UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS CURSO DE BIBLIOTECONOMIA DIRETÓRIO ACADÊMICO DE BIBLIOTECONOMIA XIV Encontro Regional de Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Ciência da Informação e Gestão da informação Os novos campos da profissão da informação na contemporaneidade 16 a 22 de janeiro de 2011 A CONTRIBUIÇÃO DO USO DE BASE DE DADOS PARA A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO BIBLIOTECÁRIO 1 Dayse Maisa de Assunção Maciel RESUMO Aborda-se a contribuição do uso de bases de dados para o desenvolvimento cientifico e profissional do bibliotecário desde a graduação até a sua inserção no mercado de trabalho. Analisa-se o currículo educacional de alguns cursos de Biblioteconomia do país, verificando quais capacitam os seus alunos a usarem eficientemente as bases de dados existentes na área. Trata-se de uma pesquisa exploratória e têm por objetivo identificar e compreender os fatores que interferem no uso, não uso e/ou sub-uso das bases de dados pelos sujeitos pesquisados. Os resultados obtidos apontam os seguintes fatores como entraves para o uso dessa ferramenta: a deficiência na formação dos professores e a falta de familiaridade destes com bases de dados e, por conseguinte, os discentes não são instruídos quanto ao uso desse recurso na graduação. Outro fator identificado é a não disponibilização de laboratórios e equipamentos necessários para o acesso á base de dados nas universidades públicas. Ressalta-se ainda, fatores relacionados intrinsecamente aos discentes como: a falta de domínio de conhecimentos em línguas estrangeiras, matemática, estatística e outros. Soma-se também a esses fatores a falta de políticas nacionais de informação legitimadas que incentivem a produção e o uso de base de dados no país. Conclui-se que é imprescindível a incorporação efetiva do uso de base de dados nos currículos educacionais dos cursos de Biblioteconomia, uma vez, que estes têm por missão formar profissionais capazes de gerenciar a informação disponível nos mais variados suportes e estarem aptos a atuar em bancos e bases de dados. Palavras-chave: Base de Dados. Biblioteconomia – Currículo. 1 Bibliotecário - Formação. Curso de INTRODUÇÃO As bases de dados são fontes de informações que podem contribuir para a transferência e ampliação de conhecimentos necessários ao desenvolvimento cientifico intelectual dos discentes e docentes que integram a universidade. O acesso a esse tipo de 1 Trabalho cientifico de comunicação oral apresentado ao GT 2 – Mercado de trabalho e Organização Social e política do profissional da informação. Universidade Federal do Maranhão, discente, [email protected] recurso informacional depende de treinamento, este por sua vez, deve fazer parte do procedimento de ensino da graduação em Biblioteconomia que deve dar condições de acesso aos equipamentos e incorporar o tema de forma teórica e prática. Porém apesar do potencial informacional das bases de dados, Cunha (1984 e 1989) ressalta a inexploração ou subutilização destas no Brasil. O tema é pouco abordado no país, sendo que os poucos estudos existentes foram feitos em sua maioria nas décadas de 80 e 90 e carecem, portanto, de atualizações. A pesquisa em base de dados é amplamente difundida nos países desenvolvidos, visto que estes são os principais produtores e distribuidores destes recursos informacionais. Nestes países o uso de base de dados como fonte de informação para a pesquisa escolar é tão importante e necessária quanto o uso de livros e enciclopédias, nos Estados Unidos, por exemplo, o uso de base de dados foi incorporado ás disciplinas no ensino fundamental desde 1986. (CUNHA, 1989) De acordo com este autor, pouquíssimas escolas de Biblioteconomia do Brasil oferecem cursos de graduação que possibilitam o contato direto dos alunos com base de dados. Isto é reflexo principalmente da deficiência na formação dos professores, visto que, estes geralmente não possuem familiaridade com “[...]essa ferramenta de informação e, por conseguinte, os futuros profissionais não conhecem e não utilizam essa tecnologia de informação” (CUNHA, 1989) O interesse pelo estudo dessa problemática surgiu a partir de observações e indagações pessoais feitas no decorrer da trajetória acadêmica. Com o intuito de preencher lacunas teóricas adquiridas durante o curso, esta pesquisa foi concebida, objetivando a discussão e a reflexão