Trabalho de Curso – Íris Celeste Nascimento Bandeira 1 RESUMO Este trabalho foi realizado no Município de Barcarena, com o intuito de se indicar algumas sugestões relacionadas ao planejamento urbano da área, levando em consideração aspectos fisiográficos, ocupação da área, geológicos e estudos hidrogeológicos. As pesquisas no contexto fisiográficos serviram de base para sustentar as outras informações referentes à área em questão. A geologia complementou o estudo da litologia da zona não saturada, contribuindo assim para elaboração do mapa de vulnerabilidade.Este é de suma importância para questões referentes a planejamento. Dentro do estudo hidrogeólogico, foi possível fazer analises químicas, de forma bem abrangente, se as águas do aqüífero livre podem ser consumidas, ou se há, indícios de contaminação. Foi feito estudos relacionados as reservas de água, para se saber se há água suficiente para abastecer o município de Barcarena.. Além também de fazer o estudo de fluxo, vulnerabilidade, principais fontes de contaminação e risco de contaminação do aqüífero livre, para dar base pra uma proposta de planejamento para Barcarena. Trabalho de Curso – Íris Celeste Nascimento Bandeira ABSTRACT 2 Trabalho de Curso – Íris Celeste Nascimento Bandeira 3 1. INTRODUÇÃO Este trabalho de Conclusão de Curso faz parte do Projeto “Estudo dos Recursos Hídricos da Região de Abaetetuba e Barcarena como Palco de Treinamento das Disciplinas Básicas dos Cursos de Geologia e Oceanografia buscando a Melhoria da Qualidade de Vida da População Envolvida” financiado pelo projeto PROINT-2004 da Universidade Federal do Pará (UFPA). O trabalho está inserido nas atividades dos grupos: GRHIMA (Grupo de Recursos Hídricos e Meio Ambiente) e LARHIMA (Laboratório de Hidrogeologia e Meio Ambiente), ambos do Centro de Geociências da UFPA. Um dos principais objetivos foi a elaboração de propostas para o planejamento urbano da região do município de Barcarena/PA. Mais especificamente, caracterizou-se ar as áreas de maior risco de contaminação dos mananciais subterrâneos alem de propor uma proposta de abastecimento na área do município de Barcarena tendo como base aspectos hidrogeológicos, geológicos, fisiográficos e sociais. 1.1 LOCALIZAÇÃO E ACESSO Área de estudo ocupa uma área aproximada de 400km2 e esta situada na porção oeste do município de Barcarena (Figura 01). Barcarena pertence a mesorregião metropolitana de Belém estado do Pará, tem uma área de 1.316,2 Km2 (incluindo todas as ilhas) e pertence à zona UTM número 22 no quadrante formado pelos pontos: E732000 N9783574 e E772000 e N9835925. Tem como limite ao Norte a Baía do Marajó e Baía de Guajará; ao Sul os municípios de Moju e Abaetetuba; a Leste a Baía de Guajará e o Município de Acará a oeste a Baía do Marajo e a nordeste a Trabalho de Curso – Íris Celeste Nascimento Bandeira 4 cidade de Belém. Alem de ser divida em dezenas de pequenas ilhas, entre elas estão ilha das Onças, ilha do Arapiranga, ilha Trambioca,Mucura, Arapari, entre outras.(Conceição, 1999). O acesso à área pode ser por meio de embarcações que saem regularmente de Belém, até as vilas de São Francisco e Cafezal, seguindo pelas rodovias PA-481n e 483, ou por Balsa até o porto Arapari, seguindo a PA-151n e 483 ou chegar através da alça viária. 5 Trabalho de Curso – Íris Celeste Nascimento Bandeira Limite da área de estudo. Figura 01 – Mapa de localização de Barcarena, baseados nos dados IBGE 2000. Trabalho de Curso – Íris Celeste Nascimento Bandeira 6 1.2 OBJETIVOS Este trabalho tem como objetivo principal indicar algumas propostas para o planejamento urbano do Município de Barcarena, enfatizando a caracterização das áreas onde a maior risco de contaminação dos mananciais subterrâneos, além de propor uma proposta de abastecimento de água subterrânea para área em estudo. Para ter êxito nos objetivos deste trabalho foram somados ao estudo hidrogeólogico, pesquisas sócias econômicas, fisiográficas e trabalhos cartográficos. 1.3 JUSTIFICATIVA Sabe-se que mundialmente a água é um dos recursos naturais mais consumidos pela sociedade urbana ou rural e que atualmente já estão falando de racionalização da utilização e exploração da água, pois acreditam que apesar desta ter em abundância, havendo desperdício e um mau gerenciamento esta pode vir a se exaurir. Neste contexto os recursos hídricos precisam cada vez mais atenção quanto a sua utilização racional e sua preservação, uma vez que o aumento da população e a exploração cada vez mais rápida deste bem natural, o torna cada vez mais escasso e restrito. Em relação à cidade de Barcarena, a expansão urbana dos últimos anos, o crescimento geométrico da população e a implantação de indústrias e projetos de infra-estrutura na sede do município e adjacências, tem demandado um consumo de água cada vez maior. Devido a estes fatos é preciso saber sobre as reservas, riscos de contaminação, captação e utilização dos mananciais de água subterrânea. Necessitando igualmente de estudos sobre gerenciamento da água e um planejamento adequado para o uso da água e ocupação do meio físico. Trabalho de Curso – Íris Celeste Nascimento Bandeira 7 1.4 METODOLOGIA Este trabalho foi realizado em três etapas, coleta de informações, fase de campo e fase de tratamento de dados. 1.4.1Coleta de informações ¾ Pesquisa bibliográfica: Fase inicial no qual foram pesquisados trabalhos na área de enfoque, com um amplo levantamento bibliográfico em varias bibliotecas do município de Belém e Barcarena. ¾ Coleta de informações técnicas: Nesta fase foram feitos contatos com empresas do setor público como Cosampa, IBGE, SECTAM, SEICOM e privado como águas de Barcarena e Geoser atuantes na área objeto do estudo, visando à obtenção de informações referentes à área de interesse deste trabalho para complementação de dados referentes a hidrogeologia de Barcarena.. ¾ Elaboração do mapa de localização da área e dos poços analisados 1.4.2-Fase de Campo: Nesta fase foram realizadas 03 campanhas de campo. Na primeira campanha houve levantamentos temáticos: cheque de todas as informações coletadas em trabalhos anteriores e noutros que foram desenvolvidos dentro do mesmo projeto, de forma integrada; e características fisiográficas da área, alem da medida da cota topográfica e levantamento do nível estático. Trabalho de Curso – Íris Celeste Nascimento Bandeira 8 Na segunda campanha foi realizada coleta de água dos poços, selecionados para este estudo, para fazer analise de química das águas. Na terceira fase foi feita uma outra coleta de água,no período chuvoso (19-01-2006) apenas para confirmação dos resultados de três amostras que estavam dando valores muito alto de brometo. Nesta mesma fase foi feita a verificação da litologia da zona não saturada, através da observação nos poços, somando com dados já existentes na bibliografia.Tais dados contribuíram para elaboração do mapa de vulnerabilidade de Barcarena. 1.4.3 Tratamento de dados. ¾ Trabalhos Cartográficos: Fase constituída por um estudo cartográfico, utilizando o os programas auto cad, arcview, coreldraw e surfer, para elaboração de mapas, geológico, potenciometrico, de isoteores, alem do bloco diagrama da carga hidráulica e o mapa de vulnerabilidade. ¾ Trabalhos de Laboratório: Nesta fase foram feitas análises de água no laboratório de hidroquímica do departamento de geologia. e elaboração de mapas no LARHIMACG ¾ Conclusões e Elaboração do Texto Final: Esta fase consistiu na apresentação de um texto técnico agrupando um conjunto de propostas para servir de base para o planejamento urbano de Barcarena Trabalho de Curso – Íris Celeste Nascimento Bandeira 9 1. ASPECTOS FISIOGRÁFICOS Para um melhor entendimento deste trabalho é importante saber alguns aspectos fisiográficos da área de Barcarena. Dentre eles os mais importantes estão o clima, a hidrografia, o relevo, solo etc. Que serão descritos abaixo. 2.1 CLIMA O clima da região é quente e super úmido, apresentando uma temperatura média de 27ºC. Devido a posição geográfica, Barcarena pertencem a categoria climática “equatorial úmido” do tipo Afi (A-clima tropical chuvoso; f- ocorrências de chuva todo ano, pela classificação de Koppen (Cabral, 1995) apud Oliveira & Souza (1997). As precipitações são muito abundantes, com média acima de 2500mm ao ano. No período de dezembro a maio, período mais chuvoso, a precipitação chega a atingir 400mm, enquanto que no mês de novembro, mês que chove com menor intensidade, a precipitação não atinge 30mm. A umidade relativa do ar é superior a 85% ao longo de todos os meses do ano (RADAM, 1974). 2.2 VEGETAÇÃO A vegetação que ocorre na área está condicionada a fatores climáticos, geomorfológicos e antrópicos, sendo definidos três tipos que predominam na região, que são a vegetação de floresta densa, a vegetação de várzea e as florestas secundárias, também denominadas de “capoeira”, resultante da devastação da floresta, acompanhada por uma regeneração natural, em princípio com ervas e arbustos heliófilos de larga distribuição (RADAM, 1974). Trabalho de Curso – Íris Celeste Nascimento Bandeira 10 Áreas com vegetação são favorecidas para infiltração de água no solo, pois as raízes abrem o caminho para água. Área como todo tem um grande potencial para infiltração da água. 2.3 SOLO De acordo com RADAM, 1974, na região de Barcarena são observados predominantemente três tipos de solo: Latossolo Amarelo Distrófico; Podzol Hidromórfico; Concrecionário Laterítico. • O latossolo Amarelo Distrófico É um solo muito espesso, de textura média a muito argilosa, com alta capacidade de troca iônica, um baixo conteúdo de carbono orgânico, alta saturação em alumínio, baixo conteúdo de fósforo assimilável e alto conteúdo de fósforo total. Esse tipo de solo é resultante da Formação Barreiras, formando um relevo plano sob floresta densa. • O podzol Hidromófico É constituído por sedimentos arenosos, pertencentes ao quaternário, encontra-se bem drenado e com ausência de materiais primários de decomposição. • O concrecionário Laterítico É um solo constituído por sedimentos argilosos ou areno-argilosos, com presença de concreções ferruginosas. Moderadamente espesso, formado em superfície planas ou suavemente onduladas e solo de floresta densa. Nas ilhas estão presentes os solos hidromórficos indiscriminados, eutróficos e distróficos; hidromórficos gleisados, como o gley pouco húmico e aluvial eutróficos e distróficos: Trabalho de Curso – Íris Celeste Nascimento Bandeira • 11 A laterita Hidromórfica é um solo desgastado e ácido rico em sesquióxidos e pobre em húmus. A profundidade varia de 17 a 52 cm. A coloração é vermelha, cinza ou branca ocasionada pela presença de um material mosqueado e outro argiloso intemperizado. • A areia quartzosa é um solo facilmente lixiviável, árido, com baixa atividade de argila e saturação. A textura é arenosa de textura fraca, granular ou maciça porosa, se desfazendo em grãos simples. 