VARIAÇÃO TEMPORAL DA PRODUÇÃO DE PASTO IRRIGADO
Gabriel Augusto Beltrame (PIBIC/CNPq/UEM), Giuliani do Prado
(Orientador), e-mail: [email protected]
Universidade Estadual de Maringá / Centro de Ciências Agrárias /Maringá,
PR.
Grande área, área e subárea do conhecimento: Ciências Agrárias,
Engenharia Agrícola, Engenharia de Água e Solo
Palavras-chave: irrigação, pastagem, épocas de corte.
Resumo:
O trabalho, conduzido em Cidade Gaúcha/PR, objetivou avaliar a produção
de matéria seca de duas pastagens (Brachiaria brizantha cv. BRS Piatã e
Panicum maximum cv. Mombaça), irrigadas e não irrigadas, ao longo de oito
cortes. O delineamento experimental, com quatro repetições, foi em
esquema de parcelas subdivididas em faixas, com os fatores irrigação na
parcela e pastagens na subparcela. A lâmina de irrigação representou a
reposição da evapotranspiração de referência (ET0). No período em estudo
foram realizados oito cortes das pastagens, observando-se que: i) a irrigação
não proporcionou maior produção de matéria seca em relação ao cultivo de
sequeiro; ii) o capim-Piatã teve uma produção significativamente maior que o
capim-Mombaça. No período entre dezembro e janeiro, correspondente ao
quarto e quinto cortes, as pastagens com produções diárias de 122,8 kg ha-1
apresentaram o valor produtivo máximo.
Introdução
O melhoramento das raças bovinas tem proporcionado um aumento na
produtividade e qualidade do produto. Dessa forma, o uso de espécies
forrageiras de maior produtividade e qualidade têm sido alvo de estudos
para atingir o devido o êxito no empreendimento.
Ribeiro et al. (2009), ao trabalhar com dois tipos de gramíneas, obtiveram
resposta significativa do sistema irrigado comparado com o não-irrigado.
Todavia, Almeida (2011), ao estudar o comportamento produtivo de
gramíneas na região do Noroeste do Paraná, observou que, apesar dos
maiores valores produtivos de matéria seca das gramíneas irrigadas, não
houve diferenças estatísticas entre os tratamentos. A esse comportamento,
o autor atribuiu ao alto índice pluviométrico e boa distribuição da chuva
ocorrida nos seis meses de experimento.
A adoção de sistemas de irrigação tem sido realizada para aumentar a
produtividade das pastagens em regiões que há escassez de chuvas. Dessa
forma, o presente trabalho tem como objetivo analisar o efeito da irrigação sobre as
pastagens de duas espécies diferentes, através de cortes realizados em diferentes
épocas do ano na região do Arenito Caiuá, no Noroeste do Paraná.
Materiais e métodos
O trabalho foi conduzido na Universidade Estadual de Maringá, em Cidade
Gaúcha, PR. O clima da região é subtropical úmido mesotérmico e o solo é
classificado como Latossolo Vermelho Distroférico de textura arenosa.
O experimento com quatro repetições foi constituído pelos fatores: i)
irrigação (irrigado e não irrigado); ii) pastagens (Panicum maximum cv.
Mombaça e Brachiaria brizantha cv. BRS Piatã) e; iii) épocas (oito cortes). O
delineamento experimental foi em parcelas subdivididas em faixas e ficou
constituído de 16 unidades experimentais, cada uma com 2 x 4 m (8 m2).
No mês de maio de 2014 foi realizado o preparo do solo, a adubação de
base e a semeadura das pastagens, em linhas espaçadas de 0,20 m. Para
estabelecer populações de 20 e 40 plantas m-2 (ALENCAR et al., 2010),
respectivamente, para o capim Piatã e Mombaça, foram realizadas em todo
o experimento irrigações e desbastes das plantas.
A diferenciação do tratamento irrigação foi realizada 73 dias após a
semeadura e a adubação com nitrogênio foi aplicada em duas doses, antes
do primeiro corte e depois do segundo corte.
No manejo da irrigação foram empregados dados climatológicos diários e a
evapotranspiração de referência (ET0) foi estimada pela equação de
Penman-Monteih. A lâmina líquida de irrigação representou o somatório da
ET0 menos a precipitação coleta na área experimental.
