Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Tecnologia Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica ESTUDO DA PREVENÇÃO DE FALHA POR FADIGA EM LAMINADOS DE PLÁSTICO REFORÇADO COM FIBRA DE VIDRO Raimundo Carlos Silverio Freire Júnior Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica como requisito para a obtenção do título de MESTRE EM ENGENHARIA MECÂNICA Orientadora: Profa. Dra. Eve Maria Freire de Aquino Natal Dezembro/2001 Dedico este trabalho a minha filha Maria Paula, a meu irmão Carliano e a todos àqueles que de um modo ou de outro ajudaram na concretização de mais esta etapa da minha vida SUMÁRIO AGRADECIMENTOS ____________________________________________ i RESUMO _____________________________________________________iii ABSTRACT ___________________________________________________ iv LISTA DE TABELAS ___________________________________________ v LISTA DE FIGURAS ____________________________________________ vi ABREVIATURAS E SÍMBOLOS _________________________________ xiv INTRODUÇÃO_________________________________________________ 1 OBJETIVO GERAL _____________________________________________ 3 1. MATERIAIS COMPOSTOS_____________________________________ 4 1.1. INTRODUÇÃO _______________________________________________________ 4 1.2. DEFINIÇÃO DOS MATERIAIS COMPOSTOS _____________________________ 6 1.3. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS COMPOSTOS ________________________ 6 1.3.1. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS MICROCOMPOSTOS _____________________________________ 7 1.3.1.1. Materiais Compostos Fibrosos __________________________________________________ 7 1.3.1.2. Materiais Compostos Particulados _______________________________________________ 9 1.3.1.3. Materiais Compostos Laminados ________________________________________________ 9 1.3.1.4. Materiais Compostos Híbridos _________________________________________________ 10 1.4. PROCESSOS DE FABRICAÇÃO _______________________________________ 10 1.4.1. PROCESSO DE FABRICAÇÃO COM MOLDAGEM MANUAL (HAND LAY-UP) ____________________ 11 2. COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS COMPOSTOS LAMINADOS SOB AÇÃO DE TENSÕES ESTÁTICAS ____________ 14 2.1. LEI DE HOOKE GENERALIZADA _____________________________________ 14 2.2. FATORES QUE INFLUENCIAM NA RESISTÊNCIA E RIGIDEZ DOS LAMINADOS COMPOSTOS __________________________________________ 18 2.2.1. INFLUÊNCIA DO ÂNGULO DA FIBRA __________________________________________________ 18 2.2.2. INFLUÊNCIA DA CONFIGURAÇÃO ___________________________________________________ 22 2.2.3. INFLUÊNCIA DO PERCENTUAL DE FIBRA, MATRIZ E VAZIOS _______________________________ 23 2.2.4. INFLUÊNCIA DO PROCESSO DE FABRICAÇÃO ___________________________________________ 27 2.2.5. INFLUÊNCIA DA UMIDADE E TEMPERATURA ___________________________________________ 27 2.3. TIPOS DE DANOS ENCONTRADOS NOS LAMINADOS SOB AÇÃO DE CARGAS ESTÁTICAS _______________________________________________ 29 3. COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS COMPOSTOS LAMINADOS SOB AÇÃO DE TENSÕES CÍCLICAS ______________ 32 3.1. INTRODUÇÃO ______________________________________________________ 32 3.2. SIMBOLOGIA UTILIZADA NA APLICAÇÃO DE TENSÕES CÍCLICAS ______ 33 3.3. ANÁLISE DA VIDA ÚTIL DOS COMPOSTOS LAMINADOS SOB AÇÃO DE TENSÕES CÍCLICAS ________________________________________________ 36 3.3.1. MODELOS MATEMÁTICOS UTILIZADOS PARA DEFINIR A CURVA S-N________________________ 39 3.3.2. DIAGRAMA MODIFICADO DE GOODMAN ______________________________________________ 40 3.4. PRINCIPAIS FATORES QUE INFLUENCIAM A RESISTÊNCIA À FADIGA DE UM COMPOSTO LAMINADO ________________________________________ 44 3.4.1. INFLUÊNCIA DA RAZÃO DE FADIGA (R) ______________________________________________ 44 3.4.2. INFLUÊNCIA DA FREQÜÊNCIA UTILIZADA _____________________________________________ 46 3.4.3. INFLUÊNCIA DA CONFIGURAÇÃO ___________________________________________________ 47 3.4.4. INFLUÊNCIA DO PERCENTUAL DE FIBRA E MATRIZ ______________________________________ 48 3.4.5. INFLUÊNCIA DA UMIDADE E DA TEMPERATURA DE TRABALHO ____________________________ 49 3.4.6. INFLUÊNCIA DO SISTEMA DE FIBRA/MATRIZ UTILIZADO NO LAMINADO _____________________ 49 3.5. FORMAÇÃO E PROPAGAÇÃO DO DANO DURANTE A VIDA À FADIGA DO LAMINADO________________________________________________________ 52 3.6. MODIFICAÇÃO DO MÓDULO DE ELASTICIDADE E DO LIMITE DE RESISTÊNCIA DURANTE O CARREGAMENTO CÍCLICO DO LAMINADO _ 55 4. MATERIAIS E MÉTODOS ____________________________________ 56 4.1. PROCESSO DE FABRICAÇÃO E CONFIGURAÇÃO DOS LAMINADOS _____ 56 4.2. CORTE E CONFECÇÃO DOS CORPOS DE PROVA _______________________ 57 4.3. ENSAIO DE DENSIDADE VOLUMÉTRICA E DE CALCINAÇÃO ___________ 58 4.4. ENSAIO DE TRAÇÃO UNIAXIAL _____________________________________ 59 4.5. ENSAIO DE COMPRESSÃO UNIAXIAL ________________________________ 60 4.7. ENSAIO DE FADIGA UNIAXIAL ______________________________________ 62 4.8. ANÁLISE DOS DANOS OBTIDOS DURANTE E APÓS OS ENSAIOS ________ 64 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES – ENSAIOS PRELIMINARES _________ 66 5.1. ENSAIOS DE DENSIDADE VOLUMÉTRICA E CALCINAÇÃO _____________ 66 5.2. ENSAIOS DE TRAÇÃO UNIAXIAL ____________________________________ 68 5.2.1. ANÁLISE DO DANO NOS ENSAIOS DE TRAÇÃO _________________________________________ 71 5.3. ENSAIOS DE COMPRESSÃO UNIAXIAL _______________________________ 76 5.3.1. ANÁLISE DO DANO NOS ENSAIOS DE COMPRESSÃO _____________________________________ 79 5.4. COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS NO ENSAIO DE TRAÇÃO E COMPRESSÃO UNIAXIAIS __________________________________________ 82 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES – ENSAIOS DE FADIGA __________ 84 6.1. ANÁLISE DAS CURVAS S-N__________________________________________ 84 6.2. DIAGRAMA MODIFICADO DE GOODMAN_____________________________ 90 6.3. ANÁLISE DO DANO NOS LAMINADOS ________________________________ 94 6.3.1. ANÁLISE DO DANO DURANTE O ENSAIO DE FADIGA PARA R = 0,1 __________________________ 94 6.3.2. ANÁLISE DO DANO DURANTE O ENSAIO DE FADIGA PARA R = -1___________________________ 99 6.3.3. ANÁLISE DO DANO DURANTE O ENSAIO DE FADIGA PARA R = 10 _________________________ 106 CONCLUSÕES_______________________________________________ 114 SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS _____________________ 117 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _____________________________ 118 ANEXO A ___________________________________________________ 124 ANEXO B ___________________________________________________ 127 ANEXO C ___________________________________________________ 129 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado forças para perseverar e por ter me mostrado saídas em todos os momentos difíceis. Ao meu pai, Raimundo Carlos Silvério Freire por ter me ajudado de todos os modos que um pai pode ajudar a um filho. À minha mãe, Ana Maria Ribeiro Mota Freire por ter me dado todo amor e atenção, e por ter me apoiado na realização deste trabalho. À minha esposa Erlaine Pereira de Carvalho Freire pela dedicação e pela compreensão durante a minha ausência para a realização deste. À professora Dra. Eve Maria Freire de Aquino, pelo incentivo e orientação durante o decorrer do trabalho. Ao aluno de iniciação cientifica Bruno, pelo grande auxilio prestado durante a confecção dos corpos de prova e os ensaios de tração. Aos professores do CEFET – RN, Renata Carla Tavares dos Santos Felipe e Raimundo Nonato Barbosa Felipe pelo auxilio na realização dos ensaios de tração. Ao CEFET – RN por ceder a Máquina PAVITEST para a realização dos ensaios mecânicos. Aos professores da UFPB – Campus II, Dr. Marco Antonio dos Santos e Dr. Marconi Andrade Farias no auxílio durante os ensaios de fadiga e compressão. Ao funcionário Nilson José Araújo Barbosa da UFPB – Campus II, pelo auxílio na fabricação das garras para a realização dos ensaios de fadiga. Ao aluno de Mestrado Cícero da Rocha Souto, pelo auxílio na montagem do sistema de aquisição de dados do MTS. A UFPB – Campus II – DEM/AMPF, pela utilização dos laboratórios e equipamentos. i A professora da UFRN, Neyde Tomazim pelo auxilio durante a utilização do laboratório de Metalografia. A Marisa, pela correção gramatical feita nesta dissertação. A UFRN – PPGEM, pela utilização dos laboratórios e equipamentos. A CAPES, pelo apoio financeiro dado para a realização deste trabalho. E a todos que de uma forma ou de outra, contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho. ii RESUMO Este trabalho consiste em um estudo da prevenção de falha por fadiga de dois laminados compostos de poliéster reforçados com fibra de vidro-E em forma de manta de fibras curtas e tecido têxtil cruzado, possuindo 10 e 12 camadas. Para tanto, foi necessário um estudo completo do comportamento mecânico (resistência e rigidez), destes laminados, bem como do mecanismo de dano e sua influência na resposta dos mesmos. Desse modo, foram realizados, inicialmente, ensaios de tração e compressão uniaxiais obtendo-se desta forma as propriedades mecânicas, tais como limite de resistência e módulos de elasticidade. Em seguida, foram realizados os ensaios de fadiga, obtendo-se as curvas S-N para as razões de fadiga R = 0,1, R = -1 e R =10. Com estes resultados, elaborou-se os Diagramas de prevenção de falha por fadiga dos dois laminados. Além deste tipo de análise, um estudo comparativo dos dois laminados foi desenvolvido com o intuito de estudar uma possível influência da configuração no comportamento à fadiga dos dois laminados. Também foi desenvolvido um estudo detalhado do mecanismo de dano, tanto para os ensaios estáticos quanto para os ensaios de fadiga. Para o monitoramento do mesmo foram utilizadas técnicas de filmagem e micrografias óticas. Palavras-chave: Materiais Compostos, Fadiga, Diagrama Modificado de Goodman, Mecanismo de Dano, Tração, Compressão. iii ABSTRACT The present investigation addressed the prevention of fatigue failure of laminate composites. They consist of polyester resins reinforced with E-glass/fibers with variation of the stacking sequences (10 and 12 layers). The fibers come in the form of mat and (bidirection) woven fabric textile. The strength and stiffness of the composites were studied along with their damage mechanism and its effect on material response. The composites were tested under uniaxial tension and compression to determine ultimate strength and Young modulus. Fatigue tests were then performed to obtain S-N curves at the following fatigue ratios, R = 0.1, R = -1 and R = 10. These results were used to compile fatigue failure prevention diagrams for the assessed composites. A comparative study was also carried out to determine possible effects of the composite configuration on its fatigue behavior. The damage mechanism was studied from both static and fatigue tests using recording and photographing techniques. Keywords: composites, fatigue, Goodman’s modified diagram, damage mechanism, tensile tests, compression tests. iv LISTA DE TABELAS Tabela 5.1: Densidade volumétrica das duas configurações analisadas. ________________ 66 Tabela 5.2: Percentuais volumétricos de fibra, resina e vazios. _______________________ 67 v LISTA DE FIGURAS Figura 1.1: Diagrama esquemático que demonstra a importância das quatro classes de materiais (metais, polímeros, compostos e cerâmicos) utilizadas na engenharia em função do tempo. A escala de tempo é não linear (Matthews, 1994). ______ 5 Figura 1.2: Exemplos de aplicação dos materiais compostos (Reinforced Plastics, 2001). ___ 5 Figura 1.3: Formas possíveis de utilização de fibras na fabricação de materiais compostos. _ 7 Figura 1.4: Formas possíveis de utilização de fibras na fabricação de materiais compostos (Chou et al., 1986). _______________________________________________ 8 Figura 1.5: Tipos de fibras e matrizes mais utilizadas na fabricação de um material composto (Al-Qureshi, 1983). _______________________________________ 9 Figura 1.6: Exemplo de materiais compostos particulados (Chiaverini, 1986).____________ 9 Figura 1.7: Exemplo de materiais compostos laminados ____________________________ 10 Figura 1.8: Aplicação de resina através da utilização de rolos (Aquino, 1992). __________ 12 Figura 1.9: Aplicação de nova camada sobre o laminado (Aquino, 1992). ______________ 13 Figura 2.1: Componentes de tensão que atuam em um ponto do material (Hull, 1987; Herakovich, 1997). ______________________________________________ 15 Figura 2.2: Diagrama tensão versus deformação (ensaio de tração uniaxial) de um composto de carbono epóxi com traçado tridimensional (3-d) (Ding et al., 1995). _______________________________________________ 17 Figura 2.3: Diagrama tensão versus deformação (ensaio de tração uniaxial) de um laminado composto de fibra de vidro/polipropileno com três camadas (Ferreira et al. (a), 1999).______________________________________________________ 17 Figura 2.4: Diagrama tensão deformação de um laminado composto de fibra de vidro/poliéster (Felipe (a), 1997). ___________________________________ 17 Figura 2.5: Eixos de coordenadas de uma lâmina unidirecional. ______________________ 19 Figura 2.6: Módulo de elasticidade em função da orientação da fibra para uma lâmina unidirecional de fibra de aramida com epóxi (Herakovich, 1997). __________ 20 vi Figura 2.7: Coeficiente de poisson em função da orientação da fibra para uma lâmina unidirecional de fibra de aramida com epóxi (Herakovich, 1997). __________ 20 Figura 2.8: Módulo de elasticidade Ex em função da orientação da fibra para uma lâmina unidirecional de fibra de carbono com epóxi (Sinclair et al., 1979 apud Hull, 1987). _________________________________________________________ 21 Figura 2.9: Módulo de elasticidade Ex em função da orientação da fibra para uma lâmina unidirecional de fibra de vidro com poliéster (Mandell et al., 1997). ________ 21 Figura 2.10: Curvas tensão versus deformação de um laminado composto de fibras de aramida com epóxi variando-se o ângulo da fibra utilizado (Herakovich, 1997). ______________________________________________ 22 Figura 2.11: Diagrama tensão versus deformação (ensaio de tração uniaxial) de três laminados composto de fibra de vidro/polipropileno (Ferreira et al., 1999). __ 23 Figura 2.12: Diagrama tensão versus deformação de um laminado composto de fibras de carbono com poliamida para várias configurações (Herakovich, 1997).______ 23 Figura 2.13: Módulo de elasticidade na direção da fibra (E1) em função do percentual de fibra (Vf) para uma lâmina unidirecional de fibra de vidro-e/poliéster (Antaquera et al., 1991). __________________________________________ 24 Figura 2.14: Módulo de elasticidade na direção transversal à fibra (E2) em função do percentual de fibra (Vf) para uma lâmina unidirecional de fibra de vidroe/poliéster (Antaquera et al., 1991).__________________________________ 24 Figura 2.15: Coeficiente de poisson (υ υ12) em função do percentual de fibra (Vf) para uma lâmina unidirecional de fibra de vidro-e/poliéster (Antaquera et al., 1991). ___ 25 Figura 2.16: Módulo de cisalhamento (G12) em função do percentual de fibra (Vf) para uma lâmina unidirecional de fibra de vidro-e/poliéster (Antaquera et al., 1991). ___ 25 Figura 2.17: Diagrama dos valores do limite de resistência em função do volume de fibra do laminado.____________________________________________________ 26 Figura 2.18: Tipos de danos encontrados em materiais compostos.____________________ 30 Figura 2.19: Tipos de danos encontrados em materiais compostos laminados. ___________ 31 vii Figura 2.20: Danos ocorridos em um laminado composto de fibra de vidro-E/poliéster (Margaria et al., 1997). ___________________________________________ 31 Figura 3.1: Diagrama esquemático da vida à fadiga de várias estruturas (Sutherland, 1999). 32 Figura 3.2: Tensão cíclica aleatória. ____________________________________________ 33 Figura 3.3: Tensão cíclica senoidal. ____________________________________________ 33 Figura 3.4: Tensão cíclica quadrada. ___________________________________________ 34 Figura 3.5: Tipos de tensões cíclicas que podem ser aplicadas em um material. __________ 34 Figura 3.6: Simbologia utilizada para definir os componentes de tensões cíclicas. ________ 35 σm), demonstrando Figura 3.7: Gráfico da amplitude de tensão (σ σa) versus a tensão média (σ a variação da razão de fadiga (R). ___________________________________ 36 Figura 3.8: Curva S-N – materiais metálicos ferrosos (Souza, 1982). __________________ 37 Figura 3.9: Formas mais comuns de curvas S-N para laminados compostos (plástico reforçado com fibra). _____________________________________________ 38 Figura 3.10: Diagrama Modificado de Goodman demonstrando as regiões na qual o material suportará o número de ciclos especificado sem romper. ___________ 41 Figura 3.11: Diagrama Modificado de Goodman utilizando vários valores de R (Mandell et al., 1997). ______________________________________________________ 42 Figura 3.12: Diagrama Modificado de Goodman normalizado criado a partir de equação 3.7 (Beheshty et al., 1999). ___________________________________________ 43 Figura 3.13: Fatores de importância no projeto de pás de cata vento (Sutherland et al., 1995). _________________________________________________________ 44 Figura 3.14: Exemplo de três tensões cíclicas, variando-se somente o valor de R, que podem ser aplicadas ao laminado. ___________________________________ 45 Figura 3.15: Gráfico da fragilidade à fadiga (b) versus o percentual de fibra para várias configurações do laminado de plástico reforçado com fibra de vidro-E, utilizando-se R = 0,1 (Mandell et al., 1995). ___________________________ 48 viii Figura 3.16: Curvas S-N comparando três tipos de laminados unidirecionais com diferentes reforços (fibras) e mesma matriz (epóxi) (Curtis, 1987 apud Matthews et al., 1994). _________________________________________________________ 50 Figura 3.17: Fotomicrografia demonstrando a aderência fibra matriz utilizando dois tipos de matrizes (Gamstedt et al. (a), 1999). _________________________________ 51 Figura 3.18: Esquema que demonstra a importância da interface fibra/matriz na resistência à fadiga do laminado (Gamstedt et al. (a), 1999). _______________________ 51 Figura 3.19: Diagrama esquemático de formação e propagação do dano em laminados compostos (Reifsnider et al., 1983 apud Cahn et al., 1993). _______________ 52 Figura 3.20: Análise da formação de dano em uma fibra transversal ao sentido de carga sob ação de tração ou compressão (Gamstedt et al. (b), 1999). ________________ 53 Figura 3.21: Diagrama esquemático da formação e propagação de danos em compostos laminados que possuem fibras transversais submetidos a carregamentos alternados (tração-compressão) e trativos (tração-tração) (Gamstedt et al. (b), 1999). _________________________________________________________ 54 Figura 3.22: Gráfico normalizado que demonstra as duas formas como o número de ciclos pode influenciar o módulo de elasticidade do laminado.__________________ 55 Figura 4.1: Configurações dos laminados, C10 e C12. _____________________________ 56 Figura 4.2: Gabarito utilizado na confecção dos corpos de prova. _____________________ 58 Figura 4.3: Equipamento de tração universal mecânica (Pavitest). ____________________ 60 Figura 4.4: Corpo de prova utilizado para o ensaio de tração (dimensões em mm). _______ 60 Figura 4.5: Equipamento utilizado para o ensaio de compressão uniaxial e fadiga. _______ 61 Figura 4.6: Corpo de prova utilizado para o ensaio de compressão (dimensões em mm).___ 62 Figura 4.7: Garra utilizada nos ensaios de fadiga para R = -1 e R = 10. ________________ 63 Figura 4.8: Dimensões dos corpos de prova para o ensaio de fadiga. __________________ 64 Figura 5.1: Percentuais volumétricos de fibra, resina e vazios das duas configurações estudadas. ______________________________________________________ 67 ix Figura 5.2: Gráfico tensão versus deformação dos cinco corpos de prova ensaiados à tração uniaxial do laminado C10._________________________________________ 68 Figura 5.3: Gráfico tensão versus deformação dos cinco corpos de prova ensaiados à tração uniaxial do laminado C12._________________________________________ 69 Figura 5.4: Limite de resistência à tração dos laminados compostos C10 e C12. _________ 69 Figura 5.5: Módulo de elasticidade à tração dos laminados C10 e C12. ________________ 70 Figura 5.6: Deformação de ruptura à tração dos laminados C10 e C12. ________________ 71 Figura 5.7: Ruptura de um dos corpos de prova C10 submetido à tração. _______________ 71 Figura 5.8: Ruptura de um dos corpos de prova C12 submetido à tração. _______________ 71 Figura 5.9: Detalhe da ruptura do corpo de prova submetido à tração (C12). ____________ 72 Figura 5.10: Microfissura transversal oriunda de um defeito de fabricação em uma região rica em resina (C10). _____________________________________________ 73 Figura 5.11: Microfissura transversal oriunda de um defeito de fabricação em uma região rica em fibras (C10). _____________________________________________ 73 Figura 5.12: Defeitos de fabricação que não formaram microfissuras (C10). ____________ 73 Figura 5.13: Fratura coesiva na fibra (C12).______________________________________ 74 Figura 5.14: Fratura coesiva na matriz e desaderência fibra-matriz (C12). ______________ 74 Figura 5.15: Delaminação ocorrida no laminado C10.______________________________ 75 Figura 5.16: Delaminação ocorrida no laminado C12.______________________________ 75 Figura 5.17: Desaderência fibra-matriz, região de fratura final (C12). _________________ 76 Figura 5.18: Gráfico tensão versus deformação dos cinco corpos de prova ensaiados à compressão uniaxial do laminado C10. _______________________________ 77 Figura 5.19: Gráfico tensão versus deformação dos cinco corpos de prova ensaiados à compressão uniaxial do laminado C12. _______________________________ 77 Figura 5.20: Limite de resistência à compressão uniaxial dos laminados C10 e C12. _____ 78 Figura 5.21: Módulo de elasticidade longitudinal à compressão das configurações C10 e C12. __________________________________________________________ 78 x Figura 5.22: Deformação de ruptura à compressão dos laminados C10 e C12.___________ 79 Figura 5.23: Ruptura do corpo de prova submetido ao ensaio de compressão uniaxial, laminado C10. __________________________________________________ 79 Figura 5.24: Ruptura do corpo de prova submetido ao ensaio de compressão uniaxial, laminado C12. __________________________________________________ 79 Figura 5.25: Fratura coesiva na fibra e desaderência fibra/matriz (fratura adesiva) (C12). __ 80 Figura 5.26: Formação e propagação do dano no laminado sob compressão (C12). _______ 81 Figura 5.27: Fibra com pequena quantidade de resina aderida (C10). __________________ 82 Figura 5.28: Limite de resistência à tração e à compressão dos laminados compostos C10 e C12. __________________________________________________________ 83 Figura 5.29: Módulo de elasticidade à tração e à compressão dos laminados C10 e C12. __ 83 Figura 6.1: Gráfico semilogarítmico da tensão máxima normalizada versus o número de ciclos de ruptura do laminado C10, utilizando-se R = 10, R = 0,1 e R = -1 (a seta indica os corpos de prova que não sofreram ruptura). ________________ 85 Figura 6.2: Gráfico semilogarítmico da tensão máxima normalizada versus o número de ciclos de ruptura do laminado C12, utilizando-se R = 10, R = 0,1 e R = -1 (a seta indica os corpos de prova que não sofreram ruptura). ________________ 86 Figura 6.3: Gráfico semilogarítmico da tensão máxima normalizada versus o número de ciclos de ruptura, nos laminados C10 e C12 para R = –1 (a seta indica os corpos de prova que não sofreram ruptura). ___________________________ 86 Figura 6.4: Gráfico semilogarítmico da tensão máxima normalizada versus o número de ciclos de ruptura, nos laminados C10 e C12 para R = 0,1 (a seta indica os corpos de prova que não sofreram ruptura). ___________________________ 87 Figura 6.5: Gráfico semilogarítmico da tensão máxima normalizada versus o número de ciclos de ruptura, nos laminados C10 e C12 para R = 10. ________________ 88 Figura 6.6: Gráfico semilogarítmico da tensão máxima normalizada versus o número de ciclos de ruptura do laminado C10 (as linhas tracejadas demonstram as curvas da equação 3.6 e as linhas cheias demonstram as curvas da equação 3.5). ____ 89 xi Figura 6.7: Gráfico semilogarítmico da tensão máxima normalizada versus o número de ciclos de ruptura do laminado C12 (as linhas tracejadas demonstram os resultados obtidos com a equação 3.6 e as linhas cheias os resultados obtidos com a equação 3.5). ______________________________________________ 89 Figura 6.8: Diagrama Modificado de Goodman para o laminado C10, utilizando apenas os resultados obtidos para R = –1. _____________________________________ 90 Figura 6.9: Diagrama Modificado de Goodman para o laminado C12, utilizando apenas os resultados obtidos para R = –1. _____________________________________ 91 Figura 6.10: Diagrama Modificado de Goodman para a prevenção de falha por fadiga do laminado C10. __________________________________________________ 92 Figura 6.11: Diagrama Modificado de Goodman para a prevenção de falha por fadiga do laminado C12. __________________________________________________ 92 Figura 6.12: Visualização da influência da razão de fadiga R na configuração C10. ______ 93 Figura 6.13: Visualização da influência da razão de fadiga R na configuração C12. ______ 93 Figura 6.14: Comparação de um laminado C10 “virgem” com um laminado C10 sendo ensaiado à fadiga (R = 0,1). ________________________________________ 95 Figura 6.15: Diagrama de formação e propagação do dano no laminado C10 com R = 0,1. 