2.4 RELEVO A topografia da região estudada se divide em cinco planos altimétricos, de acordo com o padrão regional, o qual caracteriza-se por um relevo suavemente ondulado a plano (RIMA ALBRAS/ ALUNORTE, 1984 - Tabela 01. Tabela 01– Descrição dos níveis altimétricos da área em estudo (Modificado de RIMA ALBRAS/ ALUNORTE, 1984). Nível Altimétrico 0–3 3–5 5 – 12 12 – 15 10 – 14 Descrição Várzea baixa, alagável constantemente Várzea alta, alagável periodicamente Tesos Falésias do Rio Pará Terras firmes de nível superior Segundo ALBRAS/ ALUNORTE, 1984 as várzeas são representadas pelos terrenos baixos e relativamente planos que se encontram junto às margens dos rios. Na região, as várzeas altas são compostas por restingas, diques e cordões arenosos, com níveis altimétricos variando entre 3 a 12 m, enquanto que as várzeas baixas são representadas por igapós e lagos, com níveis altimétricos variando entre 0 a 3 m. A drenagem é composta por rios que sofrem constante influência das marés. Trabalho de Curso – Íris Celeste Nascimento Bandeira 12 Os terraços são elevações que ficam fora do alcance das águas, por ocasiões das inundações. Apresentam níveis altimétricos variando entre 5 a 12 m. São os terraços ou níveis baixos associados à planície quaternária. A drenagem é caracterizada por rios e retrabalhamento dos terraços (RIMA ALBRAS/ ALUNORTE, 1984). As terras firmes são representadas pelos terrenos de baixo Planalto Amazônico, que estão fora da ação das águas dos rios e das marés. Nestas áreas, o nível altimétrico varia entre 10 a 30 m. São os platôs terciários, com drenagem superficial relativamente inexistente. Sendo assim para este estudo as áreas mais planas tendem sofrer mais infiltração. Ou seja, em termos gerais a área tem relevo suavemente ondulado, induzido que em escala de 1: 10000 e em termos topográficos e geomorfologicos esta área possui permeabilidade em quase toda sua totalidade. 2.5 HIDROGRAFIA A hidrografia de Barcarena é composta pelos rios Arienga, Arapiranga, Barcarena, Itaporanga, Murucupí e Dendê, e pelos Igarapés Cujarí, Tauá, Japinzinho, Água Boa, Arumandeua, Água Verde, Guajará, Icarau, Turui, Mucuripe, Pau Amarelo Bacuri, São Felipe, Tucumandeua e Maçarapo, assim como o “furo” do Arrozal, cafezal, Araquiça e Arapari, sendo que a maioria destas águas deságuam na baia do Marajo que possui elevada turbidez devido a ocorrência de grandes quantidades de argila em suspensão e, no período de estiagem(julho a novembro) suas águas tornam-se salobras devido a penetração das águas oceânicas (Júnior, 2003). Barcarena esta inserida na sub região hidrográfica costa atlântica nordeste e na bacia hidrograica dos Rios Guama-Moju,.As principais drenagens que compões esta Sub-Bacia são os Rios Guamá, Capim, Acará, Moju, Aiu-Açu, Acará Miri e Camari. Trabalho de Curso – Íris Celeste Nascimento Bandeira 13 2. ASPECTOS GEOLÓGICOS 3.1 GEOLOGIA REGIONAL A área estudada tem sua geologia representada por sedimentos do Mioceno Inferior, correspondentes à Formação Pirabas, sedimentos Miocênico-Pleistocênicos do Grupo Barreiras e sedimentos aluvionares atuais pertencentes ao Quaternário recente (tabela 02). 3.1.1Formação Pirabas A Formação Pirabas faz parte do quadro geológico da região nordeste do estado do Pará, mas ocorre também nas faixas da costa dos estados do Maranhão e Piauí. no nordeste do estado do Pará, apesar da grande extensão em subsuperfície, aflora descontinuamente no litoral (zona do Salgado) e no interior do continente (zona Bragantina). O afloramento de maior expressão está localizado na ilha de Fortaleza, no município de São João de Pirabas, estado do Pará. Essa formação representa uma importante unidade litoestratigráficas do cenozóico brasileiro (Maury, 1925; Ferreira 1966, 1977,1982). A litologia da Formação Pirabas é caracterizada por leitos de calcário, ricamente fossilíferos, de coloração amarelada ou acinzentada, alternados com argilas e areias. Às vezes são calcários duros de coloração cinza, intercalados com camadas de argila calcífera em leitos sucessivos. Esta sucessão forma a base da Formação Pirabas. A parte superior é formada por calcário, compacto, disposto em camadas horizontais, sendo muito fossilífero. A Formação Pirabas por ser de origem transicional a marinha tende a apresentar melhor continuidade lateral de suas unidades sedimentares, com fácies arenosa importante, o que nem sempre acontece, face a presença de sub-bacias de deposição. Trabalho de Curso – Íris Celeste Nascimento Bandeira 14 Segundo Matta (2002), esta unidade ocorre, na região de Belém e Ananindeua, em profundidades abaixo de 80 a 100m sendo. A extensão lateral é de grande expressão, com gradação em direção à plataforma para os sedimentos da Formação Amapá e na direção da Ilha do Marajó para os sedimentos da Formação Marajó. (Schaller et al., 1971 apud Sauma Filho, 1996).. Entretanto, na região de Barcarena e adjacências essa formação não se encontra a profundidades de até 250 metros, devido à mesma estar situada, provavelmente, no Graben de Mexicana. Todavia, deve ser considerada neste trabalho, uma vez que é possível que a mesma ocorra a profundidades superiores a 300 metros (IPT, 1984). 3.1.2Grupo Barreiras O Grupo Barreiras constitui uma cobertura sedimentar terrígena continental, de idade pliocênica, depositada por sistemas fluviais entrelaçados associados a leques aluviais, planícies de areia, planícies de lama, sendo provável influência das marés (Rosseti et al., 1989). Esses sedimentos ocorrem sob a forma de falésias ou terraços nas margens dos rios e têm grande ocorrência no litoral brasileiro, estendendo-se desde o vale amazônico, toda região costeira, norte e nordeste, até o estado do Rio de Janeiro. Para o sul, seqüências equivalentes têm sido encontradas até o Uruguai. O Grupo Barreiras é constituído por uma seqüência de sedimentos siliciclásticos, que variam de argilas multicoloridas a sedimentos inconsolidados argilo-arenosos e areno-argilosos, geralmente apresentando uma coloração amarelada, alaranjada e avermelhada, às vezes com leitos de material grosso a conglomerático. Observa-se ainda níveis descontínuos de um arenito ferruginoso (Grês do Pará) em blocos soltos, irregulares e de tamanhos variados (Mabessone,1987). Trabalho de Curso – Íris Celeste Nascimento Bandeira 15 A idade do Grupo Barreiras é atribuída com base em estudos peleontológicos, baseados em palinomorfos, tendo sido sugerida a idade Mioceno-Plioceno (Arai et al., 1988). 3.1.3 Pós-Barreiras O termo “Pós-Barreiras” foi designado por Silva & Loewenstein (1968) para caracterizar os sedimentos amarelados, inconsolidados e apresentando uma coloração amarelada, sobrepostos às camadas do Grupo Barreiras. É constituído litologicamente por sedimentos areno-argilosos, compostos principalmente por grãos de quartzo e frações de silte e argila, com leitos finos de seixos de arenitos ferruginosos (Silva & Loewenstein, 1968.). 3.1.4 Sedimentos Recentes Os sedimentos recentes são representados por pântanos, mangues, terraços marinhos, campos de dunas colonizadas, barras, praias e cordões litorâneos atuais, além de dunas costeiras. São compostos por areias, siltes e argilas intercaladas. Sua espessura é variada, podendo chegar, no máximo, a 50 m. (Costa et al., 1991). É comum a ocorrência de argilas orgânicas, com restos vegetais, bioturbadas e intercaladas a siltes e areias finas, com espessuras milimétricas a centimétricas. 16 Trabalho de Curso – Íris Celeste Nascimento Bandeira Tabela 02 - Coluna estratigráfica. Modificada de Sauma Filho, 1996; Picanço, 1999 e Araújo 2001. E R A PERÍODO Q U A T E R N Á R I O C E N O Z Ó I C A ÉPOCA Holoceno Pleistoceno Mioceno/ Pleistoceno T E R C I Á R I O Mioceno/ Oligoceno UNIDADE GEOLÓGICA Sedimentos Recentes Formação Pós Barreiras Grupo Barreiras Formação Pirabas DESCRIÇÃO Sedimentos inconsolidados constituídos por areias quartzosas, às vezes, contendo matéria orgânica, argilas, argilas orgânicas e siltes intercalados, distribuídos nos leitos dos igarapés. Sedimentos inconsolidados arenoargilosos a argilo-arenosos, coloração amarelada a avermelhada, granulação variando de fina a média, com grânulos de quartzo e blocos de arenitos ferruginoso. Sedimentos siliciclásticos representados por argilas, siltes, arenitos, leitos conglomeráticos, com baixo grau de compactação e coloração variegada. Podem apresentar nódulos e concreções ferruginosas. Calcário, argila e areia com leitos alternados, sendo às vezes muito fossilífero. Algumas fáceis com argilas negras apresentando vegetais piritizados e carcinólitos. Outras fáceis com calcários puros e compactos , com teores elevados de SiO2 e MgO. 3.2 Geologia Local 3.2.1 Grupo Barreiras: Esta na maior parte de barcarena Argilas, silte e areia fina podendo apresentar leitos de areias e conglomerados. Ocorrem ainda arenitos ferruginosos “Grés do Pará” e níveis conglomeráticos quartzosos. A geologia de subsuperficie indica que os sedimentos aluvionares ocorrem em profundidades ate 12m (Rodrigues, 1999). e através de furos de sondagem feitos por IPT(1984) na área da Trabalho de Curso – Íris Celeste Nascimento Bandeira 17 Albras não foram encontrados ocorrências de níveis carbonaticos em poços ate 250m, isso reforça a tese de que esta região no passado foi depositada um pacote sedimentar constituído por um conjunto de aluviões e sedimentos barreiras com espessura superior a 300m. Através da geologia de subsuperficie percebe-se que as áreas com maior permeabilidade estão na porção sudoeste do mapa geológico. Ou seja, isto se torna importante, pois áreas com maior permeabilidade são mais vulneráveis a contaminação de aquíferos. Segundo a Secretaria Executiva de Indústria, Comercio e Mineração – SEICOM superficialmente a geologia da área estudada é composta por sedimentos aluvionares do quaternáiro, sedimentos pós-barreira e barreiras. 3.2.2 Sedimentos Pós-Barreiras: porção norte e nordeste de barcarena ILHA TRAMBIOCA, ILHA DAS ONÇAS, ILHA DO ARAPARI Sedimentos argilo-arenosos de cor geralmente amarela e avermelhada nas porções inferiores, com pouca ou nenhuma estrutura primária. 3.2.3 Formações Lateríticas: Lateritos imaturos cobertos parcialmente por latossolos. Apresentam um horizonte argiloso correspondente a porção superior com caulinita e gibsita, um horizonte ferruginoso com largas massas de óxido de ferro e um bauxítico com alta concentração de gibsita nas porções intermediárias do perfil laterítico, e ainda um horizonte saprolítico com frações preservadas de rocha matriz na porção basal. 3.2.4 Sedimentos Aluvionares: estão distribuídos na porção noroeste, ou seja, nas zonas de praias e estão caracterizados por sedimentos compostos de argilas brancas e avermelhadas, areia branca inconsolidadas, granulação fina a média, localizadas nas zonas de praias e estirâncios, além de domínios das varzeas periodicamente inundadas por rios, igarapés e furos (drenagem de ligação entre dois rios). Trabalho de Curso – Íris Celeste Nascimento Bandeira Figura 02: Mapa geológico de Barcarena (Fonte SEICOM, 1999). 