Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica Laboratório de Robótica, Soldagem e Simulação Universidade Federal de Minas Gerais Estudo Experimental e Numérico do Aquecimento de Eletrodos Revestidos durante a Soldagem Eng. Ivanilza Felizardo, M.Sc. Doutorado em Engenharia Mecânica Orientação: Prof. Alexandre Queiroz Bracarense, Ph.D. Co-Orientação: Prof. Ramón Molina Valle, Dr. Belo Horizonte, 20 de fevereiro de 2003 “Estilo é uma coisa que nasce quando uma pessoa morre. Não seja estilista de si mesmo. Varie na sua criação.” Pablo Picasso “DON’T EVER GIVE UP” “Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador tem que passar além da dor. Deus deu ao mar o perigo e o abismo mas nele é que espalhou o céu.” Fernando Pessoa Aos meus Pais e ao meu Lindo Agradecimentos A Deus, por compensar o meu esforço e a minha dedicação para que este trabalho pudesse ser concluído. Além de ter dado-me paciência e perseverança, mostrando como chegar ao fim de uma etapa, mesmo com tantos obstáculos, e obtendo bons frutos. Aos meus Pais (Ivan e Ilza), Irmãos (Ivania, Ivanessa e Junior), Sobrinhas (Francielle, Thacielle e Thainara) e amigos (Joel e Claudio) pelo constante apoio, paciência e amor que sempre me dedicaram. Ao amigo e Professor Alexandre Queiroz Bracarense por seus ensinamentos, inestimável apoio e confiança depositada em mim para a realização deste trabalho. Ao Professor Ramóm Molina Valle pelo apoio constante, pelas sugestões e idéias, imprescindíveis para a realização deste trabalho. À amiga de todas as horas Virgína Maria da Silva Santos. Em especial e com muito carinho aos Colegas do Departamento de Engenharia Mecânica da UFMG, pela colaboração, solidariedade, carinho e amizade que me proporcionaram. A FAPEMIG e CAPES pelo apoio financeiro. As empresas MECAN e ESAB pelo apoio e fornecimento de material de consumo. Enfim, a todos que estiveram presentes e contribuíram, direta ou indiretamente, na execução deste trabalho. Resumo O aumento da temperatura do eletrodo revestido durante a soldagem deve-se ao calor gerado por efeito Joule e ao calor transferido do arco elétrico. Este aumento altera o modo de transferência metálica, a composição química do revestimento e do metal de solda depositado e a taxa de fusão. Diversos estudos já foram realizados buscando uma melhor compreensão das causas e conseqüências do aquecimento dos eletrodos revestidos. Dos modelos numéricos existentes, nenhum descreve a distribuição de temperatura ao longo de todo o comprimento do eletrodo revestido. Não há registro na literatura da influência exata de alguns parâmetros na temperatura do eletrodo, como por exemplo, polaridade e espessura de revestimento. Há informações contraditórias em relação a influência da polaridade na taxa de fusão dos eletrodos revestidos. Para um possível controle do processo de soldagem com eletrodo revestido, até mesmo robotizálo, é de fundamental importância conhecer a distribuição de temperatura no eletrodo, a influência dos parâmetros de soldagem na temperatura do eletrodo e, consequentemente, na sua taxa de fusão. Desenvolveu-se um programa computacional para simular a distribuição de temperatura ao longo de todo o comprimento do eletrodo revestido. Utilizou-se o Método de Volumes Finitos em Coordenadas Generalizadas. Diversos testes experimentais de monitoração de temperatura e de consumo do eletrodo revestido durante a soldagem foram realizados para validar o programa e aumentar a compreensão dos efeitos do aumento da temperatura do eletrodo. O modelo desenvolvido mostrou-se eficiente na simulação da temperatura do eletrodo, possibilitando verificar a influência da espessura e do tipo de revestimento na mesma. Com o modelo foi possível obter o real perfil de temperatura ao longo de todo o comprimento do eletrodo revestido e ainda verificar que o porta-eletrodo influencia a temperatura da região não revestida do eletrodo. O entendimento desta influência deverá ser uma etapa fundamental na busca da robotização do processo de soldagem com eletrodo revestido. Abstract During welding, the temperature of the covered electrode increases because of the heat generated by Joule effect and transferred from the electric arc. This increase in temperature alters the metal transfer, the chemical composition of the coating and the deposited metal weld and the fusion rate. Several studies were already accomplished looking for a better understanding of the causes and consequence of the covered electrodes heating. Among existent numeric models, none describes the temperature distribution along the whole length of the covered electrode. There is not registration in the literature of the exact influence of some parameters, such as polarity and thickness coating in the temperature of the electrode. Additionally, there is adverse information regarding the influence of polarity in the melting rate of the electrodes. Looking for a possible control of the welding process with covered electrode, even to robotize it, to know the temperature distribution in the electrode, the influence of the welding parameters in the temperature increase of the electrode and, consequently in its melting rate is of fundamental importance. To perform the control a computational program to simulate the temperature distribution along the whole length of the covered electrode was developed. The Method of Finite Volumes in Generalized Coordinates was used. To validate the program, several experimental tests of temperature and electrode consumption during the welding were accomplished. The developed model was able to simulate the covered electrode temperature, making possible to verify the influence of the coating thickness and type. With the model, the temperature profile along the whole length of the covered electrode was obtained and it was verified that the electrode holder influences the temperature of the uncovered area of the electrode. The understanding of this influence is an important step for the robotization of the welding process with covered electrode. Sumário SIMBOLOGIA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ix Caracteres. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ix Letras Gregas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xi Subscritos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xi LISTA DE FIGURAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xii LISTA DE TABELAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xvii Capítulo 1 – INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01 Capítulo 2 – PROCESSO DE SOLDAGEM COM ELETRODO REVESTIDO . . . . . . . . 08 2.1 2.2 2.3 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08 A Soldagem com Eletrodo Revestido. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09 Eletrodo Revestido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 2.3.1 2.3.2 2.3.3 2.4 2.5 Fabricação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 Características e Funções do Revestimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 Classificação dos Eletrodos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 Transferência Metálica na Soldagem com Eletrodo Revestido . . . . . . . . . . . . 16 Aquecimento do Eletrodo Revestido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 2.5.1 2.5.2 2.5.3 Causas e Conseqüências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 Taxa de Fusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 Modelos Teóricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 Capítulo 3 – OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 Capítulo 4 – FORMULAÇÃO DO PROBLEMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 4.1 4.2 4.3 4.4 Considerações Iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Modelo Matemático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Condições de Contorno. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Propriedades Termofísicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 36 37 39 Capítulo 5 – METODOLOGIA NUMÉRICA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 5.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 45 46 48 50 5.2 5.3 5.4 Método dos Volumes Finitos em Coordenadas Generalizadas . . . . . . . . . . . . Transformação de Coordenadas das Equações Governantes. . . . . . . . . . . . . . Obtenção das Equações Aproximadas em Volumes Finitos . . . . . . . . . . . . . . 5.4.1 Condições de Contorno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5.5 Solução do Sistema Linear de Equações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 Capítulo 6 – IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA ELECTRODE. . . . . . . . . . . . . . . . . 55 6.1 6.2 6.3 6.4 6.5 6.6 6.7 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Estrutura do Programa Electrode . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Geração da Malha e Implementação da Condição de Fronteira Móvel Primeira Versão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Corroboração dos Resultados Numéricos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Validação Física do Programa Electrode . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Geração da Malha e Implementação da Condição de Fronteira Móvel Versão Final . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Algoritmo de Solução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 55 56 61 67 72 75 Capítulo 7 – METODOLOGIA EXPERIMENTAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 7.1 7.2 Definição dos Testes Experimentais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 Procedimento para Monitoração da Temperatura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81 7.2.1 7.2.2 7.3 7.4 Preparação dos Eletrodos Revestidos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81 Sistema de Aquisição de Dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 Procedimento para Determinar o Consumo do Eletrodo Revestido. . . . . . . . . 86 Tratamento dos Dados Experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 7.4.1 7.4.2 7.4.3 Consumo do Eletrodo Revestido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 Tensão do Arco, Corrente de Soldagem e Temperatura. . . . . . . . . . . 89 Análise Estatística dos Dados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92 Capítulo 8 – RESULTADOS E DISCUSSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 8.1 8.2 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 Apresentação e Análise dos Resultados Experimentais obtidos com a Configuração 3. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 8.2.1 Tensão do Arco, Corrente de Soldagem e Temperatura . . . . . . . . . . . 93 8.2.2 Consumo dos Eletrodos Revestidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 8.3 Apresentação e Análise dos Resultados Experimentais obtidos com as 119 8.4 Configurações 1 e 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Simulação Numérica dos Resultados Experimentais e Análise Final dos Resultados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125 Capítulo 9 – CONCLUSÕES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147 Capítulo 10 – SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150 Apêndice A – TRANSFORMAÇÃO DE COORDENADAS: EQUAÇÃO DA ENERGIA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159 Apêndice B – DISCRETIZAÇÃO DA EQUAÇÃO DA ENERGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163 Anexo 1 – CÓPIA DO CERTIFICADO DE CALIBRAÇÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 168 Simbologia Caracteres A Coeficientes da equação discretizada A Área B Termo fonte Cp Calor específico à pressão constante J/kg ºC D Diâmetro do eletrodo m d Diâmetro do arame m Dij Coeficientes difusivos ∆t Intervalo de tempo ∆V Volume de um elemento de controle no plano transformado m2 s dado por ∆V = ∆η∆ξ e, w, n, s Indicadores das faces leste, oeste norte e sul para volumes de controle E, W, N, S, NE, Indicadores de volumes vizinhos ao elemento P NW, SE, SW F Fator referente à análise estatística g Aceleração da gravidade Gr Número de Grashof h Coeficiente convectivo de transferência de calor W/m2 ºC hs Altura do cone do revestimento m I Corrente A J Jacobiano da transformação m-2 K Condutividade térmica W/mºC L Comprimento m La Comprimento da região não revestida do eletrodo m Lap Comprimento da região não revestida do eletrodo 9,81 m/s2 sem porta-eletrodo m Lc Comprimento consumido do eletrodo m Lo Comprimento inicial do eletrodo m Lp Comprimento da região do porta-eletrodo m Lr Comprimento restante do eletrodo m m Massa do eletrodo kg mf Massa final do eletrodo kg mi Massa inicial do eletrodo kg M Massa da chapa kg Mf Massa final da chapa kg Mi Massa inicial da chapa kg Nu Número de Nusselt Num Número de Nusselt médio P Valor referente à análise estatística P Indicador de volume de controle Pr Número de Prandtl Qj Taxa de calor gerado por efeito Joule W qo Fluxo de calor W/m2 r,z Coordenadas do sistema cilindro rc Raio crítico de isolamento m R Resistência elétrica Ω Ra Raio do arame m Re Raio do eletrodo m Rp Raio com porta-eletrodo m RV Relação volumétrica do revestimento % S Taxa de geração interna de calor W/m3 t Tempo s T Temperatura ºC T∞ Temperatura ambiente ºC Te Temperatura do eletrodo ºC Tf Temperatura de fusão ºC Tm Temperatura média ºC To Temperatura inicial do eletrodo ºC Tp Temperatura no volume elementar P ºC Tw Temperatura na parede do eletrodo ºC TC Taxa de consumo m/s TD Taxa de deposição Kg/s TF Taxa de fusão Kg/s V Tensão do arco V x,y Sistema cartesiano de coordenadas Letras Gregas __ __ α, β Coeficientes do esquema de interpolação β Coeficiente de dilatação térmica do fluido o -1 ν Viscosidade m2/s ρ Massa específica kg/m3 ξ, η Coordenadas do sistema generalizado α, β, γ Componentes do tensor métrico m2 ηd Eficiência de deposição % η Rendimento do processo % η” Parcela do calor gerado no arco elétrico e transferida ao ρe C eletrodo % Resistividade elétrica Ω.m Subscritos n, s, e, w, referem-se às faces do volume de controle onde as variáveis são avaliadas p refere-se à avaliação da variável no volume elementar P P, N, S, E, W, NE, NW, SE, referem-se aos pontos onde as variáveis são avaliadas SW r, z, ξ, η referem-se às derivadas parciais de primeira ordem Lista de Figura Figura 1.1 – Alguns tipos de consumíveis para a soldagem a arco. . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 Figura 1.2 – Perfil longitudinal de temperatura do eletrodo revestido idealizado por Waszink e Piena em 1985. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 Figura 1.3 – Perfis longitudinais de temperatura do eletrodo revestido simulados numericamente por Quinn et al em 1997. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 Figura 1.4 – Perfis longitudinais de temperatura do eletrodo revestido: Perfil esperado neste trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 Figura 2.1 – Desenho esquemático da soldagem manual com eletrodo revestido. . . . . . . . . . . . . . 9 Figura 2.2 – Dispositivo para a soldagem por gravidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 Figura 2.3 – Fluxograma das etapas de fabricação dos eletrodos revestidos. . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 Figura 2.4 – Resistividade de aço de baixo carbono . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 Figura 2.5 – Desenho esquemático do “cone” formado na ponta do eletrodo revestido durante a soldagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 Figura 2.6 – Influência da polaridade na taxa de fusão (A1) e na penetração (A2) . . . . . . . . . . . . . 22 Figura 2.7 – Perfil esquemático de temperatura como previsto pelo modelo de Rosenthal. . . . . . . 24 Figura 2.8 – Suposições e domínio físico de solução proposto por Quinn et al [1997]. . . . . . . . . . 26 Figura 2.9 – Monitoração da temperatura ao longo do comprimento do eletrodo. . . . . . . . . . . . . . 27 Figura 2.10 – Perfil de temperatura modelado numericamente por Quinn et al [1997]. . . . . . . . . . 28 Figura 3.1 – Causas e conseqüências do aquecimento do eletrodo revestido durante a soldagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 Figura 3.2 – Principais fatores que influenciam a temperatura do eletrodo revestido. . . . . . . . . . . 30 Figura 4.1 – Energias térmicas transferidas e geradas no eletrodo revestido durante a Soldagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 Figura 4.2 – Eletrodo revestido sem e com a presença do arco elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 Figura 4.3 – Fotografias exemplificando o posicionamento do eletrodo revestido no porta-eletrodo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 Figura 4.4 – Domínio de solução do problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 Figura 4.5 – Condições de contorno do problema. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 Figura 4.6 – Variação do calor específico do arme com a temperatura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 Figura 4.7 – Variação da condutividade térmica do arame com a temperatura. . . . . . . . . . . . . . . . 41 Figura 4.8 – Variação da resistividade elétrica do arame com a temperatura. . . . . . . . . . . . . . . . . 41 Figura 4.9 – Razão entre o número de Nusselt de um cilindro vertical e, o mesmo número, de uma placa vertical. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 Figura 4.10 – Variação do coeficiente convectivo de transferência de calor em função da temperatura da superfície do eletrodo revestido. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 Figura 5.1 – Volume elementar P e seus vizinhos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 Figura 5.2 – Discretização com volumes fictícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 Figura 5.3 – Volumes de controle fictícios. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 Figura 6.1 – Variáveis para a geração da malha. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 Figura 6.2 – Exemplo de malha gerada para o eletrodo revestido. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 Figura 6.3 – Parâmetros calculados na FISICA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 Figura 6.4 – Aproximações numéricas para a implementação da condição de contorno da fronteira sul. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 Figura 6.5 – Domínio físico (a), domínio computacional (b) e malha gerada (c) do eletrodo revestido: Programa Conduct. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 Figura 6.6 – Interface entre volumes de controle. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 Figura 6.7 – Comparações entre resultados de temperatura em o C obtidos com o programa Electrode e Conduct após a implementação do cálculo de K nas interfaces dos volumes de controle. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 Figura 6.8 – Novo domínio computacional para o eletrodo revestido – malha retangular. . . . . . . 65 Figura 6.9 – Novo domínio computacional para o eletrodo revestido. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 Figura 6.10 – Pontos de monitoração da temperatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 Figura 6.11 – Teste de monitoração da temperatura com eletrodo E6013 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 Figura 6.12 – Teste de monitoração da temperatura com eletrodo E7018 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 Figura 6.13 – Pontos de monitoração da temperatura – Configuração 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 Figura 6.14 – Testes com eletrodos E6013 e E7018 de 2,5 mm de diâmetro e corrente de 110A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 Figura 6.15 – Geração da malha adaptativa em diferentes tempos com o programa Electrode . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 Figura 6.16 – Volumes de controle eliminados após cada ciclo iterativo no tempo . . . . . . . . . . . . 75 Figura 7.1 – Configurações de posicionamento dos termopares no eletrodo revestido. . . . . . . . . . 77 Figura 7.2 – Parâmetros adotados para os testes realizados com a configuração 1. . . . . . . . . . . . . 78 Figura 7.3 – Parâmetros adotados para os testes realizados com a configuração 2. . . . . . . . . . . . . 79 Figura 7.4 – Parâmetros adotados para os testes realizados com a configuração 3. . . . . . . . . . . . . 80 Figura 7.5 – Eletrodos com o comprimento da região não revestida com 20, 50 e 100 mm. . . . . . 81 Figura 7.6 – Eletrodo com uma região do revestimento retirada para receber um termopar, Ponto de medição 3. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81 Figura 7.7 – União por soldagem dos fios do termopar tipo K. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82 Figura 7.8 – (a) Região do eletrodo com o furo, (b) termopar soldado na superfície do arame e (c) furo com enchimento do mesmo material do revestimento . . . . . . . . . . . 82 Figura 7.9 – Termopares soldados na superfície do arame . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 Figura 7.10 – Montagem do sistema para monitoração dos dados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 Figura 7.11 – Ligação do termopar ao cabo de compensação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 Figura 7.12 – Transdutores de sinais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 Figura 7.13 – Conector de canais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 Figura 7.14 – Condicionador de sinais para a corrente de soldagem e a tensão do arco . . . . . . . . . 86 Figura 7.15 – Exemplificação do procedimento adotado para determinação da taxa de consumo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88 Figura 7.16 – Representação gráfica dos sinais obtidos para a tensão e corrente de soldagem. . . . 90 Figura 7.17 – Representação gráfica dos sinais obtidos para a temperatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91 Figura 8.1 – Ciclos térmicos dos testes realizados com eletrodos de 2,0 mm de diâmetro. . . . . . . 96 Figura 8.2 – Ciclos térmicos dos testes realizados com eletrodos de 2,5 mm de diâmetro. . . . . . . 96 Figura 8.3 – Ciclos térmicos dos testes realizados com eletrodos de 3,25 mm de diâmetro. . . . . . 96 Figura 8.4 – Representação gráfica dos valores de F resultantes das 16 confrontações de T(t) entre testes alterando a corrente de soldagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98 . Figura 8.5 – Representação gráfica da influência da corrente de soldagem na temperatura dos eletrodos revestidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100 Figura 8.6 – Taxa de consumo média e instantânea obtida em diferentes intervalos de tempo para eletrodo E6013 de 2,5 mm de diâmetro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106 Figura 8.7 – Comprimento consumido em função do tempo de soldagem de eletrodos de 2,0 mm de diâmetro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106 Figura 8.8 – Comprimento consumido em função do tempo de soldagem de eletrodos de 2,5 mm de diâmetro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107 Figura 8.9 – Comprimento consumido em função do tempo de soldagem de eletrodos de 3,25 mm de diâmetro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108 Figura 8.10 – Taxa de consumo instantânea de eletrodos de 2,0 mm de diâmetro . . . . . . . . . . . . . 108 Figura 8.11 – Taxa de consumo instantânea de eletrodos de 2,5 mm de diâmetro . . . . . . . . . . . . . 109 Figura 8.12 – Taxa de consumo instantânea de eletrodos de 3,25 mm de diâmetro . . . . . . . . . . . . 110 Figura 8.13 – Cones formados na ponta do eletrodo durante a soldagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111 Figura 8.14 – Comprimento consumido em função do tempo de soldagem para eletrodos E6013e E7018 na polaridade positiva. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113 Figura 8.15 – Comprimento consumido em função do tempo de soldagem para eletrodos E6013 e E7018 na polaridade negativa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114 Figura 8.16 – Representação gráfica dos valores de F resultantes das confrontações de Lc(t) entre testes alterando a corrente de soldagem na polaridade positiva . . . . . . . . 116 Figura 8.17 – Representação gráfica dos valores de F resultantes das confrontações de Lc(t) entre testes alterando a corrente de soldagem na polaridade negativa . . . . . . . 117 Figura 8.18 – Comparações entre ciclos térmicos obtidos no ponto 3 com as configurações 3 e 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119 Figura 8.19 – Ciclos térmicos obtidos com a configuração 1, com corrente de soldagem de 80 A. