RAFAELA MAZUR BIZI
ALTERNATIVAS DE CONTROLE DO MOFO-CINZENTO E DO OÍDIO
EM MUDAS DE EUCALIPTO
Dissertação apresentada como requisito parcial
à obtenção do grau de Mestre em Engenharia
Florestal,
Engenharia
Curso
de
Florestal,
Pós-Graduação
Setor
de
Ciências
Agrárias, Universidade Federal do Paraná.
Orientador: Prof. Dr. Celso Garcia Auer
CURITIBA
2006
em
DEDICATÓRIA
À DEUS pela saúde, pela oportunidade
que me concedeu e força de vontade...
Aos meus pais, Lourival e Elisabeth, pelo carinho, incentivo
e dedicação que me permitiram chegar até aqui...
Às minhas irmãs, Fernanda e Fabiane,
pela amizade e estímulo...
AGRADECIMENTOS
Ao Curso de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, Área de Concentração
Silvicultura, do Setor de Ciências Agrárias, da Universidade Federal do Paraná, por
possibilitar a realização deste trabalho.
Aos pesquisadores Dr. Albino Grigoletti Júnior e Dr. Celso Garcia Auer, da
Embrapa Florestas, pelos muitos anos de orientação, estímulo, confiança e amizade.
À Profª. Louise Larissa May De Mio, pela co-orientação e sugestões para a
conclusão deste.
Aos estagiários Juliane Aparecida Straub Duarte e Herlon Sérgio Nadolny
pela ajuda e amizade.
Às pesquisadoras Dra. Rosa Maria Valdebenito Sanhueza, da Embrapa Uva e
Vinho, e Dra. Maria Sílvia Pereira Leite, da TURFAL, pela cessão dos isolados e
também pelas valiosas sugestões.
Aos professores do Curso de Pós-Graduação pelos ensinamentos e
colaboração.
Ao pesquisador Dr. Osmir José Lavoranti, pela grande ajuda na análise
estatística.
Aos amigos do curso de Biologia pela amizade, ajuda e incentivo.
À Chefia Geral e funcionários da Embrapa Florestas pelo apoio e atenção
recebidos durante este tempo de convívio.
Ao CNPq pela concessão da bolsa e apoio financeiro concedido.
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES .............................................................................................iii
LISTA DE TABELAS .......................................................................................................iv
RESUMO............................................................................................................................vi
ABSTRACT .......................................................................................................................vii
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................1
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.....................................................................................3
2.1 DOENÇAS DOS EUCALIPTOS ............................................................................3
2.1.1 Mofo-cinzento ........................................................................................................3
2.1.1.1 Etiologia e Condições Favoráveis ..................................................................3
2.1.1.2 Distribuição Geográfica e Hospedeiro ...........................................................4
2.1.1.3 Sintomatologia ...................................................................................................5
2.1.2 Oídio........................................................................................................................5
2.1.2.1 Etiologia e Condições Favoráveis ..................................................................6
2.1.2.2 Distribuição Geográfica e Hospedeiro ...........................................................8
2.1.2.3 Sintomatologia ...................................................................................................8
2.2 CONTROLE DAS DOENÇAS................................................................................9
2.2.1 Controle químico ...................................................................................................11
2.2.2 Controle alternativo ..............................................................................................13
2.2.2.1 Produtos químicos não fungicidas..................................................................15
2.2.2.2 Óleos essenciais................................................................................................17
2.2.2.3 Extrato de plantas..............................................................................................17
2.2.2.4 Leite e derivados ...............................................................................................20
2.2.2.5 Controle biológico..............................................................................................22
3 MATERIAL E MÉTODOS ..........................................................................................26
3.1 OBTENÇÃO DE MATERIAL VEGETAL...............................................................26
3.2 OBTENÇÃO DE INÓCULO DE Botrytis cinerea.................................................26
3.3 OBTENÇÃO DE INÓCULO DE Oidium sp..........................................................26
3.4 MÉTODO DE INOCULAÇÃO DOS PATÓGENOS ............................................27
3.4.1 Método de inoculação de Botrytis cinerea........................................................27
3.4.2 Método de inoculação de Oidium sp.................................................................27
i
3.5 METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO ........................................................................29
3.5.1
Escala de notas para avaliação da severidade do mofo-cinzento em
Eucalyptus dunnii ..............................................................................................................29
3.5.2
Escala de notas para avaliação da severidade de oídio em Eucalyptus
benthamii............................................................................................................................29
3.6 EXPERIMENTOS PRELIMINARES......................................................................31
3.6.1 Experimentos visando o controle do mofo-cinzento .......................................31
3.6.2 Experimentos visando o controle do oídio........................................................36
3.7
COMPETIÇÃO ENTRE OS TRATAMENTOS COM MENORES VALORES DE
SEVERIDADE DE CADA GRUPO TESTADO.............................................................38
3.8 ANÁLISE DOS RESULTADOS..............................................................................38
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO...............................................................................40
4.1 EXPERIMENTOS PRELIMINARES / MOFO-CINZENTO..................................40
4.1.1 Fungicidas X Mofo-Cinzento ...............................................................................40
4.1.2 Produtos químicos não fungicidas X Mofo -Cinzento ......................................41
4.1.3 Óleos essenciais X Mofo-Cinzento ....................................................................41
4.1.4 Extratos de plantas X Mofo-Cinzento ................................................................42
4.1.5 Leite e derivados X Mofo-Cinzento ....................................................................43
4.1.6 Microrganismos X Mofo-Cinzento ......................................................................44
4.2 EXPERIMENTO FINAL / MOFO-CINZENTO ......................................................47
4.3 EXPERIMENTOS PRELIMINARES / OÍDIO .......................................................49
4.3.1 Fungicidas X Oídio ...............................................................................................49
4.3.2 Produtos químicos não fungicidas X Oídio.......................................................50
4.3.3 Óleos essenciais X Oídio ....................................................................................51
4.3.4 Extratos de plantas X Oídio ................................................................................51
4.3.5 Leite e derivados X Oídio ....................................................................................52
4.3.6 Microrganismos X Oídio ......................................................................................53
4.4 EXPERIMENTO FINAL / OÍDIO ............................................................................55
5 CONCLUSÕES...........................................................................................................58
6 RECOMENDAÇÕES..................................................................................................59
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................60
ANEXOS ............................................................................................................................67
ii
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 - APLICAÇÃO DO TRATAMENTO (A); PERFURAÇÃO REALIZADA
COM PRENDEDOR (B); DETALHE DA PERFURAÇÃO (C);
INOCULAÇÃO DE B. cinerea COM PIPETA (D); CÂMARA ÚMIDA (E);
VISTA PARCIAL DO ‘’OIDIOTRON” (F)...........................................28
FIGURA 2 - ESCALA DE AVALIAÇÃO DOS SINTOMAS DO MOFO-CINZENTO EM
E. dunnii: AUSÊNCIA DE SINTOMAS (A); INFECÇÃO LEVE (B);
INFECÇÃO MÉDIA (C); INFECÇÃO SEVERA (D); INFECÇÃO MUITO
SEVERA (E) ..............................................................................................30
FIGURA 3 - ESCALA DE AVALIAÇÃO DOS SINTOMAS DE OÍDIO EM E.
benthamii: AUSÊNCIA DE SINTOMAS (A); INFECÇÃO LEVE (B);
INFECÇÃO MÉDIA (C); INFECÇÃO SEVERA (D); INFECÇÃO MUITO
SEVERA (E)...............................................................................................30
FIGURA 4 - COMPORTAMENTO
DOS
PRODUTOS
TESTADOS,
EM
DIFERENTES GRUPOS, SOBRE A PROGRESSÃO DA SEVERIDADE
DO MOFO-CINZENTO EM MUDAS DE Eucalyptus dunnii. (A)
FUNGICIDAS; (B) PRODUTOS QUÍMICOS NÃO FUNGICIDAS; (C)
ÓLEOS ESSENCIAIS; (D) EXTRATOS DE PLANTAS; (E) LEITE E
DERIVADOS; (F) MICRORGANISMOS. SEVERIDADE: 0 – AUSÊNCIA
DE SINTOMAS A 4 – INFECÇÃO MUITO SEVERA. .........................46
FIGURA 5 - COMPORTAMENTO DOS TRATAMENTOS SELECIONADOS SOBRE
A PROGRESSÃO DA SEVERIDADE DO MOFO-CINZENTO EM
MUDAS DE Eucalyptus dunnii. SEVERIDADE: 0 – AUSÊNCIA DE
SINTOMAS A 4 – INFECÇÃO MUITO SEVERA.................................48
FIGURA 6 - COMPORTAMENTO
DOS
PRODUTOS
TESTADOS,
EM
DIFERENTES GRUPOS, SOBRE A PROGRESSÃO DA SEVERIDADE
DO OÍDIO EM MUDAS DE Eucalyptus benthamii. (A) FUNGICIDAS;
(B) PRODUTOS QUÍMICOS NÃO FUNGICIDAS; (C) ÓLEOS
ESSENCIAIS; (D) EXTRATOS DE PLANTAS; (E) LEITE E
DERIVADOS; (F) MICRORGANISMOS. SEVERIDADE: 0 – AUSÊNCIA
DE SINTOMAS A 4 – INFECÇÃO MUITO SEVERA. .........................54
FIGURA 7 - COMPORTAMENTO DOS TRATAMENTOS SELECIONADOS SOBRE
A PROGRESSÃO DA SEVERIDADE DO OÍDIO EM MUDAS DE
Eucalyptus benthamii. SEVERIDADE: 0 – AUSÊNCIA DE SINTOMAS
A 4 – INFECÇÃO MUITO SEVERA.......................................................56
iii
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - FUNGICIDAS TESTADOS PARA O CONTROLE DO MOFOCINZENTO CAUSADO POR Botrytis cinerea EM MUDAS DE
Eucalyptus dunnii ......................................................................................32
TABELA 2 - PRODUTOS QUÍMICOS NÃO FUNGIC IDAS TESTADOS PARA O
CONTROLE DO MOFO-CINZENTO CAUSADO POR Botrytis cinerea
EM MUDAS DE Eucalyptus dunnii.........................................................33
TABELA 3 - ÓLEOS ESSENCIAIS TESTADOS PARA O CONTROLE DO MOFOCINZENTO CAUSADO POR Botrytis cinerea EM MUDAS DE
Eucalyptus dunnii ......................................................................................33
TABELA 4 - EXTRATOS BRUTOS DE PLANTAS MEDICINAIS TESTADOS PARA
O CONTROLE DE MOFO-CINZENTO CAUSADO POR Botrytis cinerea
EM MUDAS DE Eucalyptus dunnii.........................................................34
TABELA 5 - LEITE E DERIVADOS TESTADOS PARA O CONTROLE DO MOFOCINZENTO CAUSADO POR Botrytis cinerea EM MUDAS DE
Eucalyptus dunnii ......................................................................................34
TABELA 6 - MICRORGANISMOS TESTADOS PARA O CONTROLE DO MOFOCINZENTO CAUSADO POR Botrytis cinerea EM MUDAS DE
Eucalyptus dunnii ......................................................................................35
TABELA 7 - FUNGICIDAS TESTADOS PARA O CONTROLE DE OÍDIO EM
MUDAS DE Eucalyptus benthamii .........................................................36
TABELA 8 - PRODUTOS QUÍMICOS NÃO FUNGICIDAS TESTADOS PARA O
CONTROLE DE OÍDIO EM MUDAS DE Eucalyptus benthamii........37
TABELA 9 - SEVERIDADE DO MOFO-CINZENTO EM MUDAS DE Eucalyptus
dunnii TRATADAS COM FUNGICIDAS, APÓS 20 DIAS DA
INOCULAÇÃO COM Botrytis cinerea. COLOMBO/PR, 2005.........40
TABELA 10 - SEVERIDADE DO MOFO-CINZENTO EM MUDAS DE Eucalyptus
dunnii
TRATADAS
COM
PRODUTOS
QUÍMICOS
NÃO
FUNGICIDAS, APÓS 20 DIAS DA INOCULAÇÃO COM Botrytis
cinerea. COLOMBO/PR, 2005 ............................................................41
TABELA 11 - SEVERIDADE DO MOFO-CINZENTO EM MUDAS DE Eucalyptus
dunnii TRATADAS COM ÓLEOS ESSENCIAIS, APÓS 16 DIAS DA
INOCULAÇÃO COM Botrytis cinerea. COLOMBO/PR, 2005........42
TABELA 12 - SEVERIDADE DO MOFO-CINZENTO EM MUDAS DE Eucalyptus
dunnii TRATADAS COM EXTRATOS DE PLANTAS, APÓS 18 DIAS
DA INOCULAÇÃO COM Botrytis cinerea. COLOMBO/PR, 2005 .43
iv
TABELA 13 – SEVERIDADE DO MOFO-CINZENTO EM MUDAS DE Eucalyptus
dunnii TRATADAS COM LEITE E DERIVADOS, APÓS 15 DIAS DA
INOCULAÇÃO COM Botrytis cinerea. COLOMBO/PR, 2005........44
TABELA 14 – SEVERIDADE DO MOFO-CINZENTO EM MUDAS DE Eucalyptus
dunnii TRATADAS COM MICRORGANISMOS, APÓS 17 DIAS DA
INOCULAÇÃO COM Botrytis cinerea. COLOMBO/PR, 2005........45
TABELA 15 – SEVERIDADE DO MOFO-CINZENTO EM MUDAS DE Eucalyptus
dunnii TRATADAS COM OS PRODUTOS SELECIONADOS EM
TESTES PRELIMINARES, APÓS 20 DIAS DA INOCULAÇÃO COM
Botrytis cinerea. COLOMBO/PR, 2006 .............................................47
TABELA 16 – SEVERIDADE DO OÍDIO EM MUDAS DE Eucalyptus benthamii
TRATADAS COM FUNGICIDAS, APÓS 36 DIAS DA INOCULAÇÃO
COM Oidium sp. COLOMBO/PR, 2005 ...........................................49
TABELA 17 – SEVERIDADE DO OÍDIO EM MUDAS DE Eucalyptus benthamii
TRATADAS COM PRODUTOS QUÍMICOS NÃO FUNGICIDAS,
APÓS 34 DIAS DA INOCULAÇÃO COM Oidium sp. COLOMBO/PR,
2005 .......................................................................................................50
TABELA 18 – SEVERIDADE DO OÍDIO EM MUDAS DE Eucalyptus benthamii
TRATADAS COM ÓLEOS ESSENCIAIS, APÓS 34 DIAS DA
INOCULAÇÃO COM Oidium sp. COLOMBO/PR, 2005................51
TABELA 19 – SEVERIDADE DO OÍDIO EM MUDAS DE Eucalyptus benthamii
TRATADAS COM EXTRATOS DE PLANTAS, APÓS 34 DIAS DA
INOCULAÇÃO COM Oidium sp. COLOMBO/PR, 2005................52
TABELA 20 – SEVERIDADE DO OÍDIO EM MUDAS DE Eucalyptus benthamii
TRATADAS COM LEITE E DERIVADOS, APÓS 34 DIAS DA
INOCULAÇÃO COM Oidium sp. COLOMBO/PR, 2005................53
TABELA 21 – SEVERIDADE DO OÍDIO EM MUDAS DE Eucalyptus benthamii
TRATADAS COM MICRORGANSIMOS, APÓS 34 DIAS DA
INOCULAÇÃO COM Oidium sp. COLOMBO/PR, 2005................53
TABELA 22 – SEVERIDADE DO OÍDIO EM MUDAS DE Eucalyptus benthamii
TRATADAS COM OS PRODUTOS SELECIONADOS EM TESTES
PRELIMINARES, APÓS 27 DIAS DA INOCULAÇÃO COM Oidium
sp. COLOMBO/PR, 2006 ....................................................................55
v
RESUMO
O eucalipto participa de modo importante na silvicultura brasileira pela sua
adaptabilidade, rápido crescimento e produtividade. Além disso, possui outras
características como qualidade, diversidade e adequação de sua madeira para a
indústria. A continuidade dos reflorestamentos com eucalipto demanda uma
produção contínua de mudas. Entretanto, nos viveiros estas podem ser atacadas por
doenças, como o mofo-cinzento e o oídio, causados por Botrytis cinerea e Oidium
sp., respectivamente, principais doenças fúngicas que ocorrem na região Sul. O
controle destas doenças é feito com fungicidas em outras culturas e em eucalipto o
seu uso não é recomendado pela falta de produtos registrados. Além disso, podem
surgir efeitos indesejáveis, como a poluição ambiental e a intoxicação do homem e
de animais. O objetivo deste trabalho foi o estudo e a seleção de produtos eficientes
para o controle alternativo dessas doenças. Para a execução dos experimentos
foram utilizadas mudas de Eucalyptus dunnii nos experimentos com B. cinerea e
mudas de E. benthamii com Oidium sp. Estas foram pulverizadas com fungicidas
(parâmetro de controle), produtos químicos não fungicidas, óleos essenciais,
extratos de plantas, leite e derivados e microrganismos. De cada um destes grupos
foi selecionado o tratamento com menor valor de severidade, que foram testados
entre si. A avaliação consistiu da medição da severidade das doenças, que foi
determinada por meio de escalas descritivas de 0 (ausência de sintomas) a 4
(sintomas muito severos), específicas para cada patógeno. Verificou-se, em testes
preliminares, os menores valores de severidade das doenças para o tanino e Mentha
x villosa no controle do mofo -cinzento e para o leite de vaca e Lecanicillium sp. no
controle do oídio. No experimento final, os produtos alternativos que apresentaram
os menores valores de severidade foram: tanino controlando o mofo -cinzento e leite
de vaca e Lecanicillium sp. controlando o oídio.
