UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Francisco José Silvestre CLÍNICA MÉDICA DE PEQUENOS ANIMAIS CURITIBA 2012 CLÍNICA MÉDICA DE PEQUENOS ANIMAIS CURITIBA 2012 Francisco José Silvestre CLÍNICA MÉDICA DE PEQUENOS ANIMAIS Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do Grau de Médico Veterinário. Orientador: Prof. Dr. Welington Hartmann Orientador professional: Silvia Terabe CURITIBA 2012 Reitor Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos Pró-Reitor Administrativo Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos Pró-Reitora Acadêmica Profa Carmen Luiza da Silva Pró-Reitor de Planejamento e Avaliação Sr. Afonso Celso Rangel Santos Pró-Reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Prof a Roberval Eloy Pereira Diretor de Graduação Prof. João Henrique Faryniuk Coordenadora do Curso de Medicina Veterinária Prof a Ana Laura Angeli Coordenadora de Estágio Curricular do Curso de Medicina Veterinária Prof a Ana Laura Angeli Metodologia Cientifica Prof. Jair Mendes Marques CAMPUS: PROF. SYDNEI LIMA SANTOS Rua: Sydnei A. Rangel Santos, 238 – Santo Inácio CEP: 82010-330 – Curitiba - Paraná Fone: (41) 3331-7700 TERMO DE APROVAÇÃO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Este trabalho de conclusão de curso foi julgado e aprovado para obtenção do título de Médico Veterinário por uma banca examinadora do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná. Curitiba, 4 de dezembro de 2012. Universidade Tuiuti do Paraná Orientador Prof. Dr. Welington Hartmann Universidade Tuiuti do Paraná, Curso de Medicina Veterinária Prof. Dr. Silvana Krychak Furtado Universidade Tuiuti do Paraná, Curso de Medicina Veterinária Med. Vet. Residente Liedge Camila Simioni Universidade Tuiuti do Paraná, Curso de Medicina Veterinária Dedico este trabalho aos meus pais, minha filha, minha esposa e a todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste objetivo. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, aos meus pais Adauto da Silva e Maria Terezinha da Silva, a minha esposa Patricia, minha filha Beatriz Silvestre e a toda minha família que me ajudou nesta jornada. Agradeço a toda a equipe da Clínica Veterinária Derosso, por todo o apoio, ajuda e por compartilhar seus conhecimentos. APRESENTAÇÃO O presente relatório de estágio curricular elaborado pelo aluno Francisco José Silvestre, acadêmico do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná, tem a finalidade de descrever casos clínicos, métodos de diagnóstico e tratamento, de acordo com os meios empregados pelos médicos veterinários que atuaram no local de estagio e comparando com a literatura consultada. O estágio curricular foi realizado no período de 8 de agosto a 31 de outubro do ano de 2012, totalizando carga horária de 360 horas, sob a orientação da Médica Veterinária Silvia Terabe, clínica e cirurgiã da Clínica Veterinária Derosso e sob a orientação acadêmica do Professor Welington Hartmann do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná. Neste relatório, estão descritos o local de realização do estágio, atividades desenvolvidas, casuística da clínica, e discussão de três casos clínicos sendo eles: demodiciose, babesiose e parvovirose. RESUMO O objetivo deste trabalho foi desenvolver três relatos de caso ocorridos na Clínica Veterinária Derosso, durante o período de estágio curricular supervisionado do acadêmico Francisco José Silvestre, acadêmico do curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná, no período de 8 de agosto a 31 de outubro do ano de 2012. Durante o período de estágio, foram desenvolvidas atividades relacionadas a clínica médica e cirúrgica de pequenos animais, procedimentos ambulatoriais e exames laboratoriais, sob a orientação da Médica Veterinária Silvia Terabe. O presente trabalho tem ainda como objetivo relatar três casos clínicos acompanhados durante o período de estagio, com os temas Demodiciose, Babesiose e Parvovirose canina. Palavras-chave: clínica veterinária, doenças infecciosas, exame clínico. LISTA DE ABREVIATURAS BID: Bis in die (duas vezes ao dia) CVD: Clínica Veterinária Derosso mg/kg: miligramas por quilograma SID: semel in die (uma vez ao dia) SRD: sem raça definida TID: ter in die (três vezes ao dia) VO: via oral ºC: graus Celsius ÍNDICE DE FIGURAS FIGURA 1 FACHADA CVD, 2012............................................................................... 17 FIGURA 2 RECEPÇÃO CVD, 2012............................................................................ 17 FIGURA 3 CONSULTÓRIO 1 CVD, 2012................................................................... 17 FIGURA 4 CONSULTÓRIO 2 CVD, 2012................................................................... 18 FIGURA 5 AMBULATÓRIO 1 CVD, 2012................................................................... 18 FIGURA 6 AMBULATÓRIO 2, DOENÇAS INFECTO-CONTAGIOSAS CVD, 2012... 18 FIGURA 7 INTERNAMENTO PÓS-OPERATÓRIO CVD, 2012.................................. 19 FIGURA 8 ISOLAMENTO DE DOENÇAS INFECTOCONTAGIOSAS 1 CVD, 2012........................................................................................................... 19 INTERNAMENTO PARA DOENÇAS INFECTO-CONTAGIOSAS 2 CVD,2012.................................................................................................. 19 FIGURA 10 INTERNAMENTO PARA GATOS CVD, ,2012............................................. 20 FIGURA 11 CENTRO CIRÚRGICO CVD, 2012............................................................. 20 FIGURA 12 SETOR DE ESTERILIZAÇÃO CVD, 2012.................................................. 20 FIGURA 13 SALA DE ECOGRAFIA E COLETA DE MATERIAIS CVD, 2012............... 21 FIGURA 14 PACIENTE LILY, FELINA, PERSA, 9 MESES............................................ 30 FIGURA 15 LESAO SUBMANDIBULAR CROSTOSA – PACIENTE LILY..................... 30 FIGURA 16 PIÁ, CÃO, SRD, 2 ANOS DE IDADE.......................................................... 38 FIGURA 17 PACIENTE PIÁ APRESENTANDO ICTERÍCIA.......................................... 41 FIGURA 18 URINA COM COLORAÇÃO ÂMBAR DEVIDO À HEMOGLOBINÚRIA...... 42 FIGURA 19 PACIENTE TICA, CANINA, LHASA APSO, 3 MESES............................... 