Problema de Valor de Contorno com Dois Pontos via Equação Integral de Fredholm em Teoria de Domı́nios Antonio Espósito Junior Instituto Politécnico da UERJ, 28630-050, Nova Friburgo, RJ E-mail: [email protected], Juarez Assumpção Muylaert UERJ - Departamento de Modelagem Computacional Campus Instituto Politécnico 28630-050, Nova Friburgo, RJ E-mail: [email protected]. 1 Introdução Neste artigo, damos continuidade ao programa iniciado por Edalat e Pattinson em [EP04b, EP04a, EP06] onde os autores aplicam Teoria de Domı́nios para estudar problemas de valor inicial e o método de Euler. Além de aplicarmos suas técnicas, as trazemos mais perto ainda da Teoria de Domı́nios pois lançamos mão das medições de Martin como relatadas em [Mar00] para medir a complexidade dos algoritmos envolvidos na solução de problemas de valor de contorno com dois pontos através da equação de Fredholm. As técnicas apresentadas servem como uma alternativa, ou complemento, para a Análise Funcional Clássica quando utilizada como ferramenta matemática da Análise Numérica. A grande diferença entre Teoria de Domı́nios e Análise Funcional, dentro deste contexto, reside no fato da noção de convergência pertencer aos próprios espaços enquanto que isso geralmente não ocorre classicamente. Como conseqüência, o estudo de convergência é feito a partir de uma medição do espaço de funções intervalares contı́nuas à la Scott que, diferentemente da matemática clássica, independe da norma. Desta forma, podemos adaptar as mesmas técnicas a vários problemas diferentes como relatado em [EJ03, EJM04b, EJM05, EJM04a]. A equação integral de Fredholm pode estar relacionada com certos tipos de equações diferenciais e suas condições de contorno. Es- ses problemas de valores de contorno são de uma classe grande de problemas importantes em Matemática Aplicada como na investigação de fenômenos de caráter difusivo. Considere o problema de valores de contorno em fronteira com dois pontos da forma f ′′ (x) = v(x, y), f (0) = f (1) = 0 que pode ser escrito R 1 na forma de uma equação integral f (x) = 0 k(x, y)v(y, f (y))dy onde k(x, y) = y(x − 1), y ≤ x x(y − 1), y > x Considerando a equação integral como um operador integral que a cada função contı́nua f sobre o intervalo [0, 1] produz uma outra função baseado na propriedade da contração, seu processo iterativo converge, implicando na existência e unicidade de solução. Definindo em Teoria de Domı́nios um funcional integral intervalar que mapeia o espaço de funções contı́nuas de Scott intervalar de variável real, com a ordem parcial ponto a ponto para função, produzimos uma solução aproximada com o grau de acurácia pretendido. Em particular, as aproximações das soluções encontradas na Análise Intervalar como cota inferior e cota superior são, respectivamente, as funções semi-contı́nua inferiormente e semi-contı́nua superiormente que compõem uma função contı́nua de Scott intervalar. Munindo, em Teoria de Domı́nios, o espaço de funções contı́nuas de Scott intervalar de direcionado completo se todo subconjunto direcionado de P tem supremo. Os posets com essa propriedade são chamados de domı́nios ou dcpo’s do inglês “directed complete posets”. Sejam X e Y domı́nios. Uma função f : X → Y é contı́nua de Scott, se para todo conjunto direcionado D em X, ⊔(f [D]) existe e é igual a f (⊔D), ou seja, o supremo do conjunto imagem de D existe e é igual à imagem do supremo do conjunto D. Um