XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente. São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010. ANÁLISE DE IMPACTO AMBIENTAL DA CONFECÇÃO DE FIBRAS DE BANANEIRA Amanda Souza Oliveira Pimentel (UDESC) [email protected] Daniela Becker (UDESC) [email protected] Régis Kovacs Scalice (UDESC) [email protected] A fim de avaliar o impacto ambiental causado pela fabricação de fibra a partir do pseudo-caule da bananeira realizou-se sua análise emergética. A análise emergética é um método de contabilidade ambiental baseado na memória de energia em um determinado sistema. Para tanto são realizados o levantamento de entradas e saídas do processo, construção de diagrama emergético, valoração de etapas do processo em termos de emergia, finalizando com o cálculo e análise dos índices de impacto. Os resultados para o caso estudado apontaram um alto rendimento emergético e altos índices de sustentabilidade para o processo em estudo, demonstrando um baixo impacto ambiental do processo. Palavras-chaves: Análise emergética, Contabilidade ambiental, Fibra de bananeira 1. 2. Introdução Segundo dados obtidos junto à EPAGRI (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina) em 2008, em Santa Catarina a bananicultura já é a principal cultura frutífera em área cultivada no Estado, com cerca de 25 mil produtores rurais explorando a atividade, tanto como componente de renda, quanto como agricultura de subsistência. Ainda segundo a EPAGRI, em cerca de 5 mil estabelecimentos agrícolas catarinenses a bananicultura é a principal fonte de renda, sendo desenvolvida predominantemente por unidades familiares em áreas inferiores a 10ha. Neste contexto, a bananicultura é tida como de grande importância social para Santa Catarina. O estado é um dos maiores produtores nacionais de banana, tendo produzido em 2002 mais de 600 mil toneladas, com um rendimento médio superior a 20 mil kg/ha., correspondendo a uma receita de mais de RS$ 70 milhões. Além disso, Santa Catariana é o maior exportador do país do produto, totalizando um volume superior a 160 mil toneladas (dados obtidos junto à EPAGRI). Logicamente, o produto principal obtido desta cultura é a banana. Entretanto, existem um grande potencial para utilização também do pseudocaule da bananeira para produção de fibras, pois após oferecer o fruto o pseudocaule é cortado e normalmente deixado na lavoura, e com isso pode ocorrer a proliferação de fungos com difícil controle de tratamento, devido à alta umidade das plantações. Sendo assim, a extração de fibras do pseudocaule das bananeiras pode ser uma alternativa de renda interessante para a mão de obra rural, além de poder ser uma alternativa viável para confecção de artesanatos e reforço de resinas termoplásticas e termofixas (HOLBERY & HOUSTON, 2006; SAPUAN et al, 2006). Na literatura são encontrados alguns trabalhos que demonstram a viabilidade, em termos ambientais, da substituição das fibras de vidro utilizadas pela indústria por fibras naturais. Um destes trabalhos, apresentado por Joshi e colaboradores (2004) que realizaram a análise de ciclo de vida comparando compósitos de fibras naturais com compósitos com fibras de vidro. Os autores observaram que na maioria dos casos os compósitos com fibras naturais são ambientalmente superiores devido à produção de a fibra natural ter menor impacto ambiental do que a produção da fibra de vidro; é utilizado uma maior quantidade fibra para obter a mesma performance, reduzindo a quantidade de componentes mais poluentes como os polímeros; as fibras naturais são mais leves e a incineração no final do ciclo de vida resulta em energia recuperada e créditos de carbono. Este trabalho tem por objetivo a avaliação do impacto ambiental gerado pelo processamento do pseudocaule da bananeira para a obtenção de fibras naturais. Entretanto, diferentemente de Joshi e colaboradores, o enfoque é a produção da fibra, não sua utilização pela indústria. Outro aspecto importante é o uso da metodologia da Análise Emergética que, segundo Hau & Bakshi (2004), possui como uma de suas características mais atrativas o fato de superar a inabilidade de muitas das metodologias existentes para contabilidade ambiental em considerar a contribuição dos processos ecológicos para o progresso e riquezas humanas. Nos tópicos a seguir serão apresentados o método de análise emergética, o processo de confecção das fibras de bananeira e sua contabilidade ambiental, finalizando com a análise de impacto do processo no meio ambiente. 