Palavras-chave: Botrytis cinerea, Oidium sp., Eucalyptus dunnii, Eucalyptus
benthamii.
Título: ALTERNATIVAS DE CONTROLE DO MOFO-CINZENTO E DO OÍDIO EM
MUDAS DE EUCALIPTO.
vi
ABSTRACT
Eucalypt plays an important role in Brazilian forestry because its good adaptation,
fast growth and productivity. Besides, it has a lot of good qualities for industry.
Eucalyptus reforestation needs a continuous seedlings production. However,
nurseries may be attacked by fungal diseases, such as gray mold and powdery
mildew, which are caused by Botrytis cinerea e Oidium sp. respectively. Those are
the main diseases of eucalypts seedlings in the Southern region. The control is
based on fungicides, but for eucalypts its use is not recommended because they are
not commercially registered. Furthermore, fungicides can cause environmental
pollution and problems for human health. The objective of this work was to study and
select efficient products for the alternative control of these diseases. Seedlings of E.
dunnii e E. benthamii were used in experiments, which were treated with fungicides
(parameter of control), chemical products non-fungicides, essential oils, plants
extracts, milk and dairy products and microorganisms. Products of lower disease
severity index were selected to be compared one another. Disease severity was
assessed using a specific disease assessment scale varying from 0 (no symptoms)
to 4 (severe symptoms). In preliminary tests, tannin and Mentha x vilosa extract
showed the lowest severity values against gray mold; milk and the fungus
Lecanicillium sp. against powdery mildew. In a final experiment, the best alternative
product to control gray mold was tannin and against powdery mildew were milk and
Lecanicillium sp.
Key Words: Botrytis cinerea, Oidium sp., Eucalyptus dunnii, Eucalyptus benthamii.
Title: ALTERNATIVES FOR THE CONTROL OF GRAY MOLD AND POWDERY
MILDEW ON EUCALYPTUS SEEDLINGS.
vii
1 INTRODUÇÃO
A importância da cultura do eucalipto para o Brasil iniciou-se como fonte
de madeira e lenha e depois conquistou seu espaço na indústria de papel e
celulose e também na produção de carvão vegetal. As condições favoráveis de
clima, solo e a grande oferta de áreas para o plantio fazem do Brasil um dos
maiores mercados mundiais desta espécie. A adequação de sua madeira para
fins industriais, o rápido crescimento e a elevada produção de sementes são
fatores que alavancam a contínua expansão do setor florestal brasileiro,
baseado em plantações, principalmente com eucaliptos (SILVA, 2001; RECH,
2001).
A área estimada das plantações com eucaliptos no Brasil é de 2,9
milhões de ha, e a celulose é o produto de base florestal que representa uma
participação mais expressiva no mercado mundial com 5,2% dos negócios
internacionais (SILVA, 2001).
A ocorrência de doenças causadas por bactérias, nematóides, vírus,
micoplasmas é bastante esporádica, pois a grande totalidade das doenças em
espécies florestais é de origem fúngica que incidem desde a fase de viveiro até
plantios adultos. Dentre as principais doenças fúngicas do eucalipto destacamse o mofo -cinzento e o oídio, causadas por Botrytis cinerea e Oidium sp.,
respectivamente (SANTOS, AUER e GRIGOLETTI JR., 2001). Nos viveiros de
eucalipto estas são freqüentes e não existem estudos completos para estimar
os prejuízos causados e principalmente métodos de controle. Além disso, o
agravamento dos problemas fitossanitários em viveiros florestais pode ser
conseqüência de um manejo inadequado ou do uso incorreto das medidas de
controle.
Para que as mudas possam ser comercializadas ou destinadas ao
plantio é necessário que estejam em perfeitas condições fitossanitá rias, para
que haja retorno fi nanceiro e possam expressar o seu potencial genético.
Atualmente, o controle destas doenças nos viveiros de eucaliptos é feito
com os mesmos fungicidas recomendados para outras espécies, mesmo não
sendo permitido o seu uso. A periculosidade dos produtos químicos ao
ambiente e ao homem tem estimulado a redução do controle químico e o
aumento do uso de outras medidas como o controle cultural, o controle
2
biológico, o genético e o controle com produtos alternativos (CAMPANHOLA e
BETTIOL, 2003). Para a maioria dos casos, somente o controle cultural não é
suficiente, sendo necessária a adoção de outros métodos relacionados de
combate direto ao patógeno ou através da indução da resistência do
hospedeiro.
O controle biológico ainda não foi desenvolvido para o oídio e mofocinzento em espécies florestais no Brasil. O uso do controle direto do patógeno
pela ação de produtos de origem natural que causem baixo impacto ambiental
e sejam inócuos ao homem e animais está aumentando, principalmente em
hortaliças e fruteiras (VENZON, PAULA JÚNIOR e PALLINI, 2005).
Considerando-se a constante demanda por parte de viveiristas e produtores
por recomendações de controle e a falta de produtos registrados contra o mofocinzento e o oídio, torna-se interessante um direcionamento das pesquisas
para o controle alternativo dessas doenças.
O objetivo geral deste trabalho foi o estudo e a seleção de produtos
eficientes para o controle alternativo do mofo-cinzento e do oídio.
Os objetivos específicos foram:
a) Testar a eficiência dos seguintes grupos de tratamentos: produtos químicos
não fungicidas, óleos essenciais, extratos de plantas, leite e derivados e
microrganismos antagonistas;
b) Selecionar o melhor tratamento de cada grupo testado.
3
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 DOENÇAS DOS EUCALIPTOS
As espécies de eucaliptos cultivadas estão sujeitas a mais de uma
dezena de doenças fúngicas (KRUGNE R e AUER, 2005). Principalmente em
função da umidade, juvenilidade e proximidade das mudas, os viveiros
apresentam condições favoráveis ao desenvolvimento destas doenças
(GRIGOLETTI JR., AUER e SANTOS, 2001).
O mofo cinzento e o oídio do eucalipto são as principais doenças em
viveiros e casa-de-vegetação (SANTOS, AUER e GRIGOLETTI JR. (2001),
FERREIRA (1989) e KRUGNER e AUER (2005)).
2.1.1 Mofo-cinzento
Provavelmente é a doença mais comum e mais amplamente distribuída
em culturas agrícolas, ornamentais e frutíferas pelo mundo (AGRIOS, 1988).
2.1.1.1 Etiologia e Condições favoráveis
O agente causal é o fungo Botrytis cinerea Pers.: Fr, o qual ataca várias
outras culturas. É um patógeno facultativo que vive saprofiticamente no solo e
sobrevive na forma de escleródios ou micélio dormente. Sua disseminação dáse principalmente pelo transporte dos conídios pelo vento e por insetos
(KRUGNER e AUER, 2005; FURTADO et al., 2000).
Sua fase sexuada Botryotinia fuckeliana (de Bary) Whetzel (= Sclerotinia
fuckeliana (de Bary) Fuckel) ainda não foi relatada em eucaliptos no Brasil
(ALFENAS et al., 2004).
As condições favoráveis para o desenvolvimento de B. cinerea são
condições precárias de higiene e manejo no viveiro, temperaturas entre 15 e
25º C, dias curtos e nublados com alta umidade (> 90 %) e baixa luminosidade.
B. cinerea penetra direta ou indiretamente nos tecidos do hospedeiro, não
havendo necessidade de ferimentos, porém as epidemias são mais severas
quando o material está fisiologicamente debilitado e/ou com ferimentos
(ALFENAS et al., 2004).
4
Epidemias de mofo-cinzento são esporádicas. No sudoeste da China,
em 1992, ela causou a morte de cerca de um milhão de propágulos, incluindo
plântulas, estacas e explantes, em viveiros de eucalipto. Os fatores ambientais
importantes na ocorrência de mofo cinzento são temperaturas abaixo de 20 º C
e umidade relativa acima de 80% (BROWN e FERREIRA, 2000).
O patógeno uma vez no interior da casa de vegetação, sob alta
umidade, e em épocas de inverno, inicia o seu processo de colonização nas
folhas mais inferiores da muda, que estão em contato com o substrato, que
adquirem o aspecto encharcado e uma coloração enegrecida. A partir daí,
passam a se disseminar para as mudas da bandeja, através das folhas basais,
levando o patógeno desta fase para as subseqüentes, causando grandes
perdas (FURTADO et al., 2000).
2.1.1.2 Distribuição Geográfica e Hospedeiro
No Brasil, esta doença tem sido constatada principalmente em São
Paulo, no Paraná e no Rio Grande do Sul. É também freqüente no Chile,
Uruguai e na África do Sul (ALFENAS et al., 2004).
Segundo KRUGNER e AUER (2005), esta doença ocorre principalmente
no Sul e Sudeste do Brasil, em viveiros e em casas de vegetação. Os ataques
mais severos surgem em canteiros ou bancadas com alta densidade de mudas
e sob condições de alta umidade e temperaturas amenas. Na Região Sul, a
doença foi também registrada em condições de campo, em plantios jovens de
Eucalyptus dunnii.
BROWN e FERREIRA (2000), relataram que o mofo-cinzento causado
por B. cinerea é uma das doenças mais freqüentemente relatadas em viveiros
de eucaliptos no mundo. O fungo é um parasita facultativo de um amplo grupo
de plantas, causando queima ou podridão de tecidos imaturos ou senescentes.
Segundo esses autores, o mofo cinzento é particularmente comum em algumas
espécies de eucaliptos como Eucalyptus botryoides Sm., E. cladocalyx F.
Muell., E. delegatensis R.T. Bak., E. globulus Labill, dentre outras.
BIZI, GRIGOLETTI JR. e AUE R (2005) relataram a ocorrência, em casade-vegetação, do mofo-cinzento em Corymbia citriodora Hill & Johnson, C.
maculata (Hook.) Hill & Johnson, Eucalyptus benthamii Maid & Camb., E.
tereticornis Sm., E. dunnii Maiden., E. pellita F. Muell., E. deanei Maiden., E.
5
urophylla S.T. Blake., E. camaldulensis Dehnh., E. viminalis Labill., E. pilularis
Sm., E. cloeziana F. Muell., E. robusta Sm. e E. alba Reinw. ex Blume. com
incidência variando de 0,83 % até 39 %.
Segundo ALFENAS et al. (2004), a maioria das espécies e clones de
Eucalyptus são hospedeiros desse fungo. BROWN (2000), relatou B. cinerea
também associado a sementes de Eucalyptus camaldulensis e Eucalyptus spp.
2.1.1.3 Sintomatologia
A doença afeta tecidos jovens da parte aérea das mudas, atingindo
folhas e caule e causando a morte do ápice ou até mesmo da muda toda,
dependendo da localização das lesões e da idade das mudas. Os sintomas
iniciam-se por um enrolamento das folhas, seguido de seca e queda destas.
Normalmente, surge um crescimento acinzentado formado por conidióforos e
massa de conídios do fungo sobre as partes afetadas (KRUGNER e AUER,
2005).
O ataque intenso desse patógeno causa a morte de mudas em
reboleiras
ou
distribuídas
aleatoriamente
nos
canteiros
e
abundante
esporulação de coloração cinza sobre estacas, miniestacas ou microestacas
mortas, folhas e brotações infectadas (ALFENAS et al., 2004).
A doença manifesta-se também nas fases de desenvolvimento e
rustificação das mudas, na forma de anelamento da haste, na altura do terço
inferior até a metade da muda, criando um sintoma denominado de “canelapreta”, cuja haste atingida fica quebradiça, levando a grandes perdas de mudas
no viveiro e no pós-plantio. Quando as equipes de viveiro e campo não estão
devidamente treinadas para conhecer essa doença e eliminar as mudas
doentes, estas vão para campo e morrem, o que leva à necessidade do
replantio (FURTADO et al., 2000).
2.1.2 Oídio
O oídio pode causar perdas significantes quando não controlado
prontamente, comumente encontra-se em viveiros ou estufas e raramente em
condições de campo (BROWN e FERREIRA, 2000).
6
2.1.2.1 Etiologia e Condições Favoráveis
As doenças conhecidas como oídios são causadas por fungos
pertencentes à ordem Erysiphales. Os conídios podem germinar sobre a
superfície foliar formando um tubo germinativo curto e, com a formação de um
apressório penetram nas células epidermiais. Para o desempenho de suas
funções parasíticas, estes patógenos formam haustórios no interior das células
do hospedeiro, permanecendo o resto do talo fúngico na parte externa da
planta (STADNIK, 2000).
Segundo BUSHNELL e GAY1, GÖTZ e BOYLE 2 citados por STADNIK e
MAZZAFERA (2001), patógenos causadores de oídios são parasitas biotróficos
obrigatórios de plantas. O relacionamento entre esses patógenos e suas
respectivas plantas hospedeiras caracteriza -se por ser altamente evoluído e
complexo. Somente uma fina rede micelial cresce sobre a superfície foliar em
forma de colônias. Cada colônia forma numerosos haustórios que retiram
nutrientes das células epidérmicas e mesofílicas, sem no entanto matá-las,
garantindo a produção de conidióforos e conídios. Em caso de esporulação
abundante, nutrientes são drenados até mesmo de tecidos distantes não
infectados.
Segundo FURTADO et al. (2000), o oídio dissemina-se através do vento,
respingo de chuvas e no contato entre plantas infectadas. Sua incidência é
mais freqüente na época de estiagem prolongada.
O oídio é uma doença em eucaliptos que se apresenta distribuída nas
regiões Sul e Sudeste, de importância localizada e sazonal. No Paraná, tem-se
verificado a sua ocorrência em árvores jovens e em mudas (em viveiros ao ar
livre e em estufas), desde o fim do verão até a primavera, quando há
predominância de temperaturas amenas e baixa umidade relativa do ar. Nas
estufas, os sintomas têm sido mais severos. Os sintomas comumente
observados são: a deformação das folhas, sua queima e posterior queda,
1
BUSHNELL, W. R.; GAY, J. Accumulation of solutes in relation to the structure and function of
haustoria in powdery mildews. Chapter 8. In: SPENCER, D. M. (ed.). The Powdery Mildews.
Academic Press, New York, p. 183-235. 1978.
2
GÖTZ, M.; BOYLE, C. Haustorial function during development of cleistothecia in Blumeria
graminis f. sp. tritici. Plant Disease , Saint Paul, v. 82, p. 507-511. 1998.
7
causando atraso no crescimento das mudas e perda da sua qualidade (AUER,
GRIGOLETTI JR e SANTOS, 1999).
No Brasil, a primeira menção foi feita por GRILLO (1936), acerca de uma
espécie de Oidium sobre Eucalyptus. Posteriormente, Oidium eucalypti
Rostrup. foi apresentado por MUCCI, PITTA e YOKOMIZO (1980) como o
agente causal da doença. A fase teleomórfica ainda não foi encontrada sobre
eucaliptos em condições brasileiras (AUER, 2001).
Com base nas características morfológicas da fase anamórfica, tais
como: micélio, conidióforos, conídios, tubo germinativo, corpos de fibrosina,
apressório e nos fenótipos isoenzimáticos, obtidos em gel de amido, para
enzima málica, 6 – fosfogluconato desidrogenase, ∝ - esterase, fosfatase
ácida, fosfoglucose isomerase, hexoquinase e malato desidrogenase, SILVA e
ALFENAS (1994) concluiram que o Oidium do eucalipto é semelhante ao
Oidium da Roseira, descrito como Sphaerotheca pannosa (Vallr. ex. Fr.) Lev.
Inoculações artificiais indicaram que isolados de oídio originário de
eucalipto (Oidium eucalypti), roseira (S. pannosa) e de Dhalia sp. (Erysiphe
cichoracearum DC. ex. Mérat) foram patogênicos ao eucalipto (SILVA et al.,
2001).
A identificação do agente causal do oídio sobre eucaliptos tem sido
dificultada pela ausência da fase sexual. Recentes identificações são baseadas
nos aspectos morfológicos do anamorfo e posterior confirmação por meio de
inoculações cruzadas com outros hospedeiros, nos quais a fase teleomórfica
possa ser produzida. Desse modo, demostrou-se a sinonímia de Oidium
eucalypti, comumente registrado em eucaliptos em várias partes do mundo,
com S. pannosa (KRUGNER e AUER, 2005).
BROWN e FERREIRA (2000), relataram sete espécies de Oidium em
eucalipto pelo mundo. Entretanto, alguns autores utilizam Oidium spp. e outros
Oidium eucalypti, para designar oídio do eucalipto de uma forma genérica.
A literatura ainda apresenta Erysiphe orontii Cast. causador do oídio em
fumo, atacando também eucalipto, onde é considerado hospedeiro secundário
(CROP..., 2005).
A doença ocorre em condição de umidade alta, sob clima frio ou quente,
mas também pode ocorrer em condição seca sob clima quente. Essa variedade
de condições pode ser explicada pelo fato dos esporos serem liberados,
8
germinarem e causarem infecção, mesmo quando a umidade relativa do ar é
baixa, sem filme de água sobre a folha. Iniciada a infecção, o micélio continua a
desenvolver-se sobre a superfície da planta, independente das condições de
umidade na atmosfera (AGRIOS, 1988).