50 FIGURA 9 ÍNDICE DE TABELAS TABELA 1 RELAÇÃO DE CASOS CLÍNICOS ACOMPANHADOS, POR ESPECIALIDADE, DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO NA CVD AGOSTO A OUTUBRO DE 2012.................................................................. TABELA 2 23 RELAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS E EXAMES ACOMPANHADOS DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO NA CVD – AGOSTO A OUTUBRO DE 2012......................................................................................................... TABELA 3 PRIMEIRO EXAME DO PACIENTE PIÁ, RAÇA SRD, 2 ANOS DE IDADE............................................................................................................ TABELA 4 40 TERCEIRO EXAME DO PACIENTE PIÁ, RAÇA SRD, 2 ANOS DE IDADE............................................................................................................ TABELA 6 39 SEGUNDO EXAME DO PACIENTE PIÁ, RAÇA SRD, 2 ANOS DE IDADE............................................................................................................ TABELA 5 24 HEMOGRAMA DA PACIENTE TICA, LHASA APSO, 43 3 MESES........................................................................................................... 50 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO…………………………………………………………………………. 15 2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO................................................................ 16 3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS……………………………………………………... 22 3.1 CASUÍSTICA…………………………………………………………….....………….... 22 4 DEMODICIOSE…………………………………………………………….…………… 25 4.1 DEMODEX CATI…………………………………………………………….…….…… 25 4.1.1 Sinais Clínicos……………………………………………………………….………….. 26 4.2 DEMODEX GATOI…………………………………………………………….……….. 26 4.2.1 Sinais Clínicos………………………………………………………….……………….. 27 4.3 DIAGNÓSTICO…………………………………………………………..……………… 27 4.4 TRATAMENTO…………………………………………………………...……………… 28 4.5 CASO CLINÍCO…………………………………………………………………..……... 28 4.6 DISCUSSÃO……………………………………………………………...……………… 31 5 BABESIOSE CANINA………………………………………………………………..… 32 5.1 TAXONOMIA………………………………………………………………..…………… 32 5.2 CICLO BIOLÓGICO……………………………………………………………..……… 33 5.3 TRANSMISSÃO……………………………………………………….………………... 33 5.4 SINAIS CLINICOS……………………………………………………………….……... 34 5.5 ACHADOS LABORATORIAS…………………………………………………….…… 34 5.6 DIAGNÓSTICO……………………………………………………….………………… 35 5.7 TRATAMENTO……………………………………………………….…………….…… 36 5.8 CASO CLINÍCO……………………………………………………………….…….…... 37 5.9 DISCUSSÃO……………………………………………………………………….…..... 43 6 PARVOVIROSE CANINA…………………………..………………………………….. 45 6.1 TRANSMISSÃO……………………………………………………………..…………... 46 6.2 SINAIS CLINÍCOS………………….…………………………………………………… 46 6.3 DIAGNÓSTICO………………………………………………………………………….. 48 6.4 TRATAMENTO…………………………………………………………………………... 48 6.5 CASO CLINÍCO………………………………………………………………………..... 49 6.6 DISCUSSÃO…………………………………………………………………………...... 51 7 CONCLUSÃO……………………………………………………………………………. 52 REFERENCIAS………………………………………………………………………..... 54 15 1. INTRODUÇÃO A medicina veterinária apresenta aos seus profissionais grandes oportunidades para o seu exercício, em diversos segmentos de atividades relacionadas às espécies animais. Particularmente, a clínica médica de pequenos animais nos impõe desafios diários. É necessário dedicação, atenção, discernimento, aprofundamento e atualização para diagnosticar os casos clínicos que nos são apresentados, tendo em vista a falta de informações sobre o histórico e a anamnese, que são muito comuns aos proprietários dos animais. A terapêutica veterinária passa a ser um diferencial para o profissional, após as etapas anteriores necessárias ao estabelecimento do diagnóstico. As doenças infecciosas e parasitárias, como demodiciose, babesiose e parvovirose, entre outras, constituem elevada prevalência nos meios urbanos na espécie canina e dependem de um tratamento correto para a sobrevida e manutenção do paciente, dependendo do seu grau de comprometimento. 16 2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO A Clínica Veterinária Derosso (CVD) (FIGURA 1) iniciou suas atividades em 1992, à Rua Libero Sant´ana Nunes, 40, no bairro Xaxim, em Curitiba-PR. Inicialmente as instalações eram de uma clínica de pequeno porte, composta apenas por um consultório, centro cirúrgico e um setor de higiene e estética. Atualmente, a clínica possui serviço 24 horas e foram implementados novos setores como dois internamentos isolados para doenças infecto-contagiosas, um ambulatório e um consultório, gatil, entre outros. A equipe atualmente é composta por sete veterinários e sete funcionários. O cliente, responsável pelo animal, adentra a recepção (FIGURA 2) e é identificado, sendo encaminhado para o setor de clínica médica, diagnóstico por imagem, ambulatório (emergência) ou setor de higiene e estética animal. O atendimento clínico é realizado em dois consultórios – dotados de computador, telefone, mesa para o médico veterinário, mesa de aço inox para consulta, pia e armário - (FIGURA 3 e 4) e em dois ambulatórios (FIGURA 5 e 6). Há quatro setores de internamento: pós-operatório, doenças infecto-contagiosas e gatil (FIGURA 7, 8, 9 e 10). A clínica também possui um centro cirúrgico (FIGURA 11) com aparelho para anestesia monitorada, sala de lavagem e esterilização de materiais (FIGURA 12), sala de diagnóstico por imagem (ecografia) e coleta de materiais (FIGURA 13), lavanderia e dois pátios. Nestes pátios, os pacientes que não são afetados por doenças infecto-contagiosas, mas que necessitam de internação prolongada são soltos um período do dia, diminuindo assim, o estresse do internamento e da clausura. No andar superior, há um escritório, cozinha equipada, banheiro com chuveiro e um quarto, destinado ao plantonista noturno. 17 FIGURA 1 – FACHADA CVD, 2012 FIGURA 2 – RECEPÇÃO CVD, 2012 FIGURA 3 – CONSULTÓRIO 1 CVD, 2012 18 FIGURA 4 – CONSULTÓRIO 2 CVD, 2012 FIGURA 5 – AMBULATÓRIO 1 CVD, 2012 FIGURA 6 – AMBULATÓRIO 2, DOENÇAS INFECTO-CONTAGIOSAS CVD, 2012 19 FIGURA 7 – INTERNAMENTO PÓS-OPERATÓRIO CVD, 2012 FIGURA 8 – ISOLAMENTO DE DOENÇAS INFECTO- CONTAGIOSAS 1 CVD, 2012 FIGURA 9 – INTERNAMENTO PARA DOENÇAS INFECTO-CONTAGIOSAS 2 CVD, 2012 20 FIGURA 10 – INTERNAMENTO PARA GATOS CVD, 2012 FIGURA 11 – CENTRO CIRÚRGICO CVD, 2012 FIGURA 12 – SETOR DE ESTERILIZAÇÃO CVD, 2012 21 FIGURA 13 – SALA DE ECOGRAFIA E COLETA DE MATERIAIS CVD, 2012 22 3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS Entre as atividades desenvolvidas na CVD estavam a aprendizagem constante a cada consulta e internamento, seja de técnicas de anamnese, contenção, exame físico, interpretação de exames e relacionamento profissionalresponsável. Ao dar entrada na clínica, o paciente e seu responsável eram identificados, encaminhados ao setor especializado, sendo então atendidos pelo veterinário responsável pelo setor, como dermatologia, oftalmologia, ortopedia e emergência. De acordo com a queixa do responsável, traçava-se o perfil do paciente e, conforme a anamnese o exame clínico era feito, sendo então solicitados exames para auxílio no diagnóstico, como exames laboratoriais (hemograma completo, bioquímicos, coproparasitológicos ou urinálise), e ou exames de imagem (radiografia, ultrassonografia ou tomografia). A colheita para exames laboratoriais era feita no período diurno, de acordo com o horário de funcionamento do laboratório de suporte. As radiografias também eram terceirizadas, necessitando marcar horário clínicas nas conveniadas para tal procedimento. Os exames ultrassonográficos eram realizados na própria clínica, por um veterinário conveniado que trazia seu próprio equipamento. Muitos responsáveis não concordavam com a despesa correspondente aos exames, por isso, o diagnóstico muitas vezes era apenas presuntivo. 