2 3. O método da análise emergética Odum (1988) define emergia como a quantidade de energia solar necessária (direta ou indiretamente) para obter um produto (bens ou serviços) ou fluxo de energia num dado processo. Emergia representa a memória de toda energia solar consumida durante o processo. O grande diferencial da análise emergética é a eficaz consideração da contribuição da natureza no custo de produtos e serviços por meio da utilização de insumos e os custos de externalidades negativas. Desta forma, torna-se possível contornar as discrepâncias geradas pelos conceitos da contabilidade da economia que consideram a contribuição humana, mas não a ambiental. A consideração da contribuição da natureza se faz por meio da valoração de contribuições sob uma base comum em relação a outras grandezas como moeda, massa e informação. Segundo Odum & Odum (2003), essa base comum se refere ao conteúdo de emergia de cada contribuição ao processo em estudo, sendo que a emergia é a energia gasta pela biosfera para produzir recursos (em Em-joule). A emergia difere da energia por ser uma memória da mesma, pois avalia o trabalho previamente feito para produzir um produto ou serviço. A conversão de contribuições humanas e da natureza em outras unidades para emergia é feita por meio da transformidade, que é definida como a “ a emergia solar requirida para fazer 1J de energia de um serviço ou produto (ODUM, 1996). A Transformidade atuaria como um “fator de conversão” para transformar as contribuições ao sistema (suas entradas, sejam material, energia ou sinal) em seu equivalente de energia solar. Portanto, na prática, a transformidade agiria como uma taxa de conversão, que pode ser pré-definida e tabelada (ORTEGA, 2003). A relação entre emergia e transformidade pode ser elucidada pela qualidade de energia. Quanto maior a transformidade, ou seja, a emergia requerida na realização de uma unidade de determinado item, maior a qualidade da energia gerada, também maior o trabalho realizado, ou em outras palavras, a energia disponível degradada nesta transformação. Sendo assim, em qualquer processo, a energia decresce em quantidade, enquanto aumenta em qualidade, visto que as transformidades aumentam no decorrer do processo. Como fluxos e reservatórios de material carregam em si emergia e energia, a mesma relação de transformidades e processos pode ser concluída para transformidade e matéria: a emergia/ massa requerida aumenta com a concentração de matéria. Desta forma, quanto mais concentrada a matéria, maior o trabalho de transformação despendido e maior a qualidade de energia nela acumulada. A análise de impacto ambiental através da análise emergética é feita em fases. Na primeira delas ocorre o levantamento de entradas e saídas do processo, sendo gerado conjuntamente o diagrama de fluxo de emergia. Para a construção do diagrama é utilizada a simbologia apresentada na Figura 1. O segundo passo as entradas e saídas são contabilizadas, sendo calculado o valor da emergia do produto, juntamente com sua transformidade. Índices de avaliação de sustentabilidade do processo também são calculados, permitido uma melhor avaliação do impacto ambiental. Para a realização destes cálculos são utilizados os índices descritos na Tabela 1. A partir destes índices, obtidos pela soma das emergias dos recursos utilizados no sistema em cada categoria, pode-se calcular os indicadores de impacto ambiental, dentre os quais se ressaltam (GIANNETTI, B.F. et al. 2006): Rendimento emergético (emergy yield ratio, EYR = (F+R+N)/F) é um indicador que fornece