O impacto do oídio pode ser minimizado pelo fornecimento de
luminosidade solar adequada e pela circulação do ar, ao redor das plantas na
estufa, viveiro e ao redor das casas (TATTAR, 1989).
2.1.2.2 Distribuição Geográfica e Hospedeiro
O oídio se situa entre as principais doenças, ocorrendo em todas as
regiões do mundo e na maioria das espécies vegetais cultivadas (STADNIK e
RIVERA, 2001).
Em eucalipto, o oídio é uma doença praticamente cosmopolita, sendo
relatada na África do Sul, Argentina, Austrália, Europa, no Brasil e nos Estados
Unidos (SILVA et al., 2001).
Em Corymbia citriodora, o ataque deste fungo tem sido mais freqüente e
importante, em mudas e árvores jovens. A doença também tem sido observada
em mudas de E. benthamii e E. dunnii (KRUGNER e AUER, 2005).
Eucalyptus urophylla, E. grandis W. Hill ex Maiden e seus híbridos, E.
camaldulensis, E. globulus, E. nitens Maiden., E. pellita, E. robusta, E. saligna
Sm., E. tereticornis, E. viminalis, C. citriodora, C. maculata e C. torelliana (F.
Muell.) Hill & Johnson são hospedeiros de oídio (ALFENAS et al., 2004).
No campo, o oídio é importante na folhagem juvenil de C. citriodora.
Com a troca desta folhagem pela adulta, a doença não ocorre mais, o que
dispensa medidas de controle. A existência de indivíduos sadios ou pouco
afetados em áreas altamente infestadas indica a possibilidade do uso da
variabilidade genética para seleção de material resistente (KRUGNER e AUER,
2005).
2.1.2.3 Sintomatologia
Embora raramente cause a morte das plantas, o oídio reduz o potencial
produtivo das culturas e pode afetar a qualidade do produto (STADNIK e
RIVERA, 2001).
9
Brotações e gemas são preferencialmente atacadas e, quando não
morrem, dão origem a folhas de limbo enrugado, afilado e geralmente com uma
metade mais estreita do que a outra. O ataque sucessivo às brotações resulta
em superbrotamento, com perda da qualidade da muda. No campo, o sintoma
toma maior importância pela perda da dominância apical, comprometendo a
formação de um fuste reto para a produção de postes e mourões (KRUGNER e
AUER, 2005). Estes autores relataram que sobre as partes afetadas, ocorre
com freqüência um crescimento pulverulento, esbranquiçado, constituído por
micélio e estruturas reprodutivas. Posteriormente, pode ocorrer necrose foliar e
desfolha.
A doença dissemina-se facilmente através do contato entre plantas
doentes e sadias ou pelo vento e respingos de chuva (KRUGNER e AUER,
2005).
Segundo FERREIRA (1997), em C. citriodora e C. torelliana é possível
ocorrer o ataque em mudas no viveiro e em plantas jovens no campo, podendo
causar anormalidades no limbo foliar, em razão dos danos causados nas
nervuras de folhas novas. Quando as estruturas do patógeno se encontram
ressecadas, observam-se lesões castanhas ou ferrugíneas, esparsas e de
forma irregular.
Segundo AGRIOS (1988), a doença não mata o hospedeiro, mas utiliza
seus nutrientes, promove a redução da fotossíntese, aumenta a respiração e a
transpiração, concorrendo para diminuir o crescimento da planta e a produção
vegetal, redução esta que pode chegar a valores entre 20% e 40%.
2.2 CONTROLE DAS DOENÇAS
Segundo KIMATI e BERGAMIN FILHO (1995), as conceituações
econômicas e biológicas estão intimamente relacionadas, pois a prevenção da
doença leva à diminuição dos danos (reduções na quantidade e/ou na
qualidade da produção) e, eventualmente, das perdas (reduções do retorno
financeiro por unidade de área cultivada).
Atualmente, em todos os lugares do mundo onde se pratica uma
agricultura econômica, a intervenção para o controle de doenças de plantas é
largamente realizada através de pesticidas (KIMATI et al., 1997).
10
O modelo predominante da agricultura convencional tem como base o
retorno econômico imediato. O controle dos problemas fitossanitários é
realizado quase que exclusivamente com a aplicação continuada e em larga
escala de agrotóxicos. A adoção praticamente exclusiva de estratégias de
controle baseadas em calendários de aplicações de produtos químicos deveuse, principalmente, ao baixo custo das aplicações, ao largo espectro dos
produtos e pelo entendimento de que o controle poderia ser conseguido
simplesmente pela aplicação de agrotóxicos, sem a observação de qualquer
critério técnico. Com o tempo, verificou-se que esse modelo é insustentável,
sendo
observados,
com
freqüência,
contaminações
e
desequilíbrios
ambientais, presença de resíduos de agrotóxicos nos produtos agrícolas acima
dos limites de tolerância, contaminação de aplicadores e aumento no custo de
produção (PAULA JÚNIOR et al., 2005).
Segundo GHINI e KIMATI3 citado por PAULA JÚNIOR et al., (2005) o
uso contínuo e exclusivo de agrotóxicos, por exemplo, tem resultado na
ocorrência de pragas e patógenos resistentes a determinados produtos, que
nem sempre é diagnosticada.
O uso intensivo e indiscriminado de agrotóxicos tem causado diversos
problemas no meio ambiente como a contaminação de águas, solos, animais e
alimentos; a intoxicação de agricultores; a eliminação de microrganismos
responsáveis pela degradação de matéria orgânica ou de organismos utilizados
em programas de controle biológico; e a resistência de fitopatógenos, pragas e
plantas daninhas a certos agrotóxicos, entre outros (SCHWAN-ESTRADA,
STANGARLIN e CRUZ, 2003).
A proteção de plantas com métodos convencionais, por meio do uso de
agrotóxicos, apresenta características bastante atraentes, como a simplicidade,
a previsibilidade e a necessidade de pouco entendimento dos processos
básicos do agroecossistema para a sua aplicação. Por exemplo, para obter-se
sucesso com a aplicação de um herbicida de amplo espectro é importante o
conhecimento de como aplicar o produto, sendo necessária pouca informação
sobre a ecologia e a fisiologia de espécies (BETTIOL e GHINI, 2003).
3
GHINI, R.; KIMATI, H. Resistência de fungos a fungicidas. Jaguariúna: Embrapa Meio
Ambiente, 2000. 78p.
11
Por outro lado, o Controle Alternativo, entendido como a integração de
medidas não poluentes, aplicadas preventivamente, visando à redução da
intensidade de doença e ao aumento da produção, da produtividade e da
qualidade dos produtos agrícolas, enfatiza o emprego de táticas e métodos
sejam eles culturais, mecânicos, físicos, legislativos, biológicos, de resistência
genética etc., com vistas à prevenção e à redução da intensidade das doenças
(PAULA JÚNIOR et al., 2005).
2.2.1 Controle químico
O controle químico de doenças em viveiros de eucaliptos não pode ser
recomendado, pela falta de produtos registrados para esta cultura (KRUGNER
e AUER, 2005).
O controle químico do mofo cinzento não é possível sem estar associado
a um programa integrado de controle. Os fungicidas mais utilizados são o
iprodione, vinclozolin, benomyl e chlorothalonil. Muitas vezes o uso contínuo de
um mesmo fungicida pode desenvolver resistência do patógeno. Para evitar
isso, o uso alternado de diferentes produtos é recomendável (BROWN, 2000a).
Na literatura são encontrados diversos fungicidas recomendados para o
controle do mofo-cinzento em eucalipto : benomyl, tiofanato metílico, thiram e
captan (FERREIRA, 1989); iprodione e mancozeb (REYNA e ROMERO, 2001);
vinclozolin,
epoxyconazole,
triadimenol,
tebuconazole,
epoxyconazole
+
pyraclostrobin, captan, thiram, iprodione (ALFENAS et al., 2004); captan,
dicloran ou chlorothalonil (FERREIRA e MILANI, 2002).
Segundo FORCELINI (1994) e GOULART (1995), citam os triazoles
(difenoconazol) e os imidazoles (prochloraz) como parte do grupo de
“Fungicidas Inibidores da biossíntese do Ergosterol”, mostrando uma atividade
curativa e preventiva controlando um grande número de doenças fúngicas em
doses relativamente baixas e sem apresentar fitotoxidez.
Segundo VALDEBENITO-SANHUEZA, SÔNEGO e MARCANTONI
(1996), os produtos recomendados no Brasil para o controle de B. cinerea em
videira são: vinclozolina, iprodione, benomil e tiofanato metílico.
O fungicida pyrimethanil foi eficiente no controle do mofo das flores (B.
cinerea) (MIRANDA et al., 2001).
12
Em viveiros, o oídio pode ser controlado com a aplicação de fungicidas,
mas não existe produto registrado para uso em eucalipto. As informações de
produtos eficientes mencionam a combinação benomyl mais enxofre molhável
ou o uso de triadimenol (KRUGNER e AUER, 2005).
O primeiro fungicida utilizado para o controle de oíd io foi o enxofre
elementar, sendo ainda hoje recomendado para o controle dessa doença, por
ser um produto eficiente e barato (GHINI, 2001).
Segundo BENT4, citado por GHINI (2001), o enxofre atua na superfície
das plantas, nos locais onde for aplicado. A redistribuição para outros locais é
extremamente limitada, ocorrendo em pequenas extensões, pela vaporização.
O enxofre não penetra na planta, nem é translocado para partes novas, que
geralmente são mais suscetíveis à doença. Além disso, chuvas ou irrigações
retiram o produto da superfície da planta, deixando-a desprotegida.
Segundo ALFENAS et al. (2004), para o controle de oídio do eucalipto
os fungicidas indicados são triadimenol e enxofre.
Os principais produtos químicos para o controle do oídio incluem
produtos a base de enxofre, benomyl, chorothalonil, dinocap, maneb,
prochoraz, triadimefon e zineb (BROWN, 2000a). FERREIRA e MILANI (2002),
relatam a ocorrência de oídio em C. citriodora e C. torelliana, no estágio
fenológico A, e recomendam como controle pulverizações semanais com
triadimenol 50 g/100 l de água.
FERREIRA (1989), recomendou para tratamento de oídio em viveiros
aplicações quinzenais de benomyl a 35 g/100 litros de água ou semanais de
250 g de enxofre molhável por 100 l de água.
Segundo KUCK5 et al. citado por GHINI (2001), entre os DMIs
(Inibidores da Demetilação) que controlam oídios estão os grupos das
piperazinas, piridinas, pirimidinas, imidazóis e triazóis.
Em 1996, o composto sintético acybenzolar-S-methyl, pertencente ao
grupo dos benzotiadiazoles (BTH), foi introduzido na Alemanha (produto
4
BENT, K. J. Chemical control of powdery mildews. In: Spencer, DM (ed.). The Powdery
Mildews. Chapter 10. Academic Press, New York, p. 259-281. 1978.
5
KUCK, K. H.; SCHEINPFLUG, H.; PONTZEN, R. DMI fungicides. In: LYR, H (ed.). Modern
Selective Fungicides. Chapter 12. Gustav Fischer Verlag, Jena, p. 205-258. 1995.
13
comercial Bion®) para o controle de oídio em trigo. O composto não tem ação
antifúngica direta, mas induz quimicamente o desenvolvimento de mecanismos
de resistência da planta (GHINI, 2001).
GALLOTTI et al., (2004) recomendaram o uso de fenarimol, triadimenol
e tebuconazole, com eficiência maior que 90 % em campo, no controle do oídio
da videira (Uncinula necator Schw. Burr.).
No controle de oídio em cevada (Erysiphe graminis f. sp. hordei),
VENANCIO et al., (1999) reportaram que a alternância entre fungicidas do
grupos triazol com a estrobilurina além de mostrar eficiência no controle da
doença, também pode ser uma excelente estratégia no combate à resistência.
2.2.2 Controle alternativo
Foi no início dos anos 70, paralelamente ao desenvolvimento do
conceito de MIP, que surgiu um movimento de oposição em relação ao padrão
produtivo agrícola convencional. Como se concentrava em torno de um amplo
conjunto de propostas alternativas, esse movimento, ficou conhecido como
“Agricultura Alternativa” (PAULA JÚNIOR et al., 2005).
Um dos enfoques da agricultura alternativa é o controle alternativo de
doenças de plantas, o qual inclui o controle biológico e a indução de resistência
em plantas (não são incluídos nesse conceito o controle químico clássico e o
melhoramento genético) (BETTIOL, 1991).
O controle alternativo preconiza a utilização de diferentes estratégias de
controle. Geralmente, as medidas recomendadas atuam reduzindo tanto a taxa
da doença no início da estação de cultivo (x0) como causando o decréscimo da
taxa de desenvolvimento da doença (r), durante o período de crescimento da
cultura (PAULA JÚNIOR et al., 2005).
Segundo ROMEIRO (2005), é necessário investigar, com seriedade e
persistência, métodos alternativos para o controle de enfermidades de plantas
que sejam, ao mesmo tempo, eficientes e menos agressivos à saúde e ao
ambiente. Encontrar uma forma, o mais inócua possível, de ativar os
mecanismos de defesa da planta, promovendo sua própria proteção contra
patógenos, ao invés de saturá-la e intoxicá-la com agrotóxico, por certo será a
estratégia politicamente correta do futuro.
14
ABREU JÚNIOR6 citado por PAULA JÚNIOR et al., (2005), apresenta
uma coletânea de receitas para a proteção de plantas e animais, utilizando
especialmente produtos naturais, que podem ser adotadas em sistemas
alternativos. Essas alternativas podem conduzir ao maior equilíbrio do
agroecossistema, mas para serem empregadas exigem maior nível tecnológico
dos agricultores. Entretanto, há carência de estudos mais profundos para a
recomendação do uso de agentes de controle biológico, de caldas e misturas,
para avaliar não somente se os efeitos sobre a relação patógeno-hospedeiro
seriam eficientes, mas também os possíveis riscos à saúde humana e animal e
ao ambiente.
Segundo BETTIOL, GHINI e MORANDI (2005), antes das facilidades
para aquisição de agrotóxicos para o controle dos problemas fitossanitários, os
agricultores preparavam e utilizavam produtos obtidos a partir de materiais
disponíveis nas proximidades de suas propriedades. Com a popularização do
uso dos agrotóxicos, aqueles produtos foram quase que
totalmente
abandonados e, hoje, muitos deles são chamados de alternativos. Devido à
conscientização dos problemas causados pelos agrotóxicos para o ambiente, a
sociedade vem exigindo a redução de seu uso, de forma que a pesquisa vem
testando os mais diversos produtos, muitos deles já utilizados pelos
agricultores em décadas passadas.
Apesar da disponibilidade de diversos produtos biológicos e técnicas
alternativas para o controle de doenças de plantas, sua utilização ainda é
restrita. Vários fatores contribuem para a adoção limitada dessas técnicas,
sendo o principal o que se refere à cultura dos agricultores, que utilizam quase
que exclusivamente agrotóxicos, devido à facilidade de uso e à eficiência
desses produtos químicos. Outros fatores incluem a formação dos técnicos de
assistência técnica e extensão rural voltada à recomendação de agrotóxicos
para a solução dos problemas fitossanitários, e o papel das indústrias de
agrotóxicos na assistência técnica aos produtores (BETTIOL, GHINI e
MORANDI, 2005).
6
ABREU JÚNIOR, H. Práticas alternativas de controle de pragas e doenças na
agricultura. Campinas: EMOPI, 1998. 111p.
15
Segundo VAN DER PLANK 7 citado por MAFFIA e MIZUBUTI (2005), o
uso eficaz de medidas alternativas é viável quando se conhecem os fatores
que afetam o desenvolvimento das doenças, principalmente aqueles
relacionados ao “triângulo de doenças” (ambiente, hospedeiro e patógeno). A
interação desses fatores, dentre outros relacionados às epidemias, são
estudados na área da Fitopatologia denominada Epidemiologia. Esta, em
última análise, fornece as bases para a determinação de estratégias de
controle de doenças.
Segundo BETTIOL, GHINI e MORANDI (2005), a considerável
responsabilidade para a fraca adoção de técnicas alternativas para o controle
de problemas fitossanitários está associada às instituições de pesquisas e aos
órgãos de fomento. Há necessidade de aumentar o número de profissionais e
dar recursos, para que a Fitopatologia possa dar maior contribuição a
sustentabilidade ambiental e social da Agricultura brasileira. Há também
necessidade de estabelecer formas eficientes para que o conhecimento sobre
as técnicas alternativas seja socializado e passe a ser utilizado pelos
agricultores.
2.2.2.1 Produtos químicos não fungicidas
Atualmente, os fertilizantes contendo fósforo e silício estão entre os
muitos produtos citados na literatura como indutores de resistências. Alguns
desses produtos na forma de fosfitos e silicatos estão ganhando importância,
não por sua eficiência em induzir proteção contra algumas doenças ser alta,
mas talvez por serem alternativas que além de conferir resistência também
proporcionam benefícios nutricionais e incrementam a produção e a qualidade
dos produtos agrícolas (NOJOSA, 2002).