3.1 CASUÍSTICA Durante o período de estágio na CVD, foram acompanhados 284 atendimentos, divididos por especialidades e em sua grande maioria sendo queixas relacionadas ao aparelho digestório, conforme está relacionado na TABELA 1. 23 TABELA 1 – RELAÇÃO DE CASOS CLÍNICOS ACOMPANHADOS, POR ESPECIALIDADE, DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO NA CVD - AGOSTO A OUTUBRO DE 2012 ESPECIALIDADE NÚMERO DE CASOS PORCENTAGEM Infectologia 32 11,7% Imunização 30 10,9% Sistema Digestório 27 9,9% Ortopedia 23 8,4% Traumas Diversos 23 8,4% Dermatologia 20 7,3% Oncologia 19 6,9% Sistema Reprodutor 18 6,6% Urologia 13 4,8% Parasitologia 11 4,0% Consultas para Castração Eletiva 10 3,6% Pneumologia 10 3,6% Neurologia 8 2,9% Endocrinologia 7 2,6% Odontologia 7 2,6% Toxicologia 6 2,2% Cardiologia 5 1,8% Transfusão Sanguínea 3 1,1% Distúrbios metabólicos 2 0,7% Total 274 100% Após a consulta no setor de clínica médica, os animais que necessitavam exames complementares eram encaminhados para a realização dos mesmos (TABELA 2). 24 TABELA 2 – RELAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS E EXAMES ACOMPANHADOS DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO NA CVD – AGOSTO A OUTUBRO DE 2012. EXAMES NÚMERO DE EXAMES Hemograma Completo 67 35,3% Bioquímico 63 33,2% Ultrassonografia 20 10,5% Radiografia 15 7,9% Histopatológico 7 3,7% Citologias 6 3,2% 5 2,6% 4 2,1% 2 1,0% 1 0,5% 190 100% Sorologia Urinálise Ecocardiografia Colonoscopia Total PORCENTAGEM 25 4 DEMODICIOSE A demodiciose é uma doença comum em cães jovens, raramente observada em cães adultos e excepcionalmente em gatos (FONTAINE, 2009). Demodex spp. são os ácaros hospedeiros específicos, habitantes normais dos folículos pilosos e das glândulas sebáceas na maioria das espécies de animais domésticos e do homem (FONTAINE, 2009). Pertencem a sub-ordem trombidiformes; família Demodecidiae; gênero Demodex (BOWMAN, 2010). São seres pequenos, vermiformes, porém com patas pequenas e robustas e exibem uma estrutura qual completamente diferente do Sarcoptes e do Otodex (BOWMAN, 2010). Ácaros demodécicos são de fato parte da fauna natural da pele de caninos e felinos, e estão presentes em pequeno número na maioria dos indivíduos sadios (FONTAINE, 2009). Quando ocorre uma proliferação anormal desses ácaros, ocorre a doença (MUELLER, 2007). Recentemente, a demodiciose superficial de cauda curta (Demodex gatoi) foi identificada em cães e gatos (CARLOTTI, 2010). 4.1 DEMODEX CATI Este ácaro foi descoberto em 1859 por Leydig que nomeou de Demodex folliculorum var cati e foi renomeado Demodex cati por Hirst em 1919. Este ácaro é similar ao Demodex canis (cerca de 200 μm maior) (CARLOTTI, 2010), sendo mais profundos e vivem nos folículos pilosos (FONTAINE, 2009). Esse ácaro é comumente associado com doenças sistêmicas ou estados imunodeficitários como FeLV/FIV, hiperadrenocorticismo, diabetes mellitus, toxoplasmose ou neoplasias (carcinoma múltiplo escamoso in situ). A associação 26 com demodiciose e dermatofitose tem sido relatada (FONTAINE, 2009; AUGUST, 2011; ROSYCHUK, 2011). 4.1.1 Sinais Clínicos As lesões localizadas são alopécicas, com eritema, comedões, seborreia, pápulas foliculares e/ou pústulas, erosões/úlceras, crostas e são localizadas na cabeça (particularmente pálpebras), pinas e pescoço (MUELLER, 2007; FONTAINE, 2009; BOWMAN, 2010; CARLOTTI, 2010; AUGUST, 2011; ROSYCHUK, 2011). As lesões generalizadas têm a mesma aparência com um envolvimento comum de tronco e membros (CARLOTTI, 2010). Liquenificação e hiperpigmentação podem ser vistas. Prurido é variável, usualmente ausente ou moderado. Raramente celulite bacteriana pode ocorrer. Otodemodiciose devido D. cati é comumente associada com a doença de pele mas pode também ocorrer sozinha (CARLOTTI, 2010). Em casos extremos linfadenopatia e febre podem ocorrer (MUELLER, 2007). 4.2 DEMODEX GATOI O Demodex gatoi foi descoberto em gatos em 1981 e foi nomeado em 1999. É um ácaro curto, que vive no estrato córneo não nos folículos pilosos, e é morfologicamente similar ao Demodex criceti, que são encontrados em hamsters (Mesocricetus auratus) (FONTAINE, 2009; CARLOTTI, 2010; ROSYCHUK 2011). 27 4.2.1 Sinais Clínicos O histórico e exame clínico revelam uma pele doente com prurido, comumente em gatos jovens de pelo curto, com alopecia ou pelos quebrados, eritema, escaras, escoriações e crostas, particularmente na cabeça, pescoço e cotovelos e/ou flancos, ventre e posteriores das pernas (FONTAINE, 2009; CARLOTTI, 2010; AUGUST, 2011; ROSYCHUK, 2011). Hiperpigmentação pode ocorrer e a doença pode ser simétrica. A doença pode ocorrer em muitos gatos ao mesmo tempo, incluindo portadores assintomáticos onde o ácaro é presente em altos índices. Em contraste, em gatos com prurido o ácaro pode ser difícil de achar devido às inúmeras crostas, causando certa dificuldade em diagnosticar a doença (CARLOTTI, 2010). Um diagnóstico presuntivo pode ser realizado a partir da terapia responsiva (ROSYCHUK, 2011). 4.3 DIAGNÓSTICO O diagnóstico é baseado no histórico, sinais clínicos e exame microscópio de raspados de pele, tricogramas e cerumem (MUELLER, 2007; CARLOTTI, 2010; ROSYCHUK, 2011). Ácaros podem ser facilmente encontrados em lesões de carcinoma de células escamosas múltiplas in situ (CARLOTTI, 2010). Em raros pacientes, o diagnóstico pode ser realizado por meio de uma biópsia (MUELLER, 2007) ou por flutuação fecal dos ácaros ingeridos (ROSYCHUK, 2011). 