96 Figura 6.16: Diagrama de formação e propagação do dano no laminado C12 com R = 0,1. 97 Figura 6.17: Laminado C12 (σ σmax = 69 MPa, R = 0,1, número de ciclos N = 18700 ciclos, número de ciclos de ruptura N0 = 21200 ciclos).________________________ 98 Figura 6.18: Ruptura do laminado C12 (σ σmax = 69 MPa, R = 0,1, número de ciclos de ruptura N0 = 21200 ciclos). ________________________________________ 98 Figura 6.19: Fissuras transversais formadas durante o ensaio de fadiga à R = 0,1. ________ 99 Figura 6.20: Diagrama de formação e propagação do dano no laminado C10 com R = -1. 100 Figura 6.21: Diagrama de formação e propagação do dano no laminado C12 com R = -1. 101 Figura 6.22: Seqüência de dano ocorrido no laminado C10 ensaiado com R = -1 (N0 = 4400 ciclos, σmax = 69 MPa) (região de bordo livre).________________________ 102 xii Figura 6.23: Seqüência de dano ocorrido no laminado C12 ensaiado com R = -1 (N0 = 17500 ciclos, σmax = 46 MPa) (região de bordo livre). __________________ 103 Figura 6.24: Seqüência do dano ocorrido no laminado C10 ensaiado com R = -1 (N0 = 345200 ciclos, σmax = 46 MPa) (região de bordo livre). _________________ 104 Figura 6.25: Defeitos de fabricação sem a formação de microfissuras à R = -1 (C10). ___ 105 Figura 6.26: Fraturas adesiva e coesiva ocorridas no ensaio de fadiga à R = -1 (C12). ___ 106 Figura 6.27: Delaminação ocorrida no ensaio de fadiga à R = -1 (C12)._______________ 106 Figura 6.28: Diagrama de formação e propagação do dano no laminado C10 com R = 10. 107 Figura 6.29: Diagrama de formação e propagação do dano no laminado C12 com R = 10. 108 Figura 6.30: Seqüência de dano ocorrido no laminado C12 ensaiado com R = 10 (N0 = 38700 ciclos, σmax = 99,6 MPa). ___________________________________ 109 Figura 6.31: Seqüência de dano ocorrido no laminado C10 ensaiado com R = 10 (N0 = 3500 ciclos, σmax = 132,8 MPa). ___________________________________ 110 Figura 6.32: Seqüência de dano ocorrido no laminado C12 ensaiado com R = 10 (N0 = 3500 ciclos, σmax = 132,8 MPa). ___________________________________ 111 Figura 6.33: Defeitos de fabricação que não formaram microfissuras à R = 10 (C10).____ 112 Figura 6.34: Fissura transversal formada a partir de um defeito de fabricação no ensaio de fadiga com R = 10 (C10). ________________________________________ 112 Figura 6.35: Delaminação ocorrida para R = 10 (C12). ____________________________ 113 xiii ABREVIATURAS E SÍMBOLOS [C] – Matriz de rigidez do material a, p – Coeficientes de fadiga do material (equação 3.5) ASTM – American Society for Testing Materials b – Fragilidade à fadiga do material (equações 3.5 e 3.6) c, d e w – parâmetros utilizados para o calculo da densidade volumétrica (equação 4.1) C10 – Configuração do laminado de 10 camadas C12 – Configuração do laminado de 12 camadas CDS – Estado característico de dano (characteristic damage state) C-C – Região na qual a razão de fadiga varia de 1 a +∞ C-T – Região na qual a razão de fadiga varia de -∞ a -1 Curva S-N – Curva da tensão máxima versus o número de ciclos de ruptura D – Densidade volumétrica do laminado (g/cm3) Df – Densidade volumétrica da fibra (g/cm3) Dm – Densidade volumétrica da matriz (g/cm3) e – Espessura do laminado (mm) E – Módulo de Elasticidade (GPa) E0 – Módulo de Elasticidade Inicial (GPa) E1 – Módulo de Elasticidade na direção 1 (GPa) E2 – Módulo de Elasticidade na direção 2 (GPa) Ex – Módulo de Elasticidade na direção x (GPa) Ey – Módulo de Elasticidade na direção y (GPa) F – Fator de falha por flambagem f, u, v – Parâmetros de convergência da equação 3.7 g – Comprimento útil do laminado (gage) (mm) Gxy – Módulo de cisalhamento em relação ao eixo x-y (GPa) M – Manta de fibra de vidro/E (450 g/m2) mf – Massa de fibra (g) Mf – Percentual mássico de fibra Mm – Percentual mássico de resina mt – Massa total do laminado (g) xiv N – Número de ciclos N0 – Número de ciclos de ruptura R – Razão de fadiga s – Referente à simetria do laminado T – Tecido têxtil cruzado de fibra de vidro E (450 g/m2) T-C – Região na qual a razão de fadiga varia de -1 a 0 T-T – Região na qual a razão de fadiga varia de 0 a 1 Vf – Volume de fibra (percentual volumétrico) Vfcrit – Valor crítico do volume de fibra (figura 2.17) Vfmin – Valor mínimo do volume de fibra (figura 2.17) Vm e Vv – Percentuais volumétricos da resina e de vazios, respectivamente ε1, ε2 e ε3 – Componentes de deformação nas direções 1, 2 e 3, respectivamente γ23, γ31 e γ12 – Ângulos de distorção nos planos 2-3, 3-1 e 1-2, respectivamente ν12 – Coeficiente de Poisson em relação ao plano 1-2 νxy – Coeficiente de Poisson em relação ao plano x-y θ – Ângulo formado entre o eixo x e o eixo 1 σa – Amplitude de tensão (MPa) σmax – Tensão máxima (MPa) σmed – Tensão média (MPa) σmin – Tensão mínima (MPa) σr – Intervalo de tensão (MPa) σult – Tensão última ou limite de resistência ou tensão de ruptura (MPa) σult f – Limite de resistência da fibra (figura 2.17) σult m – Limite de resistência da matriz (figura 2.17) σult.c – Limite de resistência à compressão (MPa) σult.t – Limite de resistência à tração (MPa) σ1, σ2 e σ3 – Componentes de tensão normais na direção 1, 2 e 3 respectivamente (MPa) τ12, τ13 e τ23 – Componentes das tensões de cisalhamento nos planos 1-2, 1-3 e 2-3, respectivamente (MPa) xv INTRODUÇÃO Um dos pré-requisitos fundamentais para a aplicação de um material em elementos estruturais móveis ou de grande porte é o seu peso, pois somente assim se garantirá um menor consumo de energia durante a sua aplicação e ou transporte. Para atender à necessidade de obter materiais com boa resistência mecânica e baixo peso, foram criados os materiais compostos sintéticos que são basicamente a mistura de dois ou mais materiais fisicamente distintos. Atualmente, existe um aumento progressivo da utilização dos “Materiais Compostos Poliméricos” na indústria como matéria prima para a fabricação de elementos estruturais. Para a escolha do processo de fabricação das estruturas feitas com estes materiais se consideram alguns fatores que podem ser decisivos tais como: a escala de produção necessária, o tamanho dos elementos estruturais, custo de fabricação, entre outros. O processo de fabricação mais utilizado na obtenção de elementos estruturais de grande porte, a base de materiais compostos laminados, é o processo por moldagem manual (Hand Lay-up). Isto ocorre porque este é um processo bastante simples de ser aplicado e por possuir um investimento inicial pequeno, apesar do mesmo apresentar deficiências com relação ao processo de impregnação das fibras. Daí, é de grande interesse o estudo das propriedades mecânicas, tanto estáticas quanto cíclicas de peças de grande porte fabricadas por este tipo de processo. Para o estudo do comportamento mecânico do material, quando submetido a esforços estáticos e cíclicos, é necessário que o mesmo seja analisado através de ensaios experimentais. No caso dos materiais compostos, existe uma grande complexidade nas suas propriedades mecânicas, por causa da influência direta de muitos parâmetros, inclusive do mecanismo de dano envolvido. No caso dos compostos laminados, os parâmetros mais estudados estão geralmente relacionados com o processo de fabricação, configuração, simetria na distribuição das camadas, sistema fibra/matriz, condições de umidade e temperatura, entre outros. Pensando desse modo, a segurança no desempenho de qualquer elemento estrutural constituído à base de materiais compostos, passa, impreterivelmente, pelo conhecimento preciso de todos os fatores que possam vir a desestabilizá-lo. A partir desse conhecimento e da utilização de critérios apropriados, a prevenção de falha do elemento pode ser elaborada e aplicada em qualquer projeto mecânico. 1 Dentro da indústria, um dos critérios utilizados na tentativa de aumentar a resistência e rigidez de um laminado, é o aumento do número de camadas do mesmo, embora este tipo de decisão pode não apresentar bons resultados, principalmente, se mudar características do laminado, como por exemplo a sua simetria. Este trabalho apresenta, como elemento estrutural para estudo, duas configurações de laminados de resina poliéster ortoftálica reforçadas com fibra de vidro-E na forma de manta de fibras curtas e tecido têxtil bidirecional, uma com 10 e a outra com 12 camadas; sendo os mesmos utilizados na fabricação de reservatórios de grande porte, através do processo de moldagem manual. Ressalta-se aqui que o laminado de 12 camadas não possui simetria com relação à distribuição de camadas. O estudo desenvolvido aqui, foi realizado de modo a obter-se, ao final, diagramas de prevenção de falha por fadiga, bem com, o desenvolvimento de Diagramas de Formação e Propagação do Dano (DFPD) deste laminados. Para tanto, foram realizados ensaios preliminares de densidade volumétrica, calcinação, tração e compressão uniaxiais. Além destes ensaios, foram realizados ensaios de fadiga para a obtenção da curva S-N para vários valores de razão de fadiga (R), mais especificamente R = 0,1 (fadiga trativa), R = -1 (fadiga alternada) e R = 10 (fadiga compressiva). Ainda com o objetivo de assegurar o desempenho do material em estudo, com relação à prevenção de falha por fadiga e obtenção dos DFPD’s para todas as razões de fadiga R, um estudo detalhado do mecanismo de dano foi desenvolvido. Para o monitoramento do mesmo foram utilizadas técnicas de filmagem e microscopia ótica. Este trabalho apresenta-se dividido em seis capítulos. Os três primeiros capítulos tratam da revisão bibliográfica dos materiais compostos, introduzindo o tema e demonstrando o comportamento mecânico destes, sob a ação de carregamentos estáticos e cíclicos; o quarto capítulo trata sobre o procedimento experimental utilizado para a realização dos ensaios de densidade volumétrica e calcinação, tração uniaxial, compressão uniaxial (sendo estes definidos como ensaios preliminares), fadiga uniaxial e as técnicas de monitoramento do mecanismo de dano; a partir do quinto capítulo faz-se a apresentação dos resultados obtidos nos ensaios preliminares e de fadiga uniaxial, diagramas de falhas por fadiga, além do estudo completo da formação e propagação do dano para os dois laminados. As conclusões e sugestões para futuros trabalhos são apresentadas no final deste. 2 OBJETIVO GERAL Este trabalho possui o objetivo de obter o comportamento a tração, a compressão e a fadiga de dois laminados compostos de resina poliéster reforçados com fibra de vidro E em forma de manta e tecido cruzado, utilizados pela industria para a fabricação de reservatórios; bem como, a criação de um diagrama de prevenção de falha por fadiga a partir destes resultados. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 1) Obtenção das propriedades mecânicas à tração e à compressão uniaxiais dos dois laminados. 2) Obtenção das curvas S-N dos dois laminados analisados para diferentes valores de razão de fadiga (R = 0,1, R = -1 e R = 10). 3) Modelar matematicamente as curvas S-N. 3) Obtenção do Diagrama Modificado de Goodman na prevenção da falha por fadiga. 4) Análise macroscópica e microscópica do dano formado nos ensaios de tração, compressão e de fadiga. 5) Acompanhamento da formação e propagação do dano nos laminados ensaiados à fadiga. 6) Comparação dos resultados obtidos para os ensaios de tração, compressão e fadiga dos dois laminados aqui analisados. 3 CAPÍTULO 1 1. MATERIAIS COMPOSTOS Neste capítulo será feita uma revisão sobre a definição, a classificação e os processos de fabricação dos materiais compostos, com o propósito de demonstrar os conceitos básicos ligados a estes tipos de materiais. Além disso, se tentará mostrar a grande variedade e o quanto estes materiais estão presentes na nossa vida, mesmo em épocas na qual não existiam os materiais compostos fabricados pelo homem. 1.1. INTRODUÇÃO Historicamente, os materiais compostos podem ser considerados tão ou mais antigos do que o homem, haja posto que a madeira, o bambu e até o próprio corpo humano são materiais compostos (Herakovich, 1997). Porém estes materiais compostos são considerados naturais, ou seja, feitos pela natureza. Os materiais compostos artificiais ou sintéticos (feitos pelo homem) só foram criados na primeira metade do século XX, e só começaram a ser utilizados em 1940, quando a NASA utilizou plástico (poliéster) reforçado com fibra de vidro na fabricação de cúpulas de radares (Antaquera et al, 1991). A partir de 1960, os pesquisadores e engenheiros começaram a ver, com mais seriedade, o vasto potencial dos materiais compostos e, a partir desta época, houve um considerável avanço na idealização, fabricação e utilização dos mesmos, sendo, por exemplo aplicados na fabricação de peças de aviões (Herakovich, 1997). A partir da figura 1.1 pode-se perceber melhor a evolução dos materiais compostos, bem como das outras três grandes classes de materiais utilizados na engenharia (metais, polímeros e cerâmicos) (Matthews, 1994). Por este gráfico, percebe-se, também, que somente com a evolução tecnológica ocorrida durante o século XX é que se descobriram novos tipos de materiais em todas as grandes áreas da engenharia de materiais com melhores propriedades físicas e mecânicas. Atualmente, os materiais compostos são bastante utilizados mundialmente, possuindo uma vasta aplicação que vai desde equipamentos recreativos como raquetes de tênis a aplicações militares e aeroespaciais como hélices de helicóptero e componentes utilizados na fabricação de ônibus espaciais. Além destes exemplos, pode-se citar outros como os mostrados na figura 1.2 (Reinforced Plastics, 2001). 4 Figura 1.1: Diagrama esquemático que demonstra a importância das quatro classes de materiais (metais, polímeros, compostos e cerâmicos) utilizadas na engenharia em função do tempo. A escala de tempo é não linear (Matthews, 1994). Figura 1.2: Exemplos de aplicação dos materiais compostos (Reinforced Plastics, 2001). 5 1.2. DEFINIÇÃO DOS MATERIAIS COMPOSTOS Pode-se definir material composto como a combinação de dois ou mais materiais de modo heterogêneo, ou seja, que possuam fases distintas, com o objetivo de se obter propriedades específicas e características desejadas. É certo que esta definição depende do nível de análise do material, pois todos os materiais podem ser considerados heterogêneos se a escala analisada é muito pequena (Herakovich, 1997). Pensando desse modo, os materiais compostos não possuem uma definição criteriosa e, conforme Hull (1987) descreveu, para um material ser considerado composto, no que diz respeito a aplicações estruturais, deve-se considerar os três fundamentos citados abaixo. 1) União de dois ou mais materiais fisicamente distintos e separáveis mecanicamente. 2) Podem ser fabricados de modo a se controlar a proporção de cada um dos elementos utilizados para a sua fabricação objetivando-se obter propriedades ótimas. 3) As propriedades obtidas no composto são superiores e, possivelmente, únicas, se comparadas aos componentes em separados. A partir destes fundamentos, percebe-se que o principal objetivo da idealização e fabricação de um material composto é a obtenção de um material com excelentes propriedades físicas e mecânicas para um determinado projeto, ou seja, as propriedades do material composto podem se adequar ao projeto a partir da variação das proporções dos elementos utilizados durante a fabricação. 1.3. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS COMPOSTOS Os materiais compostos estão divididos em duas grandes categorias que são: materiais compostos naturais (que são criados pela natureza) e materiais compostos sintéticos (que são fabricados pelo homem). Pode-se citar como exemplo de materiais compostos naturais a madeira, o bambu, os músculos e o corpo humano; e como exemplo de materiais compostos sintéticos os plásticos reforçados, hélices de helicóptero e vigas de concreto armado (Hull, 1987). Dentre os materiais compostos sintéticos ainda existe uma subdivisão que os classifica em materiais macrocompostos e microcompostos. Os materiais macrocompostos são aqueles nos quais as fases do material composto são macroscópicas, ou seja, podem ser vistas a olho nu, enquanto que, os materiais microcompostos são aqueles nos quais as fases do material composto só podem ser identificadas com o auxilio de microscópio ou de lente de aumento. 6 Pode-se citar como exemplo de macrocompostos as pás de helicóptero e vigas de concreto armado; e de microcompostos os plásticos reforçados (Hull, 1987). Apesar desta classificação bastante ampla dos materiais compostos, na prática, o que realmente se considera como materiais compostos são os materiais microcompostos (Chiaverini, 1986; Reddy et al, 1995; Antaquera et al, 1991; Herakovich, 1997), desse modo, torna-se relevante a classificação dos mesmos. 1.3.1. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS MICROCOMPOSTOS Estes materiais são classificados em quatro partes, que são; materiais compostos fibrosos, particulados, laminados e híbridos. 1.3.1.1. Materiais Compostos Fibrosos Os materiais compostos fibrosos são constituídos de fibras aderidas a uma matriz, na qual, as fibras podem ser distribuídas de modo aleatório ou não, e podem possuir um comprimento longo ou curto dependendo da dimensão da peça obtida (ver figura 1.4). Além disso, as fibras também podem apresentar vários modos de disposição, conforme ilustrado nas figuras 1.3 e 1.4. No caso das fibras que podem ser tecidas, as mesmas se encontram na forma de tecido uniaxial, biaxial, triaxial e multiaxial; já para o caso de disposição aleatória, as mesmas apresentam-se na forma de manta de fios curtos ou contínuos; as fibras também podem se apresentar na forma de construção tridimensional; construção cilíndrica tridimensional e construção interlock (Chou et al., 1986; Bannister, 2001, Tsai et al., 2000). Tecido Bidirecional Manta com fios contínuos Tecido Unidirecional Manta com fios curtos Figura 1.3: Formas possíveis de utilização de fibras na fabricação de materiais compostos. 7 Figura 1.4: Formas possíveis de utilização de fibras na fabricação de materiais compostos (Chou et al., 1986). No que diz respeito aos tipos de fibras fabricadas atualmente, pode-se destacar as fibras de vidro, de carbono, de kevlar e de boro (ver figura 1.5). As fibras de vidro são as mais utilizadas mundialmente devido as suas boas propriedades físicas e mecânicas, a sua grande aderência fibra/matriz e, na maioria dos casos, seu baixo custo. Ressalta-se, também, um crescimento acentuado da utilização de fibras naturais (a maioria de origem vegetal), inclusive em aplicações estruturais de pequeno e médio desempenho (Silva et al., 2000). Além do reforço, deve-se, também, analisar os tipos de matrizes utilizadas para impregnação do mesmo. Para o caso das fibras citadas anteriormente, a matriz mais utilizada é normalmente de origem polimérica, e pode-se citar como exemplo, o epóxi, o poliéster (matrizes termofixas), o polipropileno, o policarbonato e a poliamida (náilon) (matrizes termoplásticas). Os tipos de fibras e matrizes utilizados na fabricação de materiais compostos poliméricos podem ser melhor exemplificados na figura 1.5 (Al-Qureshi, 1983). 8 Figura 1.5: Tipos de fibras e matrizes mais utilizadas na fabricação de um material composto (Al-Qureshi, 1983). 1.3.1.2. Materiais Compostos Particulados Os materiais compostos particulados são caracterizados por partículas (reforço) dispersas na matriz, as quais, podem ser encontradas nas formas esféricas, elipsoidais, escamadas (flat flakes), maciças e ocas. Um exemplo destes tipos de materiais compostos pode ser visto na figura 1.6 (Chiaverini, 1986). Figura 1.6: Exemplo de materiais compostos particulados (Chiaverini, 1986). Dentre os materiais usados como matéria prima na obtenção de partículas ou escamas, pode-se citar os metais como o chumbo, o alumínio e o cobre; e dentre os não metálicos a mica, o vidro e o óxido de tório. No caso das matrizes, se utilizam alguns tipos de metais como o alumínio e o níquel; e alguns tipos de polímeros (Chiaverini, 1986). 1.3.1.3. Materiais Compostos Laminados Os materiais compostos laminados são formados por duas ou mais camadas superpostas e ligadas entre si, de modo que, cada camada possua uma característica específica como, por exemplo, uma direção dada à fibra. Além disso, os materiais compostos laminados também podem possuir um recheio que normalmente é de baixa densidade e bastante espesso, 9 em geral com característica de aumentar a rigidez do produto final, sendo denominados de materiais compostos sanduíche (Chiaverini, 1986). Para exemplificar o que foi dito anteriormente tem-se o exemplo da figura 1.7, a qual expõe um esboço de um laminado de 4 camadas com a seguinte configuração [+45/-45/90/0], aqui os valores representam o ângulo de inclinação das fibras, com relação à carga aplicada (P) e o esboço de um material composto sanduíche. P Figura 1.7: Exemplo de materiais compostos laminados 1.3.1.4. Materiais Compostos Híbridos Os materiais compostos híbridos apresentam, na sua estrutura, combinações de vários tipos de reforços, combinando fibras e partículas no mesmo material ou ainda combinando mais de um tipo de fibra ou de partícula no mesmo material. Como exemplo prático, pode-se citar o material composto utilizado no trabalho de Saka (1990) que era um laminado híbrido de fibra de carbono e fibra de vidro com epóxi. 1.4. PROCESSOS DE FABRICAÇÃO Os processos de fabricação utilizados na obtenção de compostos poliméricos podem ser divididos em dois grupos que são os processos de fabricação com molde aberto e com molde fechado. Como o próprio nome diz, a característica principal do processo de fabricação com molde aberto é possuir uma das faces do molde exposta ao ambiente, enquanto que no processo de fabricação com molde fechado nenhuma das faces do molde é exposta ao ambiente. Além desta característica básica, outras características que competem a estes tipos de processos de fabricação são as seguintes: no processo com molde aberto, a produção de peças é em pequena escala e utiliza pouca tecnologia para a implantação do processo de fabricação (baixo custo). Nesse caso, as peças obtidas costumam apresentar propriedades mecânicas 10 inferiores quando comparadas às peças obtidas com molde fechado. Este fato se deve a não obtenção de uniformidades das mesmas e maior probabilidade de defeitos internos (bolhas, dispersão das fases, entre outros). No processo com molde fechado a produção é em alta escala, porém necessita de alta tecnologia para a implantação do processo de fabricação (alto custo). Entretanto, nesse caso, o produto final apresenta melhor uniformidade nas propriedades mecânicas e, conseqüentemente, melhor desempenho estrutural. A fabricação de um material composto polimérico, não importando o tipo de molde utilizado, pode ser realizada em três etapas, sejam estas, de modo simultâneo ou em separado. São elas: 1) Impregnação do reforço (fibras) pela resina (polímero). 2) Adaptação do material composto ao molde, obtendo, desse modo, à forma e dimensão desejada. 