sobre os fatores que desencadeiam o problema e as possíveis soluções para este. A pesquisa objetiva verificar os fatores que interferem no uso, não uso ou sub-uso das bases de dados pelos sujeitos pesquisados e também verificar as contribuições do uso de base de dados para o desenvolvimento cientifico e profissional dos discentes do curso de Biblioteconomia. A metodologia adotada para a construção desse estudo consistiu na pesquisa bibliográfica para a fundamentação teórica sobre o tema. A partir dessa revisão de literatura procedeu-se ao levantamento dos projetos pedagógicos (PP) dos cursos de Biblioteconomia de nove universidades públicas do pais: a Universidade Federal de Alagoas (UFAL), a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Universidade Federal de São Carlos – SP (UFSCar). Estas instituições foram escolhidas para compor o nosso estudo em razão de disponibilizarem o projeto pedagógico dos cursos em seus sites oficiais, isto facilitou a verificação das instituições que incluem disciplinas sobre o uso de bases de dados em suas grades curriculares. A partir dos resultados obtidos foi possível constatarmos que é imprescindível a incorporação desse conteúdo aos currículos educacionais dos cursos de Biblioteconomia, uma vez que, estes têm por missão formar profissionais capazes de gerenciar a informação disponível nos mais variados suportes e, além disso, os bancos e bases de dados constituem-se em campos de atuação para o bibliotecário. 2 BASES DE DADOS: conceitos, vantagens e contribuições. O uso de bases de dados para o acesso á informações têm causado mudanças e impactos nos relacionamentos entre usuários e máquina permitindo a busca de modo interativo, uma vez que as necessidades de informação dos discentes e docentes tornaram-se cada vez mais específicos, demandando instrumentos e mecanismos que possibilitem o acesso mais rápido e fácil a esse tipo de informação. (MARINHO, 1995) As bases de dados são fontes de informação indispensáveis para o processo de obtenção e geração de novos conhecimentos dentro da comunidade acadêmica, e segundo Cendón (2002) propiciam vantagens como: Segundo Rowley (2002) uma base de dados “é uma coleção geral e integrada de dados junto com a descrição deles, gerenciada de forma a atender a diferentes necessidades de seus usuários. As bases de dados são mantidas e gerenciadas por sistemas responsáveis por inserir programas que permitam a geração, operação e alimentação delas Na visão de Cendón (2002) “são arquivos de informação que, inicialmente eram armazenadas em computadores centrais e se tornavam acessíveis aos usuários em localização remota, via rede de comunicações. Além disso, esta autora afirma que as bases de dados “cobrem um amplo universo de informações selecionadas, organizadas, fornecidas em meio eletrônico, podendo, dessa forma, serem mais facilmente encontradas do que nas fontes impressas”. Oferecem ainda vantagens como: a) Amplitude, facilidade e rapidez de acesso á informação armazenada eletronicamente; b) Permite a truncagem de diversos pontos de acesso durante a busca, “a pesquisa em bases de dados permite descobrir dados que seriam impossíveis ou muito difícil conseguir em fontes impressas devido a impossibilidade da busca por palavras, no texto completo. (CENDÓN, 2002, p. 42) c) Informações recentes e atualizadas, algumas bases de dados atualizam seus dados diariamente; d) Maior poder de recuperação de informações em busca informatizada, pois há a possibilidade de simultaneidade no uso de varias bases ao mesmo tempo. e) Flexibilidade, facilidade, rapidez na formulação de buscas e na obtenção de respostas f) Permite o uso de operadores booleanos, busca por campo, já que todos os campos dos seus registros são indexados e, portanto pesquisáveis, isto favorece precisão e especificidade nos resultados. Portanto, as bases de dados são recursos informacionais em formato eletrônicos que tem como principal característica a sua facilidade de acesso em qualquer lugar on-line, via internet, em CD-ROM ou através de disquetes, pontualidade, precisão, confiabilidade De acordo com Marinho (1995) base de dados “é uma coleção organizada de informações legíveis por máquina que podem ser orientadas por disciplina, por missão, por problema ou, ainda podendo ser de caráter multidisciplinar ou interdisciplinar. Os dados contidos em uma base de dados devem servir a uma variedade