MEMÓRIAS DE EDUCADORES MATO-GROSSENSES: UMA PRIMEIRA ABORDAGEM Regina Simião1 Universidade Federal de Mato Grosso Rosinete Maria Reis2 Universidade Federal de Mato Grosso Este trabalho, trata de uma pesquisa que tem por objeto recuperar a memória de velhos profissionais que tiveram importância particular na história da educação mato-grossense no início do século XX. Para definição dos nomes e recuperação destas memórias, realizamos uma pesquisa junto ao acervo da universidade e localizamos um antigo projeto denominado: Projeto Fotográfico e Fonográfico - Núcleo de Documentação e Informação Histórica Regional (N.D.H.I.R). Este projeto foi elaborado durante o período de 1980 a 1983 e veio de encontro às nossas expectativas iniciais da pesquisa, pois havia armazenado diversos depoimentos orais com eminentes profissionais da cultura e educação mato-grossense e estava disponível para consulta. O manuseio de toda essa documentação possibilitou a formulação de um novo projeto intitulado “História Oral na Educação Mato-grossense 1920-1950” que foi aprovado pelo CNPq/PNOPG. O objeto deste trabalho é apresentar os resultados parciais desta pesquisa. Inicialmente levantamos todas as informações disponíveis neste arquivo; verificamos o número de entrevistas realizadas; procedemos a leitura das transcrições; definindo àquelas que se encaixavam ao objeto da pesquisa, ou seja: - a recuperação da memória de velhos educadores. Deparamos assim com dois fatores: a história oral e a memória, que são duas grandezas diretamente relacionadas e interdependentes que necessitavam de uma profunda investigação para o bom desenvolvimento da pesquisa, bem como, para sua sustentabilidade teórica. 1 2 Mestranda do Instituto de Educação no Programa de Pós-graduação da UFMT e bolsista da CAPES. Mestranda do Instituto de Educação no Programa de Pós-graduação da UFMT. Buscamos definições para as seguintes formulações. Afinal o que é História Oral? Como poderemos utilizá-la adequadamente aos interesses da pesquisa? E quanto à memória, como conceituá-la e de que maneira iremos orientar nossas análises, por se tratar de um aspecto tão subjetivo? Paul Thompson3 define amplamente a história oral como sendo a “interpretação da história e das mutáveis sociedades e culturas através da escuta das pessoas e do registro de suas lembranças e experiências.” Alega também que a história oral é um método de pesquisa essencialmente interdisciplinar e que a sua força crucial está diretamente relacionada em permanecer como uma “forma fundamental de interação humana que transcende essas fronteiras disciplinares”. (2002, p. 9) Quanto às entrevistas, mesmo sendo de caráter individual possibilitam amplas formas de avaliação, equiparando-se às demais fontes, possibilitando uma aproximação real do objeto, afinal o nosso objetivo é compreender e aprofundar os conhecimentos sobre um determinado período da História da Educação mato-grossense e os depoimentos orais poderão ampliar nosso campo de visão. Sobre a utilização de entrevistas afirma Thompson: As entrevistas, como todo testemunho, contêm afirmações que podem ser avaliadas. Entrelaçam símbolos e mitos com informação, e podem fornecernos informações tão válidas quanto as que podemos obter de qualquer outra fonte humana. Podem ser lidas como literatura: mas também podem ser computadas. (1992, p. 315) Para Henri Bergson a memória vai se constituindo por um acúmulo de imagens, onde nosso corpo que é o centro dessas percepções, age e reage de acordo com os estímulos que lhe são apresentados: ... não há percepção que não esteja impregnada de lembranças. Aos dados imediatos e presentes de nossos sentidos misturamos milhares de detalhes de nossa experiência passada. Na maioria das vezes, estas lembranças deslocam nossas percepções reais, das quais não retemos então mais que algumas indicações simples “signos” destinados a nos trazerem à memória antigas imagens. (1990, p. 22) Gaston Bachelard relaciona a memória à temporalidade estabelecendo uma relação entre o passado que é recordado