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120 Figura 8.20 – Ciclos térmicos obtidos com a configuração 1, com corrente de soldagem de 110 A. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121 Figura 8.21 – Ciclos térmicos obtidos com a configuração 2A: comprimento da região não revestida do eletrodo de 50 mm . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123 Figura 8.22 – Ciclos térmicos obtidos na configuração 2B: comprimento da região não revestida do eletrodo de 100 mm . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123 Figura 8.23 – Seqüência de fotografias mostrando o aquecimento da região não revestida do eletrodo até seu rompimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124 Figura 8.24 – Exemplos de sistemas de coordenadas generalizadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128 Figura 8.25 – Comparações entre resultados experimentais e numéricos de testes para eletrodo E6013 de 2,5 mm de diâmetro e CASR = 50 mm, configuração 2A . . . . . . . . . . . . 129 Figura 8.26 – Simulação numérica de T1, T2 e T3 para eletrodo E6013 de 2,5 mm de diâmetro e CASR = 50 mm, configuração 2A. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130 Figura 8.27 – Comparações entre resultados experimentais e numéricos de testes para eletrodo E7018 de 2,5 mm de diâmetro e CASR = 50 mm, configuração 2A . . . . . . . . . . . . . 131 Figura 8.28 – Simulação numérica de T1, T2 e T3 para eletrodo E7018 de 2,5 mm e diâmetro e CASR = 50 mm, configuração 2A. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131 Figura 8.29 – Comparações entre resultados experimentais e numéricos para eletrodo E7018 de 2,5 mm de diâmetro e CASR = 100 mm, configuração 2B. . . . . . . . . . . 133 Figura 8.30 – Simulação numérica de T1, T2 e T3 para eletrodo E7018 de 2,5 mm de diâmetro e CASR = 100 mm, configuração 2B. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133 Figura 8.31 – Comparações entre resultados experimentais e numéricos para eletrodo E7018 de 3,25 mm de diâmetro e CASR = 100 mm, configuração 2B. . . . . . . . . . . 134 Figura 8.32 – Simulação numérica de T1, T2 e T3 para eletrodo E7018 de 3,25 mm de diâmetro e CASR = 100 mm, configuração 2B. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134 Figura 8.33 – Comparações entre resultados experimentais e numéricos para eletrodo E6013 de 2,5 mm de diâmetro e corrente de soldagem de 80 A, configuração 1. . . . . . . . . 135 Figura 8.34 – Comparações entre resultados experimentais e numéricos do eletrodo E7018 de 3,25 mm de diâmetro e corrente de soldagem de 110 A, configuração 1. . . . . . . 135 Figura 8.35 – Simulação numérica dos testes realizados com eletrodos de 2,0 mm de diâmetro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137 Figura 8.36 – Simulação numérica dos testes realizados com eletrodos de 2,5 mm de diâmetro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137 Figura 8.37 – Simulação numérica dos testes realizados com eletrodos de 3,25 mm de diâmetro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137 Figura 8.38 - Testes numéricos com eletrodos E6013 e E7018 variando o diâmetro do eletrodo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139 Figura 8.39 – Comparações numéricas entre eletrodos E6013 e E7018 variando o diâmetro do eletrodo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139 Figura 8.40 – Simulações numéricas do comprimento consumido em função do tempo de soldagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141 Figura 8.41 – Taxa de consumo com e sem o calor gerado por efeito Joule para eletrodos E6013 e E7018. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143 Figura 8.42 – Perfis longitudinais de temperatura do eletrodo E6013 simulado sem e com porta-eletrodo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145 Figura 8.43 – Perfis longitudinais de temperatura do eletrodo E7018 simulado sem e com porta-eletrodo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146 Lista de Tabelas Tabela 2.1 – Principais elementos dos revestimentos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 Tabela 2.2 – Formulação típica de eletrodos comerciais E6010, E6013 e E7018. . . . . . . . . . . . . . 17 Tabela 2.3 – Propriedades térmicas de revestimentos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 Tabela 6.1 – Exemplo de valores para algumas variáveis do programa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 Tabela 8.1 – Valores reais de corrente e tensão obtidos por teste e valores de F e P referentes às comparações entre amostras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94 Tabela 8.2 – Fator F e valor P resultantes das confrontações entre ciclos térmicos obtidos nas polaridades positiva e negativa para eletrodos E6013 e E7018. . . . . . . . 97 Tabela 8.3 – Fator F e valor P resultantes das confrontações de T(t) entre testes alterando a corrente de soldagem para eletrodos E6013 e E7018. . . . . . . . . . . . . . . . 98 Tabela 8.4 – Espessura do revestimento dos eletrodos testados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100 Tabela 8.5 – Fator F e valor P resultantes das confrontações de T(t) entre testes alterando o diâmetro de eletrodos E6013 e E7018 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101 Tabela 8.6 – Fator F e valor P resultantes das confrontações de T(t) entre testes realizados com eletrodos E6013 e E7018 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103 Tabela 8.7 – Taxa de consumo média e instantânea dos eletrodos testados . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105 Tabela 8.8 – Fator F e valor P resultantes das confrontações de Lc(t) entre testes alterando a corrente de soldagem para eletrodos E6013 e E7018, na polaridade positiva . . . . . . 116 Tabela 8.9 – Fator F e valor P resultantes das confrontações de Lc(t) entre testes alterando a corrente de soldagem para eletrodos E6013 e E7018, na polaridade negativa . . . . . . 117 Tabela 8.10 – Fator F resultante das confrontações de Lc(t) entre testes alterando o diâmetro de eletrodos E6013 e E7018, nas polaridades negativa e positiva. . . . . . . . . . . . . . . 118 Tabela 8.11 – Fator F resultante das confrontações de Lc(t) entre testes realizados com eletrodos E6013 e E7018, nas polaridades negativa e positiva. . . . . . . . . . . . . 118 Tabela 8.12 – Número de volumes de controle estabelecidos por região para eletrodo E6013 de 2,5 mm de diâmetro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126 Tabela 8.13 – Número de volumes de controle estabelecidos por região para eletrodo E7018 de 2,0 mm de diâmetro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126 Tabela 8.14 – Fator F e valor P resultantes das confrontações entre ciclos térmicos experimentais e numéricos para eletrodos E6013 e E7018. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138 Tabela 8.15 – Valores de diâmetros de eletrodos testados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138 Tabela 8.16 – Valores η” resultantes dos testes numéricos realizados para eletrodos E6013 e E7018. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141 Capítulo 1 INTRODUÇÃO A proposta de tornar possível a soldagem robotizada com eletrodo revestido motivou a realização deste trabalho. Existem pessoas que são favoráveis e defensoras deste projeto, existem os indiferentes e os que o acham absurdo e totalmente sem propósito. Alguns dizem que o processo de soldagem com eletrodo revestido está ultrapassado e em decadência, porém outros dizem que é ainda extremamente utilizado e indispensável. Ainda há os que acham que a grande desvantagem deste processo, em relação aos demais, é o fato de ser um processo manual, “precisando robotizá-lo”. Dos processos de soldagem robotizados, o mais utilizado é o processo de soldagem a arco elétrico com proteção gasosa e eletrodo consumível, o GMAW (Gas Metal Arc Welding), comumente conhecido como MIG/MAG. Entretanto, Entretanto, existe uma preocupação relativa à inexistência no mercado de consumíveis/arames sólidos (Figura1.1a) que possam soldar todos os materiais utilizados nas indústrias. Por outro lado, a gama de consumíveis existente no mercado para o processo com eletrodo do revestido (Figura1.1b) é imensa, possibilitando a soldagem dos mais diversos materiais e nas mais diversas posições. (a) Figura 1.1 – Alguns tipos de consumíveis para a soldagem a arco (a) arame sólido (b) eletrodo revestido (b) Uma questão, levantada por algumas pessoas, que pode dificultar a robotização do processo de soldagem com eletrodo revestido é o fato de se tratar de um processo intermitente. Porém, a aplicação expressiva da soldagem robotizada com o processo GMAW nas indústrias, principalmente na automobilística, é a execução de cordões de solda curtos de um único passe, aproximadamente 50 mm de comprimento. Este tipo de aplicação viabiliza a realização destes cordões com o processo de soldagem com eletrodo revestido. Tem-se ainda que se for considerada toda a diversidade de composição química dos eletrodos revestidos, existe uma gama muito maior de aplicação do processo com eletrodo revestido do que com o processo GMAW. Há várias dificuldades a serem vencidas para tornar a soldagem robotizada com eletrodo revestido uma realidade, podendo citar: (a) troca do eletrodo; (b) abertura e fechamento do arco elétrico; (c) remoção de escória e (d) variação da velocidade de avanço e, principalmente, da velocidade de mergulho do eletrodo durante a soldagem. Esta última é considerada a mais difícil de ser solucionada por está relacionada com a taxa de fusão do eletrodo revestido. Está além de avanços tecnológicos que possam ser desenvolvidos para superar, por exemplo, as demais dificuldades. As dificuldades (a) e (b) estão relacionadas com a forma do eletrodo revestido, podendo ser resolvidas com mudanças nos equipamentos. A troca do eletrodo pode ser realizada sem a interferência humana, desde que um porta-eletrodo adequado para a soldagem robotizada seja projetado e comandos de posicionamentos sejam implementados na programação do robô. Para a abertura e fechamento do arco elétrico, além de comandos de posicionamentos referentes à aproximação e ao afastamento do eletrodo em relação à peça a ser soldada, é necessário que haja uma comunicação entre o robô e a máquina de soldagem: o robô informará à máquina, através de sinais elétricos, o momento exato para iniciar e interromper o fornecimento de corrente elétrica para a abertura e o fechamento do arco elétrico, respectivamente. A dificuldade (c) está relacionada com a formulação dos eletrodos revestidos. Existem alguns que possibilitam a formação de escórias autodestacáveis, facilitando a remoção das mesmas por mecanismo automático. Levando em consideração a aplicação da soldagem robotizada na execução de cordões simples e curtos, a remoção da escória pode ser realizada posteriormente, sem prejudicar uma possível seqüência de soldagem. A dificuldade (d), interesse principal deste trabalho, está relacionada com o comportamento térmico do eletrodo revestido. Sabe-se que, durante a soldagem, a temperatura do eletrodo aumenta devido ao calor transferido do arco elétrico e ao calor gerado por efeito Joule. O primeiro é o principal responsável pelo aquecimento do eletrodo em regiões próximas à frente de fusão e o segundo, em regiões afastadas da frente de fusão. Sabe-se também que uma das principais conseqüências deste aumento de temperatura é a variação da taxa de fusão do eletrodo revestido durante a soldagem e conseqüente variação da velocidade de mergulho. Para que a dificuldade (d) possa ser vencida é fundamental (1) conhecer as causas e as conseqüências do aumento da temperatura do eletrodo, podendo assim (2) predizer os campos de temperatura e (3) estabelecer uma correlação entre este aumento de temperatura e a variação da velocidade de mergulho do eletrodo revestido durante a soldagem. Acredita-se que um programa numérico eficiente na simulação das temperaturas do eletrodo revestido seja fundamental para ajudar a vencer a dificuldade (d). Alguns trabalhos já foram desenvolvidos visando modelar a temperatura do eletrodo revestido (estes modelos serão discutidos com mais detalhes posteriormente). A Figura 1.2 apresenta o perfil de temperatura ao longo do comprimento do eletrodo revestido idealizado por Waszink e Piena [1985] e a Figura 1.3, simulados numericamente por Quinn et al [1995]. Conforme apresentado nestas figuras, o perfil de temperatura na direção longitudinal do eletrodo é plano (derivada nula), praticamente em quase todo o seu comprimento, ocorrendo um aumento gradual da temperatura da região não revestida do eletrodo (derivada positiva e decrescente) até a temperatura da região plana e um aumento abrupto desta temperatura (derivada positiva e crescente) até a temperatura de fusão, próximo à frente de fusão. Apesar do perfil obtido numericamente (Figura 1.3) ser compatível ao idealizado (Figura 1.2), a região não revestida do eletrodo não foi considerada dentro do domínio de solução do programa numérico. Conforme pode ser observado na Figura 1.3, próxima a esta região foi imposta uma condição de contorno de temperatura prescrita e igual à temperatura ambiente: para qualquer tempo de soldagem, a temperatura naquela fronteira será sempre igual à temperatura ambiente. Visando a robotização do processo, a região de contato entre o robô e o eletrodo revestido é a região não revestida do eletrodo. Conhecer a variação da temperatura nesta região é de fundamental importância. Sendo assim, o modelo encontrado na literatura não é eficiente para simular o que se deseja neste trabalho. Figura 1.2 – Perfil longitudinal de temperatura do eletrodo revestido idealizado por Waszink e Piena em 1985 Figura 1.3 – Perfis longitudinais de temperatura do eletrodo revestido simulados numericamente por Quinn et al em 1997 Dentre os objetivos deste trabalho está o desenvolvimento de um programa numérico capaz de simular a variação da temperatura ao longo de todo o comprimento do eletrodo revestido e também da região não revestida. Porém, simular numericamente a distribuição de calor no eletrodo revestido foi muito mais difícil do que se imaginou inicialmente. Trata-se de um problema puramente difusivo, transiente, com geração interna de calor e envolvendo dois materiais diferentes. Uma particularidade do domínio de solução deste problema é a geometria do eletrodo revestido: vareta de aço longa (230 a 460 mm) de pequeno diâmetro (2 a 8 mm) revestida por uma camada de material apropriado (0,5 a 5 mm), sendo que em uma de suas extremidades, aproximadamente 20 mm de comprimento, não há revestimento [Welding Handbook, 1991]. A técnica numérica escolhida para o desenvolvimento do programa computacional foi volumes finitos. Seguindo os princípios desta metodologia, a equação diferencial da energia em coordenadas cilíndricas foi transformada em coordenadas generalizadas e em seguida discretizada e implementada, gerando o programa computacional, chamado de Electrode. Nos primeiros resultados obtidos com o programa Electrode dois problemas foram constatados: o primeiro relacionado com a questão de tratar dois materiais dissimilares com valores de condutividade térmica bem diferentes (para o arame de aço carbono em torno de 54 W/mºC e para o revestimento em torno de 1 W/mºC) e o segundo problema relacionado com o calor gerado por efeito Joule. O primeiro problema foi solucionado após implementar uma média ponderada para calcular a condutividade térmica nas interfaces dos volumes de controle. Entretanto, o segundo problema foi muito difícil de ser solucionado. Baseado nos resultados apresentados nas Figuras 1.2 e 1.3, ao implementar uma condição de contorno convectiva na região não revestida do eletrodo, acreditava-se que a temperatura desta região aumentaria ao longo do tempo de soldagem e que os perfis de temperatura apresentariam comportamentos semelhantes aos da Figura 1.4. O problema foi que os perfis de temperatura simulados com o programa Electrode apresentavam um comportamento bem diferente do apresentado na Figura 1.4: a temperatura da região não revestida do eletrodo diferia consideravelmente do esperado. Após inúmeros estudos teóricos e vários testes experimentais foi verificado o real perfil longitudinal de temperatura do eletrodo revestido. Figura 1.4 –Perfis Perfis longitudinais de temperatura do eletrodo revestido Perfil esperado neste trabalho Como um esclarecimento final, este documento está organizado da seguinte maneira: O Cap. 2 faz a apresentação do processo de soldagem com eletrodo revestido e descreve algumas importantes características do processo. Pontos relevantes antes de interesse deste trabalho também são apresentados. O Cap. 3 descreve os objetivos deste trabalho. O Cap. 4 apresenta a formulação matemática do problema em estudo. O Cap.5 tece alguns comentários sobre métodos numéricos e descreve os passos para o desenvolvimento do programa Electrode. O Cap. 6 trata da implementação do programa Electrode e apresenta a sua validação. Alguns resultados experimentais são apresentados neste capítulo, sendo que o procedimento experimental é descrito no capítulo seguinte. seguint No Cap. 7, os procedimentos necessários para a realização dos testes experimentais são apresentados, assim como o tratamento aplicado aos resultados. No Cap. 8, os resultados experimentais e das simulações numéricas são apresentados e analisados. No Cap. ap. 9, são apresentadas as conclusões. O Cap. 10 traz sugestões para o prosseguimento da pesquisa. Capítulo 2 PROCESSO DE SOLDAGEM COM ELETRODO REVESTIDO 2.1 Introdução Dos processos de soldagem a arco, o processo com eletrodo revestido (SMAW – Shielded Metal Arc Welding) é o mais simples. O investimento em equipamentos é relativamente baixo e os eletrodos são facilmente encontrados no mercado. Uma grande vantagem deste processo é o controle da composição química do revestimento, através do qual se consegue uma vasta gama de consumíveis e um maior controle da microestrutura e das propriedades do metal de solda. É um dos processos a arco mais utilizados na soldagem de aços especiais, de alta liga e de metais dissimilares. É também o processo mais utilizado na soldagem subaquática. Pode ser usado em todas as posições, inclusive sobrecabeça, em metal de base com espessura acima de 1,6 mm e em áreas de acesso limitado [Welding Handbook, 1991]. Se comparado com o processo GMAW e com o processo de soldagem com arame tubular (FCAW – Flux Cored Arc Welding), é menos sensível às correntes de ar. Por outro lado, possui menor taxa de deposição e menor fator de operação. Foi mostrado que com o processo SMAW é possível obter um melhor controle da taxa de resfriamento do metal de solda [Krantz et al, 1972]. Foi mostrado também que é possível obter soldas com potencial de hidrogênio menor, se comparado ao processo FCAW [Kinsey, 2000]. Por ser um processo tipicamente manual, o nível de habilidade do soldador é fundamental para se obter uma solda de qualidade. Devido à rigidez do eletrodo, seu comprimento é limitado, necessitando uma troca constante do eletrodo durante a soldagem, o que reduz o rendimento do processo se comparado aos demais processos de soldagem a arco com eletrodo consumível. 2.2 A Soldagem com Eletrodo Revestido Na soldagem manual com eletrodo revestido, o soldador é responsável pela abertura e fechamento do arco elétrico, pela troca do eletrodo e pela execução dos movimentos de avanço e de mergulho do mesmo. Estes movimentos devem ser realizados de forma que o comprimento do arco seja mantido constante durante o processo. A Figura 2.1 apresenta um desenho esquemático da soldagem com eletrodo revestido. Figura 2.1 – Desenho esquemático da soldagem manual com eletrodo revestido A região não revestida do eletrodo (ou região sem revestimento) fica em contato com o alicate porta-eletrodo, conectado à fonte de soldagem que é do tipo corrente constante. A corrente de soldagem, alternada ou contínua, passa do porta-eletrodo para o arame e através deste para o arco elétrico, sustentando-o. Na maioria das aplicações, o eletrodo revestido é conectado ao pólo positivo da máquina (polaridade reversa). O início da soldagem propriamente dita ocorre qua quando a ponta livre do eletrodo toca o metal de base, promovendo a abertura do arco elétrico. Apesar da soldagem com eletrodo revestido ser um processo tipicamente manual, é comum a utilização de dispositivos semi-mecanizados mecanizados como do método de soldagem por gravidade, Figura 2.2. De acordo com o apresentado nesta figura, o porta-eletrodo porta eletrodo (a) se desloca sobre uma barrabarra guia (b), devido à ação da gravidade, à medida que o eletrodo (c) é consumido. A soldagem por gravidade é extremamente simples e possui várias limitações quanto ao seu uso: posição de soldagem, diâmetro do eletrodo e qualidade do cordão de solda. Não existe nenhum controle sobre o comprimento do arco elétrico e sobre as velocidades de avanço e de mergulho do eletrodo, sendo estes definidos pela própria ação da gravidade. a b c Figura 2.2 – Dispositivo para a soldagem por gravidade Uma grande limitação do processo de soldagem com eletrodo revestido, se comparado com outros processos como, por exemplo, o GMAW, é o fato da corrente atravessar todo o comprimento do eletrodo: se a corrente de soldagem for excessiva poderá superaquecer o eletrodo, danificando e alterando as características de seu revestimento. Os fabricantes de eletrodos recomendam a faixa de operação da corrente de soldagem soldagem para ser utilizada em cada tipo de eletrodo revestido, que está relacionada com o diâmetro do arame. 2.3 Eletrodo Revestido 2.3.1 Fabricação A fabricação dos eletrodos revestidos não é simples, devido à grande diversidade dos tipos e das aplicações em soldagem, cada um exigindo considerações especiais. A Figura 2.3 apresenta um fluxograma que exemplifica as etapas de produção dos eletrodos revestidos. Figura 2.3 – Fluxograma das etapas de fabricação dos eletrodos revestidos A camada de revestimento ao redor do arame, que geralmente é extrudada, não deve deteriorar ou separar com o calor durante a sua preparação ou durante a soldagem. Também precisa ter considerável resistência mecânica aos impactos ou às vibrações durante o armazenamento e o transporte. Ao longo da produção, inspeções e ajustes são executados para assegurar um revestimento uniforme e concêntrico, visto que um dos mais importantes índices de qualidade do revestimento é a sua concentricidade [Pokhodnya et al, 1985A]. Um fato importante a ser considerado na fabricação de eletrodos revestidos é a relação entre as áreas transversais do arame e do revestimento, definida como "relação volumétrica do revestimento (RV)" [Boniszewski, 1979A], sendo determinada por: RV = (D −d2 d2 2 ) (2.1) onde: D – diâmetro do eletrodo; d – diâmetro do arame; RV, juntamente com o pó de ferro, determina a eficiência e a taxa de fusão do eletrodo revestido. É possível obter um valor de RV tão alto quanto 5, com elevada proporção de pó de ferro, de forma que o eletrodo deposite de 7 a 9 kg/h de metal de solda [Boniszewski, 1979A]. Foi mostrado que a qualidade do metal de solda pode aumentar e o teor de nitrogênio diminuir, aumentando a espessura do revestimento, aumentando RV [Mijasaka, 1982]. RV e a concentricidade do revestimento têm uma forte influência na estabilidade do arco elétrico [Donchenko et al, 1978; Pokhodnya et al, 1985A] e no modo de transferência metálica [Pokhodnya et al, 1985B] do eletrodo revestido. 