“Os pobres irão revoltar-se se não houver mudanças”, alerta o Cosatu
Escrito por Redacção
Quarta, 04 Julho 2012 00:00
Pobreza entre os sul-africanos.
Vavi disse a questão central continua a ser “uma mudança radical à esquerda”,
segundo o qual o único caminho para lidar com a crise de desigualdade, pobreza e
desemprego no país, noticiou o News24.
O Cosatu (Congresso dos Sindicatos Sul-africanos) queria uma mudança económica radical à
esquerda e não viu a necessidade de se discutir sobre a sua terminologia, disse o seu
secretário-geral, Zwelinzima Vavi, segunda-feira, citado pelo News24.
Zwelinzima Vavi estava a referir-se à semântica em relação a uma “segunda fase de transição”,
em vez de uma “segunda transição”, que foi adoptada como parte das recomendações
estratégicas e tácticas do ANC na semana passada.
Falando no congresso provincial de KwaZulu-Natal do Cosatu, Vavi disse a questão central
continua a ser “uma mudança radical à esquerda”, segundo o qual o único caminho para lidar
com a crise de desigualdade, pobreza e desemprego no país, noticiou o News24.
Desigualdade de renda
O secretário-geral do Cosatu apresentou números para mostrar que a desigualdade de renda
aumentou em toda a África do Sul. O desemprego continuou a subir e os sul-africanos,
particularmente a mulher, ficaram mais pobres.
Zwelinzima Vavi disse que a “segunda fase de transição” seria um slogan oco se não
respondesse a estas questões. A Malásia não o fez e foi fustigado por greves, em 1969,
acrescentou.
Vavi disse que a África do Sul está sentada sobre uma bomba relógio e se a actual situação
persistir os pobres irão revoltar-se. “Vamos estar sentados na nossa conferência, dançando
divididos e jogando o jogo das facções. Os pobres invadirão a sala de conferências com os
seus sapatos rotos e com os seus corações partidos e perguntarão o que temos feito sobre o
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seu futuro e acerca de todas as nossas promessas quebradas”, disse o líder do Cosatu.
Crise nacional
O Cosatu estava satisfeito por, finalmente, ter um governo e um partido governamental que
reconheceu que o país está a enfrentar uma crise nacional. O secretário-geral do Cosatu,
Zwelinzima Vavi, disse que esta era uma mudança bem-vinda, contrária à “negação de alguns
anos atrás”. Contudo, alertou que se a divisão em facções no ANC continuar, irá arruinar o
processo. Vavi disse que desejava ter falado antes do membro do ANC Wandile Mkhize ser
morto a tiro na Costa Sul. “É até este ponto que nós nos deterioramos... facções e violência
sangrenta”.
O dirigente sindical disse que enquanto os membros do ANC estavam a atirar-se aos pescoços
uns dos outros, a Aliança Democrática (DA – de Helen Zille na oposição) estava a bater a porta
dos eleitores.
Zwelinzima Vavi disse que o próximo congresso do Cosatu iria responder a uma questão
central e prática em termos da segunda fase de transição: “Qual deve ser o conteúdo da
mudança que buscamos alcançar?”.
Pró-Zuma assassinado
Menos de uma hora antes de ser morto no exterior da sua casa na Costa Sul, o líder regional
do ANC, Wandile Mkhize, enviou uma sms franca acerca da unidade no partido governamental
ao ministro dos Desportos, Fikile Mbalula, avança o News24.
Eram 21h08 de sábado e a sms dizia: “Não falarei por muitos. Mas a minha observação parte
das contradições e da forma como tratamos as coisas na YL (ANC Youth League- Liga da
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Juventude do ANC) quando o camarada saiu”.
Mbalula é um antigo presidente da liga da juventude, que foi sucedido por Julius Malema,
expulso no início deste ano. Mkhize, por sua vez, era um líder regional do ANCYL e no ano
passado disputou sem sucesso o posto de secretário-geral da ANCYL contra Sindiso Magaqa,
que foi suspenso por um ano da organização juvenil.
Mbalula é amplamente noticiado como estando entre aqueles que não querem que o
presidente Jacob Zuma seja eleito líder do partido para concorrer ao segundo mandato,
enquanto Mkhize, 34 anos, era um ferrenho apoiante de Zuma, que liderou os delegados numa
canção de opoio ao presidente, na última conferência política, e estava à frente quando os
partidários de Zuma enfrentaram os do vice-presidente do ANC, Kgalema Motlanthe, no
Gallagher Estate.
A sms de Mkhize avançava: “Outras contradições são criadas por antigos líderes do YL que
reclamam espaço dentro ANC NEC (Comité Executivo Nacional do ANC).
As histórias e mentiras que alimentamos como membros sobre alguns de nós na liderança
serviram para aprofundar a contradição”.
Unidade do ANC
“Mas agora, Mbalula, nós estamos aqui. ANC e o povo por trás do ANC precisam de nós
unidos e concentrados. Quanto mais tempo perdemos uns contra os outros, mais colocamos o
nosso país em crise. Estou preocupado com isso, se nós colectivamente não ultrapassarmos o
que nos divide, Mangaung (conferência electiva do ANC em Dezembro) será pior do que
Polokwane e o nosso movimento e país estarão em grande perigo.
Partes da sms de Mkhize publicadas pelo News24 revelam, ainda, a sua disposição para
ultrapassar o conturbado momento do ANC. “Mtchana, posso fazer o que for preciso tanto para
trazer JZ (Jacob Zuma) para bordo, ou alguns líderes seniores do KwaZulu-Natal”.
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“O nosso movimento perdeu, tal como (Jabu) Moloketi, outros mais cérebros depois de
Polokwane, não nos podemos dar ao luxo de perder mais ninguém ou colocar de lado.
Precisamos de todos vocês”.
Mbalula chocado
O porta-voz ministerial de Mbalula, Paena Galane, disse ao “The Witness”, citado pelo News24:
“O ministro ficou chocado e perturbado assim que soube que Wandile Mkhize foi assassinado,
porque ele acabava de receber a sms dele pouco minutos antes do sucedido”.
Mkhize morreu numa descarga de balas no exterior da sua casa, em Manaba, no sábado à
noite, após regressar da conferência política. O apoiante de Zuma sofreu seis ferimentos de
bala no peito e abaixo do abdómen. A polícia investiga a morte de Wandile Mkhize, que antes
denunciara que recebia ameaças de morte. Contudo, as ameaças – recebidas pessoalmente e
por telefone – não foram levadas seriamente, denunciou um amigo.
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