uma medida da competitividade do sistema com relação a outro sistema e 3 mede a capacidade do sistema em utilizar as reservas fornecidas gratuitamente pelo ambiente. Quanto maior seu valor, maior a eficiência no uso de reservas naturais com relação ao investimento econômico (emergia); Carga ambiental ou impacto ambiental (environmental loading ratio, ELR = (N+F)/R) é um indicador que, quando elevado, reflete um alto estresse ambiental ou alto nível tecnológico. Este indicador é maior quando se usa tecnologia mais sofisticada ou quando as entradas renováveis são poucas; Porcentagem de emergia renovável (percent renewable emergy, %R = (R/Y)100, onde y=(N+F+R)) é um indicador que quanto maior, mais sustentável será o processo; Figura 1. Símbolos da linguagem de energia: (a) fonte; (b) sumidouro de calor; (c) estoque; (d) interação; (e) transação comercial; (f) produtor; (g) consumidor; (h) interruptor; (i) subsistema (ORTEGA, 2003). Tabela 1. fatores e índices utilizados pela análise emergética. Simbologia R N L F Y Descrição Emergia proveniente de Recursos Renováveis Emergia proveniente de Recursos Não Renováveis Emergia proveniente de Recursos Locais Emergia proveniente de Recursos Exteriores Emergia total que entra no sistema Para auxiliar a realização da análise foi elaborado um Handbook para Avaliação Emergética, o qual é dividido em quatro “fólios”, os quais apresentam e exemplificam procedimentos de cálculos, bem como valores já obtidos de emergia e transformidade. Os quatro fólios são: Fólio #1, introdução e contabilidade global – faz a revisão dos conceitos de hierarquia de energia e definições de emergia e medições correlatas. Aborda o cálculo de 4 emergia, a confecção dos diagramas e sua avaliação. As contribuições para a geobioesfera da terra são apresentadas, sendo base para uma série de outros cálculos. Valores de emergia por unidade para o sol, mares e altas temperaturas do interior daterra também são estimados. (ODUM, BROWN & BRANDT-WILLIAMS, 2000). Fólio #2, emergia de processos globais – avalia a emergia para alguns processos físicos da geobiosfera, como marés, calor abaixo da crosta terrestre, calor oceânico, ventos, tempestades e correntes oceânicas (ODUM, 2000). Fólio #3, emergia de ecossistemas – apresenta 21 avaliações de emergia para ecossistemas da Florida e Carolina do Norte, muitos dos quais florestas. Muitos dos exemplos descritos possuem significativas contribuições de serviços humanos e de bens e combustíveis (BROWN & BARDI, 2001). Fólio #4, emergia da agricultura da Flórida – são descritas as avaliações de emergia par 23 commodities da agricultura do estado Florida, nos EUA, bem como de dois fertilizantes extensivamente utilizados na região (BRANDT-WILLIAMS, 2001). O método da análise emergética é considerado uma solução promissora para a realização da contabilidade ambiental. Hau & Bakshi (2004)listam as cinco principais razões para tanto: O método é uma ponte que conecta os aspectos econômicos e ecológicos, uma vez que a emergia pode ser quantificada para qualquer sistema; O método compensa a inabilidade do dinheiro em dar valor a itens fora de mercado de maneira objetiva. Além disso, o método provê uma avaliação “eco-cêntrica”; Possui aparência científica e compartilha o rigor da termodinâmica; Coloca todos os fatores em uma base comum, tornando mais justa a comparação. O método também reconhece a diferença entre qualidade de energias ou habilidade de realizar trabalho; O método é uma alternativa mais holística do que muitos dos métodos existentes para tomada de decisão ambientalmente consciente. 