2.3.2 Características e Funções do Revestimento O revestimento do eletrodo consiste de uma mistura de diferentes materiais, na maioria óxidos, combinados em proporções adequadas. Muitos dos ingredientes de um revestimento podem ter mais de uma função e diferentes ingredientes no mesmo revestimento podem contribuir para a mesma função. Dentre as funções do revestimento está o fornecimento de elementos de liga para o refino da microestrutura e para o controle da composição química do metal de solda. Os gases e a escória, provenientes da decomposição do revestimento, produzem uma atmosfera protetora para o arco elétrico e para a poça de fusão. A escória ainda protege as gotas de metal fundido durante a sua transferência pelo arco e controla a velocidade de resfriamento do metal de solda. O revestimento também fornece agentes que facilitam a remoção da escória, a soldagem em diversas posições e a ionização do arco, além de desempenhar um importante papel na estabilidade e no direcionamento do arco elétrico [Jackson, 1973; Davis et al, 1978; Boniszewski, 1979A]. A decomposição de ingredientes do revestimento pode ainda controlar a temperatura do eletrodo durante a soldagem [Bracarense, 1994A]. A Tabela 2.1 descreve os principais elementos utilizados no revestimento de eletrodos revestidos. As fórmulas e as principais funções (primárias e secundárias) de cada elemento também estão descritas nesta tabela. A concentração de um elemento químico no metal de solda é função da quantidade deste elemento originalmente presente no sistema de soldagem [Heuschkel, J., 1969]. Seis fontes de elementos químicos na soldagem com eletrodo revestido podem ser identificadas: revestimento, alma do eletrodo, metal de base, arco elétrico, superfícies do metal de base e do eletrodo [Bracarense, 1994A]. As três primeiras fontes são as principais. O arco elétrico não pode criar ou destruir qualquer elemento, mas dependendo das condições operacionais, por exemplo, o ângulo do eletrodo em relação à peça a ser soldada, diferentes quantidades de cada elemento são divididas entre o metal de solda, a escória e o ambiente. Já as duas últimas fontes podem produzir impurezas indesejáveis para o metal de solda, provenientes de uma limpeza imprópria na superfície do metal de base ou durante a fabricação do eletrodo. Dentre as diferentes fontes, é o revestimento que tem um papel importante na determinação da composição química do metal de solda e o seu controle é extremamente importante na fabricação de consumíveis de alta qualidade. Tabela 2.1 – Principais elementos dos revestimentos [Jackson, 1973] Elementos Alumina Argila Cal Fórmula Al2O3 Al2O3 2SiO2 2H2O CaO Calcita CaCO3 Fluorita CaF2 Celulose (C6H10O5)x Ferro-Manganês Fe-Mn Ferro-Silício Fe-Si Hematita Magnetita Silicato de Lítio Silicato de Potássio Fe2O3 Fe3O4 Li2SiO3 K2SiO3 Titanato de Potássio Feldspar Mica Dolomita Silicato de Sódio 2K2O 2TiO2 K2O Al2O3 6SiO2 K2O 3Al2O3 6SiO2 2H2O MgO CaO 2(CO2) Na2SiO3 Sílica SiO2 Rutila TiO2 Pó de Ferro - Zircônio ZrO2 Funções Formar escória; Estabilizar o arco Ajudar na extrusão; Formar escória Agente fluxante; Controlar a viscosidade da escória Controlar a basicidade da escória; Gerar gases de proteção Controlar a basicidade da escória; Reduzir a viscosidade da escória Gerar gases de proteção; Ajudar na extrusão Controlar a composição química; Promover a desoxidação Promover a desoxidação; Controlar a composição química. Promover a oxidação; Formar escória Promover a oxidação; Formar escória Atuar como agente aglomerante Estabilizar o arco; Atuar como agente aglomerante Estabilizar arco; Formar escória Formar escória; Agente fluxante Ajudar na extrusão; Estabilizar o arco Gerar gases; Agente fluxante Atuar como agente aglomerante; Estabilizar o arco Formar escória; Controlar a viscosidade Reduzir a viscosidade da escória; Estabilizar o arco Aumentar a taxa de deposição e o rendimento do eletrodo; Estabilizar o arco Estabilizar o arco; Facilitar a destacabilidade da escória Inúmeros trabalhos investigaram a influência de elementos químicos nas propriedades do metal de solda [Fleming et al, 1996; Evans, 1997; Surian, 1997; Castner et al, 1998; Surian et al, 1999; Quintana et al, 1999; Acosta et al, 2000], na geração de fumos e gases [Kobayashi et al, 1983; Tandon et al, 1984 e 1986], na estabilidade do arco [Pokhodnya, 1984; Farias et al, 1985; Rocha et al, 1999] e nas propriedades da escória [Kobayashi, 1985; Farias et al, 2000]. Também foi investigada a influência de parâmetros de soldagem, tais como tensão, corrente e polaridade, na transferência de elementos químicos para o metal de solda [Cenni, 1985; Fedele et al, 2000]. Destaca-se que são os tipos de elementos usados no revestimento e/ou os tipos de reações químicas que ocorrem durante a soldagem que definem a classificação dos eletrodos revestidos. 2.3.3 Classificação dos Eletrodos Os eletrodos revestidos são classificados como básicos, celulósicos, rutílicos, ácidos e oxidantes. Eletrodos básicos têm grande quantidade de carboneto de cálcio (CaCO3) e de fluoreto de cálcio (CaF2) no revestimento. A razão CaCO 3 pode variar entre 1 e 3. Razões altas são usadas em CaF2 eletrodos que executam passes de raiz em juntas muito abertas onde uma boa proteção do metal fundido em relação ao ambiente é exigida [Boniszewski, 1978B]. O metal depositado com eletrodo básico tem um baixo teor de hidrogênio. Estes eletrodos produzem soldas com boas propriedades mecânicas e são preferidos em aplicações críticas, embora seu desempenho durante a soldagem seja inferior aos demais tipos de eletrodos. A escória se apresenta fluida e é facilmente destacável. Chen et al [1996] verificaram que o principal causador de respingos durante a soldagem com eletrodos básicos é a explosão do gás CO no momento de quebra do curto-circuito e que um aumento na corrente, neste momento, significa um aumento deste processo. Eles também mostraram que uma forma de minimizar a geração de salpicos durante a soldagem destes eletrodos consiste em diminuir o potencial de oxigênio em seu revestimento. Um exemplo típico de eletrodo básico comercial é o E7018. Eletrodos celulósicos têm uma grande quantidade de substâncias orgânicas inflamáveis no revestimento que produz grande volume de gás e protege a poça de fusão. Produzem soldas com grande penetração e formam somente uma pequena quantidade de escória. A quantidade excessiva de hidrogênio, resultado da decomposição de hidrocarbonetos, impede a utilização de eletrodos celulósicos onde são exigidos altos níveis de resistência mecânica. Um exemplo típico de eletrodo celulósico comercial é o E6010. Eletrodos rutílicos têm como principal ingrediente o dióxido de titânio (TiO2). Apresentam facilidade na abertura de arco e podem ser aplicados em todas as posições. São próprios para a execução de cordões curtos em aços de baixo teor de carbono, em soldagens de ângulo e em chapas finas [Cenni, 1985]. A quantidade de respingos é pequena e a velocidade de soldagem é razoável. São bastante sensíveis às impurezas e na soldagem de materiais com um teor de carbono mais elevado originam trincas com certa facilidade. Não são indicados para a soldagem estrutural onde são exigidas alta tenacidade e resistência. São muito pouco sensíveis à umidade. Um exemplo típico de eletrodo rutílico comercial é o E6013. Os eletrodos comerciais citados anteriormente, E6010, E6013 e E7018, são facilmente encontrados no mercado e são de grande utilização na indústria. Conhecer as formulações típicas dos revestimentos ajuda no entendimento dos diversos fenômenos que ocorrem na soldagem. A Tabela 2.2 apresenta a formulação típica usada no revestimento dos referidos eletrodos, destacando os principais ingredientes. 2.4 Transferência Metálica na Soldagem com Eletrodo Revestido Na soldagem com eletrodo revestido, uma mistura de metal fundido e escória é separada da ponta do eletrodo e transferida à poça de fusão. Durante a transferência, as gotas fundidas de metal e de escória assumem comportamentos diferentes em função das condições de soldagem e interagem física e quimicamente com o arco elétrico, alterando sua estabilidade e afetando a qualidade da solda. Os principais modos de transferência metálica podem ser classificados como globular, curto circuito e spray. Welgrzyn [1980] concluiu que o modo de transferência metálica dos eletrodos revestidos é essencialmente uma função da composição do revestimento, visto que esta determina quais os parâmetros de soldagem a serem utilizados. Ele propôs que o modo de transferência para eletrodos ácidos ou oxidantes é basicamente spray. Ele também observou que o modo de transferência nos eletrodos rutílicos é menos spray que nos eletrodos ácidos ou oxidantes, e em eletrodos básicos, a transferência de metal ocorre através de gotas grandes. Devido à sua forte influência na qualidade da solda, a transferência metálica durante a soldagem com eletrodo revestido foi vastamente estudada [van der Willigen et al, 1953; Bykov et al, 1960; Lancaster, 1971; Essers et al, 1971; Liu et al, 1989A; Adam et al, 1990; Brandi et al, 1991]. Bracarense et al [1993] concluíram que o tamanho das gotas de metal fundido transferidas no decorrer do processo de soldagem com eletrodo revestido aumenta por causa do aquecimento do eletrodo. Tabela 2.2 – Formulação típica de eletrodos comerciais E6010, E6013 e E7018 [Jackson, 1973] Composto Argila Carboneto de Cálcio Celulose Fedspato Ferro-Manganês Ferro-Silício Fluorita Magnetita Mica Óxido de Manganês Pó de Ferro Dióxido de Titânio Silicato de Potássio Silicato de Sódio Titanato de Potássio Celulósico – E6010 25-40 5-10 10-20 20-30 - Tipo de eletrodo Rutílico – E6013 0-10 0-5 2-12 0-20 5-10 0-15 30-55 5-15 5-10 - Básico – E7018 15-30 0-5 2-6 5-10 15-30 25-40 0-5 5-10 0-5 0-5 2.5 Aquecimento do Eletrodo Revestido 2.5.1 Causas e Conseqüências Durante a soldagem, a temperatura do eletrodo revestido aumenta por causa do calor gerado por efeito Joule, devido à resistência elétrica do arame à passagem de corrente elétrica, e por causa do calor transferido do arco elétrico, através da interface líquido/sólido na ponta do eletrodo. Foi mostrado que para um ponto afastado do arco elétrico, a temperatura do arame pode variar da temperatura ambiente para mais de 1000ºC [ter Berg et al, 1952]. Pelo fato do comprimento do eletrodo revestido diminuir durante a soldagem, era de se esperar que o calor gerado por efeito Joule também diminuísse. Entretanto, o aumento da temperatura do arame conduz a um aumento de resistividade, ρe [Metals Handbook, 1978], fazendo com que o aquecimento por efeito Joule continue sendo significativo, mesmo com a diminuição do comprimento do eletrodo. A Figura 2.4 apresenta a variação da resistividade em função da temperatura para alguns aços de baixo carbono. Figura 2.4 – Resistividade de aço de baixo carbono [Metals Handbook, 1978] Os efeitos do aquecimento do eletrodo revestido são vários e completamente diferentes no arame e no revestimento. O aquecimento no arame altera as propriedades físicas e elétricas do aço, mas não altera sua composição química, enquanto que o revestimento tende a perder umidade quando calor é aplicado. À medida que a temperatura do eletrodo aumenta, o teor de componentes orgânicos no revestimento, responsáveis pela proteção do metal fundido, diminui [Stern, 1948] e, consequentemente, as características do metal depositado são piores no final do cordão de solda [Stern, 1948; Bracarense et al, 1994B e 1997]. Em síntese, o aumento da temperatura do eletrodo revestido altera o modo de transferência metálica [ter Berg et al, 1952; Ishizaki et al, 1962; Bracarense et al, 1993], a composição química do revestimento [Stern, 1948; Chen et al, 1989] e do metal de solda depositado [Stern, 1948, Bracarense et al, 1994B e 1997] e altera a taxa de fusão [ter Berg et al, 1952; Waszink et al, 1985; Bracarense et al, 1994B e 1997; Coutinho et al, 1999]. 2.5.2 Taxa de Fusão Em 1950, Jackson et al mostraram que a taxa de fusão de eletrodos revestidos é essencialmente proporcional à corrente de soldagem. Em 1952, ter Berg e Larigaldie investigaram a influência dos parâmetros de soldagem na taxa de fusão de eletrodos revestidos. Eles mostraram que, além de estar relacionada diretamente à temperatura do eletrodo, a taxa de fusão é fortemente influenciada pela corrente de soldagem e pelo diâmetro do arame. Mostraram ainda que a tensão do arco elétrico praticamente não afeta a taxa de fusão e esta não sofre nenhum efeito do ângulo do eletrodo com o plano horizontal. Eles concluíram que a polaridade e a composição química do eletrodo influenciam de forma complexa a taxa de fusão, pois dependem das características de cada fator investigado, o mesmo ocorrendo com a espessura do revestimento. Várias relações matemáticas foram desenvolvidas para predizer a taxa de fusão de eletrodos consumíveis [Jackson et al, 1953; Wilson et al, 1956; Waszink et al, 1982 e 1985; Chandel et al, 1987 e 1997; Batana, 1998; Tusek, 2000]. Porém, cada relação depende ou do tipo de processo ou do tipo de eletrodo ou do tipo de polaridade etc. De uma forma simplificada, a taxa de fusão (TF) de um eletrodo pode ser definida pela relação entre a massa consumida do eletrodo (m) e o tempo de soldagem (t) [ter Berg et al, 1952; Jackson et al, 1953; Essers et al, 1971], sendo expressa por: TF = onde: m (mi − m f = t t ) (kg/s) mi = massa inicial do eletrodo mf = massa final do eletrodo após a soldagem (2.2) Também é possível utilizar a relação entre o comprimento consumido do eletrodo (Lc) e o tempo de soldagem (t), sendo mais aceita como taxa de consumo (TC) [Wilson et al, 1956] e expressa por: TC = onde: Lc ( Lo − L r ) = t t (m/s) Lo = comprimento inicial do eletrodo Lr = comprimento restante do eletrodo após fundido (2.3) A taxa de fusão, juntamente com a eficiência de deposição (ηd), determinam as características econômicas dos eletrodos revestidos. A eficiência de deposição ou rendimento de deposição real é a relação entre a taxa de deposição (TD) e a taxa de fusão (TF), expressa por: ηd = TD * 100 TF (%) (2.4) A taxa de deposição, por sua vez, é a quantidade de material depositado pelo eletrodo (MS), a qual é efetivamente incorporada à solda, por unidade de tempo, expressa por: TD = onde: M S (M i − M f = t t ) (Kg/s) Mi = massa inicial da chapa Mf = massa da chapa após a soldagem (2.5) Alguns estudos foram realizados para investigar a influência do tipo de fonte de soldagem (convencionais ou eletrônicas) nas características econômicas dos eletrodos revestidos (TF e ηd). Foi verificado que o tipo de fonte pouco afeta [Santos et al, 1995], sendo muito mais importante a escolha correta do tipo e diâmetro do eletrodo e do valor da corrente de soldagem [Farias et al, 1998]. Foi mostrado que a principal diferença entre a utilização de fontes convencionais e eletrônicas na soldagem com eletrodo revestido parece ser o melhor desempenho da fonte eletrônica em se evitar a colagem do eletrodo [Santos et al, 1995]. Em outro trabalho [Silva et al, 1998] foi verificado novamente que a taxa de fusão independe do tipo de fonte de soldagem, porém ηd depende: a fonte inversora apresenta melhor estabilidade do arco e, consequentemente, menor quantidade de respingos. Foi mostrado que a taxa de fusão aumenta com a adição de fluxos exotérmicos [Allen et al, 1998], diminui com a adição de fluxos endotérmicos [Bracarense et al, 1997], além de ser inversamente proporcional à espessura do revestimento [Essers et al, 1971; Erohin et al, 1966 e 1980]. Foi mostrado também que a fusão do revestimento é mais lenta que a fusão do arame e um cone é formado na ponta do eletrodo durante a soldagem [Claussen, 1949]. Segundo Essers et al [1971], a taxa de fusão pode estar associada com a forma deste cone, mais especificamente com a altura do cone, hs, Figura 2.5. Figura 2.5 – Desenho esquemático do “cone” formado na ponta do eletrodo revestido durante a soldagem Um aumento em RV (Eq. 2.1), significa um aumento de hs, isto é, hs é diretamente proporcional à espessura do revestimento [Boniszewski, 1978B]. Um cone mais profundo induz o arco elétrico a permanecer no eixo do arame, reduzindo as perdas de calor por radiação, aumentando a temperatura da ponta do eletrodo e aumentando a taxa de fusão. As temperaturas de fusão do arame e do revestimento são importantes para a formação de hs [Jackson, 1973]. Uma questão bastante investigada, mas ainda não resolvida, diz respeito à influência da polaridade nas características econômicas de eletrodos consumíveis . É comum encontrar na literatura a afirmação que a soldagem com polaridade reversa ou positiva (eletrodo ligado ao pólo positivo da máquina de soldagem) produz maior penetração (representado pela área A2 da Figura 2.6), mas com polaridade direta ou negativa (eletrodo ligado ao pólo negativo da máquina de soldagem), a taxa de fusão é maior (representada pela área A1 da Figura 2.6) [Quites et al, 1979 (Eletrodo Consumível); Tandon et al, 1984 (SMAW); Chandel, 1987 (SAW); 1990 (SAW e GMAW) e 1997 (SAW); Machado, 1996 (SMAW); Suban et al, 2001(GMAW)]. Alguns cuidados devem ser tomados para fazer tal afirmação, pois isto não parece ser uma regra. Figura 2.6 – Influência da polaridade na taxa de fusão (A1) e na penetração (A2) As reações que ocorrem no catodo (pólo negativo) são mais complexas que aquelas que ocorrem no anodo (pólo positivo). O catodo é muito mais sensível a qualquer material que afeta a emissão de elétrons. Normalmente, a queda catódica é maior que a anódica, resultando em altas taxas de fusão, mas em alguns casos envolvendo materiais termoiônicos, a taxa de fusão com polaridade negativa pode ser menor que a encontrada com polaridade positiva [Lesnewich, 1987; Welding Handbook, 1987 e 1991]. Conforme foi dito por ter Berg em 1952, a polaridade influencia de forma complexa a taxa de fusão. Nenhuma referência em relação à influência da polaridade na temperatura do eletrodo revestido foi encontrada na literatura. 2.5.3 Modelos Teóricos A primeira tentativa evidente para modelar a temperatura do eletrodo revestido foi feita por Rosenthal em 1941. Para a solução analítica da equação da energia, Rosenthal propôs um comprimento extremamente longo para o eletrodo e propriedades termofísicas constantes. O arco elétrico foi considerado como uma fonte pontual, perdas de calor para o ambiente e o calor gerado por efeito Joule foram desconsiderados. As condições de contorno foram estabelecidas como temperaturas prescritas para um domínio de solução unidimensional e a espessura do revestimento foi desprezada. A taxa de fusão foi estabelecida constante e tendo uma relação direta com a densidade de corrente (corrente por unidade de área). A Figura 2.7 exemplifica o perfil de temperatura ao longo do comprimento do eletrodo revestido para as correntes de 100 e 150 A, como previsto pelo modelo desenvolvido por Rosenthal. Conforme apresentado nesta figura, o perfil de temperatura para a corrente mais alta é mais baixo que o perfil de temperatura para a corrente mais baixa. Rosenthal explicou que este efeito deve-se à alta taxa de fusão na alta corrente, no qual reduz o tempo de contato entre o metal fundido e a porção sólida do eletrodo. Apesar dos resultados interessantes obtidos por Rosenthal, ele não prediz o perfil de temperatura real do eletrodo, visto que entre as suposições consideradas por ele, o calor gerado por efeito Joule não foi incluído. o Temperatura ( C) 1600 0 2 4 6 1600 2000 1400 2000 1400 1200 1200 1500 1500 1000 1000 800 800 1000 100 A 1000 600 600 150 A 400 500 400 500 200 00 0 0 Portaeletrodo 200 0 22 44 66 Comprimento do Eletrodo Figura 2.7 – Perfil esquemático de temperatura como previsto pelo modelo de Rosenthal Nos trabalhos realizados por Waszink et al [1979 e 1982] foi mostrado que, para o processo GMAW, o calor gerado por efeito Joule é a principal fonte de calor para aumentar a temperatura do arame sólido, porém não é suficiente para elevá-la ao ponto de fusão. Existe uma contribuição do calor transferido do arco elétrico para a parte sólida do arame através da interface líquido/sólido, sendo que o termo condutivo é importante somente próximo à frente de fusão, e esta região tem cerca de 1 mm. Eles investigaram os processos físicos da geração e do fluxo de calor no consumo do arame GMAW e observaram que a dependência da taxa de fusão sobre os parâmetros de soldagem é diferente entre as transferências globular e spray. Em 1985, Waszink e Piena investigaram o processo físico que controla a taxa de fusão do eletrodo revestido. Foi desenvolvido um modelo teórico para predizer a taxa de fusão do eletrodo em função do calor gerado por efeito Joule e do calor transferido do arco elétrico. Eles fizeram um balanço de energia entre a ponta fundida e a parte sólida do eletrodo. Experimentalmente, mediram a condutividade térmica do revestimento (K) e o produto ρ.Cp (onde ρ é a massa específica e Cp é o calor específico do revestimento) para vários eletrodos e os resultados obtidos são apresentados na Tabela 2.3. Usando estes dados, Waszink e Piena derivaram expressões para a potência térmica do arame e para a potência transferida ao revestimento na região adjacente à frente de fusão. Concluíram que o fluxo de calor para o arame através da ponta líquida do eletrodo é dominada pela convecção e que esta resulta do fluxo induzido eletromagneticamente no destacamento das gotas. Tabela 2.3 – Propriedades térmicas de revestimentos [Waszink et al, 1985] Eletrodos E6013 E6013 E7024 E7016 E7016 D/d 1,7 – 1,8 1,4 – 1,5 1,8 – 2,1 1,6 – 1,9 1,5 – 1,7 K (W / m oC) 0,9 ± 0,1 0,7 0,9 0,9 1,0 ρ Cp (106 J / m3 oC) 2,1 ± 0,2 2,4 1,9 2,0 2,0 Estimaram ainda que 6% do calor gerado por efeito Joule é fornecido para fundir o eletrodo, porém a maior parte do calor é fornecido pelo processo anódico e catódico entre a ponta do eletrodo e a superfície a ser soldada, onde uma potência IV é gerada. Concluíram também que o calor transferido da ponta fundida para o eletrodo é proporcional à corrente e que a constante de proporcionalidade deve ser achada experimentalmente e refere-se à taxa de fusão do eletrodo. Observaram que, no revestimento, o calor gerado por efeito Joule pode ser negligenciado, visto que não há fluxo de corrente. O revestimento absorve uma parte da energia térmica do arame por condução, porém este fluxo de calor é pequeno. Para os eletrodos investigados, acharam uma diferença de temperatura através da espessura do revestimento (transversal ao comprimento do eletrodo) entre 28 e 74ºC e concluíram que o calor necessário para decompor e fundir o revestimento é fornecido principalmente pelo arco elétrico. Observaram também que o fluxo de calor axial ocorre somente nas regiões transientes e a temperatura da porção plana aumenta com o tempo, devido ao calor gerado por efeito Joule. Baseado em trabalhos anteriores [Carlaw et al, 1959; Waszink et al, 1979], Waszink e Piena estimaram que a região transiente adjacente ao porta-eletrodo tem comprimento de poucos centímetros e a região transiente próxima à frente de fusão, tem um comprimento de cerca de 1 mm. Sugeriram ainda que, na ausência do efeito Joule, a temperatura do arame em regiões afastadas da frente de fusão permaneceriam à temperatura ambiente. Apesar do modelo proposto por Waszink e Piena ser bastante elaborado, eles fizeram um balanço de energia na ponta do eletrodo, não podendo predizer a temperatura do eletrodo longe da frente de fusão. Entretanto, idealizaram o perfil de temperatura longitudinal ao eletrodo revestido, conforme apresentado no Capítulo 1, Figura 1.2. Em 1997, Quinn et al desenvolveram um modelo numérico unidimensional para predizer a taxa de fusão e a distribuição da temperatura no eletrodo revestido. Utilizaram a técnica das diferenças finitas e o calor gerado por efeito Joule foi considerado. O revestimento foi modelado como uma massa térmica com a mesma distribuição de temperatura do arame. Perdas de calor para o ambiente foram desconsideradas e as condições de contorno estabelecidas foram de temperaturas prescritas. A Figura 2.8 apresenta as suposições e o domínio físico de solução utilizado por Quinn et al para desenvolver o modelo teórico. Figura 2.8 – Suposições e domínio físico de solução proposto por Quinn et al [1997] A taxa de fusão foi determinada como sendo a constante de proporcionalidade entre a corrente de soldagem e o calor transferido da ponta fundida para o eletrodo, como indicado por Waszink e Piena [1985]. Utilizaram valores experimentais de comprimento consumido para avaliar a variação da taxa de fusão. A diferença relativa entre os resultados experimentais e teóricos de comprimento consumido do eletrodo foi de 11 mm. Utilizando termopar opar tipo K, monitoraram a temperatura em diversos pontos ao longo do comprimento do eletrodo revestido, conforme indicado, esquematicamente, pela Figura 2.9(a). Observaram que a temperatura do ponto 1 se sobrepõe à temperatura dos demais pontos de monitoração, ação, Figura 2.9(b), constatando, assim, o perfil plano de temperatura, como idealizado por Waszink e Piena [1985]. (a) (b) Figura 2.9 – Monitoração da temperatura ao longo do comprimento do eletrodo Eles também obtiveram bons resultados ao comparar comparar a distribuição de temperatura experimental com a modelada numericamente para a corrente de 130 A. Para as correntes de 110 e 150 A, o modelo desenvolvido superestimou os valores de temperatura. Através do programa computacional desenvolvido, Quinn et et al simularam o perfil de temperatura ao longo do comprimento do eletrodo revestido em três tempos diferentes, para a corrente de 130 A, Figura 2.10. Apesar dos interessantes resultados obtidos por Quinn et al, a distribuição de temperatura no revestimento foi considerada igual à do arame e as perdas de calor por convecção através do revestimento para o ambiente foram desconsideradas. Estas suposições podem podem superestimar as temperaturas do eletrodo revestido. Além disto, experimentalmente, pode ser verificado que após um tempo de soldagem, por exemplo de 35 segundos, Figura 2.10, a temperatura do arame próxima ao porta-eletrodo não é a temperatura ambiente. O perfil de temperatura predito por Quinn et al teve este comportamento, visto que a condição de contorno imposta nesta região foi de temperatura prescrita e igual à ambiente. Além disto, a região do eletrodo não revestida não foi modelada. Figura 2.10 – Perfil de temperatura modelado numericamente por Quinn et al [1997] Destaca-se que não foi encontrado na literatura nenhum trabalho, após a publicação do trabalho de Quinn et al em 1997, que tenha desenvolvido um programa computacional para predizer a distribuição de temperatura no eletrodo revestido. Em 2000, Oliveira projetou e construiu um manipulador com dois graus de liberdade para ser utilizado na soldagem com eletrodo revestido. Baseado em relações empíricas, foi desenvolvido um algoritmo de controle para a velocidade de mergulho do eletrodo revestido, calculada a partir da temperatura monitorada no eletrodo durante a soldagem com o manipulador e a partir da corrente de soldagem ajustada na máquina. Conforme apresentado, inúmeras pesquisas foram realizadas buscando entender as causas e as conseqüências do aquecimento do eletrodo revestido durante a soldagem. Porém, é de interesse deste trabalho investigar mais profundamente, tanto no âmbito experimental quanto numérico, estas causas e conseqüências, visando um possível controle do processo. Capítulo 3 OBJETIVOS Os fluxogramas apresentados nas Figuras 3.1 e 3.2, sintetizam algumas informações importantes descritas no Capítulo 2, que serão utilizadas para a definição dos objetivos deste trabalho. De acordo com o fluxograma da Figura 3.1, o calor gerado por efeito Joule mais o calor transferido do arco elétrico causam o aquecimento do eletrodo revestido durante a soldagem. Este aquecimento altera a transferência metálica, a taxa de fusão, a composição química do revestimento e do metal de base. Figura 3.1 – Causas e conseqüências do aquecimento do eletrodo revestido durante a soldagem Para o fluxograma da Figura 3.2, tem-se que a corrente de soldagem, o diâmetro do eletrodo, a espessura do revestimento, a polaridade e o tipo de revestimento podem influenciar a temperatura do eletrodo revestido durante a soldagem, que por sua vez, podem influenciar a taxa de fusão do mesmo. Figura 3.2 – Principais fatores que influenciam a temperatura do eletrodo revestido Pretende-se no final deste trabalho responder as seguintes questões: 1. Se um parâmetro influencia a temperatura do eletrodo, consequentemente ele influencia a taxa de consumo? 