Ministério da Saúde Fundação Oswaldo Cruz Escola Nacional de Saúde Pública IV Seminário da Rede Brasileira de Monitoramento e Avaliação AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA A PACIENTES COINFECTADOS POR TUBERCULOSE/HIV EM DUAS UNIDADES DE SAÚDE DA FAMÍLIA NO MUNICÍPIO DE BOA VISTA - RORAIMA Autores: Jacqueline Voltolini de Oliveira Marly Marques da Cruz Sônia Beatriz dos Santos Rio de Janeiro, Agosto - 2012 Introdução A Tuberculose (TB) é uma das doenças infecciosas mais antigas da humanidade A AIDS segue os mesmos padrões de vulnerabilidade da TB A TB ressurge como problema crescente de saúde pública associada ao HIV/AIDS A TB é uma das doenças oportunistas mais importantes entre os pacientes com AIDS e um dos fatores de risco devido a alterações imunológicas que leva à alta magnitude e letalidade. (Brasil, 2004) 2 Co-infecção TB/HIV no Brasil 70% dos pacientes com TB realizam a sorologia para HIV 50% tem acesso ao seu resultado em momento oportuno Prevalência de positividade para HIV é de 15% TB é a maior causa de morte entre PVHA, sendo a taxa de óbito de co-infecção de 20%. BRASIL, 2010 3 Proporção de Positividade dos Pacientes com Tuberculose que Realizaram o anti-HIV em Roraima e Boa Vista, no período de 2001 – 2009. 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Roraima 26 60 35 59 35 52 15 23 9 Boa Vista 31 75 57 80 61 62 20 33 13 4 Fonte: SINAN NET/Secretaria Estadual de Saúde, 2010. Proporção de Exames de HIV em Relação a Solicitação dos Pacientes em Tratamento para Tuberculose, em Boa Vista, 2001 a 2010. 5 Fonte: SINAN NET/Secretaria Estadual de Saúde, 2011. Controle da Co-infecção TB/HIV depende: A implantação dos programas TB/HIV Controle da coinfecção TB/HIV Rede de atenção integral, ágil e resolutiva 6 Redução a carga de ambas as doenças BRASIL, 2010 Pergunta Avaliativa Qual é a qualidade da assistência à pacientes co-infectados por HIV/TB em duas Unidades de Saúde da Família de Boa Vista – Roraima para a obtenção de diagnóstico e tratamento mais precoce? Quais são os fatores que facilitam e dificultam a obtenção da qualidade da assistência? 7 Objetivo Geral Avaliar a qualidade da assistência à pacientes coinfectados por TB/HIV em duas Unidades de Saúde da Família do município de Boa Vista – RR na obtenção do diagnóstico e tratamento precoce. 8 Objetivos Específicos 1. Caracterizar a estrutura e processo do programa de TB na atenção básica de Boa Vista no que se refere ao diagnóstico e tratamento dos casos de co-infecção TB/HIV. 2. Identificar se a assistência prestada aos casos de co-infecção TB/HIV estão em conformidade com o preconizado. 3. Verificar se assistência aos pacientes co-infectados tem qualidade técnica na atenção básica. 4. Determinar o nível de qualidade da assistência prestada a pacientes co-infectados na atenção básica. 5. Caracterizar os fatores que influenciam de forma favorável ou desfavorável a qualidade da assistência à co-infecção TB/HIV. 9 Caracterização das Ações de TB da AB Fonte: Brasil, 2008 10 Caracterização das Ações de HIV/AIDS Fonte: Brasil, 2006 11 Abordagem da Avaliação • Avaliação Normativa - avalia o cumprimento de normas, objetivos e critérios preestabelecidos como desejáveis ou como orientadores de uma intervenção . • Avaliação Formativa - será conduzida durante a implementação de um programa e que tem por objetivo apoiar o desenvolvimento do mesmo • Avaliação Externa – quando a avaliação é realizada por atores externos a intervenção • Análise de Stakeholders – identificação dos interessados e dos interesses na avaliação 12 Desenho da Avaliação Estudo de casos múltiplos (Casos – macroáreas e unidade de análise – Unidades de Saúde da Família) Uma com maior número de casos de TB/HIV 2 macroáreas Outra com menor número de casos de TB/HIV 4 ESF, sendo três na Unidade 1 e uma na Unidade 2 13 Mapa da Distribuição de Incidência de TB por Município de Roraima - 2010 14 Fonte: SINAN NET/ PCT/ SES Métodos de Coleta de Dados Método qualitativo Questionário semi-estruturado com pacientes co-infectados por TB/HIV residentes em Boa Vista e atendidos pelas Equipes de Saúde da Família selecionados com auxílio do SINAN Questionários semi-estruturado para profissionais de saúde Observação dos serviços de saúde selecionados Análise de