UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO PROFISSIONAL EM ODONTOLOGIA LUÍS CLÁUDIO FERREIRA DE MELLO AVALIAÇÃO DE DOIS CIMENTOS UTILIZADOS PARA FIXAÇÃO PARA PINOS DE FIBRA DE VIDRO EM RAÍZES DENTAIS RIO DE JANEIRO 2012 LUÍS CLÁUDIO FERREIRA DE MELLO MESTRADO PROFISSIONAL EM ODONTOLOGIA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: REABILITAÇÃO ORAL - IMPLANTODONTIA AVALIAÇÃO DE DOIS CIMENTOS UTILIZADOS PARA FIXAÇÃO PARA PINOS DE FIBRA DE VIDRO EM RAÍZES DENTAIS Dissertação apresentada ao Programa de Pós graduação – Strictu sensu - Mestrado Profissional em Odontologia – Universidade Veiga de Almeida, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Odontologia. Área de concentração – Reabilitação Oral. Orientador: Prof. Dr. Celso Silva Queiróz RIO DE JANEIRO 2012 UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA SISTEMA DE BIBLIOTECAS Rua Ibituruna, 108 – Maracanã 20271-020 – Rio de Janeiro – RJ Tel.: (21) 2574-8845 Fax.: (21) 2574-8891 FICHA CATALOGRÁFICA M527a Mello, Luís Cláudio Ferreira Avaliação de dois cimentos utilizados para a fixação de pinos de fibra de vidro em raízes dentais / Luís Claudio Ferreira Mello, FICHA CATALOGRÁFICA 2011. 51f. : il; 30 cm. Dissertação (Mestrado) – Universidade Veiga de Almeida, Mestrado em Odontologia, Reabilitação Oral, Rio de Janeiro, 2011. Orientador: Prof Dr Celso Silva Queiróz 1. Adesivos dentários. 2. Cimentos dentários. 3. Resistência ao cisalhamento. 4. Pinos dentários. 5. Raíz dentária. I. Queiróz, Celso Silva, II, Universidade Veiga de Almeida, Mestrado em Odontologia, Reabilitação Oral Implantodontia. III. Título. CDD – 617.675 DeCS Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Setorial Tijucal/UVA DeCS CDD – 617.675 DeCS FOLHA DE APROVAÇÃO LUÍS CLÁUDIO FERREIRA DE MELLO AVALIAÇÃO DE DOIS CIMENTOS UTILIZADOS PARA FIXAÇÃO PARA PINOS DE FIBRA DE VIDRO EM RAÍZES DENTAIS Dissertação apresentada ao Programa de Pós graduação – Strictu sensu - Mestrado Profissional em Odontologia – Universidade Veiga de Almeida, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Odontologia. Área de concentração – Reabilitação Oral. Aprovado em 08 de Novembro de 2011 Banca Examinadora ______________________________________ Prof. Dr. Celso Silva Queiroz - UVA ______________________________________ Prof. Dr. Antonio Carlos Canabarro Andrade Júnior - UVA ______________________________________ Profa. Dra. Larissa Maria Assad Cavalcante – UFF – Banca Externa RIO DE JANEIRO 2012 Dedico este trabalho primeiramente a DEUS pela vida e oportunidade de estar neste mundo, aprendendo e ajudando ao próximo. Tudo o que sou e o que eu tenho são presentes dele. Não há nada que eu alcance se o Senhor não estiver ao meu lado, me guiando, me orientando e me apoiando. Obrigado por me acolher em seus braços nas noites em que entreguei as minhas ansiedades em suas mãos; e porque ao acordar já sentia paz em meu coração e me sentia com forças renovadas para começar de novo. Obrigado DEUS! Eu te amo! Dedico a tese de mestrado a vocês meus pais IRAN e NELLY MELLO que são minha vida, pois minha felicidade não se realizaria sem a participação de vocês. Obrigado pelas orações, conselhos, paciência e apoio para que eu pudesse conquistar meus objetivos. Dedico este trabalho com muito amor a minha esposa ALINE BASTOS, por estar sempre ao meu lado me ajudando a superar as dificuldades, por meio de incentivo, carinho, paciência, compreensão. Muitas forças que agem sobre as nossas vidas podem surgir sem convite, incompreendidas e mesmo injustas. Mas isso não serve como desculpa para nos tornar vítimas das circunstâncias. Podemos não ser mestres do destino, mas quando agimos com energia, dedicação e visão fazem a diferença. (SÉRGIO CHARLAB) AGRADECIMENTOS Ao Reitor da Universidade Veiga de Almeida UVA, Mário Veiga de Almeida Júnior. Ao Vice-Reitor da Universidade Veiga de Almeida – UVA, Prof. Tarquínio Prisco Lemos. Ao Coordenador do Programa de Mestrado Profissional em Odontologia, Prof. Dr. Antônio Carlos Canabarro Andrade Júnior, meu profundo respeito e admiração. Ao meu Orientador Prof. Dr. Celso Silva Queiróz, obrigado pela dedicação, incentivo, apoio, pelos ensinamentos, horas dedicadas à elaboração do trabalho, confiança, oferecendo todo suporte necessário por meio do conhecimento e experiência. Obrigado pela valiosa orientação. Ao setor de Pós-Graduação da Universidade Veiga de Almeida – UVA. Aos meus colegas e alunos do Curso, Ricardo de Mello Villas-Bôas, Tanissy, Renato Rocha, Rogério, por compartilhar conhecimentos e amizade. Aos docentes do Curso de Pós-Graduação da UVA, obrigado pelo apoio, dedicação, incentivo, ensinamentos e experiências transmitidos. Aos meus irmãos Luciana, Marcelo e Marcos que me serviram de esteio nas horas difíceis e de angústias e por compartilharem nas minhas alegrias, por tudo que fizeram por mim. Principalmente a Luciana Mello por informações em informática. Aos meus filhos Thais e Luís Felipe, por me lembrar da simplicidade e carinho que as crianças revelam por meio de gestos e atitudes. Sendo as coisas mais importantes em minha vida; que me levam a superação. Aos meus avós Iram e Luiza Fioravanti, representando todos aqueles que demonstraram carinho e amor incondicional e incansável torcida pela minha realização, participando desta alegria na eternidade. Aos meus avós Abilho e Maria da Penha, pelo exemplo de vida. Por estarem torcendo pelas minhas conquistas com muito amor, carinho e orações na eternidade. A todos meus familiares (tios, tias, primos e primas) que estiveram ao meu lado. Aos bons amigos e especiais, Elio Coura, Renato Guimarães, Paulo César, Ralf Lemos, Barra, Flávio, obrigado pelo apoio e compreensão nos momentos difíceis e pelos ensinamentos oferecidos. “Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, pois cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra. Cada um que passa em nossa vida passa sozinho, mas quando parte, nunca vai só nem nos deixa sós. Leva um pouco de nós, deixa um pouco de si mesmo.” Kalil Gibran A todos que participaram direta e indiretamente na realização deste trabalho. MUITO OBRIGADO. RESUMO O objetivo deste estudo foi avaliar dois diferentes materiais utilizados para cimentação de pinos de fibra vidro intrarradiculares por meio da resistência ao cisalhamento por extrusão (push-out). Foram obtidos vinte incisivos anteriores superiores unirradiculares hígidos, em seguida as coroas anatômicas foram seccionadas e vinte raízes foram obtidas. As polpas foram removidas utilizando-se limas endodônticas e os condutos radiculares foram preparados. As raízes foram divididas em dois grupos (n=10): Grupo I - Pinos fixados com cimento resinoso Rely X U100 (3M ESPE) e Grupo II - Pinos fixados com cimento resinoso BisCem (Bisco). Os pinos foram fixados de maneira a manter uma porção externa de 2 mm, as raízes foram mantidas em estufa a 37oC durante 24 h. Em seguida as raízes foram seccionadas transversalmente na região cervical, média e apical, com aproximadamente 2 mm de espessura. O ensaio de push-out foi realizado em máquina de ensaio universal (Kratos). Os valores médios da resistência de união por extrusão não apresentaram diferenças estatisticamente significantes nos terços cervicais e médios das raízes entre os cimentos avaliados. Na região apical o valor médio da resistência de união para o cimento resinoso Rely X U100 (3M ESPE) foi superior estatisticamente quando comparado com o cimento resinoso BisCem (Bisco) (p<0,05). Os