3) Cura do material composto (endurecimento da resina) e desmolde da peça final. Basicamente, utiliza-se como matérias-primas na fabricação de materiais compostos poliméricos as fibras (carbono, vidro, kevlar), as resinas (epóxi, náilon, poliéster, fenólica), o catalisador (utilizado para dar início ao processo de cura do composto), o acelerador (utilizado para acelerar o processo de cura do composto), o gel-coat (matéria-prima opcional utilizada para dar um acabamento superficial ao composto) e alguns tipos de aditivos como espumas, talcos, corantes e agentes protetores de raios ultra-violeta. Dentro da categoria de processos de fabricação com molde aberto pode-se exemplificar a moldagem manual (Hand Lay-Up), a moldagem à pistola (Spray-Up), a moldagem por centrifugação e a moldagem por enrolamento (Filament Winding). Já a moldagem por compressão (Sheet Molding Compound, Bulk Molding Compound, entre outros), a injeção (Resin Transfer Molding, Resin Injection Molding, entre outros) e a pultrusão são exemplo de processos de fabricação com molde fechado. Como o processo de fabricação com moldagem manual (Hand Lay-Up) foi usado para a fabricação do material utilizado neste trabalho, o mesmo será comentado de modo mais aprofundado no tópico a seguir. 11 1.4.1. PROCESSO DE FABRICAÇÃO COM MOLDAGEM MANUAL (HAND LAY-UP) Este foi o primeiro processo a ser utilizado na fabricação de plástico reforçado com fibra de vidro. É, ainda hoje, o processo mais utilizado por empresas que trabalham com grandes superfícies ou com produção em pequena escala. Isto ocorre devido a este processo requerer um investimento pequeno e ser o único que pode ser aplicado em grandes superfícies (Antaquera et al, 1991). A primeira etapa deste processo de fabricação consiste na colocação do reforço em um molde (o molde deve estar devidamente untado com um agente desmoldante), sendo que, este reforço, em geral, pode vir na forma de manta (fibras curtas ou contínuas), ou de tecido. Após esta etapa, aplica-se a resina (já com o sistema catalítico adicionado previamente) sobre o reforço (figura 1.8), utilizando-se para isso o auxílio de rolos apropriados com a função de melhorar a impregnação das fibras de forma a eliminar bolhas de ar. No caso da fabricação de um material composto laminado deve-se continuar o processo aplicando-se novamente outra camada de reforço e posterior aplicação de resina até se chegar ao número de camadas desejado (figura 1.9). Por último, deve-se esperar até que a resina endureça para se fazer a desmoldagem da peça. Figura 1.8: Aplicação de resina através da utilização de rolos (Aquino, 1992). 12 Figura 1.9: Aplicação de nova camada sobre o laminado (Aquino, 1992). 13 CAPÍTULO 2 2. COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS COMPOSTOS LAMINADOS SOB AÇÃO DE TENSÕES ESTÁTICAS Neste capítulo será feita uma revisão bibliográfica sobre o comportamento mecânico dos laminados compostos, analisando-se desde a resposta destes sob ação de tensões estáticas até os tipos de danos ocorridos nestes materiais durante o carregamento. Neste sentido, se faz necessário, primeiramente, uma revisão dos fundamentos teóricos da elasticidade e a análise dos fatores que influenciam as constantes elásticas e a resistência dos laminados de matriz plástica reforçados com fibra. 2.1. LEI DE HOOKE GENERALIZADA Considerando que pode-se representar os esforços atuantes em um material através de nove componentes de tensão, conforme mostra a figura 2.1, estas componentes são; σ1, σ2, σ3, τ12, τ13, τ21, τ23, τ32 e τ31. Porém, pode-se demonstrar que para existir equilíbrio no material, ou seja, para que não haja rotação no mesmo é necessário que τ23 = τ32, τ13 = τ31 e τ12 = τ21 (Hull, 1987). Desse modo, as componentes de tensão são reduzidas a seis sendo elas σ1, σ2, σ3, τ12, τ13 e τ23. Por definição, σ1, σ2 e σ3 são as tensões normais na direção dos eixos 1, 2 e 3, respectivamente; e τ12, τ13 e τ23 são as tensões de cisalhamento nos planos 1-2, 1-3 e 2-3, respectivamente. Para relacionar as componentes de tensão aos valores de deformação do material, utiliza-se a Lei de Hooke Generalizada demonstrada na equação 2.1 (Hooke, 1678; Love 1892 apud Herakovich, 1997). Esta lei aproxima o comportamento do material a um comportamento linear elástico, porém como será visto adiante, este tipo de comportamento nem sempre é verdadeiro. σ 1 C 11 σ C 2 12 σ 3 C 13 = τ 23 C 14 τ13 C 15 τ12 C 16 C 21 C 22 C 23 C 24 C 25 C 26 C 31 C 32 C 33 C 34 C 35 C 36 C 41 C 42 C 43 C 44 C 45 C 46 C 51 C 52 C 53 C 54 C 55 C 56 C 61 ε 1 C 62 ε 2 C 63 ε 3 ⋅ C 64 γ 23 C 65 γ 13 C 66 γ 12 (2.1) 14 A equação 2.1 representa a notação matricial da lei de Hooke generalizada. A matriz [C] é definida como a matriz de rigidez do material. Nesta equação, ε1, ε2 e ε3 representam as componentes de deformação nas direções 1, 2 e 3, respectivamente; γ23, γ31 e γ12 são os ângulos de distorção nos planos 2-3, 3-1 e 1-2, respectivamente. τ31 σ3 τ13 σ1 τ12 τ 21 τ 32 τ 23 σ2 1 2 Figura 2.1: Componentes de tensão que atuam em um ponto do material (Hull, 1987; Herakovich, 1997). A partir da equação 2.1, se percebe que a matriz de rigidez possui 21 constantes elásticas independentes. Porém, ao se levar em conta planos de simetria, inerentes a maioria dos materiais e inclusive aos materiais compostos laminados, o comportamento normalmente encontrado é de um material ortotrópico, deixando a equação 2.1 na forma demonstrada na equação 2.2, na qual esta última possui 9 constantes independentes (Reddy, 1995; Herakovich, 1997). σ1 C11 σ C 2 12 σ 3 C13 = τ 23 0 τ13 0 τ12 0 C12 C13 0 0 C 22 C 23 0 0 C 23 C 33 0 0 0 0 C 44 0 0 0 0 0 0 0 C 55 0 0 ε1 0 ε 2 0 ε3 ⋅ 0 γ 23 0 γ 13 C 66 γ 12 (2.2) Porém, se existir um plano do material, na qual todas as propriedades são iguais em todas as direções deste plano, o mesmo será chamado de transversalmente isotrópico e será 15 definido pela equação 2.3 (o plano isotrópico seria o plano transversal a fibra em um laminado unidirecional). Este material terá uma matriz de rigidez formada por 5 constantes independentes (Reddy, 1995; Herakovich, 1997). σ1 C11 σ C 2 12 σ 3 C12 = τ 23 0 τ13 0 τ12 0 C12 C 22 C12 C 23 0 0 0 0 C 23 0 C 22 0 0 C 33 0 0 0 0 0 0 0 0 C 33 0 0 ε1 0 ε 2 0 ε3 C11 − C12 ⋅ ∴ C = 0 γ 23 2 0 γ 13 C γ 12 (2.3) E, ainda, se o laminado possuir três planos ortogonais de simetria, o mesmo é considerado isotrópico e a matriz de rigidez possuirá 2 constantes elásticas como é mostrado na equação 2.4 (Reddy, 1995; Herakovich, 1997). σ1 C11 σ C 2 12 σ 3 C12 = τ 23 0 τ13 0 τ12 0 C12 C11 C12 0 0 0 C12 C12 C11 0 0 0 0 0 0 C 0 0 0 0 0 0 C 0 0 ε1 0 ε 2 0 ε3 C11 − C12 ⋅ ∴ C = 0 γ 23 2 0 γ 13 C γ 12 (2.4) Conforme foi dito anteriormente, a lei de Hooke só é valida para materiais com comportamento linear. Esta condição é apenas uma aproximação da realidade, pois, na maioria dos casos, o comportamento do composto é não linear. Isto pode ser percebido através do gráfico tensão versus deformação de um ensaio de tração uniaxial do composto de carbono/epóxi na forma de construção tridimensional (3-D), mostrado na figura 2.2 (Ding et al., 1995) e também para o caso do composto de fibra de vidro/polipropileno mostrado na figura 2.3 (Ferreira et al. (a), 1999). Apesar do comportamento não linear destes compostos, nestes casos pode-se aproximar o comportamento destes materiais por um comportamento linear, obtendo-se bons resultados. Porém, em alguns casos, não se pode fazer este tipo de aproximação, como no caso composto de poliéster reforçado com fibra de vidro-E, em forma de manta, mostrado na figura 2.4 (Felipe (a), 1997). Para o caso de um comportamento não linear, a lei de Hooke deve ser modificada, como foi feito por Pachajoa et al. (1995) e por Matzenmiller et al. (1995) 16 que modificaram a lei de Hooke para a análise dos materiais compostos com este tipo de comportamento. Figura 2.2: Diagrama Tensão versus Deformação (ensaio de tração uniaxial) de um composto de carbono epóxi um com traçado tridimensional (3-D) (Ding et al., 1995). Figura 2.3: Diagrama Tensão versus Deformação (ensaio de tração uniaxial) de um laminado composto de fibra de vidro/polipropileno com três camadas (Ferreira et al. (a), 1999). 120 Tensão (MPa) 100 80 60 40 20 0 0 2 4 6 8 10 Deformação (%) Figura 2.4: Diagrama Tensão versus Deformação de um laminado composto de fibra de vidro/poliéster (Felipe (a), 1997). 17 Outra aproximação utilizada para a formulação da Lei de Hooke Generalizada é se considerar que o material terá o mesmo comportamento quando submetido a esforços de tração ou compressão, ou seja, as constantes de engenharia são as mesmas independente do esforço aplicado. Em muitos casos isto não é verdade. Por exemplo, no caso dos laminados utilizados por Mandell et al. (1997), o valor do módulo de elasticidade (E) e o limite de resistência mudam quando se aplicam esforços de tração e compressão, tendo-se, desse modo, um módulo de elasticidade (E) à tração e um outro à compressão. 2.2. FATORES QUE INFLUENCIAM NA RESISTÊNCIA E RIGIDEZ DOS LAMINADOS COMPOSTOS Existem muitos fatores que influenciam as propriedades mecânicas dos laminados compostos, dentre eles, pode-se citar o ângulo da fibra, a configuração, o percentual de fibra, resina e vazios, o processo de fabricação, a umidade e a temperatura. Além dos fatores mencionados anteriormente, outros fatores também influenciam as propriedades mecânicas do laminado, como por exemplo, a exposição destes a ambientes corrosivos. Porém estes fatores não serão citados neste trabalho devido aos mesmos só ocorrerem em aplicações específicas. 2.2.1. INFLUÊNCIA DO ÂNGULO DA FIBRA O melhor modo de se analisar a influência do ângulo da fibra em um material composto é estudando o comportamento mecânico de uma lâmina, de modo que se considere a variação das constantes elásticas e limite de resistência relacionadas com a modificação da direção do carregamento, modificando conseqüentemente o ângulo da fibra. Considerando agora que se tem uma única lâmina e que a mesma é formada por fibras unidirecionais, conforme é ilustrado na figura 2.5, para se obter as constantes elásticas desta lâmina, para qualquer ângulo de fibra, pode-se utilizar as equações apresentadas em 2.5 (Herakovich, 1997). 18 E1 Ex = E1 4 2 2 4 E1 (cos θ) + (cos θ) ⋅ (sen θ) ⋅ − 2υ12 + G 12 + (sen θ) ⋅ E 2 E1 Ey = E1 4 E1 4 2 2 (sen θ) + (cos θ) ⋅ (sen θ) ⋅ − 2υ12 + G 12 + (cos θ) ⋅ E 2 ( ) ( ) − (sen θ) 4 + (cos θ) 4 ⋅ υ − (cos θ) 2 ⋅ (sen θ) 2 ⋅ 1 + E 1 − E1 12 E G 2 12 υ xy = E1 4 E1 4 2 2 (cos θ) + (cos θ) ⋅ (sen θ) ⋅ − 2υ12 + G 12 + (sen θ) ⋅ E 2 E1 G xy = E1 + 2 2 4 4 2 E1 ⋅ θ ⋅ θ ⋅ + ⋅ υ + θ − θ ⋅ 4 (cos ) (sen ) 1 2 (sen ) (cos ) 12 E G 12 2 (2.5) Na qual, θ é o ângulo formado entre o eixo 1 e o x (figura 2.5), Ex e Ey são os módulos de elasticidade longitudinal e transversal em relação à coordenada x-y, νxy é o coeficiente de Poisson em relação ao eixo x e Gxy é o módulo de cisalhamento. x θ 2 1 y Figura 2.5: Eixos de coordenadas de uma lâmina unidirecional. Para demonstrar como estes resultados teóricos se aproximam bem dos resultados experimentais, mostram-se nas figuras 2.6 e 2.7 dois gráficos que demonstram as curvas teóricas das constantes de engenharia (Ex e νxy) em função da orientação da fibra (θ θ) para uma lâmina unidirecional de fibra de aramida com epóxi T300/5208 e os valores experimentais encontrados (Herakovich, 1997). Pode-se ver, também, na figura 2.8, como os resultados teóricos do módulo de elasticidade Ex, condizem com os resultados experimentais quando se utiliza fibra de carbono com epóxi (Sinclair et al., 1979 apud Hull, 1987). Ainda, na figura 2.9, a mesma comparação da figura 2.8 para um composto de fibra de vidro com poliéster (Mandell et al., 1997). 19 Figura 2.6: Módulo de Elasticidade em função da orientação da fibra para uma lâmina unidirecional de fibra de aramida com epóxi (Herakovich, 1997). Figura 2.7: Coeficiente de Poisson em função da orientação da fibra para uma lâmina unidirecional de fibra de aramida com epóxi (Herakovich, 1997). 20 Figura 2.8: Módulo de Elasticidade Ex em função da orientação da fibra para uma lâmina unidirecional de fibra de carbono com epóxi (Sinclair et al., 1979 apud Hull, 1987). Figura 2.9: Módulo de Elasticidade Ex em função da orientação da fibra para uma lâmina unidirecional de fibra de vidro com poliéster (Mandell et al., 1997). 21 Além da influência nas constantes de engenharia, o ângulo da fibra também influencia os valores de limite de resistência obtidos nos laminados, de modo que, para um laminado com fibras no sentido da carga aplicada tem-se os maiores valores de limite de resistência e para um laminado que possui fibras dispostas transversalmente ao sentido da carga aplicada tem-se os menores valores de limite de resistência. Para exemplificar esta afirmação pode-se utilizar a figura 2.10 que ilustra várias curvas de tensão versus deformação para os mais variados tipos de ângulos de fibra de um laminado composto de fibra de aramida (Kevlar) com resina epóxi (Herakovich, 1997). Figura 2.10: Curvas tensão versus deformação de um laminado composto de fibras de aramida com epóxi variando-se o ângulo da fibra utilizado (Herakovich, 1997). 2.2.2. INFLUÊNCIA DA CONFIGURAÇÃO A configuração (orientação e distribuição das fibras, comprimento das fibras e número das camadas) do laminado composto influencia de modo bastante significativo as suas propriedades mecânicas, pois a configuração do laminado está diretamente ligada ao modo como são distribuídas as tensões no mesmo quando submetido a carregamentos externos sejam estes de tração, compressão ou cisalhamento (Herakovich, 1997; Davies et al., 1999; Nakamura et al., 2000). Como exemplo, pode-se utilizar o diagrama tensão versus deformação mostrado na figura 2.11 que compara três configurações diferentes de um laminado de fibra de vidro-E com polipropileno (Ferreira et al., 1999). 22 Figura 2.11: Diagrama tensão versus deformação (ensaio de tração uniaxial) de três laminados composto de fibra de vidro/polipropileno (Ferreira et al., 1999). Um outro exemplo da influência da configuração no material composto de fibra de carbono com resina poliamida é mostrado na figura 2.12. Na qual percebe-se, por esta figura, que a modificação da configuração do laminado modifica de modo bastante significativo as propriedades do composto. Figura 2.12: Diagrama tensão versus deformação de um laminado composto de fibras de carbono com poliamida para várias configurações (Herakovich, 1997). 2.2.3. INFLUÊNCIA DO PERCENTUAL DE FIBRA, MATRIZ E VAZIOS O percentual destes parâmetros é de grande importância na resposta mecânica dos laminados compostos, pois a partir da variação destes percentuais pode-se variar de modo 23 significativo as constantes elásticas do material (Módulo de Elasticidade, Coeficiente de Poisson e Módulo de Cisalhamento), além do seu limite de resistência. Para demonstrar este fato, pode-se analisar os gráficos das figuras 2.13 a 2.16, nas quais têm-se as constantes elásticas em função do percentual de fibra de uma lâmina unidirecional de fibra de vidro-E/poliéster. Por estes gráficos percebe-se que com o aumento do percentual de fibra de vidro aumenta os valores de Módulo de Elasticidade Longitudinal (E1), Transversal (E2), e de Cisalhamento (G12) e diminui o valor do Coeficiente de Poisson (ν ν12). Este fato pode ser explicado devido à fibra ser o elemento mais rígido dentro do material composto e o seu aumento dentro do mesmo só poderia melhorar as propriedades mecânicas do laminado (Antaquera et al., 1991). Figura 2.13: Módulo de elasticidade na direção da fibra (E1) em função do percentual de fibra (Vf) para uma lâmina unidirecional de fibra de vidro-E/poliéster (Antaquera et al., 1991). Figura 2.14: Módulo de elasticidade na direção transversal à fibra (E2) em função do percentual de fibra (Vf) para uma lâmina unidirecional de fibra de vidro-E/poliéster (Antaquera et al., 1991). 24 Figura 2.15: Coeficiente de Poisson (υ υ12) em função do percentual de fibra (Vf) para uma lâmina unidirecional de fibra de vidro-E/poliéster (Antaquera et al., 1991). Figura 2.16: Módulo de Cisalhamento (G12) em função do percentual de fibra (Vf) para uma lâmina unidirecional de fibra de vidro-E/poliéster (Antaquera et al., 1991). Os vazios ou bolhas são absolutamente indesejáveis dentro do laminado pois podem diminuir a resistência mecânica do composto. Isto ocorre devido aos mesmos representarem descontinuidades no material, tornando-se, desse modo, pontos concentradores de tensões que facilitam a iniciação de danos no laminado sob a ação de carregamentos externos. Pode-se obter na literatura várias formulações matemáticas teóricas e empíricas relacionando à influência dos percentuais de fibra e matriz nas propriedades mecânicas do laminado. Em geral, estas formulações relacionam as propriedades em separado da fibra e da matriz com as propriedades do composto formado pela união destes materiais e seus devidos percentuais (Herakovich, 1997; Mandell et al. 1997; Naik et al., 1999). Para demonstrar este fato, mostra-se na figura 2.17 um dos primeiros gráficos que relacionam os valores do limite 25 de resistência da fibra e da matriz (resina) com os valores do limite de resistência do composto formado com fibras unidirecionais, para cada percentual de fibra (Kelly et al., 1965 apud Herakovich, 1997). Analisando-se a figura 2.17, percebe-se que o limite de resistência do composto é linearmente dependente do percentual de fibra que o mesmo possui, além disso, pode-se perceber também que existe um percentual de volume de fibra crítico (Vfcrit). Deve-se utilizar um percentual de fibra acima deste valor para a obtenção de um material composto rígido. Figura 2.17: Diagrama dos valores do limite de resistência em função do volume de fibra do laminado. 2.2.4. INFLUÊNCIA DO PROCESSO DE FABRICAÇÃO A influência do processo de fabricação nas propriedades mecânicas do material composto ocorre devido ao mesmo influenciar, de modo bastante significativo, na precisão 26 com que as fibras se distribuem no laminado (quanto mais bem ordenadas as fibras estiverem melhor as propriedades mecânicas do composto) e, principalmente, pelo percentual de vazios criado (Bannister, 2001). O problema da má distribuição das fibras no laminado se deve à formação em determinados pontos, de regiões ricas em matriz, estes pontos facilitam a propagação de danos no material já que a matriz possui baixa resistência mecânica se comparado à da fibra (Margaria et al., 1997). Um dos processos de fabricação mais utilizados é o processo por moldagem manual. Como descrito no capítulo anterior, isto ocorre porque este é um processo bastante simples de ser aplicado e por possuir um investimento inicial pequeno, além disso, este processo é o único que pode ser utilizado em grandes superfícies. Porém este processo de fabricação é um dos que mais influenciam negativamente nas propriedades mecânicas do laminado. Isto ocorre devido a este processo ser totalmente manual, fazendo com que a distribuição das fibras não seja uniforme e o percentual de vazios seja alto. Pensando desse modo, foram desenvolvidos outros processos de fabricação com maior probabilidade de eliminação de bolhas e vazios e melhor distribuição das fibras no laminado. Pode-se destacar os processos de fabricação de molde fechado que possuem uma eliminação de vazios bastante significativa, como por exemplo, o processo de injeção na qual a resina é injetada e pressurizada. Dentre os processos de fabricação de molde aberto, o processo de fabricação por enrolamento (Filament Winding), apresenta melhores propriedades, tendo em vista que a fibra é distribuída no material composto de modo bastante preciso com o auxilio de equipamentos automatizados (Rousseau et al., 1999; Bannister, 2001). 2.2.5. INFLUÊNCIA DA UMIDADE E TEMPERATURA A umidade influencia, em alguns casos, negativamente as propriedades mecânicas dos materiais compostos laminados; pois com a absorção de umidade pelo composto, o mesmo pode fraturar a valores de tensão e a valores de deformação trativas bem inferiores aos valores que teriam se o material estivesse seco; ou seja, a tenacidade do material é afetada (Felipe (b), 1997; Pomiès et al., 1995; McBangoluri et al., 2000). Além disso, também segundo Pomiès (1995), que trabalhou com compósitos de fibra de carbono/epóxi e fibra de vidro/epóxi, o módulo de elasticidade diminui com o aumento da absorção de umidade, fato que também foi comprovado por Felipe (b) (1997) que trabalhou com compostos de fibra de vidro/poliéster. 27 Segundo McBangoluri et al. (2000), a influência da umidade nas propriedades mecânicas do laminado não ocorre somente quando este está úmido, mas também quando este perde sua umidade, ou seja, a umidade traz perdas nas propriedades mecânicas irreversíveis ao laminado. O aumento da temperatura de trabalho também influencia, de modo negativo, às propriedades mecânicas do laminado; porém dependendo, principalmente, da matriz utilizada pode-se ter variações desta influência. Por exemplo, nos compostos à base de alguns tipos de matrizes termofixas reforçadas com fibra de vidro, as propriedades mecânicas diminuem em torno de 30 % com o aumento da temperatura até 100 °C (373 K). Os compostos que mais sofrem perdas nas propriedades mecânicas quando submetidos a aumento de temperatura são aqueles à base de matrizes termoplásticas (poliestireno, náilon), pois, com o aumento da temperatura, estas matrizes sofrem um processo de fluência e podem até se fundirem (Hancox (a) (b), 1998; Hartwing et al., 1995). As fibras, de um modo geral, sofrem pouca influência com o aumento da temperatura de trabalho (as fibras de aramida, de vidro e de carbono só perdem suas propriedades mecânicas quando expostos a temperaturas acima de 500 °C (773 K), 250 °C (523 K) e 2000 °C (2273 K), respectivamente) e, por causa disso, o principal causador da diminuição das propriedades mecânicas dos compostos poliméricos frente às variações de temperatura é a matriz utilizada, como já foi dito anteriormente. Já no caso da aplicação de temperaturas criogênicas, ocorre uma melhora significativa das propriedades mecânicas do plástico reforçado com fibra (Hartwing et al., 1998; Wang et al., 1982), de modo que, por exemplo, um laminado de tecido de fibra de vidro-E/epóxi possui o limite de resistência de 429 MPa na temperatura ambiente e a uma temperatura de -269 °C (4 K) este valor sobe para 862 MPa, dobrando de valor. 2.3. TIPOS DE DANOS ENCONTRADOS NOS LAMINADOS SOB AÇÃO DE CARGAS ESTÁTICAS Durante a utilização do material composto, o mesmo pode ser submetido a vários tipos de tensões, as quais dão origem ao mecanismo complexo de fratura definido como “dano”, devido a um prejuízo ocorrido nas propriedades mecânicas dos mesmos durante o carregamento (Reifsnider, 1980). O tipo e a forma de dano podem ser influenciados por diversos fatores, como o tipo e o sentido da carga aplicada, as propriedades físicas, químicas e 28 mecânicas da fibra e da matriz, o processo de fabricação, a configuração do material composto, percentual de fibra matriz e vazios no composto, umidade absorvida e temperatura de trabalho (Margaria et al., 1997; Yang et al., 2000; Felipe et. al., 1999). Devido a grande variedade de fatores envolvidos é extremamente difícil prever onde e como um dano se forma e, até mesmo, a sua propagação em um material composto. A literatura mostra que, mesmo quando se varia apenas um dos fatores acima mencionados, haverá variações significativas na formação e propagação do dano (Hamelin, 1988; Hull, 1987). Segundo a literatura (Hamelin, 1988; Naik et al., 1999; Hull, 1987; Margaria et al., 1997; Felipe et. al., 1999; Yang et al., 2000), os principais tipos de danos encontrados em materiais compostos laminados são fissuração na matriz, ruptura da fibra, desaderência fibramatriz, delaminação e microflambagem. !"Fissuração na matriz: Ocorrência de uma ou mais fissuras na matriz do material compósito (fratura coesiva na matriz). !"Ruptura da Fibra: Ocorrência da ruptura transversal ou longitudinal da fibra (fratura coesiva na fibra). !"Desaderência fibra matriz: Descolamento na interface entre a fibra e a matriz (fratura adesiva). !"Delaminação: Desaderência entre as camadas de um compósito laminado. !"Microflambagem: Deformação ocasionada nas fibras do laminado quando submetido a esforços de compressão formando pequenas desaderências na interface fibra/matriz. As figuras 2.18 e 2.19 ilustram os tipos de dano citados acima. 29 Ruptura da Fibra Desaderência Fibra-Matriz Fissuração na matriz Fibra Matriz Figura 2.18: Tipos de danos encontrados em materiais compostos. A fissuração na matriz, a ruptura de fibra e a desaderência fibra matriz são tipos de danos que podem ocorrer em qualquer material composto fibroso, porém a delaminação só pode ocorrer em materiais compostos laminados. Com exceção da microflambagem (só ocorre com aplicação de cargas compressivas), todos os tipos de danos aqui descritos são comuns, independente do tipo de carga aplicada (Hamelin, 1988; Yang et al., 2000). É importante salientar que o aumento do dano no material composto prejudica as propriedades mecânicas do laminado de modo que ocorre um decréscimo das suas constantes elásticas (Hamelin, 1988; Margaria et al., 1997; Yang et al., 2000; Felipe et. al., 1999). 