2. Entre os parâmetros do processo de soldagem (corrente de soldagem, diâmetro do arame, espessura do revestimento, polaridade e tipo de revestimento) qual é a ordem de importância da influência destes na temperatura do eletrodo revestido? Esta ordem é igual para a taxa de consumo? 3. Como a temperatura do eletrodo revestido se comporta ao alterar a polaridade, a espessura e o tipo de revestimento? 4. Qual a relação entre o aumento da temperatura do eletrodo e a variação de sua taxa de consumo? Há possibilidade desta relação ser representada matematicamente? Como? 5. Na soldagem com polaridade reversa, a taxa de consumo do eletrodo revestido é maior ou menor que na polaridade direta? 6. Qual é a influência do porta-eletrodo na distribuição de temperatura do eletrodo revestido? 7. Quais as reais contribuições do calor gerado por efeito Joule e do calor transferido do arco elétrico no aumento da temperatura do eletrodo revestido em regiões próximas e afastadas da frente de fusão? 8. Qual o real perfil longitudinal de temperatura do eletrodo revestido? Para isto: A) Desenvolveu-se um programa computacional, chamada de Electrode, utilizando o método dos volumes finitos para simular a distribuição de temperatura ao longo de todo o comprimento do eletrodo revestido. B) Realizaram-se diversos testes experimentais de monitoração da temperatura e de consumo do eletrodo revestido durante a soldagem para corroborar os resultados obtidos pelo modelo numérico. Capítulo 4 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA 4.1 Considerações Iniciais O aquecimento do eletrodo revestido durante a soldagem deve-se ao calor transferido do arco elétrico, através da interface líquido/sólido na ponta do eletrodo, e ao calor gerado por efeito Joule, devido à resistência do arame à passagem de corrente elétrica. O calor gerado no arco elétrico, qo, é definido por: onde: qo = η IV A η = rendimento do processo (%) I = corrente de soldagem (A) V = tensão do arco elétrico (V) A = área transversal do arame (m2) (4.1) E o calor gerado por efeito Joule, QJ, é representado pela seguinte equação: Q J = RI 2 = onde: ρe L A I2 R = resistência elétrica (Ω) ρe = resistividade elétrica do arame (Ωm) L = comprimento do eletrodo (m) (4.2) A Figura 4.1 apresenta esquematicamente as energias térmicas transferidas e geradas no eletrodo revestido durante a soldagem. Figura 4.1 – Energias térmicas transferidas e geradas no eletrodo revestido durante a soldagem O calor gerado por efeito Joule, QJ, ocorre apenas no arame, visto que no revestimento, não há fluxo de corrente passando pelo mesmo, portanto, não há geração de calor. O revestimento é aquecido pelo fluxo de calor condutivo do arame [Waszink e Piena, 1985]. O arco elétrico é estabelecido entre o arame e o metal de base. A Figura 4.2 apresenta fotografias do eletrodo sem e com o arco elétrico presente. 4,7 mm 4,7 mm Figura 4.2 – Eletrodo revestido sem e com a presença do arco elétrico Do calor gerado no arco elétrico, qo, a parcela responsável pela fusão do arame, do revestimento e do metal de base é definida por rendimento do processo, η, que pode variar de 65 a 80%, e o restante do calor é perdido ao ambiente por radiação e convecção. Se desconhece, com exatidão, a parcela do calor gerado no arco elétrico que, após propiciar a fusão do arame e do revestimento ocasionando o consumo do eletrodo, é transferida por condução ao arame e por convecção e radiação ao revestimento, η”. Acredita-se apenas que esta parcela é menor que o rendimento do processo, isto é, η” < η, e que esta transferência de calor também resulta no aquecimento do eletrodo durante a soldagem. Na interface entre o arco elétrico e o arame, duas podem ser as condições de contorno impostas: fluxo prescrito ou temperatura prescrita (temperatura de fusão do arame). Já na interface entre o arco elétrico e o revestimento pode-se ter: convecção e radiação ou temperatura prescrita (temperatura de fusão do revestimento). Tem-se ainda que o consumo do eletrodo revestido durante a soldagem impõe ao problema uma condição de fronteira móvel. Esta condição reflete a condição transiente do processo: em t = 0, o comprimento do eletrodo corresponde ao seu comprimento inicial e em t > 0, ocorre o seu consumo. Conforme será apresentado posteriormente, este consumo foi obtido experimentalmente e representado na forma de um polinômio, Lc(t): comprimento consumido do eletrodo em função do tempo de soldagem. Também, conforme será apresentado posteriormente, testes numéricos foram realizados na tentativa do valor de Lc ser um resultado numérico, isto é, ser uma resposta do programa Electrode, assim como os campos de temperatura. Os resultados experimentais de consumo passam a ser utilizados para validar o programa, da mesma forma que os resultados experimentais de temperatura. Para alcançar este objetivo, a incógnita do problema é a parcela do calor gerado no arco elétrico e transferido ao eletrodo, η”, e a condição de contorno imposta na interface arco elétrico-eletrodo revestido é fluxo prescrito. Uma outra questão importante a ser considerada é que existe uma região específica de contato entre o eletrodo revestido e o porta-eletrodo. Sendo que no eletrodo esta região tem um comprimento de, aproximadamente, 20 mm, Figura 4.3(a), (b) e (c) e no porta-eletrodo, utilizado neste trabalho para a realização dos testes experimentais, de 10 mm, Figura 4.3(h). Ao longo do comprimento de 20 mm do arame, não há um único ponto de contato entre o porta-eletrodo e o arame, Figura 4.3(d) à (i), ficando a critério do soldador estabelecer este posicionamento. Eletrodo Portaeletrodo a c b d e f h i 10 mm g Figura 4.3 – Fotografias exemplificando o posicionamento do eletrodo revestido no porta porta-eletrodo Na realização da soldagem com eletrodo revestido, os diferentes posicionamentos apresentados na Figura 4.3 não são relevantes, por exemplo, para se obter uma solda de qualidade. Porém, para a simulação numérica da distribuição de temperatura ao longo do comprimento comprimento do eletrodo revestido, este posicionamento é relevante, visto que a corrente de soldagem é transferida do porta-eletrodo eletrodo ao arame através do ponto de contato entre eles: o calor gerado por efeito Joule ocorre devido à resistência do arame à passagem passa desta corrente. A representação numérica do porta-eletrodo porta eletrodo foi feita acrescentando uma região na fronteira norte/leste do domínio de solução do problema. Simulações numéricas foram realizadas com e sem porta-eletrodo eletrodo e estes foram diferenciados na geração geração da malha. O objetivo desta análise foi conhecer a influência do porta-eletrodo eletrodo na distribuição de temperatura no eletrodo revestido. 4.2 Modelo Matemático A distribuição de calor no eletrodo revestido durante a soldagem pode ser considerada como um problema puramente difusivo, transiente e com geração interna de calor. Como o eletrodo tem forma cilíndrica e simétrica em relação ao ângulo θ, considera-se coordenadas denadas axissimétrica com simetria no eixo r = 0, conforme apresentado na Figura 4.4. Figura 4.4 – Domínio de solução do problema Existe um fluxo de calor diferenciado na direção axial (z), devido às condições de contorno entre as fronteiras norte e sul serem diferentes, e na direção radial (r), pelo fato de envolver dois materiais diferentes: arame e revestimento. Porém, na direção angular (θ ) não existe nenhum diferencial, visto que não há nenhuma variação geométrica do ângulo de revolução do eletrodo e nem nas condições de contorno. Portanto, não há justificativa de tratar o problema de condução de calor no eletrodo revestido como tridimensional. Para o problema físico em estudo, o modelo matemático é representado pela equação da energia na forma conservativa, que em coordenadas cilíndricas bidimensional e transiente (r, z, t) e para o domínio axissimétrico apresentado na Figura 4.4 é dada por: ∂ (ρC PT ) = 1 ∂ rK ∂T + ∂ K ∂T + S ∂t r ∂r ∂r ∂z ∂z onde: ρ = massa específica (kg/m3) Cp = calor específico (J/kg oC) K = condutividade térmica (W/m oC) T = temperatura (oC) r, z = coordenadas do sistema cilíndrico S = taxa de geração interna de calor (W/m3) (4.3) Destaca-se que a geração interna de calor, para o processo físico em estudo, resulta do calor gerado por efeito Joule no arame (Eq. 4.2): S = QJ, porém no revestimento S = 0. 4.3 Condições de Contorno A Figura 4.5 apresenta esquematicamente as questões descrita no item 4.1: destaque A, representação do domínio de solução com porta-eletrodo; destaque B, representação do domínio de solução sem porta-eletrodo e destaque C, condição de contorno de fluxo prescrito no arame e convecção no revestimento. Ressalta-se que a parcela do calor transferido ao revestimento por radiação foi desconsiderada, pois de acordo com dados literários [Waszink e Piena, 1985; Quinn et al, 1995] esta parcela é pequena. Figura 4.5 – Condições de contorno do problema Tendo as Figuras 4.4 e 4.5 como referência, as condições de contorno impostas foram: Fronteira norte: convecção Caso A: com porta-eletrodo Para z = L e 0 < r < Rp ⇒ K ∂T = h∞ (T∞ − T ) ∂z (4.4a) K ∂T = h∞ (T∞ − T ) ∂z (4.4b) Caso B: sem porta-eletrodo Para z = L e 0 < r < Ra ⇒ Fronteira sul: Fluxo prescrito e convecção Caso C: Fluxo prescrito no arame e convecção no revestimento Para z = 0 e 0 < r < Ra ⇒ −K ∂T = qo ∂z (4.5a) Para z = 0 e Ra < r < Re ⇒ −K ∂T = h∞ (T∞ − T ) ∂z (4.5b) Fronteira leste: convecção Caso A: com porta-eletrodo Para r = Re e 0 < z < L1 (onde, L1 = L - La) e r = Ra e L1 < z < L2 (onde, L2 = L - Lp) e r = Rp e L2 < z < L ⇒ K ∂T = h∞ (T∞ − T ) ∂r (4.6a) K ∂T = h∞ (T∞ − T ) ∂r (4.6b) Caso B: sem porta-eletrodo Para r = Re e 0 < z < L1 e r = Ra e L1 < z < L ⇒ Fronteira oeste: simetria Para r=0 e 0<z<L ⇒ ∂T =0 ∂z (4.7) Condição transiente: condição de fronteira móvel Em t=0 ⇒ z = 0 (4.8) Em t>0 ⇒ z = Lc → Comprimento consumido do eletrodo. O tratamento dado a esta condição será descrito com mais detalhes posteriormente. 4.4 Propriedades Termofísicas As propriedades de interesse deste trabalho são a condutividade térmica, o calor específico e a massa específica do revestimento dos eletrodos E6013 e E7018 (2,0, 2,5 e 3,25 mm de diâmetro), do arame (aço de baixo carbono) e do porta-eletrodo (liga de cobre). Além da resistividade elétrica de aço de baixo carbono e do coeficiente convectivo de transferência de calor, h. Os valores das propriedades do revestimento foram baseados em valores obtidos de literatura e apresentados no Capítulo 2, Tabela 2.3 [Waszink et al, 1985], sendo que para o eletrodo E7018, suas propriedades foram baseadas nas apresentadas nesta tabela para o eletrodo E7016. Nenhuma das propriedades do porta-eletrodo variou com a temperatura, assim como a massa específica do arame e os valores implementados foram baseados em dados de literatura [Ozisik, 1990]. As demais propriedades do arame variaram com a temperatura. As Figuras 4.6, 4.7 e 4.8 apresentam a variação do calor específico, da condutividade térmica e da resistividade elétrica de aços de baixo carbono com a temperatura, respectivamente. Estas figuras também apresentam a curva de ajuste das referidas propriedades que foram implementadas no programa Electrode. Devido ao formato das curvas, mais de um ajuste foi necessário para reproduzir os dados tabelados, conforme mostra a Figura 4.6. Cp (oC) (J/kgoC) 1200 Calor Específico 75 175 225 275 325 375 475 575 675 680 685 691 700 708 715 721 725 735 749 764 775 794 816 848 875 481 519 536 553 574 595 662 754 867 887 912 944 988 1028 1059 1086 1105 1058 996 930 875 869 863 854 846 1100 1 ajuste 1000 2 ajuste o o Calor Específico (J/kg C) T o o 3 ajuste 900 800 700 600 500 400 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 o Temperatura ( C) 1º ajuste: Cp = 455,33 + 0,39064T – 4,396E-4T2 + 1,1376E-6T3 2º ajuste: Cp = 119176,75 – 519,721T – 0,75418T2 – 3,613E-4T3 3º ajuste: Cp = 106798,1 – 378,937T + 0,45174T2 - 1,7949E-6T3 Figura 4.6 – Variação do calor específico do arame com a temperatura [Metal Handbook, 1978] K (W/moC) 0 55 20 54 100 52 200 48 300 45 400 42 600 35 800 31 1000 29 55 o ( C) Condutividade Térmica (W/m C) T o 50 45 40 35 30 Condutividade Ajuste 25 0 200 400 600 800 1000 o Temperatura ( C) Ajuste: K = 54,8352 – 0,02938T – 1,81544E-5T2 + 2,17244E-8T3 Figura 4.7 – Variação da condutividade térmica do arame com a temperatura [Ozisik, 1990] o ρe ( C) (x10 Ω.m) 20 0,13 100 0,178 200 0,252 400 0,448 600 0,725 700 0,898 800 900 -6 -6 Resistividade Elétrica (Ω.m) T 1,4x10 -6 1,2x10 -6 1,0x10 -7 8,0x10 -7 6,0x10 -7 Resistividade 4,0x10 o 1 ajuste -7 2,0x10 o 1,073 1,124 2 ajuste 0,0 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 o Temperatura ( C) 1000 1,160 1100 1,189 1200 1,216 1º ajuste: ρe = 1,22003E-7 + 4,54533E-10T + 9,2253E-13T2 1300 1,241 2º ajuste: ρe = 6,63E-7 + 6,67143E-10T - 1,71429E-13T2 Figura 4.8 – Variação da resistividade elétrica do arame com a temperatura [Metals Handbook, 1978] O valor do coeficiente convectivo de transferência de calor depende, entre outros fatores, da geometria do sólido, das propriedades físicas do fluido e da temperatura do sólido e do fluido. Depende ainda se o mecanismo de transferência de calor é a convecção forçada ou a convecção livre (natural). Neste trabalho, conceitos de convecção livre foram aplicados para estimar valores para h. O eletrodo revestido tem forma de um cilindro longo na posição vertical. Parâmetros adimensionais, tais como número de Prandtl, de Grashof e de Nusselt, foram utilizados no cálculo de h. O número de Prandtl, Pr, representa a importância do transporte de momento e de energia no processo difusivo e o valor deste número adimensional encontra-se tabelado [Ozisik, 1990]. O número de Grashof, Gr, representa a razão entre a força de empuxo e a força viscosa que atuam no fluido e é definido por: Gr = gβ (Tw − T∞ )L3 ν2 (4.9) onde β é coeficiente de dilatação térmica do fluido e os demais símbolos estão descritos no início deste trabalho, em Simbologia. O número de Nusselt médio, Num, representa a razão entre a transferência de calor por convecção e por condução e é definido por: Nu m = hL K (4.10) O número de Nusselt médio, na convecção livre sobre um cilindro vertical, será o mesmo que numa placa vertical se e somente se os efeitos da curvatura do cilindro forem desprezíveis [Sparrow et al, 1956; Minkowycz et al, 1956 e Cebeci, 1974]. Este critério não é satisfatório no caso dos eletrodos revestidos, visto que estes são delgados. Uma relação entre o número de Nusselt para uma placa vertical e, o mesmo número, para um cilindro vertical delgado foi determinada em função do número de Prandtl e do parâmetro ε, conforme apresentado na Figura 4.9. Figura 4.9 – Razão entre o número de Nusselt de um cilindro vertical e, o mesmo número, de uma placa vertical [Cebeci, 1974] Churchill et al [1975] propuseram uma equação para correlacionar a convecção livre sobre uma placa vertical na condição de superfície isotérmica, que se aplica tanto ao escoamento laminar como ao turbulento, válida para todos os valores do número de Prandtl, que é: 0,387(Gr. Pr)1 / 6 Nu m = 0,825 + 8 / 27 1 + (0,492 / Pr )9 / 16 [ 2 ] (4.11) Para o cálculo de h, foi adotado o procedimento abaixo. 1º) Conhecer o valor da temperatura ambiental (T∞) 2º) Conhecer o valor da temperatura da superfície do eletrodo revestido, valor calculado pelo programa numérico (Tw) 3º) Calcular o valor de Tm (média entre Tw e T∞) 4º) Com Tm obter os valores da viscosidade cinemática (ν), da condutividade térmica (K) e do número de Prandtl (Pr) do ar (valores tabelados) [Ozisik, 1990] 1 , sendo que Tm é dado em Kelvin Tm 5º) Calcular o valor de β que é dado por 6º) Calcular Gr (Eq. 4.9) 7º) Calcular Num para placa vertical(Eq. 4.11) 8º) Com (Num)pv, calcular h para a placa vertical (Eq. 4.10) 9º) Calcular ε (Figura 4.9) 10º) Com ε, Pr e (Num)pv, calcular (Num)cil (Figura 4.9) 11º) Calcular o valor de h para o cilindro vertical (Eq. 4.10) Baseado no procedimento descrito, o valor de h foi mapeado para Tm variando da temperatura ambiente à temperatura de fusão do eletrodo revestido. Com os valores calculados para h em função da temperatura, encontrou-se a curva representativa destes valores através de ajuste polinomial e esta foi a equação implementada no programa Electrode. A Figura 4.10 apresenta a variação de h com a temperatura, assim como a curva de ajuste. 60 2o h (W/m C) 55 50 45 40 35 30 h ajuste 25 20 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 o Temperatura ( C) h(T) = 22,44599 + 0,01496 T – 8,70968E-6T2 + 8,32399E-9T3 Figura 4.10 – Variação do coeficiente convectivo de transferência de calor em função da temperatura da superfície do eletrodo revestido Capítulo 5 METODOLOGIA NUMÉRICA 5.1 Introdução Os métodos numéricos praticamente não apresentam restrições de aplicação. Entretanto, os resultados obtidos devem ser corroborados/validados com dados experimentais, buscando a confiabilidade dos mesmos, pois são susceptíveis a erros. Existem dois níveis de erros para os resultados numéricos: o primeiro relacionado com a incorreta solução das equações diferenciais e o segundo relacionado com o uso de equações diferencias inadequadas para representar o fenômeno físico em estudo. Para verificar se as equações diferenciais foram resolvidas corretamente, atestando a qualidade do modelo numérico, uma comparação dos resultados numéricos com resultados analíticos, se existirem, ou com outros resultados numéricos, é realizada e isto caracteriza uma validação numérica. Já a validação física atesta a fidelidade do modelo matemático para com o problema físico. Neste processo é verificado se as equações diferenciais representam adequadamente o fenômeno em estudo. Neste caso, os resultados numéricos devem ser corroborados com dados experimentais. 5.2 Método dos Volumes Finitos em Coordenadas Generalizadas Esta metodologia permite o estudo de geometrias com inclinações e formas variadas para as fronteiras. Permite que a solução seja obtida para um domínio computacional fixo, independente da geometria real do problema, podendo as fronteiras do domínio físico apresentarem formas complexas e variações com o tempo, sem alterar o domínio computacional. Uma descrição mais detalhada deste método pode ser encontrada em [Valle, 1995; Maliska,1995]. Nesta metodologia é possível realizar o mapeamento da geometria irregular (real) do problema, escrita no sistema (z, r), plano físico, em uma geometria regular escrita no sistema (ξ, η), plano transformado. As informações sobre a geometria física são fornecidas ao programa computacional através das métricas da transformação, que aparecem na equação de conservação transformada. Normalmente, a implementação computacional desta metodologia é dividida em duas partes. Uma, cuja entrada de dados é a geometria física do problema, gera a malha no novo sistema coordenado e calcula as métricas da transformação. A outra recebe como dados de entrada as informações da transformação de coordenadas e resolve as equações diferenciais [Maliska, 1995]. Em síntese, esta metodologia envolve as seguintes etapas básicas: 1. Transformação de coordenadas. a. Transformação e geração do sistema de coordenadas generalizadas (geração da malha). b. Transformação do sistema de equações governantes do problema físico para o novo sistema. 2. Obtenção das equações aproximadas para os volumes elementares no novo sistema (discretização). 3. Solução do sistema de equações algébricas lineares. 