28 4.4 TRATAMENTO Os gatos afetados são pobremente ou não responsivos à terapia com glicocorticoides (ROSYCHUK, 2011). A demodiciose localizada é auto-limitada e pode ser curada espontaneamente (CARLOTTI, 2010). Entretanto, terapia pode ser indicada para as formas generalizadas. Banhos com enxofre a 2% semanais, durante 6 semanas, deixando agir por cerca de 5 minutos. Ivermectina na dose de 0.3 mg/kg VO SID, porém tem um potencial tóxico (CARLOTTI, 2010; ROSYCHUK, 2011). Enxágues em amitraz 0,0125-0,025% semanais e doramectina 600 μg kg-1 semanais subcutâneos são eficazes. Milbemectina (1-2 mg/kg) ou moxidectina orais são efetivos. A piodermite secundária deve ser tratada apropriadamente (CARLOTTI, 2010; AUGUST, 2011; ROSYCHUK, 2011). 4.5 CASO CLÍNICO Foi atendida na clínica a paciente Lily, felina, persa, 9 meses de idade (FIGURA 14). Na anamnese a responsável relatou prurido facial e blefarite. Há 2 meses foi diagnosticada com Microsporum sp. por meio de cultura fúngica. O tratamento iniciou-se em seguida com Program plus® (milbemicina oxima + lufenuron), sendo duas aplicações, durante o periodo de 60 dias e banhos semanais com Micodine® (shampoo de cetonazol + gliconato de clorexidina), durante o período de 60 dias. Após esses procedimentos a paciente não apresentou mais lesões compatíveis com a doença. 29 No exame físico foi encontrada uma lesão crostosa em região sub-mandibular (FIGURA 15), com 0,5 cm de diâmetro e, segundo a responsável pela paciente, pruriginosa. Um raspado de pele foi realizado na própria clínica e o resultado foi negativo. Os outros parâmetros como frequência respiratória, frequência cardíaca, e temperatura estavam normais. 30 FIGURA 14 – PACIENTE LILY, FELINA, PERSA, 9 MESES FIGURA 15 – LESAO SUBMANDIBULAR CROSTOSA – PACIENTE LILY Na mesma semana foi realizada uma biópsia da lesão e o material enviado para histopatológico. O laudo do histopatológico constou de “dermatite superficial perivascular, com organismo morfologicamente compatível com Demodex sp. por entre as lâminas de queratina da camada córnea da epiderme” e o laudo final foi de “demodiciose superficial felina”. Um novo tratamento agora para a demodiciose foi iniciado com ivermectina na dose de 0,04 mg/kg com aplicações subcutâneas semanais, durante 3 semanas. O tratamento por via oral foi rejeitado pela responsável devido a dificuldade de administrar medicamentos para a paciente por via oral. 31 Após esse período a lesão desapareceu completamente e a paciente não teve mais recidivas. 4.6 DISCUSSÃO Segundo Fontaine (2009), August (2011) e Rosychuk (2011), a demodiciose felina está associada a estados imunodeficitários e a presença do Microsporum com poucos meses de diferença talvez seja um sinal de que a paciente talvez apresente alguma doença imunodeficitária, porém a responsável não autorizou exames complementares para a possível detecção de panleucopenia felina ou qualquer outra anormalidade. Apesar de a biópsia não identificar qual a espécie do ácaro envolvida, podese sugerir que a paciente estava com a proliferação do Demodex gatoi, pois segundo os autores Fontaine (2009), Carlotti, (2010) e Rosychuk (2011) este ácaro vive no estrato córneo e não nos folículos pilosos, sendo ácaros mais superficiais. Segundo o laudo histopatológico, o ácaro foi encontrado na camada córnea da epiderme, porém é apenas uma suposição. O tratamento utilizado com ivermectina citado por Carlotti (2010) e Rosychuk (2011) foi realizado, porém a via de administração foi subcutânea e a dose 0,04 mg/kg ao contrário do que a literatura prescreve 0,3 mg/kg via oral. Enxagues com amitraz não foram realizados devido ao potencial tóxico, como descrevem os autores citados acima. 32 5 BABESIOSE CANINA 5.1 TAXONOMIA A Babesia pertence ao filo Protozoa, sub-filo Apicomplexa, classe Sporoasida, sub-classe Coccidiasina, ordem Piroplasmida, gênero Babesia (ALMOSNY et al., 2002). Babesia spp. são também referidas como piroplasmas, um termo coletivo morfologicamente similar aos protozoários que utilizam eritrócitos dos mamíferos para completar seu ciclo (IRWIN, 2007). Os Piroplasmas possuem dois gêneros, Babesia e Theileria. Desde que a babesiose se tornou uma doença em emergência em muitas partes do mundo, é muito importante determinar com precisão as espécies do parasita que causam a doença clínica e isolar este para tentar determinar sua localização geográfica (IRWIN, 2007). As espécies de Babesia são parasitas intracelulares de eritrócitos que causam aumento da destruição das hemácias e anemia (ALLERMAN, 2005, HARVEY, 2006). Até recentemente apenas dois parasitas foram encontrados em cães (IRWIN, 2007): A Babesia canis é um parasita grande (4,7 µm de diâmetro) que possui formato de pêra (ALMOSNY et al., 2002; ALLERMAN, 2005, HARVEY, 2006; LOBETTI, 2006). Em 1980, a B. canis foi reclassificada em três diferentes espécies (B. canis, B. rossi e B. vogeli) (LOBETTI, 2006; IRWIN, 2007). A Babesia gibsoni é um parasita pequeno (1,0 a 2,5 µm de diâmetro) (ALMOSNY et al., 2002; HARVEY, 2006; LOBETTI, 2006) existindo ainda um segundo parasita similar, porém morfologicamente diferente, sendo este associado ao gênero Theileiria (HARVEY, 2006). A Babesia gibsoni é predominante na Ásia (IRWIN, 2007). Um terceiro piroplasma foi identificado causando doença em cães e 33 chamado provisoriamente Theileria annae. Finalmente B. equi (Theileria equi) foi identificado no sangue de alguns animais europeus por PCR (HARVEY, 2006). 5.2 CICLO BIOLÓGICO O ciclo biológico no hospedeiro vertebrado ocorre no interior das hemácias, com o parasito se dividindo assexuadamente. No carrapato ocorre um ciclo complexo, com fusão de gametas no interior das células intestinais e formação de um zigoto móvel, alongado, conhecido como esporocineto. Este invade a hemolinfa do artrópode, alcançando todos os órgãos, onde se multiplica. No caso das fêmeas, os esporocinetos presentes nos ovários atingirão seus ovos e a larva já nasce infectada. Quando a larva começa a se alimentar, os parasitos migram para a glândula salivar e vão sofrer novas divisões e transformações, com a formação de esporozoítos infectantes (ALMOSNY et al., 2002). 5.3 TRANSMISSÃO O protozóario pode ser transmitido com sangue infectado, em transfusões de sangue ou deliberadamente durante estudos experimentais (IRWIN, 2007). Entretanto, geralmente a babesiose é considerada transmitida pela picada do carrapato contaminado. Os vetores da B. canis vogeli são os carrapatos marrons da espécie Rhipicephalus sanguíneus, da B. canis canis são os carrapatos Dermacentor reticulatus e por último, a B. canis rossi, é associada ao Haemphysalis leachi (ALMOSNY et al., 2002) e a disseminação da doença ocorre com a viagem de cães a partir de regiões endêmicas (IRWIN, 2007). 