prontuário dos usuários em tratamento de TB 15 Análise e Julgamento Construção das Matrizes Informação e Julgamento Dimensão Qualidade Subdimensões: Conformidade, Disponibilidade e Qualidade Técnica Critérios/Indicador 16 Padrão, Pontuação máxima e mínima esperada, valor observado Resultados Unidade de Saúde 1 3 1 1 1 8 3 Unidade de Saúde 2 1 - 1 - 1 1 17 TB/HIV Nº de Pacientes Nº de pacientes TB Laboratório Farmácia Nº de ESB Nº de ESF Unidade de Saúde Dados das Unidades de Saúde Selecionadas Resultados 38 profissionais entrevistados 3 pacientes entrevistados PMCT e PMAIDS funcionantes nas Unidades de saúde 1 e 2 Ausência de fluxo de assistência a co-infecção estabelecido Ausência de triagem para pacientes sintomáticos (3 a 10 dias para primeira consulta) Três semanas para o recebimento do resultado da baciloscopia 18 Resultados Oferta teste rápido somente dois períodos da semana Resultado do Elisa em aproximadamente 60 dias Vínculo dos pacientes com a US é em alguns casos o ACS Acompanhamento de TB e HIV paralelos (dificuldade para o acompanhamento e tratamento da co-infecção) Baixa adesão dos profissionais do SAE e ESF em acompanhar pacientes co-infectados 19 Resultados Os profissionais têm conhecimento sobre os pacientes TB, pacientes co-infectados somente os que realizam o exame HIV na UBS Falha nos registros dos livros de controle e prontuários dos pacientes. Dificuldades logísticas para o diagnóstico nos programas de TB e DST/AIDS. Sistemas de informação centralizados na Secretaria de Saúde sem fluxo de retorno para as Unidades de Saúde. Falta de integração entre SAE e USF (barreira invisível). 20 Matriz de Julgamento da Avaliação da Qualidade da Assistência a Co-infecção TB/HIV na Atenção Básica de Boa Vista – RR e o Grau de Implementação Dimensão Qualidade Pontuação Pontuação Grau de Máxima Observada Implantação Conformidade 52 22 Disponibilidade 20 13 Componentes Insatisfatório Qualidade Técnica Total Geral 21 28 21 100 56 Fatores Favoráveis para qualidade da assistência à coinfecção TB/HIV Profissionais de saúde capacitados para diagnóstico e tratamento TB; Busca ativa permanente de sintomáticos respiratórios na US e em visitas domiciliares; Postos de coleta de escarro para exame de baciloscopia e oferta de PPD na UBS Oferta do teste anti-HIV para doentes de TB independente da idade; Investigação e controle dos contatos com tratamento quando indicado; Salas de vacina para realização do BCG Id quando indicado; Facilidade de encaminhamento ao serviço de referência quando indicado. Fatores Desfavoráveis para qualidade da assistência à coinfecção TB/HIV Número reduzido de profissionais qualificados para análise dos exames e demora na entrega do resultado de baciloscopia; Dificuldade de acesso a exames clínico-radiológicos, devido à oferta ser somente em nível hospitalar, e ao exame anti-HIV; Ausência de controle diário ou semanal dos faltosos pelas ESF; Ausência de triagem para nas UBS dificultando o acesso dos doentes ao diagnóstico precoce; Baixo ou inadequado preenchimento dos registros de acompanhamento; Ausência de apoio aos doentes em relação às questões psicossociais e trabalhistas. 23 Recomendações Sensibilizar e promover a interação dos gestores e profissionais dos programas para construção de pautas e ações integradas; Rever e discutir sobre a qualidade dos cursos de Co-infecção TB/HIV ofertados; Construção de um fluxo de referência e contrarreferência para o atendimento aos pacientes co-infectados; Manter suporte técnico às ações das equipes da ESF; Sensibilizar os profissionais para a utilização de protocolos vigentes; Ampliar a rede laboratorial de diagnóstico rápido para HIV e TB; Ofertar atendimento de forma prioritária na AB para pacientes coinfectados. 24 Conclusão Pacientes TB/HIV sofrem problemas de barreiras de acesso ao diagnóstico precoce que implicam no tratamento tardio. Pouca integração entre programas TB e HIV/AIDS, dificultando o direcionamento preconizado em protocolos e diretrizes. Planejamento articulado das ações otimizaria recursos e evitaria duplicação de esforços para o diagnóstico e tratamento precoce. Pacientes TB/HIV consideram atendimento da UBS regular ou ruim considerando o acesso ao serviço e acompanhamento e assistência médica e de enfermagem. 25