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MEGACLASSIFICADOSTRABALHO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL
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MATÉRIA DE CAPA
Fapemig assina protocolo de intenções com o Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico,
aumentando as oportunidades para pesquisadores mineiros desenvolverem projetos
Chance de estudo
CAROLINA COTTA
no exterior
“Se o projeto tiver mérito, as vagas
são ilimitadas.” A afirmação de Mário
Neto Borges, presidente da Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de
Minas Gerais (Fapemig), dá o tom da
intensa cooperação entre os países. A
aproximação da instituição com o
Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD) começou em 2004,
com a permuta de vários professores
e pesquisadores, principalmente por
meio de visitas técnicas e estágios de
curta duração.
No ano passado, a Fapemig assinou um protocolo de intenções com
o DAAD ampliando a parceria e, em
2011, começa a fornecer bolsas de
doutorado sanduíche. Segundo Mário
Neto, as facilidades vêm de dois diferenciais da Alemanha: “Eles são mais
pragmáticos e objetivos nas propostas, e têm menos burocracia. O que
combinou está combinado”, explica.
O resultado dessa relação é um processo inédito e pioneiro no Brasil, em
que a Fapemig começa a oferecer bolsas de iniciação científica internacional
na Alemanha, que agora dependem da
demanda dos alunos e do projeto. Esse,
é claro, deve ter aprofundamento do
ponto de vista científico e atender os
requisitos acadêmicos necessários. “As
oportunidades na Alemanha estão
mais fáceis, só dependem de as propostas chegarem à Fapemig, porque ainda
não temos limitação de recursos. Hoje,
o que chegar e tiver mérito é apoiado”,
afirma Mário Borges. Segundo ele, é interesse da fundação trabalhar fortemente o processo de internacionalização para oferecer aos pesquisadores de
Minas Gerais oportunidades no mundo inteiro. “Vários países têm interesse
em fazer essa parceria, mas é a Alemanha que vem demonstrando isso de
forma mais efetiva”, afirma.
Para concorrer às bolsas de iniciação científica, as universidades mineiras precisam ter parcerias com as alemãs. O que não é problema. As universidades federais de Minas Gerais
(UFMG), de Ouro Preto (Ufop), e de Itajubá (Unifei) e a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), que mantêm convênios com universidades alemãs e promovem intenso intercâmbio de estudantes com
elas, estarão inclusive na feira Estudar
e Pesquisar na Alemanha, mostrando
aos visitantes que o caminho para um
estudo no país, sobretudo no caso de
estudantes de graduação, passa muitas vezes por uma instituição do país.
Segundo Christian Müller, no caso de
graduação, as bolsas são conquistadas
dentro das universidades e não por
meio de candidaturas individuais, como no doutorado.
Durante a feira, os visitantes também poderão conhecer outras possibilidades de estudo na Alemanha, in-
IMERSÃO COMPLETA Berço da indús-
tria farmacêutica mundial, a Alemanha foi o destino do doutorando em
farmacologia e professor universitário Elias Borges Nascimento Júnior, de
33 anos, que fez parte de sua formação na Universitätsklinikum Freiburg,
em Freiburg. De dezembro de 2007 a
janeiro de 2009, ele viveu na Alemanha com uma bolsa de doutorado
sanduíche proporcionada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e DAAD,
que pagaram ainda a passagem aérea
e o seguro-saúde. A língua não foi
uma dificuldade, porque podia se comunicar em inglês e também por ter
começado a estudar alemão um ano
antes de ir. Mas, sem dúvida, o curso
integral de alemão oferecido pelo
DAAD no Goethe-Institut fez a diferença. “Foi uma verdadeira imersão
na língua e na cultura alemã.”
Para Elias, o acesso ao estudo no
exterior era difícil no passado, mas
hoje as instituições de pesquisa estão
fornecendo mais oportunidades. “Essa experiência de pesquisa é hoje
quase um pré-requisito, enquanto
antigamente era um mérito. A organização, a disciplina e a pontualidade
típicos da Alemanha foram, em sua
opinião, engrandecedores em sua formação. “O pesquisador brasileiro precisa muito disso. A formação do doutor não é apenas a execução do projeto, é também uma mudança de ambiente, o estabelecimento de parcerias, contatos, o enfrentamento de várias dificuldades em diferentes graus.
Isso complementa muito a nossa formação”, defende Elias.