domı́nio de Scott é um dcpo contı́nuo com menor elemento ⊥ tal que cada par de elementos cotado superiormente tem supremo. A medição sobre um domı́nio X é uma função contı́nua de Scott µ : X → [0, ∞)∗ sobre os reais não-negativos na sua ordem reversa que dá forma definitiva a noção de “conteúdo de informação” para os elementos de X. Se x ≪ r, então |µ(x) − µ(r)| é uma medida de quão próximo x está de r. Já µ(x) é a medida 2 Domı́nios de Scott e da incerteza contida em x. Em Martin [Mar00], Medições: alguns conceitos encontramos µ → PX para indicar quando a medida induz a topologia de Scott em todo X, e resultados fundamentais de modo que o conjunto {µǫ (x) | x ∈ X e ǫ > 0} As nossas referências para Teoria de Domı́nios forma uma base para a topologia µ sobre X, onde µǫ = {y ∈ X | y ⊑ x e |µ(x) − µ(y)| < ǫ}. é [AJ94] e para medições [Mar00]. As propriedades de medida mais úteis em Um conjunto P parcialmente ordenado é chamado de “poset” do inglês partially ordered set. aplicações são as seguintes: Escreve-se P para o poset (P, ⊑), onde ⊑ é uma Se D é um domı́nio relação binária. O menor elemento de um po- Proposição 1. ([Mar00]) P set (P, ⊑) é um elemento ⊥ ∈ P tal que ⊥ ⊑ x com medida µ → X , X ⊆ D, então: para todo x ∈ P . Um elemento x ∈ P é maxi1. Para todo x ∈ D e y ∈ X ⊆ D , x ⊑ mal se para todo y ∈ P , x ⊑ y ⇒ x = y. O y e µ(x) = µ(y) ⇒ x = y; conjunto dos elementos maximais de um poset é representado por maxP. 2. Para todo x ∈ D , µ(x) = 0 ⇒ x ∈ max Seja um poset (P, ⊑). Um ponto a em P D; é uma aproximação de um ponto x, escreve-se a ≪ x, se, e somente se, para todo subconjunto 3. Para todo x ∈ X e qualquer seqüência (xn ) direcionado D ⊆ P que tem supremo, x ⊑ ⊔D em D com xn ⊑ x, se µ(xn ) ≪ µ(x) então F implica em existir d ∈ D tal que a ⊑ d. No (xn ) = x e esse supremo converge na tocaso disso ocorrer para a = x, chamamos a de pologia de Scott. isolado. Um subconjunto A de um poset P é aberto de Scott se Nota-se que {x ∈ D | µ(x) = 0} ⊆ max(D). Isso significa que um elemento com nenhuma • A é um conjunto superior: x ∈ A e x ⊑ incerteza é maximal na ordem de informação. y ⇒ y ∈ A, e Uma separação sobre um poset P é uma auto–função s : P → P com x ⊑ s(x) para • para todo conjunto F direcionado D ⊆ P que todo x ∈ P . Seu conjunto de pontos fixos é possui supremo, D ∈ A ⇒ D ∩ A 6= ∅ f ix(s) = {x ∈ P : s(x) = x} A coleção de todos os conjuntos abertos de A relação f entre conjuntos X e Y , escrita Scott do poset P é P chamada de topologia de f : X → Y , é dita função parcial quando para Scott, denotada por P . Um poset P é dito todo x ∈ X existe no máximo um único y ∈ Y uma medição que estabelece a ordem de informação, isto é, o quão boa uma aproximação é em relação a solução, temos o estudo da convergência, de forma mais simples, através do cálculo da derivada informática do funcional integral intervalar em seu ponto fixo. Este artigo está dividido da seguinte maneira. Na próxima seção, encontram-se alguns dos conceitos e resultados fundamentais da Teoria de Domı́nios. Em seguida, temos a seção que apresenta a modelagem da solução da equação integral como ponto fixo do seu operador associado em Teoria de Domı́nios. Na seção seguinte, temos o estudo da convergência em Teoria de Domı́nios através do cálculo da derivada informática do operador intervalar associado a equação integral. Finalmente, concluı́mos o trabalho. tal que f (x) = y. Fazendo a restrição