Porque os métodos de classificação socioeconômicos utilizados no Brasil não funcionam Anais do 20º ENANPAD - 23 e 25/09/1996 Revista Mercado Global - p. 8-11, 3º TRIM. 97 Fauze Najib Mattar Introdução Não havia no Brasil, até 1970, um critério único, objetivo e geral de classificação socioeconômica de consumidores. À medida que algumas empresas passaram a adotar práticas de marketing, principalmente a segmentação de mercado, surgiu a necessidade de se dispor de um critério que facilitasse esse processo e que permitisse a realização de pesquisas ou programações de mídia que visassem, especificamente, a determinados estratos do mercado. Na ausência de um critério único, cada empresa, cada agência de pesquisa e cada veículo de comunicação estabelecia o seu próprio sistema que, se por um lado atendia de imediato às suas necessidades, por outro impedia o intercâmbio e até a comunicação entre empresas, agências de pesquisa, agências de propaganda e os veículos, pois não se falava a mesma linguagem, quando se referia aos mesmos públicos-alvo. Foi com a preocupação de resolver esse problema que a ABA - Associação Brasileira de Anunciantes estabeleceu, em 1970, o primeiro critério padronizado de classificação socioeconômica no Brasil, que foi denominado de Critério ABA. Esse sistema era baseado no cômputo de pontos calculados, a partir da posse de itens e na premissa da existência de quatro classes socioeconômicas, rotuladas de A a D. Esse sistema mostrou-se muito útil e foi adotado por todos os usuários sem restrições. No entanto, cerca de quatro anos após a sua adoção, surgiram reclamações de que as classes mais altas - particularmente a classe A - apresentavam, pelo critério, uma dimensão maior que o seu real tamanho (pelo critério, 10% da população eram classe A). As pressões por um aprimoramento foram se avolumando, ao mesmo tempo que aumentava a resistência contra qualquer alteração do sistema, sob o argumento de que não valia a pena perder a continuidade e a possibilidade de comparações no tempo. Em função disso, de 1974 a 1976, foram realizados estudos que resultaram em uma pequena alteração: o sistema permanecia como estava, e apenas cada uma das classes sociais passaria a ser subdividida em duas, a critério do usuário da pesquisa, compondo oito subclasses, denominadas de A1, A2, B1, B2, C1, C2, D1 e D2. Após dois anos de utilização, a versão alterada já estava novamente sofrendo muitas críticas dos usuários. Em 1978, atendendo a esses reclamos, a ABIPEME - Associação Brasileira dos Institutos de Pesquisa de Mercado, recém constituida na ocasião, assumiu a tarefa de estudar o tema e preparar uma proposta que seria submetida à ABA - Associação Brasileira dos Anunciantes para uma aprovação conjunta. Os estudos foram efetuados e, em 1982, foi encaminhado e aprovado, pelos participantes dessas duas associações o novo modelo, passou a ser conhecido por Critério ABA-ABIPEME. Em 1991, devido ao grande número de novas reclamações, procedeu-se a novos estudos e a proposta resultante, elaborada por Pergentino M. Almeida e Hilda Wickerhauser (1991), não foi aceita por parte dos associados da ABIPEME, e trouxe, como conseqüência, a abertura de uma nova associação de agências de pesquisas denominada ANEP - Associação Nacional das Empresas de Pesquisa, formada pelos associados dissidentes da ABIPEME (Folha de São Paulo de 30/setembro/91, p. 3-8 e Gazeta Mercantil de 15/janeiro/92, p. 34). Desde então, o Critério ABAABIPEME passou a ser utilizado apenas pelos associados da ANEP e, por isso, é denominado nesse estudo de Critério ANEP (vide Quadro 1 do Anexo), e a proposta de Pergentino e Wickerhauser, de 1991, passou a ser adotada pelos associados que permaneceram na ABIPEME e é chamado nesse estudo de Critério ABIPEME (vide Quadro 2 do Anexo). Qual a razão de tanta controvérsia? A metodologia, no geral, é muito semelhante àquela utilizada por Chapin (1933) para desenvolver a escala socioeconômica com base nos bens e objetos da sala de estar. O princípio básico da metodologia empregada é o de se descobrir itens de conforto que tenham uma forte correlação com renda familiar. Uma vez descobertos quais são esses itens discriminadores da renda, procura-se estabelecer um sistema de pontuação (ou pesos) que atribuídos à posse desses itens (e, às vezes, ao número de itens possuídos) vão permitir saber qual é a pontuação total desse indivíduo ou família. Um sistema de cortes na escala de pontuação passa a permitir que se classifique cada indivíduo ou família pesquisado em um estrato social. Da mesma forma que o sistema proposto por Chapin (1933) teve de ser reformulado por Gutman (1942) para