IMPUNIDADE NAS AMÉRICAS 2012
BRASIL: Nove jornalistas de mídia impressa assassinados
desde 2010
(atualizado em 2 de novembro de 2012)
2012
Décio Sá, repórter do jornal O Estado do Maranhão e
blogueiro (Blog do Décio), foi morto por assassinos
profissionais em 23 de abril de 2012. No dia em que foi
assassinado, Sá havia saído para comer em um bar local na
cidade de São Luís, capital do Maranhão. De acordo com as
notícias, ele recebeu uma ligação no bar, saiu do local para
atender e foi baleado ao retornar. Sá levou seis tiros na
cabeça e nas costas. O assassino fugiu em uma moto. Por
causa de suas reportagens, tanto para o jornal quanto para o
blog, Sá colecionava diversos inimigos. Em junho, a polícia
prendeu várias pessoas, incluindo um ex-político local e um
ex-policial, ligadas ao crime. Acredita-se que o crime tenha
sido motivado pelas matérias de Sá sobre o suposto
envolvimento do ex-político em empréstimos ilegais de dinheiro e extorsão.
Paulo Roberto Cardoso Rodrigues – mais conhecido como
Paulo Rocaro – foi morto a tiros em Ponta Porã no dia 12 de
fevereiro de 2012. Ele era editor do diário Jornal Da Praça e do
site de notícias Mercosul News. Rocaro estava a caminho de
casa quando foi atacado por dois motociclistas armados. Eles
dispararam, pelo menos, cinco balas no jornalista. Rocaro, 51,
escrevia sobre política. De acordo com as reportagens locais,
Rocaro criticava o prefeito local e tinha publicamente apoiado
seu maior rival nas eleições. Na noite do assassinato, o
jornalista voltava para a casa após uma reunião com o
candidato da oposição. O crime aconteceu perto da fronteira com o Paraguai, região
brasileira conhecida pela atividade do crime organizado e pela corrupção política. Pouco
tempo depois do homicídio, a polícia começou a investigar o assassinato como um
possível crime encomendado, e estava à procura de
motivações políticas.
Mario Randolpho Marques Lopes, chefe de redação
do site de notícias Vassouras na Net, foi assassinado
com sua namorada no dia 8 ou 9 de fevereiro deste ano.
O casal foi sequestrado em casa, na cidade de Barra do
Piraí, estado do Rio de Janeiro, em 8 de fevereiro.
Ambos foram encontrados mortos no dia seguinte;
Randolpho tinha levado um tiro na cabeça. O jornalista
de 50 anos escrevia reportagens acusando as
autoridades locais de corrupção. Sua mais recente
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matéria havia denunciado juízes e tribunais locais por prática de corrupção. O jornalista
já tinha sido vítima de violência no passado. Em julho de 2011, um homem armado não
identificado entrou na redação do Vassouras na Net e disparou cinco tiros na cabeça de
Randolpho. O ataque deixou o jornalista em coma por 3 meses, mas, milagrosamente,
ele conseguiu se recuperar.
2011
Ednaldo Figueira, blogueiro e proprietário do jornal local O
Serrano. Também líder da filial Serra do Mel do Partido dos
Trabalhadores (PT), foi morto a tiros no dia 15 de junho de 2011
em Serra do Mel, no estado do Rio Grande do Norte. Figueira
levou seis tiros disparados por três motociclistas não
identificados quando deixada seu trabalho. De acordo com as
notícias locais, Figueira já havia recebido inúmeras ameaças no
passado. Ele era o principal opositor do prefeito Josivan Bibiano
de Azevedo e tinha acabado de publicar uma matéria
investigativa sobre as finanças municipais de Serra do Mel em
seu blog. No dia 8 de julho de 2011, cinco suspeitos foram
detidos. Segundo a polícia, eles pertenciam a uma gangue de assassinos profissionais.
Junto com eles, foram apreendidas diversas armas e uma grande quantidade de
munição.
Auro Ida, colunista e repórter político do site Olhar Direto,
morto a tiros em 21 de julho de 2011 por dois homens armados.