34 5.4 SINAIS CLÍNICOS A gravidade da doença varia com a idade do animal e a cepa de Babesia envolvida. O curso da doença pode ser agudo e fulminante, subclínico ou crônico. Os sinais clínicos que podem ocorrer em cães incluem letargia, anorexia, mucosas pálidas ou ictéricas, febre, emese, urina âmbar ou marrom, esplenomegalia, icterícia, perda de peso, taquipnéia e taquicardia. Animais com babesiose são comumente anêmicos (ALLERMAN, 2005; HARVEY, 2006). Devido à anemia hemolítica, alguns animais apresentam síndrome de choque hipotensivo antes mesmo que a anemia possa se desenvolver (HARVEY, 2006). As complicações mais comumente encontradas em cães são falência renal aguda, babesiose cerebral, coagulopatias, icterícia e hepatopatias, anemia hemolítica imuno-mediada, hemoconcentração, hipotensão, patologia miocárdica, hipoglicemia, pancreatite e choque. Raras complicações incluem distúrbios gastrointestinais, mialgia, envolvimento ocular, sinais respiratórios, necrose de extremidades, edema de membro e doença crônica (LOBETTI, 2006). 5.5 ACHADOS LABORATORIAIS A anemia resulta primariamente da hemólise intravascular embora destruição extravascular de eritrócitos também pode ocorrer. Uma resposta regenerativa (reticulocitose) está presente na maioria dos casos. Trombocitopenia suave a severa frequentemente está presente, mas hemorragia é raramente presente (ALMOSNY et al., 2002; ALLERMAN, 2005; HARVEY, 2006). 35 Perfis bioquímicos podem apresentar bilirrubinemia e anormalidades relatadas à hipoxia anêmica, porem os perfis também podem ser normais. Bilirrubinemia é comum, mas hemoglobinúria é raramente encontrada (ALMOSNY et al., 2002; ALLERMAN, 2005; HARVEY, 2006). Ocorre também queda nos níveis de albumina, proteína sérica, relação albumina/globulina e alfa globulina e em cães idosos, aumento de uréia e creatinina podem ocorrer (ALMOSNY et al., 2002). O aumento da destruição de hemácias leva a uma sobrecarga hepática, surgindo a icterícia. Ocorre congestão hepática e esplênica, e hiperplasia do sistema fagocítico mononuclear, com consequente aumento de baço e fígado (ALMOSNY et al., 2002). 5.6 DIAGNÓSTICO Um diagnóstico de pesquisa de hematozoário de infecção por Babesia pode ser feito pela identificação dos organismos presentes no sangue (ALLERMAN, 2005; IRWIN, 2008), porém nem sempre eles são encontrados e as babesias menores podem ser difíceis de serem reconhecidas. Um diagnóstico presuntivo das espécies pode ser realizado baseado no tamanho. Micro-organismos maiores podem ser associados com B. canis e micro-organismos menores com B. gibsoni (HARVEY, 2006). Durante infecções crônicas a parasitemia é muito baixa e é facilmente negligenciada (IRWIN, 2007). Diagnóstico sorológico pode ser realizado com teste de imunofluorescência indireta, mas algumas reações cruzadas entre as espécies de Babesia podem ocorrer. Titulações altas sugerem infecção ativa, mas o teste pode dar negativo em infecções agudas, especialmente filhotes (ALLERMAN, 2005; HARVEY, 2006) e 36 muitas vezes não é possível determinar se a infecção é aguda ou crônica (IRWIN, 2007). As espécies do organismo podem ser identificadas no sangue usando PCR e sequenciamento do gene 18S rRNA (HARVEY, 2006). A introdução do PCR tem aumentado significativamente a detecção do parasita, porém esse exame é restrito a poucos laboratórios. Em infecções muito recentes, quando um número pequeno de parasitas restam no sítio de inoculação, a detecção no sangue periférico pelo PCR pode ser insatisfatório. Outra situação de falha do PCR é na detecção da infecção em casos crônicos (IRWIN, 2007). 5.7 TRATAMENTO As transfusões de sangue são baseadas na magnitude da anemia. Em casos de babesiose, fatores como doença aguda ou no início, sinais clínicos, regeneração de eritrócitos e a presença de doença cardíaca ou respiratória concomitante devem ser considerados. Cães com babesiose são considerados candidatos para transfusão quando o hematócrito é menor que 15%. Transfusões de sangue também são necessárias quando o paciente apresenta dispneia ou taquipnéia (LOBETTI, 2006). Dipropionato de imidocarb (Imizol®) na dose de 6,6 ml/kg SC ou IM, em dose única, ou com repetição da dose em 2 semanas e cuidados de suporte como fluidoterapia e transfusão de sangue podem ser eficazes durante o tratamento (BICHARD, 2008 E SHERDING, 1998; ALMOSNY et al., 2002; ALLERMAN, 2005; HARVEY, 2006; IRWIN, 2007). 37 Outras drogas como doxiciclina, clindamicina, sulfato de quinurônio, pentamidina, fenamidina e parvaquone estão sendo relatados com variáveis graus de sucesso clínico (IRWIN, 2007). Em cobaias tem ocorrido grande sucesso terapêutico resultado do uso de um antibiótico macrolídeo combinado com um antiprotozoário (como por exemplo a associação de azitromicina – 10mg/kg SID, VO, 10 dias – e atavaquone – 13,3mg/kg TID, VO 10 dias (HARVEY, 2006; IRWIN, 2007). Drogas babesicidas são potencialmente perigosas e podem causar sinais neurousculares e injúria renal ou hepática. Recidivas após o tratamento podem ocorrer, mas são mais comuns em cães com B. gibsoni. Cães tratados ou não podem permanecer portadores da doença (ALLERMAN, 2005; HARVEY, 2006). 5.8 CASO CLÍNICO Foi levado para a clínica o paciente Piá, cão, SRD, dois anos de idade, 15 kg (FIGURA 16). A responsável se queixou de apatia e anorexia. Durante a anamnese, foi constatado que recentemente o paciente teve uma infestação por carrapatos juntamente com os outros contactantes e não se alimentava há cerca de três dias. No exame físico a temperatura estava alta (40,2º Celsius), o paciente estava com desidratação 5%, mucosas pálidas, tempo de preenchimento capilar de três segundos, linfonodos normais, batimentos cardíacos e frequência respiratória também dentro dos parâmetros considerados normais. 38 FIGURA 16 - PIÁ, CÃO, SRD, 2 ANOS DE IDADE Foi colhido sangue para exames hematológicos e bioquímicos (TABELA 3), e o paciente foi colocado na fluidoterapia. Determinado a necessidade basal de líquidos, para carnívoros adultos 40-50 ml/kg/dia e filhotes 70 ml/kg/dia. Determinado também a necessidade de reposição em função da desidratação: Peso (kg) x % desidratação x 10. Parâmetros clínicos para o calculo da porcentagem de desidratação é 4% apenas histórico de adipsia, 5-6% urina concentrada, apatia, redução da elasticidade cutânea e mucosas parcialmente ressecadas, 8% redução da elasticidade cutânea, mucosas secas e viscosas, retração do bulbo ocular, oligúria e TPC> três segundos, 10-12% todos os sinais anteriores acrescidos de pulso rápido e fraco e contrações involuntárias, 12-15% choque e óbito (VIANA 2006). 