poder ser utilizado, pois estava totalmente desatualizado, os sistemas utilizados no Brasil também têm tido problemas semelhantes e também precisam ser reformulados periodicamente para serem adequadamente utilizados. O presente estudo procurou apontar de forma empírica quais as razões pelas quais esses dois critérios apresentam tantos problemas aos seus usuários. Partiu-se da hipótese básica de que o problema desses dois métodos está na utilização de variáveis/indicadores que são inadequados por não terem estabilidade ao longo do tempo e por serem pouco discriminadores dos estratos da população. Os estudiosos e praticantes de Marketing conhecem a pratica de segmentar o mercado em função do seu poder de consumo, ao se lançar um produto inovador que tenha uma tecnologia avançada (tais como: videocassete, camcorder, telefone celular, forno de microondas, TV com tela grande etc.) e praticar a estratégia de maximização da desnatação do mercado (Kotler, 1995: 428 e 429). Essa estratégia consiste em se estabelecer deliberadamente o preço elevado para o produto inovador, de tal forma que esteja ao alcance para adoção de apenas algum(ns) segmento(s) de maior poder aquisitivo do mercado. À medida que o volume de vendas cai, em função do esgotamento desse(s) segmento(s), a empresa reduz um pouco o preço para tornar o produto acessível ao próximo segmento em termos de poder aquisitivo, e assim, sucessivamente, até atingir, no final do processo, a todo o mercado desejado. Dessa forma, se determinados produtos em função da estratégia de preços praticada, em certos momentos, só são acessíveis aos segmentos de maior poder aquisitivo, não faz sentido utilizar-se a posse/não posse e número de itens possuídos desses mesmos produtos para classificar consumidores em estratos sociais, pois à medida que a empresa for alterando o preço para baixo, conforme a estratégia já descrita, estratos sociais de menor poder aquisitivo passam a ter acesso a esses produtos e não o contrário (que a posse desses produtos determinem o estrato social dos indivíduos e famílias). Para ilustrar esse fato é apresentado o seguinte exemplo. Imagine uma família que até o presente momento não tenha ainda adquirido um videocassete e que a sua pontuação na escala ABIPEME seja atualmente de 49 pontos, sendo classificada no estrato C (vide Quadro 2 do Anexo). O preço praticado hoje na venda do videocassete é, em termos reais, cerca de 25% do praticado no seu lançamento no Brasil (fonte Sharp). Vamos supor que em função dessa continua queda do preço e das facilidades para aquisição existentes no mercado (venda a prazo e compra via consórcio) essa família resolveu adquirir o videocassete. Imediatamente após essa aquisição (pelo mesmo Critério ABIPEME), passará a ser pontuada com mais dez pontos, o que elevará sua pontuação total para 59, sendo agora classificada na classe B. Ou seja, o Critério ABIPEME considera que apenas por ter adquirido um videocassete, houve uma mobilidade social da família elevando-a do estrato C para o B. É justamente as razões dessa inconsistência que esse estudo pretende demonstrar empiricamente e, com isso, sinalizar para a necessidade de novos sistemas que não contenham as deficiências apontadas nos atuais. Estudo O estudo consistiu em se aplicar os dois critérios mencionados a um banco de dados socioeconômicos que continha as variáveis e indicadores utilizados nos critérios e verificar os seus comportamentos em termos de estabilidade, ao longo do período em que foram testados. O banco de dados utilizado foi o do Instituto de Pesquisa do IMES - Instituto Municipal de Ensino Superior de São Caetano do Sul, que realiza, desde setembro de 1986, uma pesquisa socioeconômica nos municípios de São Caetano, Santo André e São Bernardo do Campo, com levantamentos periódicos semestrais, nos meses de março e setembro. Foram utilizados, nesse estudo, os dados referentes aos seguintes levantamentos: Período Número de famílias Período Número de famílias 03/88 550 09/91 550 09/88 550 03/92 681 03/89 550 09/92 609 09/89 550 03/93 672 03/90 (*) 09/93 600 09/90 550 03/94 600 03/91 550 (*) o levantamento não foi efetuado devido à distorção que o plano econômico instituído no início do Governo Collor possa ter causado aos dados. As amostras foram probabilísticas, com tamanho variando de 550 a 681 unidades familiares. A cada levantamento, foi constituida uma nova amostra. Foi utilizada a amostragem probabilística por área em três estágios: para cada um dos três municípios foram selecionados por sorteio os quarteirões a serem pesquisados; em cada quarteirão foi efetuado um censo e sorteados os domicílios e, em cada