Uma alternativa foi desenvolvida por CARVALHO et al. (2002) e vem
sendo utilizada por agricultores na Paraíba. Os autores demonstraram que a
incidência da fusariose do abacaxizeiro, causada por Fusarium subglutinans
(Wollenw. & Reink) Nelson, Tousson & Marasas, foi reduzida de 26% no
tratamento testemunha para 3,3% no tratamento com taninos obtidos de
acácia-negra, e para 6,7 % com fungicida. Os extratos de acácia-negra são
7
VAN DER PLANK, J. E. Plant diseases: Epidemics and control. New York: Academic
Press, 1963. 349p.
16
prontamente dissolvidos em água e aplicados sobre as plantas. São diversos
os produtos comerciais contendo taninos originários dessa planta cultivada
amplamente no sul do Brasil. Segundo MELLO e SANTOS 8, citados por
CARVALHO et al. (2002), os principais mecanismos de ação dos taninos estão
relacionados com a sua capacidade de inibir enzimas, de modificar o
metabolismo celular, pela atuação nas membranas, e formar complexos com
íons metálicos, com conseqüente diminuição da disponibilidade desses para o
metabolismo dos microrganismos.
De acordo com BETTIOL, GHINI e MORANDI (2005), o bicarbonato de
sódio tem sido demonstrado como efetivo no controle de oídio de diversas
culturas. É um produto que não apresenta problemas de contaminação, tem
baixo custo e é utilizado como alimento, portanto sem restrições de uso.
Aplicado a 2.000 ppm, o bicarbonato pode inibir a germinação de conídios,
reduzir o número de conídios formados nos conidióforos, causar ruptura da
parede celular dos conídios e anomalias morfológicas nos mesmos, inibir a
formação de conidióforos, e controlar a elongação das hifas de Sphaerotheca
fuliginea (Schlecht ex. Fr.) Poll. Agindo por esses diferentes mecanismos, vem
sendo demonstrado que o bicarbonato é efetivo no controle do oídio do pepino
e da abobrinha. O bicarbonato de sódio e de potássio são biocompatíveis com
óleo para o controle de oídio, e a mistura dos produtos é mais efetiva no
controle da doença do que a sua aplicação individual. Acredita-se que a maior
efetividade da mistura seja devida tanto ao efeito dos produtos individualmente,
como à maior fixação do bicarbonato pelo óleo.
Segundo KRUGNER e AUER (2005), a solução de bicarbonato de sódio
é relatada como produto alternativo para controlar oídio em eucalipto. KIMURA
et al. (1997) obtiveram maiores índices de controle do oídio (Erysiphe
cichoracearum) em pimentão (Capsicum annum L.) com o uso deste produto
mais espalhante.
Segundo RUIZ CASTRO (1965), o permanganato de potássio pode ser
utilizado diluído em água, sozinho ou com cal, e incorporado em calda
bordalesa para o controle do oídio da videira (U. necator).
8
MELLO, C. P. de; SANTOS, S. da C. Taninos. In: Farmacognosia: da planta ao
medicamento. 4 ed. Porto Alegre / Florianópolis: Editora Universitária / UFRGS / Ed. da UFSC.
2002. 821 p.
17
Sais como metabissulfito de sódio, carbonato de cálcio, ácido acético,
ácido bórico e ácido ascórbico foram indicados para o controle de oídio por
BETTIOL 9.
2.2.2.2 Óleos essenciais
Segundo JANSSEN10 et al., citados por SILVA et al., (2005), um
composto é considerado biologicamente ativo quando exerce ação específica
sobre determinado ser vivo, seja ele animal, vegetal ou microrganismo. Uma
vasta gama de compostos orgânicos de origem vegetal é biologicamente ativa,
isto é, tem ação tranqüilizante, analgésica, antiinflamatória, citotóxica,
anticoncepcional, antimicrobiana, antiviral, fungicida, inseticida, etc. Dentre os
fitocompostos, os óleos essenciais encontram maior aplicação biológica como
agentes antimicrobianos, o que representa uma extensão do próprio papel que
exercem nas plantas, defendendo-as de bactérias e fungos fitopatogênicos.
No caso de óleos de eucalipto, existem alguns relatos do seu uso contra
fitopatógenos. SALVATORI et al. (2002), reportaram a ação antifúngica do óleo
de C. citriodora, testados in vitro através do crescimento micelial, no controle
de alguns fitopatógenos. Segundo ZENI et al., (2004), verificou-se o efeito
inibidor do óleo de C. citriodora sobre B. cinerea.
2.2.2.3 Extrato de plantas
A exploração da atividade biológica de compostos secundários
presentes no extrato bruto ou óleo essencial de plantas medicinais pode se
constituir, ao lado da indução de resistência, em mais uma forma potencial de
controle alternativo de doenças em plantas cultivadas (SCHWAN-ESTRADA,
STANGARLIN e CRUZ, 2000).
Um grande número de plantas apresenta propriedades antifúngicas em
seus extratos. Essas propriedades são dependentes de uma série de fatores
inerentes às plantas, como órgão utilizado, idade e estágio vegetativo. Fatores
do ambiente, como o pH do solo, bem como a estação do ano e diferentes
9
Bettiol, W. Entrevista concedida a Albino Grigoletti Júnior. Jaguariúna/SP. Setembro/2004.
10
JANSSEN, A. M.; SCHEFFER, J. J. C.; SVENDSEN, A. B. Antimicrobials activities of
essential oils. Pharmac. Weekb. v. 9, p. 193-197, 1987.
18
tipos de estresse também devem ser observados. A eficiência do produto
também depende da espécie envolvida, do tipo de doença controlada e dos
processos tecnológicos utilizados na obtenção e manipulação do extrato
(SILVA et al., 2005).
Um extrato vegetal pode ser entendido como o produto obtido pela
passagem de um solvente, como a água ou o álcool etílico através da planta
moída ou não, de modo a se retirar os princípios ativos nela contidos
(TALAMINI e STADNIK, 2004).
Segundo WILLIAMS11 et al. citados por SILVA et al. (2005), os princípios
ativos de plantas medicinais são metabólitos secundários, isto é, a planta não
utiliza essas substâncias para sua nutrição, desenvolvimento ou economia
direta. Segundo WHITTAKER e FEENY12 citados por SILVA et al. (2005),
essas substâncias são produzidas pela planta para melhorar suas condições
de sobrevivência e permitir sua adaptação ao meio ambiente, exercendo
grande importância na preservação das espécies e na organização de
comunidades.
Com algumas propriedades específicas, esses metabólitos secundários
agem, por exemplo, na defesa da planta contra diversos patógenos e pragas e
na atração ou repulsão diante de outros organismos. Conseqüentemente, ao
colher-se uma planta medicinal, deve -se estar ciente de que fatores de ordem
genética, ambiental e técnica influenciariam a síntese de princípios ativos,
podendo ocorrer variações tanto na qualidade como na quantidade de
complexos químicos. Plantas da mesma espécie, cultivadas em diferentes
localidades, normalmente, possuem os mesmos componentes, mas as
porcentagens em que estão presentes podem diferir (Segundo ROBBER13 et
al. citado por SILVA et al. (2005)).
A agricultura alternativa tem usado, de forma empírica, os extratos de
plantas para o controle de doenças e pragas, por considerar a relativa
11
WILLIAMS, D. H.; STONE, M. J.; HAUCK, P. R.; RAHMAN, S. K. Why are secondary
metabolites (natural products) biosynthesized? J. Nat. Prod. v. 52, p. 1189-1208, 1989.
12
WHITTAKER, R. H.; FENNY, P. P. Allelochemics: Chemical interactions between species.
Science, v. 171, p. 757-770, 1971.
13
ROBBERS, J. E.; SPEEDIE, M. K.; TYLER, V. E. Farmacognosia-farmacobiotecnologia. 1.
ed. São Paulo: Editorial Premier, 1997.
19
inocuidade desses produtos, os quais são, muitas vezes, feitos de forma
caseira e pulverizados nas lavouras (SILVA et al., 2005).
Trabalhos desenvolvidos com extrato bruto ou óleo essencial, obtido a
partir de plantas medicinais conhecidas, têm indicado o pote ncial das mesmas
no controle de fitopatógenos, tanto por sua ação fungitóxica direta, inibindo o
crescimento micelial e a germinação de esporos, quanto pela indução de
fitoalexinas, indicando a presença de composto(s) com característica de
elicitor(es). Dentre estas plantas medicinais pode-se citar: arruda (Ruta
graveolens L.); alho (Allium sativum L.); alecrim (Rosmarinus officinalis L.);
alfavaca-cravo (Ocimum gratissimum L.); alfavaca (O. basilicum L.); cânfora
(Artemisia camphorata Vill.); carqueja (Baccharis trimera (Less.) DC.); capimlimão (Cymbopogon citratus DC. Stapf.); eucalipto (C. citriodora); erva cidreira
brasileira (Lippia alba (Mill.) N.E. Br.); gengibre (Zingiber officinallis L.); ginseng
brasileiro (Pfaffia glomerata (Sprengel) Pedersen); losna (Artemisia absinthium
L.); mentrasto (Ageratum conyzoides L.); milfolhas (Achillea millefolium L.);
palmarosa (Cymbopogon martinii (Roxb.) J.F. Watson) (SCHWAN-ESTRADA,
2002).
Segundo LORENZI e MATOS (2002), Ginkgo biloba L. e Mentha x
piperita L. possuem propriedades antifúngicas e antibacterianas.
O extrato de C. citriodora apresentou uma inibição, in vitro, no
crescimento de B. cinerea (ZENI et al., 2004). Segundo DUARTE et al., (2004),
o extrato alcóolico de E. globulus mostrou-se eficiente in vitro contra este
patógeno.
Segundo SILVA et al. (2005), a transformação ou não dos extratos de
plantas empregados no controle de doenças das próprias plantas em
fungicidas fitoterápicos de uso agrícola dependerá de alguns fatores dentre os
quais a abordagem com que o tema será conduzido pelos cientistas, do
desenvolvimento
de
grupos
de
pesquisa
interdisciplinares,
do
apoio
governamental às industrias nacionais interessadas em desenvolver estes
produtos e da capacidade dos pesquisadores de gerar ou não tecnologias
apropriadas para a adoção destes princípios ativos.
Estudos químicos aprofundados e a elaboração de produtos naturais
seguros e com controle de qualidade são necessárias para que o Brasil possa
fazer uso de forma consistente de sua rica biodiversidade. Atualmente, menos
20
de 1% da flora medicinal brasileira é estudada em profundidade, fazendo com
que haja um campo aberto para estudos multidisciplinares aplicados na
geração de tecnologias seguras (SILVA et al., 2005).
Os extratos caseiros de plantas apresentam outras limitações, como a
falta de controle de qualidade, a baixa estabilidade dos compostos orgânicos
presentes nas soluções, e o não monitoramento de possíveis substâncias
tóxicas presentes nas plantas ou resultantes da decomposição dos produtos
durante sua manipulação. Limitações como essas fazem com que seja
necessária a investigação mais aprofundada dos extratos de plantas, bem
como o desenvolvimento de produtos com maior nível tecnológico, para que
tanto produtores quanto consumidores possam ter segurança com os produtos
utilizados (SILVA et al., 2005).
2.2.2.4 Leite e derivados
O leite pode agir por meio de mais de um modo de ação para controlar o
oídio. Leite fresco pode ter efeito direto contra Sphaerotheca fuliginea, devido
às suas propriedades germicidas; por conter diversos sais e aminoácidos, pode
induzir a resistência das plantas e/ou controlar diretamente o patógeno; pode
ainda estimular o controle biológico natural, ao formar um filme microbiano na
superfície da folha ou alterar as características físicas, químicas e biológicas da
superfície foliar (BETTIOL, 2003).
A pulverização do leite cru de vaca, uma vez por semana, nas
concentrações de 5% e 10%, dependendo da severidade da doença, controla o
oídio da abobrinha e do pepino de forma semelhante aos fungicidas
recomendados para a cultura (BETTIOL, 2003). Segundo BETTIOL (1999), foi
observado que, com o aumento da concentração de leite pulverizado, ocorre
aumento no controle da doença. Entretanto, segundo BETTIOL (2003), do
ponto de vista prático, recomenda-se a pulverização do leite a 5 e 10%, uma
vez por semana. A concentração de 10% deve ser utilizada quando a
infestação de oídio for alta.
SANTOS, FURTADO e SILVA (2003), testando o uso do leite de vaca in
natura para o controle do Oidium sp., em mudas de eucalipto, verificaram que
não houve diferença entre as concentrações do leite (20, 30, 40 e 50%).
21
Segundo KRUGNER e AUER (2005), o leite cru é relatado como produto
alternativo para controlar oídio em eucalipto.
O leite deve ser utilizado preventivamente e toda a planta deve ser
pulverizada. De preferência utilizar pulverizador específico para o leite. O leite
não exige o uso de espalhante adesivo, entretanto, os resultados são melhores
com a sua mistura na calda de aplicação (BETTIOL, GHINI e MORANDI,
2005).
Apesar dos estudos terem sido realizados com as culturas de pepino,
abobrinha, alface e quiabo, diversos agricultores vêm utilizando o leite com
sucesso para o controle de oídio em viveiros de eucalipto, em pimentão e
outras hortaliças, em roseira e outras plantas ornamentais, aplicado
semanalmente. Dependendo das condições de cada cultura, ambiente e
severidade, a concentração utilizada pelos agricultores tem variado de 5 a 20%
(BETTIOL, GHINI e MORAND I, 2005). A eficiência de leite bovino no controle
de S. fuliginea foi relatada em abobrinha (Cucurbita pepo var. caserta L.)
(BETTIOL, 1999).
Testes conduzidos em alguns viveiros mostraram que a aplicação de
leite (5 a 50%) em minicepas de eucalipto pode induzir fitotoxicidade e
favorecer a incidência de Cladosporium spp., formando uma camada escura de
micélio e esporos sobre o limbo foliar, prejudicial à planta (ALFENAS et al.,
2004).
O produto lácteo obtido da fermentação do leite com Lactobacillus
(produto comercial Yakult®), quando pulverizado semanalmente nas folhas de
abobrinha, foi tão efetivo quanto o fungicida fenarimol no controle do Oídio,
causado por S. fuliginea (BETTIOL e ASTIARRAGA, 1998). Todos os
tratamentos com o produto lácteo (10, 20, 30, 40 e 50%) diferiram da
testemunha no controle da doença, mas não entre si, quando pulverizados
duas vezes por semana. Assim, foi selecionada a concentração de 10% para
ser testada em uma e duas pulverizações por semana, sendo que
apresentaram 75 e 91% de controle da doença, respectivamente , enquanto
para o fungicida, 84%. Devido ao seu alto custo, o produto é comercialmente
inviável (BETTIOL e STADNIK, 2001).
Segundo BETTIOL (1999), os produtos derivados da fermentação do
leite podem ser utilizados para o controle do oídio.
22
2.2.2.5 Controle biológico
Segundo
COOK
e
BAKER14,
citados
por
SCHWAN-ESTRADA,
STANGARLIN e CRUZ (2000), o controle biológico pode ser definido como o
controle de um microrganismo através da ação direta de um outro
microrganismo antagônico, o qual pode atuar por meio de antibiose,
parasitismo, competição, predação ou hipovirulência.
Em relação aos microrganismos, as interações antagônicas envolvendo
fungos leveduriformes e filamentosos e bactérias com os patógenos ocorrem,
basicamente, devido ao parasitismo, à competição, à antibiose e à indução de
resistência (BETTIOL, GHINI e MORANDI, 2005).
Segundo ATKINSON e MCKINLAY15 citados por PAULA JÚNIOR et al.
(2005), muitos estudos de controle biológico adotam uma abordagem
semelhante, onde é enfatizado o encontro patógeno-antagonista ou presapredador. Nesses casos, após a introdução, por exemplo, de um agente
microbiano de controle biológico, haverá o seu estabelecimento em um nicho,
seguido da interação com o organismo alvo e outras espécies de organismos.
Essas interações complexas são fundamentais para o sucesso do controle,
devendo ser analisadas de modo holístico e consideradas a longo e não a curto
prazo. Assim sendo, há a necessidade de um amplo conhecimento da ecologia
de sistemas.
O uso de produtos comerciais à base de agentes de controle biológico
tem aumentado nos últimos anos. Embora o controle biológico de patógenos
com antagonistas residentes pareça, para muitos, conflitante com o uso de
antagonistas introduzidos, alguns autores comentam que as duas estratégias
podem ser usadas de forma convergente (PAULA JÚNIOR et al., 2005).
VALDEBENITO-SANHUEZA (2001), cita que as maiores oportunidades
para viabilizar o controle biológico encontram-se em situações que permitam
e/ou assegurem o estabelecimento dos antagônicos. Estas condições ocorrem
nos casos de doenças causadas por patógenos que colonizam o substrato para
14
COOK, R. J.; BAKER, K. F. The Nature and Practice of Biological Control of Plant
Pathogens. St. Paul: APS Press, 1983. 539p.
15
ATKINSON, D.; MCKINLAY, R. G. Crop protection in sustainable farming systems. In:
MCKINLAY, R. G.; ATKINSON, D. Integrated crop protection: towards sustainability.
23
a produção de mudas; daquelas em que a infecção se inicia pelas raízes das
mudas e nas que há penetração pelos ferimentos naturais ou nos provocados
pelo manejo das plantas. Condições favoráveis para o controle biológico são
também aquelas que ocorrem em ambiente controlado onde é facilitada a
instalação dos antagonistas no sitio alvo.