39 TABELA 3: EXAME DO PACIENTE PIÁ, RAÇA SRD, 2 ANOS DE IDADE ANTES DO TRATAMENTO CÉLULAS VALORES REFERÊNCIA Eritrócitos 2.35 milhões/µl 5,5-8,5 milhões/µl Hematócrito 18% 37-55% Hemoglobina 6 g/dl 12-18 g/dl VCM 76,6 fl 60-77 fl CHCM 33,3% 32-36% Leucócitos 15.700/µl 6.000-17.000/µl Neutrófilos bastonetes 2.041/µl 0-300/µl Neutrófilos segmentados 10.362/µl 3.000-11.400/µl Linfócitos 2.826/µl 1.000-4.800/µl Monócitos 157/µl 150-1.350/µl Eosinófilos 314/µl 100-750/µl Basófilos 0 Raros Metamielócitos 0 Raros Blastos 0 Raros Plaquetas 10.000/µl 200.000-500.000/µl Obs. Desvio nuclear dos neutrófilos à esquerda, anisocitose ++, policromatofilia ++, 7% de metarrubrócitos, corpúsculos de howell-jolly e presença de Babesia canis. OS resultados deste primeiro exame indicou uma anemia moderada e trombocitopenia severa, também foi constatada a infecção por Babesia canis sem a necessidade de exames específicos pois foram identificadas durante o hemograma convencional. Foi realizada uma transfusão de sangue e o início do tratamento com doxiciclina na dose de 5 mg/kg, intravenosa, BID e ranitidina na dose de 2 mg/kg subcutânea BID. O paciente ficou internado, recebendo fluidoterapia de suporte durante a primeira fase do tratamento. Em um primeiro momento não foi administrado o dipropionato de imidocarb devido ao estado do paciente. Após a 40 transfusão de sangue, o imidocarb foi administrada por via subcutânea na dose de 6,6 mg/kg, dose única. Um segundo hemograma foi realizado 5 dias após a internação ( TABELA 4). TABELA 4: EXAME DO PACIENTE PIÁ, RAÇA SRD, 2 ANOS DE IDADE APÓS 5 DIAS DO INICIO DO TRATAMENTO CÉLULAS VALORES REFERÊNCIA Eritrócitos 1,29 milhões/µl 5,5-8,5 milhões/µl Hematócrito 10% 37-55% Hemoglobina 3,4 g/dl 12-18 g/dl VCM 77,5 fl 60-77 fl CHCM 34% 32-36% Leucócitos 22.600/µl 6.000-17.000/µl Neutrófilos bastonetes 678/µl 0-300/µl Neutrófilos segmentados 18.080/µl 3.000-11.400/µl Linfócitos 2.938/µl 1.000-4.800/µl Monócitos 226/µl 150-1.350/µl Eosinófilos 678/µl 100-750/µl Basófilos 0 Raros Metamielócitos 0 Raros Blastos 0 Raros Plaquetas 18.000/µl 200.000-500.000/µl Albumina 1.34 g/dl 2.3-3.8 g/dl Amostra ictérica ++, leucocitose, neutrofilia, policromatofilia ++, 20% de metarrubrócitos e macrocitose +. No mesmo dia da realização do segundo exame, o paciente iniciou um quadro de icterícia (FIGURA 17) e hemoglobinúria (FIGURA 18) e o quadro clínico declinou severamente. Foi administrada solução parenteral intravenosa como tratamento 41 suporte, além dos fármacos que já estavam sendo administrados e no dia seguinte iniciou alimentação por via oral. FIGURA 17 – PACIENTE PIÁ APRESENTANDO ICTERÍCIA 42 FIGURA 18 – URINA COM COLORAÇÃO ÂMBAR DEVIDO À HEMOGLOBINÚRIA Após 2 dias, o paciente apresentou edema de membros e iniciou-se a adição de albumina em pó na alimentação para suplementar o paciente devido a ocorrência de edema , sendo que quando ocorre perda de albumina na presença de permeabilidade capilar normal, a suplementação de albumina pode ser benéfica, e o paciente foi liberado para terminar o tratamento em casa. Após 10 dias da liberação, novos exames laboratoriais foram realizados (TABELA 5). 43 TABELA 5: EXAME DO PACIENTE PIÁ, RAÇA SRD, 2 ANOS DE IDADE APÓS 10 DIAS QUE O PACIENTE FOI LIBERADO CÉLULAS VALORES REFERÊNCIA Eritrócitos 3,01 milhões/µl 5,5-8,5 milhões/µl Hematócrito 26% 37-55% Hemoglobina 8,5 g/dl 12-18 g/dl VCM 86,4 fl 60-77 fl CHCM 32,7% 32-36% Leucócitos 19.600/µl 6.000-17.000/µl Neutrófilos bastonetes 1.176/µl 0-300/µl Neutrófilos segmentados 15.288/µl 3.000-11.400/µl Linfócitos 3.136/µl 1.000-4.800/µl Monócitos 0 150-1.350/µl Eosinófilos 0 100-750/µl Basófilos 0 Raros Metamielócitos 0 Raros Blastos 0 Raros Plaquetas 589.000/µl 200.000-500.000/µl Após vinte dias da alta do paciente a proprietária esteve na clinica e relatou que o paciente tinha se recuperado, e estava se alimentando super bem. 5.9 DISCUSSÃO O paciente chegou com o histórico clínico de anorexia, apatia e mucosas pálidas, sendo estes corroborados pelos autores Allerman (2005) e Harvey (2006). Segundo Bichard & Sherding (1998), Almosny et al. (2002) , Allerman (2005), Harvey (2006) e Irwin (2007) o tratamento realizado com dipropionato de imidocarb, utilizado na dose de 6,6 ml/kg em única administração ou com uma repetição em 2 44 semanas, a terapia de suporte com fluidoterapia intravenosa e transfusão de sangue, sendo realizados estes procedimentos durante a terapia do paciente Piá. Lobetti (2006) cita que a transfusão sanguínea no caso de babesiose deve ser realizada com o hematócrito de 15%, porem devido à gravidade do estado geral do paciente, foi realizada a transfusão com o hematócrito de 18%. A terapia com doxiciclina é realizada com algum grau de sucesso, sendo esta realizada no tratamento do referido paciente. Após cinco dias da realização do exame, o quadro de icterícia e hemoglobinúria se instalou, provavelmente provocado pela anemia hemolítica descrita por Almosny et al. (2002), Harvey (2006) e Allerman (2005). Ainda segundo Lobetti (2006) devido a hipoalbuminemia, pode ocorrer edema nos membros, constatado pelo exame do paciente onde a albumina apresentou níveis inferiores aos valores de referencia que foram repostos com albumina em pó durante a alimentação. 45 6 PARVOVIROSE CANINA A parvovirose canina é uma doença viral altamente contagiosa que comumente causa séria debilitação em cães de abrigo, criadouros, canis e em qualquer local onde haja grande concentração de cães (TRUYEN, 2000; LOBETTI, 2006; LEVY, 2010). A parvovirose canina (CPV-2) emergiu em 1978, presumidamente originária do parvovírus felino (FPV) por meio de um pequeno número de mutações que permitiu que o vírus felino se replicasse em cães. Embora as mutações permitam a habilidade de infectar cães, o CPV-2 perdeu a habilidade de infectar gatos. Segundo Oliveira (2009), esta teoria teria sido descartada por meio de estudo genético envolvendo o parvovírus canino e o felino. Atualmente existem teorias que citam a existência de um parvovírus de carnívoros ancestral muito semelhando ao da panleucopenia felina. Em meados de 1980, a cepa original CPV-2 foi substituída por novas variantes genéticas, CPV-2a e CPV 2b, ambas ainda estão presentes nos dias de hoje (TRUYEN, 2000; OLIVEIRA, 2009; LEVY, 2010;). Em 2000, outra variante genética foi identificada em cães na Itália e outros países, designada como CPV-2c (OLIVEIRA, 2009; LEVY, 2010). Filhotes são mais susceptíveis à infecção por parvovírus devido à baixa de imunidade dos anticorpos maternos ou as respostas ineficazes à vacinação (OLIVEIRA, 2007; OLIVEIRA, 2009; LEVY, 2010). Eles tipicamente são transferidos para um novo lar em uma idade onde a imunidade materna cai a um nível que não protege mais contra infecções, mas ainda interfere na resposta à vacinação. Cães não vacinados também têm risco de infecção, mas a doença clínica pode ser leve ou 46 não existir. Cães idosos não vacinados podem desenvolver imunidade por exposição natural ao vírus no ambiente (LEVY, 2010). 