de aplicações distintas. Dessa forma, é importante que a base de dados não seja ambígua e redundante, pois isto dificultaria a precisão e a consistência dos dados recuperados, além de desperdiçar espaço com o armazenamento desnecessário. Outro requisito importante para a eficácia de uma base de dados é o uso de programas compatíveis com os mais diversos softwares para evitar que o usuário não consiga abrir ou usar arquivos de outros programas Segundo Dias e Silva (1987) o uso de bases de dados proporciona maior rapidez na obtenção das respostas ás pesquisas e maior relevância dos resultados das mesmas, atualização dos dados recuperados, exaustividade na cobertura de diferentes fontes de informação, acesso a informações não disponíveis em formato impresso. Esses autores apontam os seguintes problemas que podem dificultar ou restringir o uso de bases de dados. a) Recursos físicos: instalações insuficientes, falta de softwares atualizados. b) Recursos Humanos: falta de profissionais bibliotecários qualificados; falta de treinamentos dos usuários de bibliotecas na utilização de bases de dados; barreiras lingüísticas, pois a grande maioria das bases de dados são de língua inglesa; necessidade de aperfeiçoamento continuo do uso de bases de dados e das linguagens de busca. c) Desenvolvimento na área de Ciência e Tecnologia: os países em desenvolvimento por não investirem satisfatoriamente no setor de C & T, não dispõem de infra-estrutura informacional (acesso a serviços, recursos institucionais e humanos) necessária para receber a tecnologia produzida nos países desenvolvidos. d) Política nacional de Informação: baixo investimento no setor de informação. As políticas existentes são vagas e não produzem resultados satisfatórios. Com relação à política de informação ressalta-se que esta deve identificar as necessidades de seu povo, estabelecer ações para a satisfação dessas necessidades e promover o uso efetivo dos serviços prestados. (AMARAL, 1995) De acordo com esta autora a política nacional de informação do Brasil é orientada pela política de informação em Ciência e Tecnologia, esta por sua vez, possui como únicos instrumentos formais de suas diretrizes, as ações programadas, elaboradas pelo CNPq e que integram o 3º Plano Básico de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (PBDCT). O IBICT definiu suas linhas de atuação a partir dessas ações programadas e “desempenha um importante papel na execução das atividades relacionadas ao acesso ás bases de dados”. (AMARAL, 1995) A contribuição das bases de dados para o desenvolvimento da sociedade é inegável, constitui-se em indispensável fonte de informação para a ampliação do conhecimento e instrumento para o desenvolvimento socioeconômico dos países. (MARINHO, 1995).. Nas bibliotecas os seus efeitos são sentidos em todos os setores, proporcionam rapidez na recuperação de referências ou até mesmo de textos completos, na otimização do processamento técnico ou no auxilio á busca do usuário e seu encaminhamento a outras unidades de informação. Na pesquisa cientifica, as bases de dados atuam como fornecedoras do insumo básico para a condução das investigações, divulgação de produtos e resultados de pesquisa. Na sociedade em geral, proporcionou grandes evoluções no uso e disseminação de informações que antes não eram acessíveis a todos. Diante de tais benefícios trazidos pela incorporação das bases de dados ao cotidiano das pessoas, Marinho (1995) citando Worcman e Coelho (1985) afirma que as bases de dados “têm potencial para superar o impacto social provocado pelo advento da imprensa”. 3 ANÁLISE DOS PROJETOS PEDAGÓGICOS DO CURSO DE BIBLIOTECONOMIA O projeto pedagógico corresponde ao conjunto de ações que compõem o curso e que este pretende realizar em direção á qualidade do processo educativo/formativo. Deve, portanto, apresentar a programação educativa, pedagógica e administrativa a ser concretizada pelos docentes, discentes, gestores e pessoal técnico-administrativo e assim como estar em consonância com a política educacional da instituição. (ABECIN, 2010) Foram analisados os projetos pedagógicos do curso de Biblioteconomia de nove universidades federais brasileiras (obtidos a partir dos sites oficiais dessas instituições), algumas destas instituições ofereciam acesso somente ás grades curriculares do curso outras, no entanto, disponibilizavam o projeto pedagógico na