domicílio, sorteou-se o residente a ser entrevistado. Os dados foram obtidos através de entrevistas pessoais com instrumento estruturado não disfarçado. As amostras constituídas da forma descrita são representativas dos municípios de São Caetano, Santo André e São Bernardo do Campo ao nível de confiabilidade de 95% e um erro amostral máximo de 4%. A distribuição da amostra em relação aos três municípios pesquisados, em termos percentuais foi, aproximadamente, com pequenas variações a cada levantamento: São Caetano: 25,0%, Santo André: 37,5% e São Bernardo do Campo: 37,5%. Não foram utilizados os dados dos levantamentos de 1986 e 1987 para se evitar que possíveis problemas dos estágios iniciais da pesquisa ficassem fora do estudo. Foram testados nesse estudo: • • todos os indicadores/variáveis componentes dos dois métodos em estudo; os dois métodos em estudo. Os testes foram realizados tendo em vista as seguintes hipóteses de trabalho: • • os indicadores componentes dos métodos em estudo não têm estabilidade ao longo do tempo; os métodos em estudo são constituídos por indicadores instáveis e, em conseqüência, são também instáveis ao longo do tempo. A análise dos dados foi realizada através da construção de tabelas de freqüências relativas e realização de testes de significância para proporções entre várias populações com variáveis de 2 categorias e mais de 2 categorias. Esses testes foram efetuados objetivando verificar, para três diferentes níveis de significância: 1%, 5% e 10%, se havia diferença significativa entre as proporções obtidas nos diversos levantamentos para um determinado valor da variável e as proporções esperadas. Havendo diferença significativa, concluía-se que a variável não apresentava estabilidade para aquele valor ou categoria da variável entre as proporções observadas e esperadas de cada levantamento, e vice-versa. As variáveis/indicadores testados foram o número de: rádios, TV em cores, automóveis, aspiradores de pó, máquinas de lavar roupa, videocassetes, empregadas mensalistas, geladeiras, banheiros e nível educacional do chefe da família. Resultados A seguir estão os resultados obtidos. Para cada variável/indicador analisado são apresentados a sua tabela de freqüências, ao longo do período pesquisado, e o resultado do teste para verificar a sua estabilidade. Como pode ser observado na Tabela 1, para algumas quantidades de rádios possuídos há uma variabilidade muito grande, demonstrando instabilidade para esse indicador. Como exemplo, para a quantidade zero, no período 03/93, houve uma incidência de 17,86%, enquanto que, para o período 0/91, foi de 2,72%. Analogamente, pode ser observado que a quantidade 1, no período de 03/88, apresentou uma incidência de 44,28%, enquanto que, para o período 03/93, foi de 27,68%. Nota-se também que a quantidade de rádios é um indicador discriminador pela distribuição desconcentrada que tem. O resultado do teste, na Tabela 2, apontou que, das dez opções de valores possíveis para a variável rádio, sete apresentaram estabilidade ao longo dos períodos, enquanto que três não, ao nível de significância de 1%, indicando não haver estabilidade completa para esse indicador. A análise da Tabela 3, de freqüências relativas para o número de TV em cores, aponta para uma instabilidade desse indicador. Pode ser observado que, para as quantidades zero e um, há uma tendência declinante (de 64,43% em 03/88 para 53,33% em 03/94), enquanto que, para as quantidades 2 e 3, há uma tendência crescente. Os resultados do teste de igualdade de proporções para TV em cores, da Tabela 4, indicam que, para todas as quantidades realmente relevantes em termos de incidências, o indicador TV em cores não apresentou estabilidade, ao nível de significância de 1%. Tabela 1 - Freqüências relativas - Rádio Período Qtde 0 Qtde 1 Qtde 2 Qtde 3 Qtde 4 Qtde 5 Base (%) (%) (%) (%) (%) (%) n 03/88 3,63 44,28 27,40 12,70 7,26 4,71 550 09/88 4,17 35,93 30,85 17,42 8,17 3,45 550 03/89 4,90 40,11 28,68 16,52 5,26 4,54 550 09/89 3,81 39,56 30,85 16,33 4,90 4,53 550 09/90 5,26 39,38 29,95 12,52 7,99 4,90 550 03/91 3,09 35,57 33,58 17,42 5,08 5,26 550 09/91 2,72 40,29 28,86 15,97 7,62 4,54 550 03/92 14,68 37,30 25,99 13,22 5,58 3,24 680 09/92 13,63 29,72 29,23 15,93 6,90 4,59 608 03/93 17,86 27,68 25,74 16,52 7,44 4,77 671 09/93 6,00 30,83 32,17 17,17 7,50 6,34 599 03/94 4,67 30,67 31,33 15,83 8,00 9,30 599 Tabela 2 - Resultado do teste da Igualdade de proporções - rádio Qtde. Valor do qui- Diferença Diferença Diferença quadrado calculado significativa com significativa com significativa com α = 10% α = 5% α = 1% 0 254,61 sim sim sim 1 48,34 sim sim sim 2 13,17 