resultados sugerem que ambos os cimentos testados apresentam o mesmo comportamento em relação à resistência de união nos terços apical e médio em 66% do conduto radicular, porém o Rely X foi mais efetivo no terço apical. Palavras-chave: resistência de união, pino de fibra de vidro, cimento resinoso autoadesivo. ABSTRACT The aim of this study was to evaluate two different materials used for luting fiber posts in root dentin through push out test. Twenty healthy single-rooted upper anterior incisors were obtained, then the anatomical crowns were sectioned. The pulps were removed using endodontic reamers and the root canal was prepared. The roots were divided into two groups (n = 10): Group I - Fiber posts set with resin cement Rely X U100 (3M ESPE) and Group II - Fiber posts cemented with resin cement BisCem (Bisco). The fiber posts were set so as to maintain an outer portion of 2 mm, the roots were stored at 37°C for 24 h. Then the roots were sectioned transversally in the cervical, middle and apical regions, with approximately 2 mm in thickness. The push out test that evaluated bond strenght between luting material in root dentin was carried out in a universal testing machine (Kratos). The average values of bond strength by extrusion showed no statistically significant differences in cervical and middle thirds of the roots between the cements tested. In the apical region the average of bond strength for resin cement Rely X was statistically higher when comparing wich resin cement BisCem (p <0.05). The results suggest that both cements tested show the same behavior with respect to bond strength in the cervical and middle thirds in 66% of the root canal, but the Rely X was more effective in the apical third. Keywords: bond strength, fiber post, self-adhesive resin cement. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 Cortadeira Elétrica Buehler-isomet. 34 Figura 2 Pino de fibra de vidro. 36 Figura 3 Cimento (Rely X U100). 36 Figura 4 Cimento (BisCem). 37 Figura 5 Fotopolimerização dos cimentos. 37 Figura 6 Amostras antes do seccionamento para análise de push- 38 out. Gráfico 1 Médias obtidas por push-out nos diferentes grupos 35 experimentais e nas diferentes regiões avaliadas. Composição dos dois cimentos utilizados. Quadro 1 41 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Médias e desvios-padrão obtidas por push-out diferentes grupos experimentais. nos 40 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Abreviaturas e Siglas: A – Área % - Porcentagem ® - Marca Registrada µm – Micrometros µm2 – micrometro quadrado DP - Desvio Padrão et al. - e colaboradores g/ml - gramas por mililitros g - gramas ml - mililitros mm - milímetros Nm - nanômetros ºC - Graus Celsius t - tempo UVA- Universidade Veiga de Almeida SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 12 2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................... 15 2.1 O USO DE PINOS INTRA-RADICULARES E SUA RESISTÊNCIA NO CONDUTO RADICULAR ............................................................................... 15 2.2 A UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS RESINOSOS E SUA RELAÇÃO COM A DENTINA ....................................................................................................... 24 3 OBJETIVO ................................................................................................ 32 4 METODOLOGIA ....................................................................................... 33 4.1 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL ...................................................... 33 4.2 PREPARO DOS CONDUTOS RADICULARES ..................................... 33 4.3 GRUPOS EXPERIMENTAIS .................................................................. 34 4.4 CIMENTAÇÃO DOS PINOS DE FIBRA DE VIDRO ............................... 35 4.5 SECCIONAMENTO DAS RAÍZES E TESTE DE PUSH-OUT ................ 38 4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA ........................................................................ 39 5 RESULTADOS .......................................................................................... 40 6 DISCUSSÃO ............................................................................................. 42 7 CONCLUSÃO ........................................................................................... 47 REFERÊNCIAS .............................................................................................. 48 ANEXO A ....................................................................................................... 54 12 1 INTRODUÇÃO A cimentação de um pino intrarradicular é realizada com o objetivo de promover retenção à restauração final do dente, muitas vezes há um equívoco em pensar que esse procedimento serve para reforçar a estrutura do elemento dental ( Guzy e Nicholls, 1979). Em diversas situações clínicas o pino metálico fundido pode produzir o enfraquecimento do remanescente radicular, podendo ocasionar fraturas catastróficas (Sirimai et al., 1999; Gusy e Nicholls, 1979; Martinez-Insua et al., 1989; Dietschi et al., 1997; Ferrari et al., 2000). Esse fator se deve ao alto módulo de elasticidade dos pinos metálicos resultando em acúmulo de tensões na região apical das raízes. Os pinos de fibras de carbono foram introduzidos para diminuir a possibilidade de fraturas radiculares, esses pinos são arranjados longitudinalmente em uma matriz de resina epóxica (Duret et al., 1990), apresentam alta resistência a fadiga e módulo de elasticidade semelhante ao da dentina (Asmussem et al., 1999) e natureza química compatível com o monômero Bis-GMA (Ferrari, 2000). Porém, os pinos de fibra de carbono possuem coloração acinzentada comprometendo o fator estético. Dessa forma, os pinos de fibra de vidro começaram a ser utilizados clinicamente para suprir as deficiências dos anteriores. Esses pinos são compostos por fibras longitudinais de dióxido de silício e alumina inseridas em uma matriz de Bis-GMA com partículas inorgânicas. O módulo de elasticidade é semelhante ao da dentina (Asmussem et al., 1999) e são compatíveis a união com compósitos odontológicos (Dietschi et al., 1997), essas características 13 diminuem a transmissão de esforços mecânicos a estrutura dental (Drummond, 2000). Por outro lado, somente o tipo de pino utilizado não determina o sucesso clínico, o sistema de união pode interferir diretamente no resultado do procedimento, assim, novos sistemas adesivos têm sido lançados no mercado com diferentes propostas em termos de composição química e métodos de aplicação. As ações desses materiais dependem da formação da camada híbrida (Nakabayashi et al., 1982; Nakabayashi et al., 1991). A camada híbrida pode ser obtida através da técnica de condicionamento ácido total, ou seja, remoção completa da smear layer e desmineralização da dentina, ou ainda através da utilização de primes autocondicionantes (monômeros ácidos) que desmineralizam parcialmente a smear layer e a dentina subjacente (Hayakawa et al., 1998; Nakabayashi e Pashley, 2000). Esses sistemas de união têm sido amplamente utilizados para fixar pinos intrarradiculares pré-fabricados às paredes do canal radicular quando associados a cimentos resinosos. Tradicionalmente, os pinos pré-fabricados são cimentados utilizando sistemas adesivos químicos em conjunto com cimentos resinosos duais ou químicos. Apesar da eficácia na utilização de adesivos químicos na cimentação de pinos, o curto tempo de trabalho dificulta esse procedimento. Há alguns anos tem sido indicada a cimentação de pinos com adesivos fotoativados e cimentos resinosos duais, facilitando o processo de cimentação (Sanares et al., 2001; Bouillaguet et al., 2003; Mallmann et al., 2005). No entanto, a resistência de união de pinos de vidro em diferentes regiões do conduto radicular ainda merece mais esclarecimentos. Dessa forma, a proposta do presente estudo foi avaliar dois tipos de cimentos autoadesivos 14 disponíveis no mercado para fixar pinos de vidro intrarradiculares por meio do teste de push-out. 15 2 REVISÃO DE LITERATURA Para facilitar a leitura e a compreensão deste capitulo, o mesmo será apresentado em 2 tópicos: a) o uso de pinos intrarradiculares e sua resistência no conduto radicular; b) A utilização de materiais resinosos e sua relação com a dentina. 