18 Trabalho de Curso – Íris Celeste Nascimento Bandeira 19 4. OCUPAÇÃO URBANA A partir dos anos 70 verifica-se que a dinâmica populacional começa a sofrer transformações na estrutura produtiva da região, devido principalmente a implantação do complexo ALBRAS/ALUNORTE. Desde então, a região sofreu um elevado crescimento populacional, acompanhado por um grande processo de urbanização. Dessa forma, vários municípios foram criados, entre eles destaca-se a Vila dos Cabanos, Laranjal, São Francisco, Vila Nova, Itupanema e Vila do Conde. A Vila dos Cabanos, denominada inicialmente de Barcarena Nova, foi implantada a partir dos primeiros anos da década de 80, com o objetivo de dar apoio urbano ao projeto ALBRAS/ALUNORTE e a uma série de outras atividades produtivas que deveriam compor o complexo industrial de Barcarena. Avaliando-se a Vila dos Cabanos nos dias de hoje, observa-se que existe uma grande distância entre o que foi proposto em seu plano urbanístico e o que se acha realmente implantado. Embora fosse idealizada como cidade “aberta”, a Vila dos Cabanos é hoje um espaço urbano eminentemente segregado, ocupado quase que exclusivamente por funcionários da ALBRAS e suas famílias (IDESP, 1991). A localidade de Laranjal constitui atualmente um bairro periférico de Vila dos Cabanos. O aglomerado populacional do Laranjal surgiu com o objetivo de abrigar a população que teve suas terras desapropriadas no processo de implantação do complexo ALBRAS/ALUNORTE. Das pessoas consideradas economicamente ativas, a maior parte presta serviços para o projeto ALBRAS e para as empreiteiras ou para os moradores da Vila dos Cabanos. O abastecimento de água encanada é precário, agravando ainda mais as condições de saneamento básico da área, uma vez que já é bastante deficiente devido à inexistência de rede de esgotos sanitários (IDESP, 1991). Trabalho de Curso – Íris Celeste Nascimento Bandeira 20 Até 1952, São Francisco foi sede do município de Barcarena. A partir de 1980 sofreu um acelerado crescimento populacional decorrente da sua transformação em local de moradia de segmentos sociais de baixa renda, bem como, da instalação de pequenos estabelecimentos de natureza quase que exclusivamente terciária. Em São Francisco, as edificações são quase todas de madeira, grande parte encontrando-se em precário estado de conservação. O abastecimento de água é feito através de rede pública, que atinge quase todas as edificações da localidade. Os usuários reclamam, sobretudo, da qualidade dessa água, que segundo eles é excessivamente ferruginosa.(IDESP, 1991). Vila Nova está situada à margem direita do rio Pará, próximo ao núcleo populacional de Itupanema. Foi criada com o objetivo de proporcionar assentamento para famílias que ficaram desprovidas de local para moradia, em decorrência das desapropriações ocorridas na região. As edificações de Vila Nova são na grande maioria de madeira, com exceção de alguns poucos prédios de alvenaria, que abrigam, sobretudo pequenos comércios. As redes de abastecimento de água e de fornecimento de energia elétrica foram implantadas em decorrência de reinvidicações e pressões exercidas pelo centro comunitário junto ao poder público (IDESP, 1991). Pré - existente ao projeto ALBRAS, Itupanema está situada à margem direita do rio Pará, em um platô posicionado cerca de oito metros acima do nível do mar. Servia como local de moradia de uma população voltada ao mesmo tempo para a pesca, a caça, o extrativismo vegetal e para o cultivo de pequenas lavouras. A partir dos anos 80, grande parte da mão-deobra de Itupanema mudou de atividade, passando a exercer trabalho de cunho predominantemente terciário. A madeira e a taipa são os materiais mais encontrados nas moradias, embora edificações de alvenaria já venham sendo construídas. Dispõe de redes de energia elétrica e de abastecimento de água atendendo quase toda sua população. No entanto, 21 Trabalho de Curso – Íris Celeste Nascimento Bandeira não apresenta rede de esgotos sanitários. A solução para esse problema é a construção de fossas, geralmente nos fundos dos lotes (IDESP, 1991). De maneira geral Barcarena esta urbanizada na porção noroeste a norte do mapa, além de algumas residências a longo das estradas, sendo que as industrias estão concentradas na porção sudoeste do município de Barcarena (Figura 21). 776 752 9856 A A RAP IR AN GA 9856 780 9848 BA IA 740 9836 Cafezal o rit l r ia st du In Area de poteçõ Ambiental or ro n São Vicente CDI Jupariquara Porto Arapari Guajará do Icaraú Bacharela São Luís São Felipe Colônia do Japiim Rosário PA 51 1 Turuí - 784 9828 ari rap st Di El e t Vila do Conde ás Vila São Francisco aA Ilh Al b r te Companhia Docas Al un ort do Pará e - C.D.P. a no s s C ab S HA EU IL AT M O SÃ do Vil a Porto Vila do Conde 9836 BARCARENA Vila de Itupanema 9820 740 BAIA DO GUAJARÁ ILH A D DO M A R Ilha de Trambioca AS O N ÇA S A JÓ IL HA DA MU CU RA ILH 748 9848 Espanha Pedral Guajarauna Castanhalzinho Arienga 1.5 0 Legenda City Bovine Locality Equine Village Eletric Power Line 4.5 Km Bridge Path Road Paved Road Rivers, streams and island Figura 03: Mapa de ocupação do meio físico (fonte SEICOM 1999) 784 9812 Trabalho de Curso – Íris Celeste Nascimento Bandeira 22 5. ASPECTOS HIDROGEOLOGICOS 5.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS A água subterrânea que e captada no município de Barcarena, quando comparadas com as de outras localidades nas proximidades de Belém, mostram certa semelhança, principalmente no que se refere à acidez, à baixa dureza, à baixa condutividade elétrica e à pobreza em determinados cátions, principalmente o cálcio. Embora apresentando teores de ferro relativamente elevados, em determinados pontos, suas águas podem ser consideradas de potabilidade aceitável para o consumo humano (Lima & Kobayashi, 1988). Os aqüíferos da região de Barcarena são constituídos por sedimentos aluvionares do quaternário (aquiferos livres) e por sedimentos Terciários do Grupo Barreiras (aqüífero semi confinado). Os aqüíferos da Formação Pirabas não ocorrem na área, pelo menos até a profundidade de aproximadamente 300 metros (IPT, 1984). O Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) identificou na área da ALBRAS um aqüífero superior e um inferior, pertencentes ao sistema aqüífero Barreiras. O aqüífero superior é caracterizado por uma matriz arenosa, fina a média e espessura variável. O aqüífero inferior é caracterizado por uma matriz arenosa, grosseira, heterogênea e com espessura relativamente constante. Ambos os aqüíferos são semiconfinados. O superior por siltitos e argilas, enquanto que o aqüífero inferior está semiconfinado por argilas e uma camada laterítica na base do aqüífero superior ou topo do inferior. Os parâmetros hidrodinâmicos do aqüífero superior e inferior foram determinados através do ensaio de bombeamento e testes de produção. De acordo com esses ensaios, os poços no aqüífero superior apresentam ama vazão de 35.6 m3/h, para um rebaixamento de 0.328 m, num período de 4 min. A transmissividade desse aqüífero é de 19.86 m2/h e o coeficiente de armazenamento 4.65 x 10-4. Através dessas avaliações o aqüífero inferior pôde ter suas Trabalho de Curso – Íris Celeste Nascimento Bandeira 23 propriedades hidráulicas determinadas, sendo sua transmissividade de 56.47 m2/h e o coeficiente de armazenamento de 2.8 x 10-4 (IPT, 1984). Os poços nesse aqüífero apresentam vazão de cerca de 180 m3/h, para um rebaixamento de 0.1 metros, num período de 12 minutos. O aqüífero Barreiras é o principal aqüífero captado pelos poços da região. 5.2 USO DA ÁGUA Segundo Almeida (2004) o município de Barcarena e abastecido pela rede publica, por poços escavados, artesianos e tubulares, alem de igarapés. A principal forma de abastecimento de água de Barcarena e feita por poços, com mais de 50% de predominância. Sendo que os poços escavados (Amazonas) prevalecem em relação aos poços artesianos. Já o abastecimento através da rede pública é de 40% e por igarapés não ultrapassa o 1% .É importante que se esclareça que, os poços ditos artesianos pela população local, em sua grande maioria, não podem ser considerados tecnicamente como artesianos, mas são poços tubulares, quase sempre freáticos (Almeida 2004). A água subterrânea na região estudada é consumida por um conjunto de usuários, onde estão incluídos indústrias, condomínios, lava-jatos, postos de combustíveis, o sistema público de abastecimento, escolas, etc. Os poços para abastecimento público e industrial predominam nos municípios de Barcarena. No caso dos poços para suprir as necessidades industriais, principalmente localizadas na região de Barcarena, a maioria dessas obras obedece aos critérios estabelecidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e foram construídas por empresas regulares no mercado e nos órgãos de fiscalização (CREA/PA). Trabalho de Curso – Íris Celeste Nascimento Bandeira 24 Os poços de particulares e condomínios, com raras exceções são poços mal construídos, fora das mínimas condições técnicas e de higiene. Há uma predominância, na área estudada, de poços com menos de 25 metros de profundidade, a maioria perfurada manualmente, sem qualquer preocupação técnica ou cuidados de higiene. São os poços escavados descritos no item 5.6. e que se encontram espalhados por toda a área estudada. Essa proliferação dos poços escavados são conseqüência do deficiente sistema de abastecimento de água através dos poderes constituídos. A atividade de construção de poços “de quintal”, representada unicamente por poços do tipo escavado (Amazonas), principalmente na zona periférica das cidades carrega, quase sempre, a associação poço / fossa, que se constitui um dos problemas mais sérios, não existindo a distância mínima recomendada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT (30 metros). Esses poços escavados, bem como aqueles poços tubulares rasos, construídos fora dos mínimos padrões técnicos, passam a constituir um risco potencial na condução das cargas poluentes até as camadas aqüíferas. A situação é mais preocupante quando se ultrapassa camadas confinantes para atingir camadas aqüíferas confinadas e, ao romper esse selo de proteção, a construção do poço de forma incorreta possibilita a contaminação desses aqüíferos menos vulneráveis (Matta, 2002). 5.3 QUALIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Este estudo foi elaborado para saber se já existe alguma contaminação no aquifero superior da área em estudo. Pois para se fazer um planejamento e necessário saber as condições em que se encontra o meio ambiente. Trabalho de Curso – Íris Celeste Nascimento Bandeira 25 5.3.1Metodologia ¾ Foram cadastros 12 poços e plotados no mapa de localização de poços (Figura 03) Na fase de campo realizada no dia 18 de julho de 2005 (período não chuvoso) foram coletadas 12 amostras de água para analise hidroquímica. sendo que o pH, os valores de STD e condutividade elétrica, foram retirados no campo utilizando respectivamente o peagâmetro e o condutivimetro portátil. Também foram determinadas as coordenadas geográficas, de cada poço visitado, através do “Global Positioning System – GPS”. ¾ As amostras de águas coletadas foram analisadas segundo os aspectos físico-químicos (Tabela 03), nos Laboratórios de Hidroquímica e Cromatografia do Centro de Geociências da Universidade Federal do Pará. A maioria dos parâmetros foram feitos através de cromatografia, com a utilizando o aparelho PEAKENET, com exceção da condutividade que foi analisada pelo método tradicional (Titulação). 