Os cortes das pastagens, a uma altura de 0,33 m do solo, foram feitos em
intervalos de 33 a 55 dias, com auxílio de um gabarito metálico de 1,0 x 2,0
m. As amostras das pastagens foram levadas ao laboratório e secas em
estufa, a 65ºC, por 72h, para a obtenção da matéria seca.
Os tratamentos foram submetidos à análise de variância a 5% de erro pelo
teste F e, as variáveis qualitativas e quantitativas, respectivamente, foram
aplicadas o teste de Tukey a 5% de erro e a análise de regressão.
Resultados e Discussão
Dados de temperatura média, radiação incidente, precipitação e ET0, entre
os meses de maio (10/05/2014) a junho (08/06/2015), são apresentados na
Figura 1. O índice pluviométrico entre a semeadura até o terceiro corte foi
menor em relação aos demais períodos de avaliação do experimento. A
temperatura média e a radiação incidente tiveram maiores valores entre o
segundo e o sexto corte das pastagens (Figura 1). O comportamento da ET0,
ao longo do experimento, obedeceu às variações da radiação incidente.
A produção de matéria seca em função da irrigação e espécie de pastagem
é apresentada na Figura 2. Apesar da irrigação proporcionar maiores valores
de matéria seca, essa diferença foi não significativa (Figura 2a), como foi
também observado por Almeida (2011). A produção diária de matéria seca
do capim-Piatã foi 7,2% maior a do capim-Mombaça (Figura 2b).
-2
-1
Rd (MJ m dia ), Tm (ºC),
-1
ET0 (mm dia ) e P (mm)
100
ET0
90
Tm
Rd
P
80
70
Dif.
trat.
60
50
73 d
C1
37 d
34 d
C2
C3
36 d
C4
36 d
C5
C6
42 d
32 d
C8
C7
43 d
55 d
40
30
20
10
0
35 425
60 450
85 475
160
110 500
135 525
125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400
Dias Julianos - J
Figura 1 – Dados diários de temperatura média (Tm), radiação incidente (Rd), precipitação
(P) e evapotranspiração de referência (ET0) ao longo da condução do experimento.
Produção (kg ha-1 dia-1)
100
a
a.
100
a*
80
80
60
60
40
40
20
20
0
b.
a
b
0
Não Irrigado
Irrigado
Mombaça
Piatã
*Signif icativo a 5% pelo teste de F
Figura 2 – Produção de matéria seca em função da irrigação (a.) e da pastagem (b.).
A produção de matéria seca em função da época de corte apresentou
resposta significativa quadrática (Figura 3) e entre o quarto e o quito corte foi
Produção (kg ha-1 dia-1)
observado o ponto de máxima. Esse intervalo entre cortes está
compreendido entre os meses de dezembro de 2014 e janeiro de 2015,
meses que a radiação incidente e a temperatura média são maiores.
150
Obs
Est
120
90
60
30
y = -6,7676x 2 + 57,085x + 2,4416*
R² = 0,9284
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Corte
*Signif icativo a 5% pelo teste de F
Figura 3 – Resposta produtiva de matéria seca em função do corte.
Conclusões
i) a irrigação não teve efeito significativo na produção de matéria seca das
pastagens; ii) o capim-Piatã é mais produtivo que o capim-Mombaça e; iii) a
época de maior produção de pasto foi entre dezembro e janeiro.
Agradecimentos
Ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica - PIBIC/CNPqFA-UEM pela oportunidade e pela concessão de bolsa de estudos.
Referências
ALENCAR, C. A. B. D. et al. Produção de seis capins manejados por pastejo
sob efeito de diferentes doses nitrogenadas e estações anuais. Revista
Brasileira de Saúde e Produção Animal, Salvador, v. 11, n. 1, p. 48-58,
2010.
ALMEIDA, E. L. D. Irrigação de plantas forrageiras tropicais e sorgo
granífero na região do Arenito Caiuá – Paraná. 2011. 65 f. Dissertação
(Mestrado em Agronomia) -UEM, Maringá, 2011.
RIBEIRO, E. G. at al. Influência da irrigação, nas épocas seca e chuvosa, na
produção e composição química dos capins napier e mombaça em sistema
de lotação intermitente. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 38, n. 8, p.
1432-1442, 2009.
Download

VARIAÇÃO TEMPORAL DA PRODUÇÃO DE PASTO - EAIC