ANEL VIÁRIO – DA SOLUÇÃO À PROBLEMÁTICA NA REGIÃO SUL
Autor (1): Daniel José de Andrade,
Co-autores: (2) Vinicius E. M. Dória (3) Darci Guerino Gasparelo,
Orientador (a): Sandra Costa
Instituição / Universidade do Vale do Paraíba – Faculdade de Educação e Artes
Rua Tertuliano Delphim Jr, 181 – Jd. Aquarius email: [email protected]
Resumo - A pesquisa tem como objetivo analisar o Trânsito do município de São José dos Campos, São
Paulo, considerando um dos pontos de afunilamento do trânsito na Região Sul da cidade. Este ponto faz
ligação com o Anel Viário, principal eixo de circulação urbana. A pesquisa aborda a situação das avenidas
Florestan Fernandes (Anel Viário), Avenida João Batista de Souza Soares (Parque Industrial), também
conhecida como Estrada Velha Rio - São Paulo e seu ponto de lentidão. Para se ter uma visão geral, foram
considerados os aspectos: fluxo de veículos, estrutura viária, transporte coletivo e ações para fluidez do
tráfego.
Palavras-chave: Tráfego, Anel Viário, congestionamento.
Área do Conhecimento: Ciências Humanas - Geografia
Introdução
Várias cidades adotam como modelo de
circulação o transporte individual, baseando-se no
rodoviarismo incentivado pelo Poder Público
Federal, desde os anos 1950. Esse modelo fez
surgir uma estrutura viária moderna e rápida,
entretanto, os problemas do trânsito não são
resolvidos. Na cidade de São José dos Campos,
São Paulo, encontramos o mesmo modelo.
O Anel Viário, corredor viário que conecta
diversos pontos da cidade, surgiu do forte
crescimento industrial, populacional e urbano da
cidade de São José dos Campos, acrescentando a
falta do planejamento urbano, a existência de
barreiras naturais (Região Norte com alto relevo,
Banhado, Rio Paraíba, córregos, etc.); e as
ocupações inevitáveis de institutos, indústrias e
empresas estatais, que se assentaram em áreas
com boas topografias que poderiam propiciar um
traçado viário mais adequado. Hoje existem em
São José dos Campos vários pontos de
afunilamento
de
tráfego,
que
refletem
negativamente na qualidade de vida da população,
gerando atrasos nas viagens dos fluxos viários e
do transporte de massa e, conseqüentemente,
congestionamentos e desconfortos a todos os
usuários do sistema viário.
Em 39 anos de existência desde sua
inicialização, até hoje, é notório o atraso na
conclusão
das
obras,
problemas
de
superfaturamento em vários governos, obras
refeitas em novos moldes arquitetônicos. Todavia,
chega-se ao modelo atual, ainda em fase de
construção, que realiza seu objetivo de ligar as
regiões Sul, Leste, Norte, Centro, na forma de
Anel.
Segundo Santos (1988, p. 01), “o espaço
não pode ser apenas formado pelas coisas, os
objetos geográficos, naturais e artificiais... é tudo
isso, mais a sociedade”. O espaço aqui analisado
verifica aspectos físicos, ou seja, a paisagem,
porém a influência humana sobre ele, revela um
desequilíbrio, entre o tráfego motorizado e a
sociedade, ocorrendo total preferência dos
automóveis ao invés do pedestre.
Considerando estes aspectos, este
trabalho tem como objetivo identificar os principais
pontos de afunilamento na Região Sul da cidade,
considerando o acesso ao Anel Viário. Para essa
pesquisa, foi realizado um levantamento
fotográfico in locu da situação e entrevistas não
estruturadas com residentes locais.
Metodologia
Foram realizadas cinco entrevistas não
estruturadas, com moradores do local, para
verificar se eles percebiam e sentiam o problema
do trânsito na Região de moradia. Além disso,
foram levantadas informações, na Secreatria de
Transportes de São José dos Campos, sobre a
história do Anel Viário, trajeto, modificações
ocorridas e principais problemas levantados pela
Instituição.