30 Delaminação Microflambagem Figura 2.19: Tipos de danos encontrados em materiais compostos laminados. Mostra-se na figura 2.20 a micrografia de um laminado de fibra de vidro/poliéster submetido a ensaio de tração com ruptura de fibra, fissuração da matriz e desaderência fibra/matriz (Margaria et al., 1997). Figura 2.20: Danos ocorridos em um laminado composto de fibra de vidro-E/poliéster (Margaria et al., 1997). 31 CAPÍTULO 3 3. COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS COMPOSTOS LAMINADOS SOB AÇÃO DE TENSÕES CÍCLICAS Neste capítulo será abordada uma revisão bibliográfica sobre o comportamento mecânico dos compostos laminados sob ação de tensões cíclicas e os seus efeitos nas constantes elásticas e tensões últimas, como também, os tipos de danos ocorridos nestes materiais durante o carregamento. 3.1. INTRODUÇÃO A grande maioria dos elementos estruturais encontram-se sob ação de tensões que oscilam durante o tempo, ou seja, as estruturas são submetidas a esforços cíclicos. Por conta da oscilação da tensão durante o tempo, normalmente, estas estruturas se rompem com valores de tensão muito abaixo dos valores de limite de resistência (carregamento estático) suportados. Para este tipo de ocorrência dá-se o nome de falha por fadiga (Shigley, 1989; Souza, 1982). Devido à falha por fadiga, todos os projetos estruturais ou de elementos de máquinas que sofrem a ação de cargas cíclicas devem ser dimensionados considerando a vida útil do material (pode-se medir a vida útil do material pelo tempo de uso ou pelo número de ciclos que o material deve suportar antes de falhar por fadiga, dando-se preferência a este último). Por exemplo, componentes de aeronaves devem suportar pelo menos um milhão de ciclos (106) antes de apresentarem falhas, helicópteros devem suportar 100 milhões de ciclos (108) e para projetos de estruturas que devem durar trinta anos o mesmo deve suportar 5 bilhões de ciclos (5x109) (Sutherland, 1999), conforme pode ser visto na figura 3.1. Figura 3.1: Diagrama esquemático da vida à fadiga de várias estruturas (Sutherland, 1999). 32 3.2. SIMBOLOGIA UTILIZADA NA APLICAÇÃO DE TENSÕES CÍCLICAS Para a análise dos esforços cíclicos aplicados ao material, deve-se considerar quais tipos de tensões são aplicados (tensões de tração, compressão ou alternada) e como estas tensões variam durante o tempo (a onda formada durante o esforço aplicado). Considerando as formas de onda mais comuns, tem-se: a aleatória (figura 3.2), a senoidal (figura 3.3) e a quadrada (figura 3.4). 250 200 150 Tensão (M P a) 100 50 0 -50 -100 -150 -200 -250 0 20 40 60 80 100 120 Tem po (s) 140 60 80 100 120 Tem po (s ) 140 160 180 200 Figura 3.2: Tensão cíclica aleatória. 250 200 150 Tens ão (M P a) 100 50 0 -50 -100 -150 -200 -250 0 20 40 160 180 200 Figura 3.3: Tensão cíclica senoidal. 33 250 200 150 Tens ão (M P a) 100 50 0 -50 -100 -150 -200 -250 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 Tem po (s ) Figura 3.4: Tensão cíclica quadrada. Entre os tipos de ondas citados, a mais utilizada na avaliação da resistência à fadiga nos materiais é a senoidal. Apesar da ocorrência de tensões cíclicas aleatórias serem bastante comuns nas estruturas e elementos de máquinas utilizados na prática, testes utilizando estes tipos de onda só são utilizados em casos particulares (Souza, 1982). Durante o carregamento, as tensões a que o material será submetido podem se apresentar de três modos: tensões variáveis e ou pulsivas de tração, tensões variáveis e ou pulsivas de compressão ou tensões de modo alternado (tração e compressão) (Souza, 1982). A figura 3.5 exemplifica as tensões variáveis de tração, compressão e pulsivas de tração e compressão, bem como, as tensões alternadas. 200 Tensão Variável de Tração Tensão (MPa) 100 Tensão Pulsiva de Tração 0 Tensão Pulsiva de Compressão Tensão Alternada -100 Tensão Variável Compressiva -200 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 Tempo (s) Figura 3.5: Tipos de tensões cíclicas que podem ser aplicadas em um material. 34 Mostra-se na figura 3.6 os componentes de tensão que devem ser analisados durante σmin), a tensão um carregamento cíclico, são eles: a tensão máxima (σ σmax), a tensão mínima (σ média (σ σm), a amplitude de tensão (σ σa) e o intervalo de tensão (σ σr). 200 180 160 Tensão (MPa) 140 σa σ max 120 100 80 σr σm 60 40 σ min 20 0 0 50 100 150 200 Tempo (s) Figura 3.6: Simbologia utilizada para definir os componentes de tensões cíclicas. σa) e do intervalo de Os valores da tensão média (σ σmed), da amplitude de tensão (σ tensão (σ σr) podem ser definidos a partir dos valores de tensão máxima (σ σmax) e mínima (σ σmin) aplicados ao material (equações 3.1 a 3.3). Além destas definições de valores de tensão, outra relação importante é a razão de fadiga (R) (equação 3.4) (Souza, 1982). σ med = σ max + σ min 2 (3.1) σa = σ max − σ min 2 (3.2) σ r = σ max − σ min (3.3) R= σ min σ max (3.4) A variação do valor de R demonstra os tipos de tensões que podem ser aplicados ao material de modo que: entre 1 < R < ∞, as tensões vão de variáveis compressivas até as pulsivas de compressão (C-C); entre -∞ < R < -1, o tipo de tensão é variável com compressão dominante (C-T); entre -1 ≤ R < 0, as tensões vão de alternadas até variáveis com tração dominante (T-C); e entre 0 ≤ R < 1, as tensões são totalmente trativas (T-T). Um exemplo, 35 destas regiões delimitadas pela razão de fadiga (R) está demonstrada no gráfico amplitude de σmed) exposto na figura 3.7. tensão (σ σa) versus a tensão média (σ R=-1 80 R=0 Tensão Alternada (MPa) R= h 60 C-T T-C 40 T-T C-C 20 R=1 -80 R=1 -60 -40 -20 0 0 20 40 60 80 Tensão Média (MPa) Figura 3.7: Gráfico da amplitude de tensão (σ σa) versus a tensão média (σ σmed), demonstrando a variação da razão de fadiga (R). 3.3. ANÁLISE DA VIDA ÚTIL DOS COMPOSTOS LAMINADOS SOB AÇÃO DE TENSÕES CÍCLICAS A forma mais comum de análise da vida útil de um material que sofre carregamento cíclico é através do diagrama da tensão máxima (σ σmax) versus o número de ciclos de ruptura (N0), também conhecido como curva S-N (o S vem de stress ou tensão). A partir deste diagrama tem-se uma curva que demonstra o número de ciclos que o material suportará antes de romper para cada valor de tensão máxima aplicada (σ σmax). Para representar o diagrama da tensão máxima (σ σmax) versus o número de ciclos de ruptura (N0) tem-se as figuras 3.8 e 3.9. As quais apresentam comportamentos distintos à fadiga para materiais que podem apresentar vida finita ou não. A obtenção deste tipo de diagrama pode ser feita de dois modos distintos: no primeiro considera-se a razão de fadiga (R) constante e faz-se o ensaio com cada corpo de prova submetido a um determinado valor de tensão máxima (σ σmax). No segundo, considera-se novamente a razão de fadiga (R) constante, porém para o corpo de prova varia-se o valor de tensão (σ σmax) máxima antes da ruptura do mesmo. Esta segunda forma de se analisar a fadiga 36 chama-se de fadiga cumulativa. Nos dois casos, deve-se considerar que, para se obter o número de ciclos de ruptura para outros valores de R, deve-se fazer novos ensaios, obtendo-se conseqüentemente outras curvas S-N. O valor de R mais comumente aplicado na realização de um ensaio de fadiga é R = –1 (tensão alternada), pois é uma condição de carga cíclica extrema e que demonstra os menores valores de resistência à fadiga do material. Mostra-se na figura 3.8 um exemplo clássico (materiais ferrosos) da curva semilogarítmica da tensão máxima (σ σmax) versus o número de ciclos de ruptura (N0), na qual percebe-se que, de 1 até 1000 ciclos, o valor da tensão máxima é praticamente o mesmo, ou seja, nesta região o material não possui perda de resistência mecânica (fadiga de baixo ciclo). Após mil ciclos ocorre um decréscimo na resistência do material até um determinado valor de tensão máxima, na qual o material não rompe mais por fadiga independente do número de ciclos aplicado. Esta região é definida como fadiga de alto ciclo e o valor de tensão máxima é definido como o limite de resistência à fadiga do material (Souza, 1982). Tensão Máxima (MPa) 500 400 300 200 Limite de Resistência à Fadiga 100 0 10 0 10 1 2 10 10 3 10 4 10 5 10 6 7 10 10 8 9 10 10 10 Número de Ciclos Figura 3.8: Curva S-N – Materiais Metálicos ferrosos (Souza, 1982). No caso de um material composto laminado, a curva S-N possui comportamento distinto dos materiais convencionais, pois a maioria dos laminados não possui um valor determinado de limite de resistência à fadiga, ou seja, o material sempre romperá depois de um determinado número de ciclos, também porque o material composto não mantêm o 37 mesmo valor de tensão máxima na fadiga de baixo ciclo, como é o caso dos materiais ferrosos. Este fato ocorre devido a uma diminuição progressiva da resistência mecânica do laminado em conseqüência da formação de danos no mesmo (Philippidis et al., 1999; Gamstedt et al. (a), 1999; Whitworth, 1998; Ding et al., 1995). Mostra-se na figura 3.9 dois dos comportamentos mais comuns da curva S-N para laminados compostos (deve-se considerar que, os laminados aqui analisados possuem matriz polimérica reforçada com fibra) (Hartwing et al., 1998; Gassan et al., 2001; Mandell et al., 1992 e 1997). Tensão Máxima (MPa) 500 400 300 Curva Linearmente Logarítmica 200 100 0 10 0 10 1 10 2 10 3 10 4 10 5 10 6 10 7 10 8 10 9 10 10 Número de Ciclos Figura 3.9: Formas mais comuns de curvas S-N para laminados compostos (plástico reforçado com fibra). Além das formas mostradas na figura 3.9 da curva S-N, pode-se analisar este gráfico de modo normalizado, isto é, em vez de se utilizar somente o valor da tensão máxima (σ σmax) σult), utiliza-se o valor da tensão máxima dividida pelo limite de resistência do material (σ σmax/σ determinada no ensaio de tração ou de compressão uniaxial. Este tipo de gráfico é bastante útil quando se deseja comparar a resistência à fadiga de dois ou mais materiais. O tipo de tensão cíclica utilizada para a obtenção da curva S-N em compostos laminados, normalmente é uniaxial, embora existam na literatura (DeTeresa et al., 1998; 38 Francis et al., 1977; Caprino et al., 1999) alguns trabalhos que consideram a fadiga sob torção, sob flexão e a fadiga combinada (uniaxial e torção). 3.3.1. MODELOS MATEMÁTICOS UTILIZADOS PARA DEFINIR A CURVA S-N Diversos autores (Diao et al., 1995; Gassan et al., 2001; Fawaz et al., 1995; Beaumont, 1994; Komorowski et al., 1995; Ding et al., 1995) criaram vários modelos teóricos, empíricos e semi-empíricos para definir as curvas S-N, envolvendo diversos fatores como: diferentes sistemas fibra-matriz, configurações variadas dos laminados, influência do aumento de dano no material, o decréscimo do limite de resistência e do módulo de elasticidade, o critério da energia, entre outros. Todos estes modelos possuem vantagens e desvantagens, mas, normalmente, são aplicáveis a materiais compostos com características específicas. Uma fórmula generalizada da curva S-N é dada pela equação 3.5, na qual a, b e p são os coeficientes de fadiga do material, σult é o limite de resistência do material, σmax é a tensão máxima aplicada ao material durante o ensaio de fadiga e N0 é o número de ciclos suportado pelo material até a sua ruptura final (Subramanian et al., 1995; Lavoir et al., 2000; ASTM E 739, 1980). É importante ressaltar que o valor da razão de fadiga (R), a freqüência utilizada durante o ensaio, o tipo e o percentual de fibra e matriz no laminado, a variação da sua configuração, influenciam diretamente nos valores dos coeficientes para a, b e p. σ max p = a − b ⋅ [log( N 0 )] σ ult (3.5) Autores como Sutherland (1999) e Mandell (1997) simplificam a equação 3.5, considerando que a e p são iguais a 1, obtendo-se, desse modo, a equação 3.6: σ max = 1 − b ⋅ log( N 0 ) σ ult (3.6) A equação 3.6 tem um comportamento linearmente logarítmico descrevendo uma reta quando analisada em um gráfico semilogarítmico conforme foi mostrado na figura 3.9. Devese observar, também, na equação 3.6 que b é um valor que demonstra a fragilidade à fadiga do material, ou seja, quanto maior for o valor de b menor será sua resistência à fadiga. 39 As equações 3.5 e 3.6 são aproximações muito boas dos resultados experimentais obtidos em laboratório; porém quando se muda o valor de R se faz necessário à realização de novos ensaios para a obtenção de novos coeficientes de fadiga. Apesar de os modelos matemáticos demonstrados anteriormente definirem bem a resposta média dos laminados quando submetidos à fadiga, não se pode garantir com precisão que todos os materiais ensaiados romperão sempre depois de um determinado número de ciclos, ou seja, existe uma variação estatística a ser considerada. Este variação dependerá de alguns fatores como o sistema fibra/matriz utilizado (laminados à base de fibra de carbono possuem um alto valor de variação estatístico), o processo de fabricação, entre outros; e, dependendo da confiabilidade que se quer na estrutura e do grau que estes fatores podem apresentar-se durante os ensaios de fadiga, deve-se ou não considerar o estudo estatístico da curva S-N. Segundo a norma ASTM E 739 (1980) pode-se utilizar a Função de Distribuição Normal para definir os intervalos de confiança dos dados da curva S-N, porém na mesma norma comenta-se a utilização da Função de Distribuição de Weibull ou Lei Estatística de Falhas. A análise estatística utilizando a Função de Distribuição de Weibull é relatada por vários autores da literatura especializada tais como Espinosa et al. (2000), Whitworth (1998) e Philippidis et al. (1999). 3.3.2. DIAGRAMA MODIFICADO DE GOODMAN Na elaboração de projetos estruturais a prevenção de falha dos elementos envolvidos é fundamental para a garantia da segurança do sistema, seja qual for o tipo de solicitação externa. Para elementos estruturais envolvendo materiais compostos sob ação de cargas cíclicas, a preocupação com a presença de falha aumenta, tendo em vista a complexidade do dano envolvido e os mais diversos parâmetros de influência direta no seu comportamento mecânico (Mandell et al., 1997). A literatura especializada tem demonstrado que os Diagramas de Falhas têm prestado um bom papel na solução do problema. Para o caso da prevenção de falha por fadiga em laminados compostos, o Diagrama Modificado de Goodman tem sido utilizado com bons resultados, embora seja necessário a elaboração do mesmo para cada especificidade dos compostos estudados. Por exemplo, um dos fatores de influência na elaboração do Diagrama Modificado de Goodman para laminados compostos é o valor adotado para a razão de fadiga 40 R, ou seja, a forma de aplicação da carga cíclica (Mandell et al., 1997; Bond, 1999; Beheshty et al., 1999). Para a elaboração do Diagrama Modificado de Goodman se faz necessário, no mínimo, um modelo matemático para a curva S-N, referente aos dados experimentais obtidos nos ensaios de tensão alternada (R = –1), e os valores do limite de resistência à tração e à compressão do material (Bond, 1999). Com estes resultados, traça-se o diagrama da figura 3.10, no qual utiliza-se o modelo matemático para delimitar os valores da amplitude de tensão (σ σa) e tensão média (σ σmed), para mil, dez mil, cem mil, um milhão e dez milhões de ciclos. Em seguida traça-se uma reta ligando estes pontos aos valores de limite de resistência à tração e à compressão do material. Deve-se salientar que esta reta é uma aproximação das curvas S-N de cada valor de R não analisados experimentalmente. Observa-se aqui que, para o caso de materiais compostos, diferentemente dos metais, a tensão média de compressão tem influência na resistência à fadiga do material. R=-1 3 10 4 10 5 10 6 10 7 10 Amplitude de Tensão (MPa) 80 60 Região Segura 6 até 10 ciclos 40 20 Região Segura 7 até 10 ciclos R=1 0 -150 -100 -50 0 50 100 150 Tensão Média (MPa) Figura 3.10: Diagrama Modificado de Goodman demonstrando as regiões na qual o material suportará o número de ciclos especificado sem romper. A grande utilidade do Diagrama Modificado de Goodman é a delimitação de regiões nas quais o material poderá ser carregado ciclicamente indicando o respectivo número de ciclos antes de sua ruptura. 41 O Diagrama Modificado de Goodman da figura 3.10 representa a prevenção de falha por fadiga em materiais compostos, supondo o conhecimento do comportamento do material apenas para R = -1, (curva S-N), é suficiente para a segurança da peça. Posteriormente, verificou-se que para resultados obtidos com outros valores de R, o Diagrama da figura 3.10 mostra-se bastante conservador na prevenção de falha por fadiga para alguns laminados compostos. Por exemplo, na figura 3.11 o Diagrama Modificado de Goodman feito por Mandell et. al. (1997) para um laminado de plástico reforçado com fibra de vidro-E, na qual se utilizam outros valores de R além de R = –1, percebe-se a importância do conhecimento de outros valores de R quando se deseja uma análise mais criteriosa da falha do material a ser analisado, pois, conforme pode ser visto, a aproximação por uma linha reta conduz a resultados imprecisos. Figura 3.11: Diagrama Modificado de Goodman utilizando vários valores de R (Mandell et al., 1997). Pensando desse modo, Beheshty et al. (1999) criou uma equação empírica para demonstrar as curvas do Diagrama Modificado de Goodman para qualquer valor de R analisado, tendo-se, desse modo, a equação 3.7. σ σa = f ⋅ 1 − med σ ult .t σ ult .t u σ ult .c σ med ⋅ + σ ult .t σ ult .t v (3.7) 42 Na qual, σult.t é o limite de resistência à tração do laminado, σult.c é o limite de resistência à compressão e f, u e v são parâmetros que variam de acordo com o número de ciclos de falha (N0) do laminado (as curvas de 103, 104, 105 e 106 ciclos). É importante salientar que, para o mesmo valor de número de ciclos (N0), os valores de f, u e v são constantes e a curva formada por esta equação limita a região em que o laminado poderá ser carregado suportando um determinado número de ciclos antes da sua ruptura. A figura 3.12 demonstra o Diagrama Modificado de Goodman Normalizado (normalizado significa dizer que a amplitude de tensão e a tensão média são divididas pela limite de resistência à tração) criado a partir da equação 3.7 para um laminado composto de fibra de vidro E/epóxi (Beheshty et al., 1999). Figura 3.12: Diagrama Modificado de Goodman normalizado criado a partir de equação 3.7 (Beheshty et al., 1999). É importante salientar que a curva S-N e, conseqüentemente, o Diagrama Modificado de Goodman, normalmente são feitos através de corpos de prova ensaiados em laboratório, utilizando-se ciclos regulares de tensão através de um equipamento de ensaios mecânicos. Em outras palavras, são resultados que não podem ser aplicados diretamente em projetos estruturais, pois, no caso das estruturas mecânicas, existem outros fatores que influenciam a sua vida útil, sendo necessário um estudo específico para a estrutura a ser analisada. Sutherland et al. (1995), que trabalhou com laminados compostos de fibra de vidroE/poliéster para fabricação de pás de cata vento, compara a influência de vários fatores na vida útil das pás de cata vento, de modo que o Diagrama Modificado de Goodman possui, em torno de 50 %, de importância no cálculo do dimensionamento destas pás (figura 3.13). 43 Figura 3.13: Fatores de Importância no projeto de pás de cata vento (Sutherland et al., 1995). 3.4. PRINCIPAIS FATORES QUE INFLUENCIAM A RESISTÊNCIA À FADIGA DE UM COMPOSTO LAMINADO A resistência à fadiga de um material composto laminado é influenciada por vários fatores tais como, a razão de fadiga (R), a freqüência aplicada, a configuração e o número de camadas do laminado, o percentual de fibra e matriz do laminado, a umidade e a temperatura de trabalho e o tipo de sistema fibra/matriz utilizados na confecção do laminado. 3.4.1. INFLUÊNCIA DA RAZÃO DE FADIGA (R) O motivo pelo qual a razão de fadiga (R) influencia a resistência à fadiga do laminado está diretamente relacionado aos valores obtidos na amplitude de tensão (σ σa). Deste modo, os maiores valores de amplitude de tensão (σ σa) que podem ser aplicados no laminado são para R = -1. E para o caso de R = 1 a amplitude de tensão (σ σa) será nula pois a tensão máxima (σ σmax) será igual a tensão mínima (σ σmin), caracterizando o carregamento estático no material (Mandell et al., 1997). Para demonstrar como ocorre a influência da razão de fadiga (R) na amplitude de tensão (σ σa), pode-se considerar o caso da aplicação de cargas cíclicas demonstrado na figura 3.14. Nesta figura, se desenhou a aplicação de três valores de razão de fadiga diferentes, sendo estes R = 10, R = 0,1 e R = -1, para o mesmo valor de tensão máxima (σ σmax). Por esta figura, percebe-se que o maior valor de amplitude de tensão aplicada foi para R = -1, ou seja, conforme já foi dito anteriormente é neste caso que se tem situações extremas de fadiga, 44 ocasionando menor resistência à fadiga do laminado. Já para R = 0,1 e R = 10 percebe-se que a amplitude de tensão é a mesma, embora apresentem tipos de tensões diferentes (tração e compressão). 250 R= 0,1 200 R= -1 150 Tens ão (MP a) 100 50 0 -50 -100 -150 -200 R= 10 -250 0 20 40 60 80 100 120 Tem po (s ) 140 160 180 200 Figura 3.14: Exemplo de três tensões cíclicas, variando-se somente o valor de R, que podem ser aplicadas ao laminado. Para a análise da influência dos outros valores da razão de fadiga (R), deve-se considerar o valor deste nas quatro faixas descritas na figura 3.7. Vale salientar que todos os resultados descritos a seguir são para laminados compostos ensaiados para romperem a alto ciclo de fadiga (acima de mil ciclos) e com a amplitude de tensão constante em cada ensaio. 1o Caso. Entre 1 < R < ∞, aqui o valor de R delimita que serão aplicadas somente tensões compressivas no material e o aumento do seu valor diminui resistência à fadiga do laminado (Mandell et al., 1997; Jen et al., 1998). É importante salientar que R = ∞ representa a carga pulsiva de compressão. 2o Caso. Entre -∞ < R < -1, aqui o valor de R delimita que serão aplicadas tensões variáveis (compressão-tração) com compressão dominante no material e o aumento do seu valor nesta região diminui a resistência à fadiga do material. Para o valor R = -1 (tensão alternada) tem-se 45 uma condição extrema onde se encontra o menor valor de resistência à fadiga do laminado (Jen et al. (a), 1998). 3o Caso. Entre -1 ≤ R < 0, neste caso o valor de R delimita que serão aplicadas tensões variáveis (tração-compressão) com tração dominante no material e quanto menor for o valor de R menor será a resistência à fadiga do laminado (Mandell et al., 1997; Jen et al. (b), 1998). É importante salientar que R = 0 representa a carga pulsiva de tração. 4o Caso. Entre 0 ≤ R < 1, neste caso o valor de R delimita que serão aplicadas tensões trativas no laminado e quanto menor for o valor de R menor será à resistência à fadiga do laminado (Mandell et al., 1997; Jen et al. (a), 1998; Ferreira et al., 1997). Considerando-se, por exemplo, R = 10 (1o Caso) e R = 0,1 (4o Caso) a amplitude de tensão tem o mesmo valor, para a mesma tensão máxima aplicada, na qual se diferencia somente o sentido da carga aplicada (tração para R = 0,1 e compressão para R=10), desse modo se poderia pensar que os resultados obtidos na curva S-N seriam iguais para estes dois casos, porém, isto nem sempre é verdade pois a formação e propagação de dano à tração é diferente da compressão (Mandell et al., 1997; Gamstedt et al. (a), 1999). 3.4.2. INFLUÊNCIA DA FREQÜÊNCIA UTILIZADA O maior problema da freqüência aplicada ao ensaio está na relação desta com o aumento de temperatura no material. A temperatura aumenta com o aumento da freqüência e com o aumento da amplitude de tensão aplicado ao material, este fenômeno é conhecido como aquecimento por histerese (Hahn, 1979; Matthews et al., 1994). É de consenso geral (McBagonluri et al., 2000; Matthews et al., 1994; Demers, 1998; Ferreira, 1997; Mandell et al., 1997) que ao utilizar freqüências de carregamento iguais ou menores a 5 Hz, tornam a influência desta desprezível no que diz respeito ao aumento de temperatura em laminados de matrizes poliméricas. Porém, deve-se tomar cuidado com valores de freqüência muito baixos, pois a utilização de freqüências muito baixas (abaixo de 1 Hz) para um número de ciclos bastante alto contribui para a fluência do laminado (Ellyin et al., 1995), de modo que, deve-se utilizar freqüências mais altas para ensaios com alto número de ciclos. 