integra. Esta análise foi feita com o intuito de verificar quais delas oferecem disciplinas referentes ao uso de bases de dados e também identificar quais competências (arroladas os projetos pedagógicos) devem ser adquiridas pelos egressos dessas universidades. A seguir apresentaremos os resultados da pesquisa. Das nove instituições verificadas, 77% delas possuíam a disciplina gerenciamento de bases de dados e apenas 33% das universidades pesquisadas não apresentavam nenhuma disciplina referente a esse conteúdo. Dessas nove instituições pesquisadas, 6 delas pertencem a região Nordeste, quantidade equivalente a 67% das universidades verificadas, 2 delas pertencem a região Sudeste (cerca de 22%) e uma pertence a região Sul do país (o equivalente a 11%). Com relação á disponibilização das ementas, 83% das instituições que ofereciam a disciplina “gerenciamento de bases de dados” disponibilizavam o conteúdo programático dessa disciplina. Nesse aspecto, constatou-se que essas disciplinas englobavam alguns conteúdos similares como: planejamento, geração, implantação e manutenção de bases de dados de documentos, sistemas de recuperação de base de dados dentre outros. Durante a análise dos outros componentes do projeto pedagógico, por exemplo, as competências e habilidades a serem adquiridas pelo egresso do curso, foi observado que a capacidade de gerenciar a informação e tornar acessíveis serviços e produtos adequados as necessidades especificas dos usuários mediante a incorporação das tecnologias de informação existentes consistiu em uma das principais competências citadas nos projetos pedagógicos analisados. Logo, pode-se afirmar que A partir da análise dos projetos pedagógicos dessas instituições, percebe-se que há a necessidade da incorporação efetiva do treinamento do uso de bases de dados no currículo educacional do curso de Biblioteconomia de algumas instituições que ainda não oferecem suporte educacional a esta demanda. Esta medida orientará a formação do profissional bibliotecário para atuar eficientemente nestes espaços, além de contribuir também para o seu desenvolvimento intelectual e cientifico. Ressalta-se ainda que a capacitação do bibliotecário para o uso das ferramentas tecnológicas permitirá a este profissional instruir os usuários da biblioteca e de outras unidades de informação para obter o máximo de aproveitamento das bases de dados como fontes de informação. Esta é uma das competências a serem desenvolvidas pelo bibliotecário durante a sua formação acadêmica: educação do usuário para o uso racional e eficiente das fontes de informação existentes. A partir da verificação feita nos projetos pedagógicos de nove cursos de Biblioteconomia do país, percebeu-se que o treinamento em bases de dados não integra a grade curricular de algumas dessas instituições. Vários fatores podem ser apontados para explicar essa realidade, sobre isto Cunha (1989) e Paranhos (1985) apresentam alguns fatores que interferem no uso de bases de dados durante a graduação são: Deficiência na formação dos professores e a falta de familiaridade destes com bases de dados e, por conseguinte, os discentes não são instruídos e estimulados a usar as bases de dados como fonte de pesquisa; Falta de infra-estrutura física dos cursos ao não disponiblizarem laboratórios e equipamentos necessários para o acesso a bases de dados; Fatores relacionados intrinsecamente aos discentes: falta de domínio em outros idiomas, pouco conhecimento em matemática, estatística, lingüística e outros. O conjunto de conhecimentos nessas áreas embasará a aprendizagem e o treinamento no uso das bases de dados. Falta de políticas informacionais claras, objetivas e ações efetivas que orientem a produção, transferência e acesso á informação no país, levando em conta seus recursos informacionais, a sua infra-estrutura e as necessidades da população. ((PEREIRA, 1990). Esses fatores apresentados por esses autores demonstram as barreiras que precisam ser superadas para que o uso de bases de dados como fonte de informação cresça e se popularize no meio acadêmico e também nas escolas de ensino primário e secundário. Sobre isto, Amaral afirma que: “A inexistência de bibliotecas escolares, a não exigência de pesquisa e a falta do habito de leitura são alguns dos fatores que contribuem para que os alunos alcancem o 3º grau despreparados para o uso da informação cientifica. De um modo