Localização e Características da Área de
Estudo
O Anel viário corta a cidade de São José dos
Campos do Centro ao Sul, permitindo o acesso a
vários bairros e facilitando a conexão entre estes
bairros. Engloba os bairros Anhembi, Parque
Industrial, Jardim Aquárius. Importante ser
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relatado, que também corta uma das principais
rodovias do país, a Presidente Dutra (Figura 1).
(a)
Figura 1 – Em vermelho, localização e traçado do
Anel Viário na cidade de São José dos Campos.
Fonte: Moura (2006).
A construção do Anel viário começa
primeiramente com a Estrada Velha Rio - São
Paulo, a qual perde sua condição de ligação entre
SP e RJ, constatando o que ocorreu em outras
diversas estradas, ou seja, o abandono devido às
novas rotas mais rápidas, mais acessíveis e que
utilizam novas tecnologias de construção, a queda
no fluxo de veículos é inevitável. Isto ocorre devido
à inauguração da Rodovia Presidente Dutra
(1951), assumindo a conexão entre SP e RJ,
fazendo a antiga Estrada Velha Rio - São Paulo
comportar o tráfego, principalmente, dos bairros
da Região Sul e Jacareí, em direção ao Centro,
em outras localidades da cidade e no acesso à Via
Dutra.
O poder público adota a criação do Anel Viário
na década de 1970. O Anel Viário (figura 2) é, em
um primeiro plano, uma ligação entre todas as
regiões da cidade e assume o papel de principal
via de acesso de algumas regiões com o Centro.
Politicamente fez parte do discurso da campanha
eleitoral de vários prefeitos.
Como em vários locais da cidade, a Região
Sul, num primeiro momento, sente os benefícios
gerados pela conclusão da obra (1998), mas
acontece nos bairros da Região Sul um aumento
populacional. Com o crescimento da população,
cresce também o tráfego viário, sinalizações
semafóricas, posicionamento próximo a Via Dutra,
tendo como causa um trânsito de veículos intenso
e mal-planejado.
(b)
Figura 2: Imagens de satélite, mostrando: (a)
Alças de acesso ao Anel Viário; (b) Visão geral
dos bairros cortados pelo Anel.
Fonte: Google Earth (2009).
Resultados e Discussão
A seguir serão colocados alguns motivos que
alteraram o modelo que se pensou eficaz em
relação ao Plano de Implantação do Anel Viário,
pelo
Poder
Público
Municipal
proposto
inicialmente:
Alto fluxo de automóveis – O fluxo na
Avenida Florestan Fernandes é de, em
média, 55,4 veículos por minuto e no
acesso pelo Viaduto da Johnson é de, em
média, 35,5 veículos por minuto,
ocasionando, quase que a todo o
momento, congestionamento na Avenida e
no Viaduto. O congestionamento e o alto
fluxo de veículos são reflexos do aumento
populacional já mencionado;
Paradas de ônibus – A Avenida
Florestan Fernandes, no sentido Bairro -
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Centro, apresenta duas faixas, sendo que
uma delas não possui acostamento para
recolher ou deixar passageiros (tanto
transporte coletivo, como os de fábricas).
Ocorre então uma soma de três carros
parados, quando
um
ônibus
fica
estacionado nos pontos;
Alteração de faixa na Florestan Fernandes
no sentido Centro – Região Sul – Ainda na
Florestan Fernandes ocorre diminuição de
três faixas para duas, (sendo que uma
dessas faixas vira Marginal sentido São
Paulo) ocorrendo um afunilamento ao
entrar nos primeiros bairros da Região Sul;
Fluxo da Presidente Dutra – uma das
marginais de acesso da Via Dutra sentido
São Paulo, para a Região Sul tem seu
fluxo adicionado ao da Avenida Florestan
Fernandes;
O fluxo de acesso Região Sul - Via Dutra
Rio de Janeiro: saindo pelo Jardim
Anhembi e seguindo fluxo da marginal
sentido Satélite e até sua saída pela
Dutra;
A rapidez de acesso com o Anel Viário, fez
com que se tornasse praticamente, uma
única via de acesso, sendo ignorado o
outro ponto o Viaduto da Johnson, este
utilizado somente por moradores dos
bairros Chácaras Reunidas, 31 de Março,
Jardim
Petrópolis,
etc.,
e
por
consumidores da Região Sul que optam
realizar suas compras no Supermercado
Carrefour;
Desativação do sentido Centro – Satélite:
o transporte coletivo que realizava a rota
Avenida Jorge Zarur, para ter acesso ao
Bairro Satélite, passa a utilizar também o
Anel Viário.
