Explorando a vida marinha do Gorringe – Gettysburg
Depois dos dois dias de trabalho intenso devido à grande quantidade de peixe nos dois lances
de palangre realizados a pouca profundidade (<200 m), finalmente veio algum descanço!
Tanto em termos de número de individuos com em número de espécies, os lances de palangre
realizados no Gettysburg a profundidades intermédias (600-1200m) revelaram-se
consideravelmente mais fracos. A maioria dos anzóis recolhidos continuavam com o isco e
apenas 4 espécies dominaram as capturas (sapata, melga, leitão e lixinha da fundura) e mesmo
assim em números reduzidos.
Relativamente ao lance de palangre mais profundo (1500-2000m) realizado com um palangre
diferente tivemos mais sucesso. Foram recolhidas diversas espécies de profundida como
tubarões (4 espécies), quimeras (2 espécies) e teleósteos (6 espécies). Neste lance tivemos
uma surpresa inesperada: a captura de um peixe balão Lagocephalus lagocephalus. Esta é
uma espécie oceânica pelagica e portanto terá provavelmente sido capturado durante a
descida ou subida do aparelho. Neste lance foram ainda recolhidos diversos e coloridos corais
de profundidade com inúmeras espécies associadas.
Os lances com covos foram também um sucesso capturando um variado número de espécies.
Destes destaca-se a captura de mais de meia centena de Acanthephyras purpurea a 1000 m de
profundidade e a captura de um cavaco e mais de 30 santolas na coroa do banco. Capturou-se
ainda um camarão de aspecto bizarro que foi identificado a bordo como Notostomos cf.
elegans.
Os videos gravados com o Lander forneceram ainda informação tanto da comunidade
biológica como do aspecto geológico do banco. Nos videos foram registadas espécies que não
foram capturadas nem com o palangre nem com os covos, como um tubarão e uma raia de
profundidade e uma pota de média dimensão. As imagens mostram ainda interações de
indivíduos da mesma espécie e de espécies diferentes nunca obssrvadas. A filmagem realizada
a 100m de profundidade apesar de não ser muito rica do ponto de vista biológico mostra
imagens espetaculares do aspeto do banco a esta profundidade, que é constituído por “dunas”
de areia grossa e branca, moldadas pelas fortes correntes sentidas na área.
No final desta primeira etapa a equipa estava cansada mais satisfeita com o trabalho realizado.
As condições de mar ajudaram bastante apesar de alguma ondulação. Na viagem para
Portimão tivemos a companhia de mais um grupo de golfinhos pintados que nos presentearam
com um espetáculo de saltos enquanto relaxavamos ao sabor de uma caipirinha!
Algumas das espécies capturadas.
Equipa que participou na primeira etapa da campanha do Gorringe a bordo do N/ Arquipélago
no porto de Portimão.
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Pescando no Gorringe