2.1 O uso de pinos intrarradiculares e sua resistência no conduto radicular Trabert et al. em 1978, realizaram estudo para avaliar a resistência a um trauma simulado em incisivos centrais superiores humanos. Dentes hígidos tratados endodonticamente que receberam pinos paralelos de aço, foram submetidos a forças idênticas de impacto. Compararam os valores obtidos pelos três grupos com o tamanho do preparo do canal radicular e ao diâmetro dos pinos. Os resultados deste estudo mostraram que a preservação da estrutura dental interna e o uso de pinos mais estreitos em dentes que possuem tratamento endodôntico acarretaram melhores valores de resistência a fratura. Não houve diferenças estatísticas significantes nos valores de resistência a fratura entre dentes tratados endodonticamente ou não. Guzy e Nicholls em 1979 realizaram um estudo comparando in vitro a resistência à fratura de dentes tratados endodonticamente, restaurados ou não com pinos intrarradiculares. Os autores selecionaram cinquenta e nove 16 incisivos centrais superiores e caninos superiores e inferiores livres de trincas, cáries e fraturas. Todos os dentes foram tratados endodonticamente, sendo que metade deles recebeu pinos intrarradiculares metálicos cônicos serrilhados. Os pinos foram fixados com cimento de fosfato de zinco e restaurados com cimento de silicato. Os dentes foram incluídos em resina acrílica e mantidos em soro fisiológico. Uma força axial de compressão foi aplicada a face palatina dos dentes em um ângulo de 130 o, por uma máquina de ensaio universal Instron. Os resultados mostraram que cinquenta e oito dentes fraturaram abaixo da junção cemento-esmalte. Um dente apresentou uma fratura oblíqua ao longo do canal radicular envolvendo a coroa e a raiz. Dentes que não possuíam pinos intrarradiculares fraturaram na porção média ou coronária da raiz. Dentes restaurados com pinos fraturaram ao longo do corpo o pino. Não houve comprovação estatística de reforço radicular ao se utilizar pinos intrarradiculares. Assif et al., em 1989, realizaram um modelo fotoelástico para examinar a distribuição de tensões provocadas por diferentes tipos de restaurações realizadas após o tratamento endodôntico. Fotografaram as tensões obtidas através de um campo de luz polarizada. Os autores observaram que a distribuição e o padrão de tensões variaram dependendo da direção das forças e natureza dos procedimentos restauradores envolvidos. Dentes hígidos induzem uma força tipo cunha nas estruturas de suporte sob forcas verticais; sob forcas oblíquas apresentam-se igualmente distribuídas. A colocação de coroas totais muda o padrão de distribuição de forcas externas aplicadas ao dente, havendo concentração ao longo da margem da coroa. Forcas verticais aplicadas diretamente ao pino cilíndrico e núcleo metálico fundido causaram 17 alta concentração de tensões na porção apical do dente. Para os pinos cônicos houve concentração tanto na junção cemento-esmalte quanto no ápice. Para forças oblíquas, houve alta concentração de tensões para os dois formatos de pinos. No entanto, quando o pino e o núcleo foram recobertos por uma coroa total metálica com terminação de 2 mm de estrutura dental sadia, não houve diferenças estatísticas entre os dois formatos de pinos. Os autores concluíram que o recobrimento dental com coroa total seja de grande valia, pois tende a mudar a distribuição das tensões do conjunto raiz, pino e núcleo e que as características do pino teriam pouco ou nenhum significado clínico. Cailleteau et al., em 1992, utilizaram o método de elemento finito para comparar tensões geradas nas paredes internas do canal em 4 modelos tridimensionais de um incisivo central superior, sendo eles um dente íntegro, um tratado endodonticamente, um tratado endodonticamente restaurado com uma coroa total metálica e um tratado endodonticamente restaurado com pino intracanal metálico cilíndrico e coroa total metálica. Os autores analisaram as forças de resistência a tração, compressão e cisalhamento utilizando um programa de análise de elemento finito PAFEC 75. Os autores concluíram que o padrão de tensão interno às raízes é alterado pela colocação de pinos intrarradiculares, sendo que não há uma distribuição uniforme de tensões ao longo do canal radicular. Dietschi et al., em 1997, investigaram as interfaces de união existentes em reconstruções de dentes com pinos pré-fabricados pela técnica adesiva após um teste de resistência à fadiga. Quarenta incisivos superiores e caninos foram selecionados e divididos em cinco grupos experimentais. O tratamento endodôntico foi realizado e seccionaram as coroas na altura da junção amelo- 18 cementária. Cinco tipos de pinos foram avaliados: cerâmico de zircônia (Zircon), de titânio (Komet ER), de fibra de carbono (Composipost) e um de fibra de vidro (Exp). Exceto os dentes que receberam pinos Composipost, trataram os canais dentários com primer / sistema autocondicionante previamente a fixação do pino com cimento resinoso Panavia 21. A construção da porção coronária foi realizada com uma resina híbrida autopolimerizável (TiCore) inserida em uma matriz transparente pré-fabricada. Os pinos de carbono forma cimentados com cimento resinoso (Sealbond cement). A porção coronária foi reconstruída com uma resina autopolimerizável reforçada por fibras (Resilient). As amostras foram submetidas a 250.000 ciclos de carregamento mecânico. e 5.000 ciclos térmicos de 1 min cada. A análise em MEV mostrou uma camada híbrida uniforme entre a restauração e a dentina, a mesma não foi encontrada nas amostras de Compo com cimento Sealbond. Quando houve desunião com o sistema SBMP, a falha ocorreu principalmente entre a camada híbrida e a restauração coronária. A camada híbrida foi menos observada na porção radicular nas amostras com ED primer e Panavia 21. No grupo Komet, praticamente todas se mostraram fraturadas radicularmente. Nos pinos de zircônia também forma observadas fraturas. Martinez-Insua et al., (1998), compararam a resistência à fratura de prémolares restaurados com pinos de fibra de carbono, núcleo em resina composta e coroa de níquel-cromo; e pinos e núcleo em ouro e coroa de níquel cromo. Foram utilizados quarenta e quatro pré-molares. Os pinos foram abrasionados com um jato de óxido de alumínio de 50 m e tratados com ultrassom em detergente neutro por 10 min. Os pinos foram fixados às raízes com cimento resinoso (Panavia 21, ED primer A e B). As coroas foram 19 cimentadas com cimento de ionômero de vidro (Ketac-Cem). O teste de resistência à fratura foi realizado aplicando-se uma força com ângulo de 45o. Os resultados indicaram