0 FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ANA CÉLIA BOHN A ATUAÇÃO DOS PRÓ-REITORES EM UNIVERSIDADES CATARINENSES DO SISTEMA ACAFE: UMA ANÁLISE FUNDAMENTADA NA TEORIA DE LIDERANÇA COM BASE NA COMPLEXIDADE (TLC) BLUMENAU 2014 1 ANA CÉLIA BOHN A ATUAÇÃO DOS PRÓ-REITORES EM UNIVERSIDADES CATARINENSES DO SISTEMA ACAFE: UMA ANÁLISE FUNDAMENTADA NA TEORIA DE LIDERANÇA COM BASE NA COMPLEXIDADE (TLC) Relatório de dissertação apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Regional de Blumenau, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre. Orientador: Prof. Maurício Capobianco Lopes, Dr. BLUMENAU 2014 2 Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da FURB B677a Bohn, Ana Célia, 1974A atuação dos pró-reitores em universidades catarinenses do Sistema ACAFE: uma análise fundamentada na teoria de liderança com base na complexidade (TLC) / Ana Célia Bohn. - 2014. 120 f. : il. Orientador: Maurício Capobianco Lopes. Dissertação (mestrado) - Universidade Regional de Blumenau, Centro de Ciências Sociais e Aplicadas, Programa de Pós-Graduação em Administração. Bibliografia: f. 110-113. 1. Universidades e faculdades - Administração. 2. Administradores de universidades. 3. Liderança. 4. Associação Catarinense das Fundações Educacionais. I. Lopes, Maurício Capobianco. II. Universidade Regional de Blumenau. Programa de Pós-Graduação em Administração. III. Título. CDD 658.4092 3 A ATUAÇÃO DOS PRÓ-REITORES EM UNIVERSIDADES CATARINENSES DO SISTEMA ACAFE: UMA ANÁLISE FUNDAMENTADA NA TEORIA DE LIDERANÇA COM BASE NA COMPLEXIDADE (TLC) Por ANA CÉLIA BOHN Relatório de dissertação apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Regional de Blumenau, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre, à banca examinadora, formada por: Aprovado em: __/__/____ _______________________________________________________ Presidente: Prof. Maurício Capobianco Lopes, Dr. Orientador, FURB _______________________________________________________ Membro: Prof. Giancarlo Gomes, Dr. FURB _______________________________________________________ Membro Externo: Profa. Kelly Cristina Benetti Tonani Tosta, Dra. UFSC _______________________________________________________ Coordenadora PPGAd: Profa. Denise Del Prá Netto Machado, Dra. FURB Blumenau, 11 de março de 2014. 4 Dedico este trabalho às minhas filhas, Milena e Elisa, meus anjos, meus amores, minha força, minha vida. 5 AGRADECIMENTOS Primeiro a Deus, que por meio de suas forças divinas cercou-me de energias positivas para seguir em frente, mesmo diante de tantas adversidades. Agradeço a uma das pessoas mais importantes deste processo, que foi o meu copiloto, o pai de minhas filhas, Edson. Esteve presente enquanto eu me ausentei. Cuidou de tudo, ao seu modo, singelo e tranquilo. Fez toda a diferença e tornou isto possível. Às minhas filhas, Milena e Elisa que suportaram um período de muitas atribulações, mudanças, altos e baixos. Ambas são os meus exemplos vivos da capacidade que um ser humano tem de resiliência. Obrigada meus amores, “a mãe voltou”. Amo-lhes. Agradeço meu pai, Nei, mãe, Beatriz, irmãs, Carla e Isabel, irmão, Carlos Augusto, cunhados e sobrinhos que estiveram comigo no decorrer deste percurso, acompanhando-me e, de alguma forma contribuindo para o êxito da chegada. Agradeço à Faculdade SENAC Campus Jaraguá do Sul, nas pessoas de meus Coordenadores e Gestora Acadêmica. Ao Centro Universitário Católica de Santa Catarina, Campus Jaraguá do Sul, especialmente na pessoa do Prof. Jorge Harry Harzer, Coordenador dos Cursos de Administração e Recursos Humanos, meu estimado “líder”, a quem muito devo pelo convite honroso em fazer parte do quadro de colaboradores da IES. Aos meus colegas de setor, NEaD – Núcleo de Educação à Distância, às Coordenadoras Giovana e Juliana, à Cassiane e ao David. Valeu o apoio e a participação. Agradeço pelo carinho recebido e a compreensão de todos os alunos que passaram por mim nos últimos dois anos. Tenho consciência de que, por conta de minha formação, por vezes deixei a sua a desejar. Mas ainda assim, por tantas vezes surpreenderam-me. Valeu meus queridos! Agradeço com imenso carinho o meu Orientador, Prof. Dr. Maurício Capobianco Lopes, por toda a paciência que teve em aguardar a evolução e o desenvolvimento do meu pensar que, por vezes, estava muito aquém de seu intelecto e pensamento complexo. Aos professores do PPGAd da FURB, ao professor Dr. Giancarlo Gomes, à Professora Dra. Kelly Cristina Benetti Tonani Tosta. Aos colegas de turma, pelo companheirismo. Às Universidades do Sistema ACAFE, nas pessoas dos Pró-Reitores de Ensino e/ou Vice-Reitores de Ensino, Pesquisa e Extensão que tornaram esta pesquisa possível. 6 Lute com determinação, abrace a vida com paixão, perca com classe e vença com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito para ser insignificante. Charles Chaplin 7 RESUMO O objetivo desta pesquisa se referiu a efetuar uma análise da atuação dos pró-reitores de ensino em Universidades Catarinenses do Sistema ACAFE, para identificar a presença dos elementos característicos da teoria da liderança com base na complexidade (TLC). Este estudo se justificou pelo déficit em pesquisas no âmbito da gestão universitária voltada ao trabalho das pró-reitorias nas IES e para convalidar o construto teórico da teoria de liderança que tem por base a complexidade, vislumbrando-se o universo complexo das Universidades. Como objeto de análise, esta pesquisa foi realizada junto aos pró-reitores de ensino das Universidades Catarinenses do sistema ACAFE, totalizando um público de oito respondentes. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas e em profundidade com perguntas elaboradas a partir dos fundamentos da TLC. Referente aos seus objetivos esta pesquisa foi descritiva e enquanto abordagem do problema, de natureza qualitativa. Para a análise dos dados foi utilizada a técnica de análise do discurso. Quanto aos resultados encontrados foi possível identificar a presença dos elementos que fundamentam a TLC, referente às condições habilitadoras que promovem a emergência e nas dinâmicas da complexidade, fatores preponderantes que instigam as forças emergentes para a inovação, o aprendizado e o trabalho adaptativo. Com base nas análises foram identificados os elementos da TLC no discurso dos pró-reitores quanto à sua atuação na Universidade. Destarte estes fundamentos, caracterizaram-nos em sua maioria, como líderes adaptativos. Dentre as contribuições da pesquisa, foi possível descrever os principais apontamentos sobre gestão e liderança com base na construção teórica-empírica da pesquisa. Palavras-chave: Universidades. Sistema ACAFE. Gestão Universitária. Complexidade. Liderança. Teoria da Liderança com base na Complexidade. 8 ABSTRACT This research aims at analyzing the way teaching pro-rectors act in the Universities from ACAFE's System in Santa Catarina, identifying the presence of the characteristic elements of Complexity Based Leadership Theory (CLT). This study was justified not only by the deficit in researches within the university management focused on the pro-rectors’ work in IES but also to validate the theoretical construct of a complexity based leadership theory, offering a glimpse over the complex universe of the Universities. As an object of analysis, this research was performed with the teaching pro-rectors of the Universities from ACAFE’s System in Santa Catarina totaling a public of eight respondents. Interviews followed a semi-structured script and in-depth questions were prepared based on the CLT fundamentals. Referring to its objectives, this research was exploratory and regarding to the approach of the problem, it was held beneath a qualitative nature. For the data analysis, ‘speech analysis technique’ was used. As for the found results, it was possible to identify the presence of elements supporting the CLT, in the enabling conditions that promote the emergence and in the complexity dynamics, preponderant factors that instigate the innovation, the learning and the adaptative work. Based on the analysis, the CLT elements were identified in the pro-rectors' speech about the performance at the University. Relying on these fundamentals, it was possible to characterize the majority of the pro-rectors as adaptative leaders. Among the contributions brought by the theoretical and empirical construction of this research, it was possible to depict the key notes about management and leadership. Key Words: Universities. ACAFE System. University Leadership. Complexity Based Leadership Theory. Management. Complexity. 9 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 01: Os três conceitos para entender a interação dos SAC ............................................. 35 Figura 02: Papéis de liderança na TLC .................................................................................... 46 Figura 03: Função Adaptativa na TLC ..................................................................................... 48 Figura 04: Mapeamento do processo de pesquisa .................................................................... 55 Figura 05: Gestão e Liderança ................................................................................................ 104 Quadro 01: Referencial teórico da BDTD ................................................................................ 18 Quadro 02: Caracterização das Universidades ......................................................................... 26 Quadro 03: Complexidade na Educação .................................................................................. 31 Quadro 04: Técnicas de Utilização da Teoria da Complexidade ............................................. 33 Quadro 05: Abordagens tradicionais de liderança .................................................................... 39 Quadro 06: Abordagens atuais de liderança ............................................................................. 41 Quadro 07: Proposições da Complexidade e Implicações na Liderança .................................. 44 Quadro 08: Papéis da Liderança na TLC.................................................................................. 46 Quadro 09: Condições Habilitadoras e a TLC.......................................................................... 49 Quadro 10: Dinâmicas da Complexidade e a TLC ................................................................... 50 Quadro 11: Universidades do Sistema ACAFE ....................................................................... 57 Quadro 12: Categorias de análise ............................................................................................. 60 Quadro 13: Perfil Profissional dos Entrevistados ..................................................................... 64 Quadro 14: Condições Habilitadoras nas práticas de atuação de E1 ........................................ 67 Quadro 15: Condições Habilitadoras nas práticas de atuação de E2 ........................................ 68 Quadro 16: Condições Habilitadoras nas práticas de atuação de E3 ........................................ 70 Quadro 17: Condições Habilitadoras nas práticas de atuação de E4 ........................................ 71 Quadro 18: Condições Habilitadoras nas práticas de atuação de E5 ........................................ 73 Quadro 19: Condições Habilitadoras nas práticas de atuação de E6 ........................................ 75 Quadro 20: Condições Habilitadoras nas práticas de atuação de E7 ........................................ 76 Quadro 21: Condições Habilitadoras nas práticas de atuação de E8 ........................................ 78 Quadro 22: Dinâmicas da Complexidade e a TLC nas práticas de atuação de E1 ................... 79 Quadro 23: Dinâmicas da Complexidade e a TLC nas práticas de atuação de E2 ................... 80 Quadro 24: Dinâmicas da Complexidade e a TLC nas práticas de atuação de E3 ................... 81 Quadro 25: Dinâmicas da Complexidade e a TLC nas práticas de atuação de E4 ................... 82 10 Quadro 26: Dinâmicas da Complexidade e a TLC nas práticas de atuação de E5 ................... 84 Quadro 27: Dinâmicas da Complexidade e a TLC nas práticas de atuação de E6 ................... 85 Quadro 28: Dinâmicas da Complexidade e a TLC nas práticas de atuação de E7 ................... 86 Quadro 29: Dinâmicas da Complexidade e a TLC nas práticas de atuação de E8 ................... 87 Quadro 30: Emergência na TLC nas práticas de atuação de E1 ............................................... 88 Quadro 31: Emergência na TLC nas práticas de atuação de E2 ............................................... 89 Quadro 32: Emergência na TLC nas práticas de atuação de E3 ............................................... 90 Quadro 33: Emergência na TLC nas práticas de atuação de E4 ............................................... 92 Quadro 34: Emergência na TLC nas práticas de atuação de E5 ............................................... 93 Quadro 35: Emergência na TLC nas práticas de atuação de E6 ............................................... 94 Quadro 36: Emergência na TLC nas práticas de atuação de E7 ............................................... 95 Quadro 37: Emergência na TLC nas práticas de atuação de E8 ............................................... 96 Quadro 38: Características da gestão e da liderança dos Pró-reitores ..................................... 98 Tabela 01: Alunos e Professores .............................................................................................. 62 11 LISTA DE SIGLAS ACAFE – Associação Catarinense das Fundações Educacionais ANPAD – Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Administração CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CIGU – Coloquio Internacional de Gestión Universitaria em América Del Sur CNPQ: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CRFB – Constituição da República Federativa do Brasil BDTD – Biblioteca Digital de Teses e Dissertações EaD – Educação à Distância EnANPAD – Encontro da ANPAD IES – Instituições de Educação Superior IGC – Índice Geral de Cursos INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais Anísio Teixeira LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional MEC – Ministério da Educação PNE – Plano Nacional de Educação PPGAd – Programa de Pós-Graduação em Administração da FURB SAC– Sistemas Adaptativos Complexos SINAES – Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior TEDIC’s – Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação TLC – Teoria da Liderança com base na Complexidade 12 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 15 1.1 ESPECIFICAÇÃO DO PROBLEMA ................................................................................ 16 1.2 PERGUNTA DE PESQUISA ........................................................................................... 19 1.3 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 19 1.3.1 Objetivo Geral ............................................................................................................... 19 1.3.2 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 20 1.4 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 20 1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ................................................................................. 22 2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 24 2.1 GESTÃO UNIVERSITÁRIA ............................................................................................ 24 2.2 COMPLEXIDADE ............................................................................................................. 27 2.2.1 O Pensamento Complexo ............................................................................................. 27 2.2.2 Complexidade e o Contexto Organizacional ............................................................... 28 2.2.3 Complexidade e o Contexto Universitário................................................................... 29 2.2.4 Emergência ..................................................................................................................... 32 2.2.5 Representação de Sistemas Complexos ....................................................................... 33 2.3 SISTEMAS ADAPTATIVOS COMPLEXOS ................................................................... 34 2.4 LIDERANÇA ..................................................................................................................... 36 2.5 LIDERANÇA ADAPTATIVA .......................................................................................... 42 2.6 LIDERANÇA COM BASE NA COMPLEXIDADE ........................................................ 43 2.6.1 Os papéis de Liderança na TLC................................................................................... 45 2.6.2 Função Adaptativa na TLC .......................................................................................... 47 2.7 LÍDERES E GESTORES: DISSONÂNCIAS E CONFLUÊNCIAS ................................. 51 3 MÉTODO DA PESQUISA ................................................................................................. 53 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ............................................................................. 53 3.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA .................................................................................. 54 3.3 OBJETO DE PESQUISA: SISTEMA ACAFE ................................................................. 56 3.4 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS..................................................................... 57 3.4.1 Análise ............................................................................................................................ 58 3.4.2 Definições das Categorias de Análise ........................................................................... 59 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA ............................................................ 61 13 4.1 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA DE CAMPO INERENTES ÀS UNIVERSIDADES ..................................................................................... 61 4.2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DO PERFIL DOS ENTREVISTADOS ....................... 63 4.3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS CATEGORIZADOS ............................. 66 4.3.1 Condições Habilitadoras ............................................................................................... 66 4.3.1.1 Resultados da Entrevista E1 ......................................................................................... 67 4.3.1.2 Resultados da Entrevista E2 ......................................................................................... 68 4.3.1.3 Resultados da Entrevista E3 ......................................................................................... 70 4.3.1.4 Resultados da Entrevista E4 ......................................................................................... 71 4.3.1.5 Resultados da Entrevista E5 ......................................................................................... 73 4.3.1.6 Resultados da Entrevista E6 ......................................................................................... 74 4.3.1.7 Resultados da Entrevista E7 ......................................................................................... 76 4.3.1.8 Resultados da Entrevista E8 ......................................................................................... 77 4.3.2 Dinâmicas da Complexidade ........................................................................................ 78 4.3.2.1 Resultados da Entrevista E1 ......................................................................................... 79 4.3.2.2 Resultados da Entrevista E2 ......................................................................................... 80 4.3.2.3 Resultados da Entrevista E3 ......................................................................................... 81 4.3.2.4 Resultados da Entrevista E4 ......................................................................................... 82 4.3.2.5 Resultados da Entrevista E5 ......................................................................................... 84 4.3.2.6 Resultados da Entrevista E6 ......................................................................................... 85 4.3.2.7 Resultados da Entrevista E7 ......................................................................................... 86 4.3.2.8 Resultados da Entrevista E8 ......................................................................................... 87 4.3.3 Emergência ..................................................................................................................... 88 4.3.3.1 Resultados da Entrevista E1 ......................................................................................... 88 4.3.3.2 Resultados da Entrevista E2 ......................................................................................... 89 4.3.3.3 Resultados da Entrevista E3 ......................................................................................... 90 4.3.3.4 Resultados da Entrevista E4 ......................................................................................... 91 4.3.3.5 Resultados da Entrevista E5 ......................................................................................... 93 4.3.3.6 Resultados da Entrevista E6 ......................................................................................... 94 4.3.3.7 Resultados da Entrevista E7 ......................................................................................... 95 4.3.3.8 Resultados da Entrevista E8 ......................................................................................... 96 4.3.4 Líder Adaptativo ........................................................................................................... 97 4.4 GESTÃO E LIDERANÇA: APONTAMENTOS DA PESQUISA ................................. 104 14 4.5 CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA ............................................................................... 105 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 107 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 110 APÊNDICES ......................................................................................................................... 114 15 1 INTRODUÇÃO Na sociedade, em especial nas organizações, é possível perceber a presença do paradigma da complexidade. Esta afirmativa ocorre pelo entendimento de que as organizações estão em constante relacionamento com o ambiente. Portanto, é possível verificar os princípios que compõem a visão sistêmica da organização herdada da biologia em que emergem os princípios de complexidade (MORGAN, 1996; GENELOT 1992). A complexidade se faz presente seja por meio do ambiente ou das relações e das interações humanas que estão mais amplas. Também se encontra nas competências, aptidões e engajamento solicitados aos líderes. A estes, lhes é solicitada pela administração de demandas pontuais que exigem um grau de entendimento e visão do todo, dos processos e das articulações. Para este contexto complexo, um novo perfil de liderança tem sido buscado pelas organizações. Tanto em instituições com ou sem fins lucrativos, públicas ou privadas, de quaisquer segmentos e porte, todas têm a necessidade de manter em sua estrutura pessoas diferenciadas, capazes de resolver problemas, tomar decisões, criar novas formas de trabalho, desenvolver novos produtos ou aperfeiçoar os existentes (WALTER et. al, 2007). E, o mais importante, ter a habilidade de se relacionar com as pessoas, promovendo as interações (LOPES, 2011). Este é novo arcabouço para a figura do líder. Heifetz (1994), ao resgatar as teorias de liderança, percebe que as definições acerca das abordagens mais conhecidas, ficam restritas em notoriedade, autoridade e influência, faltando compreender os valores implícitos e subjetivos contidos nas práticas cotidianas, com respeito à cultura e aos processos dinâmicos de cada organização. Para o autor, liderança é mais do que influência, em que sugere um novo conceito, o da liderança adaptativa. Este conceito trata a liderança como uma atividade de mobilização de pessoas para se chegar a um determinado fim. Isto ocorre por meio de processos emergentes, que geram aprendizado e inovação e consequentemente o trabalho adaptativo (HEIFETZ, 1994; UHL-BIEN; MARION, 2009; LOPES, 2011). Neste sentido, os processos emergentes, aqui tratados com o conceito de emergência, significam estimular as condições para um ambiente de aprendizado e de resultados adaptativos, os quais irão depender de um fluxo de informações e interações entre a liderança adaptativa e as dinâmicas da complexidade (UHL-BIEN; MARION, 2009; LOPES, 2011). 16 As dinâmicas da complexidade, que se apresentam nos contextos organizacionais, encontram-se relacionadas às condições habilitadoras como a interação dinâmica, interdependência, tensões e ambiente heterogêneo. A esta reunião de fatores é que se tem o potencial de promover a inovação, aprendizagem e adaptabilidade – forças concretizadas com a teoria da liderança com base na complexidade (UHL-BIEN; MARION, 2009; LOPES, 2011). Com o olhar voltado para a ciência da complexidade e para os elementos das novas correntes de liderança acentua-se o fato de que isto se consolidou no intuito de atender um novo perfil de organização que têm buscado soluções criativas, gestão de mudanças e visão de futuro. As Universidades, Faculdades e Centros Universitários, aqui nominadas Instituições de Educação Superior (IES), também se encontram nesta realidade (DOMINGUES, et. al, 2011). A importância desta pesquisa inicia-se na percepção de que as IES vêm passando por reestruturações e adaptações devido à expansão do ensino superior. Conforme dados do último censo realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais Anísio Teixeira (INEP), em 2012, 7,2 milhões de alunos estavam matriculados em nível superior. Outros 7,1 milhões se inscreveram no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Ou seja, um número equivalente de estudantes que desejavam ingressar no nível superior. Destarte, há um maior controle externo por meio de avaliações, a exemplo do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), a regulação decorrente da Lei de Diretrizes e Bases (LDBEN) e a inserção das tecnologias digitais da informação e comunicação (TEDIC’s). Para compreender parte do processo de gestão, no ambiente complexo das IES, este estudo tem o propósito de analisar se os pró-reitores das Universidades catarinenses do Sistema ACAFE atuam de acordo com os elementos que fundamentam a teoria de liderança com base na complexidade. Pois que, identificados os elementos característicos que fundamento a teoria em estudo, confluem à nova realidade social e educacional do País. 1.1 ESPECIFICAÇÃO DO PROBLEMA A expansão do sistema universitário brasileiro, por conta de uma prerrogativa em nível de Governo Federal, gerou expectativa quanto à qualidade do ensino das IES, na disseminação e geração do conhecimento. Esta expectativa impôs novos desafios aos seus 17 dirigentes ou gestores, dos quais é esperado um desempenho gerencial capaz de manter sua instituição competitiva frente às pressões ambientais internas e externas. Estudos relacionados à função gerencial de docentes gestores de universidades públicas e privadas brasileiras têm demonstrado que suas funções estão diluídas em práticas sociais e que as indefinições, a falta de planejamento e a improvisação têm sido comuns (DOMINGUES, 2011). Estes estudos podem ser visualizados nas publicações dos anais do EnANPAD, dos últimos dez anos. Conforme Rebelo, Coelho e Erdmann (2004), as Universidades são organizações complexas, portadoras de objetivos, sistemas hierárquicos e estruturas. Porém, apresentam-se diferenciadas das demais organizações burocráticas. Ao mesmo tempo em que possuem a função básica de promover a educação superior, a pesquisa e a extensão, ainda necessitam serem aglutinadoras do saber produzido na humanidade. Como consequência, pode-se esperar que a gestão dessas instituições também seja diferenciada considerando a singularidade que as mesmas encerram. A complexidade de um sistema universitário pode ser constatada por meio de suas múltiplas funções, bem como pela diversidade de inter-relações com os ambientes interno e externo, transpondo fronteiras de nações e servindo de elo aglutinador de uma linguagem universal e globalizada: o conhecimento (REBELO; COELHO; ERDMANN, 2004). Em vista disto, foi efetuada por meio de revisões de literatura, uma busca pelos assuntos: “gestão universitária”, “liderança” e “complexidade”, temas correlatos à pesquisa. A primeira base pesquisada foi na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD), do Instituto Brasileiro de Informações em Ciência e Tecnologia (IBICT, 2013), no período compreendido entre os anos de 2002 até 2012. Foram encontrados 303 trabalhos e destes, apenas 01 (um) estudo tem a total aderência ao tema “gestão universitária”, porque se relaciona à atuação dos pró-reitores, proposta inquirida para esta pesquisa. Para se chegar a este resultado, foram necessárias as leituras das palavras-chave e a triagem com a leitura dos resumos. Foi utilizada, enquanto referencial teórico de base, a tese de doutorado de Lopes (2011), em seu título: Complexview: um framework para a produção de jogos de empresas aplicados no desenvolvimento de liderança com base na complexidade. A referida tese apresenta o tema correlato à TLC em um capítulo específico (capítulo 3) e representou a motivação para a realização desta pesquisa. O Quadro 01 ilustra a busca de referencial teórico do banco de teses e dissertações da BDTD. 18 Quadro 01: Referencial teórico da BDTD Assunto da busca avançada Gestão universitária Tipologia do estudo Tese Quantidade de estudos encontrados 02 Liderança Tese 24 Complexidade Tese 56 Gestão universitária Dissertação 09 Liderança Dissertação 83 Complexidade Dissertação 129 Total de dados: Teses/dissertações 303 Fonte: Elaborado pela autora, baseada na BDTD (2013). O Quadro 01 apresenta um resultado de 303 (trezentos e três) estudos ligados aos temas desta pesquisa, porém, que apresenta aderência à proposta inquirida refere-se à dissertação de Paiva (2006), em seu título: Gestão Universitária: perfil e atuação corresponde em termos de gestão a esta pesquisa. A segunda base consultada, por conveniência, referiu-se aos anais do EnANPAD compreendida entre os anos de 1997 à 2013. Foram encontradas 147 (cento e quarenta e sete) publicações relacionadas aos temas propostos: “liderança”, “complexidade” e “gestão universitária”. Destas, foram convergentes à pesquisa apenas 2 publicações com o tema “liderança”, nos anos de 2010 e 2013 respectivamente. A terceira e última escolha de busca por referencial teórico, convenientemente arbitrado, referiu-se ao XIII Congresso Internacional de Gestão Universitária (CIGU), em que após a leitura dos resumos dos 388 (trezentos e oitenta e oito) artigos publicados (rendimientos acadêmicos y eficacaia social de La Universidad), 12 (doze) apresentaram assuntos correlatos aos temas. Destes, apenas 04 (quatro) possuíam aderência efetiva aos temas “gestão universitária, liderança e complexidade”. Foi constatada após as buscas que, as publicações inerentes à gestão universitária, ao que compete a atuação dos pró-reitores são incipientes e, o déficit diz respeito à relação da teoria da liderança com base na ciência da complexidade. A TLC entende a liderança no contexto dos sistemas adaptativos complexos de modo a tentar compreender a dinâmica organizacional, os processos de emergência e inovação, e consequentemente o papel dos líderes (LOPES, 2011; UHL-BIEN; MARION; MCKELVEY, 2007). 