5.3 Transformação de Coordenadas das Equações Governantes As coordenadas curvilíneas de um ponto são relacionadas ao sistema de coordenadas cilíndricas bidimensional através das transformações: ξ = ξ (r, z ) (5.1) η = η (r, z ) (5.2) Os diferenciais no domínio transformado são dados na forma matricial por: dξ ξ r = dη η r ξ y dr η y dy (5.3) e, no plano físico, por: dr rξ = dy yξ rη dξ yη dη (5.4) Podendo escrever (5.3) e (5.4), respectivamente, como [dF] = [A] [dT] e [dT] = [B] [dF] (5.5) As métricas são encontradas comparando [A] com [B-1], obtendo-se: ξ r = Jzη (5.6) ξ z = − Jrη (5.7) η r = − Jzξ (5.8) η z = Jrξ (5.9) onde J é o Jacobiano da transformação, dado por: ( J = rξ zη − rη zξ )−1 (5.10) O comprimento ao longo do eixo coordenado é dado por: dLξ = α ∆ξ (5.11) dLη = γ ∆η (5.12) e as componentes do tensor métrico são dadas por: α = rη2 + zη2 (5.13) γ = rξ2 + zξ2 (5.14) β = rη rξ + zη zξ (5.15) Assim, aplicando a transformação de coordenadas e obedecendo às propriedades matemáticas desta transformação [Maliska, 1995], a equação da energia escrita no sistema coordenado do plano transformado é dado por: ∂ ∂τ ρC p T 1 ∂ ∂T ∂T ∂T 1 ∂ ∂T S J = r ∂ξ rKJ α ∂ξ − β ∂η + r ∂η rKJ γ ∂η − β ∂ξ + J (5.16) Esta transformação é apresentada em detalhes no Apêndice A. 5.4 Obtenção das Equações Aproximadas em Volumes Finitos As equações aproximadas no método dos volumes finitos podem ser obtidas de duas maneiras: realizando o balanço da propriedade em estudo nos volumes elementares (volumes finitos) ou integrando a equação diferencial na forma conservativa sobre o volume elementar, no espaço e no tempo. Estes dois processos são equivalentes, visto que, para deduzir a equação diferencial, primeiro é necessário realizar um balanço no volume infinitesimal e depois é necessária a aplicação do limite para obter a equação diferencial. Obter as equações aproximadas pela integração da equação diferencial é bem mais fácil do que obtê-las pelo balanço da propriedade, principalmente tratando-se de volumes de controle irregulares. Para a discretização da Equação 5.16, adotou-se uma formulação totalmente implícita, onde todos os termos são avaliados no instante t + ∆t. A integração, no tempo e no espaço, é realizada para um volume elementar P e seus vizinhos, conforme apresenta a Figura 5.1. O esquema de interpolação aplicado foi o WUDS (Weighted Upsteam Differencing Scheme). Neste esquema, as derivadas diretas, que fazem parte do fluxo difusivo, são avaliadas por diferenças centrais, enquanto que as derivadas cruzadas têm o fator de ponderação avaliadas em função da importância convectiva e difusiva do problema. Figura 5.1 – Volume elementar P e seus vizinhos A discretização da equação 5.16 pode ser vista em detalhes no Apêndice B e tem a seguinte forma: A p T P = AeTE + AwTW + AnT N + As TS + AneT NE + AnwT NW + Ase TSE + AswTSW + B (5.17) Onde os coeficientes são dados por: A p = Ae + Aw + An + As + _ Ae = D11 e β e ∆ξ + D21 n − D21 s 4∆ξ _ Aw = D11 w β w + ∆ξ D21 s − D21 n _ An = D22 n β n ∆η _ As = D22 s β s Ane = ∆η D12 e 4∆η Anw = − + + D12 w 4∆η M op + 4∆ξ D12 e − D12 w 4∆η D12 w − D12 e 4∆η D21n 4∆ξ − D21 n 4∆ξ ∆t (5.18) (5.19) (5.20) (5.21) (5.22) (5.23) (5.24) Ase = − Asw = B= D12 e 4∆η D12 w 4∆η M op T po ∆t − D21 s 4∆ξ + D21 s + g ∆V J (5.25) (5.26) 4∆ξ (5.27) 5.4.1 Condições de Contorno Neste trabalho, adotou-se o método de aplicação das condições de contorno usando volumes fictícios, onde volumes de fronteira adicionais são criados em todas as fronteiras do domínio. A desvantagem deste método é a criação de novas incógnitas, aumentando o tamanho do sistema linear. Entretanto, a implementação das condições de contorno é bastante simples [Maliska, 1995]. A Figura 5.2 apresenta a discretização utilizando volumes fictícios. Figura 5.2 – Discretização com volumes fictícios O mesmo procedimento para a obtenção das equações aproximadas para os volumes internos é aplicado para os volumes fictícios. Os coeficientes para estes volumes são determinados em função das condições de contorno do problema e da fronteira de análise. Coeficientes para as condições de contorno de convecção, fluxo prescrito e simetria são descritos a seguir, tendo a Figura 5.3 como referência. Esta figura apresenta os volumes de controle fictícios, representados por linhas tracejadas, para as fronteira norte, sul, leste e oeste, respectivamente. Figura 5.3 – Volumes de controle fictícios - Condição de Convecção Fronteira Norte AP = AS = 1 ∆η 1 ∆η h∞ + − 2K s J s γ s h∞ 2K s J s γ s AE = ASE = − AW = ASW = B= βs 4γ s ∆ξ βs 4γ s ∆ξ h∞ T∞ (5.28a) (5.28b) (5.28c) (5.28d) (5.28e) Ks Js γ s Fronteira Sul AP = AN = 1 ∆η 1 ∆η + − h∞ 2K n J n γ n h∞ 2K n J n γ n AW = ANW = − AE = ANE = B= βn 4γ n ∆ξ βn 4γ n ∆ξ h∞ T∞ Kn Jn γ n (5.29a) (5.29b) (5.29c) (5.29d) (5.29e) Fronteira Leste 1 AP = ∆ξ AW = 1 ∆ξ + − h∞ 2K w J w α w h∞ 2K w J w α w AN = ANW = − AS = ASW = B= βw 4α w ∆η βw 4α w ∆η h∞T∞ KwJw αw (5.30a) (5.30b) (5.30c) (5.30d) (5.30e) - Condição de Fluxo Prescrito Fronteira Sul AP = AN = 1 (5.31a) ∆η 1 (5.31b) ∆η AE = ANE = βn 4γ n ∆ξ AW = ANW = − B= βn 4γ n ∆ξ q Kn Jn γ n (5.31c) (5.31d) (5.31e) Fronteira Norte AP = AS = 1 ∆η (5.32a) 1 (5.32b) ∆η AE = ASE = − βs 4γ s ∆ξ (5.32c) AW = ASW = B= βs 4γ s ∆ξ qo Ks Js γ s (5.32d) (5.32e) - Simetria Fronteira Oeste Ap = An = 1 ∆ξ 1 ∆ξ B =0 (5.33a) (5.33b) (5.33c) Obtidas as equações aproximadas em volumes finitos, resta determinar o método de solução destas equações. 5.5 Solução do Sistema Linear de Equações Os métodos de solução podem ser classificados em diretos e iterativos. Os métodos diretos são todos aqueles que necessitam da inversão da matriz completa, incluindo os não-zeros. Os métodos iterativos são largamente empregados e os mais utilizados são: método de jacobi, método de Gauss-Seidel, método das sobre-relaxações sucessivas, método TDMA (TriDiagonal Matrix Algorithm) e o método MSI (Modified Strongly Implicit), sendo este o utilizado neste trabalho. Trata-se de um método iterativo, mas fortemente implícito, sendo um método quase direto, ou seja, com poucas iterações se obtém a convergência. Maiores detalhes são encontrados em [Richtmyer et al, 1967; Stone, 1968; Roache, 1976; Patankar, 1980; Schneider et al, 1981; Maliska, 1995]. Capítulo 6 IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA ELECTRODE 6.1 Introdução Conforme comentado no Capítulo 1, dois problemas foram observados na primeira versão do programa Electrode: um relacionado com o fato de tratar dois materiais dissimilares com condutividades térmicas tão diferentes e o outro relacionado com o calor gerado por efeito Joule. O primeiro problema foi solucionado ao implementar uma média ponderada para calcular a condutividade térmica nas interfaces dos volumes de controle, entretanto, o segundo problema foi mais difícil de ser solucionado. Neste capítulo é descrito todo o desenvolvimento do programa, desde suas primeiras versões. 6.2 Estrutura do Programa Electrode Para a elaboração do programa Electrode foi utilizada a estrutura do programa computacional desenvolvido por Valle [1995]. A estrutura do programa Electrode é composta dos seguintes arquivos e sub-rotinas (ou sub-programas): ENTRADA arquivo de entrada de dados do programa Electrode; INITIAL sub-programa de cálculo das diversas variáveis do programa; FISICA sub-programa de geração da malha; PROPRI sub-programa de implementação das propriedades termofísicas; CONSUMO sub-programa de cálculo do consumo do eletrodo revestido; COEFT sub-programa de implementação das equações aproximadas para os volumes internos; CCT sub-programa para implementação das equações aproximadas para os volumes fictícios. Implementação das condições de contorno; LU2D9 sub-programa que decompõe o sistema de equações lineares; FB2D9 sub-programa que resolve o sistema de equações lineares; CONVE1 sub-programa para implementação do critério de convergência; e SAIDA arquivo de saída de resultados do programa Electrode. Destaca-se que a ordem de apresentação das sub-rotinas descritas acima não implica na ordem seguida pelo programa e que a descrição detalhada do algoritmo de solução do problema somente será apresentada para a versão final do programa Electrode. 6.3 Geração da Malha e Implementação da Condição de Fronteira Móvel – Primeira Versão A lógica desenvolvida para o algoritmo de geração de malha, a FISICA, foi feita de forma que alterações nas dimensões do eletrodo ou no número de volumes de controle fossem repassadas ao programa Electrode via arquivo de entrada sem a necessidade de alterar a estrutura do algoritmo. A implementação deste tipo de estrutura – “caixa preta” – é um pouco mais complexa, entretanto, facilita consideravelmente futuras alterações na malha. A Figura 6.1 apresenta os dados de entrada da FISICA, sabendo que: CTE comprimento total do eletrodo CASR comprimento da região do arame sem revestimento DYIRA comprimento da região da inclinação revestimento-arame SRR comprimento da região da seção reta do revestimento Ra raio do arame ESREV espessura do revestimento NVCASR número de volumes de controle da seção do arame sem revestimento NVCIRA número de volumes de controle da inclinação revestimento-arame NVCSRR número de volumes de controle da seção reta do revestimento NIALMA número de volumes de controle do arame NIREV número de volumes de controle do revestimento Figura 6.1 – Variáveis para a geração da malha Das variáveis apresentadas acima, apenas Ra e ESREV não são fornecidas pelo arquivo ENTRADA. Estas variáveis são calculadas na INITIAL tendo o diâmetro do arame, DA, e o diâmetro externo do eletrodo, DR, fornecidos pela ENTRADA e posteriormente repassados à FISICA. A Figura 6.2 exemplifica uma malha gerada a partir de valores apresentados na Tabela 6.1. Nesta figura, apenas para facilitar o entendimento, os volumes fictícios não foram representados. Tabela 6.1 – Exemplo de valores para algumas variáveis do programa Variáveis CASR DYIRA SRR DR DA Dimensões (x10-3m) 20 5 325 4,7 2,5 Variáveis NVCASR NVCIRA NVCSRR NIALMA NIREV No de volumes 20 10 325 5 5 Figura 6.2 – Exemplo de malha gerada para o eletrodo revestido A Figura 6.2 destaca a fronteira limite entre os volumes pertencentes ao arame e ao revestimento. É na FISICA que o raio e as métricas da transformação são calculados e armazenados. Exemplificando, considere uma malha com 10 volumes de controle internos na direção r (mais 2 volumes fictícios) e 5 volumes na direção z (mais 2 volumes fictícios). Os parâmetros calculados na FISICA, que representam o plano transformado, são apresentados na Figura 6.3. Figura 6.3 – Parâmetros calculados na FISICA A Figura 6.3 apresenta a indexação dos volumes de controle internos e dos volumes fictícios (NI x NJ = NIJ, total de 84 volumes, números escritos em vermelho). O ponto inicial da malha (r, z) = (0, 0) corresponde ao ponto (i, j) = (2, 2). O valor do raio, do ponto P e dos pontos (r, z) dos volumes de controle correspondem à distância destes pontos ao eixo de simetria da malha e as métricas da transformação (rξ, zξ) e (rη, zη) correspondem ao tamanho dos volumes de controle. A representação destes valores está em destaque na Figura 6.3 para o volume de controle No 42, podendo também dizer para o volume de NP = 42. Os valores da temperatura, das propriedades termofísicas e da geração de calor são armazenados no centro dos volumes de controle, isto é, no ponto P de cada volume. Voltando à Figura 6.2, na região de transição, onde o arame deixa de ser revestido, os volumes de controle com valor de r inferior a Ra pertencem ao arame e os volumes com valor de r igual ou superior a Ra pertencem ao revestimento. Este processo originou um esquema “tipo escada”. Devido à utilização dos valores das variáveis apresentadas na Tabela 6.1, a malha teve um refino maior na região de transição que nas demais regiões, conforme pode ser observado na Figura 6.2. A restrição implementada no programa para definir o número de volumes de controle para cada região, consequentemente o tamanho dos volumes de controle, é ∆z / ∆r < 10, para evitar problemas de falsa difusão. Para as dimensões do eletrodo estabelecidas neste exemplo, a malha é gerada tendo 10 volumes de controle internos na direção radial, resultando num total de NI = 12 volumes (NI = 10 volumes internos + 2 volumes fictícios ) e 356 volumes de controle internos ao longo do eixo z, resultando um total de NJ = 358 volumes (NJ = 356 volumes internos + 2 volumes fictícios). O raio e as métricas da transformação, calculados na FISICA, são repassados à COEFT e à CCT como dados de entrada. Inicialmente foi na CCT que a condição de fronteira móvel foi tratada numericamente alterando a posição de implementação da condição de contorno da fronteira sul. Considerando a Figura 6.4, tem-se que no instante t = 0, o comprimento do eletrodo corresponde ao seu comprimento inicial, Lo, (ou CTE) e a condição de contorno da fronteira sul é válida para z = 0. Em t > 0, ocorre o consumo do eletrodo e a condição de contorno da fronteira sul passa a ser válida para z = Lo – Lc = Lr. Figura 6.4 - Aproximações numéricas para a implementação da condição de contorno da fronteira sul A cada intervalo no tempo, o valor de Lr é calculado e a condição de contorno sul passa a ser válida a partir desta nova posição. Os volumes de controle da região consumida do eletrodo passam a ter condições de isolamento, sem prejuízo numérico e o novo domínio de solução, qu que interessa, tem comprimento, Lr. Este processo de implementação da condição de contorno da fronteira sul foi chamado de “fluxo caminhando”. Conforme será apresentado nos próximos capítulos, a equação do comprimento consumido do eletrodo, Lc, em função do tempo de soldagem, que possibilita o cálculo de Lr, foi obtida experimentalmente e representada por um polinômio. Os resultados numéricos obtidos com a versão do programa Electrode apresentada acima foram comparados com outros resultados obtidos de um programa, programa, também desenvolvido durante este trabalho, utilizando o pacote computacional Conduct [Patankar, 1991], visando, assim, a corroboração numérica dos resultados obtidos pelo programa Electrode. 6.4 Corroboração dos Resultados Numéricos O programa Conduct duct utiliza o método dos volumes finitos e resolve a equação da energia bidimensional nos sistemas cartesiano (x, y), polar (r, θ) ou axissimétrico (x, r). O sistema de equações obtido é resolvido pelo método TDMA. Devido à estrutura do programa Conduct, que para sistemas axissimétricos a simetria é em relação ao eixo x, a representação computacional da geometria do eletrodo revestido foi feita na horizontal. A Figura 6.5 apresenta o domínio real (a), o domínio computacional (b) e a malha gerada (c) do eletrodo eletrodo com o programa Conduct. Figura 6.5 – Domínio físico (a), domínio computacional (b) e malha gerada (c) do eletrodo revestido: Programa Conduct Diferente da discretização coincidente com a fronteira, na discretização realizada no programa Conduct, ct, a região do domínio computacional que não pertence ao domínio físico é “eliminada” ao fazer a condutividade térmica igual a um valor muito alto. Esta região está representada na cor vermelha na Figura 6.5c. Além disto, a região inclinada revestimento-arame revestimento rame presente no domínio físico, Figura 6.5a, foi aproximada como sendo reta no domínio computacional, Figura 6.5b. O fato de uma geometria ser representada computacionalmente na posição horizontal ou na posição vertical não gera diferença nos resultados numéricos. Obedecendo a representação da geometria do eletrodo – horizontal e vertical, as condições de contorno impostas tanto no programa Conduct quanto no programa Electrode foram as mesmas, assim como o tratamento numérico para o “fluxo caminhando”, o tamanho da malha e os valores dos parâmetros de soldagem. Apesar do esquema “tipo escada” na região inclinada do eletrodo não ter sido implementado no programa Conduct, a quantidade de volumes de controle associada a esta região foi a mesma. Simulações numéricas com os dois programas foram realizadas e os resultados foram confrontados. Dois problemas foram observados nos resultados obtidos com o programa Electrode. O primeiro relacionado com a não dissipação do calor pelo material próximo à região de condição dição de contorno de fluxo prescrito: a temperatura dos volumes adjacentes ao fluxo apresentavam valores extremamente altos, seguido de quedas abruptas nos volumes seguintes. O segundo problema relacionado com a questão da temperatura da região revestida ddo eletrodo ser inferior à da região não revestida. Observando a Figura 6.6, tem-se se que o ponto e refere-se refere se ao ponto da interface entre os volumes P e E. Quando a condutividade térmica é variável dentro do domínio físico, torna torna-se necessário estimar uma média para a interface entre os volumes de controle. Figura 6.6 – Interface entre volumes de controle A princípio tinha-se se implementado no programa Electrode uma variação linear da condutividade térmica entre os pontos P e E. Entretanto, com a análise dos resultados, esta aproximação mostrou-se insuficiente, devido à diferença abrupta da condutividade térmica entre a alma do eletrodo (≅ 54 W/moC) e o revestimento (≅ 1 W/moC). Seguindo a estrutura utilizada por Patankar (1980), foi implementado o cálculo da condutividade térmica na interface e, Ke, sendo dado por: 1− fe f + e k e = kE kP onde fe = −1 (δx )e+ (δx )e (6.1) (6.2) que levando em consideração a generalidade das coordenadas, tem-se: (δx )e+ = (δx )e = γE (6.3) 2 γP 2 + γE 2 (6.4) onde δx está indicado na Figura 6.6 e γ, na Eq. 5.14. Após modificações no programa Electrode, foram gerados os resultados apresentados na Figura 6.7. Esta figura exemplifica valores de temperatura em oC obtidos para alguns volumes de controle próximos à região de condição de contorno de fluxo prescrito: fronteira sul para o programa Electrode e fronteira leste para o programa Conduct, e para volumes de controle pertencentes às regiões SRR (região revestida do eletrodo) e CASR (região não revestida do eletrodo). Estes volumes estão em destaque na Figura 6.7 na cor azul. Apenas para facilitar a comparação, a malha do programa Conduct foi desenhada nesta figura na vertical. Observa-se nestes resultados que o primeiro problema, a não dissipação do calor pelo material, foi solucionado com a implementação do cálculo de K. Porém, o segundo problema, temperatura da região revestida inferior à temperatura da região não revestida, não foi solucionado. Figura 6.7 – Comparações entre resultados de temperatura em oC obtidos com o programa Electrode e Conduct após a implementação do cálculo de K nas interfaces dos volumes de controle Destaca-se que os resultados apresentados na Figura 6.7 foram obtidos após um tempo de simulação de 1 segundo e correspondem à simulação numérica de um eletrodo revestido de 2,5 mm de diâmetro sendo soldado com uma corrente de 80 A. O tempo de simulação de 1 segundo foi adotado apenas para facilitar a apresentação dos resultados. O segundo problema ocorre independente do tempo de simulação e do valor implementado para a corrente de soldagem. Exemplificando, com 40 segundos de simulação, a região não revestida atinge temperaturas superiores a 1550oC enquanto que a região revestida atinge temperaturas próximas a 500oC. Isto significa que a região não revestida do eletrodo funde antes da revestida. Esta situação não é observada durante a soldagem. Vários testes foram realizados na busca da solução do segundo segundo problema: testes de malha no espaço, testes de malha no tempo, testes alterando o modo de implementação das condições de contorno e, inclusive, testes com a malha do programa Electrode sendo gerada na horizontal e sem a implementação do esquema “tipo escada” na região inclinada. Porém, todos os testes foram sem sucesso. A indicação que se tinha do segundo problema era que ele estava relacionado com o calor gerado por efeito Joule. Uma análise exploratória com o programa Conduct foi realizada ao incluir incluir a região, representada na cor vermelha na Figura 6.5c, no domínio físico do problema. Esta região, no domínio computacional, deixou de ter o valor de K∞, passando a ter o mesmo valor de K do arame, além dos valores de todas as propriedades termofísicas do do arame, inclusive do calor gerado por efeito Joule. Adicionalmente, visando eliminar possíveis causadores de problemas, a malha foi gerada mantendo o tamanho dos volumes de controle constante. Esta nova situação para o domínio computacional do eletrodo é representada na Figura 6.8. Figura 6.8 – Novo domínio computacional para o eletrodo revestido – malha retangular Nesta nova situação, o valor da temperatura obtida com o programa Conduct, para o volume em destaque na Figura 6.7, pertencente a região não revestida, passou de 28oC para 40oC, se igualando ao resultado obtido com o programa Electrode. Simulou-se Simulou se também esta mesma situação com o programa Electrode, malha retangular, Figura 6.8, e implementada tanto na posição horizontal como na vertical, e a temperatura obtida no volume citado continuou sendo de 40oC. Na realidade, apenas na parte correspondente à região inclinada do eletrodo, onde o tamanho dos volumes de controle foram alterados, os resultados obtidos nesta nova situação foram um pouco diferentes iferentes dos encontrados anteriormente. Uma outra análise exploratória, agora com o problema Electrode, foi a simulação do eletrodo conforme apresentado na Figura 6.9. As regiões do eletrodo representadas nas cores verde e branca foram implementadas com as propriedades termofísicas do arame, porém a geração de calor por efeito Joule foi considerada apenas na região representada na cor branca. Nesta nova situação, o valor da temperatura obtida com o programa Electrode para o volume em destaque na Figura 6.7, 7, pertencente à região não revestida, passou de 40oC para 30oC, se aproximando do resultado obtido com o programa Conduct. Figura 6.9 – Novo domínio computacional para o eletrodo revestido A divergência de resultados entre os programas Electrode e Conduct Conduct indicou a necessidade de realizar testes experimentais. Detalhes sobre o procedimento experimental serão apresentados no próximo capítulo. 6.5 Validação Física do Programa Electrode Testes experimentais de monitoração da temperatura em três pontos distintos, conforme indicados na Figura 6.10, foram realizados com eletrodo revestido comercial E6013 de 2,5 e 3,25 mm de diâmetro e corrente de soldagem de 110 A. A Figura 6.11 apresenta os resultados obtidos. Figura 6.10 – Pontos de monitoração da temperatura E6013 3,25mm 110A E6013 2,5mm 110A 1 2 3 250 o o 800 Temperatura ( C) 1 2 3 1000 Temperatura ( C) 300 600 400 200 200 150 100 50 0 0 0 10 20 30 Tempo (s) 40 0 10 20 30 40 50 Tempo (s) Figura 6.11 – Teste de monitoração da temperatura com eletrodo E6013 Numa análise preliminar dos resultados apresentados na Figura 6.11, entendeu-se que a temperatura do ponto 1 não aumentou, no decorrer do teste de soldagem, porque o porta-eletrodo foi posicionado após este ponto e, assim, não havia corrente passando pelo mesmo e, consequentemente, não havia geração de calor. A temperatura do ponto 2, no início do teste de soldagem, foi um pouco superior à temperatura do ponto 3, porém, após aproximadamente 15 segundos, este comportamento foi invertido. Baseado no perfil procurado neste trabalho, Figura 1.4, os resultados experimentais, após 15 segundos, estavam coerentes com o que se esperava e com os resultados numéricos obtidos com o programa Conduct (Figura 6.7): temperatura do ponto 3 superior à temperatura do ponto 2. Porém, não estavam de acordo com os resultados numéricos obtidos com o programa Electrode, que mostravam que a temperatura do ponto 2 era superior à temperatura do ponto 3, independente do tempo de simulação. Estes testes experimentais foram insuficientes para entender o que estava acontecendo. Visando eliminar possíveis fontes de erro, todo o sistema de aquisição de dados foi conferido, mas nenhum problema foi encontrado. Várias verificações no programa Electrode foram novamente realizadas e nenhum erro de implementação foi encontrado. Novos testes de monitoração da temperatura foram realizados, nas mesmas condições apresentadas na Figura 6.10, inclusive monitorando-se a temperatura no ponto 1, porém com o eletrodo E7018. A Figura 6.12 apresenta os resultados obtidos. 