26 Trabalho de Curso – Íris Celeste Nascimento Bandeira Tabela 03.Localização dos poços no qual forma realizadas as analises físico-química das águas do aqüífero livre em Barcarena e os valores destes parâmetros. ID 1 2 3 4 5 6 10 E N Alcalini dade (mg/l) Na (mg/l) K (mg/l) Ca (mg/l) Mg (mg/l) NH4 (mg/l) SO4 (mg/l) Cl (mg/l) NO3 (mg/l) PO4 (mg/l) Br(mg/l) C.E (μs/c) STD (mg/l) pH Itupanema Invasão Novo Horizonte/Pau Azul Px Trevo do Peteca Escola Santa Rosa Arienga 754255 9832548 0,000 3,1972 0,4282 1,0394 0,2556 0,0000 0,0000 3,1794 5,9332 0,0000 0,0000 26,1 19 4,69 758048 9830675 34,285 11,7262 1,2534 12,9610 0,6347 0,0000 1,3418 6,0806 31,8752 0,0000 0,0000 155,6 73 6,09 752728 9825142 4,285 5,0477 0,2869 0,1930 0,0942 0,0000 2,6397 2,5672 5,8249 0,0000 0,0000 3,9 2 4,58 751539 9821228 0,000 2,1320 0,6675 0,7183 0,3912 0,0000 1,2344 3,0309 6,0546 0,0000 0,0000 40,4 19 4,44 Ferinha Px Vila do Conde Bairro Novo (Escola Palmira Gabriel) 757901 9819214 0,000 1,8452 2,2747 0,1203 0,1795 0,0000 0,0000 3,2117 3,2544 0,0000 0,0000 37,3 17 4,25 749678 9826798 0,000 34,0032 1,3334 2,5527 1,9128 1,1016 0,0000 41,0831 99,2331 0,3789 0,0000 311,0 147 3,80 765075 9831707 0,000 51,3641 1,5019 0,6145 0,2182 0,0000 0,0000 92,2480 44,2717 0,6863 0,0000 4,0 2 4,25 11 766284 9833314 0,000 2,0610 0,1867 0,0000 0,2765 0,0862 1,1374 2,7321 4,3831 0,0000 0,0000 36,5 17 4,18 12 Trevo 767427 9826444 0,000 1,6564 0,3660 0,2654 0,3190 0,0785 0,4306 2,4739 4,6263 0,0000 0,0000 3,9 2 4,11 13 São Felipe 773677 9823744 0,000 1,3979 0,1791 0,2348 0,1570 0,1382 0,0000 1,9885 0,0000 0,7219 3,2686 3,9 2 4,09 14 Monte Santo 767764 9821494 0,000 2,2763 0,3002 0,1283 0,1781 0,0628 1,1062 2,9628 0,0000 0,0000 3,3805 3,9 2 3,88 15 Guajará da Serraria 761463 9823518 0,000 2,5553 0,2804 0,3643 0,3071 0,0966 0,0000 2,3606 10,1444 0,0000 9,4369 3,9 2 3,65 5.3.2 Análise dos resultados Serão apresentados neste item os resultados obtidos com a campanha de qualidade de água relacionadas as características físico-químicas do aqüífero barreiras. 5.3.2.1 Interpretação dos Parâmetros Físico-Químicos De acordo com os dados da tabela anteriormente apresentada, foram confeccionados todos os gráficos (histogramas, mapas de isoteores e o diagrama de Piper), que aqui serão apresentados, para uma melhor visualização da distribuição dos parâmetros analisados na área. 5.3.2.1.1 Parâmetros Físicos 9 Temperatura: trata-se da temperatura da água no momento da coleta das amostras e influenciará os valores de condutividade elétrica bem como as principais reações químicas típicas do meio aquoso. 9 Condutividade Elétrica (μS/cm): é a medida da facilidade de uma água conduzir a corrente elétrica, estando diretamente ligada com o teor de sais dissolvidos sob a forma de íons. A condutividade elétrica aumenta com a elevação da temperatura. Para as águas subterrâneas, a análise desse parâmetro é de fundamental importância, uma vez que essa propriedade mede o grau de salinidade dessas águas que, por sua vez, está diretamente associada à potabilidade para consumo humano. Quando a água subterrânea provém de terrenos cristalinos, sendo explotada de zonas de fraturas, normalmente os valores de condutividade elétrica são altos e devem ser monitorados no sentido de evitar teores acima dos permitidos pela legislação vigente. Os valores da condutividade para cada amostra variam 27 de acordo com a temperatura, e caracterizam uma faixa de variação, ficando entre 3,9 μS/cm e 311 μS/cm. (Figura 06). CONDUTIVIDADE ELÉTRICA 350 µS/cm 300 250 200 150 100 50 0 1 3 5 7 9 11 13 15 Amostra Figura 04 – Valores relacionados com a temperatura e a condutividade Figura 05 Mapa de Isovalores da condutividade na região de Barcarena-Belém-Pará. 28 5.3.2.1. 2 Parâmetros Químicos 9 Alcalinidade (mg/l CaCO3): é definida como a capacidade de uma água neutralizar ácidos, sendo uma consequência da presença e/ou ausência de carbonatos e bicarbonatos, ou seja, no geral as amostras tem baixa alcalinidade. ALCALINIDADE 35 30 (mg/l) 25 20 15 10 5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Amostra Figura 06– Valores relacionados com a alcalinidade. Sólidos Totais Dissolvidos – STD (mg/L): é o peso total dos constituintes minerais presentes na água, por unidade de volume. Representa a concentração de todo o mineral dissolvido na água, ou seja, não volátil. Os valores de STD obtidos vaiaram entre 2 a 147 mg/L. Como o valor máximo de STD admitido pela Portaria Nº 518/2004, do Ministério da Saúde, para águas de consumo humano, é de 1000 mg/L, e como todas as amostras têm valores inferiores a esse limite de potabilidade, não há restrição para o consumo humano dessas águas. STD (mg/l) 9 160 140 120 100 80 60 40 20 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Amostra Figura 07 – Variação dos STD na Área de Barcarena 29 9 pH É a medida da concentração de íons H+ na água. O balanço dos íons hidrogênio (H+) e hidróxido (OH-) determinam quanto ácida ou básica ela é. As águas quimicamente puras teriam os íons H+ em equilíbrio com os íons OH-, tornando seu pH neutro, ou seja, igual a sete. Os principais fatores que determinam o pH da água são o gás carbônico dissolvido e a alcalinidade. A Portaria N0 518/2004, do Ministério da Saúde, estabelece a faixa de potabilidade entre 6,0 e 9,5, enquanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) estabelece a faixa de 6,5 – 8,5 como a da potabilidade. Verifica-se que na área, apenas a amostra do poço 2 esta nos padrões, pois as outras amostras o pH varia de 3,8 a 4,69. Segundo Dias 2004 apesar desses valores se encontrarem abaixo daqueles recomendados pela legislação vigente, não chega a ser uma restrição, já que esses valores refletem apenas a acidez regional característica das águas amazônicas. pH 7 6 5 4 pH 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Amostra Figura 08 – Valores para o pH De acordo com mapa de isovalores do pH na área de estudo (Figura 04), nota-se um aumento dos valores de pH para noroeste. 30 Figura 09 – Mapa de Isovalores do pH na região de Barcarena-Belém-Pará 9 Sódio – Na+ (mg/L): é um dos metais alcalinos mais importantes e abundantes nas águas subterrâneas. Seus principais minerais fonte (feldspatos plagioclásios) são pouco resistentes aos processos intempéricos, principalmente os químicos. Os sais formados nestes processos são muito solúveis. O sódio é o principal responsável pelo aumento constante da salinidade das águas naturais do ponto de vista catiônico. (Santos, 2000). As águas com concentrações elevadas de sódio são prejudiciais às plantas por reduzir a permeabilidade do solo, sendo especialmente nocivas quando as concentrações de Ca e Mg são baixas. (Santos, 2000). Os vares obtidos para o sódio estão dentro do valor recomendado para água potável pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela portaria 518/2004 que é de 200 mg/L. (Figura 09). 31 Sódio 60 (mg/l) 50 40 30 20 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Amostra Figura 10 – Valores para o Sódio Potássio – K+ (mg/L): O potássio é um elemento químico abundante na crosta terrestre, mas ocorre em pequena quantidade nas águas subterrâneas, pois é facilmente fixado pelas argilas e intensivamente consumido pelos vegetais. Seus principais minerais fontes são: feldspato potássico, mica moscovita e biotita, pouco resistentes aos intemperismo físico e químico. Nas águas subterrâneas seu teor médio é inferior a 10mg/L, sendo mais freqüente valores entre 1 e 5mg/L (meio ambiente 2005). Potássio 2,5 2 (mg/l) 9 1,5 1 0,5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Amostra Figura 11– Valores relacionados ao potássio 32 9 Magnésio – Mg+ (mg/L): Os sais de magnésio possuem elevada solubilidade, sendo difícil precipitar., os valores deste parâmetro serão utilizados para o diagrama de piper 9 Cálcio - Ca2+ (mg/L): é o elemento mais abundante existente na maioria das águas e rochas do planeta Terra. Os sais de cálcio possuem moderada a elevada solubilidade, sendo muito comum precipitar como carbonato de cálcio (CaCO3). É um dos principais constituintes da água e o principal responsável pela dureza. Os valores deste parâmetro serão utilizados para o diagrama de piper 9 Brometo (Br-) Possui comportamento químico semelhante ao do cloreto e é interessante ser estudado para o entendimento da origem das águas salgadas (Feitosa & Manoel Filho, 1997). Na primeira coleta houve 4 amostras que deram valores muito altos, intrigados pelo fato fomos fazer novamente a coleta e os valores de brometo deram normais em relações aos padrões de potabilidade. 9 Nitrato (NO-3) O nitrato representa o estágio final da oxidação da matéria orgânica e teores acima de 5mg/L podem ser indicativos de contaminação da água subterrânea por atividade humana (esgotos, fossas sépticas, depósitos de lixo, cemitérios, adubos nitrogenados, resíduos de animais etc.). Porém, para a OMS e para o Ministério da Saúde (Portaria N0 518/2004), o valor máximo aceitável para consumo humano é 10 mg/L N-NO3-. Este parâmetro é considerado, nos dias atuais, um dos parâmetros de maior importância no estudo da contaminação dos sistemas aqüíferos. Isso é conseqüência do incremento das atividades agrícolas e de lançamentos indiscriminados de esgotos na superfície terrestre, como já mencionado acima. Apesar de um parâmetro importante para agricultura, o nitrato é prejudicial à saúde humana. existem indicativos de correlações entre ocorrências de câncer gástrico em populações que teriam ingerido águas com altos teores de nitrato (Hill et al., 1973). 33 Diante do risco apresentado, o Ministério da Saúde estabeleceu, através da Portaria nº 518/2004, que a concentração de nitrato na água para consumo humano não deve exceder 10 mg de N-NO3-/L (correspondente a 45 mg/l, calculado como NO3- ). Na primeira coleta de água os valores de NO3- obtidos não ultrapassaram 6,05 mg/L, sendo que em 05 amostras (41%) não houve a presença deste ânion (Figura 11). Contudo, a amostra de água do poço 02, apesar de estar dentro do padrão de potabilidade, já que apresentou 31,87 mg/L, merece atenção pelo caráter acumulativo da substância e sua alta mobilidade no aqüífero. Mas devido altos valores dos teores de brometo, foi feito uma nova analise nas amostras 6,10 e 15. A mostra 15 obteve 10,14mg/L , a amostra 10, ficou no limiar dos padrões com 44,28 mg/L e a amostra 6 ultrapassou o limite de potabilidade com 99,23 mg/L. Indicando assim que o poço da amostra 6 deve estar sendo influenciado por contaminação. NO3 35 30 (mg/l) 25 20 15 10 5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Amostra Figura 12 – Valores para o Nitrato, ainda na primeira coleta de água, no período não chuvoso. 34 Figura 13 – Mapa de Isovalores do Nitrato na região de Barcarena-Belém-Pará De acordo com o mapa de isovalores do nitrato (Figura 13), verifica-se um aumento de valores das isolinhas no sentido noroeste. 9 Amônia NH4+ A formação de amônia é feita através de processos de decomposição da matéria orgânica dissolvida e particulada. Nas águas subterrâneas se encontra em condições redutoras e em pequenas quantidades (Mathess, 1982 apud Costa, 2002). Com relação aos teores de amônia, todas as amostras estão dentro do limite máximo permitido pela portaria No 518/2004 que é de 1,5 mg/L (Figura 14). 