que as restaurações que continham ouro apresentaram um valor de resistência à fratura significativamente maior que os restaurados com pinos de fibra de carbono. Por outro lado, os dentes com pinos de fibra de carbono apresentaram fratura do pino previamente à fratura do dente. Já os dentes que receberam pinos em ouro apresentaram fratura do remanescente dental em muitos casos, apesar da magnitude da força aplicada raramente ser observada in vivo. Miller et al., em 1989, avaliaram a interface cimento/metal em teste de push out com cinco tipos de cimentos resinosos recomendados para cimentação de pinos intrarradiculares. Utilizaram 3 tipos de pinos metálicos. Analisaram as amostras com lupa e MEV. Foram observadas diferenças significativas de resistência de união entre os cimentos. Houve falhas adesivas, coesivas e mistas que variaram de cimento para cimento e de pino para pino e todos os cimentos apresentaram tendências para formação de bolhas. Assmussem et al., em 1999, avaliaram a dureza, o limite elástico e a resistência de 4 tipos de pinos: 2 de zircônia (Biopost e o Cerapost); 1 de titânio (PCR); 1 de fibra de carbono (Composipost). Dez pinos de cada grupo foram cimentados em canais radiculares artificiais e submetidos a um carregamento tangencial de compressão em um ângulo de 45o. A análise estatística demonstrou não haver diferenças nas propriedades mecânicas entre o Biopost e o Cerapost. Os pinos Composiposts apresentaram todos os 3 valores mais baixos que os outros pinos. O valor relativo ao limite elástico não apresentou diferenças estatísticas entre o Biopopst e o Cerapost, sendo que, para os 20 autores, estes valores indicaram friabilidade destes pinos. Por outro lado, os PCR e os Composiposts apresentaram limites elásticos mais baixos que o valor de resistência, indicando um grau de comportamento plástico. Sirimai et al., em 1999, compararam a resistência à fratura radicular de dentes que receberam retentores intrarradiculares de fibra de polietileno (Ribbond) com os sistemas convencionais de pino e núcleo metálicos. Os canais foram instrumentados e a porção coronária foi seccionada. Foram selecionados 6 tipos de pinos e divididos em 6 grupos: Grupo 1-Pino metálico fundido (liga de prata e paládio) cimentado com fosfato de zinco, Grupo 2-Pino de titânio paralelo serrilhado (Vario Passive Post) cimentado com fosfato de zinco, Grupo 3-Pino com fibras de polietileno Ribbbond (fita de 2 mm) fixado com adesivo e cimento resinoso (Variolink), Grupo 4-Idem ao grupo 3 com pinos de titânio 1,2mm (Vario Passive Post), Grupo 5-Idem ao grupo 3 com pinos de titânio 1,25mm (Para-post Plus), Grupo 6-Idem mas sem as fibras de polietileno. Após o ensaio: grupo 1- 90% apresentaram fraturas radiculares verticais; grupo 2- 60% fraturaram verticalmente e obliquamente; grupo 3- 1% de fratura vertical e horizontal no terço cervical, as amostras restantes (80%) falharam no núcleo de preenchimento em resina, este grupo apresentou os menores valores de resistência; grupo 4 - 40% fraturaram verticalmente e obliquamente; grupo 5- semelhante ao grupo 4. Os autores concluíram que a adição de fibras de polietileno dentro do canal, resultou em um número significativamente menor de fraturas verticais. E que o uso de pinos préfabricados com menor diâmetro com fibras resultou em um efeito mais favorável em relação ao número de fraturas verticais quando comparados aos pinos fundidos, sendo que estes pinos também apresentaram melhores 21 resultados de resistência do que canais preenchidos somente com fibras de polietileno. Mannoci et al. (1999), compararam os pinos de fibra e de titânio fixados com 2 diferentes tipos de sistemas adesivos. Quarenta e dois pré-molares foram divididos em 7 grupos (n=6). Em 5 grupos, 3 diferentes tipos de pinos: carbonos, fibra de vidro e titânio, foram cimentados com All Bond 2. Nos outros 2 grupos 2 tipos de pinos de carbono foram fixados com Panavia 21. Após 3 semanas de armazenamento em solução salina, observou em microscopia confocal as interfaces dos dentes restaurados com All Bond 2 e foi demonstrada uma maior porcentagem da zona de interdifusão comparada ao Panavia 21. Os autores observaram fendas no interior da camada híbrida em todas as amostras. A camada de cimento mostrou-se semelhante para ambos os grupos. Mannoci et al. em 1999, avaliaram pinos de fibra de vidro (quartzo), fibra de carbono e de cerâmica (zircônica), cobertos com coroas totais cerâmicas. Quarenta pré-molares foram divididos em 4 grupos, sendo um controle. Realizou-se o teste de fadiga e houve uma falha em um dos grupos de pinos de fibra de vidros, no de porcelana houve 6 falhas. A análise estatística demonstrou que a durabilidade dos pinos de porcelana é significativamente inferior aos outros testados. Os autores concluíram que pinos de fibra minimizaram o risco de fraturas radiculares de dentes restaurados com núcleo de resina e coroas de porcelana sob cargas cíclicas em um ambiente úmido. Rosentritt et al. (2000), compararam a resistência à fratura de pinos cerâmicos, pinos de fibra de vidro, pinos de titânio e pinos de ouro e também 22 compararam a resistência a fratura de dentes com pinos de ouro e de fibra de vidro restaurados com coroas em porcelana. Cinquenta e seis incisivos centrais foram utilizados. Os pinos foram cimentados com cimento resinoso dual (Variolink), somente os pinos de ouro foram cimentados com cimento de Harvad (Espe). Os núcleos foram confeccionados em resina composta. Os resultados mostraram que os pinos e os núcleos feitos com cerâmicas suportaram menor carga de compressão. Os pinos com núcleo em resina suportaram maior carga. Os dentes com pinos e coroas cerâmicas 4 de 7 restaurações falharam, o mesmo ocorreu com pino de vidro e coroa de porcelana. Drummond, em 2000, avaliou a retentividade por teste de push-out de pinos metálicos e de fibra. O sistema adesivo utilizado foi o All Bond 2 e os pinos de fibra foram fixados com cimento resinoso C & B Cement. Os pinos metálicos não receberam aplicação do sistema adesivo e foram fixados com o mesmo cimento. Utilizaram uma amostra de 20 dentes por grupo, com pinos de fibra de vidro (Fibrekor Post e Light post), pinos de fibra de carbono (Carbon Post), pinos de fibra de carbono cobertos com partículas de quartzo (Aesthetic Post) e pinos de aço inoxidável. Após o teste de tração, a análise estatística indicou não haver diferenças significantes entre os grupos. Ferrari et al. em 2000 a, avaliaram o desempenho clínico após 4 anos de pinos metálicos fundidos e pinos de fibra de carbono (Composiposts). Duzentos dentes foram divididos em 2 grupos: Grupo 1- Pinos de carbono, Grupo 2Pinos metálicos fundidos. Os pacientes foram avaliados após 6, 12, 24, 36, 48 meses e radiografias foram realizadas. Grupo 1- 95% de sucesso clínico, 23 Grupo 2- 84% de sucesso, 9% fratura radicular, 2% deslocamento da coroa. Houve diferenças estatísticas. Ferrari et al. em 2000 b, avaliaram após um período de 1 a 6 anos o desempenho de mil e trezentos e quatro pinos. Foram avaliados 840 pinos de fibra de carbono (Composit Post), e de dois tipos de pinos de fibra de vidro, sendo 215 Aesthetic Post e 249 Aesthetic Plus Post. Utilizaram 4 combinações diferentes de sistemas de cimentação. Houve insucesso clínico em 3,2% dos casos envolvidos devido a duas razões distintas: 25 pinos de fibra de vidro soltaram durante a remoção da restauração provisória e 16 dentes apresentaram lesões periapicais. Não houve diferenças