19 Na TLC a emergência ocorre em função das forças emergentes, que são as condições habilitadoras e as dinâmicas da complexidade. As condições habilitadoras definem os contextos dos sistemas complexos. Por sua vez, as dinâmicas da complexidade definem os comportamentos dos sistemas complexos. O líder necessita estimular a interação entre estes elementos de modo a gerar mudanças e adaptabilidade positiva nos arranjos sociais das organizações (UHL-BIEN; MARION, 2009). Portanto, estabelece-se um problema de pesquisa, no sentido de analisar a forma de atuação dos pró-reitores diante de alguns fatores, compreendidos em: complexidade organizacional e intelectual que o contexto universitário exige, ambiente de mudanças e de público heterogêneo, a adaptabilidade ao meio, o estabelecimento das interações, a visão e a implementação das ações, o acúmulo de funções (pastas), a formação e a preparação para o cargo de gestão. Não obstante, com base nas conjecturas apresentadas, nos temas ainda pouco explorados conforme indicaram as bases consultadas e, com o olhar voltado à pessoa do próreitor de ensino como sendo o papel chave no processo de gestão universitária, estabeleceu-se a problemática da pesquisa. 1.2 PERGUNTA DE PESQUISA Como os elementos característicos da teoria da liderança com base na complexidade se apresentam na atuação dos pró-reitores de ensino das Universididades Catarineneses do Sistema ACAFE? 1.3 OBJETIVOS A seguir, apresentam-se os objetivos geral e específicos propostos para esta pesquisa. 1.3.1 Objetivo Geral Analisar a presença de elementos característicos da TLC na atuação dos pró-reitores de ensino das Universidades do Sistema ACAFE. 20 1.3.2 Objetivos Específicos a) Identificar se os pró-reitores de ensino estimulam as condições habilitadoras da TLC; b) Verificar se os pró-reitores de ensino estão engajados com as dinâmicas da complexidade que promovem a emergência; c) Compreender como ocorrem a inovação, a aprendizagem e a adaptabilidade nas próreitorias de ensino; d) Apontar características de liderança adaptativa presentes na atuação dos pró-reitores de ensino. 1.4 JUSTIFICATIVA Com um enfoque voltado à gestão universitária esta pesquisa visa demonstrar a importância da atuação assertiva dos pró-reitores de ensino. Conforme os parâmetros de observação da complexidade, as Universidades predizem um ambiente dinâmico e de interações exigindo de seus pró-reitores práticas de liderança e de gestão que atendam às demandas da atualidade. Em decorrência disto, o objeto de estudo desta pesquisa se infere ao Sistema ACAFE de ensino. O recorte de análise está limitado à aplicação da pesquisa de campo nas IES que se configuram na categoria de Universidade, localizadas no estado de Santa Catarina, Brasil. A escolha pelas Universidades se justifica pelo quesito de porte. E, enquanto escolha do público de pesquisa – pró-reitores de ensino – devido a quantidade de alunos e corpo docente, funcionários e demais arranjos ligados a uma pró-reitoria. O fato de escolher o Sistema ACAFE deu-se por conta do acesso permitido por estas Universidades para se cumprir o propósito de pesquisa, bem como, por conveniência da pesquisadora. A área de concentração da pesquisa, preconizada pelo Programa de Pós-Graduação em Administração – curso em nível de mestrado acadêmico – corresponde à gestão de organizações, cuja linha de pesquisa denominada Estratégia e Competividade contempla a gestão universitária e ensino superior. Esta linha de pesquisa representa o interesse de um conjunto de órgãos, instituições e pesquisadores no intuito de atender uma demanda em nível de País que impulsiona a expansão do ensino superior. O avanço de pesquisas nesta área permite um grau de entendimento maior acerca das mudanças que o campo representa. 21 Vislumbrando-se os dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (INEP), censo da educação superior de 2012, o total de alunos matriculados na educação superior brasileira ultrapassou a marca de sete milhões naquele ano. Ainda com base no INEP (2012), um depoimento do ex-ministro da Educação Aloizio Mercadante exprime que o ensino superior no Brasil encontra-se em um sistema em forte expansão, com mais ingressantes que concluintes. Nesta fala, a preocupação do ministro está em conseguir assegurar a expansão de acordo com a demanda por vagas no sentido de se ter o compromisso com a qualidade do ensino superior por parte do MEC e consequentemente de todo o sistema regido por ele. Neste âmbito, para se compreender em nível macro as mudanças impostas à rede de ensino superior, assegurar a qualidade do ensino, contemplar uma das linhas de pesquisa proposta do Programa de Pós-Graduação e convalidar uma teoria recente de liderança que tem por base a complexidade é que se denota a importância da proposta do estudo. Cabe salientar que as pró-reitorias de ensino apresentam-se como um elemento articulador entre Estado, MEC, IES e comunidade acadêmica. A estas articulações, presença e contribuições a que o cargo de pró-reitor exige e com um olhar voltado à liderança com base na complexidade, este estudo visa trazer uma contribuição nas pesquisas que relacionam os elementos e as características dos líderes, diante do contexto dinâmico e complexo das IES. Por se tratar de uma teoria recente – a TLC – são necessários estudos mais aprofundados para reafirmar a perspectiva desta abordagem a qual percebe a liderança como um processo para lidar com as estruturas emergentes e não apenas com a influência interpessoal (LOPES 2011; MARION e UHL-BIEN, 2001). Esta abordagem traz uma nova visão dentro dos estudos dos modelos de liderança conhecidos e exercidos nas organizações. Heifetz (1994) corrobora com este pensamento quando explicita que ao invés de definir a liderança como uma posição de autoridade (delegada-gestor) em uma estrutura social ou como um conjunto de características pessoais, é preciso compreender a liderança como uma atividade mobilizadora, no sentido de motivar, organizar, orientar e focar a atenção das pessoas. Considerando-se os agentes internos e externos interagindo e solicitando resoluções de problemas, forças e pressões em nível estratégico no sentido da gestão e setores ligados a ela, faz-se necessário acreditar uma nova visão de liderança que contemple este contexto. A perspectiva de análise de atuação dos pró-reitores, por meio da liderança com base na 22 complexidade, permitirá o entendimento de sua dinâmica dentro da Universidade e de suas interações com o meio, considerando-se a complexidade em que está inserido. Diante do exposto, a atuação dos pró-reitores nas IES se expande do simples propósito de administrar, para um contexto de complexidade, uma vez que as pessoas possuem expectativas, o mercado é dinâmico e as estratégias de atuação necessitam ser constantemente reformuladas. Para isto foi estudado se os pró-reitores estimulam ou promovem condições habilitadoras e dinâmicas da complexidade e, consequentemente, se são fomentadores da emergência que impulsiona a inovação, aprendizagem e adaptabilidade nas IES. Desta forma, compreender-se-á se os pró-reitores que estão à frente das Universidades estudadas apresentam os elementos característicos da TLC. Conquanto, faz-se necessário o estudo conceitual acerca da gestão universitária, da ciência da complexidade, da TLC e a realização de uma pesquisa de campo no intuito de compreender como este processo ocorre nas Universidades, analisando-se a atuação dos próreitores em suas pró-reitorias. Além das conjecturas apresentadas, é importante salientar que este estudo irá contribuir para o desenvolvimento da gestão nas IES, com base em uma abordagem inovadora para a academia, enquanto testagem empírica. 1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO O trabalho encontra-se organizado da seguinte forma: a introdução contempla o problema de pesquisa, os objetivos geral e específicos, a justificativa e a organização do estudo. A revisão de literatura apresenta as abordagens de pesquisa compreendidas em: gestão universitária, complexidade, sistemas adaptativos complexos, liderança, liderança adaptativa, liderança com base na complexidade e líderes e gestores. Este referencial visou atender os objetivos propostos. No capítulo inerente aos métodos adotados para o desenvolvimento da pesquisa, dispõem-se sua natureza, objetivo, técnicas, público de pesquisa e forma de aplicação da pesquisa de campo. Para a melhor compreensão do leitor, apresenta-se uma figura que contém o delineamento da pesquisa com o detalhamento das etapas. Nesta seção também se dispõe o objeto da pesquisa e a forma de coleta e tratamento dos dados. 23 Na sequência apresentam-se as análises dos resultados a começar por uma apresentação prévia do perfil dos entrevistados e das Universidades, seguidas da disposição das análises sob a forma de categorizações. As quatro categorias de análise correspondem-se aos objetivos específicos da pesquisa. Por fim, estão dispostas as contribuições e considerações finais da pesquisa, sequenciadas das referências bibliográficas e eletrônicas que deram sustentação ao desenvolvimento desta pesquisa. 24 2 REVISÃO DE LITERATURA A seguir, no propósito de fundamentar esta pesquisa, será apresentada a base teóricoempírica, norteadora ao atendimento dos objetivos, composta por: gestão universitária, complexidade, sistemas adaptativos complexos, liderança, liderança adaptativa, liderança com base na complexidade e líderes e gestores. 2.1 GESTÃO UNIVERSITÁRIA A gestão universitária no Brasil, desde o início da implantação das primeiras Faculdades em 1808, com a vinda da família real, e após, com a reforma Francisco Campos, a Lei Orgânica do Ensino Superior (Estatuto da Universidade Brasileira), sequenciada pela Lei 5.540 de 1968, sempre foi tratada com uma visão burocrática. A própria função administrativa foi tratada por muito tempo como derivativa e secundária (FINGER, 1997). Neste histórico, os cargos de reitor ou de pró-reitor eram ocupados especificamente por professores, pois se subentendia que, um bom professor seria também um bom administrador. Esta característica prevaleceu até o inicio do século XXI, principalmente em universidades públicas. Em se tratando de instituições privadas no Brasil, até o final dos anos 1990, apresentavam-se por duas origens: ou ligadas à Igreja, ou pertencentes a uma família que, a partir de uma escola primária ou secundária, acrescentaram cursos superiores. Para estes modelos, o papel dos administradores dependia das decisões das Ordens religiosas ou da família fundadora (FINGER, 1997; GARGANTINI, 1997). Com o avanço das tecnologias e a globalização, a educação passou por um processo de transformação que exigiu que instituições públicas e privadas iniciassem um repensar em suas práticas, inclusive na gestão. A base fundamental neste processo foi traçada pela Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB) de 05 de outubro de 1988, no seu capítulo III, seção I, que trata em seu artigo 207 sobre o ensino superior e posteriormente com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) n. 9.394 de 20 de dezembro de 1996, que ampliou os princípios constitucionais que regem o ensino público no país. No que tange a educação superior privada, ficou visível a percepção de que a relação custo-benefício havia chegado ao ensino, devido às demandas por implementações de melhorias e investimentos para a continuidade do processo e do êxito educacional. Com isso o 25 setor privado trouxe algumas experiências importantes para melhorar a gestão das organizações acadêmicas (FINGER, 1997). A evolução do conceito de gestão universitária e suas atividades cotidianas remetem a universidade a um grau de relevância no contexto da sociedade, ou seja, a universidade precisa ser repensada como organização envolvida com a transformação social e que se molde às novas realidades (LANZILLOTTI, 1997). Neste sentido, a reflexão que se faz acerca da Universidade é que, como instituição, está inserida na era organizacional. Ou seja, como as demais organizações, atingiu, ao longo do tempo, um grau de complexidade que exige dos seus administradores a revisão de suas funções e a apresentação de propostas para acelerar o seu desenvolvimento (FOGUEL; SOUZA, 1993; LANZILLOTTI, 1997; PAIVA, 2006). Para Lanzillotti (1997) as Universidades apresentam algumas características que as diferenciam das demais organizações. O autor ressalta que no caso da Universidade, [...] existe uma cultura administrativa muito rígida que cumpre superar. Os especialistas dessas instituições ainda relutam em aceitar algumas relações como: dinheiro/educação; aluno/cliente; conhecimento/produto, esquecendose de que todo sistema educacional é sustentado financeiramente com dinheiro público ou privado. (LANZILLOTTI, 1997, p. 28). Ou seja, neste pensamento, a ideia de que enquanto as organizações não-educacionais já se conscientizaram de que a interação entre os elementos da relação cliente/mercado/produto é fundamental para a sua sobrevivência, as Universidades brasileiras, na sua maioria, ainda não venceu a fase de sensibilização da comunidade acadêmica quanto a isto. No Quadro 02 estão dispostas as características que, segundo Lanzillotti (1997), diferenciam a Universidade das demais organizações. 26 Quadro 02: Caracterização das Universidades Característica Organização de finalidades múltiplas Descrição Multiplicidade de objetivos, organização complexa, diversidade dos fins (ensino, pesquisa, extensão), autonomia e dependência concomitantes. Organização especializada O conhecimento é o fator determinante nas relações entre os indivíduos e a organização. Ênfase na busca pelos especialistas. Centro de poderes a) poder acadêmico: baseado no conhecimento e exercido pelos especialistas. b) poder burocrático – baseado nas leis, regulamentos e normas relativo ao ensino. Gerência econômica exercida pelos administradores/gestores. Modelo colegial Compartilhamento de objetivos, processos organizacionais. Interação e consenso dos membros. Modelo burocrático Delimita a estrutura e os processos racionais (tomadas de decisão). Favorece a consecução dos objetivos propostos no Planejamento Estratégico. As mudanças são previsíveis, lentas e perpassam por conflitos entre os especialistas e os administradores. Modelo político Divide os grupos com interesses próprios, diversificados e nãoconsensuais. O poder é difuso e é exercido por indivíduos e grupos de diversos modos e em situações diferentes. Dualismo de controle e constantes conflitos entre administradores e profissionais. Modelo anárquico Pressupõe organizações complexas. Ambiguidade de intenções perpassam as unidades autônomas de decisão. A existência do conflito é considerada normal. Processo decisório problemático. Fonte: Elaborado pela autora, baseada em Lanzillotti (1997). A partir das considerações apresentadas no Quadro 02, é possível vislumbrar no contexto universitário a complexidade que o caracteriza. Estas considerações servem para pensar sobre a renovação de suas identidades, missões, processos e avaliações de resultado. Conforme Lopes e Cervi (2013, p. 11), “para instituições de ensino proporcionarem o exercício da cidadania é preciso gestores que sejam líderes, os quais coordenem a construção coletiva e a implementação responsável das ações”. Ou seja, para a implantação de uma política de gestão com base nos elementos da teoria da liderança com base na complexidade, por exemplo, faz-se necessário ir além de dirigir ou motivar pessoas, mas, produzir um fluxo positivo de conhecimentos, ideias, inovações e mudanças (LOPES; CERVI, 2013), os quais atenderão as políticas de base que visam ao desenvolvimento do ensino superior com qualidade. 27 2.2 COMPLEXIDADE A palavra complexidade advém do latim ‘complexus’ que significa ‘aquilo que é tecido’. O conceito de complexidade trazido para a realidade e ao conhecimento exprime polêmica enquanto o que é real (ontologia) e sobre como se pode captar a realidade considerada como uma complexa dinâmica não linear (epistemologia) (MORIN, 1995; DEMO, 2002). Neste entendimento, o antagonismo às noções de ordem, de desordem e de organização em que as pessoas precisam respeitar a complexidade física, biológica, humana, significa que pensar não é servir às ideias de ordem ou de desordem. É servir-se delas de forma organizadora, e por vezes desorganizadora, para conceber a própria realidade (AXELROD; COHEN, 2000; MORIN, 2000). Ou seja, a complexidade refere-se a um termo que impulsiona as pessoas para a exploração de todo um contexto inovador e dinâmico, a partir da concepção de novas realidades advindas do pensamento complexo. 2.2.1 O Pensamento Complexo O pensamento complexo é o pensamento que, armado dos princípios de ordem, leis, algoritmos, certezas, ideias claras ou confusas, o indizível, fazem parte de um arranjo para o entendimento da própria existência e a concepção de uma realidade (MORIN, 2000; ESTRADA 2009). Neste sentido, Morin (1995) afirma que o pensamento complexo é essencialmente aquele que trata com a incerteza e consegue conceber a organização, pois está apto a unir, contextualizar, globalizar, e, ao mesmo tempo, reconhece o singular, o individual e o concreto. Na estrutura de referência de um sistema complexo Axerold e Cohen (2000) apresentam os conceitos de espaço conceitual e padrão de interação. Sob estes dois conceitos encontra-se intrinsecamente o pensamento complexo. O espaço conceitual refere-se à localização em um conjunto de categorias estruturadas de forma que agentes possam interagir. O padrão de interação diz respeito às regularidades recorrentes do contato entre os tipos de agentes dentro do sistema e as probabilidades de interação entre eles. Em ambas as situações predispõem-se o pensamento complexo. 28 O pensar de forma complexa traz uma abertura maior às teorias pré-concebidas, arranjos, sistemas já dispostos ou conhecidos. Conforme a aproximação de agentes, pelo estabelecimento de padrões de interação dentro de um espaço conceitual formula-se o pensamento complexo (AXEROLD; COHEN, 2000). 2.2.2 Complexidade e o Contexto Organizacional A natureza das organizações humanas tem sido amplamente discutida em reuniões empresariais e administrativas, tendo como princípios basilares as transformações sociais e o dinamismo das mudanças (CAPRA, 2002). Este pensamento é corroborado por Uhl-Bien e Marion (2007) que afirmam que as organizações modernas vivenciam um contexto de mudanças, de adaptabilidade e de aprendizagem. Capra (2002) visualiza a administração sob metáforas, quais sejam: redes sociais; a organização viva; aprender com a vida; o surgimento espontâneo de coisas novas; surgimento espontâneo e planejamento; como dar vida às organizações. A esta junção de fatores metafóricos, utiliza-se dos preceitos da teoria da complexidade, a qual explica que os seres humanos encontram-se rodeados de sistemas altamente complexos e que estes por sua vez, tomam conta de quase todos os âmbitos de sua existência. A complexidade não havia sido imaginada antes dos anos de 1950. Não se previa sistemas globais de comércio e troca de informações; uma comunicação global instantânea por meio de redes eletrônicas sofisticadas; empresas multinacionais; e que, fábricas automatizadas seriam responsáveis por uma transformação na sociedade, gerando mudanças significativas (CAPRA, 2002). No contexto organizacional, a complexidade está presente na dinâmica em que ocorrem as mudanças, porém, percebe-se que as pessoas detém resistência às mudanças. Mas, não é à mudança que as pessoas resistem e sim aquilo que lhes é imposto. Os indivíduos e as comunidades apresentam-se sujeitos à mudança e ao desenvolvimento, porém, seus processos naturais de transformação são muito diferentes das mudanças organizacionais projetadas por especialistas em reengenharia e pré-determinadas pela chefia (CAPRA, 2002). Stacey (1996) postula que a ansiedade causada pela instável natureza, em constante mudança no mundo dos negócios reprime a criatividade dos membros da força de trabalho. O comportamento e o funcionamento organizacional necessitam de uma perspectiva 29 inteiramente nova, sobre a qual, significa entender a organização para o aprendizado, com estímulo à criatividade e à inovação. Percebe-se, a partir daí, a alteração de visão no mundo dos negócios, no qual, as pessoas passam a fazer parte do contexto organizacional, não somente para exercer uma atividade, uma função, mas para melhorá-la, utilizando-se de sua capacidade cognitiva em prol do estímulo à criatividade. Conforme Axelrod e Cohen (2000), o espaço de possibilidades de atuação de uma pessoa ou de uma organização é limitado pelo conhecimento disponível para ela e seus membros – porque é a partir deste conhecimento que sua realidade será construída. Neste entendimento, Uhl-Bien e Marion (2009), explicitam que a partir da capacidade humana de fazer escolhas e de ser produto e produtor dos sistemas sociais é possível engajar as pessoas para promover emergência e gerar resultados adaptativos, por exemplo: o aprendizado, a inovação e a adaptabilidade. Rebelo, Coelho e Erdmann (2004) ampliam esta questão quando tratam do contexto universitário. Os autores citam Stacey (1992) para explicitar problemas complexos neste tipo de organização: a) torna-se impossível conhecer o futuro em longo prazo; b) imprevisibilidade deriva não só da constante mudança do meio ambiente, mas da própria estrutura do sistema organizacional, ou seja, a própria interação dentre os agentes integrantes do sistema formal e do sistema sombra da organização, geram novos quadros e realidades; c) todos os objetivos traçados a partir de resultados de visões uniformes são, forçosamente, uma ilusão perigosa, por tentarem lidar com homogeneidade quando o mundo, as organizações e, por consequência, as universidades, são heterogêneas; Desta forma, se entenderem suas organizações como sistemas adaptativos complexos e pautarem suas ações nos princípios da complexidade, os gestores poderão desenhar sua gestão de forma diferenciada. 2.2.3 Complexidade e o Contexto Universitário A complexidade propõe uma reforma de pensamento, o qual pressupõe inclusive, mudar a universidade. Para Morin (1995) isto se torna possível quando o pensar transcende a complexidade, visualizando a universidade em sociedade e em processo de adaptabilidade. 30 Sob o enfoque da complexidade, a universidade é conservadora, regeneradora, geradora. Tem o papel de memorizar, integrar, ritualizar um patrimônio cognitivo. Gera saber e cultura pela regeneração e pelo reexame, atualizando-se constantemente. Por este prisma, a universidade tem uma missão e uma função que transpõe séculos, gerando conhecimento, prospectando tendências e agindo com autonomia para cumprir esta missão (MORIN, 1995). Porém, há outro sentido para o termo conservação, em que, o caráter deixa de ser vital para ser estéril. A conservação é vital se ela significa salvaguarda e preservação, mas será estéril se dogmática, congelada, rígida (MORIN, 1995). Rigidez nos processos, nas interações e no excesso de burocracia não são favoráveis ao pensamento complexo do indivíduo e de suas interações com o meio. Axelrod e Cohen (2000) afirmam que o desafio da complexidade implica na renúncia ao mito da elucidação total do universo e, encoraja os estudiosos e pesquisadores a prosseguirem na aventura do conhecimento. O diálogo com o universo é a própria racionalidade, no qual a razão deveria eliminar o que se tem hoje como a eventualidade, a desordem, a contradição com o propósito de encerrar o real dentro de uma estrutura de ideias coerentes, teoria ou ideologia. A priori, a realidade transborda de todos os lados das estruturas mentais do ser humano, o que não permite uma abertura para outras estruturas (MORIN, 1998). No contexto das universidades, Morin (1995) e Lanzillotti (1997), afirmam que o sistema educacional representa um desafio, pois reduz a capacidade de concepção à complexidade frente a diversos fatores influenciadores, sejam, econômicos, religiosos, políticos, étnicos, demográficos, e a própria estrutura interna, anteriormente apresentada. A Universidade possui um contexto amplo nas ciências, nos cursos, nos dirigentes, no corpo docente, discente e nas interações que irão estabelecer a dinâmica do conhecimento e a formação de novos sistemas. Autores da área educacional como Moraes (1997), Demo (2002) e Behrens (2006) trazem reflexões acerca da complexidade diante dos desafios a que a Universidade se expõe. Primeiro, concordam que a complexidade no contexto universitário representa um paradigma. Paradigma quer dizer modelo ou padrão compartilhado que permitem a explicação de certos aspectos da realidade, ou seja, mais do que uma teoria, implica uma estrutura que gera novas teorias (MORAES, 1997). Segundo, apresentam-na com nomenclaturas diferentes, porém com um sentido corroborado, conforme exposto no Quadro 03. 31 Quadro 03: Complexidade na educação Autor (a) Complexidade na Educação Behrens (2006) Representa um paradigma inovador Demo (2002) Representa uma dinâmica não linear do conhecimento (Pesquisa) Moraes (1997) Representa um paradigma emergente Fonte: Elaborado pela autora, (2014). O Quadro 03 exprime a ideia central formulada a partir dos pensamentos, estudos e reflexões dos autores citados. No pensamento de Behrens (2006), o paradigma inovador significa a visão de totalidade e o desafio de buscar a superação da reprodução para a produção do conhecimento. Ou seja, é a ação dos atores (alunos, professores, dirigentes, normas, estratégias) interagindo em determinadas situações no intuito de emergir novas formas, novos cenários na construção do conhecimento. Para Demo (2002), a complexidade representa a aprendizagem por meio da dinâmica não linear do conhecimento. Aponta as características como dinâmica, não linearidade, reconstrução, processo dialético evolutivo, irreversibilidade, intensidade, e ambivalência, como fatores presenciais na construção da educação na atualidade. Para o autor, “[...] conhecer é profundamente saber confrontar-se, não aceitar qualquer limite, tudo pretender para além do que está dado na evolução e na história” (DEMO, 2002, p. 31). Moraes (1997) traz a definição de complexidade para a educação como um paradigma emergente, o qual exprime o surgimento de uma ruptura com o anterior. A esta ação de ruptura, ocasionam-se implicações educacionais e novos cenários se apresentam para demonstrar uma visão interacionista, sociocultural e transcendente. A transcendência ao paradigma emergente responde à era das relações na educação. Há a concordância entre os autores de que a complexidade na educação, no papel das Universidades, detém a responsabilidade de construir e reconstruir. Propiciam meios de se gerar os novos paradigmas com respeito ao ambiente, a diversidade, ao coletivo e aos direitos humanos (BEHRENS, 2006; DEMO, 2002; MORAES, 1997). No contexto da educação, complexidade e emergência se fundem quando, por exemplo, se concebe o paradigma inovador ou paradigma emergente, que é a transposição do modelo antigo para o modelo da era das relações (BEHRENS, 2006; MORAES, 1997). Defronte a estes fatores é que se delineiam a necessidade de uma gestão participativa e democrática das universidades brasileiras, a geração do conhecimento e a continuidade dos processos educacionais adaptativos que contemplam as mudanças de um ambiente emergente. 32 2.2.4 Emergência No limiar da ciência da complexidade e da representação de sistemas complexos, têmse a presença e caracterização de um fator conhecido como emergência. Torna-se relevante elucidar o sentido da palavra emergência para o contexto estudado. Este termo para os estudos da ciência da complexidade é o resultado das dinâmicas da complexidade, das condições habilitadoras que instigam a mudança e a adaptação de um sistema. Ou seja, considerando-se a interação dos agentes diante das situações promovidas em um ambiente complexo surge a emergência, que significa um novo contexto, adaptado e renovado (AXEROLD; COHEN, 2000; UHL-BIEN; MARION; MCKELVEY, 2007). Conforme Uhl-Bien, Marion e Mckelvey, 2007 a emergência envolve dois mecanismos interdependentes: a) reformulação dos elementos existentes para produzir resultados que são qualitativamente diferentes dos elementos originais; b) auto-organização que significa a reformulação que se relaciona com as teorias da seleção natural ou a inteligência humana como fonte de mudança única. A reformulação pode ser definida como a expansão, a análise, a amplificação, a transformação ou até mesmo uma combinação de interações múltiplas, que por muitas vezes designam-se conflitantes, enquanto elementos sob condições de tensão e de informação assimétrica (UHL-BIEN; MARION; MCKELVEY, 2007). Destarte, a reformulação está intimamente ligada à natureza aleatória de interação em redes complexas e os resultados podem ser imprevisíveis e não-lineares. A essência dos elementos originais é transformada ao ponto de surgir um novo significado ou interpretação. Representa em si, as próprias mudanças no sistema de uma maneira fundamental (UHLBIEN; MARION; MCKELVEY, 2007). Uhl-Bien, Marion e Mckelvey (2007) ressaltam que a auto-organização é um movimento em que as diferentes atividades de reformulação encontram uma causa comum. É importante evidenciar que a vontade humana, como por exemplo, uma coordenação ou gestão podem desempenhar um papel importante na definição de auto-organização. Porém, a vontade não é necessariamente determinante de comportamentos de auto-organização, mas é um ator nesta dinâmica. Conquanto à elucidação destes dois mecanismos, a emergência representa a própria complexidade quando aponta o surgimento de propriedades emergentes ocasionadas por meio 33 de ambientes inovadores, das relações, das interações e do sistema (UHL-BIEN; MARION, 2009). 2.2.5 Representação de Sistemas Complexos A ciência da complexidade surge na forma de representação de sistemas complexos. A utilização de seus estudos está presente, por exemplo, desde o desenvolvimento de drogas por meio da aplicação de evolução molecular, do desenvolvimento de softwares, software de sistemas auto-organizados, desenvolvimento de bases de dados distribuídas, sistemas de gerenciamento de informações, projetos de estruturas corporativas, entre outros (AXELROD; COHEN, 2000). Um sistema é complexo quando se estabelece a presença de fortes interações entre os seus elementos em que, os eventos atuais influenciam notoriamente as probabilidades de muitos tipos de eventos posteriores (AXEROLD; COHEN, 2000). Nos estudos da complexidade, os sistemas complexos são representados de diversas formas. O Quadro 04 exemplifica as técnicas mais comuns de representação de sistemas complexos. Quadro 04: Técnicas de Utilização da Teoria da Complexidade Técnicas Framework Modelagem baseada em agente Aplicação Utiliza estrutura de conceitos para descrição e análise dos sistemas. Compreende a especificação de como agentes individuais (pessoas, organizações ou nações) interagem entre si e com o seu ambiente. Investiga as propriedades emergentes do modelo e promove insights sobre os Simulação processos dinâmicos, os quais são muito difíceis de modelar a partir de técnicas matemáticas padrão. Fonte: Adaptado de Axelrod e Cohen (2000). Conforme o Quadro 04, a própria complexidade possibilita técnicas que representam adaptação efetiva, dentre elas o framework que diz respeito às estruturas de conceitos para a análise dos sistemas. A modelagem com base nos agentes significa a especificidade das interações decorrentes das pessoas, do ambiente e dos processos. A simulação permite a averiguação da emergência advinda dos processos dinâmicos gerados nas interações. 34 As técnicas que representam a complexidade indicam que o sistema consiste de partes as quais interagem e influenciam as probabilidades de eventos posteriores, e o objetivo central, a partir do conhecimento e descoberta, passa a ser a abertura do diálogo com o universo (MORIN, 1998; AXELROD; COHEN, 2000). Desta forma é possível vislumbrar deste universo o que pode ser determinado claramente, com precisão e exatidão e servir-se da aplicação da complexidade para novas descobertas (AXELROD; COHEN, 2000). O princípio da pesquisa na teoria da complexidade não faz previsões detalhadas, mas sim, é uma estrutura que sugere novos tipos de questões e ações possíveis, de forma a compreender que a complexidade pode ser dominada. Neste sentido, em vez de procurar eliminar a complexidade, pesquisa-se como o dinamismo de um sistema complexo adaptativo pode ser usado para fins produtivos (AXELROD; COHEN, 2000). A intenção de dominar a complexidade tem o sentido deliberativo de mudar a estrutura de um sistema no intuito de ampliar alguma medida de desempenho, explorando uma compreensão de que o sistema em si é complexo. A ideia central é a de que, a partir do momento que um pesquisador utiliza-se do conhecimento da complexidade, fará e simulará de forma melhorada os seus intentos. Conviver com a complexidade e saber aproveitá-la, a partir de seu domínio, se torna muito mais interessante do que simplesmente eliminá-la ou ignorá-la no atual contexto da humanidade (MORIN, 1998; AXELROD; COHEN, 2000). 