através de um estímulo ocorrido no presente, afirmando: 3 “História oral e contemporaneidade”- palestra proferida por Thompson na Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte, a 29 de agosto de 2000, publicada na Revista da Associação Brasileira de História Oral. 2 que não se ensina a recordação sem um apoio dialético no presente; não se pode reviver o passado sem o encadear num tema afetivo necessariamente presente. Antes de nos ocuparmos da conservação das recordações, é preciso que estudemos sua fixação, pois elas se conservam na própria localização onde se fixam. Sem fixação falada, expressa, dramatizada, a recordação não pode relacionar-se à sua localização. É preciso que a reflexão construa tempo ao redor de um acontecimento, no próprio instante em que o acontecimento se produz, para que reencontremos esse acontecimento na recordação do tempo desaparecido. Sem a razão, a memória é incompleta e ineficaz. (1994, p.49) Sobre a subjetividade da memória e as fontes oriundas da percepção humana, Paul Thompson esclarece que a fonte oral, vislumbra um caminho para chegarmos a verdade, tornando-se importante instrumento para que o pesquisador atinja seus objetivos: Toda fonte histórica derivada da percepção humana é subjetiva, mas apenas a fonte oral permite-nos desafiar essa subjetividade: descolar as camadas da memória, cavar fundo em suas sombras, na expectativa de atingir a verdade oculta. (1992, p. 197) Maurice Halbwacks, no seu livro póstumo e clássico “Memória Coletiva”, abriu um caminho fecundo para a sociologia, a história e a psicologia social, chamou a atenção para a função da memória coletiva de reforçar ou constituir um sentimento de pertinência a um grupo, classe ou categoria que participa de um passado comum, advogando que toda memória é sempre um produto social. A década de oitenta foi um período marcado pela retomada de temas que enfocavam a memória, revalorizando os conceitos da experiência e sua relação com a vida prática, época em que foram realizadas as entrevistas, que são o objeto desta pesquisa. Não pretendemos confrontar os dados levantados, ou analisar distorções ou lacunas que fatalmente surgem neste tipo de pesquisa. O interesse central, está no registro historiográfico do que foi lembrado pelos entrevistados, principalmente àqueles relacionados à infância dos narradores, com enfoque específico na sua alfabetização. O recorte que se pretende estabelecer nesta primeira aproximação do objeto é recuperar a memória do velho educador primeiramente como aluno, pois o período de tempo - em que esses sujeitos foram alfabetizados - foi riquíssimo para a História da Educação, pelas significativas mudanças e reformas pedagógicas. 3 Optamos por registrar a evidência oral estabelecida pelo próprio narrador para perpetuar-se na sua história de vida,4 pois são essas lembranças que estavam em sua memória que enriqueceram e deram valor qualitativo à pesquisa. Através do depoimento de mais de um sujeito foi possível estabelecer um imaginário histórico, possibilitando uma melhor compreensão do processo pela qual foi se organizando a memória coletiva educacional no Estado de Mato Grosso. Sobre esse passado compartilhado nos esclarece Maria Cecília Cortez de Souza: Essa pertinência específica a um passado compartilhado serve de baliza para definir uma diferença específica não mais colocada na categoria do real (raça, cor, etnia, ou gênero), mas no campo simbólico, uma vez que a memória cria um imaginário histórico, definido pela apropriação pessoal e pela doação de um sentido peculiar a uma determinada trajetória de contato e de construção de um patrimônio cultural comum. (2000, p. 15) É importante ressaltar que não houve uma participação direta com os entrevistados, coube-nos apenas uma observação analítica, sem envolvimento pessoal com o sujeito, contudo suas memórias contadas oralmente foram transcritas tal como colhidas no fluxo de sua voz. Foram analisadas seis entrevistas5 de sujeitos nascidos de 1898 a 1924. Para uma melhor visualização dos