estatísticas entre os grupos. Os resultados indicam que os pinos de fibra fixados com sistemas resinosos podem ser utilizados como procedimentos de rotina no consultório odontológico devido ao bom desempenho clínico apresentado. Vichi et al. em 2001, avaliaram a união de pinos de fibra de vidro fixados com adesivos e cimentos ativados quimicamente. Foram utilizados o sistema autocondicionante Excite DSC (Vivadent), o cimento resinoso de presa química Multilink (Vivadent) e os dentes foram reconstruídos com resina Tetric Ceram (Vivadent). Após a análise em MEV, formação de bolhas e espaços vazios forma observado no corpo do cimento em todas as amostras. Houve formação da camada híbrida. Os autores concluíram que a combinação de uma fina ponta aplicadora esponjosa e um sistema de fixação quimicamente ativado pode ser um bom referencial para cimentação de pinos intrarradiculares. Pegoretti et al (2002), avaliaram a aplicação de forças externas aplicadas em um dente com pino de fibra de vidro por meio de análise de elemento finito 24 em um modelo bidimensional. Comparou-se a valores apresentados por dentes hígidos, um dente com pino de ouro e outro com pino de fibra de carbono. Os resultados mostraram que o pino de ouro produziu maior concentração de tensões na interface pino-dentina. Por outro lado, o pino de fibra de vidro apresentou alta concentração de esforços nas margens cervicais da restauração, estes foram capazes de induzir uma distribuição de tensões similar a obtida pelos dentes naturais. Pest et al. (2002), avaliaram a resistência de união entre o material de fixação, o pino e a dentina radicular através de push out. Cinquenta dentes foram preparados preenchidos com o material de cimentação. Os resultados mostraram que o adesivo All Bond 2 apresentou valor numérico maior de resistência em relação ao adesivo autocondicionante (Clearfil Liner Bond 2V), mas não foram diferentes estatisticamente. Para realizar o push out, 60 amostras de resina foram preparadas, os pinos foram posicionados com o material de cimentação. Os autores concluíram que as amostras apresentaram uma resistência alta de união (26 a 30 MPa). A análise do MEV revelou que os melhores resultados obtidos foram entre pinos translucentes e resinas fotoativadas. Em todas as amostras examinadas não observaram bolhas ou espaços vazios com esse material. 2.2 A utilização de materiais resinosos e sua relação com a dentina Nakabayashi et al., (1982), testaram a eficiência de uma resina a base de 4META (metacriloxietil trimetilato anidrido) na união ao tecido dentinário 25 previamente condicionado com uma solução de ácido cítrico a 10% e cloreto férrico a 3%. Constataram que o 4-META, o qual é um monômero que possui grupos hidrofóbicos e hidrofílicos, infiltram-se no tecido mineralizado, polimerizando in situ e melhorando a união com o substrato dentinário. O exame ao microscópio eletrônico de varredura sugeriu que estes monômeros resinosos infiltram-se na rede de fibras colágenas e após polimerizarem produziram retenção micromecânica da resina na superfície dentinária. Os autores denominaram esta interdifusão de resina/dentina infiltrada de camada híbrida e concluíram que estes monômeros representam um novo conceito de materiais biocompatíveis para o uso na união dentinária. Davidson et al., em 1984, avaliaram a influência da tensão de contração gerada durante a polimerização em modelos de cavidades de duas e três paredes em sistemas de união das resinas compostas à dentina após fotoativação e ativação química. Nas cavidades de duas paredes, a resistência de união do material restaurador poderia opor-se as forças de contração por causa da adesão da resina composta desempenhada na superfície plana da dentina. Esta configuração permitiu uma grande área de superfície livre sem adesão ao dente, o que permitiu a deformação da resina através da superfície livre durante a sua contração de polimerização, fazendo com que as tensões sejam minimizadas na superfície de adesão do material restaurador. Nas cavidades em que a resina foi unida a três paredes, a deformação foi restringida, conduzindo ao aumento da tensão gerada nas superfícies unidas. Feilzer et al., em 1987, utilizaram resinas compostas autopolimerizáveis Silar e P10 (3M). Os materiais eram colocados em um aparato que permitia a obtenção de diferentes configurações de cavidade. A tensão gerada durante a 26 polimerização era mensurada por 30 min. Os resultados mostraram que quanto maior o valor do resultado da relação superfícies aderidas sobre as não aderidas, maior a tensão gerada. Os autores propuseram o termo fator de configuração, ou fator C, para descrever a relação entre superfícies aderidas e não aderidas e relacionaram com a configuração de Black para preparos cavitários, variando de 0,2 (superfície plana); 0,5 (classe IV); 1 (classe III); 2 (classe II); 2 (classe V); 5 (classe I). Os autores concluíram que quanto maio o valor do fator C, maior o potencial de desenvolver tensões de contração entre as superfícies aderidas e a resina composta. Nakabayashi et al., em 1991, verificaram em MEV a formação da camada híbrida em dentina e esmalte, utilizando adesivos com 4-META em sua composição. O tratamento prévio do esmalte com ácido fosfórico cria retenções microscópicas e cria união mecânica com o esmalte. Além disso, há uma penetração do adesivo ao redor dos cristais de hidroxiapatita. A análise química da interface mostrou que os prolongamentos resinosos são formados puramente de resina e que no final há presença de uma delgada camada onde a resina impregna o material interprismático, formando uma mistura de resina e esmalte. Esta zona de transição foi designada de camada híbrida do esmalte, a qual se mostrou resistente a dissolução ácida. Já em dentina, o 4-META inicialmente mostrou-se ineficaz, pois o ácido fosfórico utilizado como condicionador de esmalte e dentina desnatura o colágeno dentinário. Os autores utilizaram um tratamento prévio da dentina com uma solução 10-3 (ácido cétrico 10% e oxalto férrico 3%) e a resistência aumentou 200%. Os autores concluíram que quando ocorre a hibridização, a resistência de união 27 aumenta e que um selamento da dentina e esmalte pode ocorrer prevenindo a hipersensibilidade e cárie secundária. Hasegawa et al. (1991), avaliaram a dureza em três cimentos resinosos de presa dual, para cimentação de inlays de resina composta. Após o ensaio mecânico de tração, nenhum dos materiais utilizados foi capaz de tomar presa completamente 24 horas após a cimentação das inlays. O componente químico de ativação não foi capaz de completar a presa dos cimentos quando a penetração da luz foi prejudicada pela presença da restauração Sedgley e Messer (1992), compararam as propriedades biomecânicas entre 23 dentes tratados endodonticamente e seus homólogos vitais, avaliando a resistência à tração, o módulo de elasticidade, a microdureza e a resistência à fratura. Os resultados mostraram que os dentes vitais são numericamente (3,5%) mais resistentes que os dentes não vitais, porém não foi comprovada estatisticamente. As similaridades das propriedades biomecânicas entre dentes vitais e não vitais indicam que o tratamento endodôntico não compromete o elemento dental em termos de fragilidade. Os autores concluíram que outros fatores podem ser mais críticos que o tratamento endodôntico como perda da estrutura dental por cárie, acesso endodôntico, sobreinstrumentação, traumas e preparos cavitários. Versluis