3 12,86 4 14,06 5 29,33 sim sim sim 6 13,43 7 19,50 8 3,00 9 11,00 GERAL 424,63 sim sim sim sim Tabela 3 - Freqüências relativas - TV em cores Período Qtde 0 Qtde 1 Qtde 2 Qtde 3 Qtde 4 Qtde 5 Base (%) (%) (%) (%) (%) (%) n 03/88 15,06 64,43 17,06 2,54 0,91 0,00 550 09/88 11,98 66,61 17,97 2,54 0,73 0,18 550 03/89 13,97 62,25 19,24 3,99 0,36 0,18 550 09/89 13,25 63,88 18,51 3,63 0,54 0,18 550 09/90 12,16 58,08 23,96 4,54 0,73 0,54 550 03/91 8,71 60,98 23,41 5,99 0,91 0,00 550 09/91 8,89 59,53 24,32 6,53 0,54 0,18 550 03/92 20,12 51,84 22,76 4,11 1,03 0,15 680 09/92 17,73 51,56 22,99 6,24 1,31 0,16 608 03/93 21,58 48,51 22,32 6,55 0,89 0,15 671 09/93 9,33 54,83 25,67 8,33 1,33 0,50 599 03/94 10,00 53,33 28,83 6,00 1,17 0,67 599 Tabela 4 - Resultado do teste da Igualdade de proporções - TV em cores Qtde. Valor do quiquadrado calculado Diferença significativa com Diferença significativa com Diferença significativa com a = 10% a = 5% a = 1% 0 93,83 sim sim sim 1 40,17 sim sim sim 2 33,90 sim sim sim 3 39,44 sim sim sim 4 8,37 5 15,00 GERAL 234,49 sim sim sim Tabela 5 - Freqüências relativas - automóveis Período Qtde 0 Qtde 1 Qtde 2 Qtde 3 Qtde 4 Qtde 5 Base (%) (%) (%) (%) (%) (%) n 03/88 40,47 46,28 10,71 2,36 0,18 0,00 550 09/88 39,38 44,10 13,79 2,00 0,54 0,00 550 03/89 40,11 43,92 14,70 1,09 0,18 0,00 550 09/89 37,75 45,55 13,25 2,54 0,36 0,54 550 09/90 37,57 45,37 13,79 2,36 0,91 0,00 550 03/91 36,48 46,28 15,06 2,00 0,00 0,18 550 09/91 36,84 46,46 13,25 2,36 0,54 0,36 550 03/92 46,55 39,94 11,31 1,91 0,29 0,00 680 09/92 43,35 41,05 11,99 2,79 0,66 0,16 608 03/93 44,79 39,29 12,65 2,38 0,60 0,30 671 09/93 40,00 38,83 17,67 2,67 0,67 0,17 599 03/94 37,00 45,67 13,83 2,83 0,17 0,50 599 Tabela 6 - Resultado do teste da Igualdade de proporções - automóveis Qtde. Valor do quiquadrado calculado Diferença significativa com Diferença significativa com Diferença significativa com α = 10% α = 5% α = 1% 0 18,91 1 13,34 2 16,41 3 6,66 4 11,17 5 15,00 GERAL 90,00 sim sim Como pode ser observado na Tabela 5, de freqüências relativas para automóveis, esse indicador apresenta poucas variações e grande estabilidade ao longo do período estudado. Os resultados do teste de igualdade de proporções, Tabela 6, mostra que o indicador automóvel apresenta estabilidade para todas as quantidades, ao longo de todos os períodos observados, para o nível de significância de 1%. Tabela 7 - Freqüências relativas - aspirador de pó Período Qtde 0 Qtde 1 Qtde 2 Qtde 3 Base (%) (%) (%) (%) n 03/88 48,64 50,27 0,73 0,36 550 09/88 50,64 48,82 0,54 0,00 550 03/89 51,00 47,55 1,45 0,00 550 09/89 54,63 44,10 1,27 0,00 550 09/90 48,82 49,55 1,63 0,00 550 03/91 49,73 48,46 1,81 0,00 550 09/91 48,46 50,45 1,09 0,00 550 03/92 53,74 44,64 1,32 0,30 680 09/92 53,53 45,16 1,31 0,00 608 03/93 56,85 40,92 1,93 0,30 671 09/93 52,17 46,33 1,50 0,00 599 03/94 52,83 46,17 1,00 0,00 599 Como pode ser observado na Tabela 7, o indicador aspirador de pó não apresenta grandes diferenças na incidência das proporções; no entanto, não parece ser um bom indicador quando se precisa discriminar vários estratos, pois só assume, praticamente, dois valores: posse e não-posse. Conforme a Tabela 8, os resultados do teste de igualdade de proporções efetuado mostram que o indicador aspirador de pó apresenta grande estabilidade, ao longo dos períodos observados. A análise da Tabela 9, de freqüências relativas do indicador máquina de lavar roupa, indica que há uma tendência crescente para elevar continuamente o número de possuidores desse item e, conseqüentemente, a redução dos não-possuidores, o que torna esse indicador instável ao longo do tempo; além disso, também é pouco discriminador por assumir, praticamente, apenas dois valores: posse e não-posse. O teste de igualdade de proporções, cujo resultado está na Tabela 10, apontou, que não há estabilidade para a não posse desse indicador e que há para a posse, ao nível de significância de 1%. Tabela 8 - Resultado do teste da Igualdade de proporções - aspirador de pó Qtde. Valor do quiquadrado calculado 0 9,00 1 11,87 2 8,12 3 0,00 4 0,00 GERAL 51,27 Diferença significativa com Diferença significativa com Diferença significativa com α = 10% α = 5% α = 1% Tabela 9 - Freqüências relativas - máquina de lavar roupa Período Qtde 0 Qtde 1 Qtde 2 Base (%) (%) (%) n 03/88 37,93 61,71 0,36 550 09/88 33,94 64,97 1,09 550 03/89 36,12 62,25 1,63 550 09/89 39,20 59,71 1,09 550 09/90 32,30 66,79 0,91 550 03/91 27,95 70,78 1,27 550 09/91 29,40 69,51 1,09 550 03/92 36,86 62,11 1,03 680 09/92 33,99 65,19 0,82 608 03/93 33,63 65,18 1,19 671 09/93 28,33 70,33 1,17 599 03/94 28,33 70,50 1,17 599 Tabela 10 - Resultado