Código: 153 Aluno: Juliana Gomes Uyeda Título: Você Tem Sede de Que? Há quem diga que o colapso hídrico que atingiu o país há alguns meses tenha sido catastrófico. Estes, estando corretos, não podem deixar de frisar que mais catastrófico ainda seria uma repetição do acontecimento: um segundo colapso hídrico poderia abalar uma nação em crise, desprevenida e frágil. Mesmo Tales de Mileto, em sua máxima, afirmava que tudo é água; o país que sofresse do mal de sua abstenção teria suas regiões subsequentemente afetadas da mesma maneira. Devendo estar alertas a um evento de estirpe parecida, é preciso desde já estar atento para medidas de precaução e remediação que possam ser tomadas no futuro. A região do Vale do Ribeira é conhecida por sua abundância de recursos hídricos, tendo se destacado enquanto a crise de abastecimento atingia a região metropolitana de São Paulo. O dobro dos recursos hídricos estava armazenado em nossa região, sem ser usado para o consumo popular. A bacia hidrográfica do Rio Ribeira sofreu menos do que qualquer outra região que foi vítima da estiagem que atingiu o sudeste recentemente, tendo sido apontada por especialistas como uma opção alternativa para o abastecimento das regiões metropolitanas. É digno de nota que o Vale, tendo uma vazão média de água na ordem de 520 mil metros cúbicos por segundo tem por comparação metade da água consumida no país, segundo especialistas da USP. E, de fato, medidas já estão sendo tomadas para ligar o Vale do Ribeira e seus recursos hídricos com a região metropolitana: o sistema São Lourenço. De acordo com as divulgações originais do projeto, 4,7 mil litros de água serão captados da Represa Cachoeira do França, sendo transportados por 83 km até a Vargem Grande Paulista para a realização de tratamento e distribuição. A região sudeste, que conta com São Paulo, conta, portanto, principalmente com o Vale, e num caso de emergência, não pode ser que este venha a demonstrar carência em seu papel de suporte à estabilidade da nação. Para que as medidas que estão sendo tomadas para prevenir um segundo colapso tenham sucesso, basta que tenhamos o cuidado que não tivemos anteriormente; é uma questão de cuidar de nossos bens num momento em que são potencialmente mais valiosos do que o comum. Que são, direta ou indiretamente, a grande preocupação do país. Todas as medidas emergenciais foram tomadas, e o país conseguiu, portanto, aliviar-se das consequências que a ele foram impostas. A médio prazo, porém, devemos nos preocupar com alguns atos que podem ser tomados para evitar que o país sofra com o abastecimento de água nos próximos anos. A implementação de medidas atrasadas, como os projetos apresentados em 2004 para justamente prevenir os acontecimentos recentes, que nunca saíram do papel; a redução de perdas que, segundo o Instituto Trata Brasil, é de mais de 30% durante a distribuição, e a possível restauração de florestas brasileiras, que evitariam o assoreamento de rios e represas, o que levaria a um clima melhor regulado. É de extrema urgência o incentivo a reutilização da água, a despoluição dos rios e o cuidado, acima de tudo, com o clima do país e sua relação com a estiagem ocorrida. Medidas claras e urgentes devem ser tomadas. E o Brasil deve, portanto, seguir a cada dia mais em caminho da estabilidade, seja ela econômica, política ou natural.