4. A fabricação de fibras de bananeira O processo de produção de fios de fibras de bananeira é ilustrado na figura 01, sendo suas etapas de produção descritas a seguir: Corte do pseudocaule Extração dos alvéolos Remoção do filé Liberação de couro Remoção de detritos Separação de fios Secagem Tratamento químico Remoção de excesso Chicoteamento de fios Remoção de excesso Obtenção de fios Figura 2. Processo de fabricação de fibra de bananeira. Fonte primária. Corte do pseudocaule: pseudocaule de bananeira é cortado em tiras com facões manualmente; Extração de alvéolos, remoção de filé e contrafilé: realização manual, sem qualquer instrumento. Após remoção de filés, a camada de pseudocaule resultante é estendida em uma espécie de “varal”; Liberação de couro: as tiras passam por processo de calandragem, que lhes extrai grande quantidade de água, como na Figura 2. Após calandragem, o couro é retirado manualmente, pois não é utilizado na obtenção de fios. 5 Figura 02. Calandragem. Fonte primária. Remoção de detritos: realizada raspagem com facões. Os detritos são restos de couro, renda e mucilagem; Separação de fios: a camada de onde são extraídos os fios nesta etapa é visualizada. Obtém-se os fios por meio da separação de fibras com um garfo; Obtenção de fios: uma fina escova é passada pelas fibras para maior separação de fios; Remoção de excessos: para remoção de detritos da separação de fios, as fibras são lavadas com mangueira; Chicoteamento de fios: o maço de fios é chicoteado contra o chão, auxiliando a liberação de fios e a remoção de detritos; Remoção de excessos: as fibras são novamente lavadas com mangueira; Tratamento químico: as fibras passam por tratamento químico à base de água, hipoclorito de sódio e vinagre para “cicatrização” das fibras; Secagem: as fibras são secadas ao sol, conforme Figura 3. Os fios estão prontos para utilização nos compósitos de PVC ou para outros usos. Figura 3. Secagem de fios. Fonte primária 5. Análise do Impacto ambiental da fabricação de fibras de bananeira A análise do impacto ambiental da fabricação de fibras de bananeira teve início com a confecção do diagrama emergético do processo, partindo do pseudocaule (um subproduto da 6 produção de bananas) e seguindo até a fibra propriamente dita. A Figura 4 ilustra o diagrama obtido. O diagrama emergético representa as rotas de massa e energia entre as partes envolvidas no processo. Os fluxos de emergia partem da fonte de emergia até onde são utilizados. MO Ferramentas Pseudocaule de bananeira Corte Remoção de detritos Obtenção Lavagem de fios Tratamento químico Secagem Água Produção de compostos de PVC Sol Resíduos Figura 4. Diagrama emergético da fabricação de fibra de bananeira. Fonte primária. Nota-se no diagrama a entrada do insumo básico, pseudocaule da bananeira, entrada de água para as etapas de lavagem e tratamento químico, a utilização da energia solar para a etapa de secagem e a necessidade de ferramentas e mão-de-obra para todas as etapas do processo produtor. Como consumidor, o processo de produção de compósitos de PVC é representado ao fim da cadeia. Resíduos são gerados pelas etapas de corte do pseudocaule, remoção de detritos, obtenção de fio, lavagem e tratamento químico. Há certa dispersão de energia, inerente a qualquer processo, para o processo de produção de fio. Esta dispersão seria o próprio trabalho, ou seja, a energia disponível degradada no processo produtivo que não foi agregada ao processo ou produto seguinte. As etapas produtivas foram simplificadas em agrupamentos, usando para tanto o critério de recursos utilizados e produtos e subprodutos gerados. Sendo assim, se têm agregadas as etapas de remoção de detritos (extração de alvéolos, remoção de filé, liberação de couro e remoção de detritos), obtenção de fios (separação de fios, obtenção de fios e chicoteamento de fios) e lavagem (remoção de excesso 1 e remoção de excesso 2). Todas as entradas e saídas das atividades do processo foram registradas, sendo estas apresentadas na própria planilha de contabilidade via análise emergética. Concluída a elaboração do diagrama teve início a contabilidade ambiental propriamente dita. A valoração das contribuições aos processos a uma base comum reside na fase dos cálculos emergéticos. Cada fluxo de emergia se converte em uma linha de cálculo. Essas linhas de cálculo são integrantes de uma tabela típica de análise emergética, cujas colunas mostram as seguintes informações: 7 - Contribuições: são as