1 2 3 500 250 o 600 1 2 3 300 Temperatura ( C) o Temperatura ( C) E7018 3,25mm 110A E7018 2,5mm 110A 700 400 300 200 100 200 150 100 50 0 0 0 10 20 30 40 Tempo (s) 0 10 20 30 40 50 Tempo (s) Figura 6.12 – Teste de monitoração da temperatura com eletrodo E7018 Conforme pode ser observado nesta figura, a temperatura monitorada no ponto 1 apresentou um comportamento semelhante ao apresentado com eletrodo E6013, porém a temperatura do ponto 2 foi superior à temperatura do ponto 3, em todo o teste de soldagem. Estes resultados são coerentes com os resultados obtidos com o programa Electrode, porém diferem dos resultados que se esperavam e dos obtidos com o programa Conduct. Após uma análise mais detalhada dos casos simulados com o programa Conduct, verificou-se que os domínios computacionais apresentados nas Figuras 6.5 e 6.8 são diferentes aproximações numéricas do domínio físico. Devido à dimensão da região representada na cor vermelha na Figura 6.5 ser fisicamente muito pequena, as duas aproximações, com e sem a eliminação desta região, são válidas. A questão é saber qual delas corresponde melhor à situação real do problema. Dependendo do valor adotado para K∞, problemas de falsa difusão podem ser gerados, influenciando os resultados numéricos. O perfil longitudinal de temperatura esperado para o eletrodo revestido, Figura 1.4, foi idealizado. Não há, ou pelo menos não foi encontrado nenhum registro na literatura mostrando, experimentalmente, o perfil de temperatura ao longo de todo o comprimento do eletrodo revestido, incluindo a região não revestida do eletrodo. O material da região de contato do porta-eletrodo com o eletrodo revestido, o utilizado neste trabalho, é de cobre. Este é um ótimo condutor térmico e pode influenciar consideravelmente os resultados de temperatura. A questão aqui seria saber até que ponto o porta-eletrodo influencia a temperatura da região não revestida. Para verificar realmente se a temperatura da região não revestida do eletrodo é superior ou não à temperatura da região revestida, novos testes experimentais foram realizados. Nestes, o comprimento da região não revestida do eletrodo foi alterado de 20 mm para 50 mm, minimizando, assim, a influência do porta-eletrodo na temperatura da região não revestida. Foram realizados testes de monitoração da temperatura em três pontos ao longo do comprimento de eletrodos E6013 e E7018 de 2,5 mm de diâmetro, com uma corrente de soldagem de 110 A. A Figura 6.13 apresenta os pontos de medição da temperatura e a Figura 6.14, os resultados obtidos. Os resultados apresentados na Figura 6.14 mostram, sem deixar qualquer dúvida, que a temperatura da região não revestida do eletrodo é superior à temperatura da região revestida. Uma possível explicação para este fato pode ser extraída da teoria de raio crítico de isolamento [Ozisik, 1990], apesar do revestimento não atuar como isolante térmico, sua condutividade térmica é extremamente menor que a condutividade térmica do arame. Figura 6.13 – Pontos de monitoração da temperatura – Configuração 2 E6013 2,50mm 110A E7018 2,5mm 110A o 800 1 2 3 1000 1 2 3 Temperatura ( C) o Temperatura ( C) 1000 600 400 200 800 600 400 200 0 0 0 5 10 15 20 Tempo (s) 25 30 0 5 10 15 20 25 30 Tempo (s) Figura 6.14 – Testes com eletrodos E6013 e E7018 de 2,5 mm de diâmetro e corrente de 110A A Equação 6.5 define o valor do raio crítico de isolamento, rc, de um cilindro para o qual a taxa de transferência de calor é máxima: rc = K h (6.5) Tem-se que se o raio da superfície externa do isolamento for maior que o raio crítico definido pela Eq. (6.5), qualquer acréscimo de isolante sobre a superfície do cilindro diminui a perda de calor. Porém, se o raio do cilindro for menor que o raio crítico, a perda de calor aumentará continuamente com o acréscimo do isolante até que o raio externo do cilindro seja igual ao raio crítico. A condutividade térmica do revestimento de eletrodos E6013 e E7018 (Tabela 2.3) pode variar entre 0,7 a 1,0 W/moC. O coeficiente convectivo de transferência de calor do ar (Figura 4.10) pode variar de 22 a 60 W/m2 oC. Com base nestes valores, o valor do raio crítico pode ser: rc = 0,7 = 11 mm 60 rc = 1,1 = 50 mm 22 ou Estes valores são consideravelmente superiores ao valor do raio externo máximo dos eletrodos testados neste trabalho: eletrodos de 3,25 mm de diâmetro de arame com 1,175 mm de espessura de revestimento, ou seja, 3,25/2 + 1,175 = 2,8 mm (raio máximo). Portanto, a perda de calor na região revestida do eletrodo aumenta com a presença do revestimento. Após esta verificação ficou claro que: O fato da temperatura da região revestida, obtida numericamente, ser inferior à temperatura da região não revestida não resultava em um problema ou erro do programa Electrode. O erro foi esperar um resultado e prender-se a esta expectativa; O valor adotado para K∞ (1 x 108) influenciou consideravelmente os resultados numéricos obtidos com o programa Conduct; e Existe uma forte influência do porta-eletrodo na temperatura da região CASR do eletrodo revestido. Além dos testes experimentais descritos acima, diversos experimentos foram realizados com o objetivo de se conhecer melhor o comportamento térmico do eletrodo revestido e que este comportamento pudesse ser predito satisfatoriamente pelo programa Electrode. Testes de consumo do eletrodo durante a soldagem também foram realizados e os resultados foram utilizados no desenvolvimento de um algoritmo de geração de malha adaptativa, descrito a seguir. O procedimento experimental e os resultados tanto experimentais quanto numéricos serão apresentados nos próximos capítulos. 6.6 Geração da Malha e Implementação da Condição de Fronteira Móvel – Versão Final A geração da malha pelo programa Electrode foi implementada, inicialmente, para ser feita fora do ciclo iterativo no tempo e era a posição de implementação da condição de contorno da fronteira sul que alterava a cada iteração no tempo. Conforme apresentado na Figura 6.4, neste procedimento, o fluxo caminhava enquanto que o domínio de solução permanecia fixo. Na versão final do programa Electrode foi desenvolvido um algoritmo de geração de malha adaptativa. Foram feitas algumas considerações para definir o número de volumes a serem eliminados na fronteira móvel, à medida que o eletrodo é consumido. Considerou-se que a cada ciclo iterativo no tempo, o comprimento consumido do eletrodo, Lc, é determinado, os volumes de controle pertencentes a Lc são eliminados e uma nova malha, para o novo comprimento do eletrodo revestido, Lr = CTE, é gerada. A Figura 6.15 exemplifica a geração da malha e a aplicação da condição de contorno em diferentes tempos. Devido à indexação dos volumes de controle, exemplificada através da Figura 6.3, a forma mais simples de eliminar volumes, garantindo que os valores de NP’s atribuídos a cada volume permaneçam fixos em todo o processo iterativo, facilitando, então, a comparação dos resultados, é a eliminação dos últimos volumes de controle. Assim, a implementação da malha adaptativa teve que ser feita “de cabeça para baixo”, conforme apresentado na Figura 6.15. A implementação das condições de contorno obedeceu a esta representação do eletrodo revestido. A definição do número de volumes a serem eliminados depende da altura dos volumes e do comprimento consumido do eletrodo revestido. A equação de Lc, obtida através de resultados experimentais, foi implementada no programa Electrode e em cada iteração no tempo, com o valor de Lc, determina-se Lr fazendo Lr = L – Lc. Figura 6.15 – Geração da malha adaptativa em diferentes tempos com o programa Electrode Por exemplo, supondo que L seja igual a 350 mm, que cada volume de controle tenha 0,5 mm de altura e que em t1 o valor calculado para Lc seja igual a 5,4 mm e em t2 igual a 6,3 mm, o número de volumes eliminados e o valor de Lr em t1 e t2 são, respectivamente: Em t1 5,4 = 10,8 0,5 São eliminados todos os volumes volumes pertencentes às 10 últimas linhas da malha Lr = 350 – (10 * 0,5) = 345 mm Em 6,6 = 13,2 0,5 t2 São eliminados todos os volumes pertencentes às 13 últimas linhas da malha Lr = 345 – (13 * 0,5) = 338,5 mm A definição de Lr poderia ser feita considerando o valor real de Lc, sem arredondá-lo, porém, esta aproximação (arredondamento) foi implementada no programa Electrode para que, novamente, a indexação e o tamanho dos volumes de controle permaneçam fixos, facilitando a comparação dos resultados. O consumo do eletrodo através da equação de Lc é interpretada pelo programa Electrode como um dado de entrada. Alguns testes numéricos foram realizados na tentativa do valor de Lc ser uma resposta do programa Electrode, assim como são os campos de temperatura. Os resultados experimentais de consumo passam a ser utilizados para validar o programa, da mesma forma que os resultados experimentais de temperatura. Os resultados obtidos nestes testes serão apresentados no Capítulo 8. A eliminação dos volumes de controle para este caso ocorre de forma similar à descrita acima, porém o valor de Lc refere-se à soma da altura dos volumes cujo valor da temperatura é superior ao valor da temperatura de fusão do eletrodo. Por exemplo, tendo a Figura 6.16 de referência, no fim de cada intervalo de tempo, tendo o campo de temperatura do eletrodo predito pelo programa, este informa quantos volumes atingiram a temperatura de fusão do arame. O somatório das alturas destes volumes é o valor de Lc e todos os volumes paralelos aos indicados na Figura 6.16 na cor vermelha são eliminados. Sabe-se que a temperatura de fusão do revestimento é menor que a do arame e que durante a soldagem um cone é formado na ponta do eletrodo, Figura 2.6. Porém, este fato foi desconsiderado, deixando o tratamento numérico desta questão para trabalhos futuros. Figura 6.16 – Volumes de controle eliminados após cada ciclo iterativo no tempo 6.7 Algoritmo de Solução A seguir, é descrito o procedimento de solução do programa Electrode. Entre parênteses, está especificada a subrotina correspondente a cada passo do programa. 1) Leitura dos dados de entrada (ENTRADA) 2) Cálculo de variáveis do programa e inicialização do campo de T (INITIAL) Início do ciclo iterativo no tempo 3) Avanço do tempo (Programa Principal) 4) Geração da malha, cálculo e armazenamento das métricas e do raio (FISICA) Início do ciclo iterativo no espaço 5) Atualização do campo de T no espaço (Programa Principal) 6) Atualização das propriedades em função de T (PROPRI) 7) Cálculo dos coeficientes da equação da energia para os volumes internos da malha (COEFT) 8) Aplicação das condições de contorno e cálculo dos coeficientes para os volumes fictícios (CCT) 9) Solução da equação da energia pelo método MSI (LU2D9 e FB2D9) 10) Teste de convergência para o campo de T (CONVE1) T n +1 − T n • Critério de convergência adotado neste trabalho: ε ≤ • Retorna ao item 5 e itera-se até convergência, excluindo o item 8 Tmax − Tmin Fim do ciclo iterativo no espaço 11) Atualização do campo de T no tempo (Programa Principal) 12) Cálculo do consumo do eletrodo em função de T (CONSUMO) 13) Teste do critério para o fim do processo iterativo no tempo • Se Lr < 60 mm, fim do ciclo iterativo no tempo • Se não, passa para o passo seguinte 14) Cálculo das novas dimensões do eletrodo revestido e retorna ao item 3 (Programa Principal) Capítulo 7 METODOLOGIA EXPERIMENTAL 7.1 Definição dos Testes Experimentais No Capítulo 6, foram apresentadas duas configurações diferentes de posicionamento dos termopares no eletrodo revestido, Figuras 6.10 e 6.13. Além destas, uma terceira configuração foi proposta. A Figura 7.1 apresenta as três configurações de posicionamento dos termopares utilizadas neste trabalho. Os valores L’s, que definem a posição de cada termopar, dependem do comprimento do eletrodo revestido e do comprimento da região não revestida do eletrodo. Estes valores serão apresentados posteriormente. Figura 7.1 – Configurações de posicionamento dos termopares no eletrodo revestido Os testes realizados com as configurações 1 e 2 tiveram como objetivo avaliar a influência do porta-eletrodo na temperatura do eletrodo e comparar a temperatura da região revestida com a temperatura da região não revestida do eletrodo. Os testes realizados com a configuração 3 foram para avaliar a influência dos parâmetros de soldagem na temperatura do eletrodo. Os parâmetros analisados foram a corrente de soldagem, a polaridade, o diâmetro e o tipo do eletrodo revestido. A configuração 3 foi proposta porque a preparação dos eletrodos para a soldagem com 3 termopares, configuração 1 e 2, é extremamente delicada e demorada. Soldagens com eletrodos revestidos dos tipos rutílico E6013 e básico E7018 com diâmetros de arame de 2,0 mm, 2,5 mm e 3,25 mm foram realizadas com diferentes correntes de soldagem, na posição plana, manualmente e utilizando uma fonte eletrônica. A Figura 7.2 apresenta os valores L’s adotados para a realização dos testes com a configuração 1, assim como a matriz dos testes realizados. Destaca-se que o comprimento do eletrodo revestido de 2,0 mm de diâmetro é de 300 mm e dos eletrodos de 2,5 e 3,25 mm é de 350 mm. Figura 7.2 – Parâmetros adotados para os testes realizados com a configuração 1 De acordo com as matrizes de testes apresentadas na Figura 7.2, com a configuração 1A, foram realizados 1 teste com eletrodo E6013 de 2,0 mm de diâmetro e corrente de soldagem de 80 A e 1 teste, nas mesmas condições, porém, com eletrodo E7018. Com a configuração 1B, foram realizados 2 testes com eletrodo E6013 e 2 com eletrodo E7018 de 2,5 mm de diâmetro: um com corrente de soldagem de 80 A e outro com corrente de soldagem 110 A. Além destes, 1 teste com eletrodo E6013 e 1 com eletrodo E7018 de 3,25 mm de diâmetro foram realizados com corrente de soldagem de 110 A. Seguindo o mesmo critério de apresentação e interpretação da Figura 7.2, a Figura 7.3 apresenta os testes realizados com a configuração 2 e a Figura 7.4, os realizados com a configuração 3. Conforme pode ser observado na Figura 7.3, além dos valores L’s que definem o posicionamento dos termopares no eletrodo revestido, está indicado o comprimento da região revestida do eletrodo e, consequentemente, tem-se o comprimento da região sem revestimento, que com a configuração 2A é de 50 mm e com a configuração 2B é de 100 mm. Figura 7.3 – Parâmetros adotados para os testes realizados com a configuração 2 Figura 7.4 – Parâmetros adotados para os testes realizados com a configuração 3 Destaca-se que para cada condição de soldagem descrita na Figura 7.4 (tipo de eletrodo, diâmetro do arame, corrente de soldagem e polaridade, num total de 44 condições de teste) foram realizados testes de monitoração da temperatura e testes de consumo do eletrodo durante a soldagem. 7.2 Procedimento para Monitoração da Temperatura 7.2.1 Preparação dos Eletrodos Revestidos Para a realização dos testes com a configuração 2, o revestimento dos eletrodos foi retirado, passando o comprimento da região não revestida de 20 para 50 e 100 mm, conforme exemplificado na Figura 7.5. Figura 7.5 – Eletrodos com o comprimento da da região não revestida com 20, 50 e 100 mm Na região revestida do eletrodo, ponto de medição 3, um furo de aproximadamente 2 mm foi feito para retirar o revestimento e receber o termopar, como apresentado na Figura 7.6. Figura 7.6 – Eletrodo com uma região do revestimento retirada para receber um termopar, ponto de medição 3 Foi utilizado termopar tipo K (cromel/alumel) de 0,2 mm de diâmetro, com faixa de operação de –100 ºC a 1370 ºC. A união dos fios do termopar foi feita utilizando o processo de soldagem com chama oxi-acetilênica. A Figura 7.7 exemplifica a união dos fios do termopar tipo K. Figura 7.7 – União por soldagem dos fios do termopar tipo K O termopar foi soldado na superfície do arame por descarga capacitada. No ponto de medição 3, Figura 7.6, o furo feito no revestimento do eletrodo, após a soldagem do termopar na superfície do arame, recebeu enchimento com mesmo material do revestimento. A Figura 7.8 apresenta uma seqüência de fotografias que exemplifica o procedimento descrito acima. A Figura 7.9 apresenta eletrodo com três termopares soldados na superfície do arame nos pontos estabelecidos na configuração 2A. (a) (b) (c) Figura 7.8 – (a) Região do eletrodo com o furo, (b) termopar soldado na superfície do arame e (c) furo com enchimento do mesmo material do revestimento Figura 7.9 – Termopares soldados na superfície do arame 7.2.2 Sistema de Aquisição de Dados Foi utilizada uma placa de aquisição de dados de 16 canais da marca Iotech, modelo DaqBoard/2000. Além da temperatura, também foram monitoradas a corrente de soldagem e a tensão do arco. A monitoração foi realizada com uma taxa de aquisição de 25 leituras por segundo: este valor foi definido após alguns testes experimentais, onde foi verificado que este valor seria suficiente para alcançar os objetivos deste trabalho. A Figura 7.10 apresenta a montagem do sistema para a monitoração dos dados. Figura 7.10 – Montagem do sistema para monitoração dos dados De acordo com esta figura, tem-se que o termopar (2) é soldado no eletrodo revestido (1) e este é interligado à placa de aquisição de dados (9) através de um bloco de conectores de canais (7), passando, antes, por um transdutor de sinal (5) que protege a placa de aquisição de dados contra possíveis descargas elétricas que venham a ocorrer durante a soldagem. Peças cerâmicas foram utilizadas para proteger o termopar na região de contato com o eletrodo e a ligação do termopar ao cabo de compensação, conforme exemplificado na Figura 7.11. Peça cerâmica Termopar Cabo de compensação Figura 7.11 – Ligação do termopar ao cabo de compensação Cada cabo de compensação é conectado à entrada de um transdutor de sinal, sendo este eletrônico com proteção galvânica, apropriado para conversão do sinal elétrico do termopar em um sinal de corrente contínua padrão de instrumentação, proporcional ao valor medido, independente da carga. No transdutor, o sinal de entrada em mV é ampliando, tendo um sinal de saída de 0 a 10 V, que é transmitido ao conector de canais através de fio de cobre. A Figura 7.12 apresenta 3 transdutores de sinais com cabo de compensação conectado à entrada e fio de cobre conectado à saída. Cabo de compensação Fios de cobre Figura 7.12 – Transdutores de sinais No conector de canais, a ligação nos terminais foi feita em paralelo, sendo que os terminais 37 e 36 foram designados para a leitura da corrente de soldagem e a tensão do arco, respectivamente, e os terminais 35, 34 e 33 foram designados para a leitura da temperatura. Todos os canais foram agrupados e aterrados no canal 19, conforme apresentado na Figura 7.13. Figura 7.13 – Conector de canais Para a monitoração da corrente de soldagem e da tensão do arco foi utilizado um condicionador de sinais, conforme apresentado na Figura 7.14. Este equipamento foi projetado para minimizar ruídos e dividir por 10 o sinal da corrente e da tensão, medidos, respectivamente, por um sensor por efeito Hall e pela diferença de potencial dos pólos positivo e negativo da máquina de soldagem. Figura 7.14 – Condicionador de sinais para a corrente de soldagem e a tensão do arco O sistema de aquisição de dados contendo termopar, cabo de compensação, transdutor de sinal, fio de cobre, conector de canais e CPU foi calibrado no Laboratório de Termometria – LabKelvin da Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerias – CETEC. Recebeu um certificado de calibração No 500891 com incerteza expandida para a temperatura de ±0,3oC para uma faixa de medição de 0oC a 1200oC. Cópia deste documento é apresentada no Anexo 1. 7.3 Procedimento para Determinar o Consumo do Eletrodo Revestido Para cada condição de soldagem descrita na Figura 7.4, uma média de doze eletrodos foram fundidos sobre chapa. Após o início da soldagem, o arco elétrico foi extinto em diferentes intervalos de tempo, que variaram de 5 a 60 segundos, dependendo das condições de soldagem pré-estabelecidas. O comprimento consumido de cada eletrodo revestido, Lc, em função do tempo, foi determinado pela diferença entre o comprimento inicial, Lo, e o comprimento final, Lr, do eletrodo após ser fundido, isto é: Lc = Lo – Lr (7.1) 7.4 Tratamento dos Dados Experimentais 7.4.1 Consumo do Eletrodo Revestido A taxa de consumo ou taxa de fusão do eletrodo revestido refere-se à velocidade com que o eletrodo é consumido. Este parâmetro pode ser definido pela razão entre o comprimento consumido e o tempo de soldagem. Porém, a aplicação direta desta relação fornece o valor médio de consumo naquele intervalo de tempo analisado, isto é, a taxa de consumo média do eletrodo revestido, TCm. Sabendo que o consumo do eletrodo pode variar ao longo do tempo de soldagem, se faz necessário obter a sua taxa de consumo instantânea, TC(t). Esta é dada pela inclinação da curva que descreve o comprimento consumido do eletrodo em função do tempo de soldagem, Lc(t), e pode ser obtida através da derivada de Lc(t) em função do tempo. Utilizando um programa gráfico comercial, curvas de Lc em função do tempo de soldagem foram traçadas com os dados experimentais. Através de ajustes polinomiais de 2ª ordem, as equações representativas destas curvas foram obtidas, Lc(t). Estas equações de ajuste foram derivadas em relação ao tempo, obtendo, assim, equações de 1ª ordem representando a taxa de consumo instantânea do eletrodo revestido, TC(t). A Figura 7.15 exemplifica o procedimento descrito acima para o teste realizado com eletrodo E6013 de 2,5 mm de diâmetro para a corrente de soldagem de 100 A na polaridade positiva. A fotografia apresentada na Figura 7.15 mostra o comprimento restante, Lr, de 12 eletrodos após serem fundidos. O tempo de soldagem, t, e o comprimento consumido, Lc, dos eletrodos são apresentados na tabela e o gráfico mostra a curva de Lc em função do tempo, juntamente com a curva de ajuste, Lc(t), que após ser derivada em relação do tempo, passa a representar a taxa de consumo instantânea do eletrodo testado, TC (t). Este procedimento foi adotado em todos os testes de consumo realizados. Comprimento Consumido (mm) t (s) Lc (mm) 5,44 31 8,28 54 12,47 81 17,17 116 22,3 26,44 149 176 28,87 190 30,25 199 34,7 231 36,07 236 40,28 267 44,25 306 350 300 250 200 150 100 Lc Ajuste 50 0 0 10 20 30 40 50 Tempo (s) Lc (t) = 2,10406 + 6,19762 t + 0,01192 t2 TC(t) = 6,19762 + 0,02384 t Figura 7.15 – Exemplificação do procedimento adotado para determinação da taxa de consumo 7.4.2 Tensão do Arco, Corrente de Soldagem e Temperatura Para cada condição de soldagem estabelecida na configuração 3 foram feitos três testes de repetibilidade, aumentando, assim, a confiabilidade dos resultados monitorados. Para diferenciar, na escrita deste documento, o termo “teste de repetibilidade” do termo “teste com uma dada condição de soldagem pré-estabelecida”, o primeiro termo será referenciado por amostra e o segundo termo, por teste, ou ainda, por teste de temperatura quando for necessário diferenciá-lo do teste de consumo do eletrodo. Porém, sempre o termo teste estará relacionado a uma condição de soldagem pré-estabelecida. O resultado de um teste de temperatura será baseado nos resultados encontrados nas três amostras correspondentes. O sistema de aquisição de dados forneceu, por amostra, arquivos contendo os resultados obtidos para o tempo, a corrente de soldagem, a tensão do arco e a temperatura do eletrodo, ou seja, planilhas com 4 colunas. Utilizando um programa gráfico comercial, para cada teste, novas planilhas foram construídas contendo os resultados das três amostras: uma coluna para o tempo, três colunas para a corrente de soldagem, três para a tensão do arco e três para a temperatura do eletrodo. Avaliações dos sinais de tensão e de corrente foram realizadas com o objetivo de verificar a repetibilidade destes sinais entre amostras e de verificar a homogeneidade de seu comportamento ao longo do tempo de soldagem. A Figura 7.16 apresenta simultaneamente três sinais obtidos de tensão e corrente de soldagem para testes realizados com eletrodo E7018 de 2,5 mm de diâmetro para as correntes de 70 e 110 A na polaridade positiva. Conforme pode ser observado na Figura 7.16, tanto a repetibilidade dos sinais foi obtida quanto a sua homogeneidade foi mantida constante ao longo do tempo, mostrando que os sinais obtidos apresentaram uma distribuição uniforme em torno do valor central da variável analisada. Estas avaliações foram realizadas para todos os teste e em todos os resultados foram satisfatórios. Aprovado este critério de avaliação, pôde-se admitir, como valor real da tensão e da corrente de soldagem de cada teste, o valor médio da média dos valores obtidos nas três amostras realizadas por teste. E7018 2,5mm 70A (+) 140 Tensão (V) Corrente (A) 120 100 80 60 40 20 0 0 10 20 30 40 50 60 Tempo (s) Corrente(A) E7018 2,5mm 110A (+) 140 120 100 80 Tensão(V) 60 40 20 0 0 10 20 30 40 50 60 Tempo (s) Figura 7.16 – Representação gráfica dos sinais obtidos para a tensão e corrente de soldagem Em relação aos sinais de temperatura, além da avaliação citada acima, sinais obtidos em diferentes testes foram comparados, com o objetivo de avaliar se o comportamento destes sinais eram similares ao alterar a condição do teste. Com a aprovação destas avaliações, os resultados monitorados (dados medidos) foram considerados válidos e pôde-se calcular o valor médio da temperatura por segundo para cada amostra, visto que foram feitas 25 medições por segundo. Novas planilhas foram construídas para cada teste, porém estas passaram a conter a coluna do tempo e três colunas de temperatura média por segundo (dados tratados). Para exemplificar graficamente a avaliação descrita, a Figura 7.17a apresenta os dados medidos e a Figura 7.17b, os dados tratados para testes realizados com a configuração 3, com eletrodo E6013 de 2,5 mm de diâmetro para as correntes de 70 A e 110 A na polaridade negativa. a) dados medidos 700 E6013 2,5mm (-) o Temperatura ( C) 600 110 A 500 400 70 A 300 200 100 0 0 10 20 30 40 50 Tempo (s) b) dados tratados E6013 2,5mm (-) 500 110 A o Temperatura ( C) 600 400 300 70 A 200 100 0 0 10 20 30 40 50 Tempo (s) Figura 7.17 – Representação gráfica dos sinais obtidos para a temperatura Com os dados tratados, uma análise estatística, descrita a seguir, foi realizada para avaliar o grau de repetibilidade entre amostras. Após a confirmação desta repetibilidade, a média final da temperatura (T) por segundo foi calculada através da média dos dados tratados, isto é, as três curvas tratadas, Figura 7.17b, passaram a ser representada por uma, a curva média. Por último, para facilitar a manipulação dos resultados, através de ajustes polinomiais de 3ª ordem, equações representativas das curvas médias dos testes foram obtidas, T(t). 