2.3 SISTEMAS ADAPTATIVOS COMPLEXOS A complexidade normalmente resulta em características, chamadas propriedades emergentes, que são propriedades do sistema que as partes separadas não têm, porém, estando juntas, formam um sistema adaptativo complexo (AXELROD; COHEN, 2000). O paradigma da complexidade trata da interdisciplinaridade que envolve os sistemas adaptativos complexos, o comportamento emergente de muitos sistemas, e que promove a auto-organização, que os une enquanto distingue, pelo processo de seleção e variação (MORIN, 1995; AXEROLD; COHEN, 2000). Os Sistemas Adaptativos Complexos (SAC) se constituem em uma unidade básica de análise na ciência da complexidade. Os SAC são, por analogia, as redes neurais que significam os tipos de interação, os agentes interdependentes os quais são ligados em uma dinâmica de cooperação por objetivos em comum, por necessidades ou arranjos de 35 conveniência. Representam as estruturas mutáveis com as múltiplas hierarquias sobrepostas aos indivíduos que as compõem e que produzem uma estratégia de sobrevivência adaptada aos próprios agentes ou sistemas aos quais pertencem (AXELROD; COHEN, 2000; UHLBIEN; MARION; MCKELVEY, 2007). Porém, todo e qualquer SAC é único. Cada qual emerge a partir de uma história específica e interage com um ambiente que, enquanto possa parecer similar, não será exatamente o mesmo para outro sistema. Um SAC produz resultados que são diferentes e mais eficazes que aqueles que podem ser produzidos pelas partes do sistema trabalhando independentemente (AXELROD; COHEN, 2000; REBELO; COELHO; ERDMANN, 2003). Os SAC estão ligados um ao outro em uma rede dinâmica e interativa, sendo que em uma estrutura organizacional, por exemplo, observando-se o gerenciamento de fluxos de conhecimento, subentende-se como constelações temporárias de pessoas e unidades (HEDLUND, 1994 apud UHL-BIEN; MARION; MCKELVEY, 2007) admitindo-se assim que os SAC surgem naturalmente em sistemas sociais, a fim de resolver os problemas de forma criativa, estimulando o aprendizado e a resiliência (capacidade de adaptação às mudanças). Sob a ótica de Axelrod e Cohen (2000), os SAC são como uma estrutura de referência de estudos aplicados às organizações em que, por exemplo, fazem parte do contexto: agentes, estratégias, espaço físico, espaço conceitual, variação, interação, entre outros. No âmbito da interação, os autores propõem três conceitos úteis para entender seu funcionamento conforme descritos na Figura 01. Figura 01: Os três conceitos para entender a interação dos SAC Fonte: Elaborada pela autora, baseada em Axerold e Cohen (2000). A Figura 01 ilustra conforme Axerold e Cohen (2000) que, para ocorrer a interação dos agentes, estes necessitam de proximidade (estar no mesmo setor, por exemplo), precisam estar ativos (atuantes) e terem o espaço de realização das interações (espaço físico representando pelo ambiente organizacional propício às interações e o espaço conceitual, delineado individualmente por meio da visão de cada agente). 36 Sob as lentes dos SAC não se pautam um sistema antecedente, mediador ou uma variável moderadora, mas sim, referem-se a um ambiente que gera dinamismo, interações e interdependências entre os agentes, sendo estes, pessoas, ideias, inovações, etc. (AXEROLD; COHEN, 2000). Os SAC são a base da teoria de liderança utilizada neste estudo. No contexto das universidades, sob as lentes dos SAC, não se visualiza os fatos pelas lentes da exclusão, optando-se por uma decisão, em isenção a outra, mas pelo paradigma da inclusão das várias dimensões possíveis. As universidades exitosas e inovadoras, não se deixam conduzir de forma estrita por sistemas e estruturas de controle formal, ou somente por comportamentos emergentes, imprecisos e informais de aprendizagem. Independente de seu porte, as universidades de êxito necessitam contar com ambas as visões, pois tem que lidar ao mesmo tempo com o conhecido e com o desconhecido, características dos SAC (REBELO; COELHO; ERDMANN, 2003). Sendo assim, as deliberações serão executadas mediante o enfrentamento dos conflitos de interesses internos (acionistas, dirigentes, corpo docente, discentes) e externos (comunidade). Isto se dará por parte da gestão a qual está diante de expectativas que exigem resoluções rápidas e adaptativas, de forma a fortalecer os laços que unem as partes interessadas em um conjunto de valores intrínsecos e extrínsecos (REBELO; COELHO; ERDMANN, 2003). Para tanto, Heifetz (1994) enfatiza que a gestão necessita de um perfil de liderança em termos de trabalho adaptável, o qual consiste no conhecimento necessário para lidar com os conflitos de valores em grupos determinados, diminuindo a diferença entre estes valores. Este trabalho exige uma mudança de comportamento e de crenças. A exposição e o enfrentamento de conflitos internos e contradições proporcionam a alavanca que mobilizam as pessoas a aprender novos caminhos, apoiando-se em seus líderes e confiando em sua gestão. 2.4 LIDERANÇA No contexto de liderança, o histórico é tão vasto e antigo quanto a própria história da humanidade. Desde as primeiras formações em sociedade e posteriormente com as guerras existe a presença de liderança. Portanto, remonta milênios e são inúmeras as definições, tornando ampla a abrangência do tema. Liderança, enquanto campo teórico e empírico de pesquisa, tem se desenvolvido diversamente, considerando as concepções e preferências metodológicas adotadas pelos 37 pesquisadores. Percebe-se que o aspecto mais controverso deste campo de pesquisa se refira aos diferentes e, por vezes, contraditórios fundamentos epistemológicos que recortam e embasam os estudos sobre liderança (HUNT et al., 1988). Diante disto, faz-se importante revisitar as abordagens de liderança que trouxeram importantes contribuições para a evolução das organizações, datadas nos séculos XX e XXI. Conforme Heifetz (1994), no início do século passado, tem-se a versão tradicional de liderança que superestima a importância da contribuição do líder, pois supõe que a liderança é originária das qualidades pessoais do líder, o que se tem por meio das teorias dos traços e dos grandes homens. A teoria dos traços foi a abordagem que valorizou homens os quais se destacaram na sociedade pela sua personalidade marcante e devido a influência extraordinária que promoveram, sem considerar que a chancela de um grande homem perfaz um impacto histórico na sociedade, deixando efeitos positivos ou cicatrizes, como é o caso de enquadrar Hitler nesta mesma categoria (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010; HEIFETZ, 1994). Na teoria dos grandes homens, Heifetz (1994) explica que se encontra algo semelhante, sob a ótica de que para ser considerado um líder, há de se ser um destaque na sociedade. Porém, esta diferencia-se da teoria dos traços quando não faz mais alusão as personalidades históricas, e sim, a proeminência de pessoas que se destacaram. Na sequência, inicia-se uma visão baseada no comportamento humano, a qual teve seu início nos anos 1940 até o final dos anos 1960, com a preocupação de fundamentar a liderança em comportamentos específicos e adequados para os líderes (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010). No sentido de evoluir para acompanhar as tendências e mudanças organizacionais, surgem as teorias contingenciais, datadas depois da segunda metade do século XX, para explicar que de acordo com a situação se estabelece o estilo de liderança mais adequado (NORTHOUSE, 2007; ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010). Sob a perspectiva da teoria contingencial, ocorre a síntese das outras duas, em que, “o grande homem” e o “destaque”, adotam o estilo de tomada de decisão que se encaixa na contingência situacional, de forma a manter o controle do processo. No entanto, mesmo sendo mais avançada, esta visão ainda permanece no modelo tradicional de que as marcas da liderança são a “influência e o controle” (TOLFO, 2010; ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010; HEIFETZ, 1994). 38 Muitas das abordagens acadêmicas para o estudo de liderança durante os últimos dois séculos mantiveram o foco sobre os fenômenos de pessoas importantes e influentes. Robbins, Judge e Sobral (2010) reforçam esta observação, de que muitos dos autores que definiram liderança, caracterizam-na especificamente sob o aspecto da influência. As abordagens de liderança, desde a teoria dos traços, perpassando pela abordagem situacional, contingencial e as abordagens transacionais, todas buscaram definir a liderança de forma objetiva, sem fazer juízos de valor e por determinação em termos de notoriedade, autoridade e influência. (AVOLIO; WALUMBWA, 2009; HEIFETZ, 1994). Hoje, o campo da liderança destaca não somente o líder, mas também seus seguidores, seus pares, no ambiente e no contexto do trabalho e da cultura. Inclui uma ordem muito mais geral de indivíduos representando a visão completa da diversidade, sejam na esfera pública ou privada, ou, nas organizações sem fins lucrativos (AVOLIO; WALUMBWA; WEBER, 2009). A liderança na atualidade tomou uma dimensão mais complexa em razão das demandas apresentadas ao líder e aos liderados. Isto é visto quando se observa um cenário de globalização de mercados, com a internacionalização das empresas, observando a questão do embate das culturas e as crenças de uma determinada sociedade, bem como a complexidade organizacional (CAPRA, 2002; NORTHOUSE, 2007). Existem interpretações do que é liderança, porém permanecem com explicações incompletas ou com um único viés, bem como, discordam entre si. Por conseguinte, torna-se difícil escolher apenas uma como sendo a mais correta. O que não se distingue entre elas é o fator “influência” (AVOLIO; WALUMBWA; WEBER, 2009; ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010; LACOMBE, 2011). Ao afirmarem que a marca da liderança é influência sobre os resultados, eles deixam de observar o valor implícito no processo para o qual, a liderança promove a influência e que esta por sua vez, determina um valor orientador, perpetuando a complexidade entre meios e fins (HEIFETZ, 1994). Para melhor compreender algumas das abordagens tradicionais de liderança, como a teoria dos traços, as teorias comportamentais, as contingenciais e a situacional, apresenta-se uma síntese da evolução histórica de liderança no Quadro 05: abordagens tradicionais de liderança. 39 Quadro 05: Abordagens tradicionais de liderança Abordagem Autorias de maior relevância Definição Características Teoria dos Traços Rauph Stogdill (1948) Richard Mann (1959) A liderança aparenta ser uma relação de trabalho entre membros de um grupo no qual o líder adquire status por meio da participação ativa e da demonstração de sua capacidade em levar tarefas à contemplação das pessoas. Defende que a posse de certos traços de caráter e de personalidade permite a certos homens acesso ao poder. Julga-se ser possível encontrar traços de personalidade universais nos líderes que os distinguem dos não líderes. Foco no líder. Teorias Comportamentais Robert Blake e Jane Mouton (1964) Propõem que comportamentos específicos diferenciam os líderes dos não líderes. Defende que os comportamentos podem ser aprendidos. Pessoas que fossem treinadas para os comportamentos de liderança desejados, poderiam liderar com eficácia. Identificavam-se as dimensões do comportamento do líder. Foco no comportamento do líder e dos liderados. A liderança ocorre por meio da observação de comportamentos de grupo. A eficácia da liderança depende tanto da situação em que o grupo se encontra quanto do líder. Teorias Contingenciais Teoria da Liderança Situacional Fred Edward Fiedler (1967) Paul Hersey e Kenneth Blanchard (1986) Para melhorar o desempenho organizacional, é necessário lidar não somente com o estilo do líder, mas também com os fatores que promovem a influência do líder sobre os liderados. Acredita que um único estilo de liderança não seria melhor ou pior do que outro. Refuta-se a existência de um tipo de comportamento em liderança apropriado para todas as condições. Liderança significa o processo de Considera o exercício da liderança por meio da influência de um indivíduo no influenciar as atividades de indivíduos comportamento de outro no sentido de atender os objetivos de uma organização. ou grupos para a consecução de um A liderança bem sucedida é adquirida por meio da escolha do estilo de liderança correto, objetivo numa determinada situação. de acordo com o nível de preparo dos seguidores. Este estilo de liderança está atrelado ao Foco nos seguidores. tipo de organização. Fonte: Baseada em Northouse (2007) e Robbins, Judge e Sobral, (2010). 40 De acordo com o Quadro 05 as teorias de liderança tradicionais e incipientes no século XX surgiram no intuito de atender determinada necessidade, à sua época e, ao modelo de organização adotado dentro do contexto de administração. Um fator importante a ser considerado é que nas primeiras abordagens o foco estava na figura do líder, cerne de todo o processo (HEIFETZ, 1994). A maioria das abordagens sobre liderança traz a definição de que esta refere-se a capacidade de influenciar um conjunto de pessoas para alcançar metas e objetivos (ROBBINS, JUDGE, SOBRAL, 2010). Para os defensores das abordagens transacionais, por exemplo, Heifetz (1994) enfatiza que o foco está em como a influência é adquirida e mantida, porém sem considerar valores. Para o autor, ainda que estas últimas sejam mais perspicazes do que as abordagens anteriores de liderança, os teóricos não avaliam a finalidade para a qual a influência se faz necessária. Para tanto, faz-se importante descrever correntes que versam neste sentido, porém que trazem novos contextos, que estão além do fator influência. Na sequência, apresenta-se um breve resumo das principais correntes teóricas que encontram-se descritas no Quadro 06, no qual se verifica que estas novas correntes de liderança emergiram para atender um momento em que as organizações necessitam de líderes motivadores em equipes heterogêneas e dinâmicas (AVOLIO; WALUMBWA, 2009). As organizações tiveram de rever a forma de liderar em um contexto dinâmico e complexo (UHL-BIEN; MARION, 2009) e, perceberam que as pessoas tem a necessidade de serem motivadas à mobilização e ao engajamento (HEIFETZ, 1994). Diante disto é que se contextualizam, além do Quadro 06, as duas próximas seções, as quais versam sobre os temas trazidos para esta pesquisa: liderança adaptativa e liderança com base na complexidade. 41 Quadro 06: Abordagens atuais de liderança Abordagem Autorias de maior relevância Definição A liderança carismática possui relação com o comportamento organizacional. Liderança carismática Robert House (1976) Liderança transformacional James MacGregor Burns (1978) Bernard M. Bass (1985) Bruce J. Avolio (1990) Os líderes carismáticos são aqueles que possuem visão e articulação, correm riscos, são sensíveis às necessidades dos liderados e apresentam comportamentos inovadores e não convencionais. Liderança transformacional é um processo no qual, mudanças e pessoas transformam. Envolve uma forma excepcional de influência que movimenta os seguidores para realizar mais do que aquilo que normalmente é esperado deles. Características Afirma que os liderados atribuem capacidades heroicas ou extraordinárias de liderança a seus líderes quando observam neles determinados comportamentos. Toma-se como padrão um líder ético e transparente que incentiva a abertura no compartilhamento de informações necessárias para a tomada de decisões, junto de seus liderados. Foco na influência do líder perante seus liderados. Preocupa-se com as emoções, valores éticos e morais, bem como metas de longos prazos. As avaliações são feitas para motivar seguidores, satisfazendo suas necessidades a tratando-os como seguidores plenos. Liderança autêntica tem seu foco nos princípios, Líderes autênticos detêm confiança em si, propósitos firmes, valores e crenças. nos valores e na confiança atribuída ao líder e ao A atuação do líder é de forma aberta e honesta, o que ocasiona a confiança pelo Liderança autêntica seu caráter. Valoriza-se a experiência de vida e a seu caráter e honestidade. Há o compartilhamento de informações e autenticidade provém pelo veredicto de outras encorajamento dos seguidores que também são estimulados a serem autênticos. pessoas que o reconhecem como líder. Liderança significa a mobilização de pessoas Mobilização de pessoas para o bem comum. para tornar possível a execução de atividades e Motivação de pessoas. Liderança Adaptativa Ronald A. Heifetz de um trabalho em meio a desafios e adaptações Organização de ideias e trabalho adaptativo. (1994) frente a um mundo dinâmico e complexo, para Orientação para mudança em contextos emergentes. um determinado fim ou propósito. Foco nos resultados. Mary Uhl-Bien Liderança é compreendida como uma complexa Toma por base a ciência da complexidade Liderança com base Russ Marion dinâmica interativa a partir de resultados Focada na aprendizagem criativa e adaptativa dos SAC, dentro de organizações na Complexidade Bill McKelvey adaptativos que emergem, promovendo de produção do conhecimento. (2007) aprendizado, inovação, adaptabilidade. Fonte: Baseada em Heifetz (1994), Northouse (2007), Uhl-Bien, Marion e McKelvey (2007), Avolio e Walumbwa (2009) e Robbins, Judge e Sobral, (2010). Bruce J. Avolio William L. Gardner Fred O. Walumbwa (2005) 42 2.5 LIDERANÇA ADAPTATIVA Para o cotidiano organizacional recente, alguns questionamentos ficam em aberto, sobre o que motiva um líder e como este motiva as outras pessoas ou ainda, como é que estas pessoas percebem a visão de seu líder (HEIFETZ, 1994; NORTHOUSE, 2007). Em resposta a estes questionamentos, Heifetz (1994) traz uma nova corrente nos estudos de liderança, a liderança adaptativa. Conforme o autor, liderança é em uma atividade de mobilização de pessoas no intuito de se chegar a um determinado fim, por meio do trabalho adaptativo, emergente, que gera aprendizado e inovação. Para ele, a mobilização acontece por meio do engajamento, da motivação e do grau de consciência que os seguidores/liderados possuem acerca de seu trabalho, ou seja, fazer algo (atividade meio) entendendo o seu propósito (atividade fim). Os modelos de liderança do século passado foram produtos de uma hierarquia verticalizada, paradigmática e burocrática (UHL-BIEN; MARION; McKELVEY, 2007). Nestes modelos a eminência da eficácia organizacional está pautada na economia como premissa à produção física, porém não adaptados para uma economia orientada para o conhecimento. Retomando o pensamento de Capra (2002) em consonância com Heifetz (1994), a liderança, em razão da globalização de mercados, dos avanços da sociedade, o respeito às culturas, crenças e valores, sofreu os impactos da mudança e das dinâmicas da complexidade. Para este novo modelo da existência humana, das sociedades, das Organizações e Instituições faz-se necessário entender a liderança em termos de trabalho adaptativo. O trabalho adaptativo consiste no conhecimento necessário para lidar com os conflitos de valores que as pessoas têm e que apresentam nos grupos aos quais participam. A essência para o sucesso do trabalho adaptativo consiste em moldar os valores e aperfeiçoá-los pela força impositiva de encontro aos problemas reais, porque as pessoas interpretam seus problemas de acordo com os valores que possuem (HEIFETZ, 1994). Ou seja, valores diferentes, lançam propostas diferentes diante das oportunidades e situações organizacionais. A inclusão da perspectiva de valores concorrentes pode ser considerada como essencial ao sucesso do trabalho adaptativo. Como exemplo, os valores dos sócios de uma empresa não condizem com os valores da sociedade, porém aqueles precisam do lucro e esta necessita da preservação do meio ambiente. Porém ambos são necessários para o crescimento e manutenção da sociedade (valores concorrentes). 43 Nesta perspectiva, Heifetz (1994) explica que a liderança adaptativa percebe a sociedade diante de grandes desafios adaptativos. Para ele, faz-se necessário uma visão de liderança que ofereça uma orientação prática para que gestores e dirigentes possam avaliar os eventos e ações em andamento sem esperar pelos resultados, mas sim, a melhor forma de conduzir as ações (meio) até se chegar aos resultados (fim). Para tanto, fica explícito que não há respostas ou visões seguras, mas sim, a preocupação em tomar medidas que esclareçam os valores. A resposta aceita nesta abordagem é a de que, não há como resolver um problema específico, porém há como mobilizar o sistema social para produzir uma nova adaptação suficiente que vise enfrentar o desafio (HEIFETZ, 1994). Portanto, de acordo com Heifetz (1994), ao invés de definir a liderança como uma posição de autoridade e influência em uma estrutura social ou como um conjunto de características pessoais, torna-se mais viável compreendê-la como uma “atividade”, que concerne em mobilizar pessoas, no sentido de motivação, organização, orientação e foco. Em vista desta teoria, posteriormente, as autoras Uhl-Bien e Marion (2001), iniciam uma reflexão e um novo construto teórico que une os conceitos da liderança adaptativa com a sua contribuição acadêmica e que é o cerne desta pesquisa, a Teoria da Liderança com base na Complexidade (TLC). 2.6 LIDERANÇA COM BASE NA COMPLEXIDADE Uhl-Bien, Marion e McKelvey (2007) explicitam que a teoria da liderança com base na complexidade (TLC) tem como propósito identificar e explorar as estratégias e comportamentos que fomentam criatividade, aprendizagem e adaptabilidade organizacional. Esta abordagem de liderança parte da ideia do trabalho adaptativo. A ciência da complexidade sugere um paradigma diferente para a liderança. Neste contexto a liderança exprime a presença de uma complexa dinâmica interativa em que resultados adaptativos emergem. As propriedades emergentes resultam em aprendizado, inovação e trabalho adaptativo (UHLBIEN; MARION; MCKELVEY, 2007). Um dos princípios fundamentais da TLC é entender a liderança no contexto dos SAC de forma a compreender a dinâmica organizacional, os processos de emergência e inovação, e consequentemente o papel dos líderes (LOPES, 2011; UHL-BIEN; MARION; MCKELVEY, 2007). Sob a ótica da TLC, os mecanismos e o contexto dos SAC habilitam a rede de 44 resolução de problemas e a geração de ideias para muito além das capacidades individuais promovendo ações emergentes, informais e adaptativas e de interação entre indivíduos e grupos (LOPES 2011; UHL-BIEN; MARION, 2009). De acordo com Lopes (2011), antes de propor os fundamentos para a TLC, Marion e Uhl-Bien (2001) discutiram os elementos que relacionam a complexidade e a liderança, de forma a compreender os comportamentos que habilitam a efetividade organizacional, conforme disposto no Quadro 07. Quadro 07: Proposições da Complexidade e Implicações na Liderança Proposições da Implicações Implicações Comportamentos Complexidade Gerais Práticas Esperados do Líder Comportamentos dos SAC devem ser analisados como produtos das ações de variáveis independentes e da interação dentro e entre os SAC A liderança é eficaz quando capitaliza a dinâmica interativa (correlação, aleatoriedade, interação) entre e com os SAC. Os líderes não podem prever nem controlar comportamento futuro dos SAC. Líderes devem promover as condições interativas para um futuro produtivo. Líderes complexos: cultivam interações em larga escala, e tem foco em interações globais, em vez de tentar controlar os acontecimentos locais. Imprevisibilidade é um elemento forte e pervasivo dos SAC Os SAC estão sujeitos a surpresas periódicas e o seu futuro é, em última análise, imprevisível. Os líderes não podem determinar ou controlar o futuro das organizações complexas. Líderes complexos: desenvolvem competências que habilitam resultados adaptativos. Fonte: Lopes (2011, p. 127), baseado em Marion e Uhl-Bien (2001). Nos estudos seminais de Marion e Uhl-Bien (2001), a liderança já era entendida além das visões de controle, direção, comando e gerenciamento. Princípios estes que representavam as qualificações necessárias aos modelos tradicionais. As necessidades de se ter uma liderança muito mais ativa, com vistas à mudança de pensamento, e características individuais de próatividade, resiliência e dinamismo, cercam este novo formato na era do conhecimento. Pessoas precisam trabalhar num modelo complexo e implicitamente encontrar soluções e propor ações que visem a solucionar problemas de ordem comportamental, gestão de conflitos e no âmbito organizacional como um todo. A TLC se apresenta como um paradigma para reflexão acerca da liderança considerando-se questões como compartilhamento, distribuição, coletividade, relacionamentos, dinâmicas, emergência e adaptação. A estas questões predispõe-se um contexto de evolução e desenvolvimento dos líderes e consequentemente do ambiente 45 (LOPES 2011; UHL-BIEN; MARION, 2009). Isto é notável nas Organizações em que as fronteiras entre as funções são difusas e operam de modo informal e não linear. Para a TLC um dos elementos fundamentais está na distinção entre organização formal e informal (LOPES, 2011). A TLC explica que a organização formal define modelos de comportamento, enquanto a organização informal é o comportamento real dos membros da organização. Nos processos de criação do conhecimento, os líderes precisam habilitar as redes informais dinâmicas da organização. Esta dinâmica informal é entendida na TLC como um elemento fundamental para a mudança efetiva e seu potencial deve ser direcionado para os objetivos da organização (LOPES, 2011; UHL-BIEN; MARION, 2009; UHL-BIEN; MARION; MCKELVEY, 2007). Portanto, a TLC é uma estrutura que possibilita o desenvolvimento da liderança por meio da aprendizagem e da capacidade criativa e adaptativa de sistemas adaptativos complexos. Concomitantemente, permite que as estruturas tradicionais de controle, tornem-se apropriadas a coordenar e produzir resultados às Organizações em seus processos formais, de acordo com sua missão, visão, valores e objetivos. Ou seja, torna-se compatível a execução do planejamento estratégico. A TLC ainda destina-se a integrar a dinâmica da complexidade e da burocracia, da coordenação, do controle, da prospecção e exploração, dos SAC e hierarquias, bem como a emergência casual (UHL-BIEN; MARION; MCKELVEY, 2007). 2.6.1 Os papéis de Liderança na TLC A TLC compreende a liderança em três papéis: administrativa, habilitadora e adaptativa, considerando-se a existência de diferentes tipos de organização. Para entender as funções descritas sua representação se estabelece conforme o Quadro 08, papéis da liderança na TLC. 46 Quadro 08: Papéis da Liderança na TLC Papel Descrição Liderança Administrativa Representa a forma gerencial de liderança, presente nas funções burocráticas da Organização. Abrange os processos de liderança informal que ocorrem nas interações intencionais de agentes humanos interdependentes (individuais ou coletivos), que trabalham para gerar e promover a adaptação. Atua na interface entre as outras duas formas, promovendo condições úteis para as dinâmicas interativas complexas da liderança adaptativa e gerencia as interfaces administrativo-para-adaptativo e inovação-paraorganização. Liderança Adaptativa Liderança Habilitadora Fonte: Lopes, (2011, p. 129). Para a compreensão dos papéis da liderança na TLC, descritas no Quadro 08, UhlBien e Marion (2009) apresentam um modelo da estrutura destes papéis, no intuito de relacioná-los aos SAC, conforme se vislumbra observa na Figura 02. Figura 02: Papéis da Liderança na TLC Fonte: Lopes (2011, p. 130), baseado em Uhl-Bien e Marion (2009). Neste modelo de Uhl-Bien e Marion (2009), ilustrado por Lopes (2011), as estruturas triangulares representam a mesma Organização. À esquerda apresenta-se a estrutura burocrática que é o domínio da função administrativa. À direita encontram-se os SAC, os quais representam as dinâmicas informais em rede da função adaptativa. A liderança 47 administrativa acontece na estrutura burocrática; a liderança adaptativa nas estruturas dos SAC e a liderança habilitadora ocorre na interface entre as duas (LOPES, 2011). Na visão de Lopes (2011) para a TLC isto é definido como sendo o emaranhado ou “entanglement” em conformidade com Uhl-Bien e Marion (2009). O papel da liderança habilitadora será o de operar na interface entre a liderança adminisrativa e a adaptativa, ajudando na gestão deste emaranhado. Quando o emaranhado for eficaz e devidamente habilitado, produz os resultados desejados na TLC quais sejam: a inovação, a aprendizagem, a adaptabilidade e novas formas organizacionais (LOPES, 2011, UHL-BIEN; MARION, 2009). Lopes (2011) observa ainda que, se o emaranho de funções adaptativas está habilitado e funcionando adequadamente, produzirá resultados os quais serão realimentados e inseridos na estrutura administrativa. No entendimento da teoria da complexidade, estes resultados significam a emergência ou “surgimento” de novas situações, que se configura em novas estratégias para caminhar no incerto e no aleatório (MORIN, 2000). 2.6.2 Função Adaptativa na TLC A função adaptativa na TLC compõe-se por três elementos principais: a liderança adaptativa, as dinâmicas da complexidade e as condições habilitadoras (UHL-BIEN; MARION 2009). Quando ocorre a interação entre estes elementos produz-se a emergência e o comportamento adaptativo nos SAC. A função adaptativa, para a TLC, define o pressuposto de que as emergências em um SAC surgem com base nas inter-relações da liderança adaptativa (forças agentic), das dinâmicas da complexidade e condições habilitadoras (forças emergentes), (UHL-BIEN; MARION 2009), conforme descrito na Figura 03. 