XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente.
São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.
ANÁLISE DE IMPACTO AMBIENTAL
DA CONFECÇÃO DE FIBRAS DE
BANANEIRA
Amanda Souza Oliveira Pimentel (UDESC)
[email protected]
Daniela Becker (UDESC)
[email protected]
Régis Kovacs Scalice (UDESC)
[email protected]
A fim de avaliar o impacto ambiental causado pela fabricação de fibra
a partir do pseudo-caule da bananeira realizou-se sua análise
emergética. A análise emergética é um método de contabilidade
ambiental baseado na memória de energia em um determinado
sistema. Para tanto são realizados o levantamento de entradas e saídas
do processo, construção de diagrama emergético, valoração de etapas
do processo em termos de emergia, finalizando com o cálculo e análise
dos índices de impacto. Os resultados para o caso estudado apontaram
um alto rendimento emergético e altos índices de sustentabilidade para
o processo em estudo, demonstrando um baixo impacto ambiental do
processo.
Palavras-chaves: Análise emergética, Contabilidade ambiental, Fibra
de bananeira
1.
2. Introdução
Segundo dados obtidos junto à EPAGRI (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão
Rural de Santa Catarina) em 2008, em Santa Catarina a bananicultura já é a principal cultura
frutífera em área cultivada no Estado, com cerca de 25 mil produtores rurais explorando a
atividade, tanto como componente de renda, quanto como agricultura de subsistência. Ainda
segundo a EPAGRI, em cerca de 5 mil estabelecimentos agrícolas catarinenses a
bananicultura é a principal fonte de renda, sendo desenvolvida predominantemente por
unidades familiares em áreas inferiores a 10ha. Neste contexto, a bananicultura é tida como de
grande importância social para Santa Catarina.
O estado é um dos maiores produtores nacionais de banana, tendo produzido em 2002 mais de
600 mil toneladas, com um rendimento médio superior a 20 mil kg/ha., correspondendo a uma
receita de mais de RS$ 70 milhões. Além disso, Santa Catariana é o maior exportador do país
do produto, totalizando um volume superior a 160 mil toneladas (dados obtidos junto à
EPAGRI).
Logicamente, o produto principal obtido desta cultura é a banana. Entretanto, existem um
grande potencial para utilização também do pseudocaule da bananeira para produção de
fibras, pois após oferecer o fruto o pseudocaule é cortado e normalmente deixado na lavoura,
e com isso pode ocorrer a proliferação de fungos com difícil controle de tratamento, devido à
alta umidade das plantações. Sendo assim, a extração de fibras do pseudocaule das bananeiras
pode ser uma alternativa de renda interessante para a mão de obra rural, além de poder ser
uma alternativa viável para confecção de artesanatos e reforço de resinas termoplásticas e
termofixas (HOLBERY & HOUSTON, 2006; SAPUAN et al, 2006).
Na literatura são encontrados alguns trabalhos que demonstram a viabilidade, em termos
ambientais, da substituição das fibras de vidro utilizadas pela indústria por fibras naturais. Um
destes trabalhos, apresentado por Joshi e colaboradores (2004) que realizaram a análise de
ciclo de vida comparando compósitos de fibras naturais com compósitos com fibras de vidro.
Os autores observaram que na maioria dos casos os compósitos com fibras naturais são
ambientalmente superiores devido à produção de a fibra natural ter menor impacto ambiental
do que a produção da fibra de vidro; é utilizado uma maior quantidade fibra para obter a
mesma performance, reduzindo a quantidade de componentes mais poluentes como os
polímeros; as fibras naturais são mais leves e a incineração no final do ciclo de vida resulta
em energia recuperada e créditos de carbono.
Este trabalho tem por objetivo a avaliação do impacto ambiental gerado pelo processamento
do pseudocaule da bananeira para a obtenção de fibras naturais. Entretanto, diferentemente de
Joshi e colaboradores, o enfoque é a produção da fibra, não sua utilização pela indústria.