35 (mg/l) NH4 Figura 1,8 1,6 1,4 1,2 1 0,8 5.23– Valores para a amônia 0,6 0,4 0,2 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Amostra Figura 14 – Valores para Amônia 9 Sulfato – SO-24 (mg/L): são sais moderadamente solúveis a muito solúveis. Com relação aos teores de sulfato, todas as amostras estão dentro do limite máximo permitido pela portaria No 518/2004 que é de 250 mg/L (Figura 14). SULFATO 3 2,5 (mg/l) 2 1,5 1 0,5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Amostra Figura 15 – Valores para Sulfato 9 Cloreto - Cl - (mg/L ) : é em geral muito solúvel , dificilmente precipita. A alta solubilidade e o lento movimento das águas no aqüífero vão provocando aumentos gradativos e constantes dos teores dos teores de cloretos nas águas subterrâneas na direção do fluxo, o que influencia na salinidade da água. 36 As fontes dos cloretos nos corpos hídricos são de origem antrópica, especialmente de esgotos sanitários e de resíduos industriais. Este parâmetro constitui padrão de potabilidade, pois provoca sabor nas águas e são corrosivos para estruturas de metal, incrustações em tubos de revestimento, aumento da dureza das águas e ações negativas no metabolismo de organismos. Além disso, interferem no tratamento das águas residuárias. Provocam ainda, alterações nas análises de DQO. Nas amostras analisadas, os valores obtidos para cloreto, ficaram entre 1,98 e 92,2 mg/L, (Figura 16). Todas as amostras analisadas, estão dentro do padrão do teor de cloreto máximo recomendado pela Portaria N0 518/2000, do Ministério da Saúde, para as águas potáveis (250 mg/L). Não há, portanto, qualquer restrição para o consumo humano dessas águas em relação aos valores de cloreto. CLORETO 100 (mg/l) 80 60 40 20 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Amostra Figura 16– Valores para cloreto 37 9 Fosfato PO-4 (mg/l) Despejos orgânicos, especialmente esgotos domésticos, bem como alguns tipos de despejos industriais, podem enriquecer as águas com esse elemento. (mg/l) PO4 1,8 1,6 1,4 1,2 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Amostra Figura 17 – Valores para Fosfato 5.3.2.2 Classificação das Águas Analisando a figura 17 percebe-se que as águas são sulfatadas cloretadas sódicas Figura 18- Diagrama de Piper Ca++ + Mg++ 38 5.4 FLUXOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS O estudo do fluxo hídrico subterrâneo e importante, pois possibilita saber onde estão as áreas de recarga e descarga, ou seja, através da integração com outros estudos pode indicar as áreas onde não podem ser locadas fontes de contaminação (lixões, fossas, cemitérios, etc.) e obras de engenharia entre outros. 5.4.1Metodologia Para o estudo dos fluxos subterrâneos do aqüífero superior da área de Barcarena utilizou-se a seguinte metodologia: Realização de trabalho de campo, onde foram selecionados 39 (trinta e sete) poços de modo a contemplar toda a área de estudo; 9 Cadastramento de poços, onde se levou em consideração a localização em coordenadas UTM, o tipo de poço, a profundidade do nível estático, entre outras ( tabela 04); 9 Para cada um dos 39 poços cadastrados, mediu-se a profundidade do nível estático, utilizando-se de um medidor de nível. 9 Obtenção dos potenciais hidráulicos para determinação das isolinhas na caracterização da superfície potenciométrica e interpretação da direção e sentido do fluxo subterrâneo; 9 Construção do mapa de fluxo subterrâneo e do bloco diagrama, levando em consideração a localização geográfica de cada poço e seu valor de potencial hidráulico. 9 Estes dados foram locados em uma planilha e fazendo-se uso do software Surfer 8.0 foram geradas as isolinhas de potencial hidráulico. 39 Tabela 04- Características dos Poços Utilizados para o Mapa de Fluxo Subterrâneo. Dados de poços em Barcarena ID N (m) E (m) COTA (m) NE (m) CH (m) P32 9826297 747208 7,0 5,6 1,4 P38 9814212 762454 28,8 1,8 27,0 P39 9815748 764659 25,2 5,5 19,7 P40 9818032 767007 34,2 7,6 26,6 P41 9821381 770450 18,1 8,3 9,8 P42 9823123 772768 18,3 11,0 7,3 P43 9824076 769913 26,5 12,2 14,3 P44 9826444 767434 20,6 10,6 10,0 P45 9827883 766287 22,8 1,9 20,9 P46 9825585 767352 25,5 6,4 19,1 P47 9821660 767777 10,0 7,2 2,8 P48 9829454 758683 17,8 4,5 13,3 P49 9830725 757799 16,1 10,8 5,3 P50 9832315 755590 19,4 2,9 16,5 P51 9832724 754788 12,2 5,9 6,3 P52 9832617 754374 11,7 3,5 8,2 P53 9832517 753412 22,6 4,0 18,6 P54 9824988 768987 21,7 18,0 3,7 P55 9830774 765460 19,0 6,4 12,6 P56 9832472 765753 12,5 11,1 1,4 P57 9833486 764485 12,0 3,5 8,5 P58 9833398 767097 12,5 5,9 6,6 P59 9834904 767792 17,9 6,8 11,1 P60 9832532 765636 16,8 10,3 6,5 P61 9831430 764829 18,3 2,0 16,3 P62 9826357 753449 20,0 5,0 15,0 40 P63 9825134 752744 16,2 5,7 10,5 P64 9825608 751898 9,3 3,6 5,7 P65 9826776 749580 25,3 6,3 19,0 P66 9824650 752797 25,2 5,9 19,3 P67 9821604 755214 25,2 4,3 20,9 P68 9819238 757868 21,2 3,2 18,0 P69 9817042 760723 13,4 6,0 7,4 P83 9821909 751857 18,1 6,8 11,3 P84 9824106 752351 21,9 2,8 19,1 P85 9831639 761095 12,2 3,4 8,8 P86 9831705 759410 15,1 6,7 8,4 P87 9830674 758059 37,7 11,2 26,5 P88 9823518 761463 13,6 5,4 8,2 5.4.2 Interpretação dos Resultados A partir dos dados obtidos utilizando a metodologia acima, foi elaborado o mapa de fluxo subterrâneo (Figura 19) relacionado ao aqüífero livre da região de Barcarena. Pela análise do mapa de fluxo percebe-se que o curso d’água superficial da região de Barcarena serve como efluente nas águas subterrâneas. Isso significa um fluxo da água subterrânea no sentido das águas superficiais, com uma importante conseqüência ambiental. As águas subterrâneas não poderão ser influenciadas por possíveis vetores contaminantes vindos do rio. Porém o inverso é verdadeiro, pois, se contaminados, os lençóis subterrâneos poderão contaminar as águas superficiais, uma vez que o rio está sendo abastecido pelo aqüífero superior naquela área (Almeida, 2005). 41 O mapa de fluxo subterrâneo do aqüífero superior (Figura 18), quando analisado no contexto da base física construída para a área estudada mostra de forma bastante clara, a existência de, pelo menos, três a quatro áreas de recarga desse sistema aqüífero. A principal área de recarga está localizada no setor SSW do mapa. A região de recarga é caracterizada pelo padrão divergente dos vetores de fluxo. Outra área de recarga que pode ser identificada localiza-se a sudoeste da Vila do Conde. Uma área de recarga, menos marcante, localiza-se no setor sudeste e nordeste da área, nas proximidades da comunidade de Cupuaçu. Essas áreas de recarga do aqüífero superior são extremamente importantes do ponto de vista ambiental e devem ser protegidas dentro de projetos de planejamento urbano. Qualquer atividade antrópica que venha a causar a impermeabilização superficial das áreas de recarga do aqüífero poderão contribuir para o não abastecimento das águas subterrâneas o que poderá causar danos irreparáveis às reservas de água no subsolo (Almeida, 2005). 42 Figura 19– Mapa do Fluxo Subterrâneo do Aqüífero Superior na Região de Barcarena/PA. 43 5.5 VULNERABILIDADE NATURAL DOS SISTEMAS AQÜÍFEROS O mapeamento da vulnerabilidade natural dos aqüíferos presentes neste trabalho foi realizado através da metodologia do modelo GOD, proposto por Hirata & Foster (1993). No método GOD, cada letra representa um parâmetro a ser avaliado; sendo “G” (Groundwater ocurrence) o tipo de ocorrência da água subterrânea; “O” (Overall litology of aquiperm) o litotipo da zona não saturada e “D” (Depth of water) a profundidade do nível estático. Esses três parâmetros são multiplicados entre si, gerando um índice final de vulnerabilidade para o aqüífero. Oc orrênc ia da água subterrânea (Índic e G) Livre c/ c obertura Confinado 0 0,2 0,4 Areias Eólicas Silte Argilas Solos Residuais Aluvial 0,6 1,0 Areias e Sedimentos não Cascalhos consolidados Calc ários Arenitos Argilitos Siltitos Arenitos Folhelhos tufos vulc. Litologia da zona não saturada (Índice O) Livre Roc has porosas Consolidadas Roc has Ígeneas/ Lavas vulc ânic as Metamorfic as e c alários 0,3 0,6 0,5 0,4 0,7 0,9 1,0 35m 25-35m 15-25m 5-15m Profundidade da Água subterrânea (Índic e D) Índic e de Vulnerabilidade 0,8 Roc has duras consolidadas 0,5 Negligen c iavel Nehum 0 Baixo 0,6 0,7 Moderado 0,1 0,2 0,3 0,4 0,8 Alto 5m 0,9 Extrem o 0,8 0,5 0,6 0,7 0,9 1,0 Figura 20: Fluxograma para avaliação de vulnerabilidade à poluição de um aqüífero (Adaptado Foster e Hirata, 1988). 44 5.5.1 Mapa de Vulnerabilidade à Contaminação A partir dos índices de vulnerabilidade do aqüífero de interesse, pode-se elaborar um mapa de vulnerabilidade para uma determinada área. Este tipo de mapa constitui uma ferramenta importante no qual pode indicar áreas suscetíveis a contaminação, planejar o uso do solo e selecionar locais adequados para a deposição de resíduos sólidos e outras atividades de impacto ambiental. Útil também par seleção de locais par instalação de redes de monitoramento e avaliação da contaminação das águas subterrâneas. Porém estes mapas têm suas limitações (Tancredi, 1996) como a ausência de dados representativos e a sua relação com a escala do mapa; limitações dos métodos de avaliação de vulnerabilidade, com respeito ao tempo de atuação dos processos que afetam a vulnerabilidade do aqüífero e descrição inadequada do meio físico. Tabela 05– Parâmetros Utilizados e respectivos valores para determinação da vulnerabilidade. Poço ou Sondagem Coordenadas Coordenadas Profundidade da Água Subterrânea Índice Profundidade Litologia da Zona não Saturada Índice Tipo de Aqüífero Índice Índice de Vulnerabilidade Grau de Vulnerabilidade 0,6 Livre 1 0,54 ALTO # PM 01 752685,4 9824926 1,6 0,9 Areia fina siltosa pouco argilosa #PM 02 752956,2 9824727 2,55 0,9 Areia fina siltosa pouco argilosa 0,6 Livre 1 0,54 ALTO 0,9 Areia fina siltosa pouco argilosa 0,6 Livre 1 0,54 ALTO 0,6 Livre com cobertura 0,7 0,378 MODERADO #PM 08 752861,8 9824975 1,8 #PM 09 752965,2 9824925 2,65 0,9 Areia fina siltosa pouco argilosa #PM 10 753017 9824858 2,85 0,9 Areia fina siltosa 0,65 Livre com cobertura 0,7 0,4095 MODERADO #SP 08 753155,3 9825319 4,4 0,9 Areia fina siltosa 0,65 Livre 1 0,585 ALTO #SP 12 753278 9825161 0 0,9 Areia fina siltosa 0,65 Livre 1 0,585 ALTO #SP 16 753400,9 9825003 5,1 0,8 Areia fina siltosa 0,65 Livre 1 0,52 ALTO #SP 17 753207,1 9824335 4,4 0,9 Areia fina siltosa 0,65 Livre 1 0,585 ALTO 45 #SP 19 753420,1 9824674 4,2 0,9 Areia fina siltosa 0,65 Livre 1 0,585 ALTO #SP 20 753526,6 9824843 3,95 0,9 Areia fina siltosa 0,65 Livre 1 0,585 ALTO #SP 21 753332,9 9824183 3,6 0,9 Areia fina siltosa 0,65 Livre 1 0,585 ALTO #SP 23 753539,8 9825256 4,6 0,9 Areia fina siltosa 0,65 Livre 1 0,585 ALTO #SP 24 753643,3 9824696 4,25 0,9 Areia fina siltosa 0,65 Livre 1 0,585 ALTO *A 751487 9828343 14 0,8 Areia Argilosa 0,38 Livre com cobertura 0,7 0,2128 BAIXO *B *C *E 751221 750832 751059 9828091 9827501 9827650 10,23 12,49 6,18 0,8 0,8 0,8 0,6 0,6 0,5 livre livre livre 1 1 1 0,48 0,48 0,4 MODERADO MODERADO MODERADO *G3 751403 9827456 5 0,8 Areia Areia Silte Argila arenosa e areia 0,52 Livre com cobertura 0,7 0,2912 BAIXO *M 748775 9826954 9,83 0,8 Areia Grossa 0,7 Livre 1 0,56 ALTO *P 748569 9826843 7,3 0,8 Argila e Areia Grossa 0,48 Livre com cobertura 0,7 0,2688 BAIXO *GEOSER PORTO BR 750846 9829346 12,7 0,8 Argila e Areia 0,4 Livre com cobertura 0,7 0,224 BAIXO *GEOSER CODEBAR03 753423 9831759 9,15 0,8 Areia Argilosa e Argila 0,47 Livre com cobertura 0,7 0,2632 BAIXO *GEOSER CODEBAR 02 753199 9832709 8 0,8 Argila arenosa e Areia 0,5 Livre com cobertura 0,7 0,28 BAIXO 753026 9833758 10 0,8 Argila Arenosa 0,5 Livre com cobertura 0,7 0,28 BAIXO 753150 9833857 12 0,8 Argila 0,3 Livre com cobertura 0,7 0,168 BAIXO 0,7 Argila, Areia argilosa e Areia 0,44 Livre com cobertura 0,7 0,2156 BAIXO 0,8 Argila siltosa, argila e areia argilosa 0,43 Livre com cobertura 0,7 0,2408 BAIXO 0,42 Livre com cobertura 0,7 0,2352 BAIXO 0,44 Livre com cobertura 0,7 0,2464 BAIXO 0,46 Livre com cobertura 0,7 0,2576 BAIXO *GEOSER CODEBAR 04 *GEOSER CODEBAR 06 *GEOSER *GEOSER ALBRAS01 756924 755354 9830509 9831785 18 13,5 *GEOSER ALBRAS02 755188 9832058 14 0,8 *GEOSER 761351 9831372 13,2 0,8 P32 747208 9826297 5,6 0,8 Argila, argila arenosa e areia Argila arenosa, argila e areia Argila e areia media 46 P38 P39 762454 764659 9814212 9815748 1,8 5,5 0,9 Areia fina siltosa pouco argilosa 0,6 Livre com cobertura 