da função então ⇒ sn (x) ⊑ q e | µ(sn (x)) − µ(q) |< ε contı́nua f : D → D para o conjunto desde que x 6= q e n ≥ 1. I(f ) = {x ∈ D : x ⊑ f (x)} se produz uma separação com medida µ ◦ f . Teorema 2.1. ([Mar00]) P Seja D um domı́nio com a medida µ → D e s : D → D é a separação parcial. Se para qualquer seqüência (xn ) em dom(s) (conjunto dos pontos de definição de s) temos F µ ◦ s( xn ) = lim µ ◦ s(xn ), n→∞ F n então n≥0 s (x) ∈ f ix(s) para qualquer x ∈ dom(s). E mais, f ix(s) = dom(s) ∩ max(D) se, e somente se, µ ◦ s(x) < µ(x) para todo x ∈ dom(s) com µ(x) > 0. A utilização da derivada informática permite dar sentido à idéia de “taxa de variação” com respeito a medida. Definição 2.2. Seja f : X → PX uma função sobre o domı́nio X com µ → X . Se f : X → X é uma função parcial e q ∈ X\K(X) , então df (q) dµ = lim x→q µ◦ f (x) - µ◦f (q) µ(x) - µ(q) é chamada a derivada informática de f no ponto q em relação a medida µ, onde K(X) é o conjunto dos pontos isolados de X. Representa-se a derivada informática, também, por fµ (q), dfµ (q) e algumas vezes como df (q). Para modelar a idéia do cálculo da ordem de convergência para a Teoria de Domı́nios estendida com a noção de medida, consideram-se as sequências (xn ) como um algoritmo numérico que converge para seu supremo q na topologia µ sobre o domı́nio X, e troca-se | xn − q | por | µ(xn ) − µ(q) | na definição do cálculo de convergência na análise numérica clássica. Proposição 2. ([Mar00]) P Seja X um domı́nio com a medida µ → X e s : X → X uma função parcial que mapeia em dom(s). Se s é contı́nua na topologia µ para o ponto fixo q e 0 < dsµ (q) < 1, então para todo 0 < ε < 1 − dsµ (q), existe uma aproximação a ≪ q tal que para todo x ∈ dom(s), ε ) log( µ(x) − µ(q) a⊑q en≥ log(dsµ (q) + ε) Nós vamos trabalhar ao longo desse artigo com funções de valores intervalares. Essas funções produzem valores no domı́nio intervalar IR = {[a, b]|a, b ∈ R, a ≤ b} ∪ {R} onde a ordem é dada pela inclusão reversa, a relação de aproximação ≪ é caracterizada por [a, b] ≪ [c, d] se, e somente, se a < c e d < b e a medição é a função µ : IR → [0, ∞)∗ definida por µ([a, b]) = b − a. Para um intervalo compacto [a, b] denotamos o domı́nio de intervalos contidos em [a, b] por I[a, b]. Funções de valores intervalares podem ser obtidas pela extensão de funções contı́nuas f : [a, b] → R para o domı́nio intervalar, produzindo fˆ : I[a, b] → IR, X 7→ [ inf f (x), sup f (x)] x∈X x∈X onde X representa um intervalo compacto X ⊆ R. Qualquer função contı́nua f : [a, b] → IR pode ser definida por uma função superior e uma função inferior, respectivamente f + : [a, b] → R e f − : [a, b] → R, com f − ≤ f + ponto a ponto. Escrevemos f = [f − , f + ] se f (x) = [f − (x), f + (x)] para todo x ∈ X. Maiores informações podem ser obtidas em [Esc97]. Rb Definimos a integral dei f por a f (x)dx = hR Rb + b − a f (x)dx, a f (x)dx . Lema 2.3. Sejam f e g funções contı́nuas de valores intervalares de variável real x ∈ [a, b]. Rb Rb Se g(x) ⊑ f (x) então a g(x)dx ⊑ a f (x)dx. Considerando a equação de operador da forma f (x) = p(f )(x) onde o operador p pode incluir derivadas e integrais da função f (x), vamos supor que p está definido para uma classe M de funções reais contı́nuas f com domı́nio comum [a, b] e que p : M → M . Seja o operador intervalar P : D → D contı́nuo de Scott sobre a classe D do modelo computacional de M , com a imersão topológica I : M → D definida por I(f ) = λx.