entrevistados, elaboramos a quadro a seguir: Nome *António de Arruda Benedito Figueiredo *João Antonio Neto *Maria de Arruda Muller *Natalino Ferreira Mendes *Ubaldo Monteiro da Silva Data de Nascimento 29/08/1911 28/02/1910 19/04/1920 09/12/1898 03/01/1924 16/05/1916 Local de Nascimento Formação Cuiabá-MT Advogado/Professor Cuiabá-MT Professor Couto de Magalhães-GO Professor, poeta e jornalista Cuiabá-MT Professora, poetisa Cáceres-MT Professor, poeta e historiador Várzea Grande-MT Professor, oficial da polícia 4 A evidência oral, por assumir a forma de histórias de vida, traz à tona um dilema subjacente a toda interpretação histórica. A vida individual é o veículo concreto da experiência histórica. Além disso, a evidência, em cada história de vida, só pode ser plenamente compreendida como parte da vida como um todo. (Thompson, 1992, p.302.) 5 Dos seis professores selecionados, cinco deles ocuparam uma cadeira na Academia Mato-grossense de Letras. 4 No decorrer das transcrições das fitas, verificamos que determinadas situações são comuns a todos os entrevistados donde é possível visualizar o contexto histórico daquele período conforme as lembranças foram sendo relatadas: a) famílias com grande número de filhos; b) deslocamentos para cidades maiores que possibilitassem acesso à escola; c) autoritarismo pedagógico; d) punições físicas tanto na vida particular como na pública. Para Maurice Halbwachs, cada memória individual é um ponto de vista sobre a memória coletiva. Na reconstituição do passado, os fatos afloram, baseados no outro, como ponto de referência, demonstrando que no desenrolar das lembranças os fatos não são individuais e solitários, mas são resultados de uma convivência recíproca. No decorrer da pesquisa observamos que os entrevistados ao relembrar seu passado, traziam à tona, com mais facilidade as lembranças ligadas ao grupo que pertenciam, confirmando assim a afirmação de Ecléa Bosi: É preciso reconhecer que muitas de nossas lembranças, ou mesmo de nossas idéias, não são originais: foram inspiradas nas conversas com os outros. Com o correr do tempo, elas passam a ter uma história dentro da gente, acompanham nossa vida e são enriquecidas por experiências e embates. Parecem tão nossas que ficaríamos surpresos se nos dissessem o seu ponto exato de entrada em nossa vida. Elas foram formuladas por outrem, e nós, simplesmente, as incorporamos ao nosso cabedal. Na maioria dos casos creio que este não seja um processo consciente. (1994, p. 407) A infância dos entrevistados é marcada por reminiscências claras principalmente relacionadas à escola (instituição); aos professores (principalmente a primeira professora) e às punições (palmatória). Transcrevemos trechos das entrevistas onde os sujeitos relatam essas lembranças. AS LEMBRANÇAS DA ESCOLA E DOS PROFESSORES: António de Arruda relata sobre sua primeira professora: AA: ... a minha primeira professora foi dona Nenê Metelo de Siqueira, que alfabetizou muitas crianças daquele bairro, mas o curso primário foi feito no colégio salesiano e completado na escola modelo Barão de Melgaço. (Fita nº 9) 5 João Antonio Neto, relata porque seus pais decidiram mudar para a cidade de Cuiabá: JAN: O problema é o seguinte - a criançada - nós somos 8 irmãos, duas irmãs e seis irmãos. A necessidade de estudo.Viemos para cá a fim de continuar os estudos, em Cuiabá. Como já estávamos há uns 4 anos sem estudar, fui estudar na escola particular ali na rua da Fé, à rua Comandante Costa, com a professora Francisca Gaeta, acho que ainda está viva. Foi a minha mestra primeira aqui em Cuiabá. Lá eu terminei o curso primário, depois fiz o exame de admissão no Colégio São Gonçalo, em 1937. (Fita nº. 6) A Prof.