48 Figura 03: Função Adaptativa na TLC Fonte: Lopes (2011, p. 132), baseado de Uhl-Bien e Marion (2009). De acordo com o que mostra a Figura 03, a função adaptativa na TLC é regida por meio das forças agentic da liderança adaptativa. Estas forças são compostas por meio das interações dos agentes predispostos aos comportamentos provenientes dos SAC (LOPES, 2011), ao que se conhece nas organizações como liderança informal. Para esta força ser estimulada necessita-se das condições que a habilitem como: interações dinâmicas do grupo, interdependência com a gestão, heterogeneidade do grupo (por exemplo, nas universidades: diversas formações em um único setor) e as tensões adaptativas pelas demandas que se apresentam para resolução e tomada de decisões. As dinâmicas da complexidade referem-se aos conceitos de não linearidade que implica ultrapassar a noção de simples organização das partes para uma reorganização com a visão do todo (LOPES, 2011; DEMO, 2002), concebida em um ambiente flexível. Outro conceito ligado às dinâmicas da complexidade é a aglutinação, também conhecida como interconexão ou vínculos que se estabelecem entre agentes para fomentar o novo ambiente (UHL-BIEN; MARION, 2009). Por último, tem-se os atratores, responsáveis pelos fluxos de informações e de prospecção deste ambiente. Ainda conforme a Figura 03, tanto as condições habilitadoras quanto as dinâmicas da complexidade descritas na função adaptativa significam as forças emergentes que influenciam e são influenciadas pela liderança adaptativa (individual ou coletiva), que por sua vez estimulam a emergência e assim, o ciclo da força agentic se renova e se refaz (LOPES, 2011; UHL-BIEN; MARION, 2009). A liderança adaptativa na TLC é entendida como um processo de liderança informal, o qual, ocorre em atos intencionais de interação entre agentes humanos interdependentes 49 (individuais ou coletivos) para gerar e promover soluções inovadoras, bem como, atender as necessidades de adaptação dos sistemas (LOPES, 2011; UHL-BIEN; MARION, 2009). A liderança adaptativa compreende as ações individuais ou coletivas, sendo um processo dinâmico no qual os líderes adaptativos agentic interagem e exercem o potencial sobre as dinâmicas emergentes da complexidade para produzir as mudanças adaptativas (LOPES, 2011; UHL-BIEN; MARION, 2009). Heifetz (1994) reforça este pensamento quando postula que a liderança em termos de trabalho adaptativo significa a mobilização de pessoas, com respeito aos seus valores, na execução de ações (atividade meio) para a obtenção de resultados (atividade fim), observando-se as mudanças contidas no decorrer do processo. Na TLC, as condições habilitadoras são as que definem um determinado contexto, com base no qual, a função adaptativa é estimulada (LOPES, 2011; UHL-BIEN; MARION; MCKELVEY, 2007). O Quadro 09 destaca como os líderes adaptativos podem habilitar condições que influenciam os elementos do contexto dos SAC. Quadro 09: Condições Habilitadoras e a TLC Condição Interação Dinâmica Interdependência Heterogeneidade Tensão Adaptativa Descrição - A liderança adaptativa estimula a interação dinâmica para promover ainda mais o comportamento adaptativo complexo. - A liderança adaptativa identifica e estimula condições de interdependência para promover o comportamento adaptativo complexo. - A motivação dos indivíduos para se comprometer e se engajar com comportamentos adaptativos complexos é relacionado positivamente com seu sentimento de interdependência. - A liderança adaptativa estimula condições de heterogeneidade para promover o comportamento adaptativo complexo. - A liderança adaptativa cria condições para que ocorra a tensão nos SAC de modo que eles estejam em constante reelaboração e mudança. Fonte: Lopes (2011, p. 136), baseado em Uhl-Bien, Marion e McKelvey (2007) e Uhl-Bien e Marion (2009). O Quadro 09 demontra especificamente as condições que são habilitadas por um líder adaptativo (individual ou coletivo) por ocasião das forças emergentes (interação dinâmica, interdependência, heterogeneidade e tensão adaptativa) que consequentemente estimulam os elementos dos SAC (UHL-BIEN; MARION, 2009). Os mecanismos e/ou os comportamentos que ocorrem nos SAC são descritos pelas dinâmicas da complexidade (LOPES, 2011), sendo que, o comportamento esperado dos líderes adaptativos na TLC, são especificados de acordo com o Quadro 10: Dinâmicas da Complexidade e a TLC, considerando-se as dinâmicas dos SAC. 50 Quadro 10: Dinâmicas da Complexidade e a TLC Dinâmica Não linearidade ou Recorrência Aglutinação Atratores Descrição - Líderes adaptativos (individuais ou coletivos) são mais aptos a entender as dinâmicas complexas por estarem engajados no pensamento não linear. - Líderes adaptativos (individuais ou coletivos) fomentam o fluxo de informações e conhecimento por estarem engajados no diálogo que ajuda a conectar passado, presente e futuro. - Líderes adaptativos (individuais ou coletivos) são mais aptos a entender as dinâmicas complexas por visualizarem as interconexões. - Líderes adaptativos (individuais ou coletivos) ajudam a estimular e reforçar os processos dinâmicos da complexidade, promovendo a interconectividade a criação de vínculos. - Líderes adaptativos (individuais ou coletivos) são mais aptos a entender as dinâmicas complexas por reconhecerem os atratores e compreenderem a natureza dos movimentos que eles criam. - Líderes adaptativos (individuais ou coletivos) ajudam a criar fluxos de informações e conhecimento que estimulam o surgimento de atratores. Fonte: Lopes (2011, p. 136), baseado em Uhl-Bien, Marion e McKelvey (2007) e Uhl-Bien e Marion (2009). O Quadro 10 explicita as características inerentes às dinâmicas da complexidade dispostas sob a teoria da liderança com base na complexidade . Neste Quadro, dispõem-se a visão da liderança restrita ao papel e ao trabalho mobilizador do líder adaptativo (individual ou coletivo) em um ambiente no qual se reconhece a não linearidade, a aglutinação e os atratores, ou seja, parte das forças emergentes para a percepção da TLC. Dentro dos conceitos dos SAC um dos principais é a emergência. Na TLC, a emergência é entendida como os acontecimentos interdependentes, não lineares que produzem ou caracterizam mudanças nos próprios SAC (LOPES, 2011; UHL-BIEN; MARION; MCKELVEY, 2007). Nesta visão, a emergência depende de um fluxo de informações e interações entre a liderança adaptativa, as dinâmicas da complexidade e as condições habilitadoras. Os resultados adaptativos surgem diante da emergência e envolvem dois mecanismos interdependentes: a reorganização entendida como a transformação de elementos sobre condições de tensão, e a auto-organização, que significa a capacidade dos sistemas em aumentarem sua complexidade sem a necessidade de serem guiados ou gerenciados (LOPES, 2011; UHL-BIEN; MARION, 2009). 51 2.7 LÍDERES E GESTORES: DISSONÂNCIAS E CONFLUÊNCIAS A origem etimológica da expressão líder, para Ferreira (2009), vem do inglês leader, significando o indivíduo que chefia, comanda e/ou orienta qualquer tipo de ação, empresa ou linha de ideias. Assim, pode-se depreender a liderança tradicional presente neste conceito, a qual entendia que o líder estava sempre no centro do processo, como um comandante, um orientador, um herói. Para Heifetz (1994), nas mais variadas situações, se estabelece a forma mais adequada para a liderança que entende o ambiente no contexto de adaptabilidade. No entanto, para o autor, os empresários têm uma distinção entre liderança e gestão, sendo que, a primeira passou a significar também “influência” sobre as pessoas sem a necessidade de meios coercitivos ou por imposição. E, quanto à gestão, significa um “estado”, uma determinação por cargo. Ou seja, é possível reconhecer um líder, ainda que não esteja no estado da gestão, desde que exerça influência sobre um grupo e promova o engajamento e a mobilização social. (HEIFETZ, 1994). Para Ulh-Bien e Marion (2009), este líder pode ser um atrator (líder informal) e para reconhecer este atrator ainda há um outro líder, o adaptativo, conforme descrito anteriormente no Quadro 08. A este pensamento, Day (2001) enfatiza que o desenvolvimento de liderança ocorre por meio do indivíduo (líder) e o ambiente social e organizacional em que está inserido. Este ambiente coopera para o desenvolvimento das competências interpessoais de consciência social e habilidades sociais do líder. O ideal é que este ‘líder’, influenciador, engajador, mobilizador, esteja no estado da ‘gestão’, porque será uma junção de empoderamento, autonomia, democracia, reconhecimento e confiança (HEIFETZ, 1994). Portanto, as dissonâncias predizem a distinção entre um cargo de gestão, em que o poder descrito por meio de uma escala hierárquica com elegibilidade ao cargo destoa por vezes das características desejadas para um líder na atualidade, conforme as descrições da TLC (UHL-BIEN; MARION; MCKELVEY, 2007). As confluências se referem ao exercício da gestão por uma pessoa detentora dos elementos característicos da liderança com base na complexidade (TLC), em que o propósito de gerir está do desenvolvimento por meio de uma construção coletiva, aberta, participativa e flexível (LOPES; CERVI, 2013). 52 Conquanto, os autores que inferem suas reflexões para a TLC predizem um interface entre gerir (mananger) e de liderar (leader), como sendo o modelo ideal para uma organização, pois o sistema estará habilitado às mudanças (LOPES, 2011; UHL-BIEN; MARION, 2009). Ou seja, a TLC não descarta o cumprimento da função administrativa predisposta por um planejamento estratégico, mas sim, une as competências de um líder adaptativo às estratégias da Organização no exercício da gestão (UHL-BIEN; MARION; MCKELVEY, 2007; LOPES; CERVI, 2013). A consequência desta união de forças e de entendimento (complexidade intelectual) resultará na liderança habilitadora, essencial para a gestão de organizações complexas. 53 3 MÉTODO DA PESQUISA As investigações de pesquisa sintetizam-se na preocupação do homem com o conhecimento da realidade que se torna uma constante em sua vida. Para isso, a pesquisa tem o papel de investigar, por meio de métodos e delineamentos, as respostas que a sociedade busca, contemplando o teor e o rigor científico (RICHARDSON, 2012). Os métodos científicos têm uma capacidade limitada para fazer previsões, tendo em vista que os problemas da sociedade humana só podem ser diagnosticados quando observados os valores nela contidos. Com valores diferentes, encontram-se realidades diferentes, as quais exigem maneiras distintas e adaptativas que não se restrinjam apenas na sobrevivência, mas sim para um contexto dinâmico e complexo (HEIFETZ, 1994). Com base nesta visão, este capítulo trata de um conjunto de regras e procedimentos que compuseram o curso desta pesquisa científica. O propósito foi o de analisar se existia a presença dos elementos característicos da TLC na atuação dos pró-reitores das Universidades do Sistema ACAFE, a partir dos estudos da Gestão Universitária, da Ciência da Complexidade, dos SAC e da Liderança Adaptativa na visão da Teoria da Liderança com base na Complexidade (TLC). 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA Referente aos objetivos, a presente pesquisa caracterizou-se como descritiva, a qual tem como finalidade descrever as características de determinada população, fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. A pesquisa descritiva efetua levantamento de opiniões, atitudes e crenças de uma população (MALHOTRA, 2006; RICHARDSON, 2012). Os estudos descritivos são desenvolvidos com o objetivo de proporcionar uma visão sobre a atuação prática de um órgão, setor, população, entre outros. Esta pesquisa é usada principalmente por instituições educacionais, empresas comerciais e partidos políticos (RICHARDSON, 2012). Quanto à abordagem do problema, de natureza qualitativa, em que se apresenta como a tentativa de uma compreensão detalhada dos significados e características situacionais abordadas pelos entrevistados. Revela as convicções destes que, de forma subjetiva a cada depoimento, detém a primazia explicativa sobre o conhecimento teórico do investigador (MINAYO, 1994). 54 Em consonância ao exposto, Richardson (2012), aponta que a pesquisa qualitativa nas ciências sociais preocupa-se com um nível de realidade que não pode ser quantificado, trabalhando com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, correspondendo a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. Para o atendimento do tema escolhido desta pesquisa – a liderança com base na complexidade – os desafios em termos de métodos de investigação são significativos, pois a TLC é uma teoria contextual da liderança e exige métodos diferenciados (UHL-BIEN; MARION, 2009). Diante das conjecturas apresentadas, optou-se pela pesquisa qualitativa. Isto significa afirmar que para a eficácia dos resultados de pesquisa os pesquisadores de liderança necessitam explorar metodologias que lhes permitam recolher dados ricos e dinâmicos. Podem ainda, considerar elementos contextuais e longitudinais que incidam sobre os processos (mecanismos), ao invés de apresentarem-se estáticos. Para tanto, tais métodos incluem abordagens qualitativas, com simulações e modelagem ou estudos de caso (UHLBIEN; MARION, 2009). Com base nestas conjecturas, em cumprimento aos objetivos propostos, a presente pesquisa utilizou-se da técnica de análise do discurso a qual permitiu à pesquisadora o aprofundamento dos significados das ações e relações humanas (MINAYO, 1994). Diante disto, considerando-se a diversidade humana, os valores intrínsecos de cada um, a opção por um método científico, ainda que se perceba como o mais adequado, constituise em um desafio ao pesquisador, pois os métodos científicos ainda não definem com segurança todas as circunstâncias observadas. Os efeitos são complexos porque nem sempre é possível definir os problemas de forma objetiva (HEIFETZ, 1994). Neste estudo, portanto, justificou-se a opção pela pesquisa qualitativa uma vez que o tema exprime aspectos de subjetividade a serem compreendidas por meio da análise do discurso. 3.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA Quanto ao delineamento de pesquisa Malhotra (2006) e Richardson (2012) explicam que se refere ao planejamento da pesquisa em sua dimensão mais ampla, envolvendo tanto a sua diagramação quanto a previsão de análise e interpretação dos dados. Enquanto que, Kerlinger (1996) enfatiza que “[...] se o delineamento for bem concebido, o produto resultante da pesquisa tem maior probabilidade de ser válido empiricamente e merecer atenção científica 55 séria”. A Figura 04 apresenta um mapeamento do processo de pesquisa que ilustra a forma como foi conduzida e sua respectiva execução. Figura 04: Mapeamento do processo de pesquisa Fonte: Elaborado pela autora (2013). 56 3.3 OBJETO DE PESQUISA: SISTEMA ACAFE Conforme o estatuto da Associação Catarinense das Fundações Educacionais, de 06 de janeiro de 2004, em seu artigo 1º, a ACAFE é pessoa jurídica, de direito privado, sendo uma associação civil, sem fins lucrativos. Iniciou suas atividades em dois de maio de 1974, em Assembleia Geral dos dirigentes das Fundações Educacionais, criadas no estado de Santa Catarina por leis dos Poderes Públicos Estadual e Municipal. Tem como objetivo congregar e integrar as entidades mantenedoras do ensino superior no estado de Santa Catarina (ACAFE, 2013). Sua missão é a de “desenvolver o ensino, ciência, tecnologia e inovação pelo compartilhamento de ações e competências para assegurar o fortalecimento das IES associadas em prol da educação superior em Santa Catarina”. Enquanto visão, a ACAFE pretende “ser reconhecida nacional e internacionalmente como um Sistema de Educação Superior integrado e sinérgico, no intuito de produzir resultados para as IES e para a Sociedade na produção do conhecimento, da ciência, da tecnologia e da inovação” (ACAFE, 2013). Conforme disposto em seu sítio oficial, até 2013, o Sistema ACAFE possui em sua estrutura administrativa e de dirigentes, um Presidente, um Vice-Presidente e um Secretário Executivo, bem como o Conselho Deliberativo e o Conselho Fiscal. Compõem o seu sistema 17 (dezessete) IES, sendo que, nove delas são Universidades e oito são centros universitários. Em sua estrutura, conta com um reitor, vice-reitorias e/ou pró-reitorias administrativas, de ensino (acadêmica), de pesquisa e de extensão, sendo esta estrutura de arranjo administrativo/acadêmico criado individualmente pelas próprias IES, conforme a sua conveniência e escolha. Fato este que, ao longo da pesquisa, promoveu algumas distorções nos cargos dos entrevistados, pois o foco estava nas pró-reitorias de ensino, porém alguns destes pró-reitores acumulavam as pastas em: ensino, pesquisa e extensão ou receberam o cargo de Vice-Reitor. Faz-se importante salientar que a elegibilidade pela aplicação da pesquisa de campo junto ao Sistema ACAFE, no papel de seus pró-reitores de ensino, na categoria de Universidades, se deu por conveniência da pesquisadora, conforme explicita Malhotra (2006) e pela oportunidade concedida por parte de seus dirigentes. 57 3.4 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS Para a coleta primária de dados utilizou-se de um roteiro de entrevista semiestruturada e em profundidade (Apêndice B). As perguntas foram formuladas a partir dos estudos da TLC e em consonância com os objetivos da pesquisa. A entrevista é uma técnica que permite o desenvolvimento de uma estreita relação entre investigador e seu público e representa um modo de comunicação no qual determinada informação é transmitida de uma pessoa a outra de forma bilateral (RICHARDSON, 2012). As entrevistas foram efetuadas com os respectivos pró-reitores de ensino das Universidades que compõem o sistema ACAFE – Associação Catarinense das Fundações Educacionais. O período de realização da pesquisa em campo ocorreu entre os meses de outubro a dezembro de 2013. Foram contatados por e-mail e ligações telefônicas os 09 (nove) pró-reitores das Universidades listadas no Quadro 11, público pretendido de pesquisa. Quadro 11: Universidades do Sistema ACAFE IES FURB UDESC UnC Descrição e Localidade Universidade de Blumenau – Blumenau (SC). Universidade do Estado de Santa Catarina – Florianópolis (SC). Universidade do Contestado – Mafra (SC). UNESC Universidade do Extremo Sul Catarinense – Criciúma (SC). UNISUL Universidade do Sul de Santa Catarina – Tubarão (SC). UNIVALI Universidade do Vale do Itajaí – Itajaí (SC). UNIVILLE Universidade da Região de Joinville – Joinville (SC). UNOCHAPECÓ UNOESC Universidade Comunitária da Região de Chapecó – Chapecó (SC). Universidade do Oeste de Santa Catarina – Joaçaba (SC). Fonte: Elaborado pela autora (2013). Concretizaram-se 08 (oito), das 09 (nove) pró-reitorias pretendidas na pesquisa de campo. As oito Universidades estudadas, possuem um total de 140.300 (cento e quarenta mil e trezentos) alunos regularmente matriculados (2013/2). O corpo docente é formado por 7.534 (sete mil, quinhentos e trinta e quatro) profissionais. Das 08 (oito) entrevistas, 05 (cinco) aconteceram in loco, na sede, 02 (duas) por intermédio de vídeo conferência (Skype) e 01 (uma) foi respondida eletronicamente por meio do roteiro de perguntas. A entrevista faltante não ocorreu por impossibilidade do pró-reitor de ensino em receber a pesquisadora no período destinado à pesquisa de campo. Foi devidamente 58 justificada por não haver agenda para o intento, ainda que, com várias tentativas de datas e horários. As entrevistas foram gravadas em áudio e transcritas, com exceção da que foi respondida eletronicamente. A transcrição é um processo que demanda tempo para absorver a diversidade do discurso, sendo que há sistemas de transcrição capazes de representar diferentes características com riqueza de detalhes da fala e das expressões (FAIRCLOUGH, 2001). 3.4.1 Análise Os dados coletados na pesquisa de campo foram tratados segundo a análise do discurso, distribuída por meio de categorias de análise (Quadro 12) que se encontram descritas na próxima seção, e, estabelecidas em alinhamento aos objetivos geral e específicos. A análise do discurso refere-se ao fato de que é possível a reflexão das condições sócio-históricas de produção dos textos analisados visando a análise crítica da articulação da língua com a ideologia. A análise do discurso baseia-se no pressuposto de que o sentido de um texto explicita posições sociais ou ideológicas que devem ser relevadas através da própria análise (APPOLINÁRIO, 2004; MINAYO, 1994). Para Fairclough (2001), a análise do discurso apresenta-se em três tradições analíticas: o texto, a prática discursiva e a prática social. Esta última se estabelece no sentido de entender as práticas com base em procedimentos de senso comum partilhado e foi a técnica utilizada na análise. Ou seja, como os membros das comunidades sociais produzem seus mundos ordenados ou explicáveis. As práticas dos membros ao produzirem seu mundo são moldadas de forma inconsciente, por estruturas sociais, relações de poder e pela natureza da prática social em que estão envolvidos, sendo que os marcos delimitadores irão para além da produção de sentidos (FAIRCLOUGH, 2001). A técnica de análise do discurso, sob a ótica de Minayo (2007), pode ser aplicada no sentido de reflexão geral sobre as condições de produção e apreensão dos significados para o que se está buscando. No caso do presente estudo, a presença dos elementos característicos da TLC na atuação dos pró-reitores, nas Universidades eleitas. Desta forma, tornou-se compreensível o modo de funcionamento, os princípios de organização e as formas de produção de seus sentidos a partir dos efeitos de superfície (a linguagem e sua organização). 59 Ainda, a análise do discurso, enquanto possibilidade teórica, de acordo com Minayo (2007) apresenta meios para que o investigador entenda o processo e as condições de produção de um discurso. Neste caso, as entrevistas representaram esta produção e tiveram o intuito de projetar classificações, com base em teorias relevantes, as quais serviram de marco de explicação para as descobertas da pesquisadora e futuras pesquisas na área. A análise dos dados foi realizada em uma categorização que considerou o referencial teórico e empírico de base e os discursos dos pró-reitores. Ambos permitiram o entendimento acerca de suas práticas de atuação na gestão para alcançar o objetivo deste estudo de reconhecer os fundamentos da TLC presentes nas pró-reitorias. 3.4.2 Definições das Categorias de Análise As categorias de análise estabeleceram-se de acordo com a literatura de base e em conformidade com os objetivos da pesquisa. Elas foram organizadas em quatro etapas descritas no Quadro 12 e detalhadas no Apêndice A. 60 Quadro 12: Categorias de Análise CATEGORIAS DEFINIÇÕES Definição Constitutiva: Na TLC, as condições habilitadoras definem o contexto sobre os quais os SAC operam, recebendo influência e sendo influenciado. Diante dos elementos advindos das condições habilitadoras são estimuladas as forças emergentes que promovem a Categoria Analítica: Condições Habilitadoras liderança adaptativa (LOPES, 2011, UHL-BIEN; MARION, 2009). Definição Operacional: para identificar a presença das condições habilitadoras na atuação dos pró-reitores foi analisado se estes promovem: a interação dinâmica do grupo; a interdependência de sua equipe; a heterogeneidade e a tensão adaptativa (APÊNDICE A). Definição Constitutiva: As dinâmicas da complexidade descrevem os mecanismos que ocorrem nos SAC. Diante dos comportamentos advindos das dinâmicas da complexidade são estimuladas as forças emergentes que promovem a liderança adaptativa (LOPES, Categoria Analítica: Dinâmicas da Complexidade 2011, UHL-BIEN; MARION; MACKELVEY, 2007; UHL-BIEN; MARION, 2009). Definição Operacional: para identificar a presença das dinâmicas da complexidade foi analisado como os pró-reitores lidam com: a não linearidade ou recorrência, a aglutinação e os atratores (APÊNDICE A). Definição Constitutiva: Para a TLC, a emergência é entendida como sendo os acontecimentos interdependentes e não lineares que produzem ou caracterizam mudanças nos SAC. A presença de um contexto emergente depende de um fluxo de informações e interações entre a liderança adaptativa, as dinâmicas da complexidade e as condições habilitadoras (LOPES, 2011, UHL-BIEN; MARION; MACKELVEY, 2007; Categoria Analítica: Emergência UHL-BIEN; MARION, 2009). Definição Operacional: para compreender a existência de um contexto emergente, foi analisado de que forma ocorre a inovação, a aprendizagem e a adaptabilidade no ambiente de trabalho das pró-reitorias e se o mesmo corresponde a um ambiente de estímulo, incentivo e motivação das pessoas para a execução das estratégias (APÊNDICE A). Definição Constitutiva: O líder adaptativo promove a mobilização e o engajamento das pessoas no sentido de motivá-las, dar-lhes Categoria Analítica: Líder Adaptativo orientação e foco para as mudanças, a adaptabilidade e a inovação organizacional (HEIFETZ, 1994). Definição Operacional: O líder adaptativo na TLC promove e estimula as forças emergentes que são validadas com as condições habilitadoras e as dinâmicas da complexidade, possíveis por meio da convergência dos atributos de um gestor-líder (APÊNDICE A). Fonte: Elaborado pela autora, baseada na TLC (2013). 61 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA Neste capítulo apresentam-se os resultados da pesquisa de campo por meio da análise do discurso das entrevistas realizadas com os pró-reitores das Universidades do Sistema ACAFE, conforme descrição nos procedimentos metodológicos. A atuação dos pró-reitores está pautada em conviver com um ambiente complexo e dinâmico, não linear e emergente. Exige-se deles a tomada de decisão a partir de objetivos pré-determinados no Planejamento Estratégico e nas demandas do cotidiano, os quais visam ao desenvolvimento das Universidades (PAIVA, 2006). Diante disso e de todas as adversidades a que se expõem, é preciso por meio da mobilização das pessoas, promover o bem social à comunidade acadêmica e à sociedade. No intuito de se apresentar e de consolidar esta argumentação, apresentam-se os resultados da pesquisa de campo que estão dispostos em: análise dos dados inerentes às Universidades concebidas como público de pesquisa, o perfil dos entrevistados e as categorias de análise que condizem à TLC em consonância aos objetivos de pesquisa. As categorias analisadas, por meio da técnica de análise do discurso foram: condições habilitadoras, dinâmicas da complexidade, emergência e líder adaptativo. Vale salientar que, em respeito à solicitação do público de pesquisa e por uma questão ética previamente determinada no termo de consentimento livre e esclarecido para a participação na pesquisa (Apêndice C), se codificará os depoimentos dos entrevistados. Para tanto, por conveniência da pesquisadora os respondentes foram tratados como: E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8. 4.1 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA DE CAMPO INERENTES ÀS UNIVERSIDADES Antecedente às categorias de análise, fez-se um levantamento de dados junto aos respondentes para compreender o seu universo de trabalho, ou seja, o seu contexto universitário. Aquilo que se refere à sua pasta, à sua responsabilidade. Encontra-se disposto na Tabela 01 o contingente discente e docente das respectivas Universidades. 62 Tabela 01: Alunos e Professores Universidade Número de Alunos 12.000 Número de Professores 800 UDESC 13.000 1.200 UnC 16.800 1.000 UNISUL 33.500 1.500 UNIVALI 26.000 1.087 UNIVILLE 10.000 550 8.000 547 21.000 850 140.300 7.534 FURB UNOCHAPECÓ UNOESC Total Fonte: Elaborado pela autora, com base nos dados da pesquisa (2013). Conforme os depoimentos arguidos entre os meses de outubro à dezembro de 2013, os pró-reitores informaram os números citados no Quadro 12, os quais necessitam de alguns esclarecimentos. Trata-se de números estimados (aproximados) de alunos, pois, conforme o semestre alteram-se as matrículas. Na FURB, o total de alunos que prediz o número de 12.000 (doze mil), matriculados em 2013/2, 10.299 (dez mil, duzentos e noventa e nove) eram discentes de graduação e o restante, entre pós-graduação e ensino médio. Professores somam um total de 800 (oitocentos). Estes dados foram disponibilizados pelo respondente e confirmados com a Coordenação de Ensino Superior da Universidade. Na UDESC, dos 13.000 (treze mil) alunos, 11.500 (onze mil e quinhentos) são de graduação e 1.500 (um mil e quinhentos) de pós-graduação. Quanto aos professores, são 812 (oitocentos e doze) efetivos e aproximadamente 400 (quatrocentos) temporários, perfazendo o total aproximado de 1.200 (um mil e duzentos). Na UnC, dos 16.800 (dezesseis mil e oitocentos) alunos, 15.000 (quinze mil) estão distribuídos em graduação e pós-graduação e outros 1.800 ( mil e oitocentos) são da educação à distância (EaD). Seus 1.000 (um mil) professores atuam tanto em cursos presenciais quanto na EaD. A UNISUL possui o maior contingente discente e docente. São aproximadamente 32.000 (trinta e dois mil) alunos com uma variação para 31.000 (trinta e um mil) alunos, conforme o semestre. Estão contemplados entre graduação, pós-graduação e em EaD 63 (salienta-se o fato de possuir setenta e oito polos de EaD distribuídos em todo o País). Os outros 1.507 (um mil quinhentos e sete) são estudantes da educação básica. Quanto à UNIVALI, dos seus 26.000 (vinte e seis mil) alunos, 20.200 (vinte mil e duzentos) são da graduação. Para atender ao conjunto total de alunos, fazem parte do quadro de docentes, 1.087 (mil e oitenta e sete) professores. Na UNIVILLE, os aproximados 10.000 (dez mil alunos) citados, referem-se aos dois campus e às duas unidades da instituição, inclusive o colégio que está sob a responsabilidade da pró-reitoria de ensino, sendo alunos de educação básica, ensino médio e superior. Seus 550 (quinhentos e cinquenta) professores atendem ao público informado. Referente à UNOCHAPECÓ os 8.000 (oito mil alunos) e os seus respectivos 547 (quinhentos e quarenta e sete) professores são do ensino superior, graduação e pós-graduação. E, por último, a UNOESC conta com 21.000 (vinte e um mil alunos) de graduação e pósgraduação, sendo que destes, 6.000 (seis mil) encontram-se no campus da cidade de Joaçaba. O restante se distribui entre os demais campi da Universidade. O quadro de professores, 850 (oitocentos e cinquenta) diz respeito ao atendimento de alunos de graduação e pós-graduação. 4.2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DO PERFIL DOS ENTREVISTADOS No Quadro 13 estão dispostas as informações inerentes aos cargos, formação, tempo de atuação na Universidade e tempo de docência dos respondentes, dados estes que compõem o seu perfil profissional. 64 Quadro 13: Perfil Profissional dos Entrevistados Entrevistado Pasta Cargo Formação Graduação E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Pró-Reitoria de Ensino de Graduação, Ensino Médio e Profissionalizante Vice-Reitoria Acadêmica Pró-Reitor de Ensino Ciências da Computação Vice-Reitor Acadêmico Administração Pró-Reitoria de Ensino Pró-Reitoria de Ensino Pró-Reitor de Ensino Pró-Reitor de Ensino História Pedagogia Pró-reitoria de Ensino de Graduação Vice-Reitoria Acadêmica de ensino, de pesquisa e de extensão. Pró-reitor de Ensino Vice-Reitor Acadêmico Ciências da Computação Pedagogia. Ciências 1º Grau. Vice Reitoria de Ensino, Pesquisa e Extensão Vice-Reitor Filosofia Atuação na IES Exercício no Cargo Docência Especialização em Tecnologias para o Desenvolvimento de Aplicações Web. Mestrado em Engenharia da Produção Doutorado em Engenharia e Gestão do Conhecimento. Especialização em Desenvolvimento Organizacional. Mestrado em Administração. Doutorado em Engenharia da Produção. Mestrado em História 21 anos 1 ano e 3 meses 21 anos 20 anos 3 anos 20 anos 16 anos 1 ano 16 anos Especialização em Fundamentos Educacionais Mestrado em Educação Doutorado em Educação Mestrado em Ciências da Computação 19 anos 4 anos 23 anos 19 anos 10 anos Especialização em Educação com Área de Concentração Séries Iniciais. Especialização em Tecnologia em Educação a Distância. Mestrado em Educação. 30 anos 1 ano e 6 meses 3 anos e 10 meses 15 anos 5 anos 15 anos 19 anos 1 ano e 6 meses 20 anos Pós-Graduação Especialização em Administração Pública e Sociedade Especialização em Gestão Estratégica de Instituições de Ensino Superior Mestrado em Engenharia da Produção Doutorado em Engenharia da Produção. Vice Reitoria de Vice-reitor Direito Especialização em Docência na Educação Superior Ensino, Pesquisa e Mestrado em Direito Extensão Doutoranda em Direito. Fonte: Elaborado pela autora (2013) com base nos dados da pesquisa e convalidação no Currículo Lattes. 30 anos 65 O Quadro 13 apresentou a diversidade de perfil dos entrevistados em termos de formação e do período de atuação no cargo de pró-reitor ou vice-reitor. Com relação às pastas, estas são diferentes em cada Universidade. Alguns dos entrevistados detêm o cargo de próreitor de ensino enquanto outros acumulam as Vice-Reitorias de Ensino, Pesquisa e Extensão. O processo de elegibilidade ao cargo acontece por eleição de chapa (Reitor e Vice-Reitor) ou por nomeação (Pró-Reitor), conforme dispõe o estatuto de cada Universidade. No Sistema ACAFE, a função de uma pró-reitoria de ensino, como órgão executivo, compreende a orientação, coordenação e fiscalização de todas as atividades de ensino (ACAFE, 2013). Os dados dispostos no Quadro 13 foram obtidos na pesquisa de campo, com as entrevistas, e sua autenticidade foi ratificada por meio de uma busca no Currículo Lattes (CNPQ, 2014) para firmar a veracidade dos mesmos. Não foi encontrado o currículo do respondente E5, mesmo com várias tentativas de modo de busca e de bases. Abstraiu-se das informações que a média geral de permanência dos entrevistados na Universidade em que atuam é de 20 anos, sendo que a média correspondente de tempo no exercício da pasta é de 02 anos e 8 meses aproximadamente. O tempo da docência apresentase na sua maioria relacionado ao ingresso na Universidade. Apenas o entrevistado E5 ingressou na Universidade como técnico administrativo, por isso da discrepância de tempo de docência com o tempo de atuação na Universidade. Destarte, ainda há o caso da atuação anterior no ambiente acadêmico que não a Universidade em questão. Há uma situação específica referente ao entrevistado E1, o qual, não estava mais no exercício do cargo de pró-reitor no período de realização da pesquisa de campo. A entrevista foi efetivada por indicação do atual pró-reitor que encontrava-se no cargo há apenas 03 (três) meses e entendeu não ser parâmetro para análise pela incipiência nas atividades da pasta. Quanto às formações, 02 (dois) entrevistados provêm das Ciências da Computação, outros 02 (dois) da Pedagogia, 01 (um) deles da Filosofia, 01 (um) da área de Direito e 01 (um) de Administração. Portanto, a formação em nível de graduação não foi um fator que interferiu na escolha destes profissionais para assumir o desafio da pasta, do contrário seriam todos ou Pedagogos ou Administradores, sob um olhar objetivo e de competências técnicas para atuação em cargo de gestão educacional. Pois que, o conceito de formação é mais amplo do que a de graduação ou de educação formal. 