[f (x), f (x)]. O seguinte teorema, cuja versão em Análise Intervalar é fornecido em [Moo66, Moo79], fornece uma base para procedimentos computacionais visando reconhecer a existência de solução e de convergência do algoritmo iterativo para resolver a equação de operador. Teorema 2.4. Seja P contı́nua de Scott. Se Consideremos a equação integral como um f0 ⊑ P (f0 ) então a seqüência definida por operador integral da forma f (x) = p(f )(x) que fn+1 = P (fn ), n = 0, 1, 2, · · · no sub-domı́nio para cada função contı́nua f sobre o intervalo ↑ f0 possui as sequintes propriedades: [0, 1] produz uma outra função p(f ). Então, uma solução f de (1) é expressa como um 1. fn ⊑ fn+1 , n = 0, 1, 2, · · · ; “ponto fixo” do operador integral p. Se p pos2. Para qualquer x ∈ [a, b], o limite sui a propriedade de p(f ) pertencer ao espaço F∞ f (x) = n=0 fn (x) existe como um inter- métrico M de todas as funções contı́nuas f sobre o intervalo [0, 1] com valores em [c, d] e se valo fn (x) ⊑ f (x), n = 0, 1, 2, · · · ; existe um c < 1 tal que para todo f1 , f2 ∈ M 3. Qualquer solução de f (x) = p(f )(x) que k p(f1 ) − p(f2 ) k< c k f1 − f2 k está em f0 também está em fn para todo n e em f também, isto é, se f (x) ∈ f0 (x) temos as condições que implicam na existência para x ∈ [a, b] então f (x) ∈ fn (x) para e unicidade do ponto fixo de f . Além do mais, todo n e x ∈ [a, b]. se f1 ∈ M , a seqüência fn+1 = p(fn ) de funções em M convergem para a função f de (1). 4. Se existe um número real c tal que 0 ≤ Intepretando este resultado temos que (1) c ≤ 1 para o qual f0 ⊑ f implica µ(p(f ) ≤ terá uma única solução que é o limite da cµ(f ) onde µ é a medição sobre D, então seqüência de funções definida por: f (x) = p(f )(x) possui uma única F∞ solução f0 (x) = 0 f (x) em ↑ f0 dada por f (x) = n=0 fn (x). R1 fn+1 (x) = 0 K(x, y)v(y, f (y))dy 3 O Problema para n = 0, 1, 2, . . .. Vamos definir em Teoria de Domı́nios o operador intervalar para o Considere o problema de valor de contorno com conjunto de funções contı́nuas para o domı́nio dois pontos da seguinte forma: D([0, 1]) definido por f ′′ (x) = v(x, f (x)), f (0) = f (1) = 0 (1) {f ∈ [0, 1] → IR | f é contı́nua de Scott} com a imersão topológica I : C([0, 1]) → D([0, 1]) definida por I(f ) = λx.[f (x), f (x)]. Qualquer função intervalar f : X ⊂ [0, 1] → IR é dada por uma função superior e uma 0 0 função inferior. Escreveremos f = [f − , f + ] se Da condição f (0) = 0 temos c1 = 0. R Obte- f (x) = [f − (x), f + (x)] para todo x ∈ X. 1 mos da condição f (1) = 0 que c2 = − 0 (1 − A extensão canônica do integrando do proz)v(z, f (z))dz. Podemos agora reescrever o blema (1) para uma função intervalar gb : [0, 1]× problema da seguinte forma: [0, 1] × IR → IR é definida por R1 f (x) = −xR 0 (1 − y)v(y, f (y))dy gb(x, y, Z) = [ inf g(x, y, z), sup g(x, y, z)] x z∈Z z∈Z + o (x − y)v(y, f (y))dy Notemos que [[0, 1] × [0, 1] × IR → IR], o conAnalisando o núcleo das integrais podemos junto das funções contı́nuas de Scott com a orreescrever a equação acima da seguinte forma: dem ponto a ponto, é um domı́nio contı́nuo de Z 1 Scott. f (x) = K(x, y)v(y, f (y))dy, Frequentemente, identificamos a função com 0 sua extensão canônica se está clara sua conotação dentro do contexto. onde Sendo g(x, y, f (y)) = K(x, y)v(y, f (y)) defi y(x − 1), y ≤ x nida na equação integral, podemos reescrevê-la K(x, y) = x(y − 1), y > x por Essa equação