46 Quando se analisam laminados unidirecionais com cargas aplicadas no sentido da fibra, a utilização de freqüências até 10 Hz é aceitável, desde que o material possua baixo percentual de matriz (Matthews et al., 1994). Quando se necessita aplicar freqüências acima de 5 Hz, a maneira mais coerente de se analisar a influência desta seria através da utilização de um termógrafo para a análise da temperatura interna do corpo de prova ensaiado. Entretanto, devido a este equipamento ser extremamente caro, pode-se utilizar termopares em pontos estratégicos. A literatura mostra que a temperatura final recomendada não seja superior a 5 °C (Matthews et al., 1994; Mandell et al., 1997). 3.4.3. INFLUÊNCIA DA CONFIGURAÇÃO A influência da configuração do laminado está relacionada à distribuição de tensões a que o mesmo estará submetido, de modo que, não só a resistência à fadiga do laminado será afetada, mas também as constantes elásticas do mesmo, conforme foi mostrado no capítulo 2. É importante salientar que, se, por exemplo, a configuração do laminado for modificada, de modo que o limite de resistência, o módulo de elasticidade ou a deformação de ruptura do laminado diminuam, não significa dizer que a resistência à fadiga do laminado também vai diminuir, ou seja, a variação da resistência à fadiga com a modificação da configuração do laminado não necessariamente está relacionada (pelo menos de modo evidente) às mudanças dos valores das constantes elásticas (Ferreira et al (a), 1999; Ferreira et al (b), 1999; Komorowski et al., 1995; Branco et al., 1995; Ding et al., 1995; Jen et al. (a) 1998). Porém, é demonstrado em Jen et al. (b) (1998) que, quando se utilizam laminados unidirecionais, a variação da resistência à fadiga está relacionada ao limite de resistência do laminado, de modo que a diminuição do limite de resistência (a diminuição do limite de resistência ocorre devido à variação do ângulo da fibra em relação ao sentido de aplicação de carga) diminui a resistência à fadiga do laminado. Neste mesmo trabalho se fez este mesmo tipo de comparação para laminados multidirecionais, porém, neste caso, a relação entre a resistência à fadiga e o limite de resistência não é tão evidente e depende de outros fatores tais como a intensidade do dano acumulativo obtido no material. 47 3.4.4. INFLUÊNCIA DO PERCENTUAL DE FIBRA E MATRIZ Mostra-se na figura 3.15 a variação da fragilidade à fadiga do laminado, o coeficiente b na equação 3.6, em função do percentual de fibra para várias configurações de plástico reforçado com fibra de vidro-E, utilizando-se R = 0,1. Pode-se analisar neste gráfico que, para todas as configurações de laminado, a fragilidade à fadiga do mesmo aumenta com o aumento do percentual de fibra, demonstrando que altos percentuais de fibra no composto laminado podem ser prejudiciais a sua resistência à fadiga (Mandell et al., 1997; Mandell et al., 1999; Sutherland, 1999). Figura 3.15: Gráfico da fragilidade à fadiga (b) versus o percentual de fibra para várias configurações do laminado de plástico reforçado com fibra de vidro-E, utilizando-se R = 0,1 (Mandell et al., 1997). Antaquera et al. (1991) encontrou resultados parecidos utilizando outras configurações de plásticos reforçados com fibra de vidro. Assim, pode-se dizer a partir destes resultados que o aumento do percentual de fibra no composto laminado diminui a resistência à fadiga deste. Para explicar este fenômeno Mandell et al. (1999) fez uma análise detalhada por elementos finitos da distribuição interna de tensões destes laminados e demonstrou que a diminuição do percentual de fibra no laminado diminui significativamente as tensões internas e a concentração de tensões dificultando a formação e propagação de danos no laminado. 48 3.4.5. INFLUÊNCIA DA UMIDADE E DA TEMPERATURA DE TRABALHO Segundo Sutherland (1999), Sala (2000) e McBagonluri et al. (2000), que trabalharam com vários tipos de combinações fibra/matriz e configurações do laminado, e para diferentes valores de R, a umidade absorvida pelo laminado prejudica as suas propriedades mecânicas (conforme foi discutido no capítulo anterior) e também a sua resistência à fadiga. Porém, segundo McBagonluri et al. (2000), que trabalhou com compostos laminados de plástico reforçado com fibra de vidro e com a razão de fadiga R = 0,1, a diminuição da resistência à fadiga destes laminados não é tão aparente como ocorre com as propriedades mecânicas e depende de altos percentuais de absorção de umidade. Também, segundo McBagonluri et al. (2000) caso o laminado absorva uma grande quantidade de umidade e depois a perca, tornando-se novamente seco, ocorre uma perda irreversível nas propriedades mecânicas deste laminado, porém não ocorre o mesmo com a resistência à fadiga do laminado, ou seja, a perda de resistência à fadiga do laminado úmido pode ser revertida desde que o mesmo torne-se novamente seco. A forma como a temperatura de trabalho influi na resistência à fadiga do laminado ainda não está bastante clara, pois segundo Branco et al. (1995), que trabalhou com três configurações diferentes e temperaturas de 20 °C (293 K) e 200 °C (473 K), para um laminado de tecido unidirecional de fibra de vidro com matriz fenólica, utilizando uma configuração de (90°/0°/90°), o aumento da temperatura de trabalho melhorou a resistência à fadiga desses laminados. Já para o laminado de configuração (0°/90°/0°), o aumento da temperatura de trabalho diminuiu a sua resistência à fadiga. E, ainda, segundo Ferreira et al. (1997), que trabalhou com compostos de polipropileno reforçados com fibra de vidro, a variação da temperatura de 25 °C (298 K) para 60 °C (333 K) não modificou de modo significativo a resistência à fadiga do laminado. 3.4.6. INFLUÊNCIA DO SISTEMA DE FIBRA/MATRIZ UTILIZADO NO LAMINADO A partir da figura 3.16 pode-se comparar três tipos diferentes de fibra em laminados unidirecionais. Na análise dos resultados verifica-se que a fibra de carbono apresenta melhor resistência à fadiga quando comparado com os laminados à base de fibras de vidro e kevlar para o mesmo tipo de matriz utilizada para R = 0,1 (Curtis, 1987 apud Matthews et al., 1994). 49 Figura 3.16: Curvas S-N comparando três tipos de laminados unidirecionais com diferentes reforços (fibras) e mesma matriz (epóxi) (Curtis, 1987 apud Matthews et al., 1994). Entretanto, com relação à influência da matriz utilizada, pode-se dizer que esta não possui uma influência significativa na resistência à fadiga do laminado (Demers (a), 1998; Dyer et al., 1998; Mandell et al., 1997; Mandell et al., 1992). Porém, ao se considerar que a escolha da matriz pode melhorar as propriedades mecânicas na região de contato entre a fibra e a matriz (melhor aderência fibra/matriz), pode-se obter, neste caso uma melhor resistência à fadiga do composto (Gamstedt et al. (a), 1999). Ilustra-se na figura 3.17, fotomicrografias feitas por um microscópio eletrônico de varredura de dois materiais compostos de fibra de vidro utilizando matrizes diferentes. Observa-se na fotomicrografia (a) uma fraca aderência na interface fibra/matriz, enquanto que, na fotomicrografia (b) a aderência foi de melhor qualidade (aplicou-se uma razão de fadiga de R = 0,1). Estes resultados demonstram a importância da escolha de uma matriz, objetivando uma melhor resistência à fadiga do laminado (Gamstedt et al. (a), 1999). Considerando que a escolha da matriz poderia melhorar a aderência fibra/matriz do composto Gamstedt et al. (a) (1999) desenvolveram o esquema mostrado na figura 3.18, na qual demonstra-se que uma melhor aderência fibra/matriz no composto diminui a formação e propagação de trincas, diminui, também, a perda das propriedades mecânicas do composto durante o carregamento cíclico e melhora, conseqüentemente, a resistência à fadiga do laminado. 50 Figura 3.17: Fotomicrografia demonstrando a aderência fibra matriz utilizando dois tipos de matrizes (Gamstedt et al. (a), 1999). Figura 3.18: Esquema que demonstra a importância da interface fibra/matriz na resistência à fadiga do laminado (Gamstedt et al. (a), 1999). 51 3.5. FORMAÇÃO E PROPAGAÇÃO DO DANO DURANTE A VIDA À FADIGA DO LAMINADO Mostra-se na figura 3.19 um dos primeiros diagramas esquemáticos de formação e propagação de dano à fadiga para compostos laminados submetidos à fadiga. Analisando esta figura, percebe-se que, inicialmente, ocorrem várias fissurações na matriz nas camadas do laminado que possuem fibras em direções diferentes do sentido da carga. Estas fissuras na matriz aumentam com o aumento do número de ciclos até a sua saturação. A saturação é uma característica do laminado e é independente da amplitude de carga aplicada e do seu sentido de aplicação. Para esta característica do laminado dá-se o nome de estado característico de dano ou CDS (characteristic damage state). Após a saturação, ocorre a união das fissuras entre as camadas e o início da delaminação. Por fim, com o laminado já delaminado e com grande quantidade de fissuras, ocorre a ruptura das fibras e a fratura final do laminado (Reifsnider et al., 1983 apud Cahn et al., 1993). Figura 3.19: Diagrama esquemático de formação e propagação do dano em laminados compostos (Reifsnider et al., 1983 apud Cahn et al., 1993). 52 Apesar do diagrama da figura 3.19 ter sido um dos primeiros a abordar o dano na fadiga de laminados compostos, o mesmo condiz com resultados mais recentes obtidos por diversos autores (Takeda et al., 1999; Ogihara et al., 1999; Gamstedt et al. (a), 1999) que trabalharam com diversas configurações de laminados e com R = 0 e R = 0,1. Entretanto, outros modelos têm surgido na literatura, por exemplo, recentemente Gamstedt et al. (b) (1999) desenvolveram um modelo de formação e propagação de dano para laminados que possuem fibras transversais em relação ao sentido de aplicação da carga. Estes autores consideraram que a interface fibra/matriz destas fibras transversais é a região de maior susceptibilidade a formação de danos no laminado, e esta formação de dano ocorreria de modo diferente na tração e na compressão, conforme é mostrado na figura 3.20. Ainda, segundo estes autores, a aplicação de cargas alternadas diminuiria de modo bastante significativo à vida útil do laminado, devido a uma combinação da desaderência fibra/matriz na tração e na compressão aumentando o número de fissuras no laminado e conseqüentemente diminuindo a resistência do mesmo (figura 3.21). Figura 3.20: Análise da formação de dano em uma fibra transversal ao sentido de carga sob ação de tração ou compressão (Gamstedt et al. (b), 1999). 53 Figura 3.21: Diagrama esquemático da formação e propagação de danos em compostos laminados que possuem fibras transversais submetidos a carregamentos alternados (tração-compressão) e trativos (tração-tração) (Gamstedt et al. (b), 1999). 54 3.6. MODIFICAÇÃO DO MÓDULO DE ELASTICIDADE E DO LIMITE DE RESISTÊNCIA DURANTE O CARREGAMENTO CÍCLICO DO LAMINADO Existe um consenso geral entre os pesquisadores (Ding et al., 1995; Diao et al., 1995; Ferreira et al. (a), 1999; Dyer et al., 1998; Demers, 1998; Subramanian et al, 1995; Ferreira et al (b), 1999; Gamstedt et al. (a), 1999; Philippidis et al., 1999; McBagonluri et al., 2000; Zhang et al., 1999) que o aumento no número de ciclos no laminado tende a reduzir o módulo de elasticidade durante o carregamento, bem como o limite de resistência do mesmo. Foi visto, também, que o modo como se processa essa redução pode apresentar as duas formas ilustradas na figura 3.22 (nesta figura E0 simboliza o valor do módulo de elasticidade inicial do laminado e N simboliza o valor de número de ciclos antes da ruptura, e que foi utilizado para a análise das constantes de engenharia). No primeiro caso, ocorre uma redução significativa do módulo de elasticidade logo nos primeiros ciclos de carregamento, após esta redução o módulo se mantém constante até um valor de número de ciclos próximo ao número de ciclos de fratura, na qual ocorre novamente a redução do seu valor (Zhang et al., 1999; Dyer et al., 1998; Ferreira et al. (a), 1999; Subramanian et al, 1995; Ding et al., 1995). No segundo caso, o valor do módulo de elasticidade reduz de modo pouco significativo com o aumento do número de ciclos, ocorrendo a redução destes somente próximo ao valor de número de ciclos de fratura (Gamstedt et al. (a), 1999; Demers, 1998; Diao et al., 1995). A forma como ocorre a redução do limite de resistência também é semelhante à do módulo de elasticidade estático e pode utilizar-se, inclusive, esta mesma linha de raciocínio demonstrada para estes dois casos. 1,0 2° Caso E/E0 0,8 0,6 1° Caso 0,4 0,2 0,0 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 N/N0 Figura 3.22: Gráfico normalizado que demonstra as duas formas como o número de ciclos pode influenciar o módulo de elasticidade do laminado. 55 CAPÍTULO 4 4. MATERIAIS E MÉTODOS Este capítulo apresenta uma explanação do procedimento experimental realizado, ressaltando todos os materiais e métodos utilizados. 4.1. PROCESSO DE FABRICAÇÃO E CONFIGURAÇÃO DOS LAMINADOS O processo de fabricação utilizado foi o de moldagem manual (Hand Lay-up), no qual foram obtidas placas de 1 m2, utilizando-se como matérias primas a resina de poliéster insaturada ortoftálica e o reforço de mantas de fibras curtas (450 g/m2, 5 cm) e tecidos têxteis cruzados (450 g/m2) de fibra de vidro-E. As placas foram obtidas na forma de estruturas laminares, uma com 10 e a outra com 12 camadas, com aproximadamente 7 e 10 mm de espessura, respectivamente. As configurações dos laminados compostos são as seguintes: [M / T / M / T / M ]s [M / T / M / T / M / M / T / M / T / M / T / M ] Configuração do laminado de 10 camadas (C10) Configuração do laminado de 12 camadas (C12) Demonstra-se na figura 4.1 o esquema das configurações para os dois tipos de laminados. Tecido Manta Disposição simétrica das camadas Laminado 12 Camadas Laminado 10 Camadas Figura 4.1: Configurações dos laminados, C10 e C12. 56 Os símbolos M e T são referentes à manta e tecido têxtil cruzado de fibra de vidro E, respectivamente. O símbolo s é referente à simetria do material, observando-se que o laminado C10 é simétrico e o C12 não apresenta simetria em sua configuração. As configurações dos laminados utilizadas na realização deste trabalho são as mesmas que a HEMFIBRA Indústria e Comercio LTDA utiliza na fabricação de reservatórios de carvão ativado. Foi pedido à indústria que o procedimento utilizado na fabricação dos laminados fosse o mesmo utilizado na confecção destes reservatórios. Estes possuem configurações distintas em sua construção, dependendo da localização e do emprego dos laminados, se nas paredes ou fundo dos mesmos. 4.2. CORTE E CONFECÇÃO DOS CORPOS DE PROVA Para a confecção dos corpos de prova utilizou-se um disco de corte diamantado (DIFER D252), de forma a evitar um possível "arranque" de fibras ou qualquer outro tipo de dano nos mesmos. Antes da obtenção dos corpos de prova foram retirados 5 cm de material das margens das duas placas, com o intuito de eliminar possíveis descontinuidades e mal acabamento, como por exemplo, variações bruscas da espessura e maiores percentuais de defeitos internos provenientes do processo de fabricação. Para maior precisão na confecção dos corpos de prova, utilizou-se o gabarito demonstrado na figura 4.2. É importante salientar que todos os cortes foram feitos seguindo um sentido previamente definido para o laminado de forma a evitar influências de uma possível anisotropia dos laminados. Aqui, o tecido têxtil cruzado apresenta as direções das fibras sempre paralelas (0°) e perpendiculares (90°) à direção de aplicação da carga. Após a obtenção das dimensões apropriadas dos corpos de prova, foram realizados os procedimentos de lixamento e polimento nas regiões onde o disco de corte foi aplicado. Para tanto, utilizou-se lixas d’água números 150, 180, 240, 320, 500 e 600 e o polimento foi feito com uma politriz motorizada utilizando como abrasivo a alumina de 0,03 microns. Após este procedimento, as dimensões de cada corpo de prova foram confirmadas utilizando-se um paquímetro digital com precisão de 0,01 mm. Como a espessura dos laminados apresenta variações em função do processo de fabricação utilizado, foram 57 necessários pelo menos 5 medidas nesta região para a obtenção do valor médio da espessura de cada corpo de prova. Disco de corte diamantado 25 ido t n Se mm ado x i -f Pré Figura 4.2: Gabarito utilizado na confecção dos corpos de prova. 4.3. ENSAIO DE DENSIDADE VOLUMÉTRICA E DE CALCINAÇÃO Para a realização do ensaio de densidade volumétrica utilizou-se a norma ASTM D 792 (1979), na qual foram necessários 5 amostras de 25 mm de comprimento por 25 mm de largura de cada laminado, totalizando 10 amostras. As amostras foram pesadas numa balança eletrônica digital Tartorius, modelo BP 210 S, com capacidade máxima de 210 g e precisão de 0,1 mg. A densidade volumétrica dos laminados foi calculada utilizando a equação 4.1: D= c ⋅ 0,9975 c+w−d (4.1) Na qual c é o peso da amostra seca (g), w é o peso do fio parcialmente imerso em água (g), d é o peso do fio com a amostra imersos em água (g) e D é a densidade volumétrica do laminado em gramas por centímetro cúbico (g/cm3). O procedimento para a obtenção dos percentuais de fibra, resina e vazios foi através do ensaio conhecido como calcinação, no qual, inicialmente, aplicou-se a pirólise nas mesmas 58 amostras utilizadas no ensaio de densidade. A pirólise consiste na queima completa das amostras dos laminados até evaporação total da resina. A pirólise é feita normalmente em duas etapas; a primeira é desenvolvida em ambiente aberto com o objetivo de eliminar parcialmente a resina e os gases tóxicos, enquanto que, na segunda etapa as amostras são levadas a um forno tipo mufla, modelo Fornitec, a uma temperatura de 750 °C (1023 K) por um período de 40 minutos. Após feita a pirólise, pesa-se as fibras e encontra-se os percentuais das fibras, resinas e vazios, em volume, de cada amostra utilizando-se as seguintes equações. Mf = mf mt ⋅ 100 M m = 100 − m f Vf = (D ⋅ M f ) Df Vm = (D ⋅ M m ) Dm Vv = 100 − (Vf + Vm ) (4.2) (4.3) (4.4) (4.5) (4.6) Nas quais, Mf é o percentual mássico de fibra, mf é a massa de fibra (g), mt é a massa total do laminado (g), Mm é o percentual mássico de resina (matriz), Vf é o percentual volumétrico de fibra, Df é a densidade volumétrica da fibra (g/cm3), Dm é a densidade volumétrica da matriz (g/cm3) e Vm e Vv são os percentuais volumétricos de resina (matriz) e de vazios, respectivamente. 4.4. ENSAIO DE TRAÇÃO UNIAXIAL O ensaio de tração uniaxial foi realizado objetivando-se encontrar o limite de resistência, o módulo de elasticidade longitudinal e a deformação de ruptura dos laminados. Para tanto, foram confeccionados 5 corpos de prova de cada configuração, os quais foram ensaiados através de uma máquina de Tração Universal Mecânica (PAVITEST) (figura 4.3) com capacidade máxima de 10 T. Este equipamento possui um software para o controle e a aquisição de dados de carga e deslocamento. 59 Figura 4.3: Equipamento de Tração Universal Mecânica (PAVITEST). As dimensões dos corpos de prova foram definidas utilizando-se a norma ASTM D 3039 (1990) e são demonstradas na figura 4.4. O valor da velocidade de deslocamento foi definido para todos os corpos de prova como de 1 mm/min. Todos os ensaios foram realizados à temperatura ambiente (25 °C ou 298 K). Comprimento Útil (gage) espessura Figura 4.4: Corpo de Prova utilizado para o ensaio de tração (dimensões em mm). Para a compilação de todos os dados dos ensaios de tração, utilizou-se um programa computacional criado para o ambiente MATLAB (anexo A), obtendo-se dessa forma os valores de limite de resistência, módulo de elasticidade, deformação de ruptura das duas configurações estudadas, além dos gráficos tensão versus deformação. 4.5. ENSAIO DE COMPRESSÃO UNIAXIAL O ensaio de compressão uniaxial foi realizado em uma máquina servo-hidráulica da Materials Test System (figura 4.5), modelo MTS – 810, com capacidade máxima de 10 T, na qual utilizou-se uma placa de aquisição de dados para a obtenção dos valores de deslocamento e carga aplicada no material. O objetivo deste ensaio foi o de se obter o limite de resistência 60 do material, o módulo de elasticidade longitudinal, a deformação de ruptura. Todos estes parâmetros foram analisados através dos gráficos de tensão versus deformação do material. Para a realização deste ensaio utilizou-se 5 corpos de prova de cada laminado e uma velocidade de deslocamento de 1 mm/min. Estes foram realizados à temperatura ambiente (25 °C ou 298 K). Figura 4.5: Equipamento utilizado para o ensaio de compressão uniaxial e fadiga. Para a realização de um ensaio de compressão em um material, cuidados especiais devem ser tomados, de forma a evitar que os corpos de prova não sofram flambagem, principalmente quando o mesmo possui pequena espessura. Para solucionar-se este problema pode-se recorrer a um tipo de garra especial que evite a flambagem ou então pode-se diminuir o comprimento útil do corpo de prova. Neste trabalho preferiu-se utilizar a segunda solução. Segundo Adams (Adams et al., 1991 apud Mandell et al., 1997) para se garantir que um laminado composto não rompa por ação de flambagem, deve-se utilizar a equação 4.7. Aqui F é o fator de falha por flambagem, g é o comprimento útil do laminado (gage) e e é a espessura do laminado. Garante-se por esta equação que se o valor de F for inferior a 30 o material não romperá por flambagem. F = 3,46 ⋅ g e (4.7) 61 Para o laminado de menor espessura (7 mm) utilizado neste trabalho, a equação 4.7 dá um valor máximo de comprimento útil (de forma a evitar flambagem) de 60 mm. Desse modo, escolheu-se o comprimento útil de 35 mm para os corpos de prova de compressão. Para definir as dimensões do corpo de prova utilizou-se o trabalho de Mandell et al. (1997), que adotou corpos de prova com 25 mm de largura e 100 mm de comprimento, estas dimensões estão demonstradas na figura 4.6. Comprimento Útil (gage) espessura Figura 4.6: Corpo de prova utilizado para o ensaio de compressão (dimensões em mm). Para a compilação dos resultados dos ensaios de compressão, utilizou-se o mesmo programa computacional utilizado para os ensaios de tração fazendo-se somente algumas alterações na rotina do programa. Os mesmos parâmetros descritos na seção anterior foram determinados. 4.7. ENSAIO DE FADIGA UNIAXIAL O equipamento utilizado para a realização dos ensaios de fadiga foi o mesmo utilizado para a realização dos ensaios de compressão, ou seja, uma MTS – 810 (figura 4.5). O objetivo inicial deste ensaio centrou-se na obtenção da curva S-N dos dois laminados, para os seguintes valores de razão de fadiga: R = 0,1, R = -1 e R = 10. De posse dos resultados obtidos tornou-se possível a prevenção de falha por fadiga dos laminados utilizando-se o Diagrama Modificado de Goodman. Todos os ensaios foram realizados considerando-se que para um mesmo corpo de prova não seria variado nenhum parâmetro (amplitude de tensão (σ σa), tensão máxima (σ σmax), razão de fadiga (R)) desde o início do ensaio até a ruptura do mesmo. Também para todos os ensaios aplicou-se carregamentos uniaxiais de tração ou de compressão. Para os ensaios com R = -1 e R = 10, ou seja, envolvendo cargas compressivas, fez-se necessário o projeto e a confecção de um par de garras adaptáveis à máquina de ensaio 62 mecânico. Um croqui da garra pode ser visto na figura 4.7. Suas dimensões completas encontram-se no anexo B. Figura 4.7: Garra utilizada nos ensaios de fadiga para R = -1 e R = 10. A freqüência utilizada em todos os ensaios foi de 5 Hz, pois nesta freqüência o aquecimento por histerese é desprezível. As dimensões dos corpos de prova foram retiradas do trabalho de Mandell et al. (1997) na qual variou-se o comprimento útil do corpo de prova, dependendo do valor da razão de fadiga, conforme exposto na figura 4.8. Para a determinação e conseqüentemente o controle da temperatura do corpo de prova, a qual pode variar devido a histerese, utilizou-se um termopar da marca MINIPA THERMOMETER MT – 520, obtendo-se um aumento máximo de 2 °C durante os ensaios. Os ensaios foram realizados à temperatura ambiente (25 °C ou 298 K). Conforme se pode ver na figura 4.8, o comprimento útil dos corpos de prova utilizados para R = -1 e R = 10 é maior do que o comprimento útil dos corpos de prova para o ensaio estático de compressão uniaxial. Esta escolha foi devido à necessidade de análise da formação e propagação de dano nos corpos de prova durante os ensaios de fadiga. Ressalta-se que o valor do comprimento útil aqui utilizado, ainda é menor do que o valor máximo que poderia ser admitido para evitar a flambagem do laminado. Em todos os ensaios realizados os valores de carga máxima utilizados para a obtenção da curva S-N, foi de 60 % do limite de resistência no primeiro ensaio e a partir do resultado deste, escolheu-se os valores de carga máxima dos outros ensaios. Os ensaios foram feitos de 63 modo que os valores do número de ciclos de falha ficassem entre 103 e 106, caracterizando dessa forma a fadiga de alto ciclo. Os corpos de prova que não romperam até 106 ciclos foram retirados da máquina sem a análise da ruptura deste. Para cada valor de carga máxima escolhido, utilizou-se 3 corpos de prova, totalizando 87 corpos de prova na conclusão dos ensaios. A partir dos resultados obtidos desenhou-se a curva S-N para os dois laminados e para cada razão de fadiga (R) analisada. R=0.1 espessura R=-1 R=10 espessura Figura 4.8: Dimensões dos corpos de prova para o ensaio de fadiga. Para a compilação dos resultados obtidos para os ensaios de fadiga, utilizou-se uma rotina criada em ambiente MATLAB (anexo C) para a obtenção das constantes das equações 3.5 e 3.6 relatadas no capítulo anterior. Estas constantes foram obtidas através da aplicação do método dos mínimos quadrados (ASTM E 739, 1980; Neto et al., 1995). A partir do conhecimento dos valores destas constantes obteve-se o Diagrama Modificado de Goodman na prevenção da falha por fadiga das duas configurações. 