66 4.3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS CATEGORIZADOS A seguir, encontram-se dispostos os elementos característicos da TLC presentes na atuação dos pró-reitores. Foram identificados por meio da análise do discurso (FAIRCLOUGH, 2001) nas 08 (oito) entrevistas efetivadas nas Universidades investigadas. Apresentam-se sob a forma de categorias de análise contidas no Quadro 12, elaborado pela autora, com base nos fundamentos da TLC. A construção do conhecimento desta pesquisa representa um esforço em aproximar os construtos teóricos aos fatos empíricos expressos no depoimento das práticas das próreitorias. A discussão deste tema de pesquisa que envolve liderança e gestão, foi executado por meio de uma pesquisa qualitativa e com a técnica de análise do discurso (FAIRCLOUGH, 2001). Estes meios privilegiam o conhecimento de experiências vividas pelos respondentes no decorrer de sua atuação no estado da gestão, expandindo a visão acadêmica e científica para as correntes de liderança. A organização e apresentação das análises dos dados dispõem-se primeiramente na categoria de condições habilitadoras, em seguida dinâmicas da complexidade, após, emergência e por último líder adaptativo. Para cada categoria de análise foi elaborado um quadro individual dos respondentes da pesquisa, de E1 a E8, em que são dispostos os trechos das entrevistas que convergem ou não com os elementos característicos da TLC. A cada disposição de quadro apresenta-se uma discussão com a teoria de base em consonância com a análise do discurso. E, para diferenciar as falas (trechos dos depoimentos) dos entrevistados e os comentários e análises da pesquisadora, encontram-se grifados em itálico estes últimos, a partir do Quadro 15 até o Quadro 39. 4.3.1 Condições Habilitadoras Esta primeira categoria de análise permitiu reconhecer as condições habilitadoras na atuação dos pró-reitores que definem o contexto sobre os quais os SAC operam, recebendo influência e sendo influenciado. Diante dos elementos advindos das condições habilitadoras são estimuladas as forças emergentes que promovem a liderança adaptativa (LOPES, 2011, UHL-BIEN; MARION, 2009). Nesta categoria de análise cumpriu-se o primeiro objetivo específico da pesquisa. 67 A operacionalização dos dados se deu compreendendo a presença da interação dinâmica do grupo, por meio das relações, da liberdade de expressar opiniões e ser ouvido, a interdependência da equipe da pró-reitoria, no sentido de executar seus trabalhos com autonomia e acompanhamento, a heterogeneidade das pessoas que estão no setor (formações e experiências distintas) e a tensão adaptativa (os conflitos e o seu tratamento), conforme descrito no Quadro 12. As análises dispõem-se primeiramente de forma individual, para o detalhamento e riqueza das informações (MINAYO, 1994; RICHARDSON, 2012). 4.3.1.1 Resultados da Entrevista E1 No Quadro 14, apresentam-se os dados primários referentes o depoimento de E1, no que tange às condições habilitadoras da TLC. Quadro 14: Condições Habilitadoras nas práticas de atuação de E1 Condição Descrição constitutiva Envolvimento das pessoas nos processos de trabalho, no desenvolvimento das ações. Interação Dinâmica Presença de lideranças informais e sua respectiva contribuição no trabalho. Fortalecimento dos vínculos informais (SAC). Heterogeneidade Tensão Adaptativa [...] a gente tentou trabalhar inclusive em projetos especiais, em projetos que a gente justamente queria o envolvimento das pessoas, então isso foi discutido no grupo gestor. [...] quer dizer, eles (as pessoas) que trabalham, que tocariam estes projetos sem precisar dependência diretamente de nós, só se precisasse tomar uma decisão ou acessar outro tipo de informação. [...] as pessoas estavam muito habituadas a fazer o seu Equipe colaborativa que trabalho individualmente ou dependendo de alguém que recebe atenção e suas ideias mandasse, a questão da autonomia, ela era muito pouco são ouvidas e por vezes exercitada, então o momento em que a gente tentou aproveitadas. implantar um modelo de gestão um pouco diferente envolvendo as pessoas, se assustaram um pouco...” [...] bem heterogênea, até porque numa pró-reitoria de ensino Diz respeito à formação e você tem que saber lidar com problemas desde questões experiências anteriores e como inovação, de gestão de ensino, até questões bem distintas das pessoas que burocráticas, de registros, de planejamento, então você tem compõem a equipe da próque ter pessoas dos mais diferentes perfis. reitoria. [...] eu gosto de trabalhar com pessoas até diferentes de mim. [...] eu gosto de sentar com as pessoas e tentar identificar o que está acontecendo, agora, a gente precisa separar aí a Forma de administrar questão tipo pessoal, o que é processo de trabalho, daquelas conflitos e tensões. divergências de opinião [...] a gente precisa ouvir as pessoas, o que elas têm para acrescentar, porque é na divergência que a gente cresce. Fonte: Dados primários da pesquisa (2013). Autonomia acompanhamento processos de trabalho. Interdependência Prática da Pró-Reitoria: identificação da presença dos elementos que promovem as forças emergentes (descrição operacional). e nos 68 Percebeu-se no discurso de E1 que as práticas da pró-reitoria estavam voltadas para as condições habilitadoras que promovem as forças emergentes da TLC. Em toda a sua fala e gestos, no decorrer da entrevista, reforçou o fato do envolvimento das pessoas nos projetos e nas estratégias de gestão. Sentia-se desconfortável com o fato de as pessoas sempre fazerem as mesmas coisas. Para E1 as pessoas, nos mais diferentes perfis e níveis, ainda que não exercessem cargos de gestão (lideranças informais), precisam estar engajadas no desenvolvimento da Universidade. Nesta perspectiva, E1 estimula a presença dos SAC, pois o ambiente é fonte geradora das interações e interdependências entre os agentes (AXEROLD; COHEN, 2000), e consequentemente corroboram com a categoria de análise em questão. 4.3.1.2 Resultados da Entrevista E2 No Quadro 15 apresentam-se os trechos da entrevista de E2 que dizem respeito às condições habilitadoras nas suas práticas de atuação no cargo. Quadro 15: Condições Habilitadoras nas práticas de atuação de E2 (Continuação até a página 69) Condição Descrição constitutiva Prática da Pró-Reitoria: identificação da presença dos elementos que promovem as forças emergentes (descrição operacional). [...] a Universidade ela até tem uma estrutura no papel, mas ela é bem mais dinâmica nas relações. Envolvimento das pessoas nos processos de trabalho, no desenvolvimento das ações. Interação Dinâmica Presença de lideranças informais e sua respectiva contribuição no trabalho. Fortalecimento dos vínculos informais (SAC). Autonomia e acompanhamento nos processos de trabalho. Interdependência Equipe colaborativa que recebe atenção e suas ideias são ouvidas e por [...] a Universidade tem variações e há campus que tende a ter uma gestão um pouco mais fechada, porque a gente tem um modelo de gestão que é... tem unidade acadêmica, ou seja, os projetos pedagógicos são totalmente integrados, é um para toda a Universidade, mas também a gestão administrativa financeira ela é independente [ ] claro que há normas, diretrizes gerais, institucionais, que são seguidas né, mas perfis de liderança são diferentes. Nós temos muitos setores de apoio, que trabalham em conjunto e mesmo sendo setores tipo, de staff, não é, uma coordenação de avaliação pedagógica, uma coordenação de avaliação institucional, todos a gente vai trabalhando em conjunto porque tem muita coisa pra ser feito né. A grande diferença no ambiente da Universidade é que ela, aí usando a teoria da complexidade, explica o ambiente, porque a Universidade se você fosse configurar [ ] já por si só, ela é uma estrutura complexa porque você tem profissionais de várias áreas do conhecimento, com várias visões de mundo, com várias visões de universidades [ ] se você for para as engenharias, eles são mais rígidos, com mais 69 vezes aproveitadas. Heterogeneidade Diz respeito à formação e experiências anteriores e distintas das pessoas que compõem a equipe da próreitoria. Tensão Adaptativa Forma de administrar conflitos e tensões. prazos, se você vai para as humanidades, eles já são mais assim, desprendidos, então você tem que lidar com vários perfis. [...] heterogêneo, toda vida, tem que ser... você tem que ter perfis de pessoas complementares e você tem uma das grandes habilidades da liderança... é de conseguir colocar as pessoas no local, na função que melhor possam usar essas potencialidades, acho que isso é um dos grandes desafios da gestão. Na verdade, na Universidade tu não tem um ambiente conflituoso, que você tenha pessoas que possam querer impor a sua... nós temos até pelo perfil ítalo-germâmico da nossa comunidade não são pessoas que se alteram, ou querem assumir, ou tomar frente, ou promover uma mudança mais evolucionária, então a gente... a mudança é muito incremental, é por melhoria contínua [...]. A Universidade não [...] tem situações conflituosas pontuais, algumas lideranças tem o perfil que não era exatamente o que a gente gostaria que fosse, também é difícil, até pela variação de perfis de áreas de conhecimento. Fonte: Dados primários da pesquisa (2013). Percebeu-se no discurso de E2 sua habilidade em lidar com as questões estratégicas da Universidade tendo em vista o tempo de atuação na IES e que lhe permite ter uma visão ampla de gestão estratégica. Este depoimento prediz a organicidade da Universidade, em que a hierarquia prevalece e o planejamento estratégico é bem conduzido e articulado pelos dirigentes. Um fator preponderante, ligado à questão de formação, é a heterogeneidade dos grupos de trabalho que visam a atender suas demandas pelas necessidades de compatibilidade com os cursos que administram. Conforme Uhl-Bien e Marion (2009) e Lopes (2011), a TLC compreende a liderança em três papéis: administrativa, habilitadora e adaptativa, considerando-se a existência de diferentes tipos de organização. Nesta Universidade a liderança no papel administrativo se destaca pela solidez no controle dos processos. Ainda que não se possa compreender com clareza a presença das condições habilitadoras da TLC no trabalho das equipes, como por exemplo, quando E2 afirma que “algumas lideranças tem o perfil que não era exatamente o que a gente gostaria que fosse”, há de se considerar o fato que este respondente está à frente da gestão a três anos e executou várias mudanças e melhorias no contexto da Universidade. Foram feitas readequações na ordem de contenção de custos e isto tudo sem implicar na qualidade dos cursos oferecidos. Há a presença de pelo menos três modelos apresentados por Lanzillotti (1997), os quais caracterizam esta Universidade: Centro de Poderes, Modelo Burocrático e tendência à 70 Organização de Finalidades Múltiplas pela multiplicidade de objetivos e expansão da educação em programas Stricto-Sensu. 4.3.1.3 Resultados da Entrevista E3 No Quadro 16 têm-se dispostos os dados primários do depoimento de E3. Quadro 16: Condições Habilitadoras nas práticas de atuação de E3 Condição Interação Dinâmica Interdependência Heterogeneidade Tensão Adaptativa Descrição constitutiva Envolvimento das pessoas nos processos de trabalho, no desenvolvimento das ações. Presença de lideranças informais e sua respectiva contribuição no trabalho. Fortalecimento dos vínculos informais (SAC). Autonomia e acompanhamento nos processos de trabalho. Equipe colaborativa que recebe atenção e suas ideias são ouvidas e por vezes aproveitadas. Diz respeito à formação e experiências anteriores e distintas das pessoas que compõem a equipe da próreitoria Prática da Pró-Reitoria: identificação da presença dos elementos que promovem as forças emergentes (descrição operacional). [...] porque nem tudo cabem nas regras, nem tudo quando você lida com alunos e professores é oito ou oitenta, então por essa complexidade, às vezes eu tenho que ter numa mesma mesa um olhar pedagógico, um olhar jurídico, um olhar financeiro e a tomada de decisão. Então a interação necessariamente precisa ocorrer porque senão os trabalhos não caminham. No cotidiano, em especial a pró-reitoria de ensino, talvez pela característica de mexer o tempo inteiro com problemas e de mexer o tempo inteiro com demandas ela é uma próreitoria que exige uma equipe ativa. Então, a proposição de soluções, seja por instruções normativas, seja por resoluções, elas necessariamente precisam vir desta equipe que opera né... elas veem os problemas e tem que propor as soluções. Não há um comentário expressivo na entrevista. [...] a dificuldade do limiar entre o que é o operacional, o que é cotidiano, o que é da urgência do fazer universitário e qual é o espaço que você tem na sua agenda para as discussões estratégicas e para a relação com a tua comunidade seja ela interna ou externa. Então, isso pra mim é um dos maiores desafios. É o maior desafio, porque também você não pode Forma de administrar ser uma pró-reitora só do estratégico, entendeu? Porque o conflitos e tensões. mundo da Universidade, assim como o mundo numa escola ele é feito de tensões. E, algumas coisas infelizmente só com a figura do pró-reitoria ou da pró-reitora ou do pró-reitor que consegue mediar essa tensão. Que é uma coisa ruim na nossa cultura, mas às vezes precisa de alguém de fora que venha com certo poder para mediar uma situação de conflito. Fonte: Dados primários da pesquisa (2013). De acordo com o depoimento de E3, conforme o Quadro 16 ficou perceptível à preocupação com o estabelecimento e adequação da estrutura organizacional, o respeito à hierarquia e ao cumprimento do planejamento estratégico. Quando as situações são adversas, 71 pela complexidade do público que administra, conta com o apoio de uma equipe multidisciplinar para apoiar a tomada de decisão. Existem os grupos de apoio que fomentam os trabalhos da pró-reitoria, mas sempre em conformidade com os objetivos estratégicos da Universidade. Citou o desafio em separar o cotidiano (urgências e emergências), usando o termo “apagar incêndios” do que é o pensar estratégico e que caracteriza a Universidade, no papel da pró-reitoria, como uma organização complexa. Esta observação vem ao encontro do entendimento da complexidade no contexto universitário que representa a aprendizagem por meio da dinâmica não linear do conhecimento (DEMO, 2002). Quando bem aproveitadas estas tensões, neste caso, expressas como “apagar incêndio” significa habilitar os sistemas adaptativos complexos que perfazem o caminho da adaptação e estimulam as mudanças. Apesar de estar no cargo de pró-reitora a pouco tempo, E3 demonstrou em vários momentos a confiança que possui em sua equipe e o quanto aposta na autonomia de seu grupo quando da condução de algum projeto. Isso vem a caracterizar as condições habilitadoras da TLC presentes na atuação desta pró-reitora. 4.3.1.4 Resultados da Entrevista E4 O Quadro 17 demonstra os dados primários obtidos na entrevista de E4. Quadro 17: Condições Habilitadoras nas práticas de atuação de E4 (Continuação até a página 72). Condição Descrição constitutiva Interação Dinâmica Envolvimento das pessoas nos processos de trabalho, no desenvolvimento das ações. Presença de lideranças informais e sua respectiva contribuição no trabalho. Fortalecimento dos vínculos informais (SAC). Interdependência Autonomia e acompanhamento nos processos de trabalho. Equipe colaborativa que recebe atenção e suas Prática da Pró-Reitoria: identificação da presença dos elementos que promovem as forças emergentes (descrição operacional). Essa estrutura pequena ela torna imprescindível que o grupo funcione de forma muito articulada né, então nós temos uma divisão de trabalho, uma divisão de tarefas que são na verdade assim... que a gente poderia dizer que utiliza um princípio da multifunção, da multitarefa. Não existe uma pessoa dedicada para uma tarefa. Então é um grupo que dialoga muito, que conversa muito, que interage [...] se eu fosse pegar especificamente os trabalhos da pró-reitoria, o trabalho não acontece sem os mecanismos de apoio mesmo, e sem essa articulação entre as pessoas. Todas as diretrizes, todas as questões elas são compartilhadas com diversos setores. A partir do momento que você escuta o sujeito lá na ponta ele também começa a considerar o teu trabalho mais importante [...] a gente percebe isso assim né... quando eu digo lá pro bibliotecário: “eu não quero só a estatística do uso” (de livros), não quero só saber quantos [...] mas eu 72 ideias são ouvidas e por vezes aproveitadas. Heterogeneidade Tensão Adaptativa quero saber qual é a percepção que vocês têm em relação a isso, aquilo... e aí quando eles fazem os cruzamentos e começam a perceber a riqueza da informação, o próprio trabalho de elaborar a estatística que é um trabalho chato entre aspas né, mecânico vamos dizer assim. Ele passa a ter um outro significado pra pessoa que vai lá e que recolhe da mesa o livro e que sabe que você emprestou, pra atendente que fez o registro, ele vai criando outras dimensões. [...] em toda a questão da equipe assim, porque o teu trabalho lá ele é mais do que um registro, aquele registro tem um significado, que dá uma informação, que aquela informação ajuda numa tomada de decisão, que dá um resultado ‘x’. A gente tenta fazer esse movimento né... em todas as áreas né... e resulta em coisas muito interessantes, eu pelo menos julgo que a gente tem políticas e tem ações muito interessantes em função disso né. [...] de formação, o grupo é muito heterogêneo [...] o que essas pessoas tem em comum na verdade né, e até mesmo o que faz um oceanógrafo (no gabinete da pró-reitoria de ensino) e tal... eu tenho uma característica que eu acho que é Diz respeito à formação e fundamental pra este tipo de situação, que é a área de ensino, experiências anteriores e a área pedagógica da instituição, a área da graduação. Ela distintas das pessoas que não é determinada pela formação, ela é determinada na compõem a equipe da próverdade pelo desejo que as pessoas têm de aprender e de reitoria ensinar, então eu particularmente, quando eu reúno as pessoas ao meu redor, quando eu escolho as pessoas, eu to olhando um pouco mais pra isso assim: qual é a capacidade que aquela pessoa tem pra ensinar e aprender. [...] na mediação do conflito eu sempre tento estabelecer assim a... retomar a razão primeira que acontece, porque muitas vezes no rolo né... quando você pega lá no final o que gerou a situação já se perdeu faz tempo... Forma de administrar [...] quando eu to mediando um conflito, lidando com uma conflitos e tensões. situação dessas eu sempre penso nessas duas coisas: primeiro ouvir o conjunto como um todo, mas sempre tentar voltar ao objeto gerador do conflito propriamente [...] porque tem muita periferia, o diz que me diz que me... Fonte: Dados primários da pesquisa (2013). Conforme o discurso de E4, no Quadro 17, em seu depoimento descontraído e fluído, há a convergência das práticas de atuação às condições habilitadoras da TLC. Quanto às interações, estas são visíveis pelo respeito e engajamento da equipe nos processo de trabalho, bem como no estímulo às articulações por melhorias e desenvolvimento dos projetos propostos. Referente à autonomia e ao acompanhamento dos trabalhos, se faz presente pelo estímulo que as pessoas recebem para desenvolver alguma tarefa, como exemplo, o controle do uso do acervo, em que se explica o porquê daquela ação, da importância do trabalho meio do bibliotecário para a ação estratégica final que a Universidade pretende atingir. Quanto à heterogeneidade, está presente no próprio gabinete da Pró-reitora em que um de seus assessores diretos é um oceanógrafo e os demais são das mais diversas formações acadêmicas. Acredita E4 que, a expectativa por um bom trabalho não está objetivamente na 73 formação, mas no interesse da pessoa em aprender constantemente e que irá definir um perfil de trabalho dinâmico. A mediação dos conflitos ocorre de forma racional e pacífica, sem a ênfase a consequência, mas olhando a causa dos problemas para o melhor entendimento. As condições habilitadoras da TLC são estimuladas e extrínsecas em suas práticas. Observou-se que há aprendizagem criativa e adaptativa dos SAC, dentro do universo que contempla a pró-reitoria desta Universidade e que produz o conhecimento (UHL-BIEN; MARION; McKELVEY, 2007). 4.3.1.5 Resultados da Entrevista E5 No Quadro 18 apresentam-se os trechos do depoimento de E5 quanto às condições habilitadoras da TLC em suas práticas. Quadro 18: Condições Habilitadoras nas práticas de atuação de E5 (Continuação até a página 74). Condição Descrição constitutiva Interação Dinâmica Envolvimento das pessoas nos processos de trabalho, no desenvolvimento das ações. Presença de lideranças informais e sua respectiva contribuição no trabalho. Fortalecimento dos vínculos informais (SAC). Prática da Pró-Reitoria: identificação da presença dos elementos que promovem as forças emergentes (descrição operacional). Eu trabalho normalmente com os coordenadores, a gente conversa, nós definimos, fazemos um planejamento em conjunto, nós temos uma meta enquanto gestão, tem um plano que o nosso reitor quando foi eleito ele se comprometeu em cumprir, tem alguns pontos que na conversa, na caminhada dele na comunidade acadêmica que foram apontados pela comunidade, então a gente tem alguns objetivos. E fora estes, naturalmente surgem outros, mas é uma equipe aqui dentro da pró-reitoria bastante participativa. Apesar de ter cada um sua função distinta dentro da próreitoria de ensino eu vejo que há uma interação muito grande entre todos. Tanto que às vezes acontece de uma determinada coordenadoria estar sobrecarregada, vem naturalmente pessoas de outra coordenadoria pra ajudar, então existe muito essa troca de... entre os grupos, de um estar dando apoio para o outro. Interdependência Autonomia e acompanhamento nos processos de trabalho. Equipe colaborativa que recebe atenção e suas ideias são ouvidas e por vezes aproveitadas. [...] tem os coordenadores, mas os técnicos que fazem parte das coordenações também são convidados a participar de outras ações. E nós temos alguns grupos que são formados às vezes, por professores, dependendo do assunto, dependendo da demanda, a gente cria um determinado grupo, com um determinado perfil. Às vezes são pessoas ligadas a gestão... diretores, chefes de departamento, às vezes não, são só professores... então depende muito do que nós precisamos. Heterogeneidade Diz respeito à formação e experiências anteriores e distintas das pessoas que compõem a equipe da próreitoria Acho que o grupo hoje é um grupo heterogêneo. Não é homogêneo não. Mas não há discrepância muito grande (grupos distintos formados por técnicos que atendem ao perfil da função). 74 Tensão Adaptativa Forma de administrar conflitos e tensões. Quando acontece conflito claro que, também, a alternativa é conversar com as pessoas afetadas e tentar apresentar... porque que foi tomada aquela decisão. A partir do momento que nós estamos num papel de gestão a gente tem que tomar decisões. E essas decisões, elas, alguns concordam, outros não. Se não concordam, claro que daí tem que ter os motivos, a gente apresenta os nossos motivos e tenta.... será que eles entendam o motivo... de às vezes negar alguma coisa que foi pedido né... ou tem alguma ação mais pontual né... então tentar na medida do possível conversar... Fonte: Dados primários da pesquisa (2013). No depoimento de E5, suas práticas corroboram às condições habilitadoras da TLC, pois conduz seu trabalho envolvendo as pessoas de sua equipe. Sejam coordenadores ou dirigentes, docentes e os membros internos da equipe, todos contribuem à sua forma e ao seu alcance intelectual para o desenvolvimento da gestão acadêmica. Permite que as pessoas sejam eficientes nos seus trabalhos quando delega autoridade e designa autonomia para a resolução de problemas que posteriormente são discutidos em colegiado. E5 convida as pessoas a participar das ações propostas no plano de governo da Reitoria, bem como, ouve as propostas advindas da comunidade acadêmica. Teve de enfrentar um momento crítico logo que assumiu a gestão, no que tange ao corte de orçamento e contenção de gastos, mas superou o período sem traumas. Segundo o depoimento de E5, a equipe que compõe sua pró-reitoria é unida, multidisciplinar e solícita. Apoiam-se mutuamente, quando alguns dos setores estão mais demandados que outros. Assumem o papel da Universidade como um contexto complexo e dinâmico, compreendendo que as mudanças são necessárias. De acordo com Heifetz (1994), este trabalho pode ser chamado como adaptativo e mobilizador (liderança adaptativa). 4.3.1.6 Resultados da Entrevista E6 O Quadro 19 apresenta fragmentos da entrevista de E6 que caracterizam a presença das condições habilitadoras da TLC em sua atuação. 75 Quadro 19: Condições Habilitadoras nas práticas de atuação de E6 Condição Descrição constitutiva Interação Dinâmica Envolvimento das pessoas nos processos de trabalho, no desenvolvimento das ações. Presença de lideranças informais e sua respectiva contribuição no trabalho. Fortalecimento dos vínculos informais (SAC). Interdependência Heterogeneidade Tensão Adaptativa Autonomia e acompanhamento nos processos de trabalho. Equipe colaborativa que recebe atenção e suas ideias são ouvidas e por vezes aproveitadas. Diz respeito à formação e experiências anteriores e distintas das pessoas que compõem a equipe da próreitoria Prática da Pró-Reitoria: identificação da presença dos elementos que promovem as forças emergentes (descrição operacional). [...] comigo aqui, todos são envolvidos [...] todos eles trabalham aqui, aí nós temos uma sala de reunião aqui do lado, que é aonde é feita as reuniões semanais geralmente tá... e as diretrizes são demandadas ali tá... então eles todos ficam direto... conversando com coordenador, participando das reuniões, indo nas unidades, voltando, então é assim, aí tudo sai dali, então sai coeso o discurso aqui, tem que vim dali a contraposição. Se não vem dali, eu provoco elas, porque eu quero saber se está tendo falhas na condução. [...] eu não escolhi as pessoas, vieram (sinalizou que todas as pessoas que estavam na sala “vieram”). Uma só que eu tive de dizer assim... tive de conversar com ela, eu gostaria que você permanecesse, que eu identifiquei que o perfil dela ia ajudar bastante, mas os outros vieram e eu tive de administrar a equipe. Mas está ótimo. Não há um comentário expressivo na entrevista. [...] na academia, você investe para ter o resultado. Não é esperar o resultado para investir. Isso é furada. Então, às vezes, conflita. É administrável [...] talvez ele se caracteriza porque tem dois vice-reitores e um reitor sabe... e o reitor ele toma tanto decisões por ordem financeira quanto por ordem acadêmica. Isso é um problema. Não é assim viável, porque na pirâmide hierárquica ele é o que toma a última decisão. Nunca a decisão é tomada pelos três. Aí, às vezes, prejudica uma tomada de investimento e, automaticamente não Forma de administrar autorizado, o investimento não acontece aqui. Isso às vezes conflitos e tensões. acontece [...] sempre foi assim, tanto que os resultados tão aí né. Daí quando a gente mostra os resultados ele diz assim: “não, mas vocês tem que entender...” claro que a gente tem que entender a posição do momento.. naquela hora vai saber lá avaliar o que ele tava levando em consideração pra não tomar a decisão naquele momento, mas enfim, é perfil, é liderança, isso tudo são características das pessoas que nesses cargos manifestam nas horas mais críticas, certo? Não é quando está tudo bem, é nas horas críticas... Fonte: Dados primários da pesquisa (2013). O discurso de E6 foi direto e aberto. Sem entrelinhas ou restrições, apresentou suas acepções e angústias quanto ao processo de gestão no cargo que exerce. Detém um know-how de excelência, pelo tempo de atuação na academia, experiência em gestão universitária e na sua formação acadêmica. Seu depoimento, por vezes, exprime autoridade e imposição, porém também é carismático e mobilizador. 76 Com relação às condições habilitadoras da TLC, foram perceptíveis em suas falas e nas ações demandadas. Exemplificou por meio da inovação em projetos e implementações. Comentou sobre as tensões enfrentadas, principalmente em nível estratégico, e a forma com que as conduziu. A interação dinâmica da equipe em fazer as mudanças acontecerem por uma necessidade latente que a Universidade se encontrava. Quanto a equipe interna de assessoria e apoio, observou-se que é totalmente heterogênea, mas, engajados nas propostas de E6 para superar as dificuldades como por exemplo, melhorar o IGC (Índice Geral de Cursos) da graduação que foram avaliados e ficaram abaixo da expectativa. 4.3.1.7 Resultados da Entrevista E7 No Quadro 20 convalidam-se as condições habilitadoras da TLC na atuação de E7. Quadro 20: Condições Habilitadoras nas práticas de atuação de E7 (Continuação até a página 77). Condição Descrição constitutiva Interação Dinâmica Envolvimento das pessoas nos processos de trabalho, no desenvolvimento das ações. Presença de lideranças informais e sua respectiva contribuição no trabalho. Fortalecimento dos vínculos informais (SAC). Interdependência Autonomia e acompanhamento nos processos de trabalho. Equipe colaborativa que recebe atenção e suas ideias são ouvidas e por vezes aproveitadas. Heterogeneidade Diz respeito à formação e experiências anteriores e distintas das pessoas que compõem a equipe da próreitoria Prática da Pró-Reitoria: identificação da presença dos elementos que promovem as forças emergentes (descrição operacional). Não tenho dúvida nenhuma de que a gente procura favorecer [...] a participação das pessoas nos processos decisórios do grupo. Procuramos ir até o máximo da participação das pessoas porque entendemos que se as pessoas participam da construção de uma proposta, da construção de um projeto, fica muito mais fácil depois a implementação desse mesmo projeto, ou de alguma proposta inovadora. [...] eu não procuro exercer muito autoridade hierárquica porque seria menosprezar a inteligência do processo, ou seja, inteligência das pessoas. Na Universidade você trata com todas as áreas. Como próreitoria de ensino, num dia você está numa reunião no curso de engenharia, noutro dia você está numa reunião no curso de direito, noutro dia no curso de medicina [...] Universidade ela é uma organização complexa. [...] gerir uma universidade é você ter também a consciência da complexidade que envolve esta instituição já que é uma instituição que lida com todas as áreas de conhecimento [...] e dentro desta complexidade, com certeza, são construídas muitas relações informais. Eu prefiro trabalhar com equipes mais heterogêneas, porque dentro daquela visão que eu coloquei antes, como a Universidade ela é o espaço diria assim, entre aspas, do conflito intelectual, então você ter numa universidade somente uma linha de ação, somente uma linha de pensamento, somente uma tendência, eu acho que empobrece um pouco essa riqueza dentro da Universidade [...] então eu prefiro trabalhar com pessoas diferentes mas, que saibam que vai chegar num momento em que a gente precisa transformar as divergências intelectuais, as divergências de entendimento, em propostas, porque senão nós vamos ficar somente nas discussões. 