et al., em 1996, avaliaram a técnica incremental de inserção da resina composta para confecção de restaurações MOD, utilizando o teste de análise de elemento finito. Quatro formas de inserção do material foram avaliadas: duas a partir da margem gengival e duas obliquamente por vestibular ou lingual até o preenchimento total. Os autores concluíram que a 28 contração de polimerização de cada incremento ocasionou deformação da resina devido a diminuição do volume da mesma, assim o resultado final será uma cavidade preenchida com menor volume de material que o seu volume inicial. Clinicamente este fator pode gerar microinfiltrações devido a falha na interface dente-restauração devido a contração do material. Yoshiyama et al., em 1996, avaliaram a resistência de união resina dentina em MEV. Foi realizado um preparo uma cavidade na superfície vestibular da coroa e da raiz. Um sistema adesivo convencional (All Bond 2) e um autocondicionante (Imperva Bond) foram aplicados a dentina e cobertos com resina composta (Protector Liner). Cada dente foi seccionado em 16 partes para o ensaio de microtração e dividido em 4 partes: coronária, cervical, média e apical. Os resultados mostraram que o sistema autocondicionante não apresentou diferenças estatísticas significantes em relação à resistência de união da resina em nenhuma parte da raiz avaliada. Porém, o sistema convencional apresentou valores inferiores e estatisticamente diferentes nas áreas cervicais e médias das raízes. A camada híbrida obtida com o sistema convencional mostrou-se maior que a formada pelo sistema autocondicionante. Os resultados sugerem que mesmo com uma camada híbrida delgada é possível obter valores satisfatórios de união em todas as regiões. Hayakawa et al. (1998), avaliaram a eficácia de um primer autocondicionante na adesão de resina composta ao esmalte e dentina. Dois tipos de primers autocondicionantes contendo diferentes ésteres de ácido fosfórico, fenil-P e 10-metacriloiloxidecil di-hidrog6enio fosfato (NDP), HEMA (hidroxiatil metacrilato) e água foram preparados. A influência da concentração e variação no tempo de aplicação foram avaliadas através da resistência à 29 tração entre resina composta e substrato dental e MEV. O esmalte e dentina de incisivos inferiores bovinos foram tratados com os primers por 15, 30 e 60 segundos. Foi aplicado o sistema adesivo Clearfil Photobond e fotopolimerizado por 10 segundos, em seguida aplicou-se a resina Clearfil APX e fotopolimerizada por 40 segundos. Após armazenamento em água a 37o C durante 24 horas, o ensaio de tração foi realizado. O tratamento da dentina com a solução de MDP a 30% por 15 segundos aumentou significativamente a resistência de união comparada as soluções de fenil-P a 5, 10 e 20% por 15 segundos os autores concluíram que o primer contendo fenil-P ou MDP apresentaram boa adesão a dentina e indica ser um material promissor para o uso em Odontologia. Wakefiel et al (1998), compararam a resistência ao cisalhamento (push out) de seis adesivos dentinários a dentina superficial e profunda após o armazenamento das amostras em água durante 24 horas e 6 meses. Os dentes foram incluídos em resina acrílica e seccionados logo abaixo da junção cemento-esmalte, outro corte foi realizado logo abaixo, obtendo-se duas lâminas de 3 mm de espessura, uma em dentina superficial e outra em dentina profunda. Quatro perfurações cilíndricas foram realizadas em cada uma das amostras. As restaurações foram realizadas com uma resina composta (Prodigy), utilizando seis diferentes sistemas adesivos: Tenure Quik, Probond, One Step, Prime e Bond, Scothbond MP Plus e Optibond FL. Após o ensaio de união, as dentinas superficiais e profundas, tanto após 24h e 6 meses para todos os sistemas adesivos com exceção do tenure Quik apresentaram diferenças estatísticas. O adesivo Optibond FL apresentou aumento significante de resistência, sendo mais resistente em 6 meses do que em 24 30 horas, tanto em dentina superficial e profunda, sendo a resistência de união também superior a todos os outros adesivos testados. Entre os adesivos de frasco único, o Prime e Bond apresentou os maiores valores, seguido do One Step e por último o tenure Quik, que por sua vez apresentou valores não satisfatórios de união. Ferrari et al. em 2000 c, investigaram a morfologia radicular previamente e após o uso das técnicas adesivas. Dividiram 30 dentes anteriores em 3 grupos: Grupo 1- amostras levadas ao MEV para estudo da morfologia; Grupo 2condicionamento com ácido fosfórico 32%; Grupo 3- Idem ao grupo2 mais sistema adesivo e pinos de fibra de vidro. No terço cervical a densidade dos túbulos foi significativamente maior que a observada nos terços médio e apical das raízes. O diâmetro dos túbulos foi decrescendo aos se aproximar da região apical, no terço apical o diâmetro aumentou de 2 para 3 µm após o condicionamento. Notaram anastomoses de resina nos túbulos somente nos terços cervical e médio das raízes. Os autores acreditam que isto se deve ao fato de haver uma maior pressão durante o procedimento adesivo na região cervical, sendo que na região apical esta pressão é bastante diminuída prevenindo a formação de anastomose de resina. Ferrari et al (2001), avaliaram 4 sistemas adesivos quanto a formação de prolongamentos resinosos e à formação da camada híbrida quando utilizados conjuntamente com pinos de fibra. Quarenta dentes anteriores foram divididos em 4 grupos: Grupo 1- Adesivo One-Step (Bisco) fotopolimerizável com microponta e inserção do cimento Dual Link; Grupo 2- Idem ao 1, porém com ponta maior; Grupo 3- Adesivo One-Step (Bisco) sem fotopolimerização e inserção do cimento Dual Link; Grupo 4- Adesivo All Bond 2 + cimento resinoso 31 C & B como controle. Foram utilizados 40 pinos transparentes. Os resultados mostraram que houve maior formação da camada híbrida no grupo 1, nos demais grupos ficou visível e uniforme nos dois primeiros terços da raiz. Não houve diferenças estatísticas no terço cervical, porém o terço médio e apical do grupo 1 houve maior formação de tags. Os autores concluíram que a técnica de aplicação do sistema adesivo pode influenciar na resistência de união. Aplicadores pequenos e finos podem ser mais eficazes na medida em que penetram em toda a área radicular distribuindo o sistema adesivo mais uniforme. 32 3 OBJETIVO O objetivo do presente estudo foi Investigar dois tipos de cimentos resinosos autoadesivos disponíveis no mercado para fixar pinos de fibra de vidro intrarradiculares por meio da resistência ao cisalhamento por extrusão (push-out). 33 4 METODOLOGIA Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Veiga de Almeida sob o número 420/11 (Anexo A). 