geral na pós-graduação é que o estudante brasileiro aprende algumas técnicas de pesquisa”. (AMARAL, 1995) A quantidade de graduandos que usam a base de dados como fonte de informações e fomento as suas pesquisas é reflexo do ensino ministrado nas escolas brasileiras, onde o aluno não é instigado a pesquisar em diversas fontes de informação e assim construir seus conhecimentos teórico-práticos de forma consolidada. Por outro lado, há também os problemas de cunho financeiro em decorrência principalmente do baixo investimento no setor educacional, impossibilitando as escolas de disponibilizarem laboratórios e equipamentos necessários para o acesso á informações eletrônicas. 3 FORMAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO: campos de atuação e exigências do mercado de trabalho A capacitação e o aperfeiçoamento profissional dos discentes do curso de Biblioteconomia são requisitos essenciais para a absorção desses futuros profissionais pelo mercado de trabalho. A respeito disso, Silva e Arruda (1998) afirmam que: A capacitação profissional é fator fundamental para uma boa colocação no mercado de trabalho, gerando profissionais cada vez mais preocupados com a qualidade das informações e em como obtê-las e com isto, buscando na educação formal mecanismos de qualificação profissional, capazes de mantê-lo no mercado de trabalho. De acordo com (ABECIN, 2010) as diretrizes curriculares do Departamento de Política de Ensino Superior do MEC estabeleceram o perfil do profissional de biblioteconomia e Ciência da Informação, refletindo as contribuições das Escolas de Biblioteconomia reconhecidas pelo Ministério da Educação, associações de classe e da Associação Brasileira de Ensino em Biblioteconomia e Documentação. Uma das competências e habilidades deste profissional citadas no documento refere-se ao uso de bases de dados, mais precisamente a produção de interfaces de acesso a elas. A partir dessa concepção das competências exigidas para a atuação do bibliotecário percebe-se que a instrução em bases de dados é imprescindível e constituem-se em desafio para o egresso do curso, uma vez que o treinamento em base de dados não faz parte da maioria das disciplinas que integram a grade curricular do curso. Para Silva e Arruda (1998) as tecnologias de informação e comunicação atuais transformaram o processo de recuperação e disseminação de informação, com isto, as funções e atribuições profissionais do bibliotecário foram afetadas e influenciadas pelas mudanças ocorridas com a expansão e o domínio das tecnologias de informação. Essas autoras enfatizam que é preciso haver mudanças na grade curricular dos cursos de Biblioteconomia a fim de incluir conteúdos atualizados referentes ao uso das tecnologias de informação, uma vez que estas se constituem em ferramentas de trabalho do bibliotecário. Outra questão levantada por Silva e Arruda (1998) refere-se aos possíveis fatores responsáveis pela não atualização da grade curricular dos cursos de Biblioteconomia às novas exigências do mercado. Essas autoras afirmam que o modelo extremamente conservador e tradicional do ensino de Biblioteconomia do país contribui para a manutenção consciente ou inconsciente do perfil tecnicista e ultrapassado do bibliotecário afetando assim a sua imagem e a relevância do seu papel perante a sociedade. Sobre isto elas afirmam que “Os professores apresentam um discurso moderno, enfatizando sobre a necessidade de mudança, e um pratica carregada de receios, ou mesmo acomodação em torna realidade fatual tal discurso.” (SILVA; ARRUDA 1998, p. 7) O domínio de tecnologias de informação e comunicação e de diferentes recursos informacionais quer seja em formato impresso ou eletrônico deve integrar o conjunto de habilidades e competências desenvolvidas pelos bibliotecários, esse processo inicia-se na graduação e é reforçado por cursos de educação continuada e de aperfeiçoamento profissional. De acordo com Valentim (2004) fornecer competências durante a formação do aluno, por meio de conteúdos formadores é papel da escola e manter essas competências após a sua saída da escola é papel do profissional. Segundo esta autora citando Cunha (1998) “[...] a idéia tradicional de currículo induz á perspectiva de que o profissional é formado na universidade e deve sair pronto, com toda competência para enfrentar o mundo do trabalho.” No entanto, ressalta-se que há certas