Segundo BETTIOL (2003), a técnica alternativa utilizada para controle
de B. cinerea na cultura do morango, é a pulverização do agente de biocontrole
Clonostachys rosea (Link: Fr.) Schroes et al., isolado obtido junto à
Universidade de Guelph, Canadá. Um dos problemas para a utilização da
técnica é a sensibilidade do antagonista aos agrotóxicos. Porém, ela é
provavelmente eficiente para o controle de B. cinerea em culturas protegidas
de morango em todo o país e com perspectivas de uso em hortaliças e flores
para o controle do mesmo patógeno. A concentração recomendada é de 106
conídios ou partículas/ml em mistura com espalhante adesivo a 0,01%.
Segundo MORANDI, SUTTON e MAFFIA (2000), estudos visando o
controle biológico de B. cinerea nos restos culturais de roseira, utilizaram o
isolado canadense do fungo C. rosea, o qual estabeleceu-se eficientemente
nesses restos. Ademais, o tratamento dos restos com C. rosea proporcionou a
redução da sobrevivência de B. cinerea, pois o antagonista parasita as hifas do
patógeno e compete com ele, principalmente por nutrientes, o que contribui
para reduzir a sua sobrevivência nos restos culturais.
SANFUENTES e FERREIRA (1996) testaram G. roseum, Penicillium sp.,
Trichoderma harzianum Rifai, T. viride Pers. ex. Fries e dois isolados de
Trichoderma sp. para a supressão de B. cinerea em mudas de eucalipto. O
tratamento com Gliocladium roseum Bainer foi significativamente o melhor.
PICCININ e PASCHOLATI (1995) relataram o efeito de Saccharomyces
cerevisiae Meyen ex. Hansen na redução de 40 à 100% de ocorrência da
doença causada por B. cinerea em mudas de eucalipto.
Segundo BONALDO (2002), em plantas de maracujá são encontrados
relatos do efeito de S. cerevisiae sobre Xanthomonas campestris pv. passifora
e em plantas de eucalipto contra B. cinerea.
Farnham: British Crop Protection Council. p.483-488. (BCPC Symposium Proceedings, 63),
1995.
24
Bacillus subtilis (Ehrenberg) tem sido usado com sucesso há vários anos
no Chile para controlar o oídio e a podridão cinzenta da uva, e também, menos
freqüentemente em outras culturas (STADNIK e TALAMINI, 2004).
B. subtilis é uma alternativa eficiente para controlar o oídio e a podridão
cinzenta, sem alterar os processos enológicos. A bactéria atua de forma
preventiva, interferindo na aderência do patógeno na folha e no seu
desenvolvimento posterior. Inibe a germinação dos conídios e destrói o
crescimento dos patógenos perfurando suas membranas do tubo germinativo e
micélio. Além disso, seus metabólitos ativam o sistema de defesa da planta
(STADNIK e TALAMINI, 2004).
Segundo BETTIOL 16 et al. citados por BETTIOL e STADNIK (2001) a
aplicação de metabólitos de B. subtilis em período de 1h e 24h antes ou após a
inoculação de S. fuliginea pode reduzir lesões de folhas do pepino em 90-99%.
REYNA e ROMERO (2001), estudando métodos de controle eficiente
para B. cinerea em E. globulus concluiram que Trichoderma in vitro apresentou
um bom controle do fungo, já o B. subtilis não mostrou bons resultados talvez
pela forma inadequada de aplicação e o curto tempo de avaliação.
Segundo BETTIOL
hifomicetos
amplamente
e
STADNIK
estudados
(2001),
no
Trichoderma spp. são
controle
de
fitopatógenos,
principalmente daqueles do solo. Porém, tem-se relatado que Trichoderma spp.
podem afetar também os oídios. A maioria dos trabalhos relata o efeito destes
fungos sobre conidióforos e a germinação de conídios, onde antibiose parece
ser envolvida na redução da doença. Assim, JENKYN e BAINBRIDGE 17 citados
por BETTIOL e STADNIK (2001), controlaram a severidade do oídio com
pulverização de plantas de cevada com culturas puras de T. viride.
Segundo HIJWEGEN e BUCHENAUER18 e BÉLANGER19 et al. citados
por BETTIOL e STADNIK (2001), Verticillium lecanii (Zimm.) Viégas é um fungo
16
BETTIOL, W.; GARIBALDI, A.; MIGHELI, Q. Bacillus subtilis for the control of powdery
mildew on cucumber and zucchini squash. Bragantia, v. 56, p. 281-287. 1997.
17
JENKYN, J. F.; BAINBRIDGE, A. Biology and pathology of cereal powdery mildews. In:
SPENCER, D. M. (ed.). The Powdery Milde ws. Academic Press, New York, p. 284-312. 1978.
18
HIJWEGEN, T.; BUCHENAUER, H. Isolation and identification of hyperparasitic fungi
associated with Erysiphaceae. Netherlands Jounal of Plant Pathology, v. 90, p. 79-84. 1984.
25
polífago que parasita desde artrópodos até fungos biotróficos, tais como
ferrugens e o ídios.
Segundo ASKARY20 et al. citados por BETTIOL e STADNIK (2001), o
parasitismo de V. lecanii sobre S. fuliginea envolve os seguintes eventos: 1)
contato e firme fixação por meio de uma matriz mucilaginosa do antagonista ao
hospedeiro; 2) pressão mecânica e produção de enzimas degradadoras da
parede celular, tais como quitinases; 3) penetração e ativo crescimento do
antagonista no interior das hifas do hospedeiro; 4) digestão dos tecidos dos
hospedeiros e liberação do antagonista de células mortas de S. fuliginea. V.
lecanii causa inclusive uma maior vacuolização, distorção e necrotização dos
haustórios os quais se encontram no interior da planta.
Para a maioria dos antagonistas estudados até o momento, a exigência
de alta umidade relativa tem sido o principal fator limitante para o sucesso
deste método de controle. Assim, quando as condições ambientais são ideais
para o desenvolvimento do oídio (baixa umidade do ar), não o são para o
crescimento do antagonista. Por isto, o uso de bioagentes parece estar
atualmente restrito ao cultivo protegido, onde as condições ambientes
favoráveis para o desenvolvimento destes agentes são mais freqüentemente
encontradas (BETTIOL e STADNIK, 2001).
No mercado internacional, existem vários produtos comerciais para
controle biológico de doenças, os quais ainda não estão disponíveis no Brasil
(MAFFIA e MIZUBUTI, 2005).
Segundo BETTIOL 21 citado por MAFFIA e MIZUBUTI (2005), uma
aplicação do antagonista fica aproximadamente cinco vezes mais barata que a
de fungicidas.
19
BÉLANGER, R. R.; DIK, A. J.; MENZIES, J. G. Powdery mildews: Recent advances toward
integrated control. In: BOLAND, G. J.; KUYKENDALL, L. D. (eds.). Plant Microbe Interactions
in Biological Control. Marcel Dekker, New York, p. 89-109. 1998.
20
ASKARY, H.; BENHAMOU, N.; BRODEUR, J. Ultrastructural and cytochemical investigations
of the antagonistic effect of Verticillium lecanii on cucumber powdery mildew. Phytopathology,
v. 87, p. 359-368. 1997.
21
BETTIOL, W.; Controle biológico de doenças. Ação Amb. v. 2, p. 13-15, 1999.
26
3 MATERIAL E MÉTODOS
Os trabalhos foram realizados entre março de 2004 a janeiro de 2006 no
Laboratório de Fitopatologia, viveiro e casa-de-vegetação da Embrapa
Florestas, localizados em Colombo, PR.
3.1 OBTENÇÃO DE MATERIAL VEGETAL
Como plantas hospedeiras foram utilizadas mudas de E. dunnii nos
experimentos com B. cinerea e E. benthamii com Oidium sp., por serem
espécies suscetíveis a estas doenças. Para a obtenção de mudas, foi realizada
a semeadura manual de sementes das duas espécies em tubetes. Foi utilizado
um substrato comercial à base de casca de pínus (Plant Max), adubado com
800 g de NPK 8-28-16 + 400 g de super fosfato simples, para 100 Kg de
substrato. Após a formação do segundo par de folhas, foi feito o desbaste,
deixando-se a plântula mais vigorosa em cada tubete. A partir deste estádio, as
mudas foram consideradas aptas para o início dos ensaios, em casa-devegetação.
3.2 OBTENÇÃO DE INÓCULO DE Botrytis cinerea
O isolado utilizado nos experimentos foi obtido a partir de mudas de
eucaliptos doentes, coletadas no viveiro da Embrapa Florestas. Fez-se um
isolamento direto de esporos para meio BDA. Após ter sido purificado, o
patógeno foi multiplicado em meio AVDA (farinha de aveia, 20 g; dextrose, 20
g; ágar, 15 g; água destilada q.s.p. 1000 mL). A partir de uma colônia de B.
cinerea purificada, foram obtidos seis isolados monospóricos, que foram
preservados
pelo
método
de
Castellani
(FIGUEIREDO,
1967).
Nos
experimentos foi selecionado e usado o isolado B4 por apresentar um bom
crescimento e esporulação in vitro.
3.3 OBTENÇÃO DE INÓCULO DE Oidium sp.
Como este patógeno é um parasita obrigatório, o inóculo foi obtido de
mudas contaminadas e mantido em tecidos vivos em casa-de-vegetação,
através da reposição com mudas sadias e retirada das mudas passadas.
27
3.4 MÉTODO DE INOCULAÇÃO DOS PATÓGENOS
Em função das particularidades de cada doença foram realizados dois
métodos de inoculação.
3.4.1 Método de inoculação de Botrytis cinerea
O método utilizado foi descrito por GRIGOLETTI JR., BIZI e AUER
(2005). Este método preconiza a produção de perfurações na folha com uma
única aplicação de um prendedor de roupa acoplado com quatro agulhas
(FIGURAS 1B e 1C), no segundo ou terceiro par de folhas das mudas de
eucalipto . A partir de uma suspensão de 106 conídios/mL de B. cinerea
contendo o agente dispersor “Tween 80” (1%) foi realizada a inoculação
colocando-se uma gota com uma micropipeta (FIGURA 1D) com cerca de 7,5
µL da suspensão sobre as perfurações.
3.4.2 Método de inoculação de Oidium sp.
O método de inoculação empregado foi modificado de BETTIOL e
ASTIARRAGA (1998). Mudas tratadas foram intercaladas com as mudas
infectadas para serem inoculadas naturalmente. Os experimentos foram
instalados em uma célula da casa-de-vegetação denominada de “oidiotron”
(FIGURA 1F).
28
A
D
B
E
C
F
FIGURA 1: APLICAÇÃO DO TRATAMENTO (A); PERFURAÇÃO REALIZADA
COM PRENDEDOR (B); DETALHE DA PERFURAÇÃO (C);
INOCULAÇÃO DE B. cinerea COM PIPETA (D); CÂMARA ÚMIDA
(E); VISTA PARCIAL DO “OIDIOTRON” (F). (Fotos: Albino
Grigoletti Júnior, 2005).
29
3.5 METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO
A avaliação consistiu da quantificação da severidade da doença, que foi
determinada por meio de escalas específicas para B. cinerea e Oidium sp.
3.5.1 Escala de notas para avaliação da severidade do mofo-cinzento em
Eucalyptus dunnii
Após uma série de testes preliminares onde foi acompanhada a
evolução dos sintomas a partir das lesões na folha (FIGURA 2), a escala para
avaliação ficou assim determinada:
0 → Ausência de sintomas
1 → Infecção leve (lesão restrita ao ferimento, sem coalescência)
2 → Infecção média (lesões coalescentes na folha, sem atingir o caule)
3 → Infecção severa (lesões coalescentes na folha, até atingir o caule)
4 → Infecção muito severa (evolução da doença até a ponteira da muda)
3.5.2 Escala de notas para avaliação da severidade de oídio em Eucalyptus
benthamii
Foi utilizada a escala de avaliação da severidade do oídio proposta por
(PAZ LIMA, LOPES e CAFÉ FILHO, 2004), modificada para a infecção em
eucalipto (FIGURA 3). Esta escala de notas ficou assim determinada:
0 → Ausência de sintomas
1 → Infecção leve (presença do fungo nas folhas, sem esporulação)
2 → Infecção média (esporulação sobre menos de 50 % da muda)
3 → Infecção severa (esporulação sobre mais de 50 % da muda)
4 → Infecção muito severa (cobertura total da muda; deformação da folha;
necrose; enrolamento do primeiro par de folhas; queda das folhas)
30
A
B
C
E
D
FIGURA 2: ESCALA DE AVALIAÇÃO DOS SINTOMAS DO MOFO-CINZENTO
EM E. dunnii: AUSÊNCIA DE SINTOMAS (A); INFECÇÃO LEVE
(B); INFECÇÃO MÉDIA (C); INFECÇÃO SEVERA (D); INFECÇÃO
MUITO SEVERA (E). (Fotos: Albino Grigoletti Júnior, 2005).
A
B
C
D
E
FIGURA 3: ESCALA DE AVALIAÇÃO DOS SINTOMAS DE OÍDIO EM E.
benthamii: AUSÊNCIA DE SINTOMAS (A); INFECÇÃO LEVE (B);
INFECÇÃO MÉDIA (C); INFECÇÃO SEVERA (D); INFECÇÃO
MUITO SEVERA (E). (Fotos: Albino Grigoletti Júnior, 2005).
31
3.6 EXPERIMENTOS PRELIMINARES
Foram testados grupos de: 1) fungicidas; 2) produtos químicos não
fungicidas; 3) óleos essenciais; 4) extratos de plantas; 5) leite e derivados e 6)
microrganismos, para a escolha dos mais eficientes (com menor valor de
severidade). As principais etapas da metodologia podem ser observadas na
FIGURA 1.
Todos os produtos foram aplicados usando-se um pulverizador manual,
tipo aspersor de perfume (FIGURA 1A). Nas suspensões onde foram utilizados
microrganismos, foi adicionado um espalhante adesivo a base polisorbato a 1%
e nos demais produtos usou-se um espalhante a base de polioxietino na
mesma concentração, ambos com a função de quebrar a tensão superficial da
água, melhorar o molhamento da folha e auxiliar na dispersão de conídios.
Após 24 horas da primeira aplicação, as mudas foram inoculadas, sendo
depois mantidas em casa-de-vegetação. As mudas dos experimentos que
visavam o controle do mofo-cinzento foram mantidas em câmara úmida
(FIGURA 1E) durante todo o perío do de avaliação, já as que visavam o
controle do oídio foram intercaladas com as doentes no “oidiotron” (FIGURA
1F). Para eliminar um possível efeito de local, a cada dois dias cada caixa era
transferida de lugar, de modo que ao final do experimento todas tivessem
passado pelos mesmos locais neste ambiente contaminado.
As concentrações das suspensões e das soluções foram definidas
através das indicações apresentadas pela literatura. A freqüência das
aplicações, as avaliações e as durações dos ensaios foram baseadas no
desenvolvimento das doenças. Os experimentos foram encerrados quando a
testemunha ou alguns tratamentos apresentou o maior valor de severidade das
doenças.
3.6.1 Experimentos visando o controle do mofo-cinzento
Nos primeiros experimentos com B. cinerea foram utilizadas 30 plantas
por tratamento, nos grupos de fungicidas e extratos de plantas, e 20 mudas por
tratamento nos demais grupos, esta redução foi devido à dificuldade na
obtenção de mudas sadias. Todos os produtos foram aplicados com
pulverizador e após 24 horas foram inoculados com o patógeno, como descrito
no item 3.4.1. Em seguida, as mudas foram mantidas em câmara úmida até a
32
avaliação final. Em todos os experimentos foi utilizada a escala de avaliação
descrita em 3.5.1.
Os produtos e doses testados nos grupos de fungicidas, produtos
químicos não fungicidas, óleos essenciais, extratos de plantas, leite e
derivados e microrganismos, visando o controle do mofo -cinzento em mudas
de Eucalyptus dunnii são apresentados nas TABELAS 1 a 6.
TABELA 1 - FUNGIC IDAS TESTADOS PARA O CONTROLE DO MOFOCINZENTO CAUSADO POR Botrytis cinerea EM MUDAS DE
Eucalyptus dunnii
Dose utilizada do produto
Nome técnico
Formulação
comercial (por Litro de H2 O)
Chlorothalonil
PM
2g
Iprodione
SC
2 mL
Mancozeb
PM
3g
700 PM
0,7 g
SC
2 mL
Captan
500 PM
2,4 g
Prochloraz
450 CE
1 mL
EC
0,5 mL
Tiofanato metílico
Pyrimethanil
Difenoconazol
Testemunha
ADE *
ADE = Água Destilada Esterilizada
Os fungicidas foram adquiridos em casas especializadas e foram
selecionados por serem específicos para o controle do mofo-cinzento. Os
fungicidas de contato (chlorothalonil, mancozeb, prochloraz, iprodione,
pyrimethanil e captan) foram aplicados três vezes, a cada sete dias e os
sistêmicos duas vezes, a cada 15 dias. Foram feitas três avaliações aos 6, 13 e
20 dias após a inoculação.