entradas do processo que contribuem para a transformação da matéria-prima utilizada no produto final. Nesta coluna também estão descritos os dados utilizados para sua quantificação e adaptação à unidade de transformidade encontrada. - Valor numérico de cada fluxo de entrada: Nesta coluna os valores das entradas são discriminados nas unidades em que são obtidos, incluindo-se os valores de conversão utilizados. - Transformidades: As taxas de transformidades nesta coluna são evidenciadas. - Fontes: origem de dados de transformidade utilizados. - Emergias: Os valores de emergia são o produto das quantidades de entrada de cada fluxo pelas transformidades referentes. - Tipos: nesta coluna estão classificadas as emergias obtidas segundo a classificação apresentada na Tabela 1. A tabela de cálculos de emergia para o processo de fabricação de fios de fibra de bananeira consta na Tabela 2 e na Tabela 3. Além das observações presentes na própria tabela, também é importante destacar: - Todos os cálculos são feitos em base anual; - Considerou-se a produção de 2 pseudocaules por dia; - Adotou-se como transformidade do pseudocaule da bananeira o dobro da banana (530000 sej/J), uma vez que cada bananeira se utiliza dos mesmos recursos de seu fruto, porém sendo cortado apenas após a segunda colheita. Finalizando o procedimento de análise emergética, foram feitos o levantamento da emergia proveniente dos recursos da natureza e da atividade econômica, presentes na Tabela 4, bem como o cálculo dos índices de impacto (Tabela 5). Os resultados obtidos são discutidos a seguir. 6. Análise dos Resultados Como se pode contatar, as ações realizadas, bem como os recursos empregados para confecção dos fios de fibra de bananeira não chegam a alterar significativamente a emergia já presente no pseudocaule. Para comprovar tal observação basta comparar o valor inicial, de 1,152x1018, com o final de 1,153x1018. Ou seja, a emergia acumulada durante o crescimento da bananeira é de ordem muito superior a emergia necessária para seu processamento. Avaliando-se os índices calculados, iniciando pelo rendimento emergético (emergy yield ratio), para o qual se observa um valor calculado de 63,16, demonstrando uma alta eficiência no uso de reservas naturais com relação ao investimento econômico, neste caso o trabalho realizado. O índice impacto ambiental obtido, de 0,0171, pode ser considerado baixo, uma vez que a participação de recursos renováveis no sistema é consideravelmente superior ao dos não renováveis. Assim sendo, por suas características de baixo emprego tecnológico, o índice obtido implica em um baixo estresse ambiental. Tabela 2. Cálculo da emergia da fabricação de fibra de bananeira (parte 1). 8 CONTRIBUIÇÕES Corte do pseudocaule Pseudocaule da banana Pseudocaule da banana Energia por matéria orgânica Relação joule/ kilocaloria Massa do pseudocaule Depreciação de Facão Mão-de-obra Pseudocaule da banana Corte do pseudocaule Força Deslocamento Transporte Combustível Distância Consumo Tobata Aquisição de veículo Depreciação de veículo VALORES UNID. TRANSFORMIDADE UNID. Fonte EMERGIA (SEJ) TIPO 1,152E+18 1,08E+12 530 5400 4186 90 irrisória 5,19E+05 530 980 490 2 J unidades kcal/kg J/kcal kg/unid. 1,06E+06 sej/ J 1,143E+18 R J unidades J/unid. N m/unid. 4,00E+05 sej/ J 2,078E+11 M S 204 1200 0,17 3000 15000 5 kg k m/ano k g/k m $/ano $ anos 2,76E+12 sej/kg 5,630E+14 N 3,00E+12 sej/ $ 9,000E+15 M 3,18E+05 530 600 10 60 J 4,00E+05 sej/J J N m 6,36E+04 6360 530 6 2 10 5 2 J unidades unidades alv./unid. filé/alv. J N m 4,00E+05 sej/J Extração de alvéolos Mão-de-obra Pseudocaule da banana (inteiro) Extração de alvéolos Força Deslocamento 1,272E+11 Remoção do filé Mão-de-obra Alvéolos Pseudocaule da banana Alveolos por pseudoc. Filés por alveolo Extração dos filés Força Deslocamento 6360 12 5 2,4 32 20 1,6 6,50E+01 130,00 2 unidades J N m J N m $/ano $ anos 4,07E+04 6360 6,4 2 3,2 J unidades J N m sej/J 9,158E+10 S 4,00E+05 sej/J 8,141E+10 S 3,00E+12 sej/ $ 1,950E+14 M 1,20E+06 sej/J 4,884E+10 J unidades