7.4.3 Análise Estatística dos Dados Técnicas estatísticas foram utilizadas neste trabalho tendo como objetivo avaliar a igualdade dos resultados entre amostras e entre testes e o nível de influência dos parâmetros de soldagem na temperatura e na taxa de consumo dos eletrodos revestidos. O método aplicado se baseia em uma análise de variância – Método ANOVA [Devore, 1991; Lopes, 1999; Triola, 1999], que utiliza a estatística de distribuição F juntamente com o método do valor P para testar a hipótese dos conjuntos de dados confrontados serem ou não semelhantes. A distribuição F testa a hipótese de duas amostras terem ou não a mesma variância. O método do valor P (ou valor de probabilidade) reflete a plausibilidade da hipótese testada ser ou não verdadeira. O teste de confrontação é feito para um grau de confiança, α, pré-determinado. O valor mais adotado para α é de 0,05, ou seja, tem-se um nível de 95% de confiabilidade da resposta obtida. A interpretação dos resultados do método ANOVA depende dos valores obtidos para F e P. O valor P pode variar de 0 a 1 e o fator F pode ter qualquer valor desde que positivo. Para os fins desejados neste trabalho, a interpretação destes valores deve ser feita da seguinte maneira: F < 1 e P > α significa uma forte igualdade entre os dados confrontados ou nenhuma influência do parâmetro analisado na temperatura ou na taxa de consumo dos eletrodos revestidos; F > 1 e P > α significa uma fraca igualdade entre os dados confrontados ou uma fraca influência do parâmetro analisado na temperatura ou na taxa de consumo dos eletrodos revestidos; F > 1 e P < α significa uma forte desigualdade entre os dados confrontados ou uma forte influência do parâmetro analisado na temperatura ou na taxa de consumo dos eletrodos revestidos. Quanto maior o fator F, desde que superior a 1, maior é a influência do parâmetro analisado na temperatura ou na taxa de consumo dos eletrodos revestidos. Capítulo 8 RESULTADOS E DISCUSSÃO 8.1 Introdução Conforme descrito no Capítulo 7, foram propostas três diferentes configurações de posicionamento dos termopares no eletrodo revestido. Diferentes condições de soldagem, por configuração, foram estabelecidas para a realização dos testes de monitoração da temperatura. Os testes realizados com as configurações 1 e 2 tiveram como objetivo comparar a temperatura da região revestida com a da região não revestida do eletrodo e avaliar a influência do portaeletrodo. Os testes realizados com a configuração 3 tiveram como objetivo avaliar a influência dos parâmetros de soldagem na temperatura do eletrodo revestido. Os testes de consumo do eletrodo foram realizados nas condições de soldagem estabelecidas para a configuração 3. A apresentação e a análise dos resultados, neste capítulo, será feita na seguinte ordem: 1 Apresentação e análise dos resultados experimentais obtidos com a configuração 3; 2 Apresentação e análise dos resultados experimentais obtidos com as configurações 1 e 2; 3 Simulação numérica dos resultados experimentais e análise final dos resultados. 8.2 Apresentação e Análise dos Resultados Experimentais obtidos com a Configuração 3 8.2.1 Tensão do Arco, Corrente de Soldagem e Temperatura A Tabela 8.1 apresenta os valores reais para a corrente de soldagem (Ireal) e para a tensão do arco (Vreal) resultante dos testes realizados de monitoração da temperatura. Também são apresentados os valores de F e P para um grau de confiança de 95%, referente à confrontação dos resultados (temperatura) entre amostras do teste correspondente. Tabela 8.1 – Valores reais de corrente e tensão obtidos por teste e valores de F e P referentes às comparações entre amostras Pólo Iajus (A) Eletrodo E6013 Eletrodo E7018 2,0 mm 2,0 mm Ireal Vreal F P Ireal Vreal F P Pos 70 70,12 28,98 0,02557 0,87348 69,48 29,69 0,00295 0,95685 Pos 80 80,31 31,62 0,00679 0,93461 79,92 29,79 0,00429 0,94796 Pos 90 90,24 31,49 0,00530 0,94232 90,60 31,04 0,00134 0,97091 Neg 70 68,20 27,26 0,00649 0,93612 70,12 25,03 0,00031 0,98612 Neg 80 79,95 29,34 0,01664 0,89798 78,16 28,66 0,04858 0,82649 Neg 90 87,90 29,59 0,00650 0,93617 88,91 29,56 0,01503 0,90294 Pólo Iajus (A) 2,5 mm 2,5 mm Ireal Vreal F P Ireal Vreal F P Pos 70 70,36 23,42 0,10069 0,75166 70,61 23,24 0,28483 0,59481 Pos 80 80,43 24,06 0,02980 0,86331 81,96 23,33 0,27057 0,60402 Pos 90 90,39 25,24 0,02985 0,86316 91,39 24,17 0,03027 0,97019 Pos 100 99,39 28,81 0,00712 0,93293 101,33 26,60 0,00088 0,97635 Pos 110 109,08 28,77 0,00446 0,94693 111,13 27,96 0,02793 0,97246 Neg 70 71,72 22,25 0,00268 0,95880 71,34 22,18 0,01552 0,98460 Neg 80 82,09 23,53 0,00044 0,98337 82,04 23,69 0,01075 0,98931 Neg 90 90,78 25,56 0,00601 0,93845 92,23 23,60 0,00015 0,99013 Neg 100 99,60 26,78 0,00978 0,92157 101,12 26,06 0,00119 0,97258 Neg 110 110,04 28,32 0,00088 0,97642 112,73 26,17 0,02570 0,87302 Pólo Iajus (A) E6013 3,25 mm E7018 3,25 mm Ireal Vreal F P Ireal Vreal F P Pos 90 92,64 23,44 0,05424 0,94723 92,36 24,16 0,09714 0,90747 Pos 100 101,60 24,29 0,06909 0,93327 102,48 22,23 0,26570 0,76697 Pos 110 111,53 24,43 0,02332 0,97696 112,16 24,02 0,06518 0,93692 Neg 90 92,77 22,13 0,09205 0,91211 92,58 21,64 0,01784 0,98232 Neg 100 100,81 24,24 0,04418 0,83391 103,98 22,18 0,07614 0,92672 Neg 110 110,54 25,75 0,01668 0,98346 112,21 22,38 0,01134 0,98872 De acordo com os resultados apresentados na Tabela 8.1, a diferença entre o valor da corrente ajustada na máquina, Iajus, e monitorada durante o teste, Ireal, não é significante. A flutuação entre estes valores é de ± 2A para as correntes de 70 e 80A e de ± 3A para as correntes de 90, 100 e 110A. Em relação aos valores de F e P, observa-se que a condição de igualdade dos resultados entre amostras é bastante satisfatória (F < 1 e P > α), viabilizando calcular a média de T por segundo e encontrar a curva ajustada de T(t). Com estas curvas, ciclos térmicos para todos os testes foram traçados e a primeira comparação realizada foi entre resultados obtidos nas polaridades negativa e positiva. As Figuras 8.1, 8.2 e 8.3 apresentam os ciclos térmicos dos testes realizados com eletrodos 2,0, 2,5 e 3,25 mm de diâmetro, respectivamente. Para facilitar a identificação dos resultados nestas figuras, legendas identificando as condições estabelecidas por teste são apresentadas. Conforme pode ser observado nestas figuras, a diferença entre os ciclos térmicos obtidos nas polaridades positiva e negativa não é significante. Esta verificação foi confirmada ao aplicar o método ANOVA e constatar valores de F < 1 e de P > 0,05, conforme pode ser observado na Tabela 8.2. É importante ressaltar que para que a condição de igualdade entre resultados seja satisfatória, a condição de F < 1 e P > α deve ser obedecida. A condição de igualdade entre resultados foi satisfatória tanto na comparação dos ciclos térmicos obtidos entre amostras quanto na comparação dos ciclos térmicos obtidos entre testes realizados nas polaridades positiva e negativa. A análise do tipo “quanto maior o valor de F e menor o valor de P mais fraca é a igualdade dos resultados ou maior é a influência do parâmetro na resposta do processo” é indevida. Análise desta natureza somente é válida quando o valor de F é maior que 1 [Triola, 1999]. Observando os resultados apresentados nas Figuras 8.1 a 8.3 percebe-se claramente que a temperatura do eletrodo revestido é fortemente influenciada pela corrente de soldagem, pelo diâmetro do arame e pelo tipo do eletrodo; e valores de F superiores a 1 devem ser obtidos ao confrontar ciclos térmicos alterando estes parâmetros. Além disto, percebe-se que, para as mesmas condições de soldagem, as temperaturas obtidas com eletrodos E6013 são superiores às obtidas com E7018. 700 700 E6013 - 2,0 mm 90 A 80 A o 500 400 70 A 300 200 100 Pos Neg 0 0 5 10 15 20 E7018 - 2,0 mm 600 Temperatura ( C) o Temperatura ( C) 600 25 90 A 500 400 80 A 300 70 A 200 100 Pos Neg 0 30 0 5 10 Tempo (s) 15 20 25 30 Tempo (s) Figura 8.1 – Ciclos térmicos dos testes realizados com eletrodos de 2,0 mm de diâmetro 600 E6013 - 2,5 mm 110 A 100 A 90 A 400 80 A 300 70 A 200 100 Pos Neg 0 0 10 20 30 40 E7018 - 2,5 mm 500 o o Temperatura ( C) 500 Temperatura ( C) 600 110 A 100 A 90 A 400 300 80 A 70 A 200 100 Pos Neg 0 0 50 10 20 30 40 50 Tempo (s) Tempo (s) Figura 8.2 – Ciclos térmicos dos testes realizados com eletrodos de 2,5 mm de diâmetro 350 E6013 - 3,25 mm 110 A 250 100 A 200 90 A 150 100 50 Pos Neg 0 0 10 20 30 Tempo (s) 40 50 E7018 - 3,25 mm 300 o o Temperatura ( C) 300 Temperatura ( C) 350 250 110 A 200 100 A 150 90 A 100 50 Pos Neg 0 0 10 20 30 40 50 Tempo (s) Figura 8.3 – Ciclos térmicos dos testes realizados com eletrodos de 3,25 mm de diâmetro Tabela 8.2 – Fator F e valor P resultantes das confrontações entre ciclos térmicos obtidos nas polaridades positiva e negativa para eletrodos E6013 e E7018 (mm) E6013 I (A) / Polaridade E7018 F P F P 2,0 70/Pos versus 70/Neg 0,04192 0,83850 0,15169 0,69835 2,0 80/Pos versus 80/Neg 0,00934 0,92341 0,00377 0,95127 2,0 90/Pos versus 90/Neg 0,00848 0,92713 0,00139 0,97037 2,5 70/Pos versus 70/Neg 0,03394 0,85422 0,00923 0,92366 2,5 80/Pos versus 80/Neg 0,24370 0,62278 0,03945 0,84300 2,5 90/Pos versus 90/Neg 0,04572 0,83125 0,00315 0,95534 2,5 100/Pos versus 100/Neg 0,04213 0,83799 0,03204 0,85840 2,5 110/Pos versus 110/Neg 0,21604 0,64382 0,24207 0,62450 3,25 90/Pos versus 90/Neg 0,25985 0,61551 0,39764 0,52978 3,25 100/Pos versus 100/Neg 0,19537 0,65946 0,39091 0,53327 3,25 110/Pos versus 110/Neg 0,20578 0,65110 0,34591 0,55779 Visto que a polaridade não influenciou a temperatura do eletrodo e para simplificar as confrontações entre ciclos térmicos alterando os parâmetros citados, calculou-se a média entre os ciclos térmicos obtidos nas polaridades positiva e negativa. Esta nova curva média de T(t) passou a representar o teste de temperatura do eletrodo revestido independente da polaridade utilizada. A Tabela 8.3 apresenta os valores de F e P resultantes das confrontações realizadas alterando a corrente de soldagem. Para facilitar a escrita da análise dos resultados apresentados nesta tabela, suas linhas foram numeradas. Assim, comparações entre resultados da linha 3 com resultados da linha 6, por exemplo, serão indicados no texto por 3/6 e comparações entre resultados da linha 3, com linha 4, com linha 5 e com linha 6 serão indicados por 3/4/5/6. Além disto, quando não estiver explícito o tipo de eletrodo, a análise é válida tanto para o eletrodo E6013 quanto para o E7018. A Figura 8.4 representa graficamente os valores de F apresentados na Tabela 8.3, tendo as linhas numeradas desta tabela representadas na abscissa do gráfico. É interessante observar na Figura 8.4 que os eletrodos E6013 e E7018 respondem de forma similar à influência da corrente de soldagem. Tabela 8.3 – Fator F e valor P resultantes das confrontações de T(t) entre testes alterando a corrente de soldagem para eletrodos E6013 e E7018 Linha E6013 I (A) (mm) E7018 F P F P 1 2,0 70 versus 80 7,92 0,00640 7,22 0,00904 2 2,0 70 versus 90 17,85 0,00007 16,34 0,00034 3 2,0 80 versus 90 6,18 0,01536 3,82 0,05482 4 2,5 70 versus 80 7,70 0,00662 9,30 0,00295 5 2,5 70 versus 90 19,45 0,00003 24,34 3E-6 6 2,5 70 versus 100 31,27 2E-7 32,36 2E-8 7 2,5 70 versus 110 37,85 2E-8 42,48 3E-9 8 2,5 80 versus 90 4,95 0,02841 5,73 0,01856 9 2,5 80 versus 100 16,83 0,00008 13,30 0,00043 10 2,5 80 versus 110 27,63 9E-7 27,23 1E-6 11 2,5 90 versus 100 5,41 0,02214 2,33 0,13015 12 2,5 90 versus 110 16,92 8E-5 13,97 0,00031 13 2,5 100 versus 110 5,53 0,02073 6,28 0,01389 14 3,25 90 versus 100 3,87 0,05202 3,75 0,05757 15 3,25 90 versus 110 11,70 0,00091 13,17 0,00046 16 3,25 100 versus 110 2,56 0,11258 6,89 0,01007 E6013 E7018 45 40 Fator F 35 30 25 20 15 10 5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 Linhas Figura 8.4 – Representação gráfica dos valores de F resultantes das 16 confrontações de T(t) entre testes alterando a corrente de soldagem Sabe-se que, mantendo os demais parâmetros de soldagem constantes, quanto maior a corrente de soldagem maior a temperatura do eletrodo revestido. Este fato foi reafirmado conforme pode ser observado ao comparar as linha 1/2, 4/5/6/7, 8/9/10, 11/12 e 14/15 da Tabela 8.3 e ao observar a Figura 8.5, que apresenta graficamente estas comparações. Nesta figura, juntamente com a indicação do número da linha, estão indicados os valores da corrente de soldagem referentes às confrontações realizadas. É interessante destacar que um aumento de 10 A na corrente de soldagem resultou em diferentes níveis de influência na temperatura do eletrodo: 1/3, 4/8/11/13 e 14/16. Estas comparações também estão ilustradas na Figura 8.5. Para variações na corrente de 70, 80 e 90 A e para diâmetros de 2,0 e 2,5 mm: 1/3 e 4/8, a influência da corrente foi mais significante quando esta foi alterada de 70 para 80 A do que de 80 para 90 A. Para variações na corrente de 90, 100 e 110 A e diâmetro de 2,5 mm: 11/13, a influência da corrente foi mais significante quando esta foi alterada de 100 para 110 A do que de 90 para 100 A. Porém, para o diâmetro de 3,25 mm, comportamentos diferentes entre os eletrodos E6013 e E7018 foram observados: 14/16. Para eletrodo E6013, a influência da corrente foi mais significativa quando esta foi alterada de 90 para 100 A do que de 100 para 110 A. Comportamento oposto foi observado para eletrodo E7018. A explicação para os diferentes comportamentos observados pode estar nas diferentes espessura e, consequentemente, diâmetro dos eletrodos testados e, talvez, nas diferentes temperaturas de dissociações dos componentes do revestimento (diferentes tipos de revestimentos). A Tabela 8.4 apresenta a espessura do revestimento dos eletrodos E6013 e E7018 para os diâmetros de arame utilizados neste trabalho. Os valores entre parênteses apresentados nesta tabela correspondem aos diâmetros dos eletrodos testados. Na prática da soldagem, é comum mencionar diâmetro do eletrodo e este se referir ao valor do diâmetro do arame. Entretanto, na escrita deste documento, diâmetro do eletrodo refere-se ao valor do diâmetro do arame mais duas vezes a espessura do revestimento. Uma mudança de 2,0 para 2,5 mm, de 2,5 para 3,25 mm e de 2,0 para 3,25 mm no diâmetro do arame corresponde a um aumento percentual de diâmetro de 25%, 30% e 62,5%, respectivamente. Devido às diferentes espessuras de revestimento, para eletrodos E6013, estas alterações no diâmetro do arame resultam num aumento de 27,4%, 16,5% e 58,1% no diâmetro do eletrodo e para eletrodos E7018, num aumento de 17,5%, 19,1% e 40%, respectivamente. E6013 E7018 30 18 40 25 30 20 15 12 15 20 10 9 10 6 1 2 70/80 Fator F 70/80 70/90 16 5 4 5 70/90 6 70/100 7 8 9 80/90 70/110 80/100 10 80/110 8 12 7 12 9 8 4 11 6 5 3 4 12 90/100 6 14 90/110 15 7 9 6 5 4 70/80 5 4 4 3 3 2 2 8 80/90 80/90 6 5 7 3 70/80 7 6 8 1 90/110 90/100 11 13 90/100 100/110 14 16 100/110 90/100 Linhas Figura 8.5 – Representação gráfica da influência da corrente de soldagem na temperatura dos eletrodos revestidos Tabela 8.4 – Espessura do revestimento dos eletrodos testados φ (mm) Espessura do Revestimento (mm) E6013 E7018 2,0 0,550 (3,10) 1,000 (4,0) 2,5 0,725 (3,95) 1,100 (4,7) 3,25 0,675 (4,60) 1,175 (5,6) Sabe-se que, mantendo os demais parâmetros de soldagem constantes, quanto maior o diâmetro do arame menor a temperatura do eletrodo revestido. Portanto, é de se esperar que quanto maior a diferença entre os diâmetros de arame testados, maior a diferença entre os resultados de temperatura obtidos e maior o valor de F. A Tabela 8.5 apresenta os valores de F e P resultantes das confrontações realizadas alterando o diâmetro do arame. Tabela 8.5 – Fator F e valor P resultantes das confrontações de T(t) entre testes alterando o diâmetro de eletrodos E6013 e E7018 Linha I(A) E6013 (mm) E7018 F P F P 1 70 2,0 versus 2,5 25,59 4E-6 28,03 2E-6 2 80 2,0 versus 2,5 24,23 7E-6 25,92 4E-6 3 90 2,0 versus 2,5 23,77 8E-6 22,66 2E-5 4 90 2,0 versus 3,25 32,94 4E-7 42,25 2E-8 5 90 2,5 versus 3,25 22,71 1E-5 22,12 2E-5 6 100 2,5 versus 3,25 21,44 2E-5 21,13 2E-5 7 110 2,5 versus 3,25 21,34 2E-5 18,15 8E-5 De acordo com os resultados apresentados nesta tabela, mantendo a corrente de soldagem constante e alterando o diâmetro do arame, linhas 3/4/5, maiores valores de F foram obtidos na alteração do diâmetro do arame de 2,0 para 3,25 mm, 62,5%, linha 4, sendo que este fato está coerente com o esperado. Porém, um aumento de 25% no diâmetro do arame, linha 3, deveria resultar numa influência menor na temperatura do eletrodo do que um aumento de 30 %, linha 5, e isto não foi observado. Para eletrodos E6013, este fato se justifica visto que um aumento de 25% no diâmetro do arame resulta num aumento de 27,4% no diâmetro do eletrodo e um aumento de 30%, resulta num aumento de 16,5%. Porém, novamente, comportamento oposto ao eletrodo E6013 foi observado para eletrodo E7018 de 3,25 mm de diâmetro. É interessante destacar ainda que, com exceção dos resultados apresentados na linha 4, alterações no diâmetro do arame de 2,0 para 2,5 mm e de 2,5 para 3,25 mm resultaram em valores de F próximos entre si. Esta proximidade é maior entre as linhas 5/6/7 do que 1/2/3. Percebe-se ainda que à medida que a corrente de soldagem aumenta, para a mesma alteração no diâmetro do arame, 1/2/3 e 5/6/7, o valor de F diminui um pouco. Entre os testes variando a corrente de soldagem, um aumento exato de 25% na corrente significa uma alteração de 80 para 100 A. Comparando os valores de F resultantes das confrontações entre testes alterando em 25% o diâmetro do arame, linhas 1, 2 e 3 da Tabela 8.5 com o valor de F alterando em 25% a corrente de soldagem, linha 9 da Tabela 8.3, observam-se níveis de influência maiores da alteração do diâmetro em relação à corrente de soldagem. Consequentemente, devem ser observadas temperaturas mais altas ao alterar o diâmetro do arame do que ao alterar a corrente de soldagem. Soldando com eletrodo de 2,0 mm de diâmetro e com corrente de 80 A, após 25 minutos, a temperatura do eletrodo E6013 é de aproximadamente 590 oC e do eletrodo E7018, de 350 oC, no ponto monitorado. Soldando com eletrodo de 2,5 mm e corrente de 80 e 100 A, após 25 minutos, a temperatura do eletrodo E6013 é de 180 e 285 oC e do E7018 é de 145 e 210 oC, respectivamente. Com esta análise, mesmo considerando as diferenças de espessura dos revestimentos (diâmetro dos eletrodos), a influência do diâmetro do arame é maior que a influência da corrente de soldagem na temperatura do eletrodo revestido. Sabe-se que para regiões afastadas da frente de fusão, o calor gerado por efeito Joule, QJ, definido na Eq. 4.2 e repetida abaixo e expandida, é a principal fonte de calor responsável pelo aquecimento do eletrodo revestido. Q J = RI 2 = ρe L A I2 = ρe L 2 I πd 2 (4.2a) 4 De acordo com esta equação, o calor gerado por efeito Joule é diretamente proporcional à corrente de soldagem e inversamente proporcional ao diâmetro do arame. A mesma influência da corrente de soldagem, mas em sentido contrário, deveria ser esperada para o diâmetro do eletrodo, porém isto não foi observado, conforme apresentado acima. Analisando os resultados referentes às confrontações entre testes realizados com eletrodo E6013 e E7018 nas mesmas condições de soldagem, resultados apresentados na Tabela 8.6, percebe-se valores de F próximos entre si, com exceção das confrontações entre eletrodos de 3,25 mm de diâmetro: 9/10/11. Sendo que os valores de F resultantes destas três confrontações são próximos um do outro. Isto sugere que a provável justificativa do aquecimento dos Eletrodos E7018 de 3,25 mm de diâmetro ser diferente dos demais analisados está associada a espessura do revestimento, visto que a influência do tipo de revestimento apresenta um comportamento padronizado em cada diâmetro de arame testado. Tabela 8.6 – Fator F e valor P resultantes das confrontações de T(t) entre testes realizados com eletrodos E6013 e E7018 Linha (mm) E6013 versus E7018 I (A) F P 1 2,0 70 5,35 0,02434 2 2,0 80 6,21 0,01561 3 2,0 90 8,66 0,00468 4 2,5 70 7,44 0,00755 5 2,5 80 5,74 0,01849 6 2,5 90 5,79 0,03108 7 2,5 100 6,36 0,01331 8 2,5 110 7,81 0,00624 9 3,25 90 1,97 0,06567 10 3,25 100 1,83 0,02462 11 3,25 110 1,44 0,23226 Uma análise similar à descrita acima, em relação à influência da polaridade, corrente de soldagem, diâmetro do arame, espessura e tipo do revestimento no consumo dos eletrodos revestido, também foi realizada. Esta análise é descrita a seguir. 8.2.2 Consumo dos Eletrodos Revestidos No Capítulo 7, foi comentada a diferença entre a taxa de consumo média, TCm, e a taxa de consumo instantânea, TC(t), dos eletrodos revestidos. Conforme exemplificado na Figura 7.15, com os dados experimentais, obteve-se equações do comprimento consumido dos eletrodos revestidos em função do tempo de soldagem, Lc(t). Estas equações foram derivadas em relação ao tempo, obtendo, assim, a taxa de consumo instantânea dos eletrodos revestidos, TC(t). Utilizando as equações de Lc(t) e de TC(t), calculou-se TCm e TC(t1), respectivamente, calculados para todos os testes realizados para um tempo de soldagem, t1, pré-determinado de 30 segundos. A Tabela 8.7 apresenta os resultados obtidos para TCm e TC(t1). Observa-se com estes resultados que os valores obtidos para TCm são diferentes dos obtidos para TC(t1). Apenas com os valores apresentados nesta tabela, poderia-se imaginar que a diferença entre TCm e TC(t1) não é muito expressiva, mas ao calcular TCm e TC(t1) em diferentes intervalos de tempo, percebe-se o quanto estes valores são diferentes. A Figura 8.6 apresenta TCm e TC(t) obtidos em diferentes intervalos de tempo para eletrodo E6013 de 2,5 mm de diâmetro com corrente de soldagem de 110 A na polaridade positiva. Estes resultados confirmam o fato da taxa de consumo dos eletrodos revestidos ser variável ao longo do tempo de soldagem. Por esta razão, a taxa de consumo deve ser representada pelos valores instantâneos e não médios. É interessante observar ainda que, de acordo com a Tabela 8.7, para eletrodos E6013, os valores obtidos para TCm e TC(t1) são maiores na polaridade negativa do que na polaridade positiva e situação contrária é observada para eletrodos E7018. Estes resultados indicam comportamentos diferentes em relação à influência da polaridade no consumo dos eletrodos revestidos. Utilizando as equações de Lc(t) e TC(t), comparações entre resultados obtidos nas polaridades negativa e positiva foram realizadas. As Figuras 8.7, 8.8 e 8.9 apresentam o comprimento consumido do eletrodo em função do tempo de soldagem e as Figuras 8.10, 8.11 e 8.12, a taxa de consumo instantânea, resultantes dos testes realizados com eletrodos de 2,0, 2,5 e 3,25 mm de diâmetro, respectivamente, nas polaridades negativa e positiva. Em todas as figuras, legendas identificando as condições estabelecidas por teste são apresentadas. Tabela 8.7 – Taxa de consumo média e instantânea dos eletrodos testados (mm) Onde : I (A) 2,0 70 2,0 80 2,0 90 2,5 70 2,5 80 2,5 90 2,5 100 2,5 110 3,25 90 3,25 100 3,25 110 TC m = Lc (t1 ) t1 e E6013 E7018 Pol Pólo TCm TC(t) TCm TC(t) Pos 7,128 7,150 5,996 6,087 Neg 8,231 8,299 5,350 5,641 Pos 8,109 8,822 6,752 7,059 Neg 10,637 11,546 5,731 6,009 Pos 9,595 10,797 7,847 8,128 Neg 10,709 11,529 6,471 7,787 Pos 4,582 4,644 3,962 4,027 Neg 5,239 5,397 3,893 3,963 Pos 4,972 5,283 4,348 4,433 Neg 6,149 6,177 4,128 4,056 Pos 5,701 5,759 4,900 5,076 Neg 6,537 6,594 4,246 4,683 Pos 6,625 6,912 5,538 5,827 Neg 7,143 7,517 3,595 4,711 Pos 7,327 7,559 6,310 6,679 Neg 7,886 8,151 5,714 5,412 Pos 4,066 4,101 3,207 3,281 Neg 4,194 4,420 3,069 3,210 Pos 4,404 4,376 3,571 3,510 Neg 4,843 4,823 3,407 3,509 Pos 4,677 4,712 3,714 3,734 Neg 5,231 5,161 3,568 3,536 TC (t ) = TC (t1 ) E6013 2,5 mm 110 A Positiva Taxa de Consumo (mm/s) 7,5 7,0 6,5 6,0 TCm TC(t) 5,5 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 Tempo (s) Figura 8.6 – Taxa de consumo média e instantânea obtida em diferentes intervalos de tempo para eletrodo E6013 de 2,5 mm de diâmetro E6013 - 2,0 mm 300 Pos E7018 - 2,0 mm Neg 300 90 A 100 F = 1,236 P = 0,218 0 300 80 A 200 100 F = 1,802 P = 0,173 0 300 Neg 90 A 200 70 A 200 100 F = 1,766 P = 0,176 0 0 5 10 15 20 25 30 Comprimento consumido (mm) Comprimento consumido (mm) 200 Pos 100 F = 5,078 P = 0,058 0 300 80 A 200 100 F = 2,120 P = 0,154 0 300 70 A 200 100 F = 1,466 P = 0,198 0 0 Tempo (s) 5 10 15 20 Tempo (s) Figura 8.7 – Comprimento consumido em função do tempo de soldagem de eletrodos de 2,0 mm de diâmetro 25 