33
TABELA 2 – PRODUTOS QUÍMICOS NÃO FUNGICIDAS TESTADOS PARA O
CONTROLE DO MOFO-CINZENTO CAUSADO POR Botrytis
cinerea EM MUDAS DE Eucalyptus dunnii
Tratamento
Dose utilizada (por 200 mL de H2O)
Metabissulfito de sódio
0,4 g
Fosfito de potássio
0,6 mL
Carbonato de cálcio
2g
Fosfito de cobre
0,2 mL
Tanino
0,8 g
Testemunha
ADE *
* ADE = Água Destilada Esterilizada
A seleção destes produtos comerciais baseou-se em indicações para
outras culturas, obtidas na literatura (CARVALHO et al., 2002; BETTIOL 22). Os
produtos foram diluídos em água e em seguida aplicados.
As aplicações dos produtos químicos não fungicidas foram feitas a cada
sete dias. Foram feitas cinco avaliações aos 3, 6, 9, 13 e 20 dias após a
inoculação do fungo.
TABELA 3 – ÓLEOS ESSENCIAIS TESTADOS PARA O CONTROLE DO
MOFO-CINZENTO CAUSADO POR Botrytis cinerea EM
MUDAS DE Eucalyptus dunnii
Tratamento
Dose utilizada (por 30 mL de H2O)
Óleo de Corymbia citriodora
0,3 mL
Óleo de Eucalyptus globulus
0,3 mL
Óleo de Pinus spp.
0,3 mL
Testemunha
ADE *
* ADE = Água Destilada Esterilizada
A partir das concentrações a 1%, as suspensões de óleos essenciais
foram aplicadas em 20 mudas de E. dunnii, por tratamento. Foram feitas três
aplicações das suspensões a cada sete dias a partir da montagem do
experimento e quatro avaliações aos 5, 9, 13 e 16 dias após a inoculação do
patógeno. Os óleos essencias testados são produtos comerciais e foram
adquiridos em supermercados.
22
Bettiol, W. Entrevista concedida a Albino Grigoletti Júnior. Jaguariúna/SP. Setembro/2004.
34
TABELA 4 – EXTRATOS BRUTOS DE PLANTAS MEDICINAIS TESTADOS
PARA O CONTROLE DO MOFO-CINZENTO CAUSADO POR
Botrytis cinerea EM MUDAS DE Eucalyptus dunnii
Nome comum
Nome científico
Dose utilizada (por litro de H2O)
Alfavaca
Ocimum gratissimum
100 g folha
Ocimum basilicum
100 g folha
Ginkgo
Ginkgo biloba
100 g folha
Hortelã
Mentha x villosa
100 g folha
Eucalipto
Eucalyptus globulus
100 g folha
Eucalipto
Corymbia citriodora
100 g folha
Manjericão
Testemunha
ADE *
* ADE = Água Destilada Esterilizada
Foram coletadas partes jovens (folhas e brotações) das plantas sadias
citadas na TABELA 4, após, foram selecionadas e pesadas 100 g destas folhas
frescas. Após a pesagem, as folhas foram trituradas com 1 L de água destilada
esterilizada (ADE) durante 3 minutos, depois de peneiradas para obtenção dos
extratos brutos foram mantidas em geladeira. Cada um dos extratos foi
pulverizado em 30 mudas de E. dunnii. Foram feitas três aplicações dos
extratos a cada sete dias e quatro avaliações aos 4, 6, 11 e 18 dias após a
inoculação.
As folhas utilizadas para a preparação dos extratos de alfavaca e
manjericão foram procedentes do município de Balsa Nova/PR e ginkgo,
hortelã e as espécies de eucalipto do município de Colombo/PR.
TABELA 5 – LEITE E DERIVADOS TESTADOS PARA O CONTROLE DO
MOFO-CINZENTO CAUSADO POR Botrytis cinerea EM
MUDAS DE Eucalyptus dunnii
Tratamento
Concentração utilizada (%)
Leite de vaca
20%
Leite fermentado com lactobacilos
10%
Coalhada
10%
Iogurte
10%
Testemunha
* ADE = Água Destilada Esterilizada
ADE *
35
Para cada aplicação semanal, o leite fresco de vaca foi adquirido
diretamente de uma propriedade rural, localizada no município de Colombo/PR.
O iogurte natural, a coalhada natural e o leite fermentado com lactobacilos são
produtos comerciais que foram adquiridos em supermercados. Todos os
tratamentos foram diluídos em água e preparados no dia das aplicações,
conforme as concentrações citadas na TABELA 5. Foram suficientes
aproximadamente 15 mL dos produtos para pulverizar 20 mudas de E. dunnii.
Foram feitas três aplicações do leite e derivados a cada sete dias e
quatro avaliações aos 4, 8, 12 e 15 dias após a inoculação.
TABELA 6 – MICRORGANISMOS TESTADOS PARA O CONTROLE DO
MOFO-CINZENTO CAUSADO POR Botrytis cinerea EM
MUDAS DE Eucalyptus dunnii
Microrganismo
Tipo
Código Concentração (ufc/mL)
Saccharomyces cerevisiae
Fungo
SC
≅ 107
Lecanicillium sp.
Fungo
VL
≅ 107
Clonostachys rosea
Fungo
GFO4
≅ 107
Bactéria
AP-49
≅ 107
Fungo
T-15
≅ 107
Bacillus subtilis
Trichoderma viride
Testemunha
ADE *
* ADE = Água Destilada Esterilizada
Os isolados são das seguintes localidades: VL (Arapoti/PR); AP-49
(Campinas/SP); T-15 e GFO4 (Bento Gonçalves/RS) e SC (fermento biológico
fresco – Itaiquara®).
Clonostachys rosea e T. viride foram conservados pelo método
Castellani, B. subtilis e Lecanicillium sp. foram mantidos através de repicagens
sucessivas em meio BDA. O fermento biológico (S. cerevisiae) foi diluído em
água no dia das aplicações.
Antes da pulverização dos microrganismos nas mudas de eucalipto foi
realizada a contagem da suspensão de células através da câmara de
Neubauer, e em seguida foi feito o ajuste da suspensão para ≅ 107 ufc/mL.
Depois de ajustadas, foram pulverizadas em 20 mudas de E. dunnii por
tratamento.
36
Foram feitas quatro aplicações dos microrganismos aos 1, 4, 8 e 15 dias
e cinco avaliações aos 3, 6, 9, 13 e 17 dias após a inoculação.
3.6.2 Experimentos visando o controle do oídio
Nos experimentos de Oidium sp. foram utilizadas 30 plantas por
tratamento, nos grupos de fungicidas e extratos de plantas, e 20 mudas por
tratamento nos demais grupos, esta redução foi devido à dificuldade na
obtenção de mudas sadias. Todos os produtos foram aplicados com
pulverizador e após 24 horas foram colocados no “Oidiotron”, para a inoculação
natural, como descrito no item 3.4.2. Em seguida, as mudas foram mantidas
em casa-de-vegetação até a avaliação final. Em todos os experimentos foi
utilizada a escala de avaliação descrita em 3.5.2.
Os fungicidas e produtos químicos não fungicidas testados para o
controle do oídio em mudas de E. benthamii estão apresentados na TABELA 7
e 8.
TABELA 7 – FUNGICIDAS TESTADOS PARA O CONTROLE DE OÍDIO EM
MUDAS DE Eucalyptus benthamii
Dose utilizada do produto
Nome técnico
Formulação
comercial (por Litro de H2 O)
Chlorothalonil
PM
2g
120 CE
0,5 ml
DF
3g
Tebuconazole
200 CE
1 ml
Trifloxistrobin/Propiconazol
250 EC
0,6 ml
Benzothiadiazoles
500 WG
1g
Suspo/Emulsão
1 ml
CE
1 ml
Fenarimol
Enxofre
Piraclostrobina/Epoxiconazol
Triadimenol
Testemunha
ADE *
* ADE = Água Destilada Esterilizada
O preparo dos produtos visando o controle de oídio foram os mesmos
descritos para o controle de B. cinerea, somente o método de inoculação foi
diferente.
37
Foram realizadas cinco aplicações dos fungicidas aos 1, 9, 16, 23 e 30
dias e cinco avaliações a cada sete dias a partir da entrada das mudas tratadas
na casa-de-vegetação, para a inoculação natural.
TABELA 8 – PRODUTOS QUÍMICOS NÃO FUNGICIDAS TESTADOS PARA O
CONTROLE DE OÍDIO EM MUDAS DE Eucalyptus benthamii
Tratamento
Dose utilizada (por 200 mL de H2O)
Metabissulfito de sódio
0,4 g
Fosfito de potássio
0,6 mL
Fosfito de cobre
0,2 mL
Carbonato de cálcio
2g
Tanino
2g
Ácido acético
Bicarbonato de sódio
1,2 mL
0,4 g
Ácido bórico
1g
Ácido ascórbico
1g
Permanganato de potássio
0,15 g
Testemunha
ADE *
* ADE = Água Destilada Esterilizada
Foram realizadas cinco aplicações dos produtos químicos não fungicidas
a cada sete dias a partir da instalação do experimento e cinco avaliações a
cada sete dias a partir da entrada das mudas tratadas na casa-de-vegetação
para a inoculação natural.
Os óleos essenciais, extratos de plantas, leite e derivados e
microrganismos testados, visando o controle de oídio, são os mesmos produtos
e concentrações utilizadas para o controle do mofo -cinzento, conforme pode
ser observado anteriormente nas TABELAS 3 a 6.
Foram feitas cinco aplicações das suspensões de óleos essenciais aos
1, 7, 14, 21 e 28 dias (uma vez por semana) e cinco avaliações a cada sete
dias após a inoculação natural. Foram suficientes aproximadamente 15 mL
destes produtos para pulverizar as 20 mudas de E. benthamii.
38
Cada um dos extratos de plantas foi pulverizado em 30 mudas de E.
benthamii. Foram feitas cinco aplicações a cada sete dias e cinco avaliações
aos 6, 13, 20, 27 e 34 dias após a inoculação natural, quando os sintomas
foram avaliados.
Utilizou-se
a
mesma
metodologia
descrita
anteriormente
para
preparação de leite e derivados para o controle de B. cinerea, para esse
experimento . Foram feitas cinco aplicações destes tratamentos aos 1, 7, 14, 21
e 28 dias e cinco avaliações a cada sete dias, após a inoculação.
Após o ajuste das concentrações para ≅ 107 ufc/mL, os microrganismos
foram aplicados em 20 mudas de E. benthamii, por tratamento. Foram feitas
seis aplicações dos microrganismos aos 1, 4, 8, 15, 21 e 28 dias e cinco
avaliações a cada sete dias.
3.7 COMPETIÇÃO ENTRE OS TRATAMENTOS COM MENORES VALORES
DE SEVERIDADE DE CADA GRUPO TESTADO
Depois de selecionado um tratamento eficiente de cada grupo, foram
realizados dois experimentos finais para determinar o melhor produto para o
controle do mofo -cinzento e do oídio, testando estes tratamentos, de diferentes
grupos, entre si. Foram utilizadas as mesmas metodologias de instalação,
condução e ava liação dos experimentos anteriores. Em cada um dos
experimentos finais foi utilizado um tratamento testemunha, como parâmetro de
ausência de controle, onde foi pulverizada água destilada, e um tratamento
com o fungicida mais eficiente para ser utilizado como parâmetro de controle
absoluto da doença.
3.8 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Os dados de severidade da doença de cada experimento foram
analisados segundo os Modelos Lineares Generalizados, em delineamento
inteiramente casualizado, tanto nos experimentos preliminares como nos finais.
Para selecionar os melhores tratamentos as médias foram comparadas pelo
teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Nos experimentos
preliminares foram utilizadas 30 e 20 plantas por tratamento. Para dar uma
39
maior precisão aos resultados foram utilizadas 40 mudas por tratamento nos
experimentos finais, cada planta correspondendo a uma parcela.
A percentagem de controle das doenças foi obtida pela fórmula:
% DOENÇA = (SEV. TEST. – SEV. TRAT. / SEV. TEST.) x 100;
SEV TEST = Severidade da testemunha
SEV TRAT = Severidade do tratamento
40
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 EXPERIMENTOS PRELIMINARES / MOFO-CINZENTO
A seguir são apresentados os resultados obtidos nos experimentos
preliminares de controle do mofo -cinzento, para a escolha de um tratamento
eficiente de cada grupo testado baseando-se na menor severidade de doença
em relação à testemunha. As análises de deviance destes experimentos
preliminares estão em ANEXO (ANEXOS 1 a 6).
4.1.1 Fungicidas X Mofo-Cinzento
Todos os fungicidas testados apresentaram valores de severidade
significativamente inferiores ao da testemunha (TABELA 9). Iprodione e
tiofanato metílico apresentaram os menores valores de severidade da doença,
0,60 e 0,48, controlando 71,56% e 77,25% do mofo-cinzento, respectivamente,
não diferindo entre si estatisticamente (FIGURA 4A).
TABELA 9 – SEVERIDADE DO MOFO-CINZENTO EM MUDAS DE Eucalyptus
dunnii TRATADAS COM FUNGICIDAS, APÓS 20 DIAS DA
INOCULAÇÃO COM Botrytis cinerea. COLOMBO/PR, 2005
Tratamentos
Severidade da doença *
Testemunha
2,11 a
Mancozeb
1,70 b
Chlorothalo nil
1,15 c
Pyrimethanil
1,13 c
Captan
0,90 d
Prochloraz
0,73 de
Difenoconazol
0,73 de
Iprodione
0,60 ef
Tiofanato metílico
0,48 f
* Severidade da doença avaliada pela escala de notas de 0 a 4, onde 0 = ausência de
sintomas; 1 = infecção leve; 2 = infecção média; 3 = infecção severa; 4 = infecção muito
severa. Média de 30 repetições. Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo
teste de Tukey a 5 % de significância.
É importante salientar que estes resultados foram obtidos através de
testes realizados em casa-de-vegetação, por este motivo não houve diferença
41
entre o fungicida de contato (iprodione) e o sistêmico (tiofanato metílico)
relacionado às intempéries que podem ocorrer no campo.
Em função do menor valor de severidade, selecionou-se tiofanato
metílico como parâmetro de controle da doença, para o experimento final.
4.1.2 Produtos químicos não fungicidas X Mofo-Cinzento
Observando-se a TABELA 10, verifica-se que o fosfito de cobre e o
tanino apresentaram os menores valores de severidade da doença, 2,05 e
1,98, respectivamente. Apesar de não ter ocorrido diferenças estatísticas entre
eles, pode-se observar na FIGURA 4B que o tanino reduziu o progresso da
doença ao longo do tempo, controlando 24,14% da doença.
O carbonato de cálcio e o fosfito de potássio diferiram entre si, porém
não diferiram estatisticamente da testemunha (2,61).
Devido ao menor valor de severidade da doença apresentado, tanino foi
selecionado para o experimento final.
TABELA 10 – SEVERIDADE DO MOFO-CINZENTO EM MUDAS DE
Eucalyptus
dunnii
TRATADAS
COM
PRODUTOS
QUÍMICOS NÃO FUNGICIDAS, APÓS 20 DIAS DA
INOCULAÇÃO COM Botrytis cinerea. COLOMBO/PR, 2005.
Tratamentos
Severidade da doença *
Carbonato de cálcio
2,63 a
Testemunha
2,61 ab
Fosfito de potássio
2,38 bc
Metabissulfito de sódio
2,26 cd
Fosfito de cobre
2,05 de
Tanino
1,98 e
* Severidade da doença avaliada pela escala de notas de 0 a 4, onde 0 = ausência de
sintomas; 1 = infecção leve; 2 = infecção média; 3 = infecção severa; 4 = infecção muito
severa. Média de 20 repetições. Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo
teste de Tukey a 5 % de significância .
4.1.3 Óleos essenciais X Mofo -Cinzento
Foram observadas diferenças significativas entre os tratamentos (p-valor
0,0011) (ANEXO 3), entretanto a testemunha apresentou a menor severidade
de doença (2,45), não diferindo estatisticamente do óleo de Corymbia citriodora
42
(2,73) (TABELA 11). O comportamento destes tratamentos pode ser
visualizado na FIGURA 4C.
TABELA 11 – SEVERIDADE DO MOFO-CINZENTO EM MUDAS DE
Eucalyptus dunnii TRATADAS COM ÓLEOS ESSENCIAIS,
APÓS 16 DIAS DA INOCULAÇÃO COM Botrytis cinerea.
COLOMBO/PR, 2005
Tratamentos
Severidade da doença *
Óleo de Eucalyptus globulus
3,22 a
Óleo de Pinus spp.
2,90 ab
Óleo de Corymbia citriodora
2,73 bc
Testemunha
2,45 c
* Severidade da doença avaliada pela escala de notas de 0 a 4, onde 0 = ausência de
sintomas; 1 = infecção leve; 2 = infecção média; 3 = infecção severa; 4 = infecção muito
severa. Média de 20 repetições. Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo
teste de Tukey a 5 % de significância.
Embora os resultados obtidos não terem revelado a eficiência do óleo de
C. citriodora para o controle do mofo-cinzento, ZENI et al. (2004) verificaram o
efeito inibidor, in vitro, deste óleo na concentração de 10% sobre o crescimento
micelial de B. cinerea.
A literatura indica que outros óleos de eucalipto poderiam ser eficientes
contra essa doença. SALGADO et al. (2003) testando óleos essenciais de E.
camaldulensis, E. citriodora (= C. citriodora) e E. urophylla sobre B. cinerea,
concluíram que o óleo de E. urophylla foi o que apresentou maior ação
fungitóxica, apesar desse resultado ter sido obtido através de testes in vitro.
