Partículas elementares Os constituintes fundamentais de toda a matéria no universo. Até à descoberta do electrão, por J. J. Thomson em 1897, considerava-se que os átomos eram os constituintes fundamentais da matéria. Esta descoberta, e a descoberta de Rutherford do núcleo atómico e do protão, em 1911, provou que os próprios átomos não são elementares, no sentido em que possuem uma estrutura interna. A descoberta do neutrão por Chadwick, em 1932, completa o modelo atómico que se baseia num núcleo formado por protões e neutrões, rodeado por electrões em número suficiente para equilibrar a carga nuclear. Contudo, não explica a grande estabilidade do núcleo, que não pode manter-se coeso por interacção electromagnética, visto que os neutrões não têm carga eléctrica. Em 1935, Yukava sugeriu que as forças de troca, que os mantêm ligados entre si, envolvem partículas de curta duração chamadas mesões, que saltam de um protão para um neutrão e de novo para um protão. Este conceito conduziu à descoberta de interacções fortes, elevando o total de *interacções fundamentais para quatro. Também conduziu à descoberta de umas 200 partículas «elementares» de curta duração, algumas das quais são claramente mais elementares do que outras. Numa classificação corrente reconhecem-se duas classes principais de partículas: os *leptões (electrões, muões, neutrinos, partículas tau), que interagem entre si quer por interacções electromagnéticas ou por interacções fracas , e não apresentam estrutura interna aparente; os *hadrões (nucleões, piões, etc.), que interagem por interacções fortes, e têm estrutura interna complexa. A estrutura do hadrão baseia-se correntemente no conceito de Murray Gell-Mann de quark apresentado em 1964. Neste modelo, os hadrões estão divididos em bariões (que decaem para protões) e em mesões que decaem para leptões e fotões. Os bariões são formados por três quarks, e os mesões por dois quarks (um quark e um antiquark). Na teoria dos quarks as partículas verdadeiramente elementares são os leptões e os quarks. Ao contrário dos electrões e protões, que têm carga exactamente igual mas de sinal oposto, os quarks têm cargas que são fracções da carga electrónica (+2/3 ou -1/3 da carga do electrão). As interacções fortes entre os quarks q é visualizada quando ocorrem trocas dos oito tipos de partículas sem carga e sem massa em repouso, chamadas gluões (porque aglutinam os quarks). Embora os gluões, como os fotões, que desempenham uma função idêntica entre os leptões. não tenham carga eléctrica, têm uma cor de carga. Cada gluão transporta uma cor e uma anticor. Há nove pares cor-anticor, mas um é excluído porque é equivalente ao branco. Numa interacção, um quark pode mudar a sua cor, mas todas as mudanças de cor são acompanhadas pela emissão de um gluão. Este gluão é absorvido por outro quark, cuja cor muda para compensar a mudança inicial. Por exemplo, se um quark vermelho muda para verde, emite um gluão que produz as cores vermelha + antiverde. Quando estas são absorvidas por um quark verde, o verde do quark e o antiverde do gluão aniquilam-se, deixando o segundo quark com a cor vermelha adquirida pelo gluão. A mudança pura é nula porque como resultado da interacção há ainda um quark verde e um quark vermelho. Contudo todos os ha drões permanecem brancos, mesmo que se movam quarks de cor de um ponto para outro. Uma força forte pode ser encarada como um sistema de interacções necessárias para manter esta condição. Toda a teoria elaborada dos quarks está actualmente bem estabelecida por provas circunstanciais, mas como nem os quarks nem os gluões foram alguma vez identificados experimentalmente, a teoria não reivindica ter sido verificada directamente. Os quarks isolados têm uma propriedade curiosa, têm muito mais massa que os hadrões que habitualmente formam (devido à energia potencial que eles possuem quando separados), e alguns teóricos crêem que é uma consequência de ser impossível para eles existirem isolados. Contudo. algumas experiências têm revelado resultados consistentes da presença de cargas fraccionárias que existirão em quarks não ligados. Retirado de Alan Isaacs, Dicionário Breve de Física, Editorial Presença, Lisboa, 1996