Outro aspecto importante é o uso da metodologia da Análise Emergética que, segundo Hau &
Bakshi (2004), possui como uma de suas características mais atrativas o fato de superar a
inabilidade de muitas das metodologias existentes para contabilidade ambiental em considerar
a contribuição dos processos ecológicos para o progresso e riquezas humanas.
Nos tópicos a seguir serão apresentados o método de análise emergética, o processo de
confecção das fibras de bananeira e sua contabilidade ambiental, finalizando com a análise de
impacto do processo no meio ambiente.
2
3. O método da análise emergética
Odum (1988) define emergia como a quantidade de energia solar necessária (direta ou
indiretamente) para obter um produto (bens ou serviços) ou fluxo de energia num dado
processo. Emergia representa a memória de toda energia solar consumida durante o processo.
O grande diferencial da análise emergética é a eficaz consideração da contribuição da
natureza no custo de produtos e serviços por meio da utilização de insumos e os custos de
externalidades negativas. Desta forma, torna-se possível contornar as discrepâncias geradas
pelos conceitos da contabilidade da economia que consideram a contribuição humana, mas
não a ambiental. A consideração da contribuição da natureza se faz por meio da valoração de
contribuições sob uma base comum em relação a outras grandezas como moeda, massa e
informação. Segundo Odum & Odum (2003), essa base comum se refere ao conteúdo de
emergia de cada contribuição ao processo em estudo, sendo que a emergia é a energia gasta
pela biosfera para produzir recursos (em Em-joule). A emergia difere da energia por ser uma
memória da mesma, pois avalia o trabalho previamente feito para produzir um produto ou
serviço.
A conversão de contribuições humanas e da natureza em outras unidades para emergia é feita
por meio da transformidade, que é definida como a “ a emergia solar requirida para fazer 1J
de energia de um serviço ou produto (ODUM, 1996). A Transformidade atuaria como um
“fator de conversão” para transformar as contribuições ao sistema (suas entradas, sejam
material, energia ou sinal) em seu equivalente de energia solar. Portanto, na prática, a
transformidade agiria como uma taxa de conversão, que pode ser pré-definida e tabelada
(ORTEGA, 2003).
A relação entre emergia e transformidade pode ser elucidada pela qualidade de energia.
Quanto maior a transformidade, ou seja, a emergia requerida na realização de uma unidade de
determinado item, maior a qualidade da energia gerada, também maior o trabalho realizado,
ou em outras palavras, a energia disponível degradada nesta transformação. Sendo assim, em
qualquer processo, a energia decresce em quantidade, enquanto aumenta em qualidade, visto
que as transformidades aumentam no decorrer do processo.
Como fluxos e reservatórios de material carregam em si emergia e energia, a mesma relação
de transformidades e processos pode ser concluída para transformidade e matéria: a emergia/
massa requerida aumenta com a concentração de matéria. Desta forma, quanto mais
concentrada a matéria, maior o trabalho de transformação despendido e maior a qualidade de
energia nela acumulada.
A análise de impacto ambiental através da análise emergética é feita em fases. Na primeira
delas ocorre o levantamento de entradas e saídas do processo, sendo gerado conjuntamente o
diagrama de fluxo de emergia. Para a construção do diagrama é utilizada a simbologia
apresentada na Figura 1.
O segundo passo as entradas e saídas são contabilizadas, sendo calculado o valor da emergia
do produto, juntamente com sua transformidade. Índices de avaliação de sustentabilidade do
processo também são calculados, permitido uma melhor avaliação do impacto ambiental. Para
a realização destes cálculos são utilizados os índices descritos na Tabela 1.