do teste da igualdade de proporções - máquina de lavar roupa Qtde Valor do Diferença Diferença Diferença qui-quadrado calculado significativa com significativa com significativa com α = 10% α = 5% α = 1% sim sim sim 0 29,66 1 14,45 2 5,55 3 0,00 4 0,00 GERAL 59,90 Tabela 11 - Freqüências relativas - vídeo cassete Período Qtde 0 Qtde 1 Qtde 2 Base (%) (%) (%) n 03/88 77,31 21,42 1,27 550 09/88 77,86 21,96 0,18 550 03/89 74,41 25,23 0,36 550 09/89 74,05 25,23 0,73 550 09/90 67,88 30,31 1,81 550 03/91 64,79 34,30 0,91 550 09/91 60,80 36,48 2,90 550 03/92 64,76 33,77 1,47 680 09/92 57,96 40,72 1,15 608 03/93 59,08 39,14 1,79 671 09/93 52,83 44,67 2,34 599 03/94 52,00 45,00 2,84 599 A análise da Tabela 11, de distribuição das freqüências relativas de videocassete aponta que há uma tendência crescente e rápida à redução dos não-possuidores desse indicador e à elevação dos possuidores, indicando ser essa uma variável extremamente instável e pouco discriminadora pois assume, basicamente, apenas dois valores: posse e não posse. Notar que, no período do estudo, a percentagem dos não-possuidores caiu de 77,31% para 52,00%, enquanto o percentual de possuidores de um aparelho cresceu de 21,42% para 45,00%. Os resultados dos testes efetuados para videocassete, apresentados na Tabela 12, apontam para a grande instabilidade desse indicador. A análise da Tabela 13, da distribuição de freqüências para empregada mensalista, aponta que esse indicador possui pouca diferenciação na incidência das proporções, ao longo do período considerado; no entanto, parece ser um indicador não recomendável devido a ser pouco discriminador pois, além de assumir apenas dois valores: posse e não-posse, é altamente concentrado em um único valor: não-posse. Os resultados dos testes efetuados, mostrados na Tabela 14, apontam para uma grande estabilidade desse indicador. Tabela 12 - Resultado do teste da igualdade de proporções - vídeo cassete Qtde Valor do quiquadrado calculado Diferença significativa com Diferença significativa com Diferença significativa com α = 10% α = 5% α = 1% 0 81,15 sim sim sim 1 134,45 sim sim sim 2 30,39 sim sim sim 3 0,00 GERAL 275,53 sim sim sim Tabela 13 - Resultado do teste da igualdade de proporções - empregada mensalista Período Qtde 0 Qtde 1 Qtde 2 Qtde 3 Base (%) (%) (%) (%) (n.a.) * 03/88 92,92 6,35 0,36 0,36 550 09/88 92,38 7,44 0,18 0,00 550 03/89 93,47 6,35 0,18 0,00 550 09/89 95,46 4,54 0,00 0,00 550 09/90 93,28 6,72 0,00 0,00 550 03/91 92,01 7,62 0,36 0,00 550 09/91 90,02 9,07 0,54 0,36 550 03/92 92,22 7,64 0,15 0,00 680 09/92 92,61 7,06 0,16 0,16 608 03/93 94,35 5,65 0,00 0,00 671 09/93 93,83 5,50 0,33 0,33 599 03/94 92,83 7,17 0,00 0,00 599 (*) na amostra Tabela 14 - Resultado do teste da igualdade de proporções - empregada mensalista Qtde Valor do quiquadrado calculado Diferença Diferença Diferença 0 1,20 1 13,41 2 11,00 3 0,00 GERAL 60,64 significativa com significativa com significativa com α = 10% α = 5% α = 1% Como pode ser observado na Tabela 15 de freqüências relativas do indicador geladeira, há uma grande concentração de respostas na categoria 1 (posse), não apresentando para esse valor grandes diferenças nas proporções; no entanto, para a categoria zero (não posse), há grandes diferenças nas proporções entre os diversos períodos. Cabe notar, também, que o indicador geladeira é pouco discriminador por apresentar, praticamente, apenas duas opções de respostas: posse e não-posse, e com uma grande concentração nessa última opção. Os resultados do teste de igualdade de proporções realizado (Tabela 16) indicam que, para a quantidade zero, esse indicador não apresenta estabilidade. Tabela 15 - Freqüências relativas - geladeira Período Qtde 0 Qtde 1 Qtde 2 Qtde 3 Base (%) (%) (%) (%) n 03/88 2,36 90,20 7,26 0,18 550 09/88 2,36 90,56 7,08 0,00 550 03/89 2,72 88,38 8,53 0,36 550 09/89 3,45 89,11 6,90 0,54 550 09/90 2,72 89,66 7,44 0,18 550 03/91 1,63 88,38 9,26 0,72 550 09/91 2,36 85,84 10,89 0,91 550 03/92 14,10 79,59 5,87 0,44 680 09/92 11,49 82,59 5,75 0,16 608 03/93 15,03 77,38 6,99 0,60 671 09/93 5,17 85,00 9,67 0,17 599 03/94 4,17 87,67 8,00 0,17 599 A observação da Tabela 16, de freqüências relativas do indicador número de banheiros, permite verificar que há uma grande estabilidade das proporções do número de banheiros, ao longo do período considerado. Porém, percebe-se, nitidamente, uma grande concentração em um e dois banheiros, constituindo-se em um indicador pouco discriminador. Os resultados do teste de igualdade de proporções, apresentado na Tabela 18, confirmou, com um nível de significância 1%, a grande estabilidade desse. A análise da Tabela 19, de