integral é equivalente à equação gI (x, y, f (y)), y ≤ x g(x, y, f (y)) = (1) e incorpora as condições de contorno. gS (x, y, f (y)), y > x A dupla integração de (1) nos fornece Z xZ y v(z, f (z))dzdy. f (x) = c1 + c2 x + onde gI (x, y, f (y)) = y(x − 1)v(y, f (y)) e temos gS (x, y, f (y)) = x(y − 1)v(y, f (y)). Em Teoria ∓ u± I (x, y, f0 (y)) = y(x − 1)v (y, f0 (y)) de Domı́nios temos a extensão canônica de g ± ∓ uS (x, y, f0 (y)) = x(y − 1)v (y, f0 (y)) definida por: Seja o intervalo B = [B, B] ∈ IR tal que B ⊑ gI (x, y, Z), y ≤ x g(x, y, Z) = v(y, f0 (y)) para todo y ∈ [0, 1]. Então, B ≤ gS (x, y, Z), y > x v − (y, f0 (y)) ≤ v + (y, f0 (y)) ≤ B. Segue daı́ onde gI (x, y, Z) = [inf z∈Z y(x − que: 1)v(y, z), supz∈Z y(x− 1)v(y, z)] e gS (x, y, Z) = R1 Rx [ y(x − 1)Bdy + x x(y − 1)Bdy, [inf z∈Z x(y − 1)v(y, z), supz∈Z x(y − 1)v(y, z)]. R1 R x0 Agora, então, definimos o operador inter0 y(x − 1)Bdy + x x(y − 1)Bdy] ⊑ Pu (f0 )(x) valar para uma função contı́nua arbitrária u : [0, 1] × [0, 1] × IR → IR e mais tarde x focamos sobre o caso especial quando u é a Calculando, temos 2 (x− 1)B ⊑x Pu (f0 )(x) para todo x ∈ [0, 1]. Se f0 (x) ⊑ 2 (1 − x)B para extensão canônica de uma função clássica. todo x ∈ [0, 1], então pela transitividade temos Definição 3.1. Seja u : [0, 1] × [0, 1] × IR → f0 ⊑ Pu (f0 ). Nessas condições, a seqüência IR contı́nua. Define-se o operador intervalar definida por fn+1 = Pu (fn ) para n = 1, 2, . . . Pu : D([0, 1]) → D([0, 1]) para f = [f + , f − ] possui as seguintes propriedades: por 1. fn ⊑ fn+1 para n = 1, 2, . . .; Rx Pu (f )(x) = [ 0 u− (x, y, f (y))dy R1 − 2. F Para todo x ∈ [0, 1], existe f (x) = + R x x +u (x, y, f (y))dy, x∈N fn (x) tal que fn (x) ⊑ f (x) para 0 Ru (x, y, f (y))dy n = 1, 2, . . .; 1 + x u+ (x, y, f (y))dy] 3. qualquer solução de (1) que se encontra no caso das integrações serem definidas e em f0 também é encontrada em fn para Pu (f )(x) = R caso contrário. todo n ∈ N, bem como em f de acordo com o Teorema 2.4. Segue daı́ um processo Uma vez que u e f são contı́nuas de construção da solução do problema (1), − de Scott, segue que λ(x, y).u (x, y, f (y)) e lembrando que f0 é o menor elemento de λ(x, y).u+ (x, y, f (y)) são, respectivamente, seD. micontı́nua inferiormente e superiormente e também mensuráveis. Daı́ Pu ser bem definida. O teorema a seguir pode ser visto como a alternativa em Teoria de Domı́nios para o TeoLema 3.2. ([EP04b]) Se u : [0, 1] × [0, 1] × rema do Ponto Fixo de Banach, cuja demonsIR → IR é contı́nua de Scott então Pu também tração pode ser encontrada em [EP04b]. o é. Em Teoria de Domı́nios inciamos as aproximações da solução do problema (1) com a função que contém a menor quantidade de informação, denotada aqui por f0 . Associado a ela, o conjunto superior ↑ f0 = {f ∈ D([0, 1]) | f0 ⊑ f }, denotado por D corresponde ao subdomı́nio de D([0, 1]) no qual as soluções são aproximadas e f0 é o menor elemento. Seja f0 tal que o valor de contorno 0 pertença a f0 (0) e f0 (1). Supondo que Pu (f0 ) é definida para f0 e tomando, em particular, a extensão canônica de v em (1) para a função intervalar v : [0, 1] × IR → IR v(x, Y ) = [inf y∈Y v(x, y), supy∈Y v(x, y)] Teorema F 3.3. Supondo fn+1 = Pu (fn ) temos que f = n∈N fn satisfaz Pu (f ) = f . A relação entre a solução da equação integral em Teoria de Domı́nios e o problema (1) é dada pelo seguinte lema: Lema 3.4. ([EP04b]) Suponha que f = [f − , f + ] ∈ D([0, 