E STA D O D E M I N A S ● D O M I N G O , 2 9 D E A G O S T O D E 2 0 1 0 ● P A R A A N U N C I A R N O S M E G A C L A S S I F I C A D O S L I G U E ( 3 1 ) 3 2 2 8 - 2 0 0 0 MEGACLASSIFICADOSTRABALHO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL 3 MATÉRIA DE CAPA Fapemig assina protocolo de intenções com o Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico, aumentando as oportunidades para pesquisadores mineiros desenvolverem projetos Chance de estudo CAROLINA COTTA no exterior “Se o projeto tiver mérito, as vagas são ilimitadas.” A afirmação de Mário Neto Borges, presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), dá o tom da intensa cooperação entre os países. A aproximação da instituição com o Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD) começou em 2004, com a permuta de vários professores e pesquisadores, principalmente por meio de visitas técnicas e estágios de curta duração. No ano passado, a Fapemig assinou um protocolo de intenções com o DAAD ampliando a parceria e, em 2011, começa a fornecer bolsas de doutorado sanduíche. Segundo Mário Neto, as facilidades vêm de dois diferenciais da Alemanha: “Eles são mais pragmáticos e objetivos nas propostas, e têm menos burocracia. O que combinou está combinado”, explica. O resultado dessa relação é um processo inédito e pioneiro no Brasil, em que a Fapemig começa a oferecer bolsas de iniciação científica internacional na Alemanha, que agora dependem da demanda dos alunos e do projeto. Esse, é claro, deve ter aprofundamento do ponto de vista científico e atender os requisitos acadêmicos necessários. “As oportunidades na Alemanha estão mais fáceis, só dependem de as propostas chegarem à Fapemig, porque ainda não temos limitação de recursos. Hoje, o que chegar e tiver mérito é apoiado”, afirma Mário Borges. Segundo ele, é interesse da fundação trabalhar fortemente o processo de internacionalização para oferecer aos pesquisadores de Minas Gerais oportunidades no mundo inteiro. “Vários países têm interesse em fazer essa parceria, mas é a Alemanha que vem demonstrando isso de forma mais efetiva”, afirma. Para concorrer às bolsas de iniciação científica, as universidades mineiras precisam ter parcerias com as alemãs. O que não é problema. As universidades federais de Minas Gerais (UFMG), de Ouro Preto (Ufop), e de Itajubá (Unifei) e a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), que mantêm convênios com universidades alemãs e promovem intenso intercâmbio de estudantes com elas, estarão inclusive na feira Estudar e Pesquisar na Alemanha, mostrando aos visitantes que o caminho para um estudo no país, sobretudo no caso de estudantes de graduação, passa muitas vezes por uma instituição do país. Segundo Christian Müller, no caso de graduação, as bolsas são conquistadas dentro das universidades e não por meio de candidaturas individuais, como no doutorado. Durante a feira, os visitantes também poderão conhecer outras possibilidades de estudo na Alemanha, in- IMERSÃO COMPLETA Berço da indús- tria farmacêutica mundial, a Alemanha foi o destino do doutorando em farmacologia e professor universitário Elias Borges Nascimento Júnior, de 33 anos, que fez parte de sua formação na Universitätsklinikum Freiburg, em Freiburg. De dezembro de 2007 a janeiro de 2009, ele viveu na Alemanha com uma bolsa de doutorado sanduíche proporcionada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e DAAD, que pagaram ainda a passagem aérea e o seguro-saúde. A língua não foi uma dificuldade, porque podia se comunicar em inglês e também por ter começado a estudar alemão um ano antes de ir. Mas, sem dúvida, o curso integral de alemão oferecido pelo DAAD no Goethe-Institut fez a diferença. “Foi uma verdadeira imersão na língua e na cultura alemã.” Para Elias, o acesso ao estudo no exterior era difícil no passado, mas hoje as instituições de pesquisa estão fornecendo mais oportunidades. “Essa experiência de pesquisa é hoje quase um pré-requisito, enquanto antigamente era um mérito. A organização, a disciplina e a pontualidade típicos da Alemanha foram, em sua opinião, engrandecedores em sua formação. “O pesquisador brasileiro precisa muito disso. A formação do doutor não é apenas a execução do projeto, é também uma mudança de ambiente, o estabelecimento de parcerias, contatos, o enfrentamento de várias dificuldades em diferentes graus. Isso complementa muito a nossa formação”, defende Elias. A Alemanha foi o destino escolhido pelo professor universitário e doutorando em farmacologia Elias Borges, de 33 anos BOLSAS E COOPERAÇÕES DAAD Á GRADUAÇÃO Bolsas para o curso de inverno de língua e cultura alemãs Apoio para