77 Tensão Adaptativa Forma de administrar conflitos e tensões. O conflito, ele é inerente a uma gestão complexa que é a gestão da Universidade, então não há como evitá-los. E existem dois tipos de conflitos. Eu diria assim um conflito bom, que é o conflito das ideias, que é o conflito na tentativa de chegar a um consenso de uma proposta. [...] o conflito das ideias é o pressuposto para o crescimento das pessoas. Agora, existe um outro conflito, na área da gestão, que é o conflito proveniente das relações entre as pessoas e este tipo de conflito na pró-reitoria eu procuro primeiro analisar o perfil das pessoas, quando a gente convida as pessoas para integrar a nossa equipe, então a gente já procura identificar pessoas que tenham consciência de que é preciso formar uma equipe coesa, forte e unida e mesmo depois de constituída a equipe é importante saber também atuar antes de eles acontecerem. [...] dependendo do tipo de conflito, dependendo do perfil das pessoas que estão envolvidas no conflito é importante você saber o tempo correto de atuação e a estratégia correta para cada tipologia de conflito. Fonte: Dados primários da pesquisa (2013). As informações obtidas na entrevista com E7 convalidam os elementos das condições habilitadoras da TLC presentes em sua atuação. Promove as interações, delega autoridade para as pessoas executarem seus trabalhos, convive em ambiente heterogêneo e administra as tensões e conflitos no teor em que se apresentam, no tempo correto e com a estratégia adequada. O respondente E7 encontra-se em um nível de entendimento e conhecimento intelectual muito abrangente, o que o permite fazer reflexões sobre todo o contexto complexo da Universidade. Detém a responsabilidade de uma Vice-reitoria que o deixa com sobrecarga de agenda, porém, não o aflige nas tomadas de decisão ou na assertividade no planejamento e acompanhamento das ações. Sob a perspectiva de análise da TLC, E7 encontra-se em nível da liderança habilitadora. 4.3.1.8 Resultados da Entrevista E8 No Quadro 21 descrevem-se as informações inerentes ao depoimento de E8 referente às condições habilitadoras da TLC em sua atuação. 78 Quadro 21: Condições Habilitadoras nas práticas de atuação de E8 Condição Descrição constitutiva Interação Dinâmica Envolvimento das pessoas nos processos de trabalho, no desenvolvimento das ações. Presença de lideranças informais e sua respectiva contribuição no trabalho. Fortalecimento dos vínculos informais (SAC). Interdependência Autonomia e acompanhamento nos processos de trabalho. Equipe colaborativa que recebe atenção e suas ideias são ouvidas e por vezes aproveitadas. Heterogeneidade Diz respeito à formação e experiências anteriores e distintas das pessoas que compõem a equipe da próreitoria Tensão Adaptativa Forma de administrar conflitos e tensões. Prática da Pró-Reitoria: identificação da presença dos elementos que promovem as forças emergentes (descrição operacional). [...] há um intenso trabalho de organicidade a fim de possibilitar um comando maior para que os resultados das atividades sejam melhor percebidos. Existem atividades que podem ser desenvolvidas por outros profissionais, neste caso e de acordo com a especificidade da tarefa o/a docente é chamado a participar. Os vínculos informais existem. As afinidades também. Existem grupos que sintonizam para realização de atividades, os quais podem ser chamados para desenvolverem atividades em conjunto, ou não. Quanto às lideranças informais, acho muito importante, porém percebo que no contexto geral da IES isso não é valorizado e é a própria IES que perde. Acho muito importante a valorização de novas lideranças. Atualmente a minha equipe de trabalho é mais homogênea. Penso que não teria nenhuma dificuldade em organizar uma equipe mais heterogênea, mas no atual contexto, olhando para a dimensão da vice-reitoria, que é de ensino, pesquisa e extensão, penso que está adequado como está. Precisamos agir profissionalmente. Discutir os problemas. Enfrentá-los. Fazer a crítica (construtiva), fortalecendo o crescimento na confiança da equipe. Estamos trabalhando muito na construção de uma equipe de trabalho. Fonte: Dados primários da pesquisa (2013). No depoimento de E8 fica implícita a presença dos elementos que promovem as condições habilitadoras da TLC, principalmente no que tange ao seu grupo que neste momento é homogêneo, conquanto não visualiza dificuldades em organiza ruma equipe heterogênea. Apesar de na prática, pelo acúmulo de pastas, possuir uma organicidade mais estrutural e hierárquica, percebe que as lideranças informais são importantes para a Universidade. Quanto às tensões e a forma que administra os conflitos, a discussão fica em pauta, o que exprime a sua preocupação em não mascarar os problemas e sim, enfrentá-los. Desta maneira, E8 se destaca pela condução das tensões, promovendo o estímulo aos SAC. 4.3.2 Dinâmicas da Complexidade Os resultados apresentados a seguir, se referem à segunda categoria de análise, as dinâmicas da complexidade. Sob esta categoria são destacados os mecanismos e os 79 comportamentos que ocorrem nos SAC, descritos pelas dinâmicas da complexidade (LOPES, 2011). Ao permitirem e proporcinarem um ambiente de não linearidade, de aglutinação e de estímulo aos atratores, os líderes adaptativos na TLC estimulam o comportamento que predispõem a mudança e a inovação organizacional (UHL-BIEN; MARION, 2009; LOPES, 2011). 4.3.2.1 Resultados da Entrevista E1 Para a compreensão desta análise, apresentam-se os trechos retirados da entrevista com E1 que corroboram com as dinâmicas da complexidade e a TLC no Quadro 22. Quadro 22: Dinâmicas da Complexidade e a TLC nas práticas de atuação de E1 Dinâmica Não linearidade ou Recorrência Aglutinação Atratores Descrição Os líderes adaptativos detém um pensamento não linear. Fomentam o fluxo de informações e estimulam o diálogo que ajuda a conectar passado, presente e futuro. Líderes adaptativos são mais aptos a entender as dinâmicas complexas por visualizarem as interconexões. Ajudam a estimular e reforçar os processos dinâmicos da complexidade, promovendo a interconectividade e a criação de vínculos. Líderes adaptativos são mais aptos a entender as dinâmicas complexas por reconhecerem os atratores e compreenderem a natureza dos movimentos que eles criam. Ajudam a criar fluxos de informações e conhecimento que estimulam o surgimento de atratores. Prática da Pró-Reitoria: identificação do papel mobilizador do líder adaptativo no ambiente dinâmico (descrição operacional). [...] a gente na gestão, quando a gente entra enfrenta esta dificuldade para implantar inclusive mudanças, tá certo que não houve tempo, foi um ano e meio, então a gente tava trabalhando em vários projetos para fazer mudanças. Mas, sempre lidando com bastante dificuldades, eu aqui internamente, no espaço da pró-reitoria, a gente não tinha dificuldade com mudanças, agora, fora isso sim. [...] aí no grupo gestor, se entendia que era um espaço em grupo e não pessoas separadas. Como eu te disse, havia pessoas totalmente diferentes, e que eu sabia assim que era um tanto interessante, sabia de diferenças entre elas... e assim como você se livrar disso que não eram poucas, cada uma tinha a sua competência. Então, às vezes você tem que fechar um olho, porque o que mais importa é fazer com que as coisas funcionem, então ficar alimentando muitas diferenças... vamos tocar em frente o barco. acho que o ambiente de trabalho, a gente tentava criar um ambiente descontraído, lidar com os problemas assim de forma tranquila, sem broncas, sem alterações, ouvindo a opinião das pessoas, compartilhando as decisões, principalmente as decisões mais difíceis. Porque você também tem aquele funcionário experiente, você tem que respeitar e ouvir. Então, eu penso que era, esse respeito que a gente tentava captar de cada um, esse é o melhor elemento de engajamento, as pessoas se respeitar. Fonte: Dados primários da pesquisa (2013). 80 O depoimento de E1 retrata as características da não linearidade, da aglutinação e do estímulo ao surgimento de atratores. Estas características perfazem em seu discurso a presença das dinâmicas da complexidade no exercício do cargo de Pró-reitor de ensino. Os líderes adaptativos conseguem vislumbrar nas diferenças o crescimento organizacional (HEIFETZ, 1994, UHL-BIEN; MARION, 2009), ainda que necessite aceitar as diferenças para promover um ambiente de interconectividade, dinâmico e de participação mútua nos projetos e ações. 4.3.2.2 Resultados da Entrevista E2 O Quadro 23 apresenta informações sobre dinâmicas da complexidade e a TLC do E2. Quadro 23: Dinâmicas da Complexidade e a TLC nas práticas de atuação de E2 Dinâmica Descrição Não linearidade ou Recorrência Os líderes adaptativos detém um pensamento não linear. Fomentam o fluxo de informações e estimulam o diálogo que ajuda a conectar passado, presente e futuro. Aglutinação Líderes adaptativos são mais aptos a entender as dinâmicas complexas por visualizarem as interconexões. Ajudam a estimular e reforçar os processos dinâmicos da complexidade, promovendo a interconectividade e a criação de vínculos. Atratores Prática da Pró-Reitoria: identificação do papel mobilizador do líder adaptativo no ambiente dinâmico (descrição operacional). [...] você tem que ter primeiro é muito diálogo, se você vai fazer uma mudança, você tem que chamar as pessoas que vão estar envolvidas ou podem ter alguma vantagem de alguma maneira direta ou indiretamente, ter algum prejuízo, e explicar os porquês, explicar o que vai acontecer. [...] veio as ideias primeiro do conselho de gestão, e nós fazíamos reuniões nos campi e na Vice-reitoria. Queriam diminuir uma atividade que era de assessoria pedagógica e o pessoal bateu e valeu! não se mexeu. Eu também defendi não mexer, porque tá vinculada à atividade fim, se você usa assessoria pedagógica, pode comprometer a sala de aula, e eles são responsáveis por capacitação, por várias atividades ligadas aos cursos de graduação. Então tem várias situações que a gente supera e outras a gente tem que, |às vezes, fazer e faz... então é... eu acho que em linhas gerais assim a gente consegue dialogar bastante. Líderes adaptativos são mais eu troquei uma diretoria em [...] uma menina, deve ter uns aptos a entender as trinta anos [...] e ela não tinha uma formação em pesquisa... dinâmicas complexas por mas ela é recém mestre, ela foi diretora de pesquisa em outra reconhecerem os atratores e instituição, “mas ela não foi pesquisadora” né... mas, eu disse compreenderem a natureza nem sempre alguém que tá envolvido numa atividade ele tem o dos movimentos que eles perfil para ser o gestor daquela atividade, pelo contrário, as criam. Ajudam a criar fluxos vezes você perde um bom pesquisador, então essas coisas e de informações e depois normalmente, as pessoas reconhecem depois. conhecimento que Quando você tem uma visão, que também tem os níveis estimulam o surgimento de gerenciais, quanto mais alto mais você vê a instituição sob atratores. vários ângulos, então sempre você tem a tua perspectiva. Fonte: Dados primários da pesquisa (2013). As dinâmicas da complexidade e a TLC se fazem presentes no discurso de E2, porque a primeira situação apontada pelo respondente é a compreensão de que a Universidade é um 81 sistema complexo e que por isso os processos de trabalho fluem de forma dinâmica e participativa. Este pensamento é corroborado por Rebelo, Coelho e Erdmann (2004) quando afirmam que a complexidade de um sistema universitário pode ser constatada por meio de suas múltiplas funções, bem como pela diversidade de inter-relações com os ambientes interno e externo, transpondo fronteiras de nações e servindo de elo aglutinador de uma linguagem universal e globalizada: o conhecimento. 4.3.2.3 Resultados da Entrevista E3 Os resultados da entrevista de E3 que dizem respeito às dinâmicas da complexidade encontram-se dispostas no Quadro 24. Quadro 24: Dinâmicas da Complexidade e a TLC nas práticas de atuação de E3 Dinâmica Descrição Não linearidade ou Recorrência Os líderes adaptativos detém um pensamento não linear. Fomentam o fluxo de informações e estimulam o diálogo que ajuda a conectar passado, presente e futuro. Aglutinação Líderes adaptativos são mais aptos a entender as dinâmicas complexas por visualizarem as interconexões. Ajudam a estimular e reforçar os processos dinâmicos da complexidade, promovendo a interconectividade e a criação de vínculos. Atratores Prática da Pró-Reitoria: identificação do papel mobilizador do líder adaptativo no ambiente dinâmico (descrição operacional). Estamos procurando fazer uma gestão nesta perspectiva, de sair do modelo tradicional, hierárquico, burocrático, mas, também é verdade que nós estamos num momento de... senão de retração, pelo menos de estagnação. No sentido de que nós não podemos gastar mais do que nós arrecadamos, então neste sentido, nós estamos num momento conservador. A gente tomou decisões duras para que a partir daqui nós tenhamos vida longa. Nós estamos num momento de mudanças aqui [ ]estamos implantando tanto mudanças físicas, estruturais, por exemplo, a junção das quatro pró-reitorias numa única sala, hoje os quatro pró-reitores tem uma única sala, dividem um único gabinete, de secretárias. Essas mudanças causaram um certo desconforto, como toda mudança causa. Porque há muitos anos se faziam de um jeito e a atual gestão resolveu mexer nisso. Nós não temos avaliação se isso será para melhor, né... mas havia uma situação posta por vários motivos entre eles: potencialização dos recursos financeiros e diminuição das burocracias, nós resolvemos tomar algumas atitudes que significam mudanças no cotidiano das pessoas, então isso causou certo desconforto, porque nós tiramos algumas pessoas dos seus supostos lugares definitivos, porque ninguém é definitivo nem numa organização nem na vida né... Líderes adaptativos são mais aptos a entender as [ ] como a gente transformou as áreas em comitês, então nós dinâmicas complexas por temos quatro comitês: saúde, humanas e jurídicas que a gente reconhecerem os atratores e chama humanas e jurídicas, então entra as licenciaturas né, e compreenderem a natureza nós temos a socioeconômica e engenharias, tecnológicas e dos movimentos que eles design, então são quatro áreas aqui de conhecimento. Estes criam. grupos reúnem-se quinzenalmente pra discussão. Então muito Ajudam a criar fluxos de desses projetos surgem dessas discussões, principalmente os informações e conhecimento ligados à licenciatura que é o nosso grande desafio, mantê-las que estimulam o surgimento em tempos em que ninguém mais quer ser professor. de atratores. Fonte: Dados primários da pesquisa (2013). 82 O discurso de E3 predispõe a presença das dinâmicas da complexidade em sua atuação pela riqueza dos detalhes e dos exemplos citados. Comentou sobre as ações que vêm sendo tomadas para dar novos encaminhamentos à Universidade, no intuito de inovar no modelo de gestão e na forma de conduzir a equipe. Promove o diálogo, explica o porquê das mudanças e da necessidade de um novo comportamento que vise à reestruturação interna do campus. E3 criou comitês específicos por áreas de conhecimento para prospectar novos aprendizados, gerar ideias, buscar soluções para os problemas do cotidiano. Conforme Heifetz (1994), o líder adaptativo promove o trabalho adaptativo que consiste no conhecimento necessário para lidar com os conflitos de valores que as pessoas têm e que apresentam nos grupos aos quais participam. A essência para o sucesso do trabalho adaptativo consiste em moldar os valores e aperfeiçoá-los pela força impositiva de encontro aos problemas reais, porque as pessoas interpretam seus problemas de acordo com os valores que possuem (HEIFETZ, 1994). Ou seja, valores diferentes, lançam propostas diferentes diante das oportunidades e situações organizacionais, neste caso, criadas pela Pró-reitora no formato de comitês. 4.3.2.4 Resultados da Entrevista E4 Dispõe-se a seguir, no Quadro 25, as dinâmicas da complexidade e a TLC nas práticas de atuação de E4. Quadro 25: Dinâmicas da Complexidade e a TLC nas práticas de atuação de E4 (Continuação até a página 83). Dinâmica Descrição Não linearidade ou Recorrência Os líderes adaptativos detém um pensamento não linear. Fomentam o fluxo de informações e estimulam o diálogo que ajuda a conectar passado, presente e futuro. Aglutinação Líderes adaptativos são mais aptos a entender as dinâmicas complexas por visualizarem as interconexões. Ajudam a estimular e reforçar os Prática da Pró-Reitoria: identificação do papel mobilizador do líder adaptativo no ambiente dinâmico (descrição operacional). [...] a gente precisa ouvir base, e normalmente as pessoas que estão lá elas nos indicam caminhos, não que elas decidam, elas não decidem propriamente dito, mas elas participam do processo decisório, sugerindo, argumentando, dando suas posições [...] pra nós é um... é fundamental, e é um mecanismo que eu acho que a gente acabou desenvolvendo não sei nem se de forma muito... eu digo sempre que foi mais pelo ensaio e erro do que pelo processo mesmo de pensar assim em aplicar uma teoria de gestão. Acho que foi um pouco mais essa coisa do ensaio e erro e da maturidade que nós fomos aprendendo a trabalhar com isso. Eu diria que o trabalho da pró-reitoria nem existe se não tiver isto (interações) é absolutamente fundamental porque as decisões que a gente toma aqui, as políticas que a gente assume elas são em grande parte frutos da audição que a gente tem com as pessoas de base né... veja, nesta estrutura multi campi, a gente toma decisões aqui que valem pra [...] e aí eu 83 processos dinâmicos da complexidade, promovendo a interconectividade e a criação de vínculos. Atratores digo bom: a política vai ser essa, mas se eu não escutei o que aconteceu lá, eu não tenho como ter certeza da aplicabilidade e da... pelo menos da possibilidade de execução daquela política, eu não vou nem falar de êxito, mas que seja de execução. [...] o grupo não é só uma questão de hierarquia, o grupo Líderes adaptativos são mais realmente ele dá possibilidade do funcionamento ser nesta aptos a entender as estrutura né, desta forma. E a gente lida muito com isso, tudo é dinâmicas complexas por muito articulado, é muito integrado, então não tem muito reconhecerem os atratores e como ser uma questão só hierárquica, ela é uma questão que se compreenderem a natureza desenvolve de diferentes modos, conforme as demandas que dos movimentos que eles vão acontecendo e exigindo diferentes movimentos, porque daí criam. Ajudam a criar fluxos não é só a pró-reitora, ou o gerente de recursos humanos... tem de informações e que vir pra cá, tem que vir pra lá... tem que fazer movimento conhecimento que que não... que eu sozinha, ou mesmo que eu quisesse não daria estimulam o surgimento de conta de fazer o movimento [...] flui... e essa é uma prática atratores. mesmo, a gente faz como prática do dia a dia. Fonte: Dados primários da pesquisa (2013). Este depoimento, ainda que apresentado em trechos, em todo ele, foi perceptível a preocupação que E4 tem em ouvir as pessoas, convidá-las a participar das ações, solicitar a elas o melhor caminho. Pois, em seu entendimento, a resposta para um problema muitas vezes se encontra nas bases e não propriamente em nível estratégico. Tem o hábito de integrar as equipes para explicar mudanças representativas que impactam no dia a dia das pessoas, articula, informa e solicita o engajamento. Nos processos de criação do conhecimento, os líderes precisam habilitar as redes informais dinâmicas da organização. Esta dinâmica informal é entendida na TLC como um elemento fundamental para a mudança efetiva e seu potencial deve ser direcionado para os objetivos da organização (LOPES, 2011; UHL-BIEN; MARION, 2009; UHL-BIEN; MARION; MCKELVEY, 2007). E4 participa efetivamente de todos os processos por estar vinculada às atividades docentes de graduação e de Pós-Graduação, bem como no estado da gestão. Respeita as diferenças e assume que a Universidade é um ambiente por si é um sistema complexo. Day (2001) enfatiza que o desenvolvimento de liderança ocorre por meio do indivíduo (líder) e o ambiente social e organizacional em que está inserido, e que este, corrobora para com as suas competências interpessoais de consciência social e habilidades sociais do líder. O idealismo de um líder influenciador, engajador, mobilizador e que esteja no estado da gestão, se faz notar na atuação de E4, porque representa uma junção de empoderamento, autonomia, democracia, reconhecimento e confiança (HEIFETZ, 1994). 84 4.3.2.5 Resultados da Entrevista E5 A seguir, no Quadro 26, apresentam-se as informações obtidas na entrevista com E5, referente às dinâmicas da complexidade e a TLC. Quadro 26: Dinâmicas da Complexidade e a TLC nas práticas de atuação de E5 Dinâmica Descrição Não linearidade ou Recorrência Os líderes adaptativos detém um pensamento não linear. Fomentam o fluxo de informações e estimulam o diálogo que ajuda a conectar passado, presente e futuro. Aglutinação Atratores Prática da Pró-Reitoria: identificação do papel mobilizador do líder adaptativo no ambiente dinâmico (descrição operacional). [...] você tem os grupos que se identificam dentro de uma temática dentro da Universidade, você percebe claramente isso... muito claro principalmente nas reuniões dos conselhos. Então você tem a representatividade de toda a universidade [...] você tem professores dos mais variados cursos e centros, você tem técnicos participando, alunos... então você consegue identificar pela própria manifestação de cada um as formas com que cada um pensa, então realmente a gente identifica estes grupos. Líderes adaptativos são mais aptos a entender as [...] se eu tivesse acho que, às vezes, todo mundo num mesmo dinâmicas complexas por nível é diferente... eu tenho diferentes visões aqui... acho que visualizarem as isso é bom, isso contribui pro desenvolvimento... a gente acaba interconexões. Ajudam a atendendo né... senão você acaba tendo uma visão acho muito estimular e reforçar os restrita [...] eu tenho pessoas das mais variadas formações e aí processos dinâmicos da eu consigo atender de forma ampla. complexidade, promovendo a interconectividade e a criação de vínculos. Líderes adaptativos são mais [...] nós quando estamos na gestão, nós temos uma visão da aptos a entender as universidade, enquanto pró-reitor eu tenho uma visão aqui da dinâmicas complexas por pró-reitoria, apesar que a gente procura, na medida do possível reconhecerem os atratores e estar mais presente nos cursos [...] eu faço reunião quase que compreenderem a natureza mensal com os diretores de ensino, então pra entender um dos movimentos que eles pouco da realidade que tá acontecendo lá... nos centros né, mas criam. Ajudam a criar fluxos eu vejo como positiva essa interação, isso nos ajuda a ver de informações e assim aonde que nós estamos levando certo, adequações e conhecimento que demandas da comunidade, ajustar o foco, pra saber o que que a estimulam o surgimento de gente precisa atender então isso eu vejo como positivo, então atratores. essa interações desses grupos eu vejo como benéfica. Fonte: Dados primários da pesquisa (2013). Na entrevista de E5, as dinâmicas da complexidade e a TLC são perceptíveis quando em seu discurso, descreve a necessidade de se terem visões diferentes, que ampliam o grau de entendimento sobre determinado assunto, plano ou resolução de um problema. Compreende que por meio da visão dos diretores de centro e dos coordenadores é possível estar mais perto dos acontecimentos dos cursos. Com esta ação, E5 promove o conceito ligado as dinâmicas da complexidade que se refere à aglutinação, também conhecida como interconexão ou vínculos que se estabelecem 85 entre agentes para fomentar um novo ambiente (UHL-BIEN; MARION, 2009). E, consequentemente, estimula os atratores, as pessoas que ajudam a criar os fluxos de informação. 4.3.2.6 Resultados da Entrevista E6 Na sequência, apresentam-se as informações obtidas no depoimento de E6 quanto às dinâmicas da complexidade e a TLC, conforme o Quadro 27. Quadro 27: Dinâmicas da Complexidade e a TLC nas práticas de atuação de E6 Dinâmica Não linearidade ou Recorrência Aglutinação Atratores Prática da Pró-Reitoria: identificação do papel mobilizador do líder adaptativo no ambiente dinâmico (descrição operacional). [...] as discussões que você vai fazer num colegiado, as pessoas elas tem dificuldade de conversar entre si. Agora você imagine propor um planejamento no semestre de forma Os líderes adaptativos detém integrada onde eles de certa forma... conceber que isso é o um pensamento não linear. papel da Universidade, ela tem o foco em desenvolver isso [...] Fomentam o fluxo de então é bem paulatina essa discussão, é muito grande. [...] vem informações e estimulam o as contribuições daí em alguns cursos avançam com certa diálogo que ajuda a conectar facilidade [...] veem avanços nessa forma de você planejar de passado, presente e futuro. forma integrada, elimina uma parte assim no início dos problemas de repetição de conteúdo [...] dá um trabalho inicial maior mas depois os ganhos, os resultados começam a aparecer. Na minha gestão aqui, tem as pessoas que discordam de mim, é natural eu aceito, eu vejo isso de bons olhos, pessoas que vem aqui (para argumentar alguma decisão ou mudança) [...] até onde vai a tua forma de pensar diferente? aí eu faço o Líderes adaptativos são mais exercício da contra argumentação [...] isso eu acho muito aptos a entender as importante [...] ela sai convencida de que a proposta que eu dinâmicas complexas por tinha ou melhorada, a maioria das vezes melhora a proposta visualizarem as que parte da vice-reitoria, mas daí ela vai como coesa, então o interconexões. Ajudam a aprendizado é nesse sentido, vem aqui discute, mas sai daqui, estimular e reforçar os ou me convence, na maioria das vezes é melhorada a proposta, processos dinâmicos da não é convencimento. Mas tem que se manifestar. Quando não complexidade, promovendo manifesta, eu mesmo volto a questionar: “você não tá a interconectividade e a convencida e não tá querendo dizer porque não tá convencida, criação de vínculos. ou você ainda não se fundamentou o suficiente”, porque assim, foram mudanças no comportamento da parte acadêmica bem significativas e pra acontecer as pessoas tem que estar convencidas. Líderes adaptativos são mais [...] nenhum aqui consegue ter uma rotina engessada... e aptos a entender as também eles participam dos eventos [...] o pessoal da extensão dinâmicas complexas por participa de evento nacional e até internacional. Tem que reconhecerem os atratores e participar, ficar ligado nas mudanças. A nível dos conselhos, compreenderem a natureza dos órgãos [...] então sempre que há reunião primeiro vem o dos movimentos que eles recorte do que está acontecendo, o que nós vamos aprimorar, criam. Ajudam a criar fluxos por exemplo: rotina para criação de grupos de pesquisa – não de informações e existe – nós criamos, se cria, baseado no que: nas experiências conhecimento que e na motivação das pessoas, então você faz uma instrução estimulam o surgimento de normativa dizendo [...] primeiro tem que vencer alguns atratores. aspectos legais. Então tá, começa por ali. Fonte: Dados primários da pesquisa (2013). Descrição 86 O depoimento de E6 não apresentou restrições ou cautela para expor os exemplos de sucesso, experiências negativas ou frustrações. De uma forma humorada e aberta, exprimiu a falta de argumentação que as pessoas têm diante de um assunto, mas que, ainda assim querem debater-se para resistir às mudanças. Instiga a contra argumentação no intuito de promover o aprendizado. Estimula o aprendizado também por meio do incentivo à participação de sua equipe em eventos nacionais e internacionais. Este estímulo promove a interconectividade entre as pessoas. Por assim dizer, afirma-se que há a presença das dinâmicas da complexidade na atuação de E6 em sua Vice-Reitoria, em consonância ao construto teórico de Uhl-Bien e Marion (2009). 4.3.2.7 Resultados da Entrevista E7 O Quadro 28 traz a entrevista de E7 sobre as dinâmicas da complexidade e a TLC. Quadro 28: Dinâmicas da Complexidade e a TLC nas práticas de atuação de E7 Dinâmica Descrição Não linearidade ou Recorrência Os líderes adaptativos detém um pensamento não linear. Fomentam o fluxo de informações e estimulam o diálogo que ajuda a conectar passado, presente e futuro. Aglutinação Líderes adaptativos são mais aptos a entender as dinâmicas complexas por visualizarem as interconexões. Ajudam a estimular e reforçar os processos dinâmicos da complexidade, promovendo a interconectividade e a criação de vínculos. Atratores Prática da Pró-Reitoria: identificação do papel mobilizador do líder adaptativo no ambiente dinâmico (descrição operacional). [...] a gente procura favorecer a participação das pessoas nos processos decisórios do grupo [...] procuramos ir até o máximo da participação das pessoas porque entendemos que se as pessoas participam da construção de uma proposta, da construção de um projeto, fica muito mais fácil depois a implementação desse mesmo projeto, ou de alguma proposta inovadora. Então o processo de participação ele é um processo formativo também. [...] na nossa equipe nós temos [...] processos que são rotinas e processos novos, então eu vejo assim que, as pessoas elas sabem trabalhar bem com a rotina [...] como a rotina ela é um processo, a equipe tem a tendência, a compreensão que mesmo nas rotinas, nos processos é necessário inovar. Já que a inovação do processo é uma das formas de inovação. [...] Portanto, eu não poderia negar que existe a rotina, mas também não posso negar de que a nossa equipe ela tende a inovar nos processos, de forma com que aquela rotina necessária dos processos, ela também seja inovada constantemente. Líderes adaptativos são mais aptos a entender as (ideias e projetos) eles são frutos do planejamento, mas são dinâmicas complexas por frutos também da convivência diária com quem faz a reconhecerem os atratores e Universidade [...] que são os detentores dos atilhos do compreenderem a natureza conhecimento que são os professores [...] quanto mais a gente dos movimentos que eles conseguir dialogar com frequência, mais ideias nós vamos ter, criam. Ajudam a criar fluxos mais projetos, e isso é uma coisa que eu procuro fazer bastante de informações e que é circular entre os professores, seja de modo formal, nas conhecimento que reuniões, eventos, quanto de modo informal, andando pelo estimulam o surgimento de campus e dialogando com os docentes. atratores. Fonte: Dados primários da pesquisa (2013). 87 Dentre os outros sete depoimentos obtidos, este é o que tem total aderência à TLC, enquanto dinâmicas da complexidade. E7 se destaca nos fundamentos da TLC desde a não linearidade de seu pensamento e de suas ações, quanto do estabelecimento dos vínculos e das interconexões que promove. De acordo com Heifetz (1994), o líder adaptativo estimula os movimentos que promovem o trabalho adaptativo, o que E7 consegue fazer por meio dos fluxos para conhecer os atratores (UHL-BIEN; MARION, 2009), quando de sua estada nas reuniões formais ou nos encontros informais, andando pelo campus e dialogando com os docentes. 4.3.2.8 Resultados da Entrevista E8 Dispõem-se no Quadro 29, a seguir, às dinâmicas da complexidade e a TLC nas práticas de atuação de E8. Quadro 29: Dinâmicas da Complexidade e a TLC nas práticas de atuação de E8 Prática da Pró-Reitoria: identificação do papel Dinâmica Descrição mobilizador do líder adaptativo no ambiente dinâmico (descrição operacional). Os líderes adaptativos detém um pensamento não linear. Não A Universidade é movimento, está sempre mudando. Fomentam o fluxo de linearidade ou Situações bruscas acontecem e precisamos estar preparados informações e estimulam o Recorrência para resolvê-las. Os profissionais assumem esses desafios. diálogo que ajuda a conectar passado, presente e futuro. Líderes adaptativos são mais aptos a entender as dinâmicas complexas por A rotina é intensa, precisamos dar conta de tudo. O esforço é visualizarem as grande para estabelecer melhor os fluxos. interconexões. Ajudam a Quanto à rotina, nem sempre as pessoas sentem-se Aglutinação estimular e reforçar os confortáveis. processos dinâmicos da E sobre inovação, é algo que está presente, mas não é o único complexidade, promovendo “norte”. a interconectividade e a criação de vínculos. Líderes adaptativos são mais aptos a entender as dinâmicas complexas por A gente chama, dialoga sobre o processo, discute e decide qual reconhecerem os atratores e a melhor forma de encaminhar em conjunto com a equipe. As compreenderem a natureza decisões são sempre coletivas. Atratores dos movimentos que eles criam. Ajudam a criar fluxos O que mais motiva e engaja a equipe: de informações e [...] a possibilidade do trabalho coletivo. De equipe. conhecimento que estimulam o surgimento de atratores. Fonte: Dados primários da pesquisa (2013). 88 Ficaram implícitas no depoimento de E8 as dinâmicas da complexidade e a TLC em sua atuação. Seriam necessários mais exemplos e profundidade do discurso para se afirmar com total clareza a presença dos fundamentos da TLC. Porém, é importante salientar que E8 compreende a Universidade como “movimento”, ou seja, na visão de Uhl-Bien e Marion (2009), isso significa “fluxo”. Os fluxos de informação estimulam o diálogo e estabelecem conexões. 