0,7 0,378 MODERADO 0,8 Areia fina siltosa pouco argilosa 0,6 Livre com cobertura 0,7 0,336 MODERADO Areia fina siltosa pouco argilosa 0,6 Livre 1 0,48 MODERADO 0,6 Livre 1 0,48 MODERADO 0,45 Livre com cobertura 0,7 0,252 BAIXO 0,6 Livre 1 0,48 MODERADO 0,55 Livre com cobertura 0,7 0,308 MODERADO 0,55 Livre 1 0,495 MODERADO 0,55 Livre 1 0,44 MODERADO 0,6 Livre 1 0,48 MODERADO P40 767007 9818032 7,6 0,8 P41 770450 9821381 8,3 0,8 P42 772768 9823123 11 0,8 P43 769913 9824076 12,2 0,8 P44 767434 9826444 10,6 0,8 P45 766287 9827883 1,9 0,9 P46 767352 9825585 6,4 0,8 P47 767777 9821660 7,2 0,8 P48 758683 9829454 4,5 0,9 Areia Argilosa e silte 0,45 Livre com cobertura 0,7 0,2835 BAIXO P49 757799 9830725 10,8 0,8 Areia Argilosa e Argila 0,47 Livre com cobertura 0,7 0,2632 BAIXO 0,9 Argila, argila arenosa e silte 0,42 Livre com cobertura 0,7 0,2646 BAIXO 0,42 Livre com cobertura 0,7 0,2352 BAIXO P50 755590 9832315 2,9 Silte e Areia fina Argila e Areia fina Areia media e silte Silte e argila Areia fina e silte Silte e areia fina Areia e silte P51 754788 9832724 5,9 0,8 Argila, argila arenosa e areia P52 754374 9832617 3,5 0,9 Areia Argilosa e Argila 0,47 Livre com cobertura 0,7 0,2961 BAIXO P53 753412 9832517 4 0,9 Argila arenosa e Areia 0,5 Livre com cobertura 0,7 0,315 MODERADO P54 768987 9824988 18 0,7 Areia media e silte 0,6 Livre 1 0,42 MODERADO P55 765460 9830774 6,4 0,8 Areia argilosa 0,45 Livre com cobertura 0,7 0,252 BAIXO 47 P56 765753 9832472 11,1 0,8 Argila arenosa e Areia 0,5 Livre com cobertura 0,7 0,28 BAIXO P57 764485 9833486 3,5 0,9 Silte e areia 0,55 Livre 1 0,495 MODERADO P58 767097 9833398 5,9 0,8 Argila arenosa e Areia 0,5 Livre com cobertura 0,7 0,28 BAIXO P59 767792 9834904 6,8 0,8 0,5 Livre com cobertura 0,7 0,28 BAIXO P60 765636 9832532 10,3 0,8 0,5 Livre com cobertura 0,7 0,28 BAIXO P61 764829 9831430 2 0,9 0,45 Livre com cobertura 0,7 0,2835 BAIXO Areia argilosa Argila arenosa Areia argilosa P62 753449 9826357 5 0,8 P63 752744 9825134 5,7 0,8 Areia fina a siltosa com presença de argila Areia fina siltosa P64 751898 9825608 3,6 0,9 Areia Argilosa 0,45 Livre com cobertura 0,7 0,2835 BAIXO P65 749580 9826776 6,3 0,8 Silte 0,5 livre 1 0,4 MODERADO Areia fina siltosa 0,65 Livre 1 0,52 ALTO 0,5 Livrre 1 0,45 MODERADO 0,6 0,6 Livre Livre 1 1 0,54 0,48 ALTO MODERADO 0,6 Livrre 1 0,48 MODERADO 0,44 Livre com cobertura 0,7 0,2772 BAIXO 0,44 Livre com cobertura 0,7 0,2464 BAIXO 0,4 Livre com cobertura 0,7 0,224 BAIXO 0,65 Livre 1 0,52 ALTO P66 752797 9824650 5,9 0,8 P67 755214 9821604 4,3 0,9 P68 P69 757868 760723 9819238 9817042 3,2 6 0,9 0,8 P83 751857 9821909 6,8 0,8 P85 761095 9831639 3,4 0,9 P86 759410 9831705 6,7 0,8 P87 758059 9830674 11,2 0,8 Areia Argilosa e Argila 0,47 Livre com cobertura 0,7 0,2632 BAIXO P88 761463 9823518 5,4 0,8 Areia Argilosa e Areia 0,47 Livre com cobertura 0,7 0,2632 BAIXO Areia fina a media Areia Areia Areia fina a media Argila arenosa, argila e areia Argila arenosa areia silte 48 Figura 21: Mapa de Vulnerabilidade do Aqüífero Livre do Município Barcarena 49 Os resultados encontrados para vulnerabilidade da área estão descritos abaixo e visualizados na Figura 20. a) Vulnerabilidade Alta - Corresponde às áreas com profundidade inferior a 5 metros subjacente a material de alta permeabilidade por porosidade, sem nenhum a pouco atenuante de conteúdo argiloso que retarde ou impeça a infiltração de elementos poluentes dispostos na superfície ou sub-superfície do terreno. Ou seja, as áreas ao sudoeste estão com alto grau de vulnerabilidade. b) Vulnerabilidade Moderada - Corresponde àquelas áreas onde ocorre água subterrânea explotável a profundidade de 5 a 15, subjacente a um material pouco permeável ou onde ocorre material de alta permeabilidade. c) Vulnerabilidade Baixa -. Corresponde as áreas noroeste e nordeste do mapa e caracterizam-se por apresentarem na zona não saturada uma litologia composta por argila, areia fina e silte e onde o nível da água não é tam raso, chegando até 10 a 18 m (figura 20) 5.6 FONTES POTENCIAIS DE POLUIÇÃO DOS AQUIFEROS Através do estudo de ALMEIDA (2004) foram identificadas as fontes potenciais de poluição das águas subterrâneas e superficiais, relacionadas ao uso e ocupação de meio físico local. A poluição capaz de atingir as águas subterrâneas pode ter origem variada. Considerando que os aqüíferos são corpos tridimensionais, em geral extensos e profundos, diferentemente, portanto das águas superficiais, a forma da fonte poluidora tem importância nos estudos de impacto ambiental. 50 5.6.1 Fontes Pontuais de Poluição As fontes pontuais de poluição são as que atingem o aqüífero através de um ponto. Estas fontes são responsáveis por poluições altamente concentradas na forma de plumas. As cidades e comunidades existentes na área estudada mostram problemas no aspecto de saneamento básico, nos quais a falta de uma rede de esgoto se sobressai. Outras fontes potenciais de poluição das águas subterrâneas são os postos de serviço que trabalham com fornecimento de gasolina e outros derivados do petróleo. Na área existem cerca de duas dezenas desses postos, o que representa uma fonte potencial de poluição das águas subterrâneas, principalmente daquelas provindas dos aqüíferos mais superiores. As diversas formas de lavagens e lubrificação de veículos, de tamanhos variados, sem que o estabelecimento de serviço disponha de um adequado sistema de esgoto, pode causar o escoamento de derivados de petróleo, além de outras substâncias nocivas como os resíduos sólidos e detergentes que, freqüentemente serão escoados para os cursos hídricos superficiais e daí proporcionando a interação com o aqüífero superior. 5.6.2 Fontes lineares de poluição São as provocadas pela infiltração de águas superficiais de rios e canais contaminados. A possibilidade desta poluição ocorrer dependerá do sentido de fluxo hidráulico existente entre o curso d’água e o aqüífero subjacente. Como os rios de barcarena são efluentes, portanto é mais difícil que a água superficial contamine os aquíferos, como aspecto de comprovação foi feita analise de água no Rio.......... e não foi observado contaminação. 51 Os poços também podem ser fontes lineares de poluição.no caso de Barcarena os poços são utilizados para abastecimento público e industrial No caso dos poços para suprir as necessidades industriais, principalmente localizadas na região de Barcarena, a maioria dessas obras obedece aos critérios estabelecidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e foram construídas por empresas regulares no mercado e nos órgãos de fiscalização (CREA/PA). Os poços de particulares e condomínios, com raras exceções são poços mal construídos, fora das mínimas condições técnicas e de higiene. Há uma predominância, na área estudada, de poços com menos de 25 metros de profundidade, a maioria perfurada manualmente, sem qualquer preocupação técnica ou cuidados de higiene. São os poços escavados descritos no item 5.6. e que se encontram espalhados por toda a área estudada. Essa proliferação dos poços escavados são conseqüência do deficiente sistema de abastecimento de água através dos poderes constituídos. A atividade de construção de poços “de quintal”, representada unicamente por poços do tipo escavado (Amazonas), principalmente na zona periférica das cidades carrega, quase sempre, a associação poço/fossa, que se constitui um dos problemas mais sérios, não existindo a distância mínima recomendada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT (30 metros). Esses poços escavados, bem como aqueles poços tubulares rasos, construídos fora dos mínimos padrões técnicos, passam a constituir um risco potencial na condução das cargas poluentes até às camadas aqüíferas. A situação é mais preocupante quando se ultrapassa camadas confinantes para atingir camadas aqüíferas confinadas e, ao romper esse selo de proteção, a construção do poço de forma incorreta possibilita a contaminação desses aqüíferos menos vulneráveis (Matta, 2002). 52 5.6.3 Fontes difusas de poluição São as fontes que contaminam áreas extensas, sendo, normalmente, devidas a poluentes transportados por correntes aéreas, chuva e pela atividade agrícola. Em aglomerados urbanos, onde não haja rede de esgotamento sanitário, as fossas sépticas e sumidouros estão de tal forma regularmente espaçadas que o conjunto acaba por ser uma fonte difusa de poluição. A poluição proveniente das fontes difusas se caracteriza por ser de baixa concentração e atingir grandes áreas. Nas áreas alagadas, o transporte de dejetos em águas superficiais, associado à deficiente coleta de lixo e o lançamento direto nos cursos hídricos naturais contribuem sobremaneira para a poluição dessas águas e, por interação com as águas subterrâneas. . Os Rejeitos Industriais também são fontes difusas de contaminação e são constituídos basicamente de gases, ácidos, compostos orgânicos e metais tóxicos, tais rejeitos podem ser despejados diretamente no solo, em aterros industriais, em rios ou em lagos, podendo ainda ser injetado no subsolo por meio de poços profundos ou ser lançados na atmosfera. Na região de estudo tem-se como exemplo derramamento de rejeitos químicos da empresa Imerys Rio Capim Caulim modificaram a coloração da água dos rios Curuperê e Dendê, que de verde passou a ser amarelada com aspecto espumante. A contaminação das águas superficiais podem ter atingido as águas subterrâneas. 53 5.7 RISCO DE CONTAMINAÇÃO DO AQÜÍFERO LIVRE A presença humana na superfície pode modificar os mecanismos de recarga, introduzindo novas variáveis. Estabelece-se então, a idéia de risco de influência negativa devido à uma possível alteração qualitativa das águas durante o processo de recarga (Gomes et al 2004). Para o estabelecimento do grau de risco de um determinado sistema de aqüífero, a metodologia GOD de vulnerabilidade foi empregada, acoplando esta a um sistema de análise que considere as cargas contaminantes impostos em superfície/subsuperfície, além do fluxo da água do aqüífero livre. 9 A carga contaminante foi considerada: a) Alta, em zonas urbanas com saneamento inadequado; b)Moderada, em zonas urbanas com saneamento adequado e presença de parque industrial; c) Baixa, em pequenas concentrações habitacionais; d) Ausente, em zonas sem qualquer potencial de carga contaminante. 9 Sentido do Fluxo da Água subterrânea As áreas de recarga são as que precisam de maior cuidado no que diz respeito a contaminação e planejamento, pois se estas forem impermeabilizadas ou contaminadas podem causar dados irreversíveis ao aqüífero livre da região. 9 Vulnerabilidade do lençol freático As áreas mais vulneráveis estão na porção sudoeste de Barcarena, pois apresentam características físicas como permeabilidade, profundidade do lençol freático favoráveis a contaminação da água subterrânea, além do que estas áreas estarem bem próximas as industrias da região. 