ª Maria de Arruda Muller recebeu recentemente do Presidente da República e do Ministério da Educação no ano de 2001, o Prêmio “Professora do Ano”, por se tratar da mais velha professora ainda viva e perfeitamente lúcida em nosso país. No projeto (N.D.H.I.R.) onde foram colhidos os dados desta pesquisa, ela foi entrevistada em setembro de 1980, quando foi possível registrar os seguintes relatos da sua primeira professora: MAM: ... em 1907, quando viemos nos matricular em Cuiabá, minha primeira professora foi D. Maria Luzia Maciel, que nessa época, lecionava particularmente na chácara, onde morava com suas irmãs e suas sobrinhas. Uma outra professora em seguida foi à saudosa, D. Bernadina Ricci, que morava perto de nossa casa e tinha uma escola particular. (Fita nº 86) Ubaldo Monteiro da Silva, relembra com saudosismo o grupo escolar Senador Azeredo e relembra com um carinho todo especial sua primeira professora: UMS: Eu me recordo dos meus estudos no primário no grupo escolar Senador Azeredo, era tudo tão diferente de nossos dias de hoje, como por exemplo: na saída formávamos filas para cantar o hino da “Bandeira Nacional”, hoje isso não acontece mais, essa prática foi esquecida. ENTREVISTADOR: E quem foi a sua primeira professora? UMS: Foi Ruth Portella, dessa família ainda existe uma geração no tribunal em Cuiabá. ENTREVISTADOR: E o sr. tem boas recordações da sua primeira professora? 6 UMS: Tenho, era bem alta, esguia, olhos azuis claros e muito jeitosa para lidar com os meninos era uma professora querida pelos alunos. LEMBRANÇAS DAS PUNIÇÕES Na analise das transcrições das fitas, verificamos, que as punições físicas eram bastante comuns, apesar de terem sido abolidas desde o primeiro Regulamento da Instrução Pública da República de 18916. O que vem demonstrar que o autoritarismo prevalecia ainda como recurso pedagógico e três dos entrevistados comentam claramente nas entrevistas sobre a palmatória e os castigos físicos afirmando que perduraram até o final do século XX. Convém ressaltar que nenhum deles assumiu ter sido vítima dessas práticas punitivas, fato este, acreditamos, se deva pelo fato dos mesmos terem sido bons alunos, mas alegaram presenciá-las com freqüência no seu cotidiano escolar. O prof. Benedito de Figueiredo, deixa transparecer nitidamente na transcrição da fita, o pavor que tinha da palmatória e do seu professor André Avelino, pois repete três vezes em apenas poucas linhas, a frase: - ele era adepto: BF: O professor André Avelino, era adepto da palmatória, infelizmente. Nunca sofri a palmatória, mas ele era adepto. Lembro-me ter visto várias vezes os colegas castigados com a palmatória, ele era adepto, mas a mim não aconteceu passar por esse vexame, por esse castigo. 7 (Fita nº 48) O Prof. Natalino Ferreira Mendes de Cáceres em sua entrevista realizada em 1981, relata com detalhes suas memórias sobre as punições vivenciadas na vida particular e no sistema de ensino: NFM: Eu, em casa, não sei como escapei de apanhar. Os nossos pais tinham direito de tudo sobre os filhos. Era famosa a palmatória de cinco furos, chamado bolo. Então todo mundo entrava mesmo. Minhas irmãs, me lembro, já moças apanhavam mesmo, levavam dúzias de bolos, era normal, ninguém achava nada, era justo, apanhava o filho em casa; apanhava o soldado; apanhava o camarada; apanhava o aluno na escola. Quer dizer eram os tempos, tudo era permitido... Assim como era permitido um senhor, ser proprietário de gente... escravo... deter aquelas pessoas como patrimônio seu... 6 7 Art.46º- Os castigos corporais e os aviltantes ficam absolutamente proibidos. Grifos nossos. 7 Então de acordo com a época havia tudo isso. Acredito por eu ser estudioso, comportado, nunca levei bolos, apenas repreensão, e ficava muito aborrecido, mas bolo mesmo nunca levei. Mas eu via numa escola pública aqui, onde hoje é a secretaria da educação. Tinha uma escola do famoso mestre Castanha, eu passava e ficava olhando na janela. Esse professor ficava com uma taquara, tipo vara de pescar. A sala era grande, então essa vara alcançava até o último aluno, em qualquer canto que estivesse. Então o professor de posse dessa vara dominava a classe. E ai daquele que fosse pego em fragrante. Ele descia a vara mesmo!. Então era natural, até 1944, quando eu comecei a lecionar, puxar a orelha da criança, botar de joelho, colocar aquele papel escrito “sou burro” e