A não eficiência destes tratamentos pode estar relacionada com a
melhor fixação do patógeno nas folhas através dos óleos essenciais ou devido
à presença de alguma substância na formulação destes, que podem favorecer
o desenvolvimento do fungo. Por estes motivos, nenhum óleo essencial foi
selecionado para o experimento final.
4.1.4 Extratos de plantas X Mofo -Cinzento
Extratos de G. biloba e de C. citriodora não diferiram estatisticamente da
testemunha (TABELA 12). Os extratos de E. globulus, O. gratissimum e O.
basilicum controlaram 13,76%, 14,37% e 23,85% da doença, respectivamente .
43
Mentha x villosa foi o extrato que apresentou o menor valor de
severidade da doença (1,54) (FIGURA 4D), o que representa 52,91% de
controle. Devido a estes resultados, este tratamento foi selecionado para o
experimento final.
TABELA 12 – SEVERIDADE DO MOFO-CINZENTO EM MUDAS DE
Eucalyptus dunnii TRATADAS COM EXTRATOS DE
PLANTAS, APÓS 18 DIAS DA INOCULAÇÃO COM Botrytis
cinerea. COLOMBO/PR, 2005
Tratamentos
Severidade da doença *
Ginkgo biloba
3,58 a
Testemunha
3,27 ab
Corymbia citriodora
2,84 bc
Eucalyptus globulus
2,82 c
Ocimum gratissimum
2,80 c
Ocimum basilicum
2,49 c
Mentha x villosa
1,54 d
* Severidade da doença avaliada pela escala de notas de 0 a 4, onde 0 = ausência de
sintomas; 1 = infecção leve; 2 = infecção média; 3 = infecção severa; 4 = infecção muito
severa. Média de 30 repetições. Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo
teste de Tukey a 5 % de significância.
4.1.5 Leite e derivados X Mofo-Cinzento
A testemunha apresentou o menor valor médio de doença (2,58) não
diferindo estatisticamente do leite de vaca (2,84) (TABELA 13 e FIGURA 4E).
Não há relatos na literatura do efeito dos produtos a base de leite e
derivados
para
o
controle
do
mofo-cinzento,
estes
são
indicados
especificamente contra o oídio (BETTIOL, 2003; SANTOS, FURTADO e SILVA,
2003). Entretanto, neste trabalho eles foram testados para verificar uma
possível ação sobre o mofo-cinzento.
A eficiência destes tratamentos não foi verificada no controle deste
patógeno, devido a estes produtos deixarem sobre as folhas resíduos
orgânicos e sendo B. cinerea um patógeno necrotrófico, este fungo estaria
utilizando estes resíduos como substrato e potencializando a infecção. Assim,
nenhum produto deste grupo foi selecionado para o experimento final.
44
TABELA 13 – SEVERIDADE DO MOFO-CINZENTO EM MUDAS DE
Eucalyptus dunnii TRATADAS COM LEITE E DERIVADOS,
APÓS 15 DIAS DA INOCULAÇÃO COM Botrytis cinerea.
COLOMBO/PR, 2005
Tratamentos
Médias *
Coalhada
3,48 a
Iogurte
3,48 a
Leite fermentado com lactobacilos
3,45 a
Leite de vaca
2,84 b
Testemunha
2,58 b
* Severidade da doença avaliada pela escala de notas de 0 a 4, onde 0 = ausência de
sintomas; 1 = infecção leve; 2 = infecção média; 3 = infecção severa; 4 = infecção muito
severa. Média de 20 repetições. Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo
teste de Tukey a 5 % de significância.
4.1.6 Microrganismos X Mofo -Cinzento
Conforme a TABELA 14 e FIGURA 4F, pode-se observar que C. rosea
mesmo com o menor valor de severidade da doença (3,25) não diferiu da
testemunha (3,58).
Embora vários destes microrganismos testados estarem relatados como
eficientes no controle do mofo-cinzento em mudas de eucalipto (SANFUENTES
e FERREIRA, 1996; PICCININ e PASCHOLATI, 1995; BONALDO, 2002), estes
resultados não foram confirmados e nenhum microrganismo foi incluído no
experimento final.
As condições na câmara úmida (umidade próxima à saturação)
favoreceram tanto o patógeno quanto o antagonista, porém o patógeno teve
uma ação mais eficiente nessas condições. O progresso da doença pode ter
sido favorecido pelo estresse que a muda sentiu neste ambiente.
45
TABELA 14 – SEVERIDADE DO MOFO-CINZENTO EM MUDAS DE
Eucalyptus dunnii TRATADAS COM MICRORGANISMOS,
APÓS 17 DIAS DA INOCULAÇÃO COM Botrytis cinerea.
COLOMBO/PR, 2005
Tratamentos
Severidade da doença *
Bacillus subtilis
3,63 a
Testemunha
3,58 ab
Trichoderma viride
3,50 ab
Saccharomyces cerevisiae
3,50 ab
Lecanicillium sp.
3,50 ab
Clonostachys rosea
3,25 b
* Severidade da doença avaliada pela escala de notas de 0 a 4, onde 0 = ausência de
sintomas; 1 = infecção leve; 2 = infecção média; 3 = infecção severa; 4 = infecção muito
severa. Média de 20 repetições. Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo
teste de Tukey a 5 % de significância.
A seguir, pode-se visualizar o comportamento da doença ao longo das
avaliações, nos diferentes grupos testados (FIGURA 4).
46
A
B
C
D
E
F
Dias após a inoculação
FIGURA 4 – COMPORTAMENTO DOS PRODUTOS TESTADOS, EM DIFERENTES
GRUPOS, SOBRE A PROGRESSÃO DA SEVERIDADE DO MOFOCINZENTO EM MUDAS DE Eucalyptus dunnii. (A) FUNGICIDAS; (B)
PRODUTOS QUÍMICOS NÃO FUNGICIDAS; (C) ÓLEOS ESSENCIAIS; (D)
EXTRATOS
DE
PLANTAS;
(E)
LEITE
E
DERIVADOS;
(F)
MICRORGANISMOS. SEVERIDADE: 0 – AUSÊNCIA DE SINTOMAS a 4 –
INFECÇÃO MUITO SEVERA.
47
4.2 EXPERIMENTO FINAL / MOFO-CINZENTO
A seguir são apresentados os resultados obtidos no experimento final de
controle do mofo-cinzento, onde foram testados os tratamentos eficientes com
os menores valores médios de severidade da doença entre si. A análise de
deviance deste experimento encontra-se no ANEXO 7.
Pode-se observar que houve diferenças significativas para o efeito de
tratamento (p-valor <0,0001) neste experimento comparativo e todos os
tratamentos diferiram da testemunha (TABELA 15).
O tanino foi o produto alternativo que apresentou o menor valor de
severidade da doença, representando 41,64% de controle em relação à
testemunha (parâmetro de ausência de controle), enquanto que o tiofanato
metílico (parâmetro de controle) apresentou uma leve infecção das mudas e a
menor severidade de doença, atingindo 74,37% de controle.
TABELA 15 – SEVERIDADE DO MOFO-CINZENTO EM MUDAS DE
Eucalyptus dunnii TRATADAS COM OS PRODUTOS
SELECIONADOS EM TESTES PRELIMINARES, APÓS 20
DIAS
DA
INOCULAÇÃO
COM Botrytis
cinerea.
COLOMBO/PR, 2006
Tratamentos
Severidade da doença *
Testemunha
3,94 a
Mentha x villosa
2,68 b
Tanino
2,30 c
Tiofanato metílico
1,01 d
* Severidade da doença avaliada pela escala de notas de 0 a 4, onde 0 = ausência do fungo; 1
= infecção leve; 2 = infecção média; 3 = infecção severa; 4 = infecção muito severa. Média de
40 repetições. Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5
% de significância.
O comportamento da doença no experimento final pode ser visualizado
na FIGURA 5. A testemunha apresentou o maior valor de severidade até o final
do experimento, estabilizando o progresso da doença a partir da 8ª avaliação.
Por outro lado, o tratamento com tiofanato metílico apresentou uma menor
severidade da doença durante todo o experimento. No caso dos produtos
alternativos, o extrato de Mentha x villosa inicialmente induziu uma curva de
progresso da doença menor que o tanino. Porém, a partir da 5ª avaliação
48
houve uma inversão neste comportamento, e o tanino mostrou-se mais
eficiente até o final do experimento.
4
A
Testemunha
Thiophanato metílico
Mentha x villosa
Severidade
3
Tanino
B
C
2
D
1
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Dias após a inoculação
FIGURA 5 – COMPORTAMENTO DOS TRATAMENTOS SELECIONADOS
SOBRE A PROGRESSÃO DA SEVERIDADE DO MOFOCINZENTO EM MUDAS DE Eucalyptus dunnii. SEVERIDADE: 0
– AUSÊNCIA DE SINTOMAS a 4 – INFECÇÃO MUITO
SEVERA.
Existem recomendações do uso de tiofanato metílico para o controle de
B. cinerea em eucalipto e videira (FERREIRA, 1989; VALDEBENITOSANHUEZA, SÔNEGO e MARCANTONI, 1996). Este princípio ativo foi o que
mostrou-se mais eficiente entre os fungicidas testados no controle do mofocinzento em E. dunnii.
O uso de taninos para o controle alternativo de doenças tem sido pouco
estudado. De acordo com ELAD (1992), o ácido tânico testado em uma
concentração de 1,0 mM, controlou o mofo-cinzento do tomateiro. Em outro
trabalho, a utilização de taninos obtidos de acácia-negra reduziu a incidência
da fusariose do abacaxizeiro (CARVALHO et al., 2002). A eficiência antifúngica
do tanino foi observada tanto no ensaio preliminar quanto neste experimento
final, confirmando a eficiência deste produto .
Segundo LORENZI e MATOS (2002), Mentha x villosa apresenta
propriedades anti-sépticas. O efeito antifúngico foi confirmado neste trabalho,
onde verificou-se um controle de 31,98% do mofo-cinzento. Este é o primeiro
relato do uso do extrato desta planta contra o mofo -cinzento em eucalipto.
49
4.3 EXPERIMENTOS PRELIMINARES / OÍDIO
Na seqüência são apresentados os resultados obtidos nos experimentos
preliminares de controle do oídio, para a escolha de um tratamento eficiente de
cada grupo testado, baseando-se na menor severidade de doença em relação
à testemunha. As análises de deviance destes experimentos preliminares estão
em ANEXO (ANEXOS 8 a 13).
4.3.1 Fungicidas X Oídio
Os fungicidas a base de Enxofre, fenarimol, tebuconazole, triadimenol,
trifloxistrobina + propiconazol e piraclostrobina + epoxiconazol mostraram
diferenças significativas em relação à testemunha (2,77). O fungicida a base de
piraclostrobina + epoxiconazol apresentou o menor valor de severidade (0,62),
controlando 77,62% da doença, conforme pode ser observado na TABELA 16.
Os tratamentos com chorothalonil e benzothiadiazoles não diferiram
entre si estatisticamente e mostraram valores de severidade superiores ao da
testemunha (FIGURA 6A).
De
acordo
com
os
resultados,
selecionou-se
piraclostrobina
+
epoxiconazol como parâmetro de controle da doença, para o experimento final.
TABELA 16 – SEVERIDADE DO OÍDIO EM MUDAS DE Eucalyptus benthamii
TRATADAS COM FUNGICIDAS, APÓS 36 DIAS DA
INOCULAÇÃO COM Oidium sp. COLOMBO/PR, 2005
Tratamentos
Severidade da doença *
Chorothalonil
3,23 a
Benzothiadiazoles
3,08 a
Testemunha
2,77 b
Enxofre
2,42 c
Fenarimol
1,92 d
Tebuconazole
1,33 e
Triadimenol
1,24 e
Trifloxistrobina + Propiconazol
0,90 f
Piraclostrobina + Epoxiconazol
0,62 g
* Severidade da doença avaliada pela escala de notas de 0 a 4, onde 0 = ausência do fungo; 1
= infecção leve; 2 = infecção média; 3 = infecção severa; 4 = infecção muito severa. Média de
30 repetições. Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5
% de significância.
50
4.3.2 Produtos químicos não fungicidas X Oídio
Os valores de severidade obtidos com os tratamentos com tanino,
carbonato e metabissulfito foram inferiores à testemunha, porém não diferindo
estatisticamente desta (TABELA 17) e ficando muito próximos (FIGURA 6B).
Apesar da literatura relatar a eficiência destes produtos para o controle
do oídio (BETTIOL, GHINI e MORANDI, 2005; KRUGNER e AUER, 2005; RUIZ
CASTRO, 1965) estes resultados não foram confirmados neste ensaio.
A não eficiência destes produtos pode estar relacionada à sensibilidade
das mudas de E. benthamii a estes produtos químicos não fungicidas, que
apresentaram fitotoxidez quando aplicadas doses recomendadas para o
controle desta doença. Devido a este ocorrido, foram testadas doses mais
baixas até o desaparecimento da fitoxidez nas mudas, tornando os produtos
menos eficientes. Portanto, nenhum produto químico não fungicida foi
selecionado para o experimento final.
TABELA 17 – SEVERIDADE DO OÍDIO EM MUDAS DE Eucalyptus benthamii
TRATADAS COM PRODUTOS QUÍMICOS NÃO FUNGICIDAS,
APÓS 34 DIAS DA INOCULAÇÃO COM Oidium sp.
COLOMBO/PR, 2005
Tratamentos
Severidade da doença *
Fosfito de cobre
3,90 a
Ácido bórico
3,90 a
Fosfito de potássio
3,75 b
Permanganato de potássio
3,50 c
Ácido ascórbico
3,45 c
Ácido acético
3,40 c
Bicarbonato de sódio
3,15 d
Testemunha
3,10 de
Metabissulfito de sódio
3,05 de
Carbonato de cálcio
3,05 de
Tanino
3,00 e
* Severidade da doença avaliada pela escala de notas de 0 a 4, onde 0 = ausência do fungo; 1
= infecção leve; 2 = infecção média; 3 = infecção severa; 4 = infecção muito severa. Média de
20 repetições. Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5
% de significância.
51
4.3.3 Óleos essenciais X Oídio
Devido aos óleos essenciais apresentarem uma grande aplicação
biológica como agentes antimicrobianos, defendendo as plantas de bactérias e
fungos fitopatogênicos, alguns autores utilizam diversos destes produtos no
controle
alternativo
de
doenças
em
plantas
(SCHWAN-ESTRADA,
STANGARLIN E CRUZ, 2000; SILVA et al., 2005), entretanto este potencial
não foi observado nos tratamentos utilizados para controle do oídio em E.
benthamii.
Apesar de terem sido observadas diferenças significativas entre os
tratamentos (p-valor 0,1890), a testemunha apresentou o menor valor médio de
severidade (3,70) e os óleos de Pinus spp., C. citriodora e E. globulus não
diferiram estatisticamente entre si (TABELA 18).
A visualização do comportamento destes tratamentos pode ser
observada na FIGURA 6C.
Portanto, nenhum óleo essencial foi selecionado para ser utilizado no
experimento final. A exemplo do que já foi descrito no item 4.1.3, aqui também
pode ter ocorrido uma melhor fixação do patógeno nas folhas através dos óleos
essenciais ou presença de alguma substância na formulação destes, que pode
favorecer o desenvolvimento do fungo.
TABELA 18 – SEVERIDADE DO OÍDIO EM MUDAS DE Eucalyptus benthamii
TRATADAS COM ÓLEOS ESSENCIAIS, APÓS 34 DIAS DA
INOCULAÇÃO COM Oidium sp. COLOMBO/PR, 2005
Tratamentos
Severidade da doença *
Óleo de Pinus spp.
3,85 a
Óleo de Corymbia citriodora
3,78 ab
Óleo de Eucalyptus globulus
3,75 ab
Testemunha
3,70 b
* Severidade da doença avaliada pela escala de notas de 0 a 4, onde 0 = ausência do fungo; 1
= infecção leve; 2 = infecção média; 3 = infecção severa; 4 = infecção muito severa. Média de
20 repetições. Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5
% de significância.
4.3.4 Ext ratos de plantas X Oídio
De acordo com SCHWAN-ESTRADA, 2002, os extratos brutos obtidos a
partir de O. gratissimum , O. basilicum , E. citriodora, entre outros, tem
52
apresentado potencial no controle de fitopatógenos. Entretanto, estes
resultados não foram confirmados neste ensaio, onde o extrato de O. basilicum
(1,87) não diferiu estatisticamente da testemunha (2,07), conforme pode ser
observado no TABELA 19.
Os demais extratos testados tiveram índices superiores ao da
testemunha (FIGURA 6D). Assim, nenhum extrato de planta foi escolhido para
o experimento final.
Um dos fatores que podem ter contribuído para a não eficiência destes
extratos, neste caso, pode ser devido a estes fornecerem substâncias
nutricionais ao patógeno.
TABELA 19 – SEVERIDADE DO OÍDIO EM MUDAS DE Eucalyptus benthamii
TRATADAS COM EXTRATOS DE PLANTAS, APÓS 34 DIAS
DA INOCULAÇÃO COM Oidium sp. COLOMBO/PR, 2005
Tratamentos
Severidade da doença *
Mentha x villosa
2,76 a
Ginkgo biloba
2,57 a
Eucalyptus globulus
2,23 b
Corymbia citriodora
2,13 b
Ocimum gratissimum
2,10 bc
Testemunha
2,07 bc
Ocimum basilicum
1,87 c
* Severidade da doença avaliada pela escala de notas de 0 a 4, onde 0 = ausência do fungo; 1
= infecção leve; 2 = infecção média; 3 = infecção severa; 4 = infecção muito severa. Média de
30 repetições. Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5
% de significância.