 A partir destes índices, obtidos pela soma das emergias dos recursos utilizados no
sistema em cada categoria, pode-se calcular os indicadores de impacto ambiental,
dentre os quais se ressaltam (GIANNETTI, B.F. et al. 2006):
 Rendimento emergético (emergy yield ratio, EYR = (F+R+N)/F) é um indicador que
fornece uma medida da competitividade do sistema com relação a outro sistema e
3
mede a capacidade do sistema em utilizar as reservas fornecidas gratuitamente pelo
ambiente. Quanto maior seu valor, maior a eficiência no uso de reservas naturais com
relação ao investimento econômico (emergia);
 Carga ambiental ou impacto ambiental (environmental loading ratio, ELR =
(N+F)/R) é um indicador que, quando elevado, reflete um alto estresse ambiental ou
alto nível tecnológico. Este indicador é maior quando se usa tecnologia mais
sofisticada ou quando as entradas renováveis são poucas;
 Porcentagem de emergia renovável (percent renewable emergy, %R = (R/Y)100,
onde y=(N+F+R)) é um indicador que quanto maior, mais sustentável será o processo;
Figura 1. Símbolos da linguagem de energia: (a) fonte; (b) sumidouro de calor; (c) estoque; (d) interação; (e)
transação comercial; (f) produtor; (g) consumidor; (h) interruptor; (i) subsistema (ORTEGA, 2003).
Tabela 1. fatores e índices utilizados pela análise emergética.
Simbologia
R
N
L
F
Y
Descrição
Emergia proveniente de Recursos Renováveis
Emergia proveniente de Recursos Não Renováveis
Emergia proveniente de Recursos Locais
Emergia proveniente de Recursos Exteriores
Emergia total que entra no sistema
Para auxiliar a realização da análise foi elaborado um Handbook para Avaliação Emergética,
o qual é dividido em quatro “fólios”, os quais apresentam e exemplificam procedimentos de
cálculos, bem como valores já obtidos de emergia e transformidade. Os quatro fólios são:
 Fólio #1, introdução e contabilidade global – faz a revisão dos conceitos de hierarquia
de energia e definições de emergia e medições correlatas. Aborda o cálculo de
4
emergia, a confecção dos diagramas e sua avaliação. As contribuições para a
geobioesfera da terra são apresentadas, sendo base para uma série de outros cálculos.
Valores de emergia por unidade para o sol, mares e altas temperaturas do interior
daterra também são estimados. (ODUM, BROWN & BRANDT-WILLIAMS, 2000).
 Fólio #2, emergia de processos globais – avalia a emergia para alguns processos
físicos da geobiosfera, como marés, calor abaixo da crosta terrestre, calor oceânico,
ventos, tempestades e correntes oceânicas (ODUM, 2000).
 Fólio #3, emergia de ecossistemas – apresenta 21 avaliações de emergia para
ecossistemas da Florida e Carolina do Norte, muitos dos quais florestas. Muitos dos
exemplos descritos possuem significativas contribuições de serviços humanos e de
bens e combustíveis (BROWN & BARDI, 2001).
 Fólio #4, emergia da agricultura da Flórida – são descritas as avaliações de emergia
par 23 commodities da agricultura do estado Florida, nos EUA, bem como de dois
fertilizantes extensivamente utilizados na região (BRANDT-WILLIAMS, 2001).
O método da análise emergética é considerado uma solução promissora para a realização da
contabilidade ambiental. Hau & Bakshi (2004)listam as cinco principais razões para tanto:
 O método é uma ponte que conecta os aspectos econômicos e ecológicos, uma vez que
a emergia pode ser quantificada para qualquer sistema;
 O método compensa a inabilidade do dinheiro em dar valor a itens fora de mercado de
maneira objetiva. Além disso, o método provê uma avaliação “eco-cêntrica”;
 Possui aparência científica e compartilha o rigor da termodinâmica;
 Coloca todos os fatores em uma base comum, tornando mais justa a comparação. O
método também reconhece a diferença entre qualidade de energias ou habilidade de
realizar trabalho;
 O método é uma alternativa mais holística do que muitos dos métodos existentes para
tomada de decisão ambientalmente consciente.
4. A fabricação de fibras de bananeira
O processo de produção de fios de fibras de bananeira é ilustrado na figura 01, sendo suas
etapas de produção descritas a seguir:
Corte do
pseudocaule
Extração
dos alvéolos
Remoção
do filé
Liberação
de couro
Remoção
de detritos
Separação
de fios
Secagem
Tratamento
químico
Remoção
de excesso
Chicoteamento
de fios
Remoção
de excesso
Obtenção
de fios
Figura 2. Processo de fabricação de fibra de bananeira. Fonte primária.