6.1 TRANSMISSÃO O principal modo de contaminação ao parvovírus é a exposição nasal ou oral com fezes contaminadas (OLIVEIRA, 2009; LEVY, 2010), com fomites contaminados como roupas, alimentos, potes, brinquedos e gaiolas, ou até mesmo roedores e insetos vetores. O animal contaminado é coberto com o vírus da cabeça aos pés, incluindo a pele (LEVY, 2010). O período de incubação desde o momento da exposição até o início dos sinais clínicos varia de dois a quatorze dias, mas tipicamente cinco a sete dias. Devido a doença ter um período de incubação do qual é difícil o responsável perceber algo errado, animais aparentemente saudáveis podem ser adotados ou vendidos e apresentar a doença dias após estar morando no novo lar (LEVY, 2010). O vírus começa a ser eliminado após quatro dias de exposição, isso quer dizer que animais infectados ainda no período de incubação já podem transmitir a doença. A eliminação do vírus continua durante 14 dias mesmo após a recuperação do paciente. Animais com infecção subclínica ou sinais transitórios também eliminam o vírus nas fezes (TRUYEN, 2000; LEVY, 2010). 6.2 SINAIS CLÍNICOS A manifestação clínica depende da idade, status imunológico do animal, virulência do vírus, preexistência de infecção viral, bacteriana ou viral e estresse de ambiente (LOBETTI, 2006; CASTRO et al, 2007, LOBETTI, 2007; LEVY, 2010). 47 O vírus infecta o animal rapidamente e divide suas células no trato intestinal, linfonodos e medula óssea. Com a presença do parvovírus nestes locais, rarefação linfóide, da medula óssea e atrofia de vilosidades intestinais são identificadas como consequência da necrose (OLIVEIRA, 2007; OLIVEIRA, 2009; LEVY, 2010). O resultado clínico inclui início abrupto de febre, vômito, diarréia, desidratação, choque hipovolêmico, panleucopenia e morte devido ao choque ou sepse. Quando em choque, o animal apresenta hipotermia em vez de hipetermia, devido à severidade da desidratação (TRUYEN, 2000; LOBETTI, 2006; LOBETTI, 2007; OLIVEIRA, 2007; OLIVEIRA, 2009; LEVY, 2010). A miocardite causada pelo parvovírus canino afeta cães de três a oito semanas de idade. Normalmente esses animais apresentam morte súbita, podendo em alguns casos apresentar um breve episódio de agitação, choro ou dispnéia durante poucas horas antes da morte (OLIVEIRA, 2007). O índice de mortalidade pode chegar a 90% em filhotes que não são tratados intensivamente com terapias de suporte. Cães adultos podem ter infecções subclínicas ou uma diarreia leve ou transitória (LEVY, 2010). As anormalidades hematológicas incluem leucopenia e linfopenia devido à necrose dos tecidos linfóides. Em muitos casos, onde a perda sanguínea intestinal é grande, o animal também pode apresentar anemia. Dentre as alterações bioquímicas são encontrados hipoalbuminemia, hipocalcemia, hiperfosfatemia, hipoglicemia, hiponatremia e azotemia pré-renal devido a hipovolemia (OLIVEIRA, 2007). 48 6.3 DIAGNÓSTICO Inúmeros testes diagnósticos são usados para detectar anticorpos específicos em cães com gastroenterites, como a hemoaglutinação seguida por teste de inibição de hemoaglutinação e o imunoensaio enzimático (CASTRO et al., 2007; OLIVEIRA, 2007). Os testes rápidos (INDEXX SNAP) para detecção dos antígenos do parvovírus são ferramentas diagnósticas mais eficazes e rápidas para pacientes com suspeita da doença. Resultados falso-negativos podem ocorrer, pois a eliminação do vírus é intermitente no início ou no final do curso da doença. Os resultados são mais acurados se o teste for realizado após cinco dias do início dos sinais clínicos (CASTRO et al., 2007; LEVY, 2010). Tem sido motivo de preocupação o fato de que a nova cepa CPV-2c pode não ser detectada pelos testes para detecção de antígenos disponíveis, dependendo muito do momento do teste (LEVY, 2010). Um teste de PCR das fezes pode auxiliar em casos sugestivos de parvovirose caso os outros testes resaltem negativos. A contagem de leucócitos também pode ser muito sugestiva se associada aos sinais clínicos (OLIVEIRA, 2007; LEVY, 2010). Vacinação recente com vírus vivo modificado muitas vezes pode resultar em eliminação fecal do vírus transitoriamente, causando assim uma reação falsopositivo fraca nos testes (CASTRO et al., 2007; LEVY, 2010). 6.4 TRATAMENTO A reposição de eletrólitos e fluidos é a meta mais importante da terapia. Tratamento com antibióticos para reduzir ou prevenir infecções bacterianas 49 secundárias é recomendado. Durante a fase inicial da doença a aplicação de soro hiper-imune pode auxiliar a reduzir a carga viral e deixar a infecção menos severa (TRUYEN, 2000). 6.5 CASO CLÍNICO Paciente Tica, canina, Lhasa Apso, três meses de idade. Foi levada à Clínica Veterinária Derosso com histórico de emese e hematoquezia há três dias. A responsável relatou que não realizou as vacinas e estava administrando sem prescrição de médico veterinário metoclorpramida. A paciente tinha sido comprada de um criador na semana anterior e desde então apresentava hiporexia. Ao exame clínico a paciente apresentava desidratação 8%, mucosas pálidas, sialorréia, temperatura 36,5º Celsius e dor abdominal intensa. Foi indicado então o internamento do paciente, com suspeita clinica de gastroenterite alimentar ou parvovirose. Ao momento do internamento foi requisitado um hemograma (TABELA 6). 