competências que somente podem ser adquiridas ou aperfeiçoadas durante o exercício da profissão, é, portanto no ambiente de trabalho que “O profissional precisa ter competência para ser autônomo na produção de conhecimentos e acessível para socializá-los em grupos. Saber criar seus projetos, vender suas idéias, ser perpscaz, ativo e envolvente.” (VALENTIM, 2004) Dessa forma, a formação profissional do bibliotecário depende dos conhecimentos e competências adquiridas na academia, do aperfeiçoamento e aprimoramento desses componentes durante a prática profissional e através da educação continuada. No entanto, ressalta-se que cabe a universidade e mais precisamente às coordenações dos cursos de Biblioteconomia, analisar claramente as transformações ocorridas na sociedade e assim adequar seus objetivos educacionais e propostas curriculares para atender a demanda atual, uma vez que a sociedade constitui-se em norteadora do “fazer” de qualquer profissional. 4 CONCLUSÃO A formação do bibliotecário requer o domínio de conteúdos de Biblioteconomia, desenvolvimento de certas habilidades e competências que o capacitem para atuar com proficiência e criatividade diante das demandas da sociedade e exigências do mercado de trabalho. Aliada á formação teórica do bibliotecário, há também a necessidade da incorporação de conteúdos práticos contribuindo para a consolidação dos seus conhecimentos teórico-práticos. O treinamento em bases de dados deve ser incluído na grade curricular do Curso de Biblioteconomia de forma efetiva, para isto é preciso haver investimentos neste setor como, a implantação de laboratórios, aquisição de equipamentos e mobiliários apropriados para o acesso as informações eletrônicas nas instituições de ensino superior. THE CONTRIBUTION OF THE OF DATA BASE FOR TRAINING OF THE LIBRARIAN Dayse Maisa de Assunção Maciel* ABSTRACT Addresses the importance of using databases for the development of scientific and professional librarian since graduation until their integration into the labor market. It analyzes the educational curriculum of some courses in librarianship in the country, checking which enable their students to use effectively the existing databases in the area. This is an exploratory and are intended to identify and understand the factors that interfere with the use, non use and / or under-use of databases by the subjects. Results indicate the following factors as barriers to using this tool: a deficiency in the training of teachers and lack of familiarity with these databases and therefore the students are not educated about the use of such devices for graduation. Another factor identified is the non availability of laboratories and equipment needed for access to the database in public universities. It is noteworthy also factors intrinsically related to the students as the lack of domain knowledge in foreign languages, mathematics, statistics and more. Added to these factors also the lack of national information policies that encourage the legitimate production and use of database in the country. It is essential that the effective incorporation of the use of database in educational curricula of courses in librarianship, once they have the mission to train professionals capable of managing the information available in various media and be able to work in banks and databases. Keywords:Data Base. Librarian - Training. Course Library - Curriculum. REFERÊNCIAS AMARAL, Sueli angélica do. Serviços bibliotecários e desenvolvimento social: um desafio profissional. Ciência da Informação, v. 24, n.2, 1995. ABECIN. Avaliação do Processo Formativo na Área de Biblioteconomia / Ciência da Informação: documento referencial. Disponivel em: <http://www.abecin.org.br/portal/abecin/.../DocumentosABECIN4.doc>. Acesso em: 25 out. 2010 CENDÓN, Beatriz Valadares. Bases de dados de Informação para negócios, Ci. Inf, Brasilia, v.31, n.2, p. 30-43, maio/ago. 2002 CUNHA, Murilo Bastos da. Base de dados e bibliotecas brasileiras. Brasília: ABDF, 1984. CUNHA, Murilo Bastos da. Bases de dados no Brasil: um potencial inexplorado, Ci. Inf.,Brasila, v. 18, n. 1, p. 45-57, jan./jun. 1989. DIAS, Walderez M. Duarte; SILVA, Maria Neves de Oliveira. Uso de bases de dados em bibliotecas brasileiras e americanas. R. Bibliotecon. Brasília, v. 15, n.2, p.203-215, jul./dez. 1987. MARINHO, Raimunda Ramos. 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