54 A relação entre vulnerabilidade natural do aqüífero, fluxo subterrâneo e carga contaminante, culminou na fixação das classes de risco potencial espacializados cartograficamente no mapa final de risco (Figura 22) e didaticamente observados na Tabela 06. Tabela 06: Correlação entre a Vulnerabilidade, Área de recarga e Carga Contaminante do Aqüífero Livre, para definição de Risco (baseado em Leal 1994). VULNERABILIDADE DO AQÜÍFERO ÁREA DE RECARGA CARGA CONTAMINANTE AUSENTE OU MUITO BAIXA Alta Moderada Baixa Desprezível Sim Sim Não Não BAIXA MODERADA ALTA Moderado Baixo Baixo Alto Moderado Baixo Mínimo Maximo Alto Moderado Mínimo Analisando a Figura 22 (mapa de rico a contaminação), percebe-se que: a) Risco Alto Corresponde a zona urbana com saneamento adequado ou contendo parque industrial, situados em áreas de vulnerabilidade moderada ou elevada. Além de serem áreas de recarga (fluxo subterrâneo). b) Risco Moderado correspondem às áreas de vulnerabilidade alta, moderada ou baixa, ocupadas por pequenas concentrações habitacionais, zona urbana com saneamento adequado ou zona urbana desprovida de saneamento adequado, respectivamente. Também em áreas de recarga do aqüífero. c) Risco Baixo São as áreas de vulnerabilidade moderada ou baixa, ocupadas por pequenas concentrações habitacionais ou zonas urbanizadas com saneamento adequado. 55 ap 9828 BARCARENA rn ia a B do ó aj r a M Ca 9832 o Ri 740 9836 i jó 784 9828 9824 PA 83 -4 1 15 PA 9820 740 744 748 L e g e n d a Alto Risco Risco Moderado Baixo Risco Área não Estuda 752 756 760 1.5 0 764 4.5 Km 768 772 776 780 784 Figura 22 Mapa integrado exibindo as áreas de risco a contaminação. 56 7 5.8 RESERVA HÍDRICA SUBTERRÂNEA Para elaboração de uma proposta de abastecimento de água potável para uma determinada área é importante saber as reservas hídricas subterrâneas, uma vez que essas reservas constituem as quantidades de água existentes nos sistemas aqüíferos que podem ser utilizados para abastecimento urbano. Para melhor entendimento sobre calculo de reservas é necessário o conhecimento de certas definições. As principais terminologias, segundo MATTA, 2002, são as seguintes: 9 Reservas Reguladoras → o termo se refere a quantidade de água submetida a pressão atmosférica armazenada pelo aqüífero, relacionada a uma recarga sazonal. É o volume de água dos aqüíferos possível de variação sazonal no ciclo hidrogeológico, entre os níveis de flutuação máximos e mínimos, sendo também denominada de Reservas Renováveis; 9 Reservas Permanentes → se refere às quantidades de água existentes no aqüífero que não variam em função das variações sazonais. Trata-se da água permanentemente presente no aqüífero localizando-se na zona saturada, abaixo do nível mínimo de oscilação da superfície da água no aqüífero livre; 9 Reservas Totais → é o conjunto formado pelas reservas permanente e reguladora. Representa a totalidade de água presente no aqüífero; 9 Reservas de Explotação → se refere à quantidade máxima de água que pode ser retirada de um aqüífero sem causar qualquer prejuízo ao manancial. Constituem as reservas de explotação as reservas reguladoras e uma parte das reservas permanentes. O termo Recurso Explotável tem sido também utilizado; 57 9 Potencialidade → o termo se refere ao volume de água utilizável anualmente. Pode incluir uma parcela das reservas permanentes, desde que explotada durante um determinado período de tempo, com descarga constante; 9 Disponibilidade → se refere ao volume de água que pode ser extraído de um aqüífero, sem que se corra o risco da exaustão do sistema aqüífero. O estudo das reservas hídricas subterrâneas esta diretamente ligado com o planejamento urbano, gestão dos recursos hídricos e a conservação do meio ambiente. Pois através deste estudo, possibilita uma melhor elaboração de proposta de abastecimento de água em função da quantificação das reservas de água disponíveis para utilização de forma sustentável. Entre os diversos termos descritos anteriormente, sabe-se que os dois tipos de reservas mais utilizadas para as análises integradas dos recursos hídricos subterrâneos são as Reservas Renováveis (ou reguladoras) e as Reservas Permanentes. Por este motivo, essas duas reservas serão calculados para região de Barcarena, além das Reservas Totais e os Recursos Explotáveis. 5.8.1 Reservas Renováveis (Rr) Representam o volume hídrico armazenado entre os níveis de flutuação máximo e mínimo dos aqüíferos. Está intimamente ligado ao ciclo hidrológico numa escala de tempo sazonal. As reservas renováveis podem ser calculadas de várias maneiras. Para área de estudo, o cálculo que mais se adapta aos dados disponíveis sobre a região é: ¾ Cálculo através de método volumétrico, tomando-se por base a variação dos níveis de água nos aqüíferos livres. É utilizada a expressão: Rr = A. Δh. ηe, onde: A= área de ocorrência do aqüífero (L2 ); Δh = variação do nível d´água (L); ηe = porosidade efetiva (adimensional) 58 Esse método se amostrou mais apropriado para as características físicas dos sistemas aqüíferos da área estudada e será aqui utilizado. Em função das condições existentes, será aplicado somente para os sistemas aqüíferos Pós-Barreiras e Aluviões. Estas unidades aqüíferas serão aqui tratadas em conjunto, como aqüífero superior, em função das semelhanças de comportamento que possuem. Para a avaliação do valor médio da variação do nível d´água (Δh), como não foi possível o monitoramento desse parâmetro na área estudada, utilizou-se, para efeito de calculo, a variação apresentada por MATTA, 2002. Este autor observou a variação para área de Belém e Ananindeua, utilizando-se de quatro poços de monitoramento que tiveram seus níveis de água medidos durante um período de tempo que variou entre 6 a 9 meses do ciclo hidrológico. Devido à proximidade entre as duas áreas, às semelhanças entre as características climáticas e de geometria das camadas aqüíferas mais superiores, e em virtude da falta de dados para área de estudo, aderiu-se a informações deste autor. A média de variação no nível dos quatro poços foi de 1,8 m, que será o valor a ser utilizado no cálculo da reserva renovável da área de estudo. No caso da porosidade efetiva, Fetter (1980) apresenta estimativa relativa aos clásticos, com as areias finas mostrando valores de 10 a 28% e as areias médias entre 15 e 32%. Segundo MATTA, 2002 os valores de porosidades efetivas médias reconhecidos na literatura para areias e cascalhos aluviais são em torno de 15%. Como os sedimentos arenosos deste sistema aqüífero são impuros, mostrando em análises sedimentológicas, cerca de 15% de argilas, decidiu-se diminuir para 10% o valor da porosidade efetiva utilizada para o cálculo das reservas. A área de ocorrência do aqüífero foi considerada a própria área de estudo mostrada no mapa da figura 01 que é igual 400 km2. 59 Assim, utilizando Rr = A. Δh. ηe , onde A = 400 km2 , Δh = 1,8m e ηe = 10%, obtém-se para as reservas renováveis um volume de 72 milhões de m3/ano. 5.8.2 Reservas Permanentes As reservas permanentes se referem à quantidade de água presente no aqüífero abaixo do nível de flutuação sazonal, ou seja, não sofre com recarga/descarga de aqüíferos, portanto a diferença mais significativa entre a reserva permanente e a renovável é que ela dá uma idéia do volume de água permanentemente armazenado no aqüífero e a renovável mostra seus volumes de recarga/descarga de acordo com as variações sazonais. Para a realização do cálculo das reservas permanentes para a região foi utilizado o Sistema Pirabas foi considerado um aqüífero confinado, Barreiras semi confinado e o conjunto PósBarreiras – Aluviões foi considerado como aqüífero livre, este estudo considerará essa metodologia. ¾ Sistema Pós-Barreiras – Aluviões Calculou-se o Volume de Saturação (VS) utilizando-se o método volumétrico através da fórmula: VS = A. b. ηe, onde: A = Área de ocorrência do sistema aqüífero (L2 ) b = espessura média saturada (L) ηe = porosidade efetiva (adimensional) A área de ocorrência do sistema aqüífero (A) será a mesma considerada anteriormente (400 km2). Segundo Junior (2002) a espessura deste aquifero livre varia de 5,6 a 19 m (b). Para os cálculos era adotado o maior valor que e de 19m Considerou-se o mesmo valor de porosidade efetiva ηe utilizado no cálculo das reservas renováveis (10%). 60 Uma vez conhecendo todos os elementos da fórmula, pode-se efetuar o cálculo de reservas permanentes: Vs = A. b. ηe, onde A= 400 km2 ; b = 19m; ηe = 10%, obtém-se para o volume de saturação o valor de 760 milhões de m3. ¾ Sistema Aqüífero Barreiras No caso do Sistema aqüífero barreiras, aqüífero saturado, necessita-se do volume de saturação para somar com o volume armazenado sob pressão (VP). Este último é calculado através da fórmula: VP = A. h. S, onde: A = área de confinamento do aqüífero (L2 ) h = carga hidráulica média (L) S = coeficiente de armazenamento (adimensional) Para o Sistema Barreira, utilizou-se a área de ocorrência de 400 km2, a carga hidráulica e o coeficiente de armazenamento são aproximadamente de 230m e 3,5 x 10–4, respectivamente (baseados em Junior 2002) Uma vez conhecendo todos os elementos da fórmula, pode-se efetuar o cálculo de reservas permanentes para o volume sob pressão do sistema aqüífero barreiras: VP = A. h. S, onde A= 400 km2 ; h = 230m ; S = 3,5 x 10 –4, obtém-se para o volume sob pressão o valor de 32,2 milhões de m3. As reservas permanentes dos sistemas aqüíferos da área totalizam 792 milhões de m3, valor obtido pela soma das reservas do sistema livre (760milhões de m3) com o sistema semiconfinado (32,2 milhões de m3). 61 5.8.3 Reservas Totais Com base nos resultados obtidos para os cálculos das Reservas Permanentes e Renováveis de um sistema aqüífero, podem-se obter suas Reservas Totais. Para a área estudada, as reservas totais são 792 milhões de m3 + 72 milhões de m3 = 864 milhões de m3. A tabela 07 mostra o resumo dos valores obtidos para as reservas hídricas subterrâneas da área estudada. Tabela 07- Reservas Hídricas Subterrâneas dos Sistemas Hidrogeológicos Sistema PósReservas Sistema Barreira Dois Sistemas Barreiras–Aluviões 72 milhões de m3/ano. Renováveis 760 milhões de m3 32,2 milhões de m3 Permanentes TOTAIS 832 milhões de m3 32,2 milhões de m3 792,2 milhões de m3 864,2 milhões de m3 62 6. PLANEJAMENTO URBANO Através dos estudos realizados na área pode se contribuir para o planejamento da área, mas não fazer o planejamento, pois o geólogo, pode somar no que diz respeito a informação, mas não fazer este trabalho. Segundo FEEMA (1990) o planejamento urbano deve resultar, na conservação dos recursos naturais entendida como o “uso apropriado do meio ambiente dentro dos limites capazes de manter a qualidade e seu equilíbrio em níveis aceitáveis”. Em função da elevada demanda de uso das águas subterrâneas para abastecimento no município de Barcarena e do risco de contaminação dessas águas, principalmente nas áreas de maior densidade de industrialização e vulnerabilidade natural, por fontes pontuais e difusas de poluição, tornam-se urgentes e prioritárias as ações visando a proteção da qualidade e quantidade do recurso hídrico subterrâneo. Como foi dito anteriormente as áreas com grande risco de contaminação do aqüífero livre, devem ser mais estudadas e melhores avaliadas antes de se locar uma fonte de contaminação ou impermeabilizar a área pois nestas áreas a recarga do aqüífero, causando conseqüências ambientais pro meio ambiente. Uma das principais conseqüências de processos acelerados, e por vezes desorganizados, de crescimento populacional consiste na degradação do meio ambiente. A fragilidade ambiental das áreas de risco a contaminação de aquíferos soma-se aos demais processos resultantes do fenômeno de urbanização, devendo condicionar fortemente as políticas públicas de gestão deste espaço, com base em princípios de sustentabilidade. Há também o caso das áreas de recarga, merecerem melhor atenção antes de serem impermeabilizadas, ou até mesmo serem sobrepostas por uma fonte de contaminação. 