4.8. ANÁLISE DOS DANOS OBTIDOS DURANTE E APÓS OS ENSAIOS Durante os ensaios de fadiga analisaram-se, de modo qualitativo, os danos ocorridos nos corpos de prova. Este procedimento foi feito do seguinte modo; anotou-se o valor de número de ciclos onde não se percebia mais aumento de trincas transversais no laminado (estado de saturação) e o valor de número de ciclos onde se percebia o aparecimento da delaminação no laminado. Além desta forma de controle do dano, utilizou-se uma máquina fotográfica digital Kodak – Dc215 de resolução 1100 x 900 pontos para a análise da formação 64 e propagação de dano na espessura do laminado, tirando-se fotos do laminado antes do ensaio e durante o mesmo, até o momento da ruptura do corpo de prova. Além destes tipos de monitoramento do dano, utilizou-se uma filmadora marca Panasonic, modelo VHS-C, NTSC e uma placa de aquisição de vídeo A/D modelo DC10, para a obtenção de imagens no momento exato da ruptura final dos corpos de prova ensaiados. Para os ensaios de tração e compressão uniaxiais, e, bem como para os ensaios de fadiga fez-se uma análise microscópica e macroscópica da falha do material. Para a análise microscópica utilizou-se um microscópio ótico MG da marca Olimpus. 65 CAPÍTULO 5 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES – ENSAIOS PRELIMINARES Este capítulo apresenta os resultados obtidos para os ensaios de densidade volumétrica e calcinação das duas configurações aqui estudadas, bem como os resultados dos ensaios de tração e compressão uniaxiais. No que diz respeito aos ensaios de tração e compressão uniaxiais, será exposto neste capítulo uma análise do comportamento mecânico (resistência e rigidez), das duas configurações em estudo, comparando-se os resultados. Além disso, também será exposto um estudo detalhado das características da fratura e monitoramento do dano durante os ensaios acima mencionados. Para tanto, análises a níveis macroscópicos e microscópicos serão utilizadas para melhor entendimento do processo. 5.1. ENSAIOS DE DENSIDADE VOLUMÉTRICA E CALCINAÇÃO Mostra-se na tabela 5.1 os valores de densidade volumétrica encontrados para os laminados com 10 (C10) e com 12 (C12) camadas. Por estes resultados percebe-se que as duas configurações possuem praticamente a mesma densidade volumétrica. Tabela 5.1: Densidade volumétrica das duas configurações analisadas. Configuração Densidade (g/cm3) Laminado C10 1,495 Laminado C12 1,505 Os resultados obtidos dos percentuais em volume de fibra, resina e vazios estão demonstrados na tabela 5.2. Através destes resultados, percebe-se que o percentual de vazios nas duas configurações é bastante alto, quando comparados aos valores encontrados na literatura. Este tipo de resultado já era esperado, pois o processo de fabricação utilizado (moldagem manual) dá margem a formação de bolhas no laminado. Outro motivo pelo qual o percentual de vazios é acentuado se deve à prática da empresa ao confeccionar reservatórios de grande porte, como por exemplo, os reservatórios de carvão ativado. Essa prática costuma apresentar muitos defeitos internos de fabricação, provenientes tanto do processo de impregnação fibra/matriz quanto pela presença de volatização da resina (bolhas, etc) devido 66 ao demorado tempo de cura. Vale salientar aqui que esta prática foi exigida pelos pesquisadores, para que os resultados obtidos pudessem ter mais veracidade com as condições reais de uso desses reservatórios. Tabela 5.2: Percentuais volumétricos de fibra, resina e vazios. Fibra (%) Resina (%) Vazios (%) Laminado C10 32,8 49,2 17,8 Laminado C12 32,9 49,9 17,1 Mostra-se na figura 5.1 que o aumento no número de camadas no laminado não implica em um aumento direto dos percentuais volumétricos, ou seja, os mesmos parecem ser muito mais dependentes do próprio processo de fabricação. Por este gráfico pode-se perceber que os percentuais de fibra, resina e vazios são praticamente os mesmos e assim sendo, podese considerar que a variação das propriedades mecânicas estáticas e de fadiga destes materiais só vão variar devido a variação das suas configurações. A consideração da simetria do laminado também será de grande importância na comparação dos resultados entre os dois laminados, já que a simetria do material está diretamente relacionada à configuração dos mesmos. Aqui, uma possível influência do número de camadas nas propriedades mecânicas estáticas e de fadiga destes dois laminados está “embutida” na própria definição das configurações das mesmas. Isto se explica pelo fato de que os laminados são constituídos de camadas de manta de fibras curtas e tecido têxtil cruzado, ou seja, camadas com distribuição aleatória ou 0°/90° com relação a aplicação de carga. Neste sentido, uma possível influência da “orientação” de fibras no comportamento mecânico dos laminados, está descartada nesse estudo. Percentuais Volumétricos (%) 50 40 30 C10 C12 20 10 0 Fibra Resina Vazios Figura 5.1: Percentuais volumétricos de fibra, resina e vazios das duas configurações estudadas. 67 5.2. ENSAIOS DE TRAÇÃO UNIAXIAL Mostra-se na figura 5.2, os resultados obtidos nos ensaios de tração uniaxial dos cinco corpos de prova do laminado C10, na qual pode-se perceber que é pequena a dispersão dos resultados obtidos para limite de resistência e para a deformação de ruptura, evitando-se assim o uso de distribuições estatísticas para o cálculo dos valores médios destes parâmetros. Este comportamento é característico, segundo a literatura, dos compostos a base de fibra de vidro. Além disso, percebe-se também por esta figura que o laminado C10 possui um comportamento elástico. 140 120 Tensão (MPa) 100 80 60 40 20 0 0 1 2 3 Deformação (%) Figura 5.2: Gráfico tensão versus deformação dos cinco corpos de prova ensaiados à tração uniaxial do laminado C10. Mostra-se na figura 5.3, os resultados obtidos nos ensaios de tração uniaxial dos cinco corpos de prova do laminado C12, na qual observa-se que a dispersão dos resultados foi a mesma do laminado C10. Tanto para o limite de resistência quanto para deformação de ruptura. Além disso, percebe-se também, que como o laminado C10, o laminado C12 também possui um comportamento elástico. 68 140 120 Tensão (MPa) 100 80 60 40 20 0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 Deformação (%) Figura 5.3: Gráfico tensão versus deformação dos cinco corpos de prova ensaiados à tração uniaxial do laminado C12. Pela figura 5.4 pode-se comparar o limite de resistência à tração das duas configurações. Por estes resultados, percebe-se que a diferença entre o limite de resistência à tração dos dois laminados foi de 1,4 MPa (variação percentual de 1,2 %), ou seja, praticamente desprezível, demonstrando-se desse modo que a variação do número de camadas (configuração) do laminado, sem a presença da variação na orientação de fibras, não influenciou significativamente na resposta mecânica dos mesmos. Vale relembrar que, conforme foi dito no item anterior, os percentuais de fibra, resina e vazios das configurações C10 e C12 são praticamente os mesmos, e, assim sendo, somente a configuração e a simetria do laminado podem ser responsáveis pela pequena variação dos resultados entre os dois laminados. Limite de resistência (MPa) 116,7 115,3 120 100 80 60 40 20 0 C10 C12 Figura 5.4: Limite de resistência à tração dos laminados compostos C10 e C12. 69 Com relação às propriedades elásticas, a figura 5.5 compara os módulos de elasticidade longitudinais dos laminados compostos C10 e C12. Observa-se que, novamente, a configuração não teve influência significativa nesta propriedade do laminado, pois a variação foi de apenas 0,31 GPa, ou seja, uma variação percentual de 6,4 %. Comparada à variação observada entre as tensões últimas dos mesmos, pode-se dizer que em termos de resposta elástica do material, a influência da configuração foi maior. Módulo de Elasticidade (GPa) 4,81 5 4,5 4 3 2 1 0 C10 C12 Figura 5.5: Módulo de elasticidade à tração dos laminados C10 e C12. Resumindo o que foi visto nas figuras 5.4 e 5.5, percebe-se que apesar dos valores das propriedades destes dois laminados serem bastante próximas, o laminado C10 possui sempre melhores propriedades mecânicas que o laminado C12. Ressalta-se que o laminado C10 é simétrico em sua configuração, o que lhe confere melhor distribuição de tensões internas durante o carregamento (Herakovich, 1997). A partir da figura 5.6, têm-se os resultados das deformações de ruptura dos dois laminados compostos aqui analisados, e, novamente, percebe-se que a variação dos resultados entre os dois foi pouco significativa, já que a variação da deformação ficou em torno de 0,09 % (variação em percentual de 3,5 %). 70 Deformação de Ruptura (%) 3 2,45 2,54 2,5 2 1,5 1 0,5 0 C10 C12 Figura 5.6: Deformação de ruptura à tração dos laminados C10 e C12. 5.2.1. ANÁLISE DO DANO NOS ENSAIOS DE TRAÇÃO Para uma análise macroscópica do ensaio de tração, mostram-se nas figuras 5.7 e 5.8, os corpos de prova depois da ruptura final para os laminados C10 e C12, respectivamente. Por estas figuras, pode-se perceber que ocorre grande quantidade de delaminações ao ponto de grande quantidade de fibra se desprender do laminado. Para melhor demonstrar este fato utiliza-se a figura 5.9, na qual percebe-se que 7 cm de fibra de vidro se desprenderam do laminado após a ruptura final do corpo de prova, caracterizando o fenômeno do “rasgamento” na região de fratura final. Figura 5.7: Ruptura de um dos corpos de prova C10 submetido à tração. Figura 5.8: Ruptura de um dos corpos de prova C12 submetido à tração. 71 Figura 5.9: Detalhe da ruptura do corpo de prova submetido à tração (C12). Analisando microscopicamente os corpos de prova submetidos à tração, encontrou-se as seguintes características de fratura. - Microfissuras transversais e longitudinais na matriz, com relação à direção do carregamento; - Desaderência fibra-matriz; - Ruptura de fibras; - Delaminação. Analisando-se primeiramente as microfissuras transversais nos dois laminados (C10 e C12), percebe-se que estas não se apresentam de modo uniforme, ou seja, ao longo de todo comprimento útil do corpo de prova. Também se observa que este tipo de dano geralmente era oriundo de um defeito de fabricação do laminado, estando este defeito em regiões ricas em resina ou em fibra (ver figura 5.10 e 5.11). Registra-se também que a quantidade de microfissuras transversais era maior próxima à região de fratura final. Este resultado vai de encontro ao obtido por Felipe et al. (b), (1997), que encontrou grande quantidade de microfissuras transversais ao longo de todo o corpo de prova durante o ensaio de tração em um laminado composto de matriz poliéster reforçada com manta de fibra de vidro-E. Observa-se, também, nos dois laminados defeitos de fabricação que não originaram nenhum tipo de dano, conforme pode ser visto na figura 5.12. Analisando-se o tipo de fratura obtida na interface, percebe-se que nos dois laminados se encontrou tanto a fratura adesiva (desaderência fibra matriz) quanto a fratura coesiva na matriz e na fibra. Estes resultados podem ser vistos nas figuras 5.13 e 5.14. 72 Figura 5.10: Microfissura transversal oriunda de um defeito de fabricação em uma região rica em resina (C10). Figura 5.11: Microfissura transversal oriunda de um defeito de fabricação em uma região rica em fibras (C10). Figura 5.12: Defeitos de fabricação que não formaram microfissuras (C10). 73 Fratura coesiva na fibra Figura 5.13: Fratura coesiva na fibra (C12). Fratura coesiva na matriz Desaderência fibra-matriz Figura 5.14: Fissuração da matriz (fratura coesiva na matriz) e desaderência fibra matriz (fratura adesiva) (C12). Com relação à delaminação dos laminados, percebe-se que a configuração C12 possuiu maior intensidade de delaminações do que a configuração C10 e que elas ocorrem em praticamente todas as camadas desta, ao contrario da configuração C10 (figura 5.15), na qual as delaminações ocorreram somente em poucas camadas do laminado. Outra característica interessante relacionada à configuração C12 é que a delaminação iniciava a partir de microfissuras transversais, conforme é demonstrado na figura 5.16. 74 Delaminação Figura 5.15: Delaminação ocorrida no laminado C10. Figura 5.16: Delaminação ocorrida no laminado C12. Analisando-se a região de fratura dos dois laminados percebe-se que, em alguns casos, a aderência fibra-matriz dos dois laminados foi pequena conforme se pode perceber na figura 5.17, onde a fibra aparece “limpa” de resina, caracterizando a presença da fratura coesiva antes da ruptura da fibra. 75 Figura 5.17: Desaderência fibra-matriz, região de fratura final (C12). Por estes resultados percebe-se que, praticamente, os dois laminados não tiveram diferenças de resultados com relação à análise de fratura, e, conforme já foi dito anteriormente, isto se refletiu nos resultados numéricos do ensaio de tração, pois as diferenças percentuais entre as tensões últimas e módulos elásticos entre as duas configurações foram consideradas desprezíveis. 5.3. ENSAIOS DE COMPRESSÃO UNIAXIAL Para efeito de análise dos resultados, os valores obtidos na compressão serão demonstrados sem sinal, porém deve-se salientar que tanto os valores de tensão quanto os de deformação são valores negativos quando se aplicam cargas compressivas. Mostra-se na figura 5.18 os resultados obtidos nos ensaios de compressão uniaxial dos quatro corpos de prova do laminado C10, na qual observa-se que a dispersão dos resultados obtidos para o limite de resistência e para a deformação de ruptura é pequena, podendo-se assim considerar valores médios destes parâmetros sem o uso de distribuição estatística. Percebe-se, também que o laminado C10 possui um comportamento linearmente elástico. Mostra-se na figura 5.19 os resultados obtidos nos ensaios de compressão uniaxial dos quatro corpos de prova do laminado C12. Os resultados apresentam uma dispersão semelhante à do laminado C10, para o limite de resistência e para a deformação de ruptura. Além disso, registra-se que, como o laminado C10, o laminado C12 também possui um comportamento linearmente elástico durante a aplicação de cargas compressivas. 76 200 180 160 Tensão (MPa) 140 120 100 80 60 40 20 0 0 1 2 3 4 5 Deformação (%) Figura 5.18: Gráfico tensão versus deformação dos quatro corpos de prova ensaiados à compressão uniaxial do laminado C10. 200 Tensão (MPa) 150 100 50 0 0 1 2 3 4 5 Deformação (%) Figura 5.19: Gráfico tensão versus deformação dos quatro corpos de prova ensaiados à compressão uniaxial do laminado C12. Pela figura 5.20 pode-se comparar o limite de resistência à compressão uniaxial dos dois laminados compostos. Nos resultados obtidos, percebe-se que a diferença entre o limite de resistência à compressão dos dois laminados é de 9,7 MPa (variação percentual de 5,4 %), demonstrando-se, desse modo, que a variação da configuração do laminado não influenciou significativamente nesta propriedade mecânica. Resultado semelhante ocorreu com o limite de 77 resistência à tração uniaxial dos dois laminados, embora a diferença percentual à compressão seja um pouco maior quando comparado à da tração (a diferença percentual na tração foi de 1,2 %). Limite de resistência (MPa) 200 181,01 171,3 150 100 50 0 C10 C12 Figura 5.20: Limite de resistência à compressão uniaxial dos laminados C10 e C12. Com relação à rigidez dos laminados, mostra-se na figura 5.21, os valores dos módulos de elasticidade longitudinal à compressão das configurações C10 e C12. Percebe-se que a mudança na configuração do laminado teve uma influência um pouco mais significativa, se comparado aos mesmos resultados obtidos na tração, pois a configuração C10 teve uma redução no módulo de 0,52 GPa, variação percentual de 11 %, em relação à configuração C12, enquanto que o módulo de C10 à tração possuiu um aumento de 0,31 GPa, variação percentual de 6,4 %. Módulo de Elasticidade (GPa) 4,79 5 4,27 4 3 2 1 0 C10 C12 Figura 5.21: Módulo de elasticidade longitudinal à compressão das configurações C10 e C12. A partir do gráfico da figura 5.22 pode-se comparar as deformações de ruptura à compressão obtidas para os dois laminados compostos aqui estudados. Desse modo, percebese novamente, que a variação da configuração do material teve pouca influência sobre esta propriedade mecânica, pois a diminuição foi de 0,15 % (variação percentual de 4 %) do laminado C10 em relação ao laminado C12. 78 Deformação de Ruptura (%) 6 4,07 3,92 4 2 0 C10 C12 Figura 5.22: Deformação de ruptura à compressão dos laminados C10 e C12. Conforme já foi dito no item anterior, novamente se percebe a importância dos percentuais de fibra, resina e vazios na obtenção das propriedades mecânicas dos laminados compostos, pois na análise destes resultados os mesmos valores em percentual de fibra, resina e vazios para dois laminados resultam em propriedades mecânicas bastante próximas, principalmente para os laminados constituídos de manta e tecido têxtil cruzado. A falta de simetria do laminado C12 teve uma menor influência no comportamento à compressão do mesmo, quando comparado ao comportamento de tração. Significando dizer que, o aumento no número de camadas melhorou a resistência do laminado C12 quando submetido a carregamentos compressivos. 5.3.1. ANÁLISE DO DANO NOS ENSAIOS DE COMPRESSÃO Para uma análise macroscópica do ensaio de compressão, mostram-se nas figuras 5.23 e 5.24 os corpos de provas depois da ruptura final dos laminados C10 e C12, respectivamente. Analisando-se estas figuras percebe-se que o laminado C12 possui maior quantidade de delaminações que o laminado C10, porém, aparentemente, o laminado C12 produz um dano mais bem distribuído que o laminado C10. Este fato pode explicar porque o laminado C12 possuiu o módulo de elasticidade e um limite de resistência um pouco maior do que o laminado C10. Porém, deve-se salientar novamente que esta variação é muito pequena. Figura 5.23: Ruptura do corpo de prova submetido ao ensaio de compressão uniaxial, laminado C10. Figura 5.24: Ruptura do corpo de prova submetido ao ensaio de compressão uniaxial, laminado C12. 79 Na análise microscópica dos laminados submetidos à compressão uniaxial, registra-se as mesmas características de dano encontradas nos corpos de prova submetidos à tração, são elas: - Microfissuras transversais e longitudinais na matriz, com relação à direção do carregamento; - Desaderência fibra-matriz; - Ruptura de fibra; - Delaminação. Apesar de o mecanismo de dano nos corpos de prova submetidos à compressão apresentarem “características comuns” quando comparado ao observado na tração, a formação e propagação do mesmo difere em muitos pontos. Considerando a análise das microfissuras transversais nos dois laminados, percebe-se que estas só ocorreram próximas a região de fratura do laminado, e, em alguns casos, estas surgem em alguns defeitos de fabricação distante da região de fratura final. Outra característica importante do dano é a sua não uniformidade, ou seja, as microfissuras transversais ocorreram de modo bastante isolado. Considerando-se o tipo de fratura encontrado na interface fibra-matriz, observa-se a presença de fraturas coesivas na fibra e matriz, bem como fraturas adesivas para os dois laminados compostos (C10 e C12) estudados, conforme é demonstrado na figura 5.25. Fratura coesiva na fibra Desaderência fibra-matriz Figura 5.25: Fratura coesiva na fibra e desaderência fibra/matriz (fratura adesiva) (C12). 80 Analisando-se as delaminações, percebe-se que estas são originadas de microfissurações transversais. Um exemplo disso é mostrado na figura 5.26, na qual tem-se uma microfissura transversal que foi originada no defeito de fabricação e se propagou até a região entre as camadas de tecido e manta do laminado formando uma delaminação na mesma. Figura 5.26: Formação e propagação do dano no laminado sob compressão (C12). Conforme também se pode perceber na figura 5.26, nos dois laminados compostos são registrados muitos defeitos de fabricação sem formação de microfissuras transversais, mesmo próximo a região de fratura dos laminados. Ainda com relação à delaminação, observa-se que o laminado C10 possui mais delaminação nas camadas mais externas, enquanto que, o laminado C12 mostra grande quantidade de delaminações independente da camada analisada, ou seja, praticamente em todas as camadas do laminado. Comparando-se o fenômeno da delaminação ocorrida na tração e na compressão do material, percebe-se que, sob ação de esforços compressivos, os dois laminados tiveram maior número de camadas delaminadas e com maior intensidade se comparadas aos esforços trativos. Somado a este resultado se pode dizer também, que a ausência de microfissuras transversais nos laminados sob ação de cargas compressivas melhorou o seu limite de resistência à compressão. 81 Como no ensaio de tração, percebe-se também no ensaio de compressão, que a aderência fibra matriz é fraca, pois conforme mostra a figura 5.27 pouca resina fica aderida à fibra, após a fratura final dos laminados. Figura 5.27: Fibra com pequena quantidade de resina aderida (C10). 5.4. COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS NOS ENSAIOS DE TRAÇÃO E DE COMPRESSÃO UNIAXIAIS Mostram-se, na figura 5.28, os resultados obtidos do limite de resistência à tração e a compressão uniaxiais para os compostos laminados C10 e C12. Por estes resultados, percebese que os mesmos suportaram mais cargas compressivas do que trativas e que esta diferença foi da ordem de 54,6 MPa (variação percentual de 31,9 %) para o laminado C10 e de 65,71 MPa (variação percentual de 36,3 %) para o laminado C12. Os resultados já eram esperados, pois conforme demonstra a literatura especializada (Mandell et al., 1997), normalmente os valores do limite de resistência à tração não coincidem com os valores do limite de resistência à compressão, bem como os respectivos valores dos módulos de elasticidade longitudinais. Este comportamento sempre se verifica, principalmente, se há diferenças nos processos de fratura entre os laminados. Tem-se na figura 5.29 a comparação dos resultados obtidos para os módulos de elasticidade longitudinal à tração e à compressão dos dois laminados compostos. Por este 82 gráfico percebe-se que a variação do módulo de elasticidade foi pequena para os dois laminados, pois para o laminado C12 a variação foi da ordem de 0,29 GPa (variação percentual de 6 %), e, para o laminado C10, foi da ordem de 0,54 GPa que corresponde a 11 Tensão Última (MPa) % de variação percentual. 200 181,01 171,3 150 116,7 115,3 Compressão Tração 100 50 0 C10 C12 Figura 5.28: Limite de resistência à Tração e à Compressão dos laminados compostos C10 e C12. 4,81 Módulo de Elasticidade (GPa) 5 4,27 4,79 4,5 4 3 2 Compressão Tração 1 0 C10 C12 Figura 5.29: Módulo de Elasticidade à Tração e à Compressão dos laminados C10 e C12. Por estes resultados, observa-se que, nem sempre, as propriedades mecânicas são iguais quando se aplicam cargas de tração ou compressão, e, como no caso das tensões últimas, estas podem apresentar diferenças significativas, mesmo que não haja variação da orientação das fibras na configuração do mesmo. Observa-se, também, que, apesar do limite de resistência à compressão dos laminados ser maior do que o limite de resistência à tração, não significa dizer que ocorre um aumento do módulo de elasticidade à compressão destes laminados. 