50 TABELA 6 – HEMOGRAMA DA PACIENTE TICA, LHASA APSO, 3 MESES REALIZADO NO MOMENTO DO INTERNAMENTO CÉLULAS VALORES REFERÊNCIA Eritrócitos 4,92 milhões/µl 5,5-8,5 milhões/µl Hematócrito 34% 37-55% Hemoglobina 11,8 g/dl 12-18 g/dl VCM 69,1 fl 60-77 fl CHCM 34,7% 32-36% Leucócitos 1.500/µl 6.000-17.000/µl Neutrófilos bastonetes 0 0-300/µl Neutrófilos segmentados 0 3.000-11.400/µl Linfócitos 0 1.000-4.800/µl Monócitos 0 150-1.350/µl Eosinófilos 0 100-750/µl Basófilos 0 Raros Metamielócitos 0 Raros Blastos 0 Raros Plaquetas 423.000/µl 200.000-500.000/µl Observações: Leucopenia, Pecilocitose +. Não foi possível realizar contagem diferencial dos leucócitos devido a leucopenia. FIGURA 19 – PACIENTE TICA, CANINA, LHASA APSO, 3 MESES 51 Após o hemograma, com a suspeita de parvovirose devido à intensa panleucopenia, foi realizado um teste de imunoensaio cromatográfico para o diagnóstico da parvovirose e o resultado foi positivo para a doença. O tratamento foi iniciado com fluidoterapia agressiva com ringer com lactato, glicose, metronidazol na dose de 12,5 mg/kg BID, IV e antieméticos como a metoclorpramida na dose de 0,5 mg/kg TID, IV e ondansetrona na dose de 0,1 mg/kg TID, IV. Após dois dias de internamento, uma sonda naso-esofágica foi inserida para alimentação por gotejamento com ração de alta digestibilidade e energia. No quinto dia de internamento o paciente voltou a comer voluntariamente e foi liberado para continuar o tratamento em casa, com o metronidazol, ração medicamentosa para o sistema digestório e antieméticos. Sete dias após da alta médica a clinica entrou em contato com a proprietária que relatou que a paciente se encontrava super bem. 6.6 DISCUSSÃO A paciente foi levada à clínica com a queixa da gastroenterite hemorrágica pela responsável. Segundo, Oliveira (2007), Oliveira (2009) e Levy (2010), a parvovirose causa um quadro de hematoquezia e emese provocados pela replicação do vírus no trato intestinal e consequente necrose. Durante a avaliação clínica, a paciente apresentava hipotermia devido à desidratação consequente de todo quadro gastroentérico. Os autores Truyen (2000), Lobetti (2006), Lobetti (2007), Oliveira (2007), Oliveira (2009) e Levy (2010) citam 52 febre, porém também afirmam que a hipotermia pode ocorrer em casos de severidade de desidratação. Corroborando com Truyen (2000), Lobetti (2006) e Levy (2010) a parvovirose é endêmica em abrigos e criadores e causa sintomatologia clínica em filhotes devido à carência de imunidade dos anticorpos maternos ou de respostas ineficazes à vacinação, como a paciente descrita. Segundo Oliveira (2007), as anormalidades hematológicas incluem leucopenia e linfopenia devido à necrose dos tecidos linfóides, produzindo assim o quadro típico de panleucopenia. A paciente do presente trabalho, apresentou o hemograma compatível com a literatura e por isso, foi realizado o teste sorológico para confirmação do diagnóstico. O tratamento foi compatível com o sugerido por Truyen (2000), com reposição de eletrólitos e fluidos e antibióticos para reduzir infecções bacterianas. 53 7 CONCLUSÃO O exercício da clinica médica veterinária apresenta diariamente grandes desafios para o profissional, uma vez que os casos clínicos não apresentam sempre sinais evidentes, as anamneses por vezes são incompletas e nos deparamos com limitações referentes aos exames laboratoriais. Portanto o médico veterinário necessita desenvolver suas habilidades de observação e detalhamento, para que através do exame clinico consiga esclarecer o curso das doenças e prescrever o tratamento adequado, aliado aos exames laboratoriais. Durante o período de estágio, tive a oportunidade de aprender com os profissionais médicos veterinários da Clínica Veterinária Derosso, a aplicação da Medicina Veterinária como o uso de medicamentos, cálculos de doses, administrar e calcular fluidoterapia, assim como experiência para lidar com os pacientes, proprietários e até mesmo com outros profissionais. O profissional deve estar sempre atento as novas tecnologias e se aperfeiçoando cada vez mais, para estar apto a atender as expectativas dos seus clientes. 54 REFERENCIAS ALLERMAN, A. R. The Diagnosis and Treatment of Tick Borne Diseases in Dogs. In: PROCEEDING OF THE NAVC NORTH AMERICAN VETERINARY CONFERENCE. Orlando, 2005. p. 472-477. ALMOSNY, N. R. P.; MASSARD, C. L.; LABARTHE, N. V.; O’DWYER, L. H.; SOUZA, A. M.; ALVES. L. C.; SERRÃO, M. L. Babesiose em Pequenos Animais Domésticos e como Zoonose. In: HEMOPARASITOSES EM PEQUENOS ANIMAIS DOMÉSTICOS E COMO ZOONOSES. Rio de Janeiro: L. F. Livros de Veterinária, 2002. 1. ed. p. 58-63. AUGUST, J. R. Demodiciose Felina. In: MEDICINA INTERNA DE FELINOS. 6. ed. 2011. BOWMAN, D. D. Artropodes. In: PARASITOLOGIA VETERINÁRIA. São Paulo: Elsevier, 2010. 9. ed. p. 69-73. BICHARD, S. J.; SHERDING. R. G. Vírus Intestinais. In: MANUAL SAUNDERS: CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS. São Paulo: Roca, 1998. 1. ed. p. 124-127. CARLOTTI, D. N. Canine and Feline Demodicosis. In: PROCEEDINGS OF THE 35th WORLD SMALL ANIMAL VETERINARY CONGRESS. Geneva, 2010. CASTRO, T. X.; MIRANDA, S. C.; LABARTHE, N. V.; SILVA, L. E.; GARCIA, R. C. N. C. Clinical and epidemiological aspects of canine parvovirus (CPV) enteritis in the State of Rio de Janeiro: 1995-2004. Arquivos Brasileiros de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 59, n. 2, p. 333-339, 2007. FONTAINE, J. Demodicosis in Cats. PROCEEDING OF THE SEVC SOUTHERN EUROPEAN VETERINARY CONFERENCE. Barcelona, 2009. 55 HARVEY, J. W. Infections of Dog Blood Cells. In: PROCEEDINGS OF THE VETERINARY CONFERENCE, V. 20. Orlando, 2006. p. 499-501. IRWIN, P. J. Blood, Bull Terriers and Babesiosis: a Review of Canine Babesiosis. In: PROCEEDINGS OF THE WSAVA CONGRESS. Sydney, 2007. LEVY, J. Outbreak Intervention: Canine and Feline Parvovirus. PROCEEDING TH THE SEVC SOUTHERN EUROPEAN VETERINARY CONFERENCE. Barcelona, 2009. LOBETTI, R. Update on The Complications and Management of Canine Babesiosis.In: WORLD CONGRESS WSAVA/FECAVA/CSAVA. South Africa, 2006. p. 471-473. LOBETTI, R. Infectious Diseases of the GI Tract.In: WORLD CONGRESS WSAVA/FECAVA/CSAVA. South Africa, 2006. p. 484-486. LOBETTI, R. Viral Disease of the Dog. PROCEEDING OF THE WORLD SMALL ANIMAL VETERINARY ASSOCIATION. Sydney, 2007. MUELLER, R. S. Sarcoptes, Demodex an Otodectes: Treatment Options. PROCEEDING OF THE NAVC NORTH AMERICAN VETERINARY CONFERENCE. Orlando, 2007. P. 340-342. OLIVEIRA, E. C. Achados Patológicos e Avaliação Imuno-histoquímica em Cães com Parvovirose Canina. TESE DE DISSERTAÇÃO MESTRADO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS. Porto Alegre, 2007. 68p. OLIVEIRA, E. C.; PESCADOR, C. A.; SONNE, L.; PAVARINI, S. P.; SANTOS, A. S. CORBELLINI, L. G.; DRIEMEIER, D. Análise Imuno-histoquímica de Cães 56 Naturalmente Infectados pelo Parvovírus Canino. PESQUISA VETERINÁRIA BRASILEIRA. n. 29, v. 2, p. 131-136, 2009. ROSYCHUK, R. A. W. Feline Skin Diseases I Love To Be Challenge by Pemphigus Foliaceus. PROCEEDINGS OF THE 36th WORLD SMALL ANIMAL VETERINARY CONGRESS WSAVA. Jeju, 2011. p. 474-476. TRUYE, U. Canine Parvovirus. In: RECENT ADVANCES IN CANINE INFECTIOUS DISEASES. Carmichael, 2000.