63 Além de avaliar o risco de contaminação da água subterrânea da área em questão e necessário para um bom planejamento, se indicar quantos poços e como tem de ser abastecida a área para que não haja um descontrole quantitativo de poços perfurados.Apesar deste trabalho esta concentrado apenas na porção central de Barcarena sem inclusão das ilhas, foi considerada toda a população de todo município, pois grande parte da população esta locada na área de estudo desta trabalho. Sendo as águas subterrâneas um recurso estratégico, merecedor de proteção contra agentes nocivos e ações prejudiciais, recomenda-se a adoção da seguinte estratégia preservacionista: Atenuar os efeitos danosos das cargas contaminantes sobre os aqüíferos; Evitar a deposição de carga contaminante nas áreas de elevada vulnerabilidade natural dos aqüíferos; Estabelecer zonas de proteção especial em torno dos poços tubulares para abastecimento urbano; Estabelecer controle sobre a perfuração de poços tubulares profundos, a fim de evitar poços mal construídos, abandonados ou danificados que possam contaminar as águas do aqüífero; Identificar e eliminar os possíveis pontos de contaminação do aqüífero confinado. Finalmente é imprescindível que as medidas de proteção das águas sejam consolidadas em legislação própria e que, a necessidade da preservação dos aqüíferos e sua condição de bem estratégico seja transmitida à população através de campanhas educativas. A ocupação do solo, orientada pelo Mapa de Vulnerabilidade Natural dos Aqüíferos e Risco de Contaminação das Águas Subterrâneas garantirá a preservação do recurso natural mais importante: A Água Subterrânea. Alem de enfatizar as áreas de risco a contaminação é importante elaborar propostas para um melhor uso da água, pois mesmo com a legislação, muitas pessoas fazem poços sem levar em consideração a distancia necessária, ou condições sanitarias, sendo assim uma proposta de abstecimento indicara poucos poços para abastecer uma grande população. 64 Portanto foi elaborada uma proposta de abastecimento de água para o município de Barcarena, levando em consideração todas as características dos sistemas aqüíferos, a análise da qualidade das águas produzidas e as condições sócio-econômicas aqui descritas. 9 Projeto de Abastecimento de Água Subterrânea para o Município de Barcarena Com base nas características geológicas e hidrogeológicas dos sistemas aqüíferos existentes na área de estudo, propõe-se projeto de alternativo de abastecimento de água, utilizando os mananciais subterrâneos, com o objetivo de suprir as necessidades da população envolvida. Essa proposta tomou como referência o método do Projeto Estudos Hidrogeológicos da Região Metropolitana de Belém e Adjacências, executado pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – CPRM ( ). O objetivo principal da proposta é o abastecimento público, porém o mesmo procedimento pode ser utilizado para fins comerciais. Para tanto se deve levar em consideração dois aspectos principais: o ambiente hidrogeológico e a demanda de água necessária. ¾ Ambiente Hidrogeológico No estudo de caráter hidrogeológico realizado na área em questão, observou-se as características geométricas dos principais sistemas aqüíferos e sabe-se que os mesmos têm um grande potencial favorável ao armazenamento de água, constituindo um espesso pacote de sedimentos arenosos que possuem uma alta permeabilidade e que estão intercalados com espessos pacotes argilosos. Entre os sistemas estudados, o sistema hidrogeológico Pirabas Superior se mostra o mais adequado para esta proposta de abastecimento. Suas águas são de melhores qualidades físicoquímicas que as produzidas pelo sistema Barreiras e as vazões deste último são bem inferiores. 65 O sistema Barreiras apresenta, ainda, como principais limitadores de sua utilização neste projeto, os teores excessivos de ferro em algumas camadas associados á algumas altos teores de dureza e turbidez (MATTA, 2002). Apesar da unidade Barreiras se encontrar em menores profundidades, acarretando um custo menor na construção dos poços tubulares, os aspectos de qualidade da água e vazão devem prevalecer. As melhores camadas produtoras de água no sistema Pirabas Superior se encontram no intervalo entre 100 a 180m, por isso a profundidade de cada poço deve ser da ordem de 200m. ¾ Demanda de Água A captação subterrânea tende a criar condições para que a água seja retirada do manancial em quantidade suficiente para atender o consumo, de forma racional e econômica, de acordo com as necessidades da população envolvida. Desse modo se faz necessário o conhecimento da vazão desejada, que por sua vez, é função do consumo previsto. Segundo os padrões de consumo estabelecidos pela ABNT, o consumo “per capita” médio de água é de 250 l/dia. Baseado no perfil sócio-econômico da população envolvida, considerado de baixo poder aquisitivo, hábitos de higiene precários, baixas necessidades sociais de água (quase ausência de lavagem de carro, grama, jardins, etc.) decidiu-se utilizar o consumo médio “per capta” de 150 l/dia. Segundo IBGE 2000 a população de Barcarena é de cerca de 63268, porém como a taxa de crescimento populacional desse município é de 3,91% /ano esta população esta estimada para 2005 em 75.636. Como os poços tubulares têm vida útil em torno de 25 anos, a elaboração de um projeto de abastecimento para área terá, necessariamente, que contemplar as populações desses 66 municípios previstas para daqui a 25 anos a qual, mantendo-se a taxa de crescimento atual, deverá ser: 3,91% de 75.636 habitantes, multiplicar por 25 e somar este valor a 75.636. População Estimada = 3,91% de 75636 X 25 = 73334 + 75636 = 149570 População estimada: 149.570 habitantes Consumo per capta considerado: 150 L/dia Consumo Diário de Água = 150 l/dia X 149.570 = 22435500 l/dia ou 22435m3/dia Regime de bombeamento considerado; 16h/dia 22435m3/dia / 16h/dia = 1402 m3/h = Demanda diária de água para a população ¾ Cálculo do Número de Poços Necessários para Suprir a Demanda Diária Para suprir as necessidades diárias da população envolvida, partiu-se de um regime de bombeamento de 18h/dia, a produção estimada por poço é de 250 m3/h. Neste cálculo, dividese a demanda diária (55 303 m3/dia) pela produção diária do poço (250 m3/h x 18 h/dia), resultando em 12,28 poços. A seguir os cálculos: Q= 250 m3/h (Vazão média por poço) Regime de Bombeamento: 16 h/dia Vazão = 250 m3/dia X 16 h/dia = 4.000 m3/dia) vazão diária para um regime de bombeamento de 16h 22435 m3/dia (demanda diária) Número de Poços = = 5,51 poços = 6 poços 4000 m3/dia Isso implica na construção de 6 poços profundos no âmbito da área estudada. Levando-se em consideração a colocação de 2 poços de reserva, necessita-se de 8 poços para este abastecimento. 67 7. CONCLUSÃO Através do estudo bibliográfico percebeu-se que a fisiografia e geologia de Barcarena são favoráveis para acumulação de água no subsolo, pois o índice pluviométrico atinge uma média anual de 2500mm, o relevo é suavemente ondulado, ainda há uma vegetação virgem bastante razoável e a litologia da área apresenta material bastante permeável. Em termos hidrogeológicos percebe-se que: As águas do aqüífero livre da área, no geral estão no padrão de potabilidade, com exceção dos teores de nitrato que em algumas amostras como a 2, 6 e 10 que estão no limiar e ou ate mesmo acima dos padrões de potabilidade, ou seja podem estar sendo contaminadas por fossas sépticas, pois é a mais provável hipótese de contaminação devido a maioria das residências terem fossas cépticas bem próximas a poço que consomem a água . Além também dos valores de pH que estão altos, mas isto é uma característica regional, ou seja, típica da região amazônica. Em termos de uso da água, a maioria das pessoas usam água captadas de poços amazonas, ou seja, poços construídos sem nenhum aspecto técnico, além do que possui profundidades muito rasas, o que facilitar a contaminação mais rápida da água subterrânea. Pela análise do mapa de fluxo percebe-se que as águas superficiais de Barcarena servem como efluente para águas subterrâneas. Além da existência de quatro áreas de recarga do aqüífero livre, a principal área de recarga está localizada no setor SSW de Barcarena e também, a sudoeste da Vila do Conde, sudeste e nordeste de Barcarena, nas proximidades da comunidade de Cupuaçu. No contexto de Vulnerabilidade Natural dos Sistemas Aqüíferos, foram encontrados três índices, alto risco, onde as áreas possuem na zona não saturada material bastante permeável e o nível da água é raso cerca de 5m de profundidade e localizam-se na porção sudoeste de 68 Barcarena; médio risco localizam-se em quase toda a porção sul e baixo risco estão na porção nordeste e noroeste de Barcarena. As principais fontes de contaminação no município de Barcarena são as localidades já urbanizadas e comunidades que mostram problemas no aspecto de saneamento básico, nos quais a falta de uma rede de esgoto se sobressai. Outras fontes potenciais de poluição das águas subterrâneas são os postos de serviço que trabalham com fornecimento de gasolina e outros derivados do petróleo. além de poços que são construídos fora das mínimas condições técnicas e de higiene. A também aglomerados urbanos, onde não haja rede de esgotamento sanitário, as fossas sépticas e sumidouros estão de tal forma regularmente espaçadas que o conjunto acaba por ser uma fonte difusa de poluição. Os Rejeitos Industriais também são fontes difusas de contaminação. No contexto de risco de contaminação do aquifero livre da área em questão percebe-se três níveis de risco. O risco alto que orresponde a zona urbana com saneamento adequado ou contendo parque industrial, situados em áreas de vulnerabilidade moderada ou elevada, risco moderado correspondem às áreas de vulnerabilidade alta, moderada ou baixa, ocupadas por pequenas concentrações habitacionais, zona urbana com saneamento adequado ou zona urbana desprovida de saneamento adequado, respectivamente e o risco baixo são as áreas de vulnerabilidade moderada ou baixa ocupadas por pequenas concentrações habitacionais ou zonas urbanizadas com saneamento adequado. Em termos de Reserva Hídrica Subterrânea, Barcarena tem condições suficiente de abastecer toda a população por um longo tempo, isso se houver um gerenciamento das águas. Planejamento urbano Em função da elevada demanda de uso das águas subterrâneas para abastecimento no Município de Barcarena e do risco de contaminação dessas águas, principalmente nas áreas de maior densidade demográfica, industrialização e vulnerabilidade natural, por fontes pontuais e 69 difusas de poluição, tornam-se urgentes e prioritárias as ações visando a proteção da qualidade e quantidade do recurso hídrico subterrâneo. Ainda como tópico de planejamento para Barcarena seria necessário apenas 8 poços párea abastecer a população de Barcarena que tem cerca de 75.636. 8. BIBLIOGRAFIA ALBRÄS, 2002. Relatório Geral da Empresa. Barcarena/PA. 83p. ALMEIDA, F..M. de 2005, Estudo dos Recursos Hídricos Subterrâneos da Região de Barcarena-Abaetetuba – Pará, Brasil como um Fundamento para o Zoneamento Ecológico Econômico do Baixo Tocantins. Belém, Universidade Federal do Pará. Centro de Geociências. 150p. (Trabalho de Conclusão de Curso-TCC). AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION. 1992. 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