83 CAPÍTULO 6 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES – ENSAIOS DE FADIGA Como exposto antes, o principal objetivo desta dissertação de mestrado é a prevenção de falha por fadiga em compostos laminados poliméricos reforçados com uma combinação de manta de fibras curtas e tecido têxtil cruzado de fibra de vidro-E, utilizados na fabricação de reservatórios de grande porte. Para isso, se faz necessário um estudo detalhado da resposta à fadiga de cada laminado aqui estudado, bem como o completo conhecimento do mecanismo de dano desenvolvido. Neste capítulo, será, inicialmente, apresentado uma demonstração de todos os resultados obtidos nos ensaios de fadiga através de suas curvas S-N, para, em seguida, desenvolver-se um estudo comparativo entre os laminados C10 e C12, concluindo-se com a elaboração do Diagrama Modificado de Goodman para estes dois laminados. Além disso, demonstrar-se-á, o monitoramento do mecanismo de dano e as características da fratura final. Esta análise será desenvolvida à níveis macroscópicos e microscópicos da fratura. 6.1. ANÁLISE DAS CURVAS S-N A partir da figura 6.1, tem-se as curvas S-N dos ensaios de fadiga para o laminado C10 utilizando-se as razões de fadiga R = 0,1, R = 10 e R = -1, bem como as curvas obtidas pelo modelo matemático demonstrado na equação 3.6. Pode-se perceber por este gráfico que os resultados dos ensaios com R = -1 são os que possuem pior resistência à fadiga. Este resultado condiz com os resultados encontrados na literatura, pois é nesta condição que se tem as maiores amplitudes de tensão aplicadas ao laminado (Mandell et al., 1997; Jen et al., 1998). Vale relembrar aqui que todos os ensaios feitos neste trabalho foram para fadiga de alto ciclo (acima de 103 ciclos), e que para o mesmo corpo de prova, não se variou durante o ensaio os valores de tensão média e amplitude de tensão aplicados, ou seja, não se trabalhou com fadiga cumulativa. Vale relembrar, também, que na equação 3.6 (página 39), b demonstra a fragilidade à fadiga do material, ou seja, quanto maior o valor de b menor a resistência à fadiga do laminado. Considerando à fragilidade à fadiga b, pode-se dizer a respeito dos dados expostos na figura 6.1 que a melhor resistência à fadiga obtida foi para R = 10, pois o valor de b é de 84 0,091. Além disso, comparando-se R = 0,1 e R = 10, percebe-se que, na fadiga compressiva (R = 10) o laminado C10 possuiu melhor resistência à fadiga do que na fadiga sob tração (R = 0,1), porém esta variação é pequena, pois b variou de 0,091 para 0,105 (variação percentual de 13 %). 1,0 0,9 0,8 0,7 σ max /σ ult 0,6 0,5 0,4 R=0,1 b=0,105 R=10 b=0,091 R=-1 b=0,117 0,3 0,2 0,1 0,0 2 10 3 10 4 10 5 10 6 10 7 10 Número de Ciclos Figura 6.1: Gráfico semilogarítmico da tensão máxima normalizada versus o número de ciclos de ruptura do laminado C10, utilizando-se R = 10, R = 0,1 e R = -1 (a seta indica os corpos de prova que não sofreram ruptura). Nos diagramas aqui apresentados os símbolos indicados com uma seta significam que os corpos de prova não romperam, porém foram ensaiados até o número de ciclos indicado no gráfico. Apresenta-se na figura 6.2 os resultados dos ensaios de fadiga para o laminado C12 utilizando-se R = 10, R = 0,1 e R = -1. Percebe-se pelos resultados obtidos que novamente a pior resistência à fadiga deste laminado foi para R = -1 e a melhor resistência à fadiga encontrada foi para R = 0,1. Observa-se, também, que a diferença entre os resultados para R = 0,1 e R = 10 é muito pequena, pois a variação da fragilidade à fadiga do material (b) foi de 0,003 (variação percentual de 2,6 %). Com o objetivo de comparar os resultados obtidos para R = -1 dos dois laminados compostos, desenhou-se o gráfico da figura 6.3. Analisando-se este gráfico, percebe-se que o laminado C10 possui melhor resistência à fadiga do que o laminado C12, demonstrando, assim, a influência da configuração na resistência à fadiga do laminado. Neste caso em 85 específico, a simetria do laminado C10 faz com que o mesmo possua uma melhor distribuição das tensões internas (Herakovich, 1997), e, conseqüentemente, uma melhor resistência à fadiga. 1,0 0,9 0,8 σ max /σ ult 0,7 0,6 0,5 0,4 R=0,1 b=0,109 R=10 b=0,112 R=-1 b=0,140 0,3 0,2 0,1 0,0 2 10 3 10 4 10 5 10 6 10 7 10 Número de Ciclos Figura 6.2: Gráfico semilogarítmico da tensão máxima normalizada versus o número de ciclos de ruptura do laminado C12, utilizando-se R = 10, R = 0,1 e R = -1 (a seta indica os corpos de prova que não sofreram ruptura). 1,0 0,9 0,8 σ max /σ ult 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 C10 b=0,117 C12 b=0,140 0,2 0,1 0,0 2 10 3 10 4 10 5 10 6 10 7 10 Número de Ciclos Figura 6.3: Gráfico semilogarítmico da tensão máxima normalizada versus o número de ciclos de ruptura, nos laminados C10 e C12 para R = –1 (a seta indica os corpos de prova que não sofreram ruptura). 86 Compara-se no gráfico da Fig. 6.4 os resultados obtidos para R = 0,1 dos dois laminados compostos. A partir deste gráfico, nota-se, também, que o laminado C10 possui melhor resistência à fadiga do que o laminado C12. Conforme foi dito anteriormente, isto se deve, principalmente, ao fato de que o laminado C10 possui simetria e, conseqüentemente, possui melhor distribuição de tensões. 1,0 0,9 0,8 σ max /σ ult 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 C10 b=0,105 C12 b=0,109 0,2 0,1 0,0 2 10 3 10 4 10 5 10 6 10 7 10 Número de Ciclos Figura 6.4: Gráfico semilogarítmico da tensão máxima normalizada versus o número de ciclos de ruptura, nos laminados C10 e C12 para R = 0,1 (a seta indica os corpos de prova que não sofreram ruptura). O gráfico da figura 6.5 demonstra a comparação dos dois laminados compostos quando se aplica razão de fadiga de R = 10. Também por este gráfico, observa-se que, novamente, o laminado C10 possuiu melhor resistência à fadiga do que o laminado C12. Ou seja, analisando-se os gráficos das figuras 6.3 a 6.5, constatou-se que o laminado C10 possui melhor resistência à fadiga do que o laminado C12, independente do tipo de tensão cíclica aplicada ao material, seja ela alternada (R = -1), trativa (R = 0,1) ou compressiva (R = 10). Ainda em análise dos resultados expostos nas figuras 6.3, 6.4 e 6.5, percebe-se que a variação da configuração do laminado influenciou de modo menos significativo a razão de fadiga R = 0,1, pois, neste caso, o valor de b aumentou somente 0,004, enquanto que para R = -1 o aumento foi de 0,023 e para R = 10 o aumento foi de 0,021. A partir destes resultados constata-se que o aumento do número de camadas no laminado C12 não implica necessariamente em uma maior resistência à fadiga. Este fato torna 87 mais forte o argumento da importância da simetria da configuração do laminado na sua resposta mecânica, principalmente frente a cargas dinâmicas. 1,0 0,9 0,8 σ max /σ ult 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 C10 b=0,091 C12 b=0,112 0,2 0,1 0,0 2 10 3 10 4 10 5 10 6 10 7 10 Número de Ciclos Figura 6.5: Gráfico semilogarítmico da tensão máxima normalizada versus o número de ciclos de ruptura, nos laminados C10 e C12 para R = 10. Analisando-se os dados nos gráficos das figuras 6.1 a 6.5, observa-se que o modelo matemático proposto (equação 3.6) representa bem os resultados obtidos experimentalmente, demonstrando que, na região de fadiga de alto ciclo (entre 103 e 106 ciclos), os materiais aqui analisados possuem um comportamento linearmente logarítmico. Porém, se forem considerados os valores de limite de resistência (σult) dos ensaios de tração e de compressão uniaxiais como sendo um valor de tensão máxima (σmax), na qual a ruptura ocorre no primeiro ciclo, para este modelo, algumas destas curvas não irão convergir para este ponto (um exemplo disso é a curva de R = 0,1 para o laminado C10), demonstrando que a equação 3.6 não é valida para toda a curva S-N. Pensando desse modo, utilizou-se um outro modelo matemático (equação 3.5, página 39) que é mais geral na sua aplicação do que o da equação 3.6, ou seja, inclui tanto a fadiga de baixo ciclo quanto de alto ciclo. Os resultados demonstrados nas figuras 6.6 e 6.7 comparam os dois modelos matemáticos com os resultados obtidos experimentalmente. Ressalta-se aqui que os ensaios não foram realizados para fadiga de baixo ciclo, de forma a comprovar a aplicabilidade da equação 3.5. O modelo está sendo apresentado apenas em função da convergência dos dados encontrados para a fadiga de alto ciclo. 88 Os valores obtidos para o coeficiente de fadiga a da equação 3.5 em todos os casos é bem próximo de 1 e, por isso, não são colocados nas figuras 6.6 e 6.7. Por estes resultados, pode-se perceber que o coeficiente de fadiga p, na maioria dos casos, foi próximo de 1, principalmente no laminado C12, demonstrando que a aproximação utilizada pela equação 3.6 é bem razoável para estes casos. 1,0 0,9 0,8 0,7 σ max /σ ult 0,6 R=0,1 b=0,105 b=0,00565 p=2,56 R=10 b=0,091 b=0,0266 p=1,62 R=-1 b=0,117 b=0,0941 p=1,13 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0,0 0 10 1 10 2 10 3 10 4 10 5 10 6 10 7 10 Número de Ciclos Figura 6.6: Gráfico semilogarítmico da tensão máxima normalizada versus o número de ciclos de ruptura do laminado C10 (as linhas tracejadas demonstram as curvas da equação 3.6 e as linhas cheias demonstram as curvas da equação 3.5). 1,0 0,9 0,8 σ max /σ ult 0,7 0,6 0,5 R=0,1 b=0,109 b=0,0654 p=1,21 R=10 b=0,112 b=0,0761 p=1,20 R=-1 b=0,140 b=0,143 p=0,932 0,4 0,3 0,2 0,1 0,0 0 10 1 10 2 10 3 10 4 10 5 10 6 10 7 10 Número de Ciclos Figura 6.7: Gráfico semilogarítmico da tensão máxima normalizada versus o número de ciclos de ruptura do laminado C12 (as linhas tracejadas demonstram os resultados obtidos com a equação 3.6 e as linhas cheias os resultados obtidos com a equação 3.5). 89 6.2. DIAGRAMA MODIFICADO DE GOODMAN No estudo da prevenção da falha por fadiga dos materiais, se faz necessário a elaboração do Diagrama Modificado de Goodman. Para a concepção deste diagrama deve-se ter, no mínimo, um modelo matemático para a curva S-N, referente aos ensaios experimentais realizados utilizando R = -1 e os valores do limite de resistência à tração e a compressão do laminado (Bond, 1999). Levando em conta estes resultados, pode-se traçar o Diagrama Modificado de Goodman para os laminados C10 e C12, demonstrados nas figuras 6.8 e 6.9, respectivamente. Para estes diagramas e para os outros posteriores a estes, utiliza-se o modelo matemático da equação 3.5, devido o mesmo ser mais genérico e demonstrar melhores resultados. Analisando-se os diagramas das figuras 6.8 e 6.9, percebe-se que se faz uma aproximação ao utilizar uma linha reta para a delimitação da região segura de falha para os outros valores de razão de fadiga (R). Entretanto, a literatura mostra que essa aproximação é razoável para determinados tipos de laminados, porém, normalmente, esta aproximação pode conduzir a resultados imprecisos para outros valores de R (Bond, 1999; Mandell et al., 1997; Beheshty et al., 1999). 90 R=-1 3 80 Amplitude de Tensão (MPa) 70 10 4 10 5 10 6 10 60 50 40 30 20 10 0 -200 -150 -100 -50 0 50 100 150 Tensão Média (MPa) Figura 6.8: Diagrama Modificado de Goodman para o laminado C10, utilizando apenas os resultados obtidos para R= –1. 90 90 R=-1 80 Amplitude de Tensão (MPa) 70 60 3 10 4 10 5 10 6 10 50 40 30 20 10 0 -200 -150 -100 -50 0 50 100 150 Tensão Média (MPa) Figura 6.9: Diagrama Modificado de Goodman para o laminado C12, utilizando apenas os resultados obtidos para R= –1. Pensando desse modo, um novo Diagrama Modificado de Goodman deve ser traçado com a maior quantidade possível de resultados para várias razões de fadiga (R). Assim, além dos resultados obtidos para R = -1, utiliza-se, também, os resultados obtidos para R = 0,1 e para R = 10, traçando-se, dessa forma, os diagramas das figuras 6.10 e 6.11. As linhas cheias delimitam as regiões que apresentam segurança com relação a uma possível falha no laminado, para diferentes valores da amplitude de tensão e números de ciclos de ruptura. Por estes diagramas (figuras 6.8 a 6.11) observa-se que, principalmente, para a fadiga compressiva (R = 10), o Diagrama Modificado de Goodman, que utiliza somente os resultados para R = -1, subestima bastante os valores conjuntos de tensão média (σmed) e amplitude de tensão (σa) que podem ser aplicados aos laminados antes destes romperem. Por exemplo, demonstra-se na figura 6.8, os valores máximos de tensão média (σmed) e de amplitude de tensão (σa) que podem ser aplicado ao laminado C10 para que este não rompa até cem mil ciclos (105), utilizando uma razão de fadiga (R) igual a 10, como sendo de –44,13 e 33,11 MPa, respectivamente. Porém, analisando-se o diagrama da figura 6.10, percebe-se que, para as mesmas condições aqui demonstradas, os valores da tensão média (σmed) e da amplitude de tensão (σa) podem chegar a até –60,12 e 49,19 MPa, respectivamente. Isso representa uma diferença bastante significativa dos resultados, ficando na ordem de 15,99 91 MPa para a tensão média (σmed) e de 13,08 MPa para a amplitude de tensão (σa) (diferença percentual da ordem de 26,6 % para a tensão média e 32,7 % para a amplitude de tensão). 90 Amplitude de Tensão (MPa) 80 70 60 R=-1 R=10 3 10 4 10 5 10 6 10 R=0,1 50 40 30 20 10 0 -200 -150 -100 -50 0 50 100 150 Tensão Média (MPa) Figura 6.10: Diagrama Modificado de Goodman para a prevenção de falha por fadiga do laminado C10. 90 80 Amplitude de Tensão (MPa) 70 60 R=-1 3 10 4 10 5 10 6 10 R=10 R=0,1 50 40 30 20 10 0 -200 -150 -100 -50 0 50 100 150 Tensão Média (MPa) Figura 6.11: Diagrama Modificado de Goodman para a prevenção de falha por fadiga do laminado C12. 92 Para demonstrar melhor a diferença entre os resultados obtidos para o Diagrama de Goodman Modificado utilizando-se somente R = -1 (figuras 6.8 e 6.9) e utilizando-se R = -1, R = 0,1 e R =10 (figuras 6.10 e 6.11), desenhou-se os gráficos das figuras 6.12 e 6.13, onde se observa nitidamente o ganho nos valores da amplitude de tensão (σa) e da tensão média (σmed), para as duas configurações, no que se refere à fadiga compressiva. 90 Amplitude de Tensão (MPa) 80 70 60 R=-1 R=10 3 10 4 10 5 10 6 10 R=0,1 50 40 30 20 10 0 -200 -150 -100 -50 0 50 100 150 Tensão Média (MPa) Figura 6.12: Visualização da influência da razão de fadiga R na configuração C10. 90 80 Amplitude de Tensão (MPa) 70 60 R=-1 3 10 4 10 5 10 6 10 R=10 R=0,1 50 40 30 20 10 0 -200 -150 -100 -50 0 50 100 150 Tensão Média (MPa) Figura 6.13: Visualização da influência da razão de fadiga R na configuração C12. 93 Analisando-se os diagramas superpostos (figuras 6.12 e 6.13), percebe-se que na região de fadiga trativa (R = 0,1) e para altos números de ciclos (acima de 105 ciclos), a aproximação utilizada por uma linha reta pode definir bem os resultados reais obtidos. Porém, para todos os outros valores aqui demonstrados, o Diagrama Modificado de Goodman, utilizando, somente, os resultados de R = -1 não apresenta uma ferramenta segura na prevenção de falha, principalmente para a análise próximas a mil ciclos. Vale salientar que para se obter resultados mais precisos para valores de R diferentes dos analisados neste trabalho (R = -1, R = 0,1 e R = 10) deve-se fazer novos ensaios de fadiga. Porém, quanto maior for a quantidade de variações de R, melhor será a aproximação para outros valores de R não analisados. 6.3. ANÁLISE DO DANO NOS LAMINADOS Analisou-se a fratura dos laminados de dois modos. Primeiro fez-se o monitoramento da formação e propagação do dano durante os ensaios de fadiga e, em segundo, analisou-se as características da fratura do laminado já rompido por fadiga. O acompanhamento da fratura foi feito anotando-se o número de ciclos no qual ocorreu a saturação das fissuras transversais (CDS), além do aparecimento de delaminações nos laminados e sua forma de distribuição. Para a análise da formação e propagação das delaminações foram tiradas fotografias ao longo da espessura dos corpos de prova (bordo livre) durante os ensaios. A análise do dano no laminado, após sua ruptura, foi feita de modo macroscópico e microscópico, registrando-se os tipos de dano possíveis a serem encontrados ao longo de todo o comprimento dos corpos de prova e na região de fratura final do laminado. Para um melhor entendimento do mecanismo de dano, a análise da fratura será descrita para cada tipo de razão de fadiga utilizado (R = 0,1, R = -1 e R = 10), para as duas configurações analisadas. Esta divisão foi feita devido aos diferentes tipos de formação e propagação do dano encontrados dependendo da razão de fadiga utilizada. 6.3.1. ANÁLISE DO DANO DURANTE O ENSAIO DE FADIGA PARA R = 0,1 Para efeito de ilustração da formação de delaminações e fissuras transversais, pode-se utilizar a figura 6.14, na qual tem-se a comparação de um laminado C10 “virgem” (que não foi ensaiado à fadiga) com um laminado C10 ensaiado por 700.000 ciclos (número de ciclos de ruptura, 843.300) para uma tensão máxima de 57,5 MPa e com R = 0,1 (σult = 116,7 MPa). 94 Figura 6.14: Comparação de um laminado C10 “virgem” com um laminado C10 sendo ensaiado à fadiga (R = 0,1). Mostra-se na figura 6.15, o diagrama de formação e propagação do dano do laminado C10 com R = 0,1. Pelos resultados encontrados, pode-se definir os passos (ou etapas) para formação e propagação de dano: 1) Formação de fissuras transversais em toda área útil dos corpos de prova (bordo livre e largura) até a sua saturação. 2) Formação e propagação de delaminações iniciadas pela união das fissuras transversais próximas aos bordos livres (figura 6.14). 3) Ruptura de fibra seguido da fratura final dos corpos de prova (esta ultima etapa considerada é, na realidade, a curva S-N). Analisando-se o diagrama da figura 6.15, percebe-se que os resultados aqui apresentados, condizem com os resultados obtidos por Reifsnider et al. (1983 apud Cahn et al., 1993) que registrou os mesmos passos para a formação e propagação do dano em laminados unidirecionais. 95 110 Linha de saturação Fratura Final (Curva S-N) Tensão Máxima (MPa) 100 90 80 Região de ocorrência de fissuras transversais 70 60 3 10 Região de formação e propagação das delaminações 4 10 5 10 6 10 Número de Ciclos Figura 6.15: Diagrama de formação e propagação do dano no laminado C10 com R = 0,1. Considerando-se agora o processo de formação e propagação de dano no laminado C12 com R = 0,1 (figura 6.16), percebe-se, novamente, que os passos para formação e propagação de dano foram os mesmos apresentados pelo laminado C10, ou seja, estes resultados também condizem com os resultados apresentados por Reifsnider (1983 apud Cahn et al., 1993). O que difere no processo de fratura entre as duas configurações são os números de ciclos e ou intensidade da carga cíclica em cada etapa descrita. Analisando os diagramas das figuras 6.15 e 6.16 percebe-se que o laminado C12 apresenta uma saturação de fissuras abaixo de 104 ciclos, enquanto que o laminado C10 registra uma saturação acima de 104 ciclos para os mesmos valores de tensão máxima (σmax) aplicada. Em conseqüência disso, o laminado C12 inicia o processo de delaminação mais prematuramente se comparado ao laminado C10. Isso pode explicar o fato da menor resistência à fadiga do laminado C12, demonstrando a importância da análise do ponto de saturação de fissuras transversais para se obter um melhor diagnóstico da vida útil do laminado composto. 96 O motivo pelo qual seria necessário um número de ciclos maior para a ocorrência de saturação de fissuras transversais no laminado C10, pode estar relacionado com a simetria deste laminado, pois, como comentado anteriormente, devido a esta simetria, o mesmo possui uma melhor distribuição de tensões internas (Herakovich, 1997). Isto retardaria a saturação de fissuras transversais, já que iriam existir menos pontos de concentração de tensões dificultando, assim, a formação destas fissuras. 80 Linha de saturação Fratura final (Curva S-N) Tensão Máxima (MPa) 75 70 65 Região de Região de formação ocorrência de e propagação fissuras das transversais delaminações 60 3 10 4 10 5 10 6 10 Número de Ciclos Figura 6.16: Diagrama de formação e propagação do dano no laminado C12 com R = 0,1. Outra característica interessante encontrada no laminado C12 e que pode também se aplicar ao fato da sua menor resistência à fadiga quando comparado ao laminado C10, é com relação ao fenômeno da delaminação, pois, enquanto o laminado C10 sempre iniciava sua delaminação nas camadas internas do laminado, o laminado C12 iniciava sua delaminação preferencialmente nas camadas externas. Este fato chegou ao ponto da ocorrência da ruptura de uma das camadas mais externas do laminado C12 (este tipo de ruptura não ocorreu no laminado C10) antes de sua ruptura final, conforme é ilustrado na figura 6.17. A figura 6.18 demonstra a seqüência de ruptura do corpo de prova mostrado na figura 6.17, na qual utiliza-se três imagens obtidas de uma câmera de vídeo, onde a primeira foi a 97 1/30 de segundo antes da ruptura, a segunda no momento da ruptura e a terceira a 1/30 de segundo depois da ruptura do laminado C12. Ruptura da camada externa Figura 6.17: Laminado C12 (σmax = 69 MPa, R = 0,1, número de ciclos N = 18700 ciclos, número de ciclos de ruptura N0= 21200 ciclos). Figura 6.18: Ruptura do laminado C12 (σmax = 69 MPa, R = 0,1, número de ciclos de ruptura N0 = 21200 ciclos). Analisando-se microscopicamente os corpos de prova submetidos à fadiga com R = 0,1, vizualiza-se uma grande formação de fissuras transversais ao longo de todo o laminado (bordo livre e largura), fato que já se tinha percebido durante o ensaio de fadiga dos dois laminados. Percebe-se, ainda, que a formação destas fissuras ocorre, principalmente, nas camadas internas dos dois laminados e muitas se iniciavam, principalmente, nos defeitos de 98 fabricação, conforme pode ser visto na figura 6.19. Esta conclusão se deve ao fato de que muitas microfissuras nos defeitos de fabricação se nucleiam no interior da própria camada, ou seja, antes de chegarem às interfaces das camadas adjacentes. Porém, também foram observados defeitos de fabricação sem fissuras nos dois laminados analisados. É interessante observar que as microfissuras transversais apesar de se concentrarem nas camadas de tecido, por apresentarem fibras contínuas transversais à aplicação da carga, ocorrem também nas camadas de manta dos laminados. Figura 6.19: Fissuras transversais formadas durante o ensaio de fadiga à R = 0,1. Outro fato observado é que a distribuição de fissuras não muda na região próxima a fratura final dos dois laminados. Observa-se, também, que a fratura final era irregular para os dois laminados, ou seja, a mesma não ocorria transversalmente em relação ao sentido de carregamento aplicado. Nos dois laminados analisados registra-se a presença de fraturas adesivas (interface fibra/matriz) e coesivas na matriz e na fibra. 6.3.2. ANÁLISE DO DANO DURANTE O ENSAIO DE FADIGA PARA R = -1 Mostram-se nas figuras 6.20 e 6.21 os diagramas de formação e propagação de dano dos laminados C10 e C12, respectivamente para R = -1. Na análise dos dados observa-se que os passos para a formação e propagação de dano nestes laminado foram os seguintes: 99 1) Formação de fissuras transversais em toda área útil (bordo livre e largura) dos corpos de prova. 2) Início de delaminação nos bordos livres e posterior propagação ao longo da largura dos corpos de prova. 3) Saturação das fissuras transversais. 4) Continuação da formação e propagação de delaminações nos corpos de prova. 5) Ruptura de fibra com posterior fratura final dos corpos de prova. 70 Região de ocorrência de fissuras transversais 65 Tensão Máxima (MPa) 60 Região de formação e propagação da delaminação 55 50 45 Linha de saturação Início da delaminação Fratura final (Curva S-N) 40 35 3 10 4 10 5 10 6 10 Número de Ciclos Figura 6.20: Diagrama de formação e propagação do dano no laminado C10 com R = -1. Analisando-se estes diagramas, percebe-se a ocorrência de um fato novo durante o ensaio que foi o início da delaminação, antes da saturação das fissuras transversais. A ocorrência desta, foi devido ao tipo de carga aplicada ao laminado, pois com a razão de fadiga sendo R = -1, o laminado sofre carregamento alternado (tração e compressão) e, por causa da aplicação de cargas compressivas, o mesmo iniciou, prematuramente, a formação da delaminação, demonstrando, desse modo, a importância do tipo de carga aplicada na formação e propagação do dano no material. 100 Outro fato observado é que, apesar das etapas da formação e propagação do dano serem condizentes com o que foi reportado por Reifsnider (1983 apud Cahn et al., 1993), este autor não considera que a delaminação pudesse ocorrer anteriormente à saturação das microfissuras transversais no modelo proposto. Assim, pode-se concluir que para a fadiga alternada (R = -1) nos laminados constituídos com manta e tecido têxtil cruzado, o modelo proposto por Reifsnider, não é recomendado. 