estadas de informação para grupos de estudantes Á PÓS-GRADUAÇÃO Especialização em música Especialização em artes plásticas, design e cinema Programa de pós-graduação com relevância para países em desenvolvimento Programa de bolsas para cursos de Master in public policy and good governance - PPGG Á DOUTORADO Doutorado integral Doutorado sanduíche Estadas de pesquisa na Alemanha para doutorandos Á PROGRAMAS ESPECIAIS Bolsas da Bielefeld Graduate School in History and Sociology (BGHS ) para elaboração de projeto de doutorado Bolsas de estudos para doutorandos e pós-doutorandos em segurança alimentar Bolsas AvH para pesquisas sobre proteção ao clima Programa DAAD-DLR de bolsas para doutorado, pós-doc e cientistas seniores Erasmus Mundus - Bolsas de pós-graduação (master/mestrado) na União Europeia Cursos de férias Academias DAAD de Verão 2010 Á INTERINSTITUCIONAL Parcerias universitárias entre o Brasil e a Alemanha - Unibral Programa de projetos conjuntos de pesquisadores brasileiros e alemães - Probral Intercâmbio de cientistas Parcerias universitárias com países em desenvolvimento Informações: www.daad.org.br MARCOS VIEIRA/EM/D.A PRESS Enquanto aguarda a confirmação oficial da universidade em que vai cursar um semestre na Alemanha, Danielle Brey-Gil (d) se prepara para falar melhor o alemão com a professora Ailana Cruz JAIR AMARAL/EM/D.A PRESS dependentemente de bolsas. O país europeu, com menos de 10% de estudantes do exterior, tem interesse em receber mais pessoas. “É importante que as universidades tenham convívio com estudantes e docentes de outros países. A universidade vive do conjunto de ideais, talentos e novas tendências. Isso não se consegue no seu próprio país, sendo necessário o intercâmbio com outras culturas”, defende o presidente do DAAD. Segundo ele, o estudo na Alemanha é em sua maioria gratuito, bastando ao interessado bancar passagem, moradia e alimentação. “Com o real valorizado, o custo de vida não difere muito do de grandes cidades brasileiras. Não há mensalidade para doutorado e mestrado, apenas uma baixa taxa de inscrição e os alunos ainda recebem um passe semestral de transporte público. A moradia é realmente mais cara, mas nos padrões de vida de um universitário o gasto mensal é de 600 a 800 euros por mês. Isso equivale, muitas vezes, ao custo de um curso em universidade particular no Brasil e a internacionalização do ensino superior é um valor em si”, defende. THIAGO FERNANDES/DIVULGAÇÃO Alexandre Lyra viveu essa experiência de 1987 a 1991, quando fez doutorado EXPERIÊNCIA MARCANTE Odiretor-geraldaV&MTubesBrasil, Alexandre de Campos Lyra, de 49 anos, viveu a experiência entre 1987 e 1991, quandofezseudoutoradoemmetalurgia na Universidade Técnica de Aachen, naAlemanha.ComumabolsadoDAAD complementada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), recebeu auxíliofinanceiroparaamudança,umabolsasuficienteparamanterumpadrãode vida similar ao de um estudante alemão, ajuda de custo anual para compra de livros, ajuda inicial para compra de roupas de inverno e uma final para cobrir as despesas de impressão da tese. “Reputo o programa de bolsa como excelente. Apesar de eu já saber um pouco de alemão, o DAAD patrocinou ainda um curso de quatro meses no InstitutoGoethe,amelhorinstituiçãodeensino da língua alemã”, conta. O número de candidatos, inferior ao deinteressadosemcursosnospaísesde língua inglesa, por causa da língua, foi um dos motivos que levaram Alexandre à Alemanha, mas, principalmente, uma admiração de infância pelo país e seu avanço na área de metalurgia e siderurgia. “A indústria e a tecnologia alemãs são de ponta, mais avançadas que a norte-americana ou a inglesa”, afirma. Já a experiência de vida de morar num paísculturaleeconomicamentericofoi um do ganhos. “O doutorado me treinou a lidar com sistemas complexos, dividindo-os em partes mais simples, filtrando os dados e fatos mais relevantes para a criação de modelos teóricos que explicam o funcionamento desses sistemas. Essa forma de pensar e agir é útil tanto na vida acadêmica quanto na empresarial”, afirma. À frente de uma das maiores empresas de Minas Gerais, que tem inclusive sua origem em terras alemãs, e do ponto de vista de um contratante, Alexandre defende a importância de uma experiência de estudo no exterior para a formação do profissional. “A experiência no exterior amadurece o jovem profissional. Mas é fundamental que ele ou ela não se deixe deslumbrar pelo diploma, passando a se considerar superior aos seus pares. A humildade e a vontade de compartilhar o conhecimento adquirido são fundamentais para a integração do profissional na empresa e para a evolução de sua carreira.”