ASSEMBLEIA NACIONAL DISCURSO DE SE O PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA NACIONAL POR OCASIÃO DA TOMADA DE POSSE DOS MEMBROS DA COMISSÃO NACIONAL DE ELEIÇÕES Praia, 7 de Maio de 2015 Senhor Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Senhoras e Senhores Deputados, Senhoras e Senhores Membros do Governo, Senhor Presidente do Tribunal de Contas, Senhor Procurador-Geral da República, Senhora Presidente do Conselho Superior da Magistratura Judicial, Senhor Provedor de Justiça, Senhora Bastonária da Ordem dos Advogados, Senhora Directora-Geral de Apoio ao Processo Eleitoral, Senhores Ex-membros da Comissão Nacional de Eleições cessante, Ilustres Convidados, Minhas Senhoras e meus Senhores: Permitam-me, em nome da Assembleia Nacional, saudar todos os presentes que, não obstante os seus múltiplos afazeres, quiseram honrá-la, assistindo a esta cerimónia de tomada de posse dos novos membros da Comissão Nacional de Eleições. Trata-se de um momento importante da vida política nacional, que representa o culminar de um complexo e longo processo de negociação 1 entre as forças políticas representadas no Parlamento, com destaque para a votação dos membros da Comissão Nacional de Eleições por maioria reforçada dos Deputados, na Sessão Plenária do passado mês de Março. Com este acto, o Parlamento, mais uma vez, realiza a Constituição e cumpre o seu dever de dotar o país de um órgão externo cujo papel é de capital importância para o reforço da Democracia e a consolidação do Estado de Direito Democrático. Ciente da importância da CNE, por um lado, e das dificuldades inerentes ao exercício das suas funções, por outro, tenho a consciência clara de que ser membro da CNE implica, acima de tudo, espírito de missão para servir o país. Assim sendo, que me seja permitido reconhecer a disponibilidade manifestada pelos novos membros da CNE para assumir o cargo, felicitá-los e encorajá-los a exercerem com zelo, determinação e competência as suas atribuições, de modo a se manter a confiança da sociedade nessa instituição. De referir que um dos empossados já conhece a casa, como se costuma dizer, e representa a memória da instituição. Digamos que, além de desempenhar as funções normais que lhe são cometidas, servirá também de ponte entre o passado e o futuro da CNE, o que é sempre positivo e desejável numa organização. A propósito do passado e do futuro da CNE, gostaria de aproveitar esta oportunidade para expressar os meus agradecimentos aos membros cessantes da CNE, que muito contribuíram para o bom desempenho do sistema eleitoral cabo-verdiano, nos últimos 8 anos. É de justiça, realçar que, graças a eles e aos demais elementos integrantes do sistema, as eleições passadas, decorreram em clima de normalidade e conduziram a resultados transparentes e aceites por todas as forças políticas envolvidas, o que constitui motivo de orgulho da nossa jovem Democracia. Desde a institucionalização de eleições livres e pluripartidárias em Cabo Verde, a Comissão Nacional de Eleições assume um papel de capital importância para assegurar a participação dos cidadãos e o respeito pela vontade popular expressa nas urnas, condição fundamental para a manutenção da estabilidade política e a credibilidade das instituições. Ao longo dos anos a Comissão Nacional de Eleições foi-se alterando em termos organizativos e estruturais, sempre em crescendo, adaptando-se 2 aos novos tempos e aperfeiçoando o seu funcionamento e desempenho. É em 2007 que a CNE adopta o seu formato básico que lhe é característico, até o presente, trazendo, com o novo figurino, vários ganhos para a instituição, designadamente os seguintes: Substituição dos membros provisórios e a tempo não inteiro, para membros efectivos e permanentes; Ampliação do mandato da CNE de 5 para 6 anos; Melhoramento do estatuto remuneratório dos seus membros, tornando a instituição, mais aliciante e atractiva; Ampliação do orçamento, algo irrisório, a princípio; Recrutamento do Presidente da CNE de entre Magistrados de carreira, passando o titular do órgão a ser equiparado a Juiz Conselheiro; Opção pelo recenseamento com base em dados biométricos, trazendo mais segurança ao sistema e à base de dados inerentes ao cidadão eleitor. Apesar dos ganhos decorrentes dessas alterações, reconhecidos por todos, haverá sempre novos aprimoramentos a serem feitos, com o fito de melhorar a qualidade de resposta da instituição aos novos desafios que vão surgindo, em função da complexificação da própria sociedade. De citar, por exemplo, o que consta do novo diploma de revisão do Código Eleitoral em vigor, que inscreve como preocupação primeira, a de permitir que o recenseamento se faça a nível do Registo Civil, o que de facto, é uma medida muito mais abrangente do que a estipulada no Código Eleitoral ainda em vigor. Outro importante desafio, diz respeito ao seu reforço institucional, nomeadamente a nível de recursos humanos, o que conferirá um maior apoio aos membros da CNE no desempenho das suas funções. Minhas Senhoras e meus Senhores: Sabendo que nos encontramos a cerca de um ano dos novos pleitos eleitorais, há mais um grande desafio a ser considerado e lançado a todo o sistema eleitoral, que é o do combate à abstenção, fenómeno transversal aos actuais regimes de democracia liberal, constituindo uma permanente ameaça aos sistemas democráticos. 3 De recordar que no último ciclo eleitoral nacional, a abstenção situouse à volta de 24% nas legislativas, 40% na segunda volta das presidenciais e 31% nas autárquicas. A nossa aposta deverá ser no sentido de criarmos as condições para contrariar qualquer tendência ao seu aumento. Com efeito, a participação de cada cidadão eleitor, no processo eleitoral, traduz-se num sinal de maturidade da nossa Democracia e é sabido que uma eventual elevada taxa de abstenção poderia significar uma manifestação de desinteresse em matéria da escolha dos seus legítimos representantes políticos. Há, portanto que reforçar, permanentemente, a credibilidade do eleitorado no sistema democrático e naqueles que são sufragados para materializarem as escolhas políticas. Este objectivo deve ser alcançado através da afluência às urnas de um substancial número de cidadãos de molde a reduzir ao mínimo, a taxa de abstenção. Por conseguinte, passos vêm sendo dados para que, paulatinamente, possamos melhorar o nosso sistema eleitoral, tornando mais eficaz o recenseamento, mantendo actualizado os cadernos, facilitando a participação dos cidadãos nas eleições. É sabido que as eleições constituem elementos estruturantes do sistema democrático e que o Estado de Direito Democrático estriba-se em eleições justas, livres e transparentes. Ora, o prestígio que o nosso país vem granjeando, deve-se também à forma como as eleições vêm decorrendo, no estrito respeito da vontade popular, o que constitui um valioso capital político a ser preservado. Há que continuar a trabalhar para que seja melhorada ainda mais a 26.ª posição no INDEX, obtida pelo nosso país, em 2012, de forma a continuarmos a ser considerados como uma das democracias mais estáveis em África. Resta-nos desejar bom trabalho aos membros eleitos da CNE e que continuem a agir no sentido do reforço e prestígio desta nossa organização superior da administração eleitoral, visando o aprimoramento do nosso sistema democrático e garantia de eleições livres, justas e transparentes para o nosso país. Parabéns e sucessos no desempenho das vossas funções. 4 Muito obrigado pela vossa atenção! Salão de Banquetes da Assembleia Nacional, 7 de Maio de 2015 5