freqüências relativas do indicador nível de escolaridade, aponta haver uma grande estabilidade em todas as categorias, até o período de 03/93, tendo os períodos de 09/93 e 03/94 uma incidência de proporções muito diferente dos demais, podendo ter ocorrido algum problema não detectado durante o levantamento. A Tabela 20 apresenta os resultados do teste de igualdade das proporções efetuado tendo-se eliminado os períodos 09/93 e 03/94. A análise desses resultados mostra que essa variável possui uma grande estabilidade, ao longo dos períodos considerados, ao nível de significância de 1%. Utilizando-se variáveis/indicadores inadequados, principalmente em relação à instabilidade no tempo, é razoável que se levante a hipótese de que o modelo resultante seja também instável, mesmo que, quando no seu início, tenha sido adequado pois, rapidamente, com o passar do tempo, tenderá a se desatualizar. Para verificar a veracidade ou não dessa hipótese, foram aplicados os modelos ANEP e ABIPEME aos dados desse estudo e seus resultados foram testados. As conclusões obtidas estão nas tabelas seguintes. Tabela 16 - Resultado do teste da igualdade de proporções - geladeira Qtde Valor do quiquadrado calculado 0 282,37 1 14,93 2 19,17 3 12,50 GERAL 348,44 Diferença significativa com Diferença significativa com Diferença significativa com α = 10% α = 5% α = 1% sim sim sim sim sim sim sim Tabela 17 - Freqüências relativas - banheiros Período Qtde 1 Qtde 2 Qtde 3 Qtde 4 Qtde 5 Base (%) (%) (%) (%) (%) n 03/88 65,19 26,30 5,74 2,59 0,19 540 09/88 63,20 29,37 5,20 1,67 0,38 538 03/89 64,81 24,26 8,15 2,22 0,57 540 09/89 63,02 26,60 6,42 3,02 0,76 530 09/90 64,00 25,33 7,81 2,10 0,57 525 03/91 65,97 24,20 7,56 1,89 0,57 529 09/91 63,96 27,92 4,15 2,64 1,27 530 03/92 62,54 28,64 5,93 2,37 0,18 590 09/92 65,38 23,20 8,47 2,21 0,72 543 03/93 64,92 26,70 5,93 2,09 0,70 573 09/93 67,95 22,07 6,65 2,80 0,53 571 03/94 67,87 21,82 6,01 3,26 1,03 582 Tabela 18 - Teste de igualdade de proporções - banheiros Qtde Valor domquiquadrado calculado 1 2,85 2 15,26 3 15,11 4 5,59 5 5,00 GERAL 83,65 Diferença significativa com Diferença significativa com Diferença significativa com α = 10% α = 5% α = 1% Tabela 19 - Freqüências relativas - nível de escolaridade do chefe da família Período Categoria1 Categoria 2 Categoria 3 Categoria 4 Categoria 5 Base (%) (%) (%) (%) (%) n 03/88 21,71 32,67 14,97 16,42 14.23 548 09/88 18,03 35,70 16,22 17,30 12.57 549 03/89 18,54 37,27 15,09 17,63 11.45 550 09/89 22,22 34,79 15,49 15,30 11.84 549 09/90 21,35 36,68 14,41 13,87 13.69 548 03/91 20,29 34,36 17,00 14,81 13.53 547 09/91 20,88 32,79 15,02 16,49 14.84 546 03/92 19,60 33,50 15,93 17,92 13.07 597 09/92 19,32 32,85 12,45 19,86 15.52 554 03/93 21,49 31,54 14,39 18,71 13.86 577 09/93 19,72 28,81 11,83 13,37 25.55 583 03/94 16,17 35,19 16,33 17,00 15,32 594 Legenda : Categoria Descrição 1 analfabeto e primário (primeiro ciclo do 1o. grau) incompleto. 2 Primário (primeiro ciclo do 1o. grau) completo e ginasial (segundo ciclo do 1o. grau) incompleto. 3 ginasial (segundo ciclo do 1o. grau) completo, colegial (segundo grau) incompleto. 4 colegial (segundo grau) completo e superior (terceiro grau) incompleto 5 superior (terceiro grau) completo ou mais Tabela 20 - Teste de Igualdade de Proporções para Várias Populações com Variáveis de Duas Categorias - Escolaridade Agrupada em Cinco Categorias Categoria Valor do quiquadrado calculado 1 5,15 2 5,14 3 5,03 4 9,98 5 5,58 GERAL 146,40 Diferença significativa com Diferença significativa com Diferença significativa com α = 10% α = 5% α = 1% Sim Sim Sim Tabela 21 - Frequências relativas - Critério ANEP Período Estrato A (%) Estrato B (%) Estrato C (%) Estrato D (%) Estrato E (%) Base n 03/88 8,17 28,86 39,38 20,87 2,72 512 09/88 6,72 30,13 41,74 19,06 2,36 505 03/89 8,35 27,95 41,74 18,87 3,09 505 09/89 8,89 25,05 41,92 20,15 3,99 505 09/90 9,07 28,49 38,11 20,15 4,17 496 03/91 8,35 31,76 39,93 17,24 2,72 505 09/91 9,07 33,03 35,57 18,33 3,99 481 03/92 7,64 28,05 30,84 19,24 14,24 558 09/92 9,03 30,21 31,20 18,23 11,33 453 03/93 8,63 27,98 32,14 14,88 16,37 518 09/93 11,13 30,83 37,67 15,33 4,83 523 03/94 10,17 32,00 35,17 18,00 4,67 514 Pontos 35 ou + 21 a 34 10 a 20 5a9 0a4 A análise da Tabela 21, que apresenta as freqüências relativas resultante da aplicação do Critério ANEP ao banco de dados, indica claramente que os estratos C e E apresentam grandes diferenças nas proporções, ao longo dos períodos pesquisados, denotando parecer não haver estabilidade. Percebe-se também que o estrato A, além de já estar superdimensionado em 03/88, continua com a tendência a crescer, como se pode observar