MILAGRE BRASILEIRO (2010)
Milagre Brasileiro, vencedor do Prêmio Funarte de Teatro
Myriam Muniz/2008, estreou em João Pessoa em março de 2010.
Fez temporada em São Paulo, como parte da programação do
Projeto “Teatro Fora do Eixo”, do Coletivo de Teatro Alfenim, que
ocupou a sala Reneé Gumiel, da Funarte, de junho a agosto de
2011. Durante a temporada, foi indicado ao Prêmio Shell/2010 na
categoria Música.
Trata-se de um espetáculo experimental que tem como tema
os “anos de chumbo” da ditadura militar, período marcado pela
tortura e pela euforia do crescimento econômico. Seu foco é o
“desaparecido político”, personagem que assombra o trágico diaa-dia daqueles, familiares e amigos, que ainda hoje perseveram
para obter das autoridades uma resposta satisfatória sobre seu
paradeiro. Situação que de resto assombra a consciência
nacional.
Personagem emblemática por sua condição extrema, o
“desaparecido político” não pode ser incluído na estatística
macabra dos mortos em combate, tampouco na lista não menos
macabra das vítimas que sobreviveram à barbárie praticada nos
porões do regime militar.
Essa estranha condição de “existência imaterial”, do sujeito
que é subtraído da História, se reflete na dramaturgia do
espetáculo. Embora já sejam abundantes os estudos e relatos
sobre as ações da Ditadura, chama atenção o fato de que o
Estado Brasileiro se empenha até hoje em acobertar os crimes
praticados pelas Forças Armadas em nome de uma suposta
“Segurança Nacional”.
Em vista dessa aviltante e deliberada supressão da narrativa
histórica por parte do Estado Brasileiro, o espetáculo opta por
abrir mão da “fábula” que conduziria o espectador em meio aos
acontecimentos daquele período. Essa escolha conceitual decorre
da necessidade de tratar o assunto sem esquematismos ou juízos
morais sobre de que lado estaria a Verdade, uma vez que esta é
sempre múltipla e contraditória.
A escolha implica ainda um desafio aos atores na medida
em que lhes é solicitado emprestar seu corpo expressivo a uma
virtualidade, o “desaparecido político” que somente pode se
constituir em personagem como ausência.
Diante
da
aparente
impossibilidade
de
narrar
fatos
escabrosos da recente História do país, Milagre Brasileiro pede
auxílio à tradição teatral do Ocidente. Convoca “Antígone”, a
heroína trágica que confronta a razão do Estado e desobedece às
leis para realizar o funeral de seu irmão morto em duelo fratricida.
E também se inspira no “teatro desagradável” de Nelson
Rodrigues. Da fricção desses materiais incongruentes surge a
forma do espetáculo.
O Coletivo de Teatro Alfenim dedica seu Milagre Brasileiro
a todos os brasileiros que perderam suas vidas na luta pelo fim da
Ditadura no Brasil.
CURRÍCULO DO ESPETÁCULO:
INDICAÇÃO AO PRÊMIO SHELL/2010 – CATEGORIA MÚSICA
TEMPORADA EM JOÃO PESSOA – Teatro Ariano Suassuna –
março/abril 2010.
TEMPORADA EM SÃO PAULO – Projeto “Teatro Fora do Eixo” –
ocupação
da
sala
Renée
Gumiel
–
FUNARTE
–
junho/agosto/2010.
FESTIVAL NORDESTINO DE TEATRO DE GUARAMIRANGA –
setembro/2010.
PALCO GIRATÓRIO – SESC – JOÃO PESSOA – setembro/
2010.
FESTIVAL AGOSTO DE TEATRO – NATAL – RN – outubro/2010
MOSTRA
DE
ARTE
DA
UNE
-
CUCA
–
CENTRO
UNIVERSITÁRIO DE CULTURA E ARTE – CAMPINA GRANDE –
PB – novembro/2010
MOSTRA DE TEATRO DA UEPB – SESC – CAMPINA GRANDE
– PB – março/2011.
FICHA TÉCNICA:
Elenco:
Adriano Cabral
Cecilia Retamoza (Fernanda Ferreira)
Daniel Araújo
Lara Torrezan (Ana Marinho)
Paula Coelho
Vítor Blam (Daniel Porpino)
Verônica Sousa
Zezita Matos
Músicos: Wilame AC – viola e piano – e Mayra Ferreira (Diego
Sousa) – violoncelo
Texto e direção: Márcio Marciano
Direção musical: Wilame AC
Cenário: Márcio Marciano
Direção de Arte: Vilmara Georgina
Iluminação: Ronaldo Costa
Produção executiva: Gabriela Arruda
Duração: 85 minutos
Classificação Indicativa: 14 anos
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MILAGRE BRASILEIRO (2010) - Coletivo de Teatro Alfenim