4.3.3 Emergência Os resultados apresentados na sequência dizem respeito à terceira categoria de análise, a emergência no contexto da TLC. Conforme destacado anteriormente no Quadro 12 (categorias de análise), em sua definição constitutiva, a emergência é entendida como sendo os acontecimentos interdependentes e não lineares que produzem ou caracterizam mudanças nos SAC. A presença de um contexto emergente depende de um fluxo de informações e interações entre a liderança adaptativa, as dinâmicas da complexidade e as condições habilitadoras (LOPES, 2011, UHL-BIEN; MARION; MACKELVEY, 2007; UHL-BIEN; MARION, 2009). Para tanto, se observou a forma com a qual os respondentes promovem a inovação, a aprendizagem e a adaptabilidade no ambiente de trabalho das pró-reitorias. Refere-se a um ambiente de estímulo, incentivo e motivação das pessoas para a execução das estratégias. 4.3.3.1 Resultados da Entrevista E1 Destaca-se no Quadro 30 o resultado encontrado com as informações obtidas na entrevista de E1. Quadro 30: Emergência na TLC e as práticas de atuação de E1 (Continuação até a página 89). Prática da Pró-Reitoria: corresponde a um ambiente Processo Descrição de estímulo, incentivo e motivação das pessoas para a Emergente execução das estratégias (descrição operacional). A gente criou 33 (trinta e três) projetos de mudança, só Para a TLC, a emergência é que uns foram incrementais, melhorias assim, mas todos Inovação entendida como sendo os eles envolviam uma forma de revisão [...] a revisão de Aprendizagem acontecimentos interdependentes todos os processos da pró-reitoria de ensino, de atuação, Adaptabilidade e não lineares que produzem ou de trabalho, sequenciamento de tarefas, rotinas, caracterizam mudanças nos SAC. documentos. A presença de um contexto 89 emergente depende de um fluxo de informações e interações entre a liderança adaptativa, as dinâmicas da complexidade e as condições habilitadoras. [...] o mais significativo foi exatamente esta tentativa de fazer uma mudança na forma de fazer a gestão, sabe pra mim, foi um ato significativo, do ponto de vista do trabalho. Teve coisas que a gente avançou [...] tava trazendo uma boa discussão, uma nova política das licenciaturas, tava saindo bons projetos, nesta área, na contratação de professores, tínhamos uma equipe bem comprometida [...] tava tentando mudar a forma de analisar projetos pedagógicos, estavam muito arcaicas. Fonte: Dados primários da pesquisa (2013). O discurso de E1 traduz em sua fala e expressões o papel mobilizador e instigador que tinha diante da condução da pasta para promover a emergência. E1 preocupou-se em trazer as pessoas para um contexto de mudanças, pois tinha a percepção de que era necessária a inovação nos projetos pedagógicos e no modelo de gestão. Para tanto conduziu trinta e três projetos de mudanças incrementais ou de melhorias. Teve a postura de um líder adaptativo pelo exercício do trabalho adaptativo (HEIFETZ, 1994), engajamento e mobilização das pessoas no intuito de executar novas ações. 4.3.3.2 Resultados da Entrevista E2 O Quadro 31 exprime os trechos da entrevista de E2 que correspondem à emergência na TLC e as práticas de atuação do entrevistado. Quadro 31: Emergência na TLC e as práticas de atuação de E2 (Continuação até a página 90). Processo Emergente Descrição Inovação Aprendizagem Adaptabilidade Para a TLC, a emergência é entendida como sendo os acontecimentos interdependentes e não lineares que produzem ou caracterizam mudanças nos SAC. A presença de um contexto emergente depende de um fluxo de informações e interações entre a liderança adaptativa, as dinâmicas da complexidade e as condições habilitadoras. Prática da Pró-Reitoria: corresponde a um ambiente de estímulo, incentivo e motivação das pessoas para a execução das estratégias (descrição operacional). [...] tem que ter o tempo do operacional, do dia a dia e tu tem que ter o tempo pra conseguir parar e olhar pra frente e pensar coisas mais significativas [...] eu destino um tempo da gestão pra pensar estas coisas que vão ser. Agora mesmo, nós fizemos uma reunião, para reunir os projetos estratégicos com 10 (dez) dirigentes acadêmicos da Universidade, o topo da área acadêmica na hierarquia, e nós passamos um dia e meio num hotel, sem telefone, sem nada, discutindo um monte de coisa. Saiu ideias assim, muito legais pra todos, mas isso são os projetos estratégicos. Quanto a mudanças recentes e de impacto: A implantação dos mestrados, nós não tínhamos quase doutores, eu fiz um projeto de 10 (dez) páginas, apresentei aos dirigentes, nós aprovamos em 2010, era um projeto que vai até 2014, nós vamos até 2015 a gente deve aprovar nosso 6º mestrado, e implicava em contratar doutores ou pegar os doutores que já tinha e ceder, e dar eles condição de ter 28 horas pra pesquisa. 90 Então isso foi um orçamento da ordem anual aí de cinco milhões e seiscentos, mais ou menos... então aquilo ali foi, tá mudando a cara da Universidade, nos tínhamos que aprender a lidar com pesquisas mais aprofundadas do que atualmente a gente tava acostumado [...] eu diria que hoje a grande transformação da Universidade, dos últimos 3 anos aí é a implantação, o esforço institucional para implantar pós-graduação stricto-sensu. [...] a mudança, ela pode ser quântica, revolucionária ou ela pode ser incremental. A Universidade pelo perfil de gestão dela ela tende a ser incremental, ela não muda com muita rapidez, então ela vai... mas, a gente tem feito grandes transformações. Fonte: Dados primários da pesquisa (2013). Não obstante, no Quadro 16, sobre as condições habilitadoras, o depoimento de E2 exprime uma preocupação maior em tratar o volume de informações e as tratativas de mudança em nível estratégico. E2 possui uma vasta experiência no âmbito acadêmico, o que lhe permite articular as estratégias junto de seus pares para o cumprimento dos objetivos da Universidade. A TLC permite que as estruturas tradicionais de controle, tornem-se apropriadas a coordenar e produzir resultados às Organizações ainda que em seus processos formais, de acordo com sua missão, visão, valores e objetivos. Ou seja, torna-se compatível a execução do planejamento estratégico. A TLC ainda destina-se a integrar a dinâmica da complexidade e da burocracia, da coordenação, do controle, da prospecção e exploração, dos SAC e hierarquias, bem como a emergência casual (UHL-BIEN; MARION; MCKELVEY, 2007). Neste sentido, de acordo com o depoimento de E2, os processos emergentes ocorrem em nível estratégico. 4.3.3.3 Resultados da Entrevista E3 No Quadro 32 apresentam-se a emergência na TLC e as práticas de atuação de E3, conforme destaques de sua fala no decorrer da entrevista. Quadro 32: Emergência na TLC e as práticas de atuação de E3 (Continuação até a página 91). Processo Emergente Descrição Inovação Aprendizagem Adaptabilidade Para a TLC, a emergência é entendida como sendo os acontecimentos interdependentes e não lineares que produzem ou caracterizam mudanças nos SAC. A presença de um contexto Prática da Pró-Reitoria: corresponde a um ambiente de estímulo, incentivo e motivação das pessoas para a execução das estratégias (descrição operacional). [...] nós temos um escritório de projetos. Este escritório de projetos está ligado a pró-reitoria de pesquisa, então eles fazem o papel da triagem dos editais que nós podemos participar. E aí eles acionam sim, o pró-reitor, ou no grupo de pesquisa, diz olha: tem um projeto na FAPESC, tem um projeto na CAPES, tem um projeto no 91 emergente depende de um fluxo de informações e interações entre a liderança adaptativa, as dinâmicas da complexidade e as condições habilitadoras. CNPQ... e assim ela vai indicando e a gente vai montando os grupos. Então, a pró-reitoria de ensino sim, ela faz também um papel de mobilizadora, então coisas relacionadas muito a Capes [...], cursos técnicos, formação de professores, essas coisas a gente faz daqui. Mas, é muito mais como mobilizadora, como impulsionadora, do que como órgão pensante. Às vezes nós avaliamos que pela quantidade de trabalho burocrático a gente perde um pouco o foco do pensar. No sentido do estratégico né, às vezes nós necessitamos que as pró-reitorias, no caso dos pró-reitores, poderiam ficar um pouco... respirar um pouco mais, pra olhar mais pra um horizonte e tal. Acaba que o cotidiano ele nos massacra. Porque às vezes tem agendas de 12 horas. Fonte: Dados primários da pesquisa (2013). O pensamento de E3 está voltado para a aprendizagem e a adaptabilidade, conforme ela mesma informou e que está expresso no Quadro 33. Porém, quanto à inovação, comentou que, considera este processo presente na reestruturação interna que está ocorrendo nas Próreitorias da Universidade. O que deixou em evidência é de que não consegue ainda avaliar se esta inovação será positiva. O fato de ter um escritório de projetos pode-se considerar como uma inovação. Este escritório, com as demandas pela busca de editais, além da participação da Universidade nos projetos dos mais diversos órgãos ligados à educação e a pesquisa, estimula as interações e a adaptabilidade (UHL BIEN; MARION, 2009). E3 convive em um ambiente atribulado, com muitas demandas e o surgimento de situações cotidianas atípicas precisam ser resolvidas de imediato, o que considera como um ponto negativo para o pensar estratégico. De acordo com os SAC, este ambiente promove a ligação a uma rede dinâmica e interativa (AXELROD; COHEN, 2000), o que poderia representar para E3 uma oportunidade de desenvolvimento para a sua pró-reitoria. Em uma estrutura organizacional, a Universidade, por exemplo, no gerenciamento de fluxos de conhecimento, subentende-se como constelações temporárias de pessoas e unidades (HEDLUND, 1994 apud UHL-BIEN; MARION; MCKELVEY, 2007), os SAC surgem naturalmente em sistemas sociais, a fim de resolver os problemas de forma criativa, estimulando o aprendizado e a resiliência (capacidade de adaptação às mudanças). 4.3.3.4 Resultados da Entrevista E4 No Quadro 33, a seguir, dispõem-se o depoimento de E4 quanto à caracterização da Emergência na TLC e as práticas de sua atuação. 92 Quadro 33: Emergência na TLC e as práticas de atuação de E4 Processo Emergente Inovação Aprendizagem Adaptabilidade Prática da Pró-Reitoria: corresponde a um ambiente de estímulo, incentivo e motivação das pessoas para a execução das estratégias (descrição operacional). (ideias, projetos, ações) [...] vem de todos os lugares eu acho, não tem um lugar que seja privilegiado, eu não posso dizer assim “nenhuma ideia surge aqui”, porque é claro que surge, a gente anda em outras Universidades, conhece outras coisas, lida com outras situações. [...] nós temos esse hábito de ouvir muito os grupos, então tu vai pra uma reunião de professores, tu vai pra uma reunião de coordenadores, tu vai pra uma atividade da formação continuada, as pessoas conversam sobre as coisas. E quando elas conversam, surgem ideias. Às Para a TLC, a emergência é vezes você não coloca na prática exatamente aquela entendida como sendo os ideia, mas [...] é alerta pra alguma coisa que surgiu dali acontecimentos interdependentes [...] a gente tem, por exemplo, o pessoal do apoio e não lineares que produzem ou pedagógico dos centros né, que é o pessoal que lida lá caracterizam mudanças nos SAC. diretamente com cada curso, com cada situação [...] eles A presença de um contexto trazem coisas, “olha! isso...ó isso não tá dando conta... emergente depende de um fluxo os professores não estão conseguindo compreender isso de informações e interações entre aqui... ah, a prática tá demonstrando aquilo ali”... e aí a liderança adaptativa, as eles trazem um problema, a gente acaba, a partir daquele dinâmicas da complexidade e as problema acaba tendo uma ideia, acaba implementando condições habilitadoras. um tema, uma forma, uma possibilidade [ ]. Então as fontes elas são muitas. O que eu acho que é o segredo dessa situação é você prestar atenção nisso. [...] é o que eu chamo de ensinar e aprender, eu acho que a pessoa que tá com o ouvido atento [...] e quando a gente tá com essa percepção, as ideias elas circulam mais facilmente. Você encontra algumas possibilidades e também claro aquela questão assim de você olhar pro problema e não enxergar só o problema, você enxerga [...] também a possibilidade [...] normalmente a riqueza é muito grande. Fonte: Dados primários da pesquisa (2013). Descrição As práticas de atuação de E4 em sua pró-reitoria demonstram explicitamente a presença da emergência no contexto da TLC. Sua habilidade em tratar situações atípicas como sendo positivas para o crescimento e a adaptação do trabalho predispõe um ambiente aberto à inovação e a aprendizagem. Uhl-Bien e Marion (2009) confirmam esta prática como emergente, pois explicam que a TLC está focada na aprendizagem criativa e adaptativa dos SAC dentro de organizações de produção do conhecimento. 93 4.3.3.5 Resultados da Entrevista E5 Para a certificação desta análise, apresenta-se no Quadro 34: Emergência na TLC e as práticas de atuação de E5. Quadro 34: Emergência na TLC e as práticas de atuação de E5 Processo Emergente Inovação Aprendizagem Adaptabilidade Prática da Pró-Reitoria: corresponde a um ambiente de estímulo, incentivo e motivação das pessoas para a execução das estratégias (descrição operacional). [...] nós tivemos assim que assumimos fazer uma geral digamos assim, então tínhamos que tomar algumas ações menos simpáticas, porque você tem que olhar a questão da ocupação docente, a questão de professores em sala de aula, [...] se não tem alguns exageros [...] por Para a TLC, a emergência é um lado isso foi positivo porque [...] algumas ações que entendida como sendo os foram tomadas acho que realmente eram necessárias. Às acontecimentos interdependentes vezes nós precisamos de algumas ações eternas né. e não lineares que produzem ou [...] nós temos um objetivo principal que é atender essas caracterizam mudanças nos SAC. metas (objetivos estratégicos da atual gestão) que muito A presença de um contexto mais do que uma meta do reitor, é uma meta da emergente depende de um fluxo Universidade, porque elas foram frutos também da de informações e interações entre opinião da comunidade acadêmica, então nós temos a liderança adaptativa, as essas metas pra resolver. Mas, naturalmente surgem às dinâmicas da complexidade e as vezes outras nessa caminhada, tínhamos um projeto, condições habilitadoras. mas vão surgindo outras questões. Então, dependendo, a gente às vezes forma grupos para atender aquela demanda, pra resolver aquela situação, pra caminhar, e aí [...] se cria uma comissão, bota alguém responsável e aí vai acompanhando [...] a gente tem os projetos, cada coordenadoria tem os projetos que tem que atender. Fonte: Dados primários da pesquisa (2013). Descrição O discurso de E5 confirma um ambiente complexo e com processos emergentes. Seu contexto de mudanças aconteceu desde a incipiência de seus trabalhos, quando assumiu a pasta em que uma série de alterações de ordem estrutural e de planejamento precisaram ser cumpridas. Mas, a questão estava pautada em como engajar as pessoas para a percepção da necessidade da mudança e o porquê das alterações. As pessoas atingidas sentiriam desconforto e talvez isso se traduzisse no não comprometimento. Por isso de sua fala em tomar decisões “menos simpáticas”, porém necessárias. Mas, com habilidade de um gestor e contando com a confiança e a credibilidade de seu grupo, explanou os motivos e as situações foram resolvidas. E5 procura ouvir a comunidade acadêmica, sugere mudanças e faz a relação com os objetivos estratégicos traçados no plano de gestão da Reitoria. Por meio de seus exemplos e 94 da condução de seus trabalhos, percebeu-se um ambiente propício à caracterização da emergência na TLC. 4.3.3.6 Resultados da Entrevista E6 Na sequência, apresenta-se o Quadro 35 com o depoimento de E6, referente à emergência na TLC e as práticas de sua atuação. Quadro 35: Emergência na TLC e as práticas de atuação de E6 Processo Emergente Descrição Inovação Aprendizagem Adaptabilidade Para a TLC, a emergência é entendida como sendo os acontecimentos interdependentes e não lineares que produzem ou caracterizam mudanças nos SAC. A presença de um contexto emergente depende de um fluxo de informações e interações entre a liderança adaptativa, as dinâmicas da complexidade e as condições habilitadoras. Prática da Pró-Reitoria: corresponde a um ambiente de estímulo, incentivo e motivação das pessoas para a execução das estratégias (descrição operacional). Quando eu assumi a pasta, nós estávamos com IGC 2 indo pra guilhotina porque o terceiro corria o risco de perder o credenciamento. Bom, aí foi um negócio, um momento crítico, de transição da Universidade [...] mas tudo bem, desafio tem que ser vencido... aí nós começamos então, escrever o documento e junto montar a estratégia para que isso se materializasse [...] daí você vai para o colegiado, daí vem NDE, então essas coisas, eles tem as verdades absolutas incorporadas. Aí quando você vai [...] tentar dialogar esta questão [...] vem a questão da definição de conceitos e a percepção do que que é estes conceitos no entendimento da formação deles. O que é pesquisa, o que é extensão e o que é o ensino pra eles. Você já faz um diagnóstico de cara assim [ ]. Aí vem o que? Como é que você faz a gestão disso? [...] Aí que eu falo então, o único problema é a concentração de mais de três...(pastas) de ensino, pesquisa, e extensão. O fato de ter o direcionamento digamos assim, mais hierárquico, ele agilizou que depois agora a avaliação permitida foi maior que os resultados... agora tinha que primeiro sensibilizar as pessoas e conceber que isso faz uma Universidade e que numa universidade se faz ensino, pesquisa e extensão e não só ensino isolado. [...] o aprendizado ele acontece sempre, ou ele acontece na marra, na forma rápida ou ele é mais paulatino, depende a exigência que é necessária naquele momento. Mas se aprende mesmo. Fonte: Dados primários da pesquisa (2013). No decorrer de toda a entrevista com E6, percebeu-se sua ansiedade pelo êxito da Universidade respaldada em seu trabalho. Detém uma preocupação atrelada a promover as forças dos agentes (função adaptativa) às restrições de ordem burocrática e hierárquica (função administrativa). E6 deparou-se com questões de ordem legal sérias e conseguiu as conduzir de forma sistemática e adaptativa. 95 Nestas questões, contou com o apoio das pessoas envolvidas no processo e também em nível estratégico, ainda que, atribulado. Seu cotidiano é um processo emergente contínuo, pois lida com diversos níveis hierárquicos no acúmulo das três pastas: “ensino, pesquisa e extensão”. Em sua visão, o excesso de pastas prejudica o bom andamento dos trabalhos, pois não permite um acompanhamento mais de perto de questões pontuais. Ademais, sofre com a tomada de decisão que ocorre em nível de reitoria, que muitas vezes vêm de encontro às suas decisões. Pelo que se apresenta, caracteriza-se um ambiente complexo e atribulado. O que para ele parece ser ruim, no contexto da TLC significa o estabelecimento das interconexões dos SAC e a geração de novos contextos adaptados (AXELROD; COHEN, 2000). 4.3.3.7 Resultados da Entrevista E7 O Quadro 36 demonstra os dados primários abstraídos da entrevista de E7 no que tange à categoria de análise ‘emergência na TLC’. Quadro 36: Emergência na TLC e as práticas de atuação de E7 Processo Emergente Inovação Aprendizagem Adaptabilidade Descrição Prática da Pró-Reitoria: corresponde a um ambiente de estímulo, incentivo e motivação das pessoas para a execução das estratégias (descrição operacional). Para a TLC, a emergência é Fato recente que representou uma mudança de impacto: entendida como sendo os eu acho que a gente conseguiu fazer no ano passado acontecimentos interdependentes uma coisa que em 50 anos de história a gente nunca e não lineares que produzem ou conseguiu fazer que é elaborar novos projetos caracterizam mudanças nos SAC. pedagógicos pra todos os cursos num ano só [...] 65 A presença de um contexto cursos, eu acho que isso foi histórico. Hoje todos os emergente depende de um fluxo projetos pedagógicos estão reformulados no novo de informações e interações entre entendimento, numa nova compreensão de formação por a liderança adaptativa, as competências e 100% dos cursos da Universidade dinâmicas da complexidade e as reformularam os seus projetos dentro dessa visão. Eu condições habilitadoras. acho que foi uma coisa grande, histórica pela qual também eu me orgulho muito de ter participado desse processo. Fonte: Dados primários da pesquisa (2013). O discurso de E7 retrata que todo o processo de trabalho em si é formativo. Por esta afirmação se percebe que a promoção da aprendizagem é contínua e estimulada. Este respondente trouxe um depoimento marcante para os construtos teóricos da TLC, pois sua atuação na prática convalida as forças emergentes que, quando estimuladas são capazes de produzir um padrão acima dos níveis de expectativa do universo das IES, um feito histórico. 96 Este feito histórico diz respeito à reelaboração dos projetos pedagógicos dos sessenta e cinco cursos de graduação em um único ano. Há a presença de um contexto emergente nesta Universidade que se caracteriza pela inovação, aprendizagem e adaptabilidade. 4.3.3.8 Resultados da Entrevista E8 No Quadro 37 estão dispostos os elementos do discurso de E8 quanto à emergência na TLC em suas práticas de atuação. Quadro 37: Emergência na TLC e as práticas de atuação de E8 Processo Emergente Inovação Aprendizagem Adaptabilidade Descrição Prática da Pró-Reitoria: corresponde a um ambiente de estímulo, incentivo e motivação das pessoas para a execução das estratégias (descrição operacional). Para a TLC, a emergência é Os projetos (ideias) que são desenvolvidos pela próentendida como sendo os reitoria surgem do planejamento da IES. acontecimentos interdependentes e não lineares que produzem ou Para inovar em seus processos e ações há a necessidade caracterizam mudanças nos SAC. de articulação com o planejamento da IES. A presença de um contexto emergente depende de um fluxo Há resistência das pessoas quando das mudanças a de informações e interações entre serem implementadas. a liderança adaptativa, as dinâmicas da complexidade e as condições habilitadoras. Fonte: Dados primários da pesquisa (2013). O depoimento de E8 não condiz com os processos emergentes da TLC, em nível de trabalho adaptativo e com as lideranças informais. Porém exprime a concisão e formalização das ideias por meio do planejamento. Os processos de inovação são articulados junto do planejamento e, quando de alterações ou mudanças, há a resistência de implementação. Para tanto, este depoimento não é parâmetro para uma análise apurada sobre a convergência à terceira categoria de análise. Concluída a apresentação dos dados primários e respectivas análises individuais dos respondentes da categoria ‘emergência na TLC’, a próxima seção, na sequência, destina-se a apresentação da última categoria de análise referente ‘líder adaptativo’. 97 4.3.4 Líder Adaptativo Apresentar-se-á nesta seção os dados obtidos nas entrevistas, um único quadro, para o atendimento à quarta categoria de análise: líder adaptativo. O líder adaptativo promove e estimula as forças emergentes que são validadas com as condições habilitadoras e dinâmicas da complexidade, possíveis por meio da convergência dos atributos de um gestor-líder (HEIFETZ, 1994; UHL-BIEN; MARION; MCKELVEY, 2007; UHL-BIEN; MARION, 2009; LOPES; CERVI, 2013). Os entrevistados destas Universidades expressaram seus anseios, suas práticas, exemplos de sucesso e também suas angústias. A cada fala, expressão ou reflexão demonstraram a forma com que conduzem o desenvolvimento dos projetos, das estratégias e a participação efetiva nas ações de mudança. Para que se realize, são necessários o engajamento e a mobilização da equipe. Esta análise pôde ser feita por meio desta categoria a qual representa o objetivo geral da pesquisa em compreender se os fundamentos da TLC estão contidos na atuação dos próreitores. Se estiverem, significa dizer que, além de estarem na gestão, são também os líderes adaptativos da TLC. A seguir, apresentam-se os dados da pesquisa dispostos no Quadro 38 (entre as páginas 98 à 102) para demonstrar a percepção de cada um dos pró-reitores participantes sobre o que entendem como ser um gestor e um líder na condução dos trabalhos de suas respectivas pró-reitorias e consequentemente, se os qualifica como um líder adaptativo. 98 Quadro 38: Características da gestão e da liderança dos Pró-reitores (Continuação até a página 102) Depoimentos dos Entrevistados E1 E2 Operacionalização: O líder adaptativo na TLC promove e estimula as forças emergentes que são validadas com as condições habilitadoras e as dinâmicas da complexidade. Estas forças são detectadas por meio da convergência dos atributos de um gestor que atua no modelo de liderança adaptativa. Atributos de um Gestor Ser respeitoso. Saber ouvir as pessoas mais experientes. Discutir e avaliar propostas. Saber lidar com os conflitos (apagar incêndios). Alinhar o conhecimento do que é uma IES. Ter conhecimento epistemológico, ontológico e visão de mundo. Aplicar estes conhecimentos no ambiente distinto e complexo da IES. Ter bons relacionamentos com as pessoas do seu meio acadêmico. Convergências entre Gestão e Liderança Mobilização de Pessoas (Liderança Adaptativa) Proporcionar um ambiente de trabalho descontraído, sem broncas, sem alterações. Compartilhamento de decisões. Trazer as pessoas para o contexto das estratégias e das mudanças da IES. Não se impor pela autoridade do cargo, mas pelo engajamento das pessoas com os projetos. [...] você pode ser até um bom gestor e você não ter todas as características de um líder. E você pode ter características de liderança sem tá numa posição de gestão, mas elas se completam, elas [...] tem que ser compartilhadas. A liderança compartilhada com a gestão é necessária, porém não são a mesma coisa. [...] essa fusão ela não é plena, porque você vai alternando, [...] a gente está em constante evolução, eu já percebo [...] a liderança de alguma maneira é uma capacidade de influenciar os outros. E você pode influenciar os outros de muitas maneiras (pelo bom relacionamento) Você pode chegar pra uma pessoa e dizer assim: “que tal se você fizesse... já pensou em fazer isso assim?” a pessoa vai pensar [...] (e entender o raciocínio). Percepção individual sobre o que mudou no seu período de atuação [...] elas perceberam (as pessoas), todas elas são importantes de alguma forma, porque eu sempre dizia, quando eu entrei lá era todo mundo atrás de seu computador, todo mundo trabalhando, todo mundo fazendo alguma coisa, mas aí, era todo dia aquilo [...] então eu gostava de provocar as pessoas a pensar em mudarem isso [...] foi a principal tentativa que a gente enfim, de alteração de uma forma de gestão. Elaborou os projetos inerentes a implantação dos programas de mestrado. Montou uma pauta para corte de gastos, reduções de despesas e economia forçada por conta de um compromisso financeiro. Implantou uma gestão voltada à organização, comando e controles de Reflexão/Frase Marcante [...] minha visão de liderança, de ser um líder é a de mobilizar pessoas para melhorar a vida de todos. [...] qualifica um líder não como alguém que consegue executar algo, mas chegar à mobilização, uma passagem, quando as pessoas sentem confiança, sentem respeito, e é um caminho. [...] eu tenho inspiração. que ter [...] o ser humano ele é um ser paradoxal [...] queremos mudanças, mas a gente estabelece uma rotina de acordar no mesmo horário, tomar o mesmo café, deixar o filho à escola e não sei o que... tudo é exatamente idêntico e a gente se sente bagunçado quando isso muda abruptamente. 99 [...] os atributos pessoais eles ajudam a gente a formar a nossa competência profissional, mas só os atributos pessoais eles não dão conta da complexidade. E3 Administrar conflitos (apagar incêndios, resolver as urgências e emergências). Ter tempo para pensar o estratégico. E4 [...] a principal característica de uma pessoa, independente de ser gestora ou não, mas de um profissional hoje, é saber que tem pessoas que lidavam mais com a gestão e foram se desenvolvendo agora melhor como líder, [...] e tem pessoas que entram na gestão que são técnicos do ponto de vista de dominar a gestão como processo, e planejar, organizar, etc. E elas vão fazer bem até à gestão, mas elas não vão ser vistas como líderes [...] que vão conseguir promover grandes mudanças, que vão poder conduzir. Entende que as características de um líder são construídas ao longo da jornada de vida de cada indivíduo, pelas suas experiências. (liderança e gestão) não são as mesmas coisas, eu acho que se elas caminharem juntas elas ficam melhor. Porque hoje você não faz gestão de nada se você não tiver relação com as pessoas. Pra mim a liderança tá relacionado [...] umbilicalmente com manter relação com as pessoas [...] e gerir hoje é necessariamente gerir com as pessoas, não para. Pra isso você tem que ser liderança. Agora, só a liderança, por exemplo, a liderança carismática [...] não dá conta porque a complexidade é tanta que ela exige de você conhecimentos. Liderança: ter conhecimento, ter argumento, ter a capacidade de lidar com determinada situação. Gestão: advém do cargo. todos os campi Universidade. [...] a mobilização das pessoas tem a ver com duas coisas: quem mobiliza precisa ir à frente, precisa demonstrar que tá interagindo, e tem a ver com comprometimento [...]. [...] mobilizar é pensar junto, é planejar junto, é fazer junto, é claro que a pró-reitora não consegue... tem coisa que tu não consegue, mas é fazer o primeiro passo, é fazer o primeiro rascunho, é dar a primeira ideia e aí a equipe pega pra si e toca ficha. (Liderança) a pessoa que tem naquele momento a melhor forma de conduzir aquela situação e aquela atividade. E eu diria até que liderança era da [...] a gente tá trabalhando nestas duas coisas: no conservadorismo no sentido de cuidar muito bem das contas, de se preocupar, porque hoje nós temos uma concorrência bastante acirrada na cidade que não tínhamos há 10, 15 anos atrás, nós éramos únicas. Hoje mudou, então nós não podemos agir como a cinco anos, mas também temos certeza de que o nosso diferencial é o fato de ser Universidade, é o fato de ter pesquisa, e pesquisa leva à inovação. Presença marcante como gestora e no corpo docente. Atenta a todos os processos de mudança, Eu tenho que pegar as metas, eu tenho que saber quais delas se referem ao ensino superior, eu tenho que estudar! [...] não adianta ter só carisma. Você pode ter carisma, ter uma equipe técnica que te dê um pouco de suporte, mas pra fazer gestão você tem que conhecer. Conhecer daquilo que você gesta, senão não dá certo. eu não sou pró-reitora, estou pró-reitora. 100 pensar. Ter planejamento. Administrar conflitos (apagar incêndios). [...] líder é o cara que tem argumento, que é o que eu chamo de autoridade funcional, eu acho que a gente se espelha naquelas pessoas que você reconhece uma autoridade naquela situação, e pra mim esses são os líderes, porque você não vai [...] depositar confiança naquelas pessoas que você não reconhece a autoridade. Saber ouvir e saber receber críticas. E5 Ser ativo, disposto a tomar algumas ações ainda que não sejam “simpáticas” a todos, porém necessárias. Ser uma pessoa relacionamentos. de Entende que para conduzir uma equipe enquanto gestor necessita exercer a liderança. Liderança e gestão são sinônimas no sentido de quando se assume um cargo de liderança. uma coisa que a gente tinha que entender um pouco meio que [...] microfísica do poder [...] porque essa coisa de assim... ah, você é o líder! [...] e você tem que ser o tempo inteiro. Às vezes você tem que sair de lado e deixar o outro que tá do teu lado ser o líder daquela situação, naquele momento [...] porque as pessoas têm medo de perder os cargos, eu acho isso bobagem [...] quando você deixa o outro interagir [...] uma liderança compartilhada, que você... esse movimento ele se articula, porque tu não vai conseguir ser “o cara” o tempo inteiro. A mobilização acontece por meio do compartilhamento das decisões entre colegiado, direção de centros e demais pastas de pró-reitorias. Afirma que os servidores da Universidade necessitam ser estimulados para se convencerem sobre a importância de sua participação efetiva em determinado projeto. [...] não basta você determinar que aquilo ali é um projeto, que é bom pra ele (servidor), é bom para a universidade, que acompanhamento e análises dos feedbacks recebidos nas avaliações de capacitação, de oficinas realizadas, que antes tempo não eram realizadas. Apontou sobre as difíceis decisões em seu curto espaço de gestão em curso sobre a necessidade de contenção dos custos devido à restrição orçamentária, mas que foram realocadas as pessoas e tomadas ações para ajustes. [...] eu estou pró-reitor, não porque estava pronto para ser pró-reitor, só porque tinha algumas características que o reitor entendeu como sendo importante pra este cargo aqui, pra aquele momento, mas eu sempre tenho que estar aprendendo, me atualizando. 