 Corte do pseudocaule: pseudocaule de bananeira é cortado em tiras com facões
manualmente;
 Extração de alvéolos, remoção de filé e contrafilé: realização manual, sem qualquer
instrumento. Após remoção de filés, a camada de pseudocaule resultante é estendida
em uma espécie de “varal”;
 Liberação de couro: as tiras passam por processo de calandragem, que lhes extrai
grande quantidade de água, como na Figura 2. Após calandragem, o couro é retirado
manualmente, pois não é utilizado na obtenção de fios.
5
Figura 02. Calandragem. Fonte primária.
 Remoção de detritos: realizada raspagem com facões. Os detritos são restos de couro,
renda e mucilagem;
 Separação de fios: a camada de onde são extraídos os fios nesta etapa é visualizada.
Obtém-se os fios por meio da separação de fibras com um garfo;
 Obtenção de fios: uma fina escova é passada pelas fibras para maior separação de fios;
 Remoção de excessos: para remoção de detritos da separação de fios, as fibras são
lavadas com mangueira;
 Chicoteamento de fios: o maço de fios é chicoteado contra o chão, auxiliando a
liberação de fios e a remoção de detritos;
 Remoção de excessos: as fibras são novamente lavadas com mangueira;
 Tratamento químico: as fibras passam por tratamento químico à base de água,
hipoclorito de sódio e vinagre para “cicatrização” das fibras;
 Secagem: as fibras são secadas ao sol, conforme Figura 3. Os fios estão prontos para
utilização nos compósitos de PVC ou para outros usos.
Figura 3. Secagem de fios. Fonte primária
5. Análise do Impacto ambiental da fabricação de fibras de bananeira
A análise do impacto ambiental da fabricação de fibras de bananeira teve início com a
confecção do diagrama emergético do processo, partindo do pseudocaule (um subproduto da
6
produção de bananas) e seguindo até a fibra propriamente dita. A Figura 4 ilustra o diagrama
obtido. O diagrama emergético representa as rotas de massa e energia entre as partes
envolvidas no processo. Os fluxos de emergia partem da fonte de emergia até onde são
utilizados.
MO
Ferramentas
Pseudocaule
de bananeira
Corte
Remoção
de detritos
Obtenção
Lavagem
de fios
Tratamento
químico
Secagem
Água
Produção de
compostos
de PVC
Sol
Resíduos
Figura 4. Diagrama emergético da fabricação de fibra de bananeira. Fonte primária.
Nota-se no diagrama a entrada do insumo básico, pseudocaule da bananeira, entrada de água
para as etapas de lavagem e tratamento químico, a utilização da energia solar para a etapa de
secagem e a necessidade de ferramentas e mão-de-obra para todas as etapas do processo
produtor. Como consumidor, o processo de produção de compósitos de PVC é representado
ao fim da cadeia. Resíduos são gerados pelas etapas de corte do pseudocaule, remoção de
detritos, obtenção de fio, lavagem e tratamento químico. Há certa dispersão de energia,
inerente a qualquer processo, para o processo de produção de fio. Esta dispersão seria o
próprio trabalho, ou seja, a energia disponível degradada no processo produtivo que não foi
agregada ao processo ou produto seguinte.
As etapas produtivas foram simplificadas em agrupamentos, usando para tanto o critério de
recursos utilizados e produtos e subprodutos gerados. Sendo assim, se têm agregadas as etapas
de remoção de detritos (extração de alvéolos, remoção de filé, liberação de couro e remoção
de detritos), obtenção de fios (separação de fios, obtenção de fios e chicoteamento de fios) e
lavagem (remoção de excesso 1 e remoção de excesso 2).
Todas as entradas e saídas das atividades do processo foram registradas, sendo estas
apresentadas na própria planilha de contabilidade via análise emergética.
Concluída a elaboração do diagrama teve início a contabilidade ambiental propriamente dita.
