sound post production
Bruno Moreira • montagem editing Salomé Lamas •
aconselhamento counseling Francisco Moreira • correção
de cor colour grading Unai Rosende (Mengamuk) •
assistência de realização assistant director Mónica Lima
• tradução (português–alemão) translation (portuguese–
german) Barbara Bichler • tradução (português–inglês)
translation (portuguese–english) Gloria Dominguez • apoio
support DAAD Artists-In-Berlin Program
“Nenhuma das pessoas, a quem pergunto por
mim me viu.” Le Boudin documenta o encontro do
jovem Elias Geißler com o testemunho de Nuno Fialho
que aos 16 anos se encontrou na Legião Estrangeira
Francesa: “Não me alistei. Alistaram-me”.
‘None of the people who were asked about me had
seen me.’ Le Boudin documents the encounter of the
young Elias Geißler with the testimony of Nuno Fialho
who at the age of 16 was forced to enlist in the French
Foreign Legion. ‘I didn’t enlist. They enlisted me.’
Encounters with Landscape 3x
[Encontros com a Paisagem 3x] 2012
Filme HD (cor, estéreo, 29’), PT;
língua: português, legendas em inglês
HD film (colour, stereo, 29’), PT;
Language: Portuguese, English subtitles
A Comunidade [The Community] 2012
Filme HD (cor, estéreo, 23’), PT;
língua: português, legendas em inglês
HD film (colour, stereo, 23’), PT;
Language: Portuguese, English subtitles
produção production Salomé Lamas • argumento
e realização written and directed by Salomé Lamas
• participação with Salomé Lamas • fotografia
cinematography Luisa Homem, Frederico Lobo, Maria
Clara Escobar • som e mistura sound and mix Bruno
Moreira • montagem editing Salomé Lamas • correção
de cor colour grading Pedro Paiva • apoio support Galeria
ZDB, Associação Cultural Corredor, Açores
produção production Salomé Lamas • argumento e
realização written and directed by Salomé Lamas •
participação with Clube Campista Lisboa • fotografia
cinematography Salomé Lamas • som e mistura sound and
mix Bruno Moreira • montagem editing Salomé Lamas •
aconselhamento counseling Francisco Moreira • correção
de cor colour grading Pedro Paiva • assistentes assistants
Marta Brito, Cristina Robalo • apoio support Galeria ZDB,
Clube Campista Lisboa, Screen Miguel Nabinho
No final de 2011 cheguei a Sete Cidades, Açores.
Recordei as ideias de Kant sobre o sublime. Experienciamos
o sublime quando a nossa imaginação não alcança a
compreensão da grandeza de eventos naturais, no processo
de determinação de conceitos de compreensão, mas
suplanta esta falha com um deleite que tem origem na sua
Todas as obras são cortesia
da artista, O Som e a Fúria,
Mengamuk Films e Agência
Portuguesa da Curta-Metragem.
All works are courtesy of the artist,
O Som e a Fúria, Mengamuk Films
and Agência Portuguesa da CurtaMetragem.
“Salomé Lamas: Paraficção” é
comissariada por João Ribas,
Diretor Adjunto e Curador Sénior,
Museu de Arte Contemporânea de
Serralves, Porto.
‘Salomé Lamas: Parafiction’
is curated by João Ribas,
Deputy Director and Senior
Curator, Serralves Museum of
Contemporary Art, Porto.
Design da exposição
Exhibition design
Fernando Brízio
Conceção Gráfica
Graphic design
Catarina Lee
Tradução
Translation
Gloria Dominguez
A artista gostaria de agradecer a:
The artist would like to thank:
Agência Portuguesa da Curta
Metragem, Bikini, Bogliasco
Foundation, Carpe Diem Arte
e Pesquisa, DAAD Artists-inBerlin, dgARTES, Doc Station
2014 Berlinale, Dupla Cena, FID
Marseille, Fundação Calouste
Gulbenkian, Fundação de
Serralves, Mengamuk Films,
Museu Nacional de Arte
Contemporânea – Museu
do Chiado, O Som e a Fúria,
Residências ZDB, Rockefeller
Foundation Bellagio Center, Shellac
Sud, Screen Miguel Nabinho,
Temps d’Images, The MacDowell
Colony, Universidade Católica do
Porto, Yaddo.
Gabriel Abrantes, Sandro Aguilar,
Albina, Michel Balagué, Isabel
Baraona, Joana Bastos, Sofia
Bénard, Christoph Both-Asmus,
Fernando Brízio, Joaquim
Carvalho, Vasco Carvalho, Nacho
Checa, Gloria Dominguez, Paula
Fernandes, Isabel P. Frausto,
Joana Gusmão, Cristina Lamas,
João Lamas, Miguel Lamas,
Catarina Lee, Mónica Lima, João
Lobo, Norberto Lobo, Pedro
Maia, Marcin Malaszczak,
Eugénio Marques, Fabienne
Martinot, Manuel Mesquita,
Bruno Moreira, Francisco Moreira,
Laura Munoz, Francisca Nabinho,
Miguel Nabinho, Katharina
Narbutovic, Ricardo Nicolau,
Thomas Ordonneau, Cinta Peleja,
Joana Pimenta, Irene Pimentel,
Sara Rafael, Jean-Pierre Rehm,
João Ribas, Cristina Robalo, JP
Sniadecki, Chika Takabayashi, Luís
Urbano, Lawrence Weschler.
A Comunidade propõe um olhar sobre o mais
antigo parque de campismo de Portugal.
A Comunidade [The Community] is a short
documentary on the oldest camping park in Portugal.
18
19
Fundação de Serralves
Rua D. João de Castro, 210
4150–417 Porto
Informações Information Line
808 200 543
[email protected]
www.serralves.pt
Apoio institucional Institutional support
Mecenas Exclusivo do Museu
Exclusive Sponsor of the Museum
Seguradora Oficial
Official Insurance Provider
Fidelidade – Companhia de Seguros, S.A.
A Torre 2015 © O Som e a Fúria, Mengamuk
Download

roteiro da exposição - Fundação de Serralves