4.1 DELINIAMENTO EXPERIMENTAL Para a realização do presente estudo, foram utilizados 20 incisivos centrais superiores humanos. As amostras foram divididas em dois grupos: Grupo I - Pinos fixados com cimento resinoso Rely X U100 (3M ESPE) e Grupo II - Pinos fixados com cimento resinoso BisCem (Bisco). Os resultados foram obtidos através da análise da resistência ao cisalhamento por extrusão e os grupos foram estatisticamente comparados entre si. 4.2 PREPARO DOS CONDUTOS RADICULARES Foram selecionados vinte incisivos centrais superiores uni-radiculares extraídos por indicação protética, periodontal, cirúrgicas diversas. Os dentes foram obtidos em clinicas odontológicas particulares, visando a autorização do estabelecimento e quando possível do próprio paciente em relação a responsabilidade e doação do material biológico. Os dentes foram limpos com curetas periodontais e jato de bicarbonato e armazenados em solução de formol 2% previamente ao experimento. Os dentes foram seccionados na junção cemento-esmalte separando a raiz da coroa, utilizando-se uma cortadeira elétrica (Buehler-isomet) equipada com disco diamantado dupla face (Figura 1). Os cortes foram realizados sob refrigeração para evitar trincas na raiz. 34 As polpas dentais foram removidas do conduto radicular utilizando limas endodônticas e sob irrigação com hipoclorito de sódio 0,1%. O preparo biomecânico do conduto radicular de cada raiz foi instrumentado de acordo com a técnica escalonada regressiva com lima 35 (International Standardization Organization – ISO) na constrição apical, com comprimento de trabalho de 1mm aquém do ápice. Limas de aço K-files de 25 a 55 (Dentisply Maillefer, Petropolis, RJ, Brasil), foram empregadas para instrumentação do canal radicular mediante irrigação com Solução de Milton (Hipoclorito de sódio 1%) e EDTA (Acido etilenodiamino tetracético 17%) alternadamente. Por ultimo, foram utilizadas as brocas do quite (FGM, Joinvile,SC, Brasil) brocas de baixa rotação Dc2 e 3 indicadas para retificar o canal. Ao termino da instrumentação, os canais foram lavado com soro fisiológico (NaCl 0,9%) e secos com ponta de papel absorvente (Tanari, Tamariman Industrial LTDA, Macaçaruru, AM, Brasil). Figura 1 – Cortadeira Elétrica Buehler-isomet 4.3 GRUPOS EXPERIMENTAIS Vinte raízes foram divididas aleatoriamente em 2 grupos de acordo os diferentes tipos de cimentos testados: 35 Grupo I - Pinos fixados com cimento resinoso auto adesivo universal Rely X U100 (3M ESPE). Grupo II - Pinos fixados com cimento resinoso autoadesivo BisCem (Bisco). As características e composição de cada material estão apresentadas abaixo (Quadro 1). Quadro 1 – Composição dos dois cimentos utilizados: Rely X U100 (3M ESPE) Composição Ésteres ácido BisCem(Bisco) Características Lote: 424360 Composição Bis (Hidroxietil fosfórico metacrilato) metacrilato (base) Silica Fabricante: 3M/ESPE Características Lote: 1000007677 fosfato Tetraetileno glicol Fabricante: Bisco Inc. dimetacrilato Schaumburg, IL, USA Dimetacrilatos Partículas de vidro Sulfonato de Aloe vera Carbômero Cálcio Amina sódio Conservante Flavonizante 4.4 CIMENTAÇÃO DOS PINOS DE FIBRA DE VIDRO Previamente a cimentação, os pinos de fibra de vidro White-Post DC® #3 (FGM, Av.Edgar Nelson Meiser, 474 Joinville SC Brasil.) foram provados nos condutos preparados e suas respectivas porções coronárias foram cortadas com broca diamantada no 3203 (KG Sorensen) em alta rotação sob refrigeração spray agua/ar (Grandini, Balleri, Ferrari, 2002) ate o limite de 2mm 36 para fora da raiz. Em seguida os pinos foram limpos com solução de etanol 95% e secos com jato de ar (Figura 2). Os condutos foram secos com pontas de papel absorvente. Figura 2. Pino de fibra de vidro Para o Grupo I (Rely X U100) aplicou-se o Rely XTM Ceramic Primer (Figura 3), aguardou-se 5 segundos e secou-se suavemente com jato de ar isento de umidade e óleo. Uma porção de cimento (base e catalizador) foi misturada por 20 segundos no bloco misturador com espátula (plástica), em seguida o canal radicular foi preenchido, o pino inserido e o excesso de cimento foi removido com uma um microbrush. Apos 60 segundos procedeu-se com a ativação de luz por 40 segundos. Figura 3. Cimento (Rely X U100) 37 Para o Grupo II (BisCem) em um bloco de papel a pasta A foi misturada com a pasta B (Figura 4), em seguida foi preenchido o canal radicular e o pino foi inserido e o excesso de cimento foi removido com uma um microbrush. Apos 60 segundos procedeu-se com a ativação de luz por 40 segundos (Figura 5). Figura 4. Cimento (BisCem) Figura 5. Fotopolimerização dos cimentos 38 4.5 SECCIONAMENTO DAS RAIZES E TESTE DE PUSH-OUT Após fixação dos pinos de fibra de vidro as raízes foram mantidas em ambiente umidificado a 37oC durante 24 horas (Figura 6). As raízes foram seccionadas transversalmente em 3 secções de 2,0mm: terço cervical, médio e apical do pino. Em seguida, as faces das secções foram desgastadas com lixas de granulações (400-600-1200) ate a obtenção de superfícies planas, regulares e lisas. Figura 6. Amostras antes do secionamento para a análise de push out Para realização do teste foi utilizada uma ponta cilíndrica de 0,7mm de diâmetro conectada a maquina de ensaio universal Kratos KE2000 MP e posicionada na porção apical da raiz, de tal forma que ao ser aplicada uma carga compressiva na área do pino, a força ocorra sempre no sentido apicocoronal, permitindo o deslocamento do pino. A carga de 50kN foi aplicada a uma velocidade de 0,5mm/min ate que houvesse o desprendimento do pino. O valor máximo atingido durante o ensaio foi registrado em Newtons (N). 39 Após o desprendimento do pino, foi considerada a forma geométrica de tronco de cone, dessa forma, a área calculada foi da superfície lateral de um tronco de cone (SL) em mm2, calculada através da formula: SL = π (R+r) [(h2+(R-r)2]0,5, onde: π= 3,14; R= raio coronal do pino; r= raio apical do pino; h= espessura do espécime. As mensurações foram realizadas com um paquímetro digital (Mitotoyo Sulamericana Ltda, Suzano, SP, Brasil) com resolução de 10 -3 e exatidão de 0,03. A força de retenção foi expressa em Mega Pascal (MPa) pela divisão do valor assinalado pela maquina de ensaio universal (N) pela área de tronco de cone calculada em cada espécime (mm2). 4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA A análise estatística dos dados foi feita pela técnica paramétrica de Análise de Variância (ANOVA) para os valores médios (MPa) obtidos em cada grupo, com delineamento completamente casualizado, considerando o fator cimento. O teste de Tukey foi empregado nas comparações do fator (α=0,05). O programa estatístico utilizado foi Bioestat 5.0. 40 5 RESULTADOS Os valores médios da resistência ao cisalhamento por extrusão expressos em Mega Pascal (MPa) referente as 3 regiões analisadas de acordo com os dois grupos avaliados estão expressos na Tabela 1.Comparando ambos os cimentos nas diferentes regiões, o Rely X U100 apresentou maior resistência que o BisCem somente no terço médio (p<0,05), nos terços cervical e apical não houve diferenças estatisticamente significantes (p>0,05) (Tabela 1). Tabela 1 - Médias e desvios-padrão obtidas por push out nos diferentes grupos experimentais. Rely X U100 BisCem Cervical 17,54 ± 3,18Aa 13,06 ± 1,92Aa Médio 15,76 ± 2,74ABa 10,28 ± 2,67Ab Apical 11,41 ± 1,89BCa 9,56 ± 1,23Aa Vertical: Valores médios com letras maiúsculas distintas diferem estatisticamente entre si (p<0,05). Horizontal: Valores médios com letras minúsculas distintas diferem estatisticamente entre si (p<0,05). Comparando as diferentes regiões para cada cimento utilizado, o Rely X U100 apresentou menor resistência somente no terço apical em relação ao terço cervical (p<0,05) (Tabela 1). 41 Comparando os terços cervical, médio e apical quando utilizado o BisCem, os valores de resistência não apresentaram diferenças estatisticamente significantes (p>0,05) (Tabela 1). Os valores médios apresentados na Tabela 1 estão representados graficamente (Gráfico 1) com o intuito de ilustrar os dois tipos de cimento e as regiões radiculares analisadas no presente estudo. Gráfico 1 - Médias obtidas por push out nos diferentes grupos experimentais e nas diferentes regiões avaliadas. 