A Alemanha foi o destino escolhido pelo professor universitário e doutorando em farmacologia Elias Borges, de 33 anos
BOLSAS E COOPERAÇÕES DAAD
Á GRADUAÇÃO
Bolsas para o curso de inverno de língua e cultura alemãs
Apoio para estadas de informação para grupos de estudantes
Á PÓS-GRADUAÇÃO
Especialização em música
Especialização em artes plásticas, design e cinema
Programa de pós-graduação com relevância para países em desenvolvimento
Programa de bolsas para cursos de Master in public policy and good
governance - PPGG
Á DOUTORADO
Doutorado integral
Doutorado sanduíche
Estadas de pesquisa na Alemanha para doutorandos
Á PROGRAMAS ESPECIAIS
Bolsas da Bielefeld Graduate School in History and Sociology (BGHS ) para
elaboração de projeto de doutorado
Bolsas de estudos para doutorandos e pós-doutorandos em segurança alimentar
Bolsas AvH para pesquisas sobre proteção ao clima
Programa DAAD-DLR de bolsas para doutorado, pós-doc e cientistas seniores
Erasmus Mundus - Bolsas de pós-graduação (master/mestrado) na União
Europeia
Cursos de férias
Academias DAAD de Verão 2010
Á INTERINSTITUCIONAL
Parcerias universitárias entre o Brasil e a Alemanha - Unibral
Programa de projetos conjuntos de pesquisadores brasileiros e alemães - Probral
Intercâmbio de cientistas
Parcerias universitárias com países em desenvolvimento
Informações:
www.daad.org.br
MARCOS VIEIRA/EM/D.A PRESS
Enquanto aguarda
a confirmação
oficial da
universidade em
que vai cursar um
semestre na
Alemanha,
Danielle Brey-Gil
(d) se prepara
para falar melhor
o alemão com a
professora
Ailana Cruz
JAIR AMARAL/EM/D.A PRESS
dependentemente de bolsas. O país
europeu, com menos de 10% de estudantes do exterior, tem interesse em
receber mais pessoas. “É importante
que as universidades tenham convívio com estudantes e docentes de outros países. A universidade vive do
conjunto de ideais, talentos e novas
tendências. Isso não se consegue no
seu próprio país, sendo necessário o
intercâmbio com outras culturas”, defende o presidente do DAAD.
Segundo ele, o estudo na Alemanha
é em sua maioria gratuito, bastando
ao interessado bancar passagem, moradia e alimentação. “Com o real valorizado, o custo de vida não difere muito do de grandes cidades brasileiras.
Não há mensalidade para doutorado e
mestrado, apenas uma baixa taxa de
inscrição e os alunos ainda recebem
um passe semestral de transporte público. A moradia é realmente mais cara, mas nos padrões de vida de um
universitário o gasto mensal é de 600
a 800 euros por mês. Isso equivale,
muitas vezes, ao custo de um curso
em universidade particular no Brasil e
a internacionalização do ensino superior é um valor em si”, defende.
THIAGO FERNANDES/DIVULGAÇÃO
Alexandre Lyra viveu essa experiência
de 1987 a 1991, quando fez doutorado
EXPERIÊNCIA
MARCANTE
Odiretor-geraldaV&MTubesBrasil,
Alexandre de Campos Lyra, de 49 anos,
viveu a experiência entre 1987 e 1991,
quandofezseudoutoradoemmetalurgia na Universidade Técnica de Aachen,
naAlemanha.ComumabolsadoDAAD
complementada pelo Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), recebeu auxíliofinanceiroparaamudança,umabolsasuficienteparamanterumpadrãode
vida similar ao de um estudante alemão, ajuda de custo anual para compra
de livros, ajuda inicial para compra de
roupas de inverno e uma final para cobrir as despesas de impressão da tese.
“Reputo o programa de bolsa como excelente. Apesar de eu já saber um pouco de alemão, o DAAD patrocinou ainda um curso de quatro meses no InstitutoGoethe,amelhorinstituiçãodeensino da língua alemã”, conta.
O número de candidatos, inferior ao
deinteressadosemcursosnospaísesde
língua inglesa, por causa da língua, foi
um dos motivos que levaram Alexandre à Alemanha, mas, principalmente,
uma admiração de infância pelo país e
seu avanço na área de metalurgia e siderurgia. “A indústria e a tecnologia alemãs são de ponta, mais avançadas que
a norte-americana ou a inglesa”, afirma.
Já a experiência de vida de morar num
paísculturaleeconomicamentericofoi
um do ganhos. “O doutorado me treinou a lidar com sistemas complexos,
dividindo-os em partes mais simples,
filtrando os dados e fatos mais relevantes para a criação de modelos teóricos
que explicam o funcionamento desses
sistemas. Essa forma de pensar e agir é
útil tanto na vida acadêmica quanto na
empresarial”, afirma.
À frente de uma das maiores empresas de Minas Gerais, que tem inclusive sua origem em terras alemãs, e do
ponto de vista de um contratante, Alexandre defende a importância de
uma experiência de estudo no exterior para a formação do profissional.
“A experiência no exterior amadurece o jovem profissional. Mas é fundamental que ele ou ela não se deixe
deslumbrar pelo diploma, passando a
se considerar superior aos seus pares.
A humildade e a vontade de compartilhar o conhecimento adquirido são
fundamentais para a integração do
profissional na empresa e para a evolução de sua carreira.”
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EXPERIÊNCIA MARCANTE