A valoração das contribuições aos processos a uma base comum reside na fase dos cálculos
emergéticos. Cada fluxo de emergia se converte em uma linha de cálculo. Essas linhas de
cálculo são integrantes de uma tabela típica de análise emergética, cujas colunas mostram as
seguintes informações:
7
-
Contribuições: são as entradas do processo que contribuem para a transformação da
matéria-prima utilizada no produto final. Nesta coluna também estão descritos os
dados utilizados para sua quantificação e adaptação à unidade de transformidade
encontrada.
- Valor numérico de cada fluxo de entrada: Nesta coluna os valores das entradas são
discriminados nas unidades em que são obtidos, incluindo-se os valores de conversão
utilizados.
- Transformidades: As taxas de transformidades nesta coluna são evidenciadas.
- Fontes: origem de dados de transformidade utilizados.
- Emergias: Os valores de emergia são o produto das quantidades de entrada de cada
fluxo pelas transformidades referentes.
- Tipos: nesta coluna estão classificadas as emergias obtidas segundo a classificação
apresentada na Tabela 1.
A tabela de cálculos de emergia para o processo de fabricação de fios de fibra de bananeira
consta na Tabela 2 e na Tabela 3. Além das observações presentes na própria tabela, também
é importante destacar:
- Todos os cálculos são feitos em base anual;
- Considerou-se a produção de 2 pseudocaules por dia;
- Adotou-se como transformidade do pseudocaule da bananeira o dobro da banana
(530000 sej/J), uma vez que cada bananeira se utiliza dos mesmos recursos de seu
fruto, porém sendo cortado apenas após a segunda colheita.
Finalizando o procedimento de análise emergética, foram feitos o levantamento da emergia
proveniente dos recursos da natureza e da atividade econômica, presentes na
Tabela 4, bem como o cálculo dos índices de impacto (Tabela 5). Os resultados obtidos são
discutidos a seguir.
6. Análise dos Resultados
Como se pode contatar, as ações realizadas, bem como os recursos empregados para
confecção dos fios de fibra de bananeira não chegam a alterar significativamente a emergia já
presente no pseudocaule. Para comprovar tal observação basta comparar o valor inicial, de
1,152x1018, com o final de 1,153x1018. Ou seja, a emergia acumulada durante o crescimento
da bananeira é de ordem muito superior a emergia necessária para seu processamento.
Avaliando-se os índices calculados, iniciando pelo rendimento emergético (emergy yield
ratio), para o qual se observa um valor calculado de 63,16, demonstrando uma alta eficiência
no uso de reservas naturais com relação ao investimento econômico, neste caso o trabalho
realizado.
O índice impacto ambiental obtido, de 0,0171, pode ser considerado baixo, uma vez que a
participação de recursos renováveis no sistema é consideravelmente superior ao dos não
renováveis. Assim sendo, por suas características de baixo emprego tecnológico, o índice
obtido implica em um baixo estresse ambiental.
Tabela 2. Cálculo da emergia da fabricação de fibra de bananeira (parte 1).
8
CONTRIBUIÇÕES
Corte do pseudocaule
Pseudocaule da banana
Pseudocaule da banana
Energia por matéria orgânica
Relação joule/ kilocaloria
Massa do pseudocaule
Depreciação de Facão
Mão-de-obra
Pseudocaule da banana
Corte do pseudocaule
Força
Deslocamento
Transporte
Combustível
Distância
Consumo
Tobata
Aquisição de veículo
Depreciação de veículo
VALORES
UNID.
TRANSFORMIDADE UNID. Fonte EMERGIA (SEJ) TIPO
1,152E+18
1,08E+12
530
5400
4186
90
irrisória
5,19E+05
530
980
490
2
J
unidades
kcal/kg
J/kcal
kg/unid.
1,06E+06
sej/ J
1,143E+18
R
J
unidades
J/unid.
N
m/unid.
4,00E+05
sej/ J
2,078E+11
M
S
204
1200
0,17
3000
15000
5
kg
k m/ano
k g/k m
$/ano
$
anos
2,76E+12
sej/kg
5,630E+14
N
3,00E+12
sej/ $
9,000E+15
M
3,18E+05
530
600
10
60
J
4,00E+05
sej/J
J
N
m
6,36E+04
6360
530
6
2
10
5
2
J
unidades
unidades
alv./unid.
filé/alv.