42 6 DISCUSSÃO Os pinos intrarradiculares são amplamente utilizados para restaurar dentes com tratamento endodôntico e falta de remanescente dental pra reter uma restauração direta ou indireta (Schwartz e Robbins, 2004). O uso de pinos pré-fabricados representa uma opção de tratamento que oferece ótima estética e função, o qual pode ser fixado por meio de adesão a dentina radicular (Schwartz e Robbins, 2004). Existe uma grande variedade de pinos intrarradiculares disponíveis no mercado, eles podem ser classificados quanto a sua composição, forma, tamanhos e também quanto as suas propriedades mecânicas. No presente estudo foi utilizado pinos de fibra de vidro, no entanto para alcançar boa eficácia é necessário que a cimentação desses pinos esteja associada a técnicas comprovadamente eficazes e a agentes de cimentação com propriedades físicas e químicas favoráveis e duradouras. A principal vantagem dos pinos de fibra em geral está nas suas propriedades mecânicas. O modulo de elasticidade semelhante à dentina faz com que haja melhor distribuição de tensões dentro da raiz sem haver concentrações regionais (Pegoretti et al., 2002), ao contrário do que ocorre com os pinos metálicos fundidos convencionais e pré-fabricados metálicos (Assif et al., 1989; Cailleteau et al., 1992. Sendo assim, os pinos de fibra contribuem para uma redução na incidência de fraturas radiculares (Dietschi et al., 1997; Mannocci et al., 1999; Sirimai et al., 1999; Ferrari et al. 2000 e 2001; Salameh et al., 2006; Martelli et al., 2008, Santos-Filho et al., 2008). No entanto, não podemos deixar de 43 ressaltar que falhas relacionadas, principalmente com a descimentação dos pinos são amplamente relatadas na literatura (Bitter e Kielbassa, 2007, Ferrari et al., 2007; Cagidiaco et al., 2008; Naumann et al., 2008). Os cimentos resinosos foram indicados inicialmente para cimentação de próteses fixas adesivas e em seguida passaram a ser utilizados para cimentação de coroas, inlays/onlays e pinos intrarradiculares de cerâmica ou fibra de vidro, pois apresentam boas características como baixa solubilidade e adesão ao esmalte, ligas e cerâmicas (Ferrari et al., 2001). No presente estudo foram utilizados cimentos resinosos autoadesivos. Estes cimentos foram introduzidos no mercado no ano de 2002, sendo que esses materiais foram desenvolvidos para aliar as características favoráveis dos cimentos não resinosos a dos resinosos. Isso permite sua aplicação em diversas situações clinicas, além de simplificar a cimentação adesiva, pois não ha necessidade de um tratamento prévio da estrutura dentaria. Além disso, todos os cimentos resinosos autoadesivos apresentam liberação de íons flúor e são de dupla polimerização (Radovic et al., 2008). Analisando os dois tipos de cimento quanto a fixação dos pinos, os resultados mostraram que o Rely X U100 mostrou-se mais resistente em relação ao BisCem somente no terço médio. No entanto, mesmo que isso tenha ocorrido em apenas um dos terços devemos considerar que o tipo de cimento pode influenciar na resistência adesiva. Apesar dos cimentos testados pertencerem ao grupo de cimentos resinosos autoadesivos, essa diferença pode ter sido atribuída as técnicas de manipulação e aplicação testadas, além das diferentes composições químicas 44 apresentadas por cada fabricante. Devemos levar em consideração que o presente estudo foi realizado in vitro, permitindo o controle de diversas variáveis, porem o ambiente bucal e as funções mastigatórias nao foram simulados. O cimento autoadesivo Rely X U100 e uma modificação da apresentação comercial do Rely X Unicem (3M ESPE) que contem ésteres fosfóricos ácidos responsáveis pelo condicionamento do substrato (Goracci et al., 2004). O Rely X U100 apresenta uma tolerância limitada a umidade devido a formação de agua durante a reação de neutralização do metacrilato acido, presença de partículas de cargas básicas e hidroxiapatita (dados fornecidos pelo fabricante). Este cimento, apesar de ser apresentado como resinoso, possui uma combinação química de cimentos de ionômero de vidro convencional e modificados por resinas, que foram acrescidos de cargas silanizadas, metacrilatros e iniciadores. Desta forma, esse cimento apresenta além da polimerização iniciada pela luz, a reação ácido-base dos cimentos ionoméricos. Esse fator pode ter contribuído para um melhor resultado quando comparado a utilização do BisCem. Quando analisamos o grupo I (Rely X U100) em relação às regiões testadas (terço cervical, médio e apical), verificamos que o valor médio da resistência de união foi superior na região do terço cervical em relação ao terço apical. Esse fato pode ser justificado pela facilidade de carrear o cimento para essas regiões e a maior possibilidade de penetração da luz visível, otimizando a reação de cura dos sistemas de cimentação. No entanto, Ferrari et al (2000), observaram que isso ocorra devido a grande variação na direção dos túbulos dentinários nas regiões de terço cervical, médio e apical e a maior quantidade 45 de dentina intertubular, o que aumenta a retenção mecânica dos sistemas adesivos e dificulta a ruptura da união. Os mesmos autores também mostraram que a camada hibrida e mais uniforme nos dois primeiros terços da raiz. No caso da região apical, existe grande irregularidade da morfologia da dentina, como a presença de canais acessórios, áreas de reabsorção e áreas que sofreram nova deposição de tecido, calcificações pulpares e quantidades variadas de dentina secundaria, o que dificulta a permeação dos sistemas adesivos e a formação efetiva de uma camada hibrida (Mjor et al., 2001). Outro fator importante que pode prejudicar a união dos pinos no terço apical seria a dificuldade de inserção do cimento resinoso nesta área constrita da raiz. As técnicas de cimentação que utilizam limas lentulo ou cimento levado somente no pino podem também incorporar bolhas de ar, ou o cimento pode não alcançar a região produzindo falhas de preenchimento. Quando analisamos o mesmo cimento e a resistência dos pinos intrarradiculares, observamos que o grupo II (cimento BisCem) não apresentou diferenças estatísticas em relação as regiões testadas (cervical, médio e apical), ou seja, houve uma homogeneidade em termos de fixação dos pinos. Esse fato pode estar relacionado com a técnica de manipulação do material, a qual não variou. Nos estudos de Chidiak et al. (2008) e Onay et al. (2009), os autores respectivamente encontraram diferenças na resistência adesiva quando o cimento foi aplicado diretamente sobre os pinos e introduzindo-os nos condutos radiculares e quando utilizaram pontas de papel para a inserção do cimento nos canais intrarradiculares. 46 Diante desses resultados, novos trabalhos são necessários variando o tipo de pino intrarradicular e o tipo de cimento para fixação desses pinos, pois as variáveis podem ser representativas na interpretação dos resultados. 47 7 CONCLUSÃO De acordo com os fatores avaliados e com os resultados obtidos no presente estudo, pode-se concluir que: a) Comparando ambos os cimentos nas diferentes regiões, o Rely X U100 apresentou maior resistência que o BisCem somente no terço médio (p<0,05), nos terços cervical e apical não houve diferenças estatisticamente significantes (p>0,05) (Tabela 1). b) Comparando o terço cervical, médio e apical quando utilizado o BisCem, os valores de resistência não apresentaram diferenças estatisticamente significantes (p>0,05) (Tabela 1). 48 REFERÊNCIAS ASSIF, D., et al. 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