J N m 1,20E+06 sej/J S 1,710E+12 M S 3,053E+12 irrisória 2,54E+06 6360 400 20 20 3,053E+12 M S J unidades J N m 1,20E+06 sej/J J J/kg kg/ano J unidades J N m 2,55E+05 sej/ J 3,060E+12 R 4,00E+05 sej/ J 1,018E+11 S Remoção excesso Água Energia livre de Gibbs Massa de água Mão-de-obra Fios de fibras Transporte de fibra Força peso Deslocamento Mangueira 4,884E+10 1,710E+12 irrisória 1,42E+06 6360 224 20 11,2 Obtenção de fios Depreciação de Escova Mão-de-obra Alveolos Separação com escova Força Deslocamento S 1,20E+06 Separação de fios Depreciação de Garfo Mão-de-obra Alveolos Separação com garfo Força Deslocamento 2,544E+10 1,952E+14 Remoção de detritos Mão-de-obra Alvéolos Processo de raspagem Força Deslocamento S 2,544E+10 Liberação do couro Mão-de-obra Alvéolos Operação de calandra Força Deslocamento Remoção de couro Força Deslocamento Calandra Aquisição Depreciação 1,272E+11 3,162E+12 1,20E+07 5000 2400 2,54E+05 6360 40 10 4 irrisória M 9 Tabela 3. Cálculo da emergia da fabricação de fibra de bananeira (parte 2). CONTRIBUIÇÕES Chicoteamento de fios Mão-de-obra Chicotes de fios Fios de fibras Fios --> chicote Transporte de fibra Força peso Deslocamento VALORES UNID. TRANSFORMIDADE UNID. Fonte EMERGIA (SEJ) 1,357E+10 3,39E+04 42,4 6360 150 800 20 40 J unidades unidades fios/"chicote" J N m 4,00E+05 sej/ J 1,20E+07 5000 2400 J J/kg kg/ano 2,55E+05 sej/ J 1,20E+07 5000 2400 2,40E-01 irrisória 1,70E+05 10600 6360 250 150 16 8 2 J J/kg kg/ano kg 2,55E+05 sej/ J 3,060E+12 R 3,80E+12 sej/kg 9,120E+11 J "chicotes" alveolos fios/alveolos fios/"chicote" J N m 4,00E+05 sej/ J 6,784E+10 M M S 2,64E+11 60 3,345 365 3600000 3,39E+06 10600 320 8 40 J m2 kWh/m2/day dias/ano J/kWh J "chicotes" J N m 1,00E+00 sej/J 1,357E+10 Remoção excesso S 3,060E+12 Água Energia livre de Gibbs Massa de água 3,060E+12 Tratamento químico Água Energia livre de Gibbs Massa de água Hipoclorito de sódio Caixa d'água (depreciação) Mão-de-obra Chicotes de fios Alvéolos Fios/alveolos Fios/chicote Transporte de fibra Força peso Deslocamento R 4,040E+12 Secagem 1,621E+12 Energia solar Área para secagem Insolação na área Conversão dia-->ano Conversão kWh --> J Mão-de-obra Chicotes de fios Colocação em varal Força peso Deslocamento 2 2,637E+11 R 1,357E+12 S 2 4,00E+05 Emergia total do processo sej/J 1,153E+18 Fontes de dados São raros os casos de valores tabelados para o Brasil, porém há alguns dados disponíveis em 1 http://www.unicamp.br/fea/ortega/curso/transformid.htm e em http://www.unicamp.br/fea/ortega/curso/manual.htm, sendo esta a fonte para a maioria dos dados utilizados para esta avaliação, com uma única excessão. Transformidade 1 por definição; Insolação solar calculada usando o valor médio de "Monthly Averaged Insolation 2 Incident On A Horizontal Surface (kWh/m2/day)", igual à 4,345, para Latitude -26 e Longitude -48 (NASAeosweb, 2010). Procedimento adotado por Brandt-Williams (2001) Tabela 4. Recursos utilizados na fabricação de fios de fibra de bananeira segundo sua fonte (em emJ). Contribuição Total Y 1,15E+18 Recursos naturais I 1,14E+18 Renováveis R 1,14E+18 Não renováveis N 5,63E+14 Cont. de atividades econômicas F 9,20E+15 Materiais M 9,20E+15 Serviços S 6,88E+12 Tabela 5. Resultado do cáclculo dos índices de impacto ambiental da produção de fios de fibra de bananeira. Rendimento emergético EYR = (F+R+N)/F 63,16 Carga ambiental ELR = (N+F)/R 0,0171 Percentual de energia renovável %R = (R/Y)*100 98% 10 O valor de porcentagem de emergia renovável obtido, de 98%, é um forte indicativo da sustentabilidade ambiental do processo, ou seja, o montante de emergia proveniente de fontes renováveis é significativamente alto no montante total de emergia do sistema. Neste contexto, como todos os indicadores avaliados demonstraram, pode-se concluir que o processamento de fibras de bananeira para confecção de fibras naturais é uma atividade de baixíssimo impacto ambiental, sendo uma solução atrativa para substituição de materiais empregados pela indústria, como a fibra de vidro. Entretanto, o fato do processo ser realizado por meio de mão-de-obra agrícola, fazendo uso de pouco maquinário, acaba por gerar baixas externalidades no sistema. 