nos períodos 09/93 e 03/94, justamente pelas razões já expostas nesse trabalho de que os indivíduos passam, por diversas razões, a terem acesso a bens de consumo que, anteriormente, não possuíam, mas que não pode ser caracterizado como mudança de estrato social. Os testes efetuados com os dados da Tabela 21, cujos resultados estão na Tabela 22, apontam que, principalmente, os estratos C, D e E não possuem estabilidade nas suas proporções de incidência, ao longo do tempo, para os diversos períodos observados, ao nível de significância de 1%, excetuando-se os períodos de 03/88, 09/88 e 03/89, já que o período de 03/88 foi tomado como base para comparação. Conforme havia sido previsto, a hipótese de que esse modelo não é estável ao longo do tempo se confirma. Tabela 22 - Resultados do teste da Igualdade de proporções - Critério ANEP - por período e estrato Período Estrato A Estrato B Estrato C Estrato D Estrato E * ** * 03/88 09/88 03/89 09/89 * ** 09/90 * ** * ** 03/91 09/91 * 03/92 * ** *** * ** *** * 09/92 * ** *** * ** *** * ** *** 03/93 * ** *** * * ** *** 09/93 * ** *** 03/94 * * ** *** * * ** * ** *** Legenda: * α = 10% ** α = 5% *** α = 1% Comparando-se os tamanhos obtidos para os cinco estratos ao longo do período analisado com os tamanhos quando o Critério foi adotado verifica-se que a distorção que vai se acumulando ao longo do tempo é muito grande. Em 1982, quando foi implantado o Critério ABA-ABIPEME (atual Critério ANEP), a sua aplicação a uma amostra de 1712 domicílios, em São Paulo e Rio de Janeiro, apontou a seguinte incidência de estratos e que, comparada com a deste estudo, apresentou as seguintes diferenças: Classe A 1982 1994 5,8% 10,17% Diferenças em relação ao levantamento de 03/94 quase duplicou Classe B 11,8% 32,00% quase triplicou Classe C 29,2% 35,17% cresceu quase 6 pontos percentuais Classe D 41,6% 18,00% ficou reduzida a menos da metade Classe E 11,6% 4,67% ficou reduzida a menos da metade Tabela 23 - Frequências relativas - ABIPEME - após 1991 Período Estrato A Estrato B Estrato C Estrato D Estrato E Base (%) (%) (%) (%) (%) n 03/88 1,27 18,51 34,66 30,67 14,88 512 09/88 0,36 19,78 38,11 30,85 10,89 505 03/89 1,09 17,60 36,66 31,94 12,70 505 09/89 2,00 17,97 33,76 31,40 14,88 505 09/90 2,18 21,05 33,39 28,31 15,06 496 03/91 1,27 21,42 40,47 27,22 9,62 505 09/91 1,63 25,41 34,66 25,95 12,34 481 03/92 1,32 20,26 34,65 22,03 21,73 558 09/92 1,31 24,47 33,00 21,35 19,87 453 03/93 1,49 22,92 34,23 18,90 22,47 518 09/93 2,50 27,50 25,83 22,50 11,67 523 03/94 2,00 26,17 37,50 22,17 12,17 514 Pontos 89 ou + 59 a 88 35 a 58 20 a 34 0 a 19 Tabela 24 - Resultados do teste da igualdade de proporções - Critério ABIPEME - Por Período Período Estrato A Estrato D Estrato E * ** *** * ** * * ** *** * ** *** 03/89 * ** *** * ** *** 09/89 * ** *** * ** *** 09/90 * ** 03/91 * ** 03/88 09/88 ** Estrato B Estrato C * * * ** *** * 09/91 03/92 * ** * ** *** 09/92 * ** *** * ** *** 03/93 * ** *** * ** *** 09/93 * ** *** * * 03/94 * * ** Legenda: * α = 10% ** α = 5% *** α = 1% A análise da Tabela 23 indica que também o modelo da ABIPEME, desenvolvido em 1991 e colocado em prática após 1991, apresenta problemas semelhantes ao anterior. Apesar de o estrato A se apresentar com uma proporção menor e mais de acordo com a realidade do país, também possui uma tendência crescente, idêntica ao modelo anterior, devido às mesmas razões apresentadas. O estrato B também apresenta tendência crescente, enquanto o estrato D, tendência declinante. Conforme pode ser observado na Tabela 24, os resultados do teste com o Critério ABIPEME mostram que também esse modelo não tem estabilidade, ao longo do tempo, pois ao menos três de seus cinco estratos, não possuem estabilidade, com o nível de significância de 1%. Indicando que também para esse modelo, conforme havia sido previsto, a hipótese de que não é estável ao longo do tempo foi confirmada. Conclusões Pelo resumo apresentado no Quadro 1, pode-se concluir que das oito variáveis/indicadores que compõem o Critério ANEP e dos dez que compõem o Critério ABIPEME, apenas dois podem ser considerados adequados, levando-se em consideração a estabilidade da ocorrência de suas proporções, ao longo do tempo, e o poder discriminador de estratos determinado pelo campo de variação da distribuição da variável/indicador: número de automóveis e nível educacional. A inadequação da maioria das variáveis/indicadores utilizados constitui-se na principal causa responsável pelas inúmeras reclamações e insatisfações existentes com a utilização desses modelos. Conseqüentemente, as inadequações apresentadas pelas variáveis/indicadores componentes dos dois