4.3.5 Leite e derivados X Oídio
Todos
os
tratamentos
utilizados
diferiram
estatisticamente
da
testemunha. Leite de vaca (2,10) e iogurte (2,15) não diferiram estatisticamente
entre si e apresentaram os menores valores de severidade em relação à
testemunha (3,75) (TABELA 20). Devido ao menor valor, foi selecionado o leite
de vaca para o experimento final.
O comportamento destes tratamentos pode ser observado na FIGURA
6E.
53
TABELA 20 – SEVERIDADE DO OÍDIO EM MUDAS DE Eucalyptus benthamii
TRATADAS COM LEITE e DERIVADOS, APÓS 34 DIAS DA
INOCULAÇÃO COM Oidium sp. COLOMBO/PR, 2005
Tratamentos
Severidade da doença *
Testemunha
3,75 a
Leite fermentado com lactobacilos
2,55 b
Coalhada
2,35 bc
Iogurte
2,15 cd
Leite de vaca
2,10 d
* Severidade da doença avaliada pela escala de notas de 0 a 4, onde 0 = ausência do fungo; 1
= infecção leve; 2 = infecção média; 3 = infecção severa; 4 = infecção muito severa. Média de
20 repetições. Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5
% de significância.
4.3.6 Microrganismos X Oídio
Os tratamentos com aplicação de B. subtilis, T. viride, C. rosea e S.
cerevisiae não diferiram estatisticamente da testemunha (TABELA 21).
Lecanicillium sp. apresentou o menor valor de severidade, controlando
43,42% da doença e diferindo estatisticamente dos demais tratamentos
(FIGURA 6F). Por esse motivo, este microrganismo foi selecionado para o
experimento final.
TABELA 21 – SEVERIDADE DO OÍDIO EM MUDAS DE Eucalyptus benthamii
TRATADAS COM MICRORGANISMOS, APÓS 34 DIAS DA
INOCULAÇÃO COM Oidium sp. COLOMBO/PR, 2005
Tratamentos
Severidade da doença *
Bacillus subtilis
3,85 a
Trichoderma viride
3,85 a
Clonostachys rosea
3,80 a
Testemunha
3,80 a
Saccharomyces cerevisiae
3,75 a
Lecanicillium sp.
2,15 b
* Severidade da doença avaliada pela escala de notas de 0 a 4, onde 0 = ausência do fungo; 1
= infecção leve; 2 = infecção média; 3 = infecção severa; 4 = infecção muito severa. Média de
20 repetições. Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5
% de significância.
O comportamento da doença ao longo das avaliações, nos diferentes
grupos testados, pode ser visualizado na FIGURA 6 .
54
A
C
B
D
E
F
Dias após a inoculação
FIGURA 6 – COMPORTAMENTO DOS PRODUTOS TESTADOS, EM DIFERENTES
GRUPOS, SOBRE A PROGRESSÃO DA SEVERIDADE DO OÍDIO EM
MUDAS DE Eucalyptus benthamii. (A) FUNGICIDAS; (B) PRODUTOS
QUÍMICOS NÃO FUNGICIDAS; (C) ÓLEOS ESSENCIAIS; (D) EXTRATOS
DE PLANTAS; (E) LEITE E DERIVADOS; (F) MICRORGANISMOS .
SEVERIDADE: 0 – AUSÊNCIA DE SINTOMAS a 4 – INFECÇÃO MUITO
SEVERA.
55
4.4 EXPERIMENTO FINAL / OÍDIO
A seguir são apresentados os resultados obtidos no experimento final de
controle do oídio, onde foram testados os tratamentos com os menores valores
médios de severidade entre si. A análise de deviance deste experimento
encontra-se no ANEXO 14.
Foram observadas diferenças significativas para o efeito de tratamento
(p-valor <0,0001), e todos os tratamentos testados diferiram da testemunha
(TABELA 22).
TABELA 22 – SEVERIDADE DO OÍDIO EM MUDAS DE Eucalyptus benthamii
TRATADAS COM OS PRODUTOS SELECIONADOS EM
TESTES PRELIMINARES, APÓS 27 DIAS DA INOCULAÇÃO
COM Oidium sp. COLOMBO/PR, 2006
Tratamentos
Severidade da doença *
Testemunha
3,83 a
Lecanicillium sp.
2,53 b
Leite de vaca
2,43 b
Piraclostrobina + Epoxiconazol
0,31 c
* Severidade da doença avaliada pela escala de notas de 0 a 4, onde 0 = ausência do fungo; 1
= infecção leve; 2 = infecção média; 3 = infecção severa; 4 = infecção muito severa. Média de
40 repetições. Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5
% de significância.
Os produtos alternativos testados, leite de vaca e Lecanicillum sp.,
apresentaram valores médios de severidade da doença de 2,43 e 2,53,
respectivamente, inferiores à testemunha (parâmetro de ausência de controle),
seguindo piraclostrobina + epoxiconazol (parâmetro de controle) que
apresentou o valor médio de 0,31.
O comportamento da doença segundo os tratamentos pode ser
visualizado na FIGURA 7. A testemunha apresentou o maior valor de
severidade até o final do experimento, entretanto o fungicida a base de
piraclostrobina + epoxiconazol mostrou o menor valor de severidade da doença
e estabilidade, durante todo o experimento. No caso de Lecanicillium sp. houve
uma resposta variável do efeito deste microrganismo sobre a progressão da
severidade do oídio. Para o leite de vaca houve um crescimento uniforme até a
5ª avaliação, estabilizando a progressão da doença a partir da 7ª avaliação.
56
Testemunha
4
A
Piraclostrobina + Epoxiconazol
Lecanicillium sp.
Leite de vaca
Severidade
3
B
2
1
C
0
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
Dias após a inoculação
FIGURA 7 – COMPORTAMENTO DOS TRATAMENTOS SELECIONADOS
SOBRE A PROGRESSÃO DA SEVERIDADE DO OÍDIO EM
MUDAS DE Eucalyptus benthamii. SEVERIDADE: 0 –
AUSÊNCIA DE SINTOMAS a 4 – INFECÇÃO MUITO SEVERA.
Segundo VENANCIO et al., (1999), a alternância entre fungicidas dos
grupos triazol com a estrobilurina, foi eficiente no controle de oídio em cevada.
Estes princípios ativos em conjunto (piraclostrobina + epoxiconazol), também
foram eficientes neste trabalho, controlando 91,91% da doença, quando
utilizados para o controle do oídio em E. benthamii.
Outros trabalhos relatam o controle do oídio em abobrinha, pepino e
eucalipto utilizando o leite de vaca (BETTIOL, 2003; SANTOS, FURTADO e
SILVA, 2003). Este resultado também foi comprovado neste experimento, onde
houve um controle de 36,55% do oídio do eucalipto.
Conforme relatado por ALFENAS et al., (2004), a aplicação de leite em
concentrações entre (5 e 50%) em minicepas de eucalipto pode induzir
fitotoxicidade e favorecer a incidência de fumagina, causada por Cladosporium
spp., prejudicial a planta. Devido à alta infestação do oídio na casa-devegetação onde foram realizados os experimentos deste trabalho, utilizou-se a
concentração de 20% de leite de vaca, onde também foi constatada a presença
de fumagina , principalmente nas últimas avaliações, entretanto sem efeitos
danosos para as mudas.
Muito embora, Lecanicillium sp. seja considerado um fungo indicado
para o controle biológico de insetos, houve ação desse microrganismo sobre o
57
oídio do eucalipto, controlando 33,94% da doença. Segundo BENHAMOU
(2004) este antagonista age como micoparasita.
Pode-se observar que não houve diferenças significativas entre o leite
de vaca e Lecanicillium sp. Porém, as dificuldades na produção de
microrganismos, a necessidade de cultivar o fungo em meio de cultura, as
repicagens e contagens de conídios para a aplicação do bioagente, implica na
escolha do leite de vaca, em função da praticidade de obtenção e preparo
deste produto para a aplicação.
58
5 CONCLUSÕES
Nos testes preliminares para o controle do mofo-cinzento do eucalipto,
verificou-se que os produtos alternativos que promoveram as menores
severidades foram tanino e Mentha x villosa e para o controle do oídio do
eucalipto, as menores severidades foram obtidas com leite de vaca e
Lecanicillium sp.
Os microrganismos antagonistas e o leite de vaca e seus derivados não
foram eficientes no controle do mofo-cinzento.
Produtos químicos não fungicidas e extratos de plantas não foram
eficientes no controle do oídio.
Os óleos essenciais testados não foram eficientes no controle de ambas
as doenças.
No experimento final, os produtos alternativos que apresentaram os
menores valores de severidade das doenças foram: o tanino no controle do
mofo-cinzento, e o leite de vaca e o Lecanicillium sp. no controle do oídio.
59
6 RECOMENDAÇÕES
Muito embora os resultados revelaram a redução da severidade da
doença com alguns produtos utilizados neste trabalho, novas pesquisas
deverão ser realizadas para determinar as melhores doses, épocas e
freqüência de aplicações destes produtos para o controle alternativo do mofocinzento e oídio do eucalipto. A partir dos novos resultados poderão ser
determinados também os tratamentos mais econômicos.
Tais
informações
são
necessárias
para
o
desenvolvimento
de
metodologias e tecnologias alternativas para uso em viveiros comerciais de
eucalipto.
Porém, é importante salientar que devido à baixa eficiência de controle
através dos produtos alternativos em relação ao controle químico, estes
poderão ser incorporados dentro de um manejo integrado, para se ter uma
maior contribuição na redução da doença.
60
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67
ANEXOS
68
Resultados dos experimentos visando o controle do mofo-cinzento:
ANEXO 1 - ANÁLISE DE DEVIANCE, PARA OS ÍNDICES DE DOENÇA DE
Botrytis cinerea EM MUDAS DE Eucalyptus dunnii TRATADAS
COM FUNGICIDAS.
Causa de variação
g.l.
Deviance
Valor F
Valor p
Muda
29
579,91
2,02
0,0009
Tratamento
8
397,64
56,70
<0,0001
Avaliação
2
333,18
80,20
<0,0001
Tratamento X Avaliação
16
320,77
1,93
0,0139
ANEXO 2 - ANÁLISE DE DEVIANCE, PARA OS ÍNDICES DE DOENÇA DE
Botrytis cinerea EM MUDAS DE Eucalyptus dunnii TRATADAS
COM PRODUTOS QUÍMICOS NÃO FUNGICIDAS.
Causa de variação
g.l.
Deviance
Valor F
Valor p
Muda
19
155,84
5,59
<0,0001
Tratamento
5
147,59
14,08
<0,0001
Avaliação
4
65,59
174,92
<0,0001
Tratamento X Avaliação
20
63,49
0,90
0,5881
ANEXO 3 - ANÁLISE DE DEVIANCE, PARA OS ÍNDICES DE DOENÇA DE
Botrytis cinerea EM MUDAS DE Eucalyptus dunnii TRATADAS
COM ÓLEOS ESSENCIAIS.
Causa de variação
g.l.
Deviance
Valor F
Valor p
Muda
19
203,97
2,44
0,0004
Tratamento
3
195,84
5,33
0,0011
Avaliação
3
159,15
24,06
<0,0001
Tratamento X Avaliação
9
158,59
0,12
0,9992
ANEXO 4 - ANÁLISE DE DEVIANCE, PARA OS ÍNDICES DE DOENÇA DE
Botrytis cinerea EM MUDAS DE Eucalyptus dunnii TRATADAS
COM EXTRATOS DE PLANTAS.
Causa de variação
g.l.
Deviance
Valor F
Valor p
Muda
29
588,53
5,65
<0,0001
Tratamento
6
516,97
30,85
<0,0001
Avaliação
3
388,33
110,89
<0,0001
Tratamento X Avaliação
18
385,57
0,40
0,9889
ANEXO 5 - ANÁLISE DE DEVIANCE, PARA OS ÍNDICES DE DOENÇA DE
Botrytis cinerea EM MUDAS DE Eucalyptus dunnii TRATADAS
COM LEITE E DERIVADOS.
Causa de variação
g.l.
Deviance
Valor F
Valor p
Muda
19
61,58
3,33
<0,0001
Tratamento
4
55,49
16,70
<0,0001
Avaliação
3
39,20
59,59
<0,0001
Tratamento X Avaliação
12
38,88
0,29
0,9907
69
ANEXO 6 - ANÁLISE DE DEVIANCE, PARA OS ÍNDICES DE DOENÇA DE
Botrytis cinerea EM MUDAS DE Eucalyptus dunnii TRATADAS
COM MICRORGANISMOS.
Causa de variação
g.l.
Deviance
Valor F
Valor p
Muda
19
374,09
3,02
<0,0001
Tratamento
5
359,29
11,19
<0,0001
Avaliação
4
172,25
176,76
<0,0001
Tratamento X Avaliação
20
162,06
1,93
0,0076
ANEXO 7 - ANÁLISE DE DEVIANCE, PARA OS ÍNDICES DE DOENÇA DE
Botrytis
cinerea EM MUDAS DE Eucalyptus
dunnii.
EXPERIMENTO FINAL
Causa de variação
g.l.
Deviance
Valor F
Valor p
Muda
39
339,03
6,81
<0,0001
Tratamento
3
208,15
604,88
<0,0001
Avaliação
8
127,28
140,15
<0,0001
Tratamento X Avaliação
24
104,99
12,87
<0,0001
Resultados dos experimentos visando o controle do oídio:
ANEXO 8 – ANÁLISE DE DEVIANCE, PARA OS ÍNDICES DE DOENÇA DE
Oidium sp. EM MUDAS DE Eucalyptus benthamii TRATADAS
COM FUNGICIDAS.
Causa de variação
g.l.
Deviance
Valor F
Valor p
Muda
29
1585,13
2,88
<0,0001
Tratamento
8
1053,48
112,03
<0,0001
Avaliação
4
975,62
32,81
<0,0001
Tratamento X Avaliação
32
938,91
1,93
0,0012
ANEXO 9 - ANÁLISE DE DEVIANCE, PARA OS ÍNDICES DE DOENÇA DE
Oidium sp. EM MUDAS DE Eucalyptus benthamii TRATADAS
COM PRODUTOS QUÍMICOS NÃO FUNGICIDAS.
Causa de variação
g.l.
Deviance
Valor F
Valor p
Muda
19
150,50
2,87
<0,0001
Tratamento
10
141,14
14,18
<0,0001
Avaliação
4
89,30
196,37
<0,0001
Tratamento X Avaliação
40
81,20
3,07
<0,0001
ANEXO 10 - ANÁLISE DE DEVIANCE, PARA OS ÍNDICES DE DOENÇA DE
Oidium sp. EM MUDAS DE Eucalyptus benthamii TRATADAS
COM ÓLEOS ESSENCIAIS.
Causa de variação
g.l.
Deviance
Valor F
Valor p
Muda
19
84,18
1,33
0,1494
Tratamento
3
83,83
1,59
0,1890
Avaliação
4
34,48
169,10
<0,0001
Tratamento X Avaliação
12
33,77
0,81
0,6354
70
ANEXO 11 - ANÁLISE DE DEVIANCE, PARA OS ÍNDICES DE DOENÇA DE
Oidium sp. EM MUDAS DE Eucalyptus benthamii TRATADAS
COM EXTRATOS DE PLANTAS.
Causa de variação
g.l.
Deviance
Valor F
Valor p
Muda
29
896,03
2,74
<0,0001
Tratamento
6
861,62
10,28
<0,0001
Avaliação
4
789,56
32,29
<0,0001
Tratamento X Avaliação
24
782,64
0,52
0,9749
ANEXO 12 - ANÁLISE DE DEVIANCE, PARA OS ÍNDICES DE DOENÇA DE
Oidium sp. EM MUDAS DE Eucalyptus benthamii TRATADAS
COM LEITE E DERIVADOS.
Causa de variação
g.l.
Deviance
Valor F
Valor p
Muda
19
443,79
1,29
0,1741
Tratamento
4
391,61
39,61
<0,0001
Avaliação
4
202,11
143,83
<0,0001
Tratamento X Avaliação
16
172,87
5,55
<0,0001
ANEXO 13 - ANÁLISE DE DEVIANCE, PARA OS ÍNDICES DE DOENÇA DE
Oidium sp. EM MUDAS DE Eucalyptus benthamii TRATADAS
COM MICRORGANISMOS.
Causa de variação
g.l.
Deviance
Valor F
Valor p
Muda
19
696,87
0,36
0,9946
Tratamento
5
627,30
40,45
<0,0001
Avaliação
4
171,68
330,95
<0,0001
Tratamento X Avaliação
20
154,97
2,43
0,0004
ANEXO 14 - ANÁLISE DE DEVIANCE, PARA OS ÍNDICES DE DOENÇA DE
Oidium
sp. EM MUDAS DE Eucalyptus benthamii.
EXPERIMENTO FINAL
Causa de variação
g.l.
Deviance
Valor F
Valor p
Muda
39
1910,14
2,52
<0,0001
Tratamento
3
1140,31
675,33
<0,0001
Avaliação
7
528,32
230,08
<0,0001
Tratamento X Avaliação
21
503,65
3,09
<0,0001
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