7. Considerações Finais Para a tomada de decisões em cenários onde o impacto ambiental deve ser levado em conta, seja para prevenção ou mitigação de possíveis impactos, a análise emergética se enquadra como uma solução mais simples, porém tão poderosa quanto a Análise de Ciclo de Vida (ACV), principalmente devido à facilidade de análise permitida através dos cálculos dos índices. Por outro lado, a ausência de dados tabelados, principalmente para a realizada brasileira, pode ser considerada um dos pontos fracos do método. Entretanto, tal dificuldade também é observada pela ACV em diferentes casos. Quanto aos resultados obtidos, cabe destacar que os mesmos correspondem à avaliação da situação atual do impacto ambiental gerado pelo processamento. Encontra-se em estudo a mecanização deste processo, sendo objetivo final deste trabalho avaliar se a introdução destes equipamentos irá impactar significativamente o sistema atual. Estudos realizados por Balzer e colaboradores (2007) vêm demonstrando a viabilidade técnica do uso de fibra de bananeira em substituição aos reforços estruturais tradicionalmente empregados pela indústria de transformação de plásticos, como a fibra de vidro. Além disso, o emprego de fibras naturais pela indústria automobilística vem crescendo como citado por Holbery & Houston (2006). Tais fatos já demonstram a viabilidade técnica e econômica da atividade de produção de fibras de bananeira. 8. Referências BALZER, P.S., et al. Estudo das propriedades mecânicas de um composto de PVC modificado com Fibras de Bananeira, Polímeros: Ciência de Tecnologia, v. XVII, p.1-4, 2007. BRANDT-WILLIAMS, S. Emergy of Global processes. Handbook of Emergy Evaluations, Folio #4 - Emergy of Florida Agriculture. Center for Environmental Policy, University of Florida, 2001 (revised on 2002). BROWN, M.T.& BARDI, E. Emergy of Global processes. Handbook of Emergy Evaluations, Folio #3 Emergy of Ecosystems. Center for Environmental Policy, University of Florida, 2001. GIANNETTI, B.F.; BARBELLA, F.A.; ALMEIDA, C.M.V.B. A combined tool for environmental scientists and decision makers: ternary diagrams and emergy accouting. Journal of cleaner production, p. 201-210, 2006. HAU, J.L. & BAKSHI, B.R. Promise and problems of emergy analysis. Ecological Modelling, v.178, p.215225, 2004. HOLBERY, J. & HOUSTON, D. Natural-Fiber-Reinforced Polymer Composites in Automotive Applications. JOM, nov. 2006. JOSHI, S.V.; DRZAL, L.T.; MONANTY, A.K.; ARORA, S. Are natural fiber composites environmentally superior to glass fiber reinforced composites? Composites Part A: Applied science and manufacturing, p. 371, 2004. NASA-EOSWEB. Surface meteorology and Solar Energy. Atmospheric Science Data Center. Disponível em: http://eosweb.larc.nasa.gov/sse/. Acesso em: março de 2010. ODUM H.T. & ODUM, B. Concepts and methods of ecological engineering. Environmental Engineering Science. p. 361, 2003. ODUM, H.T. Emergy of Global processes. Handbook of Emergy Evaluations, Folio #2 - Emergy of Global Processes. Center for Environmental Policy, University of Florida, 2000. 11 ODUM, H.T. Environmental Accounting: EMERGY and Environmental Decision Making. Wiley, New York, 370 p.1996 ODUM, H.T. Self-organization, transformity, and information. Science, 242, p. 1132-1139, 1988. ODUM, H.T.; BROWN, M.T.; BRANDT-WILLIAMS, S. Emergy of Global processes. Handbook of Emergy Evaluations, Folio #1 - Introduction and Global Budget. Center for Environmental Policy, University of Florida, 2000. ORTEGA, E. Engenharia Ecológica e Agricultura Sustentável – Exemplos de uso da metodologia energéticaecossistêmica. Campinas: UNICAMP, 2003. Disponível em: http://www.fea.unicamp.br/docentes/ortega/livro. Acesso em: 14/04/2010 SAPUAN, S.M.; et al. Design and fabrication of natural woven fabric reinforced epoxy composite for household telephone stand. Materials & Design, vol. 26, p. 65-71, 2006. 12