70 Linha de saturação Início da delaminação Ruptura total (Curva S-N) Tensão Máxima (MPa) 65 60 Região de ocorrência de fissuras transversais 55 50 Região de formação e propagação da delaminação 45 40 35 3 10 4 10 5 10 6 10 Número de Ciclos Figura 6.21: Diagrama de formação e propagação do dano no laminado C12 com R = -1. Comparando-se estes dois diagramas (figuras 6.20 e 6.21), verifica-se que tanto o início da delaminação quanto a saturação das fissuras transversais ocorreram em um número de ciclos menor no laminado C12 (entre 500 e 104 ciclos) se comparado ao laminado C10 (entre 103 e 105 ciclos), considerando o mesmo valor de tensão máxima aplicada. Resumindo, novamente o laminado C12 iniciou sua formação e propagação da delaminação prematuramente comparado ao laminado C10 e, em conseqüência disso, teve sua resistência à fadiga diminuída. O motivo pelo qual seria necessário um número de ciclos maior para o laminado C10 atingir a saturação de fissuras transversais e início de delaminação, pode estar relacionado 101 com a simetria deste laminado, pelas razões já colocadas em análise anterior (Herakovich, 1997). Isto retardaria a saturação de fissuras transversais, dando tempo à formação das delaminações nas camadas internas do laminado, dificultando, desse modo, o seu aparecimento. Para melhor demonstrar este fato, ilustra-se na figura 6.22 uma série de fotografias tiradas durante o ensaio de fadiga de um laminado C10, para uma tensão máxima (σmax) aplicada de 69 MPa e número de ciclos de ruptura (N0) de 4400 ciclos. O símbolo N demonstra o número de ciclos na qual foi retirada a fotografia. Delaminações Figura 6.22: Seqüência de dano ocorrido no laminado C10 ensaiado com R = -1 (N0 = 4400 ciclos, σmax = 69 MPa) (região de bordo livre). Conforme pode ser visto na figura 6.22, as delaminações ocorreram nas camadas internas do laminado. Este tipo de ocorrência foi similar para todos os corpos de prova analisados do laminado C10, porém este fato não foi encontrado no laminado C12. No caso do laminado C12 as delaminações ocorreram de modo totalmente aleatório, formando-se tanto nas camadas internas do laminado quanto nas camadas externas. Como exemplo, mostra-se na figura 6.23 a seqüência de dano ocorrido no laminado C12 ensaiado com razão de fadiga (R) igual a -1, a tensão máxima (σmax) de 46 MPa e o número de ciclos de ruptura (N0) de 17500 ciclos. 102 Figura 6.23: Seqüência de dano ocorrido no laminado C12 ensaiado com R = -1 (N0 = 17500 ciclos, σmax = 46 MPa) (região de bordo livre). Para comparar o fenômeno da delaminação ocorrida nos dois laminados compostos pode-se utilizar as figuras 6.23 e a 6.24, que demonstram as seqüências de dano ocorridas 103 nestes dois laminados compostos utilizando-se R = -1 e a mesma tensão máxima aplicada, σmax = 46 MPa. Pelo monitoramento percebe-se que para um percentual de 28 % de vida útil para C12 e 33 % para C10 (valores que podem ser considerados próximos) o laminado C12 já apresenta uma grande quantidade de delaminações, enquanto que o laminado C10 encontra-se pouco delaminado. Além disso, comparando-se as fotografias tiradas a 57 % de vida útil do laminado C12 e 60 % de vida útil do laminado C10, percebe-se que o laminado C10 praticamente só possui delaminações nas suas camadas internas, enquanto que o laminado C12 possui delaminações em quase todas as suas camadas. Isto demonstra o quanto a simetria do material (no caso do laminado C10) é importante na formação e na propagação do dano durante a fadiga nos laminados e, conseqüentemente, na resistência à fadiga dos mesmos. Figura 6.24: Seqüência do dano ocorrido no laminado C10 ensaiado com R = -1 (N0 = 345200 ciclos, σmax = 46 MPa) (região de bordo livre). 104 Analisando-se, agora, microscopicamente os corpos de prova submetidos à fadiga com R = -1 após a sua ruptura, constata-se que a fissuração transversal ocorre em grande quantidade nos dois laminados analisados, porém, se comparados aos resultados obtidos para R = 0,1, percebe-se que elas ocorrem em menor intensidade. Observa-se, também, uma maior presença de defeitos internos sem formação de microfissuras transversais nos dois laminados, conforme demonstra a figura 6.25. A parcela de carga compressiva na fadiga alternada, pode ter impedido o surgimento dessas microfissuras em maior quantidade. Figura 6.25: Defeitos de fabricação sem a formação de microfissuras à R = -1 (C10). A região de fratura final destes ensaios foi praticamente transversal ao sentido de carregamento aplicado para as duas configurações utilizadas. Com relação às características da fratura encontrada, observa-se, nos dois laminados, tanto fratura adesiva quanto a coesiva (na matriz e na fibra), conforme é mostrado na figura 6.26. Ainda, na análise das características da fratura, percebe-se, também, que as delaminações encontradas nestes laminados, em alguns casos, têm sua origem a partir da propagação das fissuras transversais entre as camadas, conforme mostrado na figura 6.27. 105 Figura 6.26: Fraturas adesiva e coesiva ocorridas no ensaio de fadiga à R = -1 (C12). Figura 6.27: Delaminação ocorrida no ensaio de fadiga à R = -1 (C12). 6.3.3. ANÁLISE DO DANO DURANTE O ENSAIO DE FADIGA PARA R = 10 Mostram-se nas figuras 6.28 e 6.29 os diagramas de formação e propagação do dano nos laminados C10 e C12, respectivamente para R = 10. Os passos para a formação e propagação de dano nestes laminados foram os seguintes: 106 1) Início de formação de delaminação nos bordos livres dos corpos de prova. 2) Propagação das delaminações ao longo da largura dos corpos de prova. 3) Ruptura de fibra e matriz seguido da fratura final do corpo de prova. 150 Início de delaminação Fratura final (Curva S-N) Tensão Máxima (MPa) 140 Região de propagação das delaminações 130 120 110 Região aparentemente sem formação de danos 100 3 10 4 10 5 10 6 10 Número de Ciclos Figura 6.28: Diagrama de formação e propagação do dano no laminado C10 com R = 10. Analisando-se os corpos de prova, percebe-se que, para este tipo de razão de fadiga (R = 10) não foi percebido a olho nu, durante o ensaio, fissuras transversais nos laminados. Este fenômeno pode ser atribuído ao tipo de carregamento cíclico aplicado ser essencialmente compressivo, de modo que, sem a atuação de tensões trativas, a ruptura da matriz se apresentou de modo pouco intenso. Novamente, percebe-se a importância do tipo de carga cíclica aplicada ao laminado na formação e na propagação do dano no mesmo. Além disso, ao se comparar estes resultados com o diagrama de falha obtido por Reifsnider (1983 apud Cahn et al., 1993), observa-se que o diagrama de falha proposto não é recomendável na análise de cargas cíclicas compressivas. 107 Início de delaminação Fratura final (Curva S-N) Tensão Máxima (MPa) 130 120 Região de propagação das delaminações 110 100 90 Região aparentemente sem formação de dano 3 10 4 10 5 10 6 10 Número de Ciclos Figura 6.29: Diagrama de formação e propagação do dano no laminado C12 com R = 10. Comparando-se os resultados das figuras 6.28 e 6.29, percebe-se que para os mesmos valores de tensão máxima aplicada (entre 99,6 e 132,8 MPa), o laminado C12 possui um início de formação de delaminação mais prematuro (entre 400 e 10300 ciclos) se comparado ao laminado C10 (entre 2100 e 90000 ciclos). Em conseqüência disto, registra-se uma menor vida útil para o laminado C12. Estes resultados demonstram, novamente, a importância da simetria do laminado para a melhor distribuição de tensões internas e melhor resistência à fadiga do mesmo. A figura 6.30 demonstra a formação e a propagação do dano ao longo da espessura (bordo livre) do laminado C12, para uma tensão máxima (σmax) aplicada de 99,6 MPa com número de ciclos de ruptura (N0) de 38700 ciclos e com razão de fadiga (R) igual a 10. Por esta figura, percebe-se que o laminado C12 possuiu delaminação na maioria de suas camadas e, devido a isto, pode-se dizer que este laminado teve uma redução significativa da sua vida útil. 108 Figura 6.30: Seqüência de dano ocorrido no laminado C12 ensaiado com R = 10 (N0 = 38700 ciclos, σmax = 99,6 MPa). Ainda como fonte ilustrativa do monitoramento do dano, a figura 6.31 demonstra a formação e a propagação do dano ao longo da espessura (bordo livre) do laminado C10, para uma tensão máxima (σmax) aplicada de 132,8 MPa com número de ciclos de ruptura (N0) de 109 3500 ciclos e com razão de fadiga (R) igual a 10. Por esta figura, percebe-se que o laminado C10 só possuiu delaminação nas suas camadas mais internas, e, devido a esta menor concentração de delaminações, pode-se dizer que este laminado teve um aumento significativo da sua vida útil. Novamente, vale salientar que, a simetria deste laminado influi de modo bastante significativo na melhoria da resistência à fadiga do mesmo. Figura 6.31: Seqüência de dano ocorrido no laminado C10 ensaiado com R = 10 (N0 = 3500 ciclos, σmax = 132,8 MPa). Para comparar os resultados do dano obtidos nos dois laminados compostos pode-se utilizar as figuras 6.31 e 6.32 que ilustram uma seqüência de fotografias obtidas para R = 10 com a mesma tensão máxima (σmax) de 132,8 MPa aplicada aos laminados C10 e C12, respectivamente. Em análise aos resultados, observa-se que, para um percentual de vida a fadiga de 29 % para o laminado C10, o mesmo não possui, praticamente, nenhum tipo de dano formado no laminado, enquanto que, para um percentual de 34 % do laminado C12 a formação de delaminações é bastante acentuada para várias camadas do laminado. Este fato pode proporcionar, mais uma vez, ao laminado C12 uma vida útil à fadiga menor quando comparado à do laminado C10. 110 Figura 6.32: Seqüência de dano ocorrido no laminado C12 ensaiado com R = 10 (N0 = 1460 ciclos, σmax = 132,8 MPa). Analisando-se microscopicamente os corpos de prova para a razão de fadiga (R) igual a 10, registra-se a formação de algumas fissuras transversais nos dois laminados; fato este não percebido durante o acompanhamento do dano nos dois laminados. Porém, estas fissuras transversais só foram percebidas próximas a região de fratura final dos corpos de prova e, normalmente, estavam relacionadas a defeitos de fabricação, ou seja, provavelmente, estas fissuras transversais foram formadas e propagadas durante a ruptura final destes laminados. Como já era esperado, foi encontrada grande quantidade de defeitos de fabricação sem a formação de fissuras transversais (figura 6.33). Apesar da pouca quantidade de fissuras transversais, verifica-se a presença de fraturas adesivas e coesivas nos dois laminados analisados, conforme é mostrado na figura 6.34. 111 Figura 6.33: Defeitos de fabricação que não formaram microfissuras à R = 10 (C10). Figura 6.34: Fissura transversal formada a partir de um defeito de fabricação no ensaio de fadiga com R = 10 (C10). Analisando-se as delaminações formadas nos dois laminados, percebe-se que o laminado C12 possui delaminação em praticamente todas as camadas, tanto próximo a região de fratura final quanto no resto do comprimento útil do corpo de prova, enquanto que o 112 laminado C10 só possui delaminações em todas as camadas, próximo a região de fratura final. Mostra-se na figura 6.35 uma fotomicrografia de uma região delaminada para esta razão de fadiga. Figura 6.35: Delaminação ocorrida para R = 10 (C12). 113 CONCLUSÕES A partir dos resultados apresentados nos capítulos anteriores pode-se fazer as seguintes conclusões: - A partir dos ensaios de densidade e calcinação, pode-se concluir que os percentuais de fibra, resina e vazios das configurações C10 e C12, laminados fabricados de resina poliéster reforçados com fibra de vidro, são praticamente os mesmos. - Os resultados obtidos para os ensaios de tração e compressão uniaxial demonstraram que as configurações C10 e C12, aqui analisadas, possuem um comportamento linearmente elástico ou seja, obedecem a lei de Hooke. - A variação da configuração (número de camadas e falta de simetria) do laminado, de C10 para C12, não influência, de modo significativo, as propriedades mecânicas obtidas no ensaio de tração uniaxial. A diferença entre as tensões últimas para as duas configurações é apenas 1,2 %, enquanto que a diferença entre os módulos de elasticidade fica em torno de 6.4 %. - A variação da configuração (número de camadas e falta de simetria) do laminado, de C10 para C12, não influência, de modo significativo, as propriedades mecânicas obtidas no ensaio de compressão uniaxial. Porém, a influência é um pouco maior do que na tração, pois a diferença entre as tensões últimas para as duas configurações é 5,4 %, enquanto que a diferença entre os módulos de elasticidade é de 11 %. - Comparando-se os valores do limite de resistência à tração e à compressão, percebe-se que os dois laminados possuíam melhor resistência à compressão do que à tração. - Analisando-se os valores dos módulos de elasticidade à tração e à compressão, percebe-se que a variação é pouco significativa e o aumento do valor do limite de resistência no carregamento compressivo não significa, necessariamente, um aumento do módulo de elasticidade para este tipo de carregamento. - A análise da fratura dos ensaios de tração uniaxial demonstrou que as duas configurações possuíam, praticamente, as mesmas características de fratura (microfissuras transversais, desaderência fibra-matriz, ruptura de fibra e delaminação), porém constata-se na configuração C12 maior quantidade de delaminações do que na configuração C10. Este fato indica que, 114 apesar das características comuns de dano, há diferenças na formação e na propagação do mesmo. - A análise da fratura dos ensaios de compressão uniaxial demonstrou, também, que as duas configurações possuíam, praticamente, as mesmas características de fratura (microfissuras transversais, desaderência fibra-matriz, ruptura de fibra e delaminação). Como no caso da tração, observa-se, também, diferenças na formação e na propagação do dano entre as duas configurações. - Os resultados obtidos para os ensaios de fadiga nas configurações C10 e C12 demonstraram que a situação de razão de fadiga R = -1 é a mais crítica com relação à vida útil destes laminados. - O laminado C10 possuiu melhor resistência à fadiga do que o laminado C12 para todas as razões de fadiga estudadas (R = -1, R = 10 e R = 0,1). A melhor resistência à fadiga deste laminado, se deve ao fato de o mesmo ser simétrico e, em conseqüência disso possuir melhor distribuição de tensões internas. Ressalta-se aqui, também, que o laminado C10 possui duas camadas a menos que o laminado C12. - Analisando-se as curvas S-N dos dois laminados, percebe-se que, para fadiga de alto ciclo (entre 103 e 106 ciclos), o comportamento destas curvas pode ser modelado pela equação 3.6. Porém, tratando-se de uma análise completa, por exemplo, para fadiga de baixo ciclo, deve-se utilizar o modelo definido na equação 3.5. - Para o estudo da prevenção de falha por fadiga, e, conseqüentemente, para a concepção do Diagrama Modificado de Goodman, pode-se concluir que se faz necessário a realização de ensaios com vários valores de razão de fadiga (R), pois, somente desse modo, pode-se obter resultados mais precisos, principalmente, na fadiga compressiva. - Para a análise através do Diagrama Modificado de Goodman dos laminados C10 e C12 para um número de ciclos acima de 105 na região de tensões trativas (no caso R = 0,1), pode-se utilizar somente o Diagrama de Goodman Simplificado, ou seja, o que utiliza somente R = -1. - O monitoramento da fratura para R = 0,1 dos dois laminados demonstrou que os passos de ocorrência de dano nesta razão de fadiga foram: ocorrência de fissuras transversais até a sua saturação, formação e propagação de delaminações, ruptura de fibras e fratura final do laminado. 115 - O monitoramento da fratura para R = -1 dos dois laminados demonstra que os passos de ocorrência de dano nesta razão de fadiga foram: ocorrência de fissuras transversais, formação e propagação das delaminações, saturação das fissuras transversais, continuação da formação e propagação das delaminações, ruptura de fibras e fratura final do laminado. - O monitoramento da fratura para R = 10 dos dois laminados demonstrou que os passos de ocorrência de dano nesta razão de fadiga foram: formação e propagação de delaminações, ruptura de fibras e fratura final do laminado. - Demonstra-se pelos resultados obtidos no monitoramento da fratura que o número de ciclos de início da delaminação para todas as razões de fadiga (R) estudadas está, diretamente, relacionado com a vida útil do laminado. Em outras palavras, quanto menor o número de ciclos exigidos para o início da delaminação, menor é a resistência à fadiga do laminado. - A partir do monitoramento da fratura através de fotos tiradas durante o ensaio, percebeu-se que o laminado C12 possuiu delaminação em, praticamente, todas as camadas e, principalmente, nas camadas externas; enquanto que o laminado C10 só possuiu delaminação nas camadas internas. A falta de simetria no laminado C12 tem influência direta neste resultado. 116 SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS - Estudar uma possível utilização dos resultados de fadiga, tração e compressão, na concepção de pás de cata vento fabricadas com materiais compostos laminados, utilizadas na obtenção de energia eólica. - Análise das tensões interlaminares originadas nos ensaios de tração, compressão e fadiga, através de modelos matemáticos para melhor compreensão dos efeitos causados por estas na formação e propagação do dano. - Consideração de outras configurações de laminados, principalmente laminados simétricos, para um estudo conclusivo sobre a influência da variação do número de camadas na resposta mecânica dos mesmos. - Obtenção de um modelo matemático para uma melhor aproximação das curvas do Diagrama Modificado de Goodman. - Estudar a influência do dano acumulativo na fadiga através do cálculo da resistência e rigidez residuais. 117 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS Al-Qureshi, H. 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(s/n) ','s'); if (s=='s' | s=='S') % Criando o arquivo deformacao_tensao deformacao_tensao=[deformacao tensao]; % Salvando o arquivo Tensão Deformação arq=['TxD' nome(1,3:4) '.dat']; save(arq,'deformacao_tensao','-ascii','-tabs') end 125 function [deformacao, tensao, area, Tensao_Maxima, Deformacao_Maxima, ... p]=deformacao_tensao(dados, espessura, largura, comprimento) % % % % % % % % % % % % % % % Função do Cálculo de Tensão Deformação Função que calcula os valores de tensão e deformação do material obtendo também os valores de Tensão Máxima (MPa), Deformação Máxima, Módulo de Elasticidade (GPa) e a área útil (mm²) Entre com a matriz de dados na forma (carga(Kgf), deslocamento (mm)), com a espessura, largura e com o comprimento útil (mm) e a saída será da forma mostrada a seguir: [deformacao, tensao, area, Tensao_Maxima, Deformacao_Maxima,... Modulo_de_Elasticidade]=deformacao_tensao(dados, espessura,... largura, comprimento) Na qual deformacao e tensao são vetores % Transformando o gráfico Carga Deslocamento em um Tensão Deformação % Cálculo da área area=largura*espessura; % Cálculo da deformação do material tamanho=size(dados); numero_de_linhas=tamanho(1,1); deformacao=zeros(numero_de_linhas,1); deformacao=dados(:,2)/comprimento; % Cálculo da tensão feita no material tensao=zeros(numero_de_linhas,1); tensao=(dados(:,1)*9.80665)/area; % Valor da Tensão Máxima Tensao_Maxima=tensao(1,1); for i=1:numero_de_linhas if (tensao(i,1)>Tensao_Maxima) Tensao_Maxima=tensao(i,1); end end % Cálculo do Módulo de Elasticidade p=polyfit(deformacao(:,1),tensao(:,1),1); % Valor da Deformação Máxima Deformacao_Maxima=deformacao(1,1); for i=1:numero_de_linhas if (deformacao(i,1)>Deformacao_Maxima) Deformacao_Maxima=deformacao(i,1); end end Deformacao_Maxima=Deformacao_Maxima+p(1,2)/p(1,1); 126 ANEXO B DIMENSIONAMENTO DA GARRA UTILIZADA NO ENSAIO DE FADIGA UNIAXIAL 127 ANEXO C % Este programa calcula pelo método dos mínimos quadrados a melhor aproximação % para os pontos no gráfico Número de Ciclos x Tensão na forma S=Si-blogN % Programador: Raimundo Carlos Silverio Freire Júnior clear all % Entrar no arquivo de dados cd c:\meusdo~1\junior\fadiga\dados % Entrando com o arquivo nome=input(' Digite o nome do arquivo: ','s'); % Carregando o arquivo arq=[nome '.dat']; load (arq) % Criando uma matriz a partir dos dados do arquivo dados=eval(nome); % Encontrando a média dos valores em log tamanho=size(dados); numero_de_linhas=tamanho(1,1); linhas_usadas=numero_de_linhas-5; %Modificado somat=0; logaritmo=log10(dados(:,1)); for i=6:numero_de_linhas %Modificado while (dados(i,5)==1) i=i+1; linhas_usadas=linhas_usadas-1; if (i>numero_de_linhas) break; end end if (i>numero_de_linhas) break; end somat=somat+logaritmo(i,1); end Media_Logaritma=somat/linhas_usadas; % Cálculo da média das tensões somat1=0; for i=6:numero_de_linhas %Modificado while (dados(i,5)==1) i=i+1; if (i>numero_de_linhas) break; end end if (i>numero_de_linhas) break; end somat1=somat1+dados(i,2); 129 end Media_das_Tensoes=somat1/linhas_usadas; % Somatório1 (logNi-(logN medio))*(Si-S medio) e % Somatório2 (logNi-(logN medio))^2 somatorio1=0; somatorio2=0; for i=6:numero_de_linhas %Modificado while (dados(i,5)==1) i=i+1; if (i>numero_de_linhas) break; end end if (i>numero_de_linhas) break; end somatorio1=somatorio1+(logaritmo(i,1)-Media_Logaritma)*(dados(i,2)... -Media_das_Tensoes); somatorio2=somatorio2+(logaritmo(i,1)-Media_Logaritma)^2; end % Achando b b=-somatorio1/somatorio2 % Encontrando Si Si=Media_das_Tensoes+b*Media_Logaritma b1=b/Si % Gráfico Resultados Tração %semilogx(dados(1:5,1),dados(1:5,2)/115,'dk') % Gráfico Numero de Ciclos x Tensão Máxima semilogx(dados(:,1),dados(:,2)/dados(1,4),'o') xlabel('Número de Ciclos') ylabel('Smax/Sult') hold on % Reta obtida através dos mínimos quadrados x=[1000 1000000]; %Modificado y=(Si-b.*log10(x))/dados(1,4); semilogx(x,y,'--'); 130 % Este programa encontra os valores de A, B e p para os pontos no % gráfico Número de Ciclos x Tensão na forma S/Su=A-B*(log10(N))^p % % Programador: Raimundo Carlos Silverio Freire Júnior clear all % Entrar no arquivo de dados cd c:\meusdo~1\junior\fadiga\dados % Entrando com o arquivo nome=input(' Digite o nome do arquivo: ','s'); % Carregando o arquivo arq=[nome '.dat']; load (arq) % Criando uma matriz a partir dos dados do arquivo dados=eval(nome); % Obtendo os valores de R e Si %R=input(' Digite o valor de R: '); Su=dados(1,4); %R=sym(R); Su=sym(Su); tic % Criando as variáveis simbólicas syms N p % Encontrando o tamanho da matriz de dados tamanho=size(dados); n=tamanho(1,1); %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% % Criando os somatórios % % % % somat1=(Si/Su) % % somat2=(log10(Ni))^p % % somat3=(log10(Ni))^(2*p) % % somat4=(Si/Su)*(log10(Ni))^p % % somat5=log(log10(Ni))*(log10(Ni))^p % % somat6=(Si/Su)*log(log10(Ni))*(log10(Ni))^p % % somat7=log(log10(Ni))*(log10(Ni))^(2*p) % % % %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% somat1=0; somat1=sym(somat1); somat2=0; somat2=sym(somat2); somat3=0; somat3=sym(somat3); somat4=0; somat4=sym(somat4); somat5=0; somat5=sym(somat5); 131 somat6=0; somat6=sym(somat6); somat7=0; somat7=sym(somat7); for i=1:n while (dados(i,3)==1) n=n-1; if (i>n) break; end end if (i>n) break; end S=sym(dados(i,2)); N=sym(dados(i,1)); somat1=somat1+S/Su; somat2=somat2+(log10(N))^p; somat3=somat3+(log10(N))^(2*p); somat4=somat4+(S/Su)*(log10(N))^p; somat5=somat5+log(log10(N))*(log10(N))^p; somat6=somat6+(S/Su)*log(log10(N))*(log10(N))^p; somat7=somat7+log(log10(N))*(log10(N))^(2*p); end % Encontrando os valores de a e b i=1; j=0; P=[0 2.5 5]; while i<1000 test1=double(subs(somat1,p,P(2))); test2=double(subs(somat2,p,P(2))); test3=double(subs(somat3,p,P(2))); test4=double(subs(somat4,p,P(2))); test5=double(subs(somat5,p,P(2))); test6=double(subs(somat6,p,P(2))); test7=double(subs(somat7,p,P(2))); A=(test1*test3-test4*test2)/(n*test3-(test2)^2); teste1=(n*A-test1)/test2; teste2=(A*test5-test6)/test7; tes1(i)=teste1; tes2(i)=teste2; P2(i)=P(2); i=i+1; j=j+1; if (teste1>(teste2-0.00000005) & teste1<(teste2+0.00000005)) B=teste1; i=1001; break; end if (teste1<teste2) %aumenta P(1)=P(2); P(2)=(P(3)+P(1))/2; end if (teste1>teste2) %diminui P(3)=P(2); P(2)=(P(3)+P(1))/2; 132 end end % Resultados A B P1=P(2) iteracoes=j % Gráfico Su=double(Su); N=1:10:1000000; S=Su.*(A-B.*(log10(N)).^P1); semilogx(N,S) hold on semilogx(dados(:,1),dados(:,2),'o') xlabel('Número de Ciclos') ylabel('Tensão Máxima (MPa)') toc 133