modelos estudados levam à concluir que ambos também se apresentam inadequados para serem utilizados, pois apresentam instabilidades ao longo do tempo. Essa instabilidade é advinda, conforme o estudo mostrou, do fato de que produtos, devido a estratégia de desnatação de mercado praticada pelas empresas, têm seu consumo restrito as classes mais privilegiadas. Porém, à medida que a empresa for alterando o preço para baixo, seguindo a mesma estratégia, estratos sociais de menor poder aquisitivo passam a ter acesso a esses produtos e não, o contrário, como fica implícito nos métodos estudados (a posse dos produtos determinam o estrato social dos indivíduos e famílias). Essa pratica tem feito com que os estratos elevados da população, medidos pelos dois métodos analisados estejam constantemente em crescimento e que os de menor poder aquisitivo estejam, constantemente diminuindo, não correspondendo à realidade vivida pelo país nos últimos 20 anos, e induzindo os profissionais de Marketing e de Comunicação e os anunciantes a cometerem erros de avaliação de potenciais de mercado e de audiência dos veículos de comunicação. O estudo permite concluir que se faz urgente que métodos mais adequados de estratificação socioeconômica sejam adotados no Brasil e que não tenham as deficiências dos atuais apontadas pelo presente estudo. Quadro 1 - Resumo dos resultados dos testes efetuados e conclusões sobre as variáveis e indicadores componentes dos Critérios ANEP e ABIPEME Variável/Indicador Resultado Motivo Rádio Não adequado Instável TV em cores Não adequado Instável Automóvel Adequado Estável e discriminador Aspirador de pó Não adequado Estável, porém não discriminador Máquina de lavar roupa Não adequado Estável, porém não discriminador Vídeo cassete Não adequado Instável e não discriminador Empregada mensalista Não adequado Estável, porém não discriminador Geladeira Não adequado Instável e não discriminador Número de banheiros Não adequado Estável, porém não discriminador Nível educacional Adequado Estável e discriminador Anexo Quadro 1 - Atual Critério ANEP (Critério ABA/ABIPEME de 1982) Nº de ítens possuídos Ítem 0 1 2 3 4 5 6e+ Televisor 0 2 4 6 8 10 12 Rádio 0 1 2 3 4 5 6 Banheiro 0 2 4 6 8 10 12 Automóvel 0 4 8 12 16 16 16 Empregada 0 6 12 18 24 24 24 Posse de: Pontos Aspirador de Pó 5 Máquiina de Lavar Roupa 2 Grau de instrução do chefe da família Pontos Analfabeto ou primário incompleto 0 Primário completo 1 Ginásio Completo 3 Colégial Completo 5 Superior Completo Classe A (rica) 10 35 ou + Classe B (média alta) 21 a 34 Classe C (média média) 10 a 20 Classe D (média pobre) 5a9 Classe E (pobre) 0a4 Fonte: Revista Mercado Global, janeiro/fevereiro, 1984, p. 47. Quadro 2 - Critério ABIPEME (Nova Proposta para o Critério ABA/ABIPEME) Nº de ítens possuídos Ítem 0 1 2 3 4 5 6e+ Televisor 0 4 7 11 14 18 22 Rádio 0 2 3 5 6 8 9 Banheiro 0 2 5 7 10 12 15 Automóvel 0 4 9 13 18 22 26 Empregada Mensalista 0 5 11 16 21 26 32 Posse de: Pontos Aspirador de Pó 6 Máquiina de Lavar Roupa 28 VCR - vídeo cassete 10 Geladeira 7 Grau de instrução do chefe da família Pontos Analfabeto ou primário incompleto 0 Primário completo 5 Ginásio Completo 10 Colégial Completo 15 Superior Completo Classe A (rica) 21 89 ou + Classe B (média alta) 59 a 88 Classe C (média média) 35 a 58 Classe D (média pobre) 20 a 34 Classe E (pobre) 0 a 19 Fonte: ALMEIDA, Pergentino M. e WICKERHAUSER, Hilda. O Critério ABA/ABIPEME - em Busca de Uma Atualização. Um estudo e uma proposta submetidos à A.B.A. e à ABIPEME. Documento de circulação restrita da ABA da ABIPEME, São Paulo, 1991, p. 23. Referências bibliográficas ALMEIDA, Pergentino M. e WICKERHAUSER, Hilda. O Critério ABA/ABIPEME - em Busca de Uma Atualização. Um estudo e uma proposta submetidos à ABA e à ABIPEME. Documento de circulação restrita da ABA e da ABIPEME, São Paulo, 1991, p. 23. CHAPIN, Stuart. The Measurement of Social Status. University of Minnesota Press, 1933. Folha de São Paulo. Anunciantes Rejeitam Redefinição de Classes, 30 de setembro de 1991, p. 3-8. Gazeta Mercantil. Grandes Empresas Formam Associação Dissidente. 15 de janeiro de 1992, p. 34. GUTTMAN. Louis. A Revision of Chapin’s Social Status Scale. American Sociological Review, 7, 1942, 362-369. Revista Mercado Global. O Critério ABA/ABIPEME. Janeiro/Fevereiro de 1984, pp. 41-84. MATTAR, Fauze Najib. Estudo para Estratificação Social para Utilização em Marketing e Pesquisas de Marketing - Proposta de Novo Modelo para Estratificação Socioeconômica. Tese de Livre Docência. Universidade de São Paulo - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade - Departamento de Administração, São Paulo: 1996.