tantas as outras coisas, ainda estava em vigor. (Fita nº. 78) O Prof. Ubaldo Monteiro da Silva, relata que a palmatória foi motivo para mudança de escola: ENTREVISTADOR: Nessa época ainda usava a palmatória? UMS: Não, mas com o resultado da palmatória é que me fez entrar no Senador Azeredo. Eu comecei a estudar com o professor Feliciano Galdino, e logo nos primeiros dias de aula ele começou a usar a palmatória, bater nas crianças com régua, e eu então cheguei em casa amedrontado e disse aos meus pais que não queria mais estudar. Então aí que eu fui para o grupo escolar Senador Azeredo. (Fita 83) Atualmente já fizemos contato com três pessoas que foram entrevistadas pelo (N.D.H.I.R.) e continuam vivas, Dª. Maria de Arruda Müller, o Prof. Natalino Ferreira Mendes e o Dr. António de Arruda. Pretendemos agora, através de novas entrevistas fazer novas leituras em relação às entrevistas realizadas há vinte anos atrás e aprofundar questões relativas a nossa pesquisa. Por exemplo, Dª. Maria de Arruda Müller foi a primeira pessoa a ser entrevistada pelo nosso grupo de História Oral e a experiência da realização desta entrevista foi extremamente significativa, afinal de contas ela está com 103 anos de idade e apresenta uma lucidez invejável. Durante a entrevista ela nos presenteou com detalhes de sua alfabetização, lembrou-se até do nome do autor de sua primeira cartilha “Felisberto de Carvalho“, comentando conosco que a alfabetização era feita através de figurinhas representativas que ajudava o aluno a memorizar a figura à palavra. Falou com um carinho todo especial da sua 8 primeira professora, mas o aspecto mais significativo nesta primeira entrevista foi a descrição do método utilizado durante sua alfabetização, que nos deixaram convencidos, ainda se tratar do método individual de ensino. Ela fala claramente sobre os monitores que eram os alunos mais adiantados e tinham a incumbência de auxiliar a professora. Traz ainda em suas lembranças a figura dos três professores paulistas Leowergildo de Mello, Gustavo Kuhlmann e Waldomiro de Campos, com quem conviveu, fala deles com profunda admiração, afirmando que eles foram responsáveis pela implantação da reforma da instrução pública de 1910 em Cuiabá, decretada pelo Presidente de Estado Pedro Celestino, culminando na criação da Escola Normal, que até o ano de 1916 foi dirigida por Leowergildo de Mello. Todas estas informações puderam ser confirmadas na dissertação de Mestrado: Escola Normal de Cuiabá (1910-1920), de Elizabeth Figueiredo Poubel e Silva. A pessoa de Dª. Maria de Arruda Müller, nos remete incondicionavelmente a um período histórico muito significativo para a História da Educação mato-grossense. Consideramos que ela é a testemunha viva mais importante a nos relatar as mudanças ocorridas do método individual para o seriado. Teremos ainda pelo menos a oportunidade de mais uma entrevista, quando iremos direcionar toda nossa atenção para melhor elucidar estes fatores. Estamos buscando através desta pesquisa uma melhor compreensão da História da Educação mato-grossense, principalmente no período da primeira república, onde poderemos produzir novas fontes utilizando a história oral, que já nesta primeira abordagem apresentou os primeiros resultados parciais, constituindo-se em um método que possibilita a análise dos dados levantados e viabiliza a continuidade do processo iniciado, onde certamente poderemos produzir importante acervo tanto de som como de imagens que muito contribuirão para a preservação da memória e da cultura de Mato Grosso. 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BACHELARD, G. A psicologia dos fenômenos temporais. In: A dialética da duração. São Paulo: Editora Ática. 2 ed. 1994. Cap.2 p.36-52. BERGSON, H. Matéria e Memória: Ensaio sobre a relação do corpo com o espírito. São Paulo: Martins Fontes, 1990, 204 p. BOSI, E. Memória e Sociedade: lembrança de velhos. 3 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1994, 484 p. HALBWACHS, M. 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