J
N
m
4,00E+05
sej/J
Extração de alvéolos
Mão-de-obra
Pseudocaule da banana (inteiro)
Extração de alvéolos
Força
Deslocamento
1,272E+11
Remoção do filé
Mão-de-obra
Alvéolos
Pseudocaule da banana
Alveolos por pseudoc.
Filés por alveolo
Extração dos filés
Força
Deslocamento
6360
12
5
2,4
32
20
1,6
6,50E+01
130,00
2
unidades
J
N
m
J
N
m
$/ano
$
anos
4,07E+04
6360
6,4
2
3,2
J
unidades
J
N
m
sej/J
9,158E+10
S
4,00E+05
sej/J
8,141E+10
S
3,00E+12
sej/ $
1,950E+14
M
1,20E+06
sej/J
4,884E+10
J
unidades
J
N
m
1,20E+06
sej/J
S
1,710E+12
M
S
3,053E+12
irrisória
2,54E+06
6360
400
20
20
3,053E+12
M
S
J
unidades
J
N
m
1,20E+06
sej/J
J
J/kg
kg/ano
J
unidades
J
N
m
2,55E+05
sej/ J
3,060E+12
R
4,00E+05
sej/ J
1,018E+11
S
Remoção excesso
Água
Energia livre de Gibbs
Massa de água
Mão-de-obra
Fios de fibras
Transporte de fibra
Força peso
Deslocamento
Mangueira
4,884E+10
1,710E+12
irrisória
1,42E+06
6360
224
20
11,2
Obtenção de fios
Depreciação de Escova
Mão-de-obra
Alveolos
Separação com escova
Força
Deslocamento
S
1,20E+06
Separação de fios
Depreciação de Garfo
Mão-de-obra
Alveolos
Separação com garfo
Força
Deslocamento
2,544E+10
1,952E+14
Remoção de detritos
Mão-de-obra
Alvéolos
Processo de raspagem
Força
Deslocamento
S
2,544E+10
Liberação do couro
Mão-de-obra
Alvéolos
Operação de calandra
Força
Deslocamento
Remoção de couro
Força
Deslocamento
Calandra
Aquisição
Depreciação
1,272E+11
3,162E+12
1,20E+07
5000
2400
2,54E+05
6360
40
10
4
irrisória
M
9
Tabela 3. Cálculo da emergia da fabricação de fibra de bananeira (parte 2).
CONTRIBUIÇÕES
Chicoteamento de fios
Mão-de-obra
Chicotes de fios
Fios de fibras
Fios --> chicote
Transporte de fibra
Força peso
Deslocamento
VALORES
UNID.
TRANSFORMIDADE UNID. Fonte EMERGIA (SEJ)
1,357E+10
3,39E+04
42,4
6360
150
800
20
40
J
unidades
unidades
fios/"chicote"
J
N
m
4,00E+05
sej/ J
1,20E+07
5000
2400
J
J/kg
kg/ano
2,55E+05
sej/ J
1,20E+07
5000
2400
2,40E-01
irrisória
1,70E+05
10600
6360
250
150
16
8
2
J
J/kg
kg/ano
kg
2,55E+05
sej/ J
3,060E+12
R
3,80E+12
sej/kg
9,120E+11
J
"chicotes"
alveolos
fios/alveolos
fios/"chicote"
J
N
m
4,00E+05
sej/ J
6,784E+10
M
M
S
2,64E+11
60
3,345
365
3600000
3,39E+06
10600
320
8
40
J
m2
kWh/m2/day
dias/ano
J/kWh
J
"chicotes"
J
N
m
1,00E+00
sej/J
1,357E+10
Remoção excesso
S
3,060E+12
Água
Energia livre de Gibbs
Massa de água
3,060E+12
Tratamento químico
Água
Energia livre de Gibbs
Massa de água
Hipoclorito de sódio
Caixa d'água (depreciação)
Mão-de-obra
Chicotes de fios
Alvéolos
Fios/alveolos
Fios/chicote
Transporte de fibra
Força peso
Deslocamento
R
4,040E+12
Secagem
1,621E+12
Energia solar
Área para secagem
Insolação na área
Conversão dia-->ano
Conversão kWh --> J
Mão-de-obra
Chicotes de fios
Colocação em varal
Força peso
Deslocamento
2
2,637E+11
R
1,357E+12
S
2
4,00E+05
Emergia total do processo
sej/J
1,153E+18
Fontes de dados
São raros os casos de valores tabelados para o Brasil, porém há alguns dados disponíveis em
1 http://www.unicamp.br/fea/ortega/curso/transformid.htm e em http://www.unicamp.br/fea/ortega/curso/manual.htm,
sendo esta a fonte para a maioria dos dados utilizados para esta avaliação, com uma única excessão.