Ida estava em seu carro com a namorada quando dois homens
se aproximaram em uma motocicleta. Os homens pediram para
a mulher deixar o carro e, em seguida, atiraram no jornalista,
antes de fugir da cena do crime. De acordo com uma
reportagem do Olhar Direto, Ida estava investigando casos de
corrupção na política local. A polícia disse que o assassinato foi
um “crime passional”. Segundo os policiais, o ex-marido da
namorada de Ida tinha pagado os criminosos para atirar no
jornalista. Tanto o suposto atirador quanto o homem que o
contatou sobre o plano de assassinato foram detidos. O ex-marido ainda não foi
localizado.
Valério Nascimento, jornalista e proprietário do jornal
Panorama Geral, foi morto a tiros na porta de casa em Rio
Claro, estado do Rio de Janeiro, em 3 de maio de 2011. O
motivo do crime ainda não foi determinado, mas as últimas
edições do seu veículo haviam denunciado supostas
irregularidades relacionadas ao prefeito da cidade vizinha de
Bananal. O Panorama Geral tinha lançado apenas quatro
edições, de acordo com uma reportagem local. A polícia
ainda está investigando a razão do crime e não descartou
possíveis motivações políticas, segundo informações da
imprensa local. O jornal também havia feito críticas a gestão
dos serviços públicos em Bananal, incluindo tratamento de
esgoto, parques públicos e clínicas de saúde. Ativista político, Nascimento era
presidente da associação dos moradores locais.
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2010
José Rubem Pontes de Souza, proprietário e editor do jornal local
Entre-Rios, foi morto a tiros em Paraíba do Sul, no estado do Rio
de Janeiro, em 30 de outubro de 2010. Segundo as testemunhas,
um homem armado não identificado atirou duas vezes no pescoço
de Souza antes de fugir da cena do crime. Em 12 de novembro de
2010, foi noticiado que a política teria prendido a pessoa que atirou
em Souza. O detento era um ex-membro da Polícia Militar,
procurado no passado por suspeita de roubo, tráfico de drogas,
dois assassinatos e formação de quadrilha. De acordo com a
polícia, ele atirou em Souza porque o jornalista havia se recusado a
negociar com ele. Em abril de 2011, a Associação Interamericana
de Imprensa declarou que o suspeito ainda iria para julgamento.
Francisco Gomes de Medeiros, colaborador do jornal
Tribuna do Norte, redator de internet e diretor de notícias de
uma estação de rádio local, foi morto a tiros por um homem
em uma moto em frente à sua casa em Caicó, no estado do
Rio Grande do Norte, em 18 de outubro de 2010. Gomes
tinha escrito matérias sobre diversos assuntos locais,
incluindo corrupção do governo, crime e tráfico de drogas.
Tinha recebido recentemente ameaças de morte após
publicar um texto em seu blog, acusando os políticos locais
de envolvimento na compra de votos em troca de drogas
durante o primeiro turno das eleições gerais, em 3 de
outubro. No dia 19 de outubro, a polícia prendeu homem que teria confessado o crime.
Em maio deste ano, foi noticiado que um grupo de quatro homens, incluindo um
empresário, dois oficiais da Polícia Militar e um pastor de igreja, tinham encomendado o
assassinato. A polícia disse que o incidente tinha sido uma reação às matérias do
jornalista nas quais expunha e condenava o tráfico de drogas e outras atividades
ilegais.
Wanderley dos Reis, jornalista e proprietário do jornal
independente Popular News, foi baleado por três homens
armados dentro de sua casa no dia 16 de outubro de 2010. Ele
morreu no hospital no dia seguinte. De acordo com o colega que
dividia apartamento com Reis, os homens armados bateram na
porta procurando pelo jornalista. Em seguida, Reis foi levado para
a cozinha, de onde se ouviu o barulho de um tiro. Nenhum roubo
foi registrado, o que levantou suspeita do jornalista ter sido
assassinato por causa de suas atividades profissionais. Reis era
especializado em política e infraestrutura urbana, cobrindo a
região de Ibitinga. O Popular News, publicado sem periodicidade
fixa, opunha-se às atuais autoridades municipais de Ibitinga. Em
abril de 2011, a Associação Interamericana de Imprensa informou
que até o momento nenhum suspeito havia sido detido pelo assassinato de Reis, seis
meses após o crime.
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