1]) satisfaz Pu (f ) = f e que f − = f + . Então f − = f + resolve (1). Com isso, a seqüência de funções intervalares definida pelo operador intervalar Pu sobre o sub-domı́nio D converge para uma função real contı́nua. Portanto, para obter a solução clássica do problema (1) em Teoria de Domı́nios é necessário encontrar o ponto fixo de Pu Pela estimativa anterior, temos µ(Pu (g)) ≤ µ(Pu (g)) u L que corresponde a sua imersão topológica em 8 µ(g). ≤ Daı́ dP dµ (f ) = limg→f µ(g) D([0, 1]), ou seja, uma função intervalar com lim L L g→f 8 = 8 . Portanto, µPu (g)) − µ(f ) ≤ medida nula. L 8 (µ(g) − µ(f )). Interpretando esta fórmula, Considerando o domı́nio D([0, 1]) definimos temos que o operador intervalar Pu oferece a seguinte medição µ : D([0, 1] → [0, ∞)∗ : uma redução da incerteza a cada aplicação. A condição adicional L8 < 1 nos permite calcuµ(f ) = sup{f + (x) − f − (x) | x ∈ domf } lar a estimativa para o número de iterações a − + serem feitas antes de atingir a precisão ǫ > 0: para f = [f , f ] ∈ D([0, 1]). log ǫ µ(g) Construimos um ponto fixo de Pu com me- n ≥ log( L +ǫ) 8 dida nula impondo a seguinte condição de Lipschitz sobre v: existe L > 0 tal que 0 < L8 < 1 e || v(x, y1 ) − v(x, y2 ) ||≤ L | y1 − y2 | para todo 4 Exemplo (x, y) ∈ [0, 1] × [0, 1]. Dado o problema de valores de contorno em Assumindo a condição de Lipschitz, temos fronteira com dois pontos a seguinte estimativa que garante ao menor ponto fixo de Pu a medida nula. f ′′ (x) = 2f (x) + 1, f (0) = f (1) = 0 Lema 3.5. Suponha f0 µ(Pu (f )) ≤ L8 µ(f ). ⊑ f. Então, vejamos a computação das quatro primeiras aproximações de sua solução. Passando para a forma de uma equação integral temos: Demonstração. Usando a condição de LipsRx f (x) = 0 y(x − 1)(2f (y) + 1)dy chitz, calculamos (abaixo, supx∈[0,1] é abreviR1 ado por S): + x x(y − 1)(2f (y) + 1)dy µ(PuR(f )) x = S[ 0 y(1 − x)(v + (y, f (y)) − v − (y, f (y))dy+ R1 + − x Rx(1 − x)(v (y, f (y)) − v (y, f (y))dy] x = S[ 0 y(1 − x)(supz∈[f − ,f + ] v(y, z) − inf − + v(y, z)dy)+ R 1 z∈[f ,f ] x(1 − x)(supz∈[f − ,f + ] v(y, z) x − inf R x z∈[f − ,f + ] v(y, z)dy] = S[ 0 y(1 − x)(v(y, f + (y)) − v(y, f − (y))dy+ R1 + − x Rx(1 − x)(v(y, f (y)) − v(y, f (y))dy] x ≤ S[ 0 y(1 − x)L | f + (y)) − f − (y) | dy+ R1 + − x Rx(1 − x)L | f (y) − f (y) | dy] x ≤ S[ 0 y(x − 1)Lµ(f )dy+ R1 x x(y − 1)Lµ(f )dy] 2 = Lµ(f )S[− x2 + x2 ] = L8 µ(f ) Tomando a extensão canônica v(x, Y ) = [inf y∈Y 2y + 1, supy∈Y 2y + 1] Obtemos o funcional intervalar Rx Pv (f )(x) = [ 0 y(x − 1)v + (y, f (y))dy R1 + (y, f (y))dy, + R x x x(y − 1)v − y(x − 1)v (y, f (y))dy 0 R 1 + x x(y − 1)v − (y, f (y))dy] Seja f0 (x) = [−1, 1] a aproximação inicial tal que 0 ∈ f0 (0) e 0 ∈ f0 (1). Logo, v(x, f0 (x)) = [−1, 3]. Então x2 (x − 1)[−1, 3] ⊑ Pv (f0 )(x) para x ∈ [0, 1]. Como [− 38 , 18 ] ⊑ [ 32 x(x − 1), − 21 x(x − 1)] para x ∈ [0, 1] segue que f0 ⊑ Pv (f0 ). Segue daı́ que a solução pertence ao sub-domı́nio D = {f : [0, 1] → IR | f0 ⊑ f }. Temos as seguintes L aproximações: Portanto, µ(Pu (f )) ≤ 8 µ(f ). Segue daı́ que 2 existe 0 < c < 1 tal que L8 < c < 1 e f = [ 32 x2 + 23 x, − x2 + x2 ] 1 µ(Pu (f )) ≤ cµ(f ). v(x, f (x)) = [3x2 − 3x + 1, −x2 + x + 1] 1 Essa estimativa nos permite mostrar que o menor ponto fixo de Pu possui medida zero, isto é, é a solução do problema (1). Proposição 3. ([EP04b]) Seja fn+1 = Pu (fn ) para n ∈ N. Então µ(fn ) ≤ cn µ(f0 ). Em F particular, f = n∈N fn satisfaz Pu (f ) = f e µ(f ) = 0. 