Transformidade 1 por definição; Insolação solar calculada usando o valor médio de "Monthly Averaged Insolation
2 Incident On A Horizontal Surface (kWh/m2/day)", igual à 4,345, para Latitude -26 e Longitude -48 (NASAeosweb,
2010). Procedimento adotado por Brandt-Williams (2001)
Tabela 4. Recursos utilizados na fabricação de fios de fibra de bananeira segundo sua fonte (em emJ).
Contribuição Total
Y
1,15E+18
Recursos naturais
I
1,14E+18
Renováveis
R
1,14E+18
Não renováveis
N
5,63E+14
Cont. de atividades econômicas
F
9,20E+15
Materiais
M
9,20E+15
Serviços
S
6,88E+12
Tabela 5. Resultado do cáclculo dos índices de impacto ambiental da produção de fios de fibra de bananeira.
Rendimento emergético
EYR = (F+R+N)/F
63,16
Carga ambiental
ELR = (N+F)/R
0,0171
Percentual de energia renovável %R = (R/Y)*100
98%
10
O valor de porcentagem de emergia renovável obtido, de 98%, é um forte indicativo da
sustentabilidade ambiental do processo, ou seja, o montante de emergia proveniente de fontes
renováveis é significativamente alto no montante total de emergia do sistema.
Neste contexto, como todos os indicadores avaliados demonstraram, pode-se concluir que o
processamento de fibras de bananeira para confecção de fibras naturais é uma atividade de
baixíssimo impacto ambiental, sendo uma solução atrativa para substituição de materiais
empregados pela indústria, como a fibra de vidro. Entretanto, o fato do processo ser realizado
por meio de mão-de-obra agrícola, fazendo uso de pouco maquinário, acaba por gerar baixas
externalidades no sistema.
7. Considerações Finais
Para a tomada de decisões em cenários onde o impacto ambiental deve ser levado em conta,
seja para prevenção ou mitigação de possíveis impactos, a análise emergética se enquadra
como uma solução mais simples, porém tão poderosa quanto a Análise de Ciclo de Vida
(ACV), principalmente devido à facilidade de análise permitida através dos cálculos dos
índices. Por outro lado, a ausência de dados tabelados, principalmente para a realizada
brasileira, pode ser considerada um dos pontos fracos do método. Entretanto, tal dificuldade
também é observada pela ACV em diferentes casos.
Quanto aos resultados obtidos, cabe destacar que os mesmos correspondem à avaliação da
situação atual do impacto ambiental gerado pelo processamento. Encontra-se em estudo a
mecanização deste processo, sendo objetivo final deste trabalho avaliar se a introdução destes
equipamentos irá impactar significativamente o sistema atual.
Estudos realizados por Balzer e colaboradores (2007) vêm demonstrando a viabilidade técnica
do uso de fibra de bananeira em substituição aos reforços estruturais tradicionalmente
empregados pela indústria de transformação de plásticos, como a fibra de vidro. Além disso, o
emprego de fibras naturais pela indústria automobilística vem crescendo como citado por
Holbery & Houston (2006). Tais fatos já demonstram a viabilidade técnica e econômica da
atividade de produção de fibras de bananeira.
8. Referências
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Bananeira, Polímeros: Ciência de Tecnologia, v. XVII, p.1-4, 2007.
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