A Região Sul, dentre todas as regiões da
cidade, possui um fluxo de cerca de 20% da frota
total de veículos em circulação (Secretaria de
Transporte de São José dos Campos), o maior da
cidade de São José dos Campos. Isto se deve à
condição de seu crescimento demográfico e
populacional, também pelo fato de fazer limite com
o município de Jacareí e conexão com São Paulo
capital e com o estado do Rio de Janeiro.
Os resultados obtidos através de entrevistas e
por análises de fotografias comprovam um
problema que atinge o motorista, o usuário de
transporte coletivo e a população em geral da
Região Sul de São José dos Campos. Ao analisar
a frase, “São José dos Campos possui um trânsito
caótico”, esta pesquisa feita é apenas um dos
indícios do que ocorre em muitas partes da
cidade.
Mesmo analisando a grandeza de uma
rota como o Anel Viário, não nos deixamos seduzir
pelo que já foi realizado e nos atemos ao
problema real que ocorre todas as manhãs, fim de
tarde e à noite.
Esta pesquisa indica que:
Medidas tomadas hoje para desafogar o
trânsito não faziam parte do planejamento
inicial;
Estes problemas possuem estes números
hoje, porem não se tem uma previsão
destes números futuramente;
Os
moradores
dos
bairros
são
condicionantes do tráfego atual, quanto
maior o crescimento demográfico, maior é
a quantidade de veículos em circulação;
A localização dos bairros é muito distante
de outros, isso contribui para a maior
circulação de automóveis.
Os horários do Transporte Público, a
segurança e a ineficiência, também fazem
acrescentar
a
frota
de
veículos
particulares no trânsito.
Conclusão
Ao final deste trabalho, concluímos que
vários são os condicionantes que prejudicam o
cidadão comum, motoristas e outros diariamente.
O Estado através da falta de planejamento
assume um percentual, porém, a própria
população, mesmo sem a consciência inicial,
também é uma parte neste sistema. O
crescimento demográfico joseense; o alto numero
de veículos na cidade, cerca de 300 mil
automóveis diariamente; a circulação de veículos
flutuantes, cerca de 100 mil diariamente, são os
outros problemas (Secretaria de Transporte de
São José dos Campos).
Os Agentes de Trânsito localizados em
pontos estratégicos controlam o fechamento de
semáforos para passagem de pedestres, devido
ao fluxo intenso de carros. Na Avenida João
Batista de Souza Soares (Parque Industrial) e
Viaduto Kanebo, alguns pedestres chegam a
esperar mais de 5 minutos, pois para ocorrer o
sinal vermelho, é preciso haver no mínimo 3 (três)
pedestres aguardando a passagem, para, enfim,
realizarem a travessia, ou seja, a via, na maior
parte do tempo, é toda para o tráfego de
automóveis
Uma afirmação deste transito caótico foi
verificado por nós, alunos, na Avenida Florestan
Fernandes, realizando um calculo de fluxo viário (1
minuto = quantidade de veículos ) e ( quantidade
de veículos x 10 minutos ), resultando o numero
de 55,4 veículos por minuto.
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Referências
- EARTH, Google. Imagens do Satélite Quick Bird
da Cidade de São José dos Campos. Disponível
em: http://earth.google.com/intl/pt/. Acesso em: 10
jun. 2009.
- MOURA, E. Sistema de circulação e de
transporte e o espaço urbano na Cidade de São
José dos Campos: um estudo multitemporal. São
José dos Campos: Univap, 2006
- PAULO, Estrada velha Rio - São. História da
rodovia.
disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/SP-66.
Acesso em: 03 jun. 2009.
- PAULO, Revista Construção São. As obras do
Anel Viário de São José dos Campos. Revista
semanal, ano XXXI, n° 1597, 18 setembro de
1978, Editora Pini.
- SANTOS, M. Espaço e método. São Paulo: Ed.
Abril, 1988.
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