101 é bom pra comunidade, que depende dos nossos serviços também [...] ...e pra isso às vezes você tem que ceder [...] não é eu impor o meu estilo, [...] tem que sentar, você tem que ouvir as pessoas, você tem que às vezes mudar o caminho, pra chegar no mesmo objetivo. E6 Aprender a ouvir. [...] não há como você ser um bom gestor se você não tem uma boa capacidade de liderança. Mas, aí vem as características de liderança. Primeiro: você tem que saber ouvir, tá, mas além de ouvir, você tem que ter uma bagagem de experiência e de conhecimento pra poder ter discernimento sobre as coisas que são propostas. [...] e principalmente, faça o maior exercício possível dos tipos de reação que vão vir, eles vão te ensinar a melhorar ou aprimorar a tua tomada de decisão. Então é liderança. E7 Ter visão. [...]o pró-reitor como ele é um cargo de gestão [...] eu acho que a gente não consegue separar isso muito claramente (líder/gestor), porque o gestor muitas vezes ele é compreendido como aquele que Deixe claro pra elas (para as pessoas da equipe) o que você quer do projeto. Deixe claro. Não deixe ele em dúvida com relação ao projeto. [...] o resultado dá satisfação. Trabalho em equipe, não ser trabalho isolado. As pessoas se engajaram porque acreditaram naquilo e você conseguiu mostrar que tava certo. E ser certo não é sorte, ser certo é tudo isso que eu falei com você (se referindo ao depoimento). [...] eu olho os resultados alcançados, que foi de tirar a instituição de uma situação crítica pra um resultado hoje reconhecido e com muita tranquilidade [...] a instituição ela tem respaldo e reconhecimento aonde você fala. Uma vez você olhava a Universidade de um jeito, hoje você olha nos órgãos com perfeito... inclusive usada como indicativo no próprio conselho estadual: “Por que você não faz como a Universidade tal? [...] de onde veio isso aí, de primeiro olhar o problema e não fugir dele, não mascarar. [...] gerir uma Universidade é você ter também a consciência da complexidade que envolve esta instituição já que é um instituição que lida com todas Reformulação dos 65 PPCs dos cursos de graduação e a implementação de formação por [...] é também saber que as pessoas elas, de alguma forma, elas não querem aceitar que você tá fazendo a coisa certa. “taqui” (termo utilizado para expressar que “está aqui”, ou atende ou não atende as normativas). [...] você tem que estar muito acessível às ideias, exercitar muito a paciência e ouvir. Porque assim, a gestão ela está atrelada a um poder. E o poder cega as pessoas e deixa elas pior do que cegas, deixa elas surdas. É isso. [...] não adianta você ser um visionário mas, você não conseguir implementar essa visão que você tem do mundo, das organizações, 102 acadêmica, em primeiro lugar ele tem que ser um líder que tem uma visão muito profunda, muito coerente do que tá acontecendo no mundo e do que está por vir. gerencia, que faz a máquina rodar [...] é o prático do dia a dia etc. e o líder é aquele que pensa (que tem a visão e faz as conexões). Eu acho que nós precisamos aproximar esses dois conceitos. Capacidade de fazer as conexões para que a visão possa ser implementada. E8 Saber ouvir e tomar decisões. Afirma que as descrições sobre ser um gestor correspondem-se a de ser um líder. as áreas do conhecimento. [...] uma equipe, ela não se constrói somente com a hierarquia, somente com autoridade, somente com decreto, somente com a palavra [...] fazer gestão é você ter a consciência de tudo o que acontece na Universidade sabendo a partir disso você dar os melhores encaminhamentos. Se as pessoas sentem-se parte da equipe não há dificuldades para o engajamento quanto ao desenvolvimento de um projeto. Fonte: Dados primários da pesquisa (2013). competências. Administração e a expansão da EaD que tem 78 polos no Brasil. [...] difícil de responder. Buscamos mudar muitas coisas, especialmente agilizar e profissionalizar a gestão da Vice-EPE, já que articula o ensino, a pesquisa e a extensão. É um trabalho que não está pronto, mas está sendo construído coletivamente com a equipe da Vice. das coisas. Percebo que no contexto geral da IES isso não é valorizado (lideranças informais) e é a própria IES que perde. Acho muito importante a valorização de novas lideranças. 103 A TLC não descarta o cumprimento da função administrativa predisposta por um planejamento estratégico, mas sim, une as competências de um líder adaptativo às estratégias da organização no exercício da gestão (UHL-BIEN; MARION; MCKELVEY, 2007; LOPES; CERVI, 2013), situação esta, identificada no discurso de E2. Há uma sobreposição da função administrativa à função adaptativa. As características de liderança de E2 são destaque na Liderança Situacional, em que, o exercício da liderança acontece por meio da influência de um indivíduo no comportamento de outro no sentido de atender os objetivos de uma organização. Em contrapartida, a união de forças da função administrativa e adaptativa (complexidade intelectual) resultará na liderança habilitadora (que transpõe a liderança adaptativa), conforme apresentado anteriormente na Figura 02, essencial para a gestão de organizações complexas, presentes em todas as categorias de análise dos depoimentos de E1, E4 e E7. Estes depoimentos, marcantes para a convalidação do construto teórico proposto na TLC, encontram-se em nível da liderança adaptativa. Consequentemente, afirma-se que, E1, E4 e E7 são líderes adaptativos. A TLC é uma estrutura que possibilita o desenvolvimento da liderança por meio da aprendizagem e da capacidade criativa e adaptativa de sistemas adaptativos complexos. Consoante a isso, permite que as estruturas tradicionais de controle, tornem-se apropriadas a coordenar e produzir resultados positivos. Ou seja, torna-se compatível à execução do planejamento estratégico. A esse conceito, aproximam-se o discurso de E3, E5, E6 e E8. A TLC ainda destina-se a integrar a dinâmica da complexidade e da burocracia, da coordenação, do controle, da prospecção e exploração, dos SAC e hierarquias, bem como a emergência casual (UHL-BIEN; MARION; MCKELVEY, 2007). Neste nível encontram-se os líderes que estão ligados fortemente na função administrativa com indícios de atuação na função adaptativa. Ou seja, o exercício da liderança adaptativa se faz presente em parte. Conforme conceito trazido por Rebelo, Coelho e Erdmann (2003), as universidades exitosas dependem de várias lentes. O que nesta análise foram tratadas sob o enfoque da liderança administrativa (burocracias e hierarquia) e da liderança adaptativa (proveniente da interação dos agentes e do cotidiano de mudanças – SAC). Sob este prisma, a TLC não vê os fatos pelas lentes da exclusão, optando-se por uma característica, em isenção a outra, mas pelo paradigma da inclusão das várias dimensões possíveis. Especificamente em se tratando do ambiente complexo das Universidades. 104 4.4 GESTÃO E LIDERANÇA: APONTAMENTOS DA PESQUISA No intuito de demonstrar ilustrativamente os principais apontamentos sobre gestão e liderança que se destacaram na construção da base téorico-empírica desta pesquisa, bem como, por meio das informações prestadas nas entrevistas (dados primários de pesquisa), elaborou-se a Figura 05 “Gestão e Liderança” contemplando as características e atributos de um Líder Adaptativo no exercício da Gestão Universitária. Figura 05: Gestão e Liderança Fonte: Elaborado pela autora, baseada nos dados gerais da pesquisa (2013). 105 A pesquisa comprovou que o líder apresenta determinados atributos. Este líder, na condição do exercício de um cargo de gestão, precisa possuir outros atributos. Quando os atributos de um líder são somados a capacidade intelectual, cognitiva, e de habilidades técnicas de um gestor, tem-se um líder adaptativo, modelo idealizado na TLC por Uhl-Bien e Marion (2009), que foi reforçado por Lopes (2011) e preconizado por Heifetz (1994). 4.5 CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA Após a apresentação das análises e dos resultados, cumprida a intenção deste estudo, uma das contribuições está voltada ao meio acadêmico com o desenvolvimento de uma nova pesquisa em “Gestão Universitária e Ensino Superior”. Pois, de acordo com a busca efetuada na BDTD, nos periódicos do EnANPAD e no XIII CIGU, este campo necessita ser explorado. Conforme abordado anteriormente, nas questões inerentes à expansão do ensino superior no País, esta pesquisa vem ao encontro da expectativa da comunidade como um todo que prima pela qualidade do ensino superior. Pois, o trabalho desenvolvido pelos pró-reitores nas Universidades representa parte deste esforço por melhoria contínua e conjunta ao crescimento das IES. E, diga-se, uma parte fundamental neste processo, pelas características e atributos que possuem de ser articulador, mediador, gestor e líder, interferindo direta ou indiretamente na qualidade do ensino. A eles, cabe o intento de administrarem pessoas, conflitos, processos, normativas, estratégias e, o mais difícil e unânime em seus depoimentos, o tempo para a execução de todas as atividades com êxito. São solícitos a inúmeras demandas cotidianas que lhes exigem o discernimento, a imparcialidade e a compreensão da complexidade em que estão envolvidos. Eis aqui, a pretensão de mais uma contribuição, qual seja, a elucidação sobre a forma de condução dos trabalhos dos pró-reitores por meio da análise de suas práticas. Com base nas entrevistas e na relação à fundamentação teórico-empírica, foi possível identificar em sua atuação a presença de uma teoria de liderança que tem por base a complexidade, a qual responde ao ambiente dinâmico das IES. Este estudo permitiu a abertura de um campo de pesquisa recente no Brasil. Tanto em análises sobre a atuação dos pró-reitores quanto em inovação de uma teoria de liderança. Pois, esta pesquisa identifica as características de um líder adaptativo no papel de um gestor. Fazer uma discussão em torno de uma teoria, sendo esta já explorada se torna mais fácil ao pesquisador, tanto para a aplicação da pesquisa de campo quanto para as reflexões. 106 Porém, trazer uma teoria recente que foi a TLC para uma testagem empírica e com o rigor científico necessário, foi uma das principais contribuições deste trabalho. Sob as lentes da TLC, as reflexões ficam em torno de algumas questões levantadas por meio dos depoimentos, como por exemplo, o fato de que nem todos os entrevistados possuíam formação na área de Administração. Mas, ainda assim, estas pessoas estão atentas ao que se tem para fazer, executar, tratar, decidir ou pensar. Sem a sustentação da referida área de estudos, percebeu-se que os pró-reitores possuem know-how para o cargo, afinal, a Universidade é o local onde se produz o conhecimento, se cria, mas não se apropria. Em termos de contribuição social, esta pesquisa trouxe para os atores (público de pesquisa) um novo modelo mental que propiciará uma reflexão sobre o contexto da gestão universitária. Desta forma, eles poderão evoluir/avançar em suas práticas de gestão conforme a análise de sua atuação apresentada nos fundamentos da TLC. Outra contribuição importante refere-se ao avanço teórico construído em um estudo inédito que testa uma teoria, a TLC, em uma pesquisa de campo de caráter qualitativa. Esta teoria têm elementos que foram comprovados na prática do cotidiano dos pró-reitores. Por se tratar de um estudo incipiente nesta teoria para o avanço da ciência, por ter avaliado a atuação dos pró-reitores, por ter conseguido visualizar os principais apontamentos ditos por eles (Figura 05) em consonância com a teoria de base, esta pesquisa teve um significado ainda maior para a autora. O fato de se conhecer as teorias de liderança recorrentes e não ter a resposta em nenhuma delas sobre como conviver em um ambiente universitário visto sob a ótica dos SAC remete ao que eu, autora, penso ser o maior avanço. O de que esta teoria atende aos desafios da gestão na atualidade, bem como é aderente à gestão das Universidades. 107 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Escrever sobre liderança é recorrente. Mas, escrever sobre uma teoria de liderança que tem por base a complexidade tendo a possibilidade de aplicar uma pesquisa de campo em nível de Gestão Universitária, foi, pelo menos, inovador. Esta foi a percepção após toda a construção teórica e análises dos resultados de pesquisa. Diria um atrevimento em tentar transpor as práticas de gestão de profissionais dos mais altos escalões hierárquicos, no âmbito da intelectualidade, de habilidades técnico-cognitivas, habilidades sociais e após, ter de dizer se são ou não líderes adaptativos. O são, a sua forma, cada um deles (Pró-Reitores de Ensino/Vice-Reitores), líderes. Ainda que, a TLC considere a esfera da função administrativa como prospecção dos agentes, quando compatíveis aos objetivos e expectativas do ambiente formal e informal, trazendo por meio da complexidade o fomento dos SAC. Eis aqui, uma das limitações desta pesquisa, em que, não se basila o trabalho de um gestor apenas em uma teoria, mas em um conjunto de situações que o fazem agir de determinada forma. Que o diga pela análise da cultura regional. Este foi um âmbito de pesquisa não abordado pela abrangência do tema e que fomenta outras pesquisas. Para tanto, sugiro que este tema seja considerado como de parâmetro de análise, para fins de futuros avanços nesta teoria. A intenção desta pesquisa foi a de analisar a atuação dos pró-reitores de ensino sob os elementos característicos da TLC, além do que, trouxe a testagem empírica de uma teoria recente. Neste sentido, o objetivo primário foi atingido, no contexto proposto, as Universidades do Sistema ACAFE. Como disse Lanzillotti (1997), a evolução do conceito de gestão universitária e suas atividades cotidianas remetem a Universidade a um grau de relevância no contexto da sociedade, ou seja, a Universidade precisa ser repensada como organização envolvida com a transformação social e que se molde às novas realidades. O que adere à proposta da TLC, preconizada por Uhl-Bien e Marion (2009), Lopes (2011) e um pouco mais longe, por Heifetz (1994), quando se traz o conceito de mobilização e de trabalho adaptativo para um ambiente complexo. Ficou nítida, após as análises de cada um dos oito discursos, que, a Universidade é uma organização complexa, fato já anteposto pela pesquisa bibliográfica. Sejam pelas múltiplas funções (ensino, pesquisa e extensão), pelos cursos nas mais variadas áreas do conhecimento, sejam pelas relações nos mais distintos níveis hierárquicos com quem seus Pró-Reitores e/ou Vice-Reitores convivem, a complexidade prevalece. Encontram-se eles, em 108 um ambiente propício ao desenvolvimento dos SAC, e consequentemente, a abertura para a concretização da TLC. Porém, para que a TLC se concretize, os gestores são o papel principal no processo da gestão. Novamente uma limitação, pois o que é do perfil de personalidade de cada indivíduo, não se discute nesta pesquisa. Conforme Heifetz (1994), ao invés de definir a liderança como uma posição de autoridade e influência em uma estrutura social ou como um conjunto de características pessoais, torna-se mais viável compreendê-la como uma “atividade”, que concerne em mobilizar pessoas, no sentido de motivação, organização, orientação e foco. Os Pró-Reitores e/ou Vice-Reitores, encontram-se em contínua atividade de mobilização, ainda que não identificados a totalidade dos elementos da TLC em seus depoimentos. Questões bem importantes de se trazer, que não só os fundamentos da TLC contidos na atuação destes gestores estão galgados em suas angústias, suas ansiedades e o cotidiano lhes arrebata, e que lhes furta o tempo do pensar. Muito embora, um ambiente em constante emergência promove as interconexões e a adaptabilidade, estimulando os SAC, estas pessoas, por estarem em uma posição estratégica, necessitariam de um tempo em suas agendas para a acomodação de todas as informações que recebem. Conforme Lopes (2011), este emaranhado de informações, se tratado corretamente, promulga a liderança habilitadora. Mas, esta realidade vem ao encontro do momento em que as Universidades brasileiras, em sua maioria, vêm passando. O processo de reestruturação interna, o enxugamento das pastas e dos setores, contenção de custos e um novo pensar sobre as questões de ordem financeira. Tudo isso, no intuito de se solidificar e garantir a permanência no mercado, com saúde financeira e a qualidade na oferta do ensino. Esta afirmação condiz com a problematização desta pesquisa e que teve como proposta analisar a atuação de seus Pró-Reitores para entender o seu contexto e a forma com que conduzem suas pastas. Em se tratando do atingimento dos objetivos propostos, posso afirmar que foi possível identificar as condições habilitadoras da TLC, nas atividades desenvolvidas nas pró-reitorias, sendo que, em apenas uma delas, há a preponderância do sistema hierárquico e da função administrativa, como se pôde verificar nas análises do respondente E2. Quanto às dinâmicas da complexidade, em todas as entrevistas e depois, por meio da análise do discurso, foi possível compreender que estes Pró-reitores possuem um pensamento não linear, e que todos de alguma forma conseguem trazer para si pessoas das mais variadas formações, elencando um ambiente heterogêneo e dinâmico. Conseguem vislumbrar as 109 lideranças informais presentes, ainda que, não possam aproveitar todo o seu potencial para determinado fim. Referente ao terceiro objetivo de pesquisa, que foi compreender como ocorrem a inovação, a aprendizagem e a adaptabilidade nas pró-reitorias, este foi o mais presente e unânime nos depoimentos. Apenas no depoimento de E8, que ficou subentendido um ambiente emergente, o qual necessitaria de uma avaliação mais apurada para a afirmação. O último, e mais importante dos objetivos que contempla o objetivo geral, depois da passagem pelas condições habilitadoras, pelas dinâmicas da complexidade e emergência, é que se analisou o perfil de liderança dos Pró-Reitores. De acordo com a TLC, os líderes que têm a capacidade de promover os três objetivos anteriormente propostos são considerados líderes adaptativos. Foi possível vislumbrar as características presentes em sua atuação, integral ou parcialmente. Destarte o cumprimento da proposta inquirida, foi possível elaborar, em caráter de reflexão, uma ilustração a qual faz constar os principais apontamentos sobre gestão e liderança, a partir dos construtos teóricos de liderança e gestão em consonância com o depoimento e análise do discurso dos Pró-reitores/Vice-Reitores. Destaca-se que, o objetivo geral foi cumprido segundo as análises efetuadas pelas categorias avaliadas quanto às condições habilitadoras, às dinâmicas da complexidade e a emergência e a TLC, com destaque para os depoimentos e práticas de gestão de E1, E4 e E7. Os demais depoimentos, preenchem parcialmente os requisitos da TLC, com destaque para a função administrativa. Por fim, este tema instigador e relevante para a Ciência da Administração, presente nas relações formais e informais, trouxe para mim, enquanto pesquisadora, um enriquecimento de conteúdos antes não concebidos. Tanto que, será aplicado e trabalhado em sala de aula e no desenvolvimento de projetos de pesquisa para os cursos de graduação e de pós-graduação latu-sensu nas áreas de Gestão. A incipiência de estudos correlatos ao tema abre precedente para novas pesquisas que venham a identificar os elementos característicos da TLC presentes nos demais cargos de gestão existentes nas Universidades, como por exemplo, coordenadores e diretores de centro, estendendo-se, além do público de análise o objeto para as Faculdades e Centros Universitários, inclusive. Com especial atenção, a um tema correlato: cultura organizacional. 110 REFERÊNCIAS ACAFE. Associação Catarinense das Fundações Educacionais. Estatuto. Disponível em: < http://www.acafe.org.br/new/index.php>. Acesso em: 12 dez 2013. ALMEIDA, M. C.; CARVALHO, E. A. Cultura e pensamento complexo. Natal, RN: EDUFRN, 2009. APPOLINÁRIO, F. Dicionário de metodologia científica: um guia para a produção do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2004. 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Categorias de Análise Autores que conceituam Perguntas/Roteiro Nos processos de trabalho, a hierarquia prevalece? Pessoas que não ocupam cargos de gestão são convidadas a participar das ações desenvolvidas pela pró-reitoria? Se sim, como essa conexão é tratada pela mesma? a) Condições Como o Sr (a) observa que ocorre Habilitadoras as interações entre as pessoas: há Uhl-Bien e Marion, vínculos informais, e como isto é São percebidas a (2009); aproveitado no contexto do presença da trabalho? interação dinâmica, Lopes, (2011). Existe a presença de lideranças interdependência, informais na pró-reitoria? heterogeneidade e Eles lhe ajudam? tensão adaptativa. O Sr (a) vislumbra isto como positivo? Como o Sr (a) e o grupo lidam com os conflitos e as tensões do cotidiano? A sua equipe de trabalho é mais homogênea ou heterogênea? Qual a sua preferência? Com relação a mudanças bruscas e situações atípicas, em geral, qual foi o aprendizado e o que mudou na prática da pró-reitoria? Como as pessoas foram envolvidas? Foi uma decisão unilateral ou compartilhada? Como a pró-reitoria lida com a b) Dinâmicas da rotina? Complexidade Uhl-Bien e As pessoas sentem-se Caracterizam-se por Marion, (2009); confortáveis com a rotina? elementos como O pensamento está voltado para a a não linearidade, a Lopes, (2011). inovação? aglutinação e os Os projetos que são implantados, atratores. eles são sugeridos normalmente por quem? O que o Sr (a) percebe que mais motiva, mais engaja sua equipe? Quando o Sr (a) necessita compartilhar uma tomada de decisão, a quem recorre? E quando necessita de uma ideia, com quem conversa? 116 c) Emergência Compreender como ocorrem a inovação, a aprendizagem e a adaptabilidade nas pró-reitorias. Verificar as características e atributos convergentes entre gestão e liderança alicerçadas na atuação dos próreitores (Objetivo Geral) Uhl-Bien e Marion, (2009); Corresponde a um ambiente de Uhl-Bien, Marion e estímulo, incentivo e McKelvey (2007); motivação para a aprendizagem, adaptabilidade e a Lopes, (2011). inovação. d) O Líder Adaptativo na TLC: Promove e estimula as forças emergentes que são validadas com as condições habilitadoras e dinâmicas da complexidade, possíveis por meio da convergência dos atributos de um gestor-líder. Heifetz, (1994); Uhl-Bien, Marion e McKelvey, (2007); Uhl-Bien e Marion, (2009); Lopes e Cervi, (2013). Como surgem os projetos (ideias) que são desenvolvidos pela próreitoria? Como a pró-reitoria se modifica, inova em seus processos e ações? Quando ocorrem inovações, existe facilidade de implantação ou há resistências? Contra pergunta (para comparar): Como ocorrem as decisões/mudanças – são centralizadas? Quem toma as decisões? Existe uma sistemática de registro de mudança ou de aprendizagem que foram implantadas e avaliadas como positivas? Cite uma inovação ou aprendizagem mais recente pela qual passou a sua pró-reitoria? O que o Sr (a) considera como características e atributos pessoais mais importantes para ser um gestor? Na sua opinião, as descrições sobre ser um gestor correspondem-se a de ser um líder? Como ocorre o processo de mobilização e engajamento das pessoas quando solicitadas para o desenvolvimento de um novo projeto? O que mudou na gestão desde que o Sr (a) está aqui? 117 APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA Universidade Regional de Blumenau – FURB Centro de Ciências Sociais Aplicadas Programa de Pós-Graduação em Administração Dissertação de Mestrado ROTEIRO NORTEADOR DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA PESQUISA INERENTE À DISSERTAÇÃO DE MESTRADO. PARA Mestranda: Ana Célia Bohn – Contatos: [email protected] - 47-88950402 Orientador: Prof. Dr. Maurício Capobianco Lopes Título do trabalho: “A Atuação dos Pró-Reitores em Universidades Catarinenses do Sistema ACAFE: uma análise fundamentada na Teoria de Liderança com base na Complexidade (TLC)”. Público respondente: GESTORES das Pró-reitorias de Ensino das Universidades do Sistema ACAFE – SC (pró-reitor/vice-reitor) Obs.: as entrevistas serão mantidas em sigilo e descaracterizadas para fins de composição do relatório de pesquisa, sem nenhuma outra finalidade, senão a acadêmica. As entrevistas com os gestores estudados abordarão as seguintes questões: Identificação (PERFIL) 1) Nome 2) Cargo/Função 3) Formação/área de conhecimento (graduação, especialização, mestrado, doutorado ou outros) 4) Tempo de atuação na Instituição 5) Tempo de docência 6) Tempo de pró-reitoria (pró-reitor/vice-reitor) 7) Em que ano se formou na graduação / e na pós-graduação? 8) Áreas de conhecimento complementares 9) Quantidade de professores e alunos da IES Perguntas (conforme categorias de análise): 1) Quanto aos processos de trabalho, o cotidiano do grupo e as atividades a serem desenvolvidas, a hierarquia prevalece? 2) Pessoas que não ocupam cargos de gestão são convidadas a participar das ações desenvolvidas pela pró-reitoria? Se sim, como essa conexão é tratada pela mesma? 3) Como o Sr. (a) observa que ocorre as interações entre as pessoas: há vínculos informais, e como isto é aproveitado no contexto do trabalho? 118 4) Existe a presença de lideranças informais na pró-reitoria? Eles lhe ajudam? O Sr. (a) visualiza isto como positivo? 5) Como o Sr. (a) e o grupo lidam com os conflitos e as tensões do cotidiano? 6) A sua equipe de trabalho é mais homogênea ou heterogênea? Qual a sua preferência? 1) Com relação a mudanças bruscas e situações atípicas, em geral, qual foi o aprendizado e o que mudou na prática da pró-reitoria? 2) Como as pessoas foram envolvidas? 3) Foi uma decisão unilateral ou compartilhada? 4) Como a pró-reitoria lida com a rotina? 5) As pessoas sentem-se confortáveis com a rotina? 6) O pensamento está voltado para a inovação? 7) Os projetos que são implantados, eles são sugeridos normalmente por quem? 8) O que o Sr. (a) percebe que mais motiva, mais engaja sua equipe? 9) Quando o Sr. (a) necessita compartilhar uma tomada de decisão, a quem recorre? 10) E quando necessita de uma ideia, com quem conversa? 1) 2) 3) 4) 5) 6) 1) 2) 3) 4) Como surgem os projetos (ideias) que são desenvolvidos pela pró-reitoria? Como a pró-reitoria se modifica, inova em seus processos e ações? Quando ocorrem inovações, existe facilidade de implantação ou há resistências? Como ocorrem as decisões/mudanças – elas são centralizadas? Quem toma as decisões? Existe uma sistemática de registro de mudança ou de aprendizagem que foram implantadas e avaliadas como positivas? Cite uma inovação ou aprendizagem mais recente pela qual passou a sua próreitoria? O que o Sr. (a) considera como características e atributos pessoais mais importantes para ser um gestor? Em sua opinião, as descrições sobre ser um gestor correspondem-se a de ser um líder? Como ocorre o processo de mobilização e engajamento das pessoas quando solicitadas para o desenvolvimento de um novo projeto? O que mudou na gestão desde que o Sr. (a) está aqui? 119 APÊNDICE C: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) (destinado aos pró-reitores/vice-reitores de ensino/pesquisa/extensão) ESCLARECIMENTOS SOBRE A PESQUISA: Prezado (a) pró-reitor/vice-reitor (a) do sistema ACAFE de Ensino – Santa Catarina – na categoria de Universidades, o projeto de pesquisa de dissertação “A ATUAÇÃO DOS PRÓREITORES EM UNIVERSIDADES CATARINENSES DO SISTEMA ACAFE: UMA ANÁLISE FUNDAMENTADA NA TEORIA DE LIDERANÇA COM BASE NA COMPLEXIDADE (TLC)”, tem por objetivo geral “analisar se os pró-reitores das Universidades catarinenses da rede ACAFE apresentam as características de um líder adaptativo por meio dos elementos da teoria da liderança com base na complexidade”. A pesquisa se refere aos meus estudos para a elaboração da Dissertação do curso de Mestrado em Administração – Furb – Blumenau/SC, que está sob a orientação do Prof. Dr. Maurício Capobianco Lopes – Contatos: (47) 9117-9652 / 3321-0200. Como a pesquisa trata de uma abordagem de liderança pouco explorada e pesquisada no meio acadêmico brasileiro, é importante explicitar que a Teoria da Liderança com base na Complexidade (TLC) trata da condução dos trabalhos em nível de gestão e demais níveis organizacionais e das IES. Compreende as interações dos agentes, a emergência e a mobilização das equipes frente a um contexto dinâmico e complexo. Para tanto, inicialmente fez-se um estudo teórico preliminar para melhor conceituar e entender os fundamentos da TLC e suas relações contextuais com o papel dos gestores nas IES. Este procedimento metodológico, uma variante da pesquisa qualitativa, dará subsídios para o desenvolvimento do estudo com a execução de uma entrevista semiestruturada, presencial e/ou por vídeo conferência (skipe), acompanhada de um roteiro norteador de perguntas inerentes às categorias de análise da pesquisa. As análises das informações coletadas serão realizadas considerando-se a conceituação teórica da TLC aplicada ao contexto dinâmico e complexo das IES, em consonância com o papel que exerce na sociedade, por meio do exercício dos pró-reitores/vice-reitores. Em vista desses esclarecimentos, portanto, vimos convidá-lo (a) a colaborar com este estudo participando da entrevista da pesquisa. Faz-se importante esclarecer que este estudo não apresenta nenhum teor de risco inerente ao uso das informações que serão alocadas por meio da entrevista, por referir-se exclusivamente para fins de cumprimento de pré-requisito para o grau de mestre. Os dados e o nome do participante são confidenciais, sendo, por isto, garantido o resguardo ao sigilo das informações. Ou seja, serão descaracterizados os respectivos participantes – 09 (nove) potenciais respondentes – público de pesquisa. Em contrapartida, pode-se dizer que a pesquisa trará benefícios para as IES, pois os (as) Senhores (as) participantes poderão verificar e utilizar a referida pesquisa em seu ofício, aproveitando, da forma que melhor lhes convier, os dados e os resultados da pesquisa. Ensejando o seu aceite de participação, assine, por favor, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, abaixo, assegurando a sua contribuição para a análise dos dados. O presente documento está redigido em duas vias, 120 sendo que uma das vias lhe é entregue, e a outra via ficará de posse da pesquisadora responsável. Esclareço ainda que durante a aplicação da pesquisa lhe é garantida a atuação espontânea no estudo, e caso venha a sentir necessidade, lhe serão fornecidos maiores esclarecimentos. Também lhe é possibilitada a liberdade de recusar-se a participar ou até mesmo de retirar o seu consentimento no andamento dos trabalhos sem que haja penalidade alguma. __________________________ Pesquisadora: Ana Célia Bohn RG: 2.794.527 – CRA/SC: 19.644 Fone: (47) 8895-0402 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO. Eu,_______________________________________________, abaixo assinado (a), concordo em participar da pesquisa como sujeito – fonte e declaro que estou suficientemente esclarecido (a) sobre o objetivo da pesquisa e os procedimentos metodológicos que serão aplicados. Para tanto, expresso aqui meu consentimento espontâneo, livre e esclarecido, possibilitando ao pesquisador a realização do estudo. Concordo ainda, com a divulgação após a realização do estudo, dos dados, informações e imagens que possam vir a ser geradas durante a execução dos trabalhos da pesquisa, desde que seja resguardado o sigilo previsto em Lei. ________________________________ Entrevistado RG: Telefone: ( ) _________________ (SC), ___/___/20___ Atenção: A sua participação é voluntária. Em caso de dúvidas quanto às questões éticas da pesquisa ou de seus procedimentos metodológicos, escreva para: Secretaria do Programa de Pós-Graduação em Administração – Bloco D – Sala 102 – Furb – Rua R. Antônio da Veiga, 140 - Victor Konder, Blumenau. SC. 89012-900.