30 E6013 - 2,5 mm 300 Pos E7018 - 2,5 mm Neg 110 A 300 200 F = 1,042 P = 0,198 0 90 A 200 100 F = 2,690 P = 0,125 0 80 A 300 100 A 200 100 F = 3,750 P = 0,087 0 300 90 A 200 100 F = 2,604 P = 0,128 0 300 200 80 A 200 100 F = 6,111 P = 0,042 0 300 Comprimento Consumido (mm) Comprimento Consumido (mm) 100 F = 6,176 P = 0,041 0 100 A 200 300 110 A 100 F = 1,118 P = 0,202 0 300 Neg 200 100 300 Pos 70 A 100 300 200 F = 0,418 P = 0,324 0 70 A 200 100 F = 2,709 P = 0,124 0 0 10 20 30 40 50 100 F = 0,034 P = 0,449 0 0 Tempo (s) 10 20 30 Tempo (s) Figura 8.8 – Comprimento consumido em função do tempo de soldagem de eletrodos de 2,5 mm de diâmetro 40 50 E6013 - 3,25 mm 110 A 300 200 100 F = 1,884 P = 0,167 0 300 100 A 200 100 F = 1,406 P = 0,202 0 300 E7018 - 3,25 mm Neg 90 A Comprimento consumido (mm) Comprimento consumido (mm) 300 Pos 200 Pos Neg 110 A 200 100 F = 0,194 P = 0,378 0 300 100 A 200 100 F = 0,482 P = 0,312 0 300 90 A 200 100 100 F = 0,222 P = 0,376 0 0 10 20 30 40 F = 0,314 P = 0,346 0 50 0 10 20 Tempo (s) 30 40 50 Tempo (s) Figura 8.9 – Comprimento consumido em função do tempo de soldagem de eletrodos de 3,25 mm de diâmetro Pos Neg E7018 - 2,0 mm 9 9 7 7 5 11 Pos Neg 11 90 A Taxa de Consumo (mm/s) Taxa de Consumo (mm/s) 11 E6013 - 2,0 mm 90 A 80 A 9 7 5 11 70 A 9 5 11 80 A 9 7 5 11 70 A 9 7 7 5 5 0 5 10 15 20 Tempo (s) 25 30 0 5 10 15 20 25 Tempo (s) Figura 8.10 – Taxa de consumo instantânea de eletrodos de 2,0 mm de diâmetro 30 E6013 - 2,5 mm Pos Neg E7018 - 2,5 mm 110 A 8 6 6 4 4 2 2 100 A 100 A 8 8 6 6 4 4 2 2 Taxa de Consumo (mm/s) Taxa de Consumo (mm/s) Neg 110 A 8 90 A 8 6 4 2 80 A 8 8 90 A 6 4 2 80 A 8 6 6 4 4 2 2 8 Pos 70 A 70 A 8 6 6 4 4 2 2 0 10 20 30 Tempo (s) 40 50 0 10 20 30 40 Tempo (s) Figura 8.11 – Taxa de consumo instantânea de eletrodos de 2,5 mm de diâmetro 50 E6013 - 3,25 mm Pos E7018 - 3,25 mm Neg 5 5 4 4 3 5 100 A 4 3 5 90 A 3 5 3 5 4 3 3 10 20 30 40 100 A 4 4 0 Neg 110 A Taxa de Consumo (mm/s) Taxa de Consumo (mm/s) 110 A Pos 50 90 A 0 Tempo (s) 10 20 30 40 50 Tempo (s) Figura 8.12 – Taxa de consumo instantânea de eletrodos de 3,25 mm de diâmetro Baseado nos resultados apresentados, pôde-se verificar que: 1) A taxa de consumo dos eletrodos E6013 é superior à taxa de consumo dos eletrodos E7018 e esta superioridade é independente da polaridade; 2) Para eletrodos E6013, a taxa de consumo na polaridade negativa é superior à taxa de consumo na polaridade positiva; 3) Para eletrodos E7018, a taxa de consumo na polaridade positiva é superior à taxa de consumo na polaridade negativa; e 4) De uma maneira geral, a polaridade influencia a taxa de consumo dos eletrodos testados. A questão da taxa de consumo dos eletrodos E6013 ser superior à dos eletrodos E7018 está, diretamente, relacionada ao fato das temperaturas obtidas com eletrodos E6013 serem superiores às obtidas com E7018. No entanto, é importante destacar a inversão de comportamento da taxa de consumo entre eletrodos E6013 e E7018 nas polaridades negativa e positiva, visto que não foi verificada nenhuma influência da polaridade na temperatura dos eletrodos testados. De acordo com dados de literatura [Claussen, 1949], pelo fato da fusão do revestimento ser mais lenta que a fusão do arame, um cone na ponta do eletrodo é formado durante a soldagem e, segundo Essers Es et al [1971], a taxa de consumo dos eletrodos pode estar associada à altura, hs, deste cone: cones mais profundos induzem o arco a permanecer no eixo do arame, reduzindo as perdas de calor por radiação, aumentando a temperatura da ponta do eletrodo e, consequentemente, a taxa de consumo. A Figura 8.13 apresenta fotografias mostrando a formação do cone na ponta de eletrodos E6013 e E7018 de 3,25 mm de diâmetro, após serem fundidos com corrente de soldagem de 110 A nas polaridades negativa e positiva. Figura 8.13 – Cones formados na ponta do eletrodo durante a soldagem Através desta figura, percebe-se se que cones mais profundos foram obtidos na polaridade negativa para eletrodos E6013 e na polaridade positiva para eletrodos E7018. Percebe-se Percebe se ainda que o cone formado na ponta do eletrodo E7018 na polaridade positiva é mais profundo que os demais, em especial, se comparado ao formado no eletrodo E6013, com a mesma polaridade. Na polaridade negativa, a altura do cone formado nos eletrodos E6013 e E7018 é, praticamente, a mesma. A altura deste cone parece ser uma conseqüência e não uma causa do aumento da taxa de consumo dos eletrodos revestidos, pois, independente da altura do cone e da polaridade utilizada, a taxa de consumo dos eletrodos E6013 é superior à dos eletrodos E7018. Além disto, apesar da diferença de altura entre oss cones formados nos eletrodos E7018 de 3,25 mm de diâmetro, a influência da polaridade no consumo destes eletrodos é pequena, conforme mostraram os resultados apresentados nas Figuras 8.9 e 8.12. Destaca-se Destaca se ainda que quanto maior a espessura do revestimento to maior a possibilidade de formação de cones profundos, por outro lado, maior a quantidade de material a ser fundido e, assim, mais lenta é a fusão, como observado para eletrodos E7018. Considerando a composição química dos eletrodos testados, os eletrodos E6013 têm ingredientes mais termiônicos que os eletrodos E7018. A função termiônica de trabalho do titânio (E6013) é maior que a do cálcio (E7018) [CRC Handbook, 1992]. A função termiônica de trabalho é a energia necessária para liberar completamente um elétron da superfície de um sólido. Na soldagem, os mecanismos de emissão de elétrons mais importantes são a emissão termiônica (eletrodo negativo) e os mecanismos de emissão a frio (eletrodo positivo) [Modenesi, 2001]. A emissão termiônica resulta do aquecimento do material a uma temperatura suficientemente alta para causar a liberação de elétrons de sua superfície. Quando elementos de baixa função de trabalho estão presentes no revestimento dos eletrodos, como por exemplo o cálcio se comparado ao titânio, estes reduzem a função de trabalho efetiva do eletrodo, reduzindo o aquecimento do mesmo, facilitando a emissão de elétrons. Assim, a temperatura final do eletrodo é menor e, consequentemente, sua taxa de consumo. Este fato é mais uma justificativa para o consumo dos eletrodos E6013 ser maior que o consumo dos eletrodos E7018. Observando as Figuras 8.1 a 8.3 e 8.7 a 8.12, poderia-se dizer que a polaridade não influencia a temperatura do eletrodo, mas influencia seu consumo. Porém, de acordo com a análise descrita acima e com os resultados apresentados nas figuras citadas, a polaridade não influencia a temperatura do eletrodo em regiões afastadas da frente de fusão, mas influencia a temperatura da frente de fusão, influenciando, assim, a taxa de consumo dos eletrodos. Visto que a polaridade influencia a taxa de o consumo dos eletrodos revestidos, a análise da influência dos demais parâmetros foi realizada levando em consideração a polaridade utilizada. As Figuras 8.14 e 8.15 apresentam as variações de Lc(t) com a corrente de soldagem para eletrodos E6013 e E7018 nas polaridades positiva e negativa, respectivamente. Em todos os gráficos são apresentadas legendas identificando as condições de soldagem estabelecidas por teste. E7018 2,0 mm Positiva 300 90A 250 80A 70A 200 150 100 50 0 0 5 10 15 20 25 Comprimento Consumido (mm) Comprimento Consumido (mm) E6013 2,0 mm Positiva 300 250 90A 200 80A 70A 150 100 50 0 0 30 5 10 350 300 250 200 150 100 50 0 30 40 Comrpimento Consumido (mm) Comprimento Consumido (mm) 110A 100A 90A 80A 70A 20 350 250 200 150 100 50 0 0 50 10 110A 100A 90A 250 200 150 100 50 0 40 Comprimento Consumido (mm) Comprimento Consumido (mm) 300 30 30 40 50 E7018 3,25 mm Positiva 350 20 20 Tempo (s) E6013 3,25 mm Positiva 10 30 110A 100A 90A 80A 70A 300 Tempo (s) 0 25 E7018 2,5 mm Positiva E6013 2,5 mm Positiva 10 20 Tempo (s) Tempo (s) 0 15 350 300 250 110A 100A 90A 200 150 100 50 0 50 0 10 20 30 40 50 Tempo (s) Tempo (s) Figura 8.14 – Comprimento consumido em função do tempo de soldagem para eletrodos E6013 e E7018 na polaridade positiva 90A 80A 250 70A 200 150 100 50 0 0 5 10 15 20 25 E7018 2,0 mm Negativa 300 Comprimento Consumido (mm) Comprimento Consumido (mm) E6013 2,0 mm Negativa 300 250 90A 80A 70A 200 150 100 50 0 30 0 5 Tempo (s) 300 250 200 150 100 50 0 20 30 40 300 200 150 100 50 0 50 0 10 200 150 100 50 0 40 Comprimento Consumido (mm) Comprimento Consumido (mm) 110A 100A 90A 30 30 40 50 E7018 3,25 mm Negativa 250 20 20 Tempo (s) 300 10 30 110A 100A 90A 80A 70A 250 E6013 3,25 mm Negativa 0 25 350 Tempo (s) 350 20 E7018 2,5 mm Negativa Comprimento Consumido (mm) Comprimento Consumido (mm) 110A 100A 90A 80A 70A 350 10 15 Tempo (s) E6013 2,5 mm Negativa 0 10 350 300 250 110A 100A 90A 200 150 100 50 0 50 0 10 20 30 40 50 Tempo (s) Tempo (s) Figura 8.15 – Comprimento consumido em função do tempo de soldagem para eletrodos E6013 e E7018 na polaridade negativa Estes resultados, confirmam claramente que quanto maior a corrente de soldagem maior a taxa de consumo dos eletrodos revestidos. Comparando as Figuras 8.14 e 8.15 com as Figuras 8.1 a 8.3, observa-se que, para as mesmas condições de soldagem, a diferença entre resultados, alterando a corrente de soldagem, é maior nos ciclos térmicos do que no consumo dos eletrodos. Aplicando a análise estatística nos resultados de consumo tem-se a Tabela 8.8 que apresenta os valores de F e P resultantes das confrontações realizadas de Lc(t) alterando a corrente de soldagem na polaridade positiva para eletrodos E6013 e E7018, a Figura 8.16 que representa graficamente os valores de F apresentados na Tabela 8.8. A Tabela 8.9 e a Figura 8.17 apresentam os resultados obtidos na polaridade negativa. Comparando os resultados estatísticos referentes à influência da corrente de soldagem no consumo dos eletrodos revestidos (Tabelas 8.8 e 8.9 e Figuras 8.16 e 8.17) com os resultados na temperatura do eletrodo (Tabela 8.3 e Figura 8.4), observa-se que os valores de F, resultantes da influência da corrente de soldagem na temperatura do eletrodo revestido, são superiores aos valores relacionados ao seu consumo. Além disto, é interessante destacar a semelhança entre as Figuras 8.4, 8.16 e 8.17. Estes fatos sugerem que é a variação da temperatura do eletrodo revestido a responsável pela variação do consumo dos eletrodos durante a soldagem, isto é, qualquer parâmetro que cause uma variação na temperatura do eletrodo, causa, consequentemente, uma variação na taxa de consumo do eletrodo. Comparando a influência do diâmetro do arame no consumo dos eletrodos, Fator F apresentado na Tabela 8.10, com a influência deste parâmetro na temperatura do eletrodo, Tabela 8.5, percebe-se uma similaridade na análise dos resultados, com exceção do fato que, na Tabela 8.10, F oscila ao invés de diminuir como na Tabela 8.5. A Tabela 8.11 apresenta o fator F resultante das confrontações de Lc(t) entre testes realizados com eletrodo E6013 e E7018, nas mesmas condições de soldagem. Comparando os resultados apresentados nesta tabela com os apresentados na Tabela 8.6, percebe-se total similaridade na análise dos resultados. Tabela 8.8 – Fator F e valor P resultantes das confrontações de Lc(t) entre testes alterando a corrente de soldagem para eletrodos E6013 e E7018, na polaridade positiva Linha E6013 I (A) Pos (mm) E7018 F P F P 1 2,0 70 versus 80 1,361 0,2426 1,018 0,31537 2 2,0 70 versus 90 6,793 0,1058 5,276 0,0238 3 2,0 80 versus 90 2,155 0,1454 1,673 0,1989 4 2,5 70 versus 80 3,019 0,0838 1,427 0,2334 5 2,5 70 versus 90 6,557 0,0112 6,989 0,0086 6 2,5 70 versus 100 21,93 5E-6 18,54 2E-5 7 2,5 70 versus 110 30,44 1E-7 33,47 2E-8 8 2,5 80 versus 90 1,140 0,226 2,168 0,1425 9 2,5 80 versus 100 8,919 0,0032 10,30 0,0016 10 2,5 80 versus 110 14,70 2E-4 22,81 3E-6 11 2,5 90 versus 100 5,389 0,0213 3,219 0,0743 12 2,5 90 versus 110 10,17 0,0017 11,90 6E-4 13 2,5 100 versus 110 1,453 0,1975 2,915 0,0889 14 3,25 90 versus 100 1,012 0,2388 1,309 0,2540 15 3,25 90 versus 110 2,792 0,0963 3,368 0,0679 16 3,25 100 versus 110 0,959 0,3285 0,921 0,2491 E6013 E7018 Positiva 35 30 Fator F 25 20 15 10 5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 Linhas Figura 8.16 – Representação gráfica dos valores de F resultantes das confrontações de Lc(t) entre testes alterando a corrente de soldagem na polaridade positive Tabela 8.9 – Fator F e valor P resultantes das confrontações de Lc(t) entre testes alterando a corrente de soldagem para eletrodos E6013 e E7018, na polaridade negativa Linha E6013 I (A) Neg (mm) E7018 F P F P 1 2,0 70 versus 80 1,034 0,3118 1,059 0,1769 2 2,0 70 versus 90 5,261 0,0240 2,795 0,0978 3 2,0 80 versus 90 1,707 0,1945 1,297 0,2575 4 2,5 70 versus 80 2,678 0,1033 1,096 0,2301 5 2,5 70 versus 90 5,148 0,0244 3,342 0,0691 6 2,5 70 versus 100 14,77 1E-4 6,962 0,0089 7 2,5 70 versus 110 22,83 3E-6 12,02 6E-4 8 2,5 80 versus 90 1,028 0,4461 1,256 0,2637 9 2,5 80 versus 100 5,467 0,0204 3,712 0,0555 10 2,5 80 versus 110 10,95 0,0011 7,615 0,0063 11 2,5 90 versus 100 2,991 0,0853 1,197 0,2207 12 2,5 90 versus 110 7,339 0,0734 2,521 0,1139 13 2,5 100 versus 110 1,028 0,4056 1,347 0,2064 14 3,25 90 versus 100 1,497 0,1940 0,761 0,2251 15 3,25 90 versus 110 2,567 0,1100 1,931 0,1663 16 3,25 100 versus 110 1,666 0,2230 0,970 0,3126 E6013 E7018 Negativa 25 Fator F 20 15 10 5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 Linhas Figura 8.17 – Representação gráfica dos valores de F resultantes das confrontações de Lc(t) entre testes alterando a corrente de soldagem na polaridade negativa Tabela 8.10 – Fator F resultante das confrontações de Lc(t) entre testes alterando o diâmetro de eletrodos E6013 e E7018, nas polaridades negativa e positiva Linha I(A) E6013 (mm) E7018 F Neg F Pos F Neg F Pos 1 70 2,0 versus 2,5 8,693 8,428 3,977 6,446 2 80 2,0 versus 2,5 6,477 8,864 4,516 7,239 3 90 2,0 versus 2,5 9,348 9,950 6,144 8,316 4 90 2,0 versus 3,25 29,12 23,21 16,699 26,431 5 90 2,5 versus 3,25 8,526 4,958 3,538 6,657 6 100 2,5 versus 3,25 5,723 6,834 2,934 7.782 7 110 2,5 versus 3,25 6,787 7,792 4,327 9,731 Tabela 8.11 – Fator F resultante das confrontações de Lc(t) entre testes realizados com eletrodos E6013 e E7018, nas polaridades negativa e positiva Linha (mm) I (A) E6013 versus E7018 F Neg F Pos 1 2,0 70 8,183 1,418 2 2,0 80 9,404 1,306 3 2,0 90 11,54 1,485 4 2,5 70 8,668 0,987 5 2,5 80 7,475 0,739 6 2,5 90 8,869 1,269 7 2,5 100 7,579 1,595 8 2,5 110 8,026 0,925 9 3,25 90 4,305 2,551 10 3,25 100 3,711 2,289 11 3,25 110 4,946 2,619 8.3 Apresentação e Análise dos Resultados Experimentais obtidos com as Configurações 1 e 2 Visto que todos os testes realizados com a configuração 1 (Figura 7.2, Capítulo 7) também foram realizados com a configuração 3 (Figura 7.4), as temperaturas monitoradas no ponto 3, obtidas com a configuração 1, foram comparadas às obtidas, no mesmo ponto de monitoração, com a configuração 3. Este procedimento foi adotado para ser um critério de aceitação dos resultados da configuração 1. A Figura 8.18 apresenta as curvas T(t) referentes ao ponto 3, para testes realizados com as configurações 1 e 3, assim como os valores de F e P resultantes destas confrontações realizadas. 80A 2,0 mm Conf.3 Conf.1 80A 2,5 mm 400 400 300 E7018 F=0,03909 P=0,84396 200 E6013 F=0,0557 P=0,8138 300 200 E7018 F=0,00057 P=0,98105 100 0 0 0 5 10 15 20 25 0 30 10 110A 2,5 mm 20 30 40 50 Tempo (s) Tempo (s) Conf.3 110A 3,25 mm Conf.1 Conf.3 Conf.1 350 900 800 E6013 F=0,01862 P=0,89174 o 700 600 Temperatura ( C) o Conf.1 o E6013 F=0,00143 P=0,96998 500 Temperatura ( C) 600 100 Temperatura ( C) Conf.3 500 o Temperatura ( C) 700 500 400 300 E7018 F=0,01585 P=0,90007 200 100 10 20 30 Tempo (s) 40 E6013 F=0,02461 P=0,87566 250 200 150 E7018 F=0,00005 P=0,98169 100 50 0 0 0 300 50 0 10 20 30 40 50 Tempo (s) Figura 8.18 – Comparações entre ciclos térmicos obtidos no ponto 3 com as configurações 3 e 1 Conforme pode ser observado nesta figura, a diferença entre os resultados obtidos com as duas configurações é insignificante. Aprovado o critério de avaliação proposto, curvas de T(t) referentes aos resultados obtidos nos pontos de monitoração 1, 2 e 3 foram traçadas para os testes realizados com a configuração 1. A Figura 8.19 apresenta os resultados obtidos para testes realizados com corrente de soldagem de 80 A e a Figura 8.20, com corrente de 110 A. De acordo com estes resultados, e conforme comentado no Capítulo 6, a temperatura monitorada no ponto 1, T1 praticamente não apresentou variações no tempo, visto que o termopar foi posicionado antes do porta-eletrodo, não havendo corrente passando pelo ponto de monitoração e, portanto, não havendo geração de calor. 500 500 400 o 600 E6013 80A 2,0 mm T1 T2 T3 Temperatura ( C) o Temperatura ( C) 700 400 300 200 100 E7018 80 A 2,0 mm T1 T2 T3 300 200 100 0 0 0 5 10 15 20 25 30 0 5 10 Tempo (s) E6013 80 A 2,5 mm T1 T2 400 T3 500 20 25 30 E7018 80 A 2,5 mm T1 T2 300 T3 250 350 o Temperatura ( C) o Temperatura ( C) 15 Tempo (s) 300 200 100 0 200 150 100 50 0 0 10 20 30 Tempo (s) 40 50 0 10 20 30 40 50 Tempo (s) Figura 8.19 – Ciclos térmicos obtidos com a configuração 1, com corrente de soldagem de 80 A 700 900 800 o o Temperatura ( C) 800 E6013 110 A 2,5 mm T1 T2 T3 Temperatura ( C) 900 600 500 400 300 200 700 600 500 400 300 200 100 100 0 0 0 10 20 30 E7018 110 A 2,5 mm T1 T2 T3 40 0 10 Tempo (s) E6013 110 A 3,25 mm T1 T2 T3 30 40 50 E7018 110 A 3,25 mm T1 T2 250 T3 300 o Temperatura ( C) 250 o Temperatura ( C) 300 20 Tempo (s) 200 150 100 50 0 200 150 100 50 0 0 10 20 30 Tempo (s) 40 50 0 10 20 30 40 50 Tempo (s) Figura 8.20 – Ciclos térmicos obtidos com a configuração 1, com corrente de soldagem de 110 A Nos ciclos térmicos referentes aos pontos 2 e 3, curvas T2 e T3, respectivamente, é interessante observar que, independente do diâmetro do arame e da corrente de soldagem utilizada, nos eletrodos E6013, T2 é superior a T3, apenas no início do processo de soldagem. Já nos eletrodos E7018, esta superioridade ocorre em quase todo o processo de soldagem, sendo que T2 se aproxima de T3, apenas no fim do processo. O ponto de interseção entre T2 e T3 reflete, justamente, a influência do porta-eletrodo na temperatura dos eletrodos revestidos. Por outro lado, visto que o porta-eletrodo utilizado em todos os testes de soldagem foi o mesmo, a provável justificativa para os diferentes comportamentos observados nos eletrodos E6013 e E7018 é o fato da espessura do revestimento dos eletrodos E7018 serem superiores à dos eletrodos E6013: quanto maior a espessura do revestimento maior a perda de calor pelo mesmo. A influência do porta-eletrodo na temperatura dos eletrodos é reafirmada ao observar os resultados obtidos com a configuração 2. Resultados estes apresentados na Figura 8.21, para eletrodos que tiveram o comprimento da região não revestida alterado de 20 para 50 mm, configuração 2A, e na Figura 8.22, de 20 para 100 mm, configuração 2B (detalhes sobre a diferença entre as configurações 2A e 2B foram apresentados na Figura 7.3, Capítulo 7). Observa-se que em todos os testes, T2 é superior a T1. Nos testes realizados com a configuração 2A, Figura 8.21, esta superioridade ocorre após aproximadamente 15 segundos. Nos testes realizados com a configuração 2B, Figura 8.22, a diferença entre T1 e T2 é bastante uniforme durante todo o tempo de soldagem. Esta questão está provavelmente associada ao fato da distância entre os pontos de monitoração 1 e 2 ser de 90 mm, na configuração 2A, e de 25 mm, na configuração 2B. Os resultados apresentados nas Figuras 8.19 a 8.22 confirmam duas questões: A temperatura na região não revestida do eletrodo é superior à temperatura da região revestida: T1 e T2 > T3, e Existe uma forte influência do porta-eletrodo na temperatura do eletrodo revestido: T2 > T1. Foi preparado um procedimento para demonstrar, visualmente, que o aquecimento da região não revestida do eletrodo é maior que o aquecimento da região revestida e que a região do arame posicionada antes do porta-eletrodo possui um aquecimento bem inferior que o da região após o porta-eletrodo. A Figura 8.23 apresenta uma seqüência de fotografias que mostra o procedimento realizado. Conforme pode ser visto nesta figura, um eletrodo de 3,25 mm de diâmetro teve o comprimento da região não revestida alterada de 20 para 100 mm e o porta-eletrodo foi posicionamento no ponto médio neste comprimento. E7018 110A 2,5 mm CASR = 50 mm T1 T2 T3 1000 Temperatura ( C) o 800 o Temperatura ( C) 1000 E6013 110A 2,5 mm CASR = 50 mm T1 T2 T3 600 400 200 0 800 600 400 200 0 0 5 10 15 20 25 30 0 5 Tempo (s) 15 20 25 30 Tempo (s) E7018 110A 3,25 mm CASR = 50 mm T1 T2 T3 500 Temperatura ( C) E6013 110A 3,25 mm CASR = 50 mm T1 T2 T3 500 o 400 o Temperatura ( C) 10 300 200 100 400 300 200 100 0 0 10 20 30 40 50 0 10 20 30 40 50 Tempo (s) Tempo (s) Figura 8.21 – Ciclos térmicos obtidos com a configuração 2A: comprimento da região não revestida do eletrodo de 50 mm E7018 110A 3,25 mm CASR = 100 mm T1 T2 T3 500 Temperatura ( C) 400 o 800 o Temperatura ( C) E7018 110A 2,5 mm CASR = 100 mm T1 T2 T3 1000 600 400 200 300 200 100 0 0 0 5 10 15 20 25 30 0 10 20 30 40 50 Tempo (s) Tempo (s) Figura 8.22 – Ciclos térmicos obtidos na configuração 2B: comprimento da região não revestida do eletrodo de 100 mm peça metálica (a) (c) (b) (d) Figura 8.23 – Seqüência de fotografias mostrando o aquecimento da região não revestida do eletrodo até seu rompimento Destaca-se que o processo de aquecimento do eletrodo, para o experimento ilustrado na Figura 8.23, foi exclusivamente por efeito Joule, visto que o aquecimento iniciou no momento que o eletrodo encostou na peça metálica e assim permaneceu, criando um curto- circuito entre o eletrodo e a peça metálica, Fotografia (a). Com aproximadamente 10 segundos, a região imediatamente após o porta-eletrodo entrou no processo de incandescência, enquanto que a região antes do porta-eletrodo não (b). Com menos de 15 segundos, ocorreu o rompimento da região não revestida do eletrodo por fusão, Fotografias (c) e (d). 8.4 Simulação Numérica dos Resultados Experimentais e Análise Final dos Resultados No Capítulo 4, foi comentado que a representação numérica do porta-eletrodo foi realizada acrescentando uma região no domínio de solução do problema, Figura 4.5. O comprimento desta região na direção z, Lp, é de 10 mm, porém, o comprimento na direção r, Rp, não foi estabelecido. O valor de Rp foi definido somente após a simulação numérica dos testes realizados com as configurações 1 e 2. Conforme mostrado experimentalmente, a temperatura na região do eletrodo sem revestimento sofre uma forte influência do porta-eletrodo. Sabendo disto, porém, desconhecendo este grau de influência, entendeu-se como necessário criar uma referência para definir o valor de Rp. Esta referência foi gerada em função da diferença entre os resultados experimentais e os simulados numericamente com a versão do programa sem porta-eletrodo. O primeiro passo foi definir o número de volumes de controle em cada região do eletrodo utilizando a versão do programa sem porta-eletrodo (Detalhe B, Figura 4.5). O segundo passo foi comparar os resultados experimentais de T1, T2 e T3 com os resultados obtidos numericamente com a versão do programa sem porta-eletrodo. O último passo foi testar diferentes valores de Rp utilizando a versão do programa com porta-eletrodo (Detalhe A, Figura 4.5), comparando os resultados de T1, T2 e T3 obtidos nesta versão com os anteriores. Através de testes de malha no espaço, o refino mínimo necessário para a malha gerada sem porta-eletrodo foi definido. Exemplificando, considere o eletrodo E6013 de 2,5 mm de diâmetro que tem 350 mm de comprimento e 0,725 mm de espessura de revestimento. Com base nestes valores, a Tabela 8.12 apresenta o número de volumes de controle em cada região do eletrodo citado neste exemplo. Considerando os volumes fictícios, a malha é gerada tendo 12 volumes na direção r e 372 volumes na direção z, isto é, 4.464 volumes de controle. Tabela 8.12 – Número de volumes de controle estabelecidos por região para eletrodo E6013 de 2,5 mm de diâmetro Variáveis Dimensões (x10-3m) / direção No de volumes A 20 / z 40 B 5/z 5 C 325 / z 325 D 1,25 / r 5 E 0,725 / r 5 Independente do diâmetro do arame (região D) e da espessura do revestimento (região E), todos os testes numéricos puderam ser realizados com 12 volumes na direção r. Na direção z, o número de volumes depende do comprimento de cada região, sendo que independente disto, a altura dos volumes na região não revestida (região A) é de 0,5 mm e nas demais região (B e C) é de 1,0 mm. A Tabela 8