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21-10-2009 - MHuD homenageia Boal com Prêmio João Canuto de Direitos Humanos
No dia 22 de outubro, o Movimento Humanos Direitos (MHuD), cuja presidenta é a
atriz Dira Paes, concedeu o Prêmio João Canuto de Direitos Humanos à Augusto
Boal (in memorian). Na platéia, representantes do Governo Federal,
representantes de movimentos sociais e artistas.
A homenagem aconteceu durante a 3ª Reunião Científica Trabalho Escravo e
Questões Correlatas promovida pelo Grupo de Pesquisa Trabalho Escravo
Contemporâneo do Núcleo de Políticas Públicas em Direitos Humanos da UFRJ,
com apoio do MHuD, e a cerimônia de entrega vai acontece às 17:30h, como parte
do Painel Direitos Humanos no Brasil Hoje, no Auditório Manoel Maurício, prédio
CFCH, que fica na Praia Vermelha n° 250, Rio de Janeiro.
O ator Eduardo Tornaghi foi o mestre de cerimônias e coube ao ator Osmar Prado
a apresentação da história de Augusto Boal e a entrega da honraria para
Alessandro Conceição, que representou a equipe do Centro de Teatro do Oprimido,
que em sua maioria está na Áustria para o World Forum Theatre Festival.
Alessandro fez uma esplanação a respeito das atividades do Centro de Teatro do
Oprimido e em seguida chamou Monique Rodrigues que apresentou o grupo
popular de Teatro do Oprimido Liberarte, composto por pacientes detentos do
Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico Heitor Carrilho, antigo Presídio Frei
Caneca, que apresentou a peça teatral "Anseios por liberdade". A peça trata da
longa permanência dos internos no Hospital Penitenciário, tempo que se perpetua
para muito além do determinado pela medida de segurança. Foca-se esta questão
nos casos que possuem como causa a lentidão do aparato judiciário, a ineficiência
do tratamento das equipes do hospital, a falta de apoio familiar e a escassez de
instituições que possam acolher estes casos (como as residências terapêuticas).
Após a apresentação Monique fez a curingagem, quando houve uma boa
participação da platéia. Ao final todos aplaudiram de pé a participação do Centro de
Teatro do Oprimido.
A carta convite encaminhada pelo MHuD ao Centro de Teatro do Oprimido, está
assinada por: Adair Rocha, Aroeira, Bete Mendes, Bruno Cattoni, Camila Pitanga,
Carla Marins, Cássia Reis, César Guerreiro, Chico Diaz, Clarice Niskier, Clarisse
Sette, Cristiane Costa, Cristina Pereira, Daniel C. de Souza, Daniel Negri, Dedina
Bernadelli, Dira Paes, Eduardo Tornaghi, Emilio Gallo, Generosa de Oliveira,
Gilberto Miranda, Íris Gomes da Costa, Leonardo Vieira, Letícia Sabatella, Luciana
Lopes, Luiz Fernando Lobo, Maria Zilda, Marcos Frota, Marcos Winter, Mario da
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Paixão Taurinho, Miriam Rezende, Osmar Prado, Otto, Pepita Rodriguez, Priscila
Camargo, Ricardo Rezende, Salete Hallack, Silvia Buarque, Vic Militello, Virginia
Berriel, Wagner Moura e Zezé Polessa.
Quem foi João Canuto?
Após várias ameaças de morte, o dirigente sindical, João Canuto, foi assassinado
com 18 tiros, no dia 18 de dezembro de 1985. Ele era perseguido principalmente
por sua luta pela reforma agrária. O crime foi planejado por um grupo de
fazendeiros do sul do Pará, entre eles Adilson Carvalho Laranjeira, fazendeiro e
prefeito de Rio Maria na ocasião do assassinato, e Vantuir Gonçalves de Paula. O
inquérito foi concluído oito anos após a ocorrência do crime. A denúncia foi feita
pelo Ministério Público apenas em 1996. Um ano depois, sob ameaça da Comissão
Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados
Americanos) de condenar o governo brasileiro pela demora na apuração dos fatos,
o andamento do processo foi agilizado. Em 1999, o Brasil foi condenado pela
Comissão Interamericana devido à lentidão na apuração do caso. Sob pressão de
organizações de direitos humanos, em 2001, os dois acusados foram pronunciados
como mandantes do assassinato.
Vale ressaltar, entretanto, que a perseguição e violência contra os trabalhadores
rurais continuam na região. Cinco anos após a morte de João Canuto, três de seus
filhos, Orlando, José e Paulo, foram seqüestrados e dois deles foram assassinados.
Orlando sobreviveu, mas ficou gravemente ferido. Expedito Ribeiro, sucessor de
João Canuto na presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, foi
assassinado em 2 de fevereiro de 1991. Um mês depois, Carlos Cabral, sucessor
de Ribeiro e genro de Canuto, foi ferido num atentado a bala.
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