7 1 4 x + 61 x3 + 12 x2 − 12 x, = [− 12 1 3 1 2 x 1 4 −4x − 2x + 2x − 4 ] v(x, f2 (x)) = [− 61 x4 + 31 x3 + x2 − 76 x + 1, 1 1 4 3 2 2 x − x + x − 2 x + 1] 1 6 1 5 1 4 f3 = [ 60 x − 20 x + 12 x 1 2 7 1 3 x, − 12 x + 2 x − 15 1 5 1 4 1 6 x − − 180 x + 60 x + 12 1 2 2 7 3 x + x − x] 36 2 5 f2 Do fato de L = 2 ser a constante de Lipschitz [EJM04a] A. Espósito Jr and J. A. Muylav (f ) ert. Método intervalar em teoria ≤ 14 como v(x, y) = 2y + 1. Temos que dPdµ de domı́nios para equação integral. estimativa de taxa de convergência e para uma Anais IX Encontro de Modelagem aproximação com precisão ǫ = 0.01 temos a seComputacional, 1, 2004. guinte estivmatica para o número de iterações: n≥ 5 log( 0.01 2 ) ≅ 3.9332 1 log( 4 + 0.01) Conclusões [EJM04b] A. Espósito Jr and J. A. Muylaert. Modelando métodos numéricos com domı́nios potência. Anais VII Encontro de Modelagem Computacional, 1:50–55, 2004. Neste artigo atacamos um problema de valor de [EJM05] contorno com dois pontos via equação integral formulado no âmbito da Teoria de Domı́nios de Scott. Foi feita a inclusão do cálculo da taxa de convergência no processo de aproximações sucessivas para obtenção da solução do problema, algo que ainda não tinha sido feito, [EP04a] mesmo no trabalho original de Edalat e Pattinson [EP04b]. A exemplo do que foi feito em [EP04b], podemos através da seqüência de partições do intervalo [0, 1] e sua utilização na representação de funções intervalares do problema em funções [EP04b] passo, obter um algoritmo para o cálculo das integrais das extremidades dos intervalos que convergem para a solução. Posteriormente, esse algoritmo deve ser comparado com outros métodos iterativos não intervalares. Agradecimentos Abbas Edalat and Dirk Pattinson. A domain theoretic account of picard’s theorem. In ICALP, volume 3142 of Lecture Notes in Computer Science, pages 494–505. Springer, 2004. Abbas Edalat and Dirk Pattinson. Domain theoretic solutions of initial value problems for unbounded vector fields. Electr. Notes Theor. Comput. Sci., 155:565–581, 2006. [Esc97] M. H. Escardó. PCF extended with real numbers: a domain-theoretic approach to higher-order exact real number computation. PhD thesis, Imperial College of Science, Technology and Medicine, 1997. Referências [EJ03] Abbas Edalat and Dirk Pattinson. A domain theoretic account of euler’s method for solving initial value problems. In PARA, volume 3732 of Lecture Notes in Computer Science, pages 112–121. Springer, 2004. [EP06] Antônio Espósito Jr agradece a Universidade Federal Fluminense pela licença para cursar o doutorado na UERJ. [AJ94] A. Espósito Jr and J. A. Muylaert. Estudo da convergência do operador de picard em teoria de domı́nios. Anais VIII Encontro de Modelagem Computacional, 1, 2005. S. Abramsky and A. Jung. Domain theory. In S. Abramsky, D. M. Gabbay, and T. S. E. Maibaum, editors, Handbook of Logic in Computer Sci[Mar00] ence, volume 3, pages 1–168. Clarendon Press, 1994. Antônio Espósito Jr. Cálculo [Moo66] numérico via teoria dos domı́nios - uma aplicação da derivada informática. Instituto Politécnico - [Moo79] Universidade do Estado do Rio de Janeiro, dissertação de Mestrado, 2003. Keye Martin. Foundation for Computation. PhD thesis, Tulane University, 2000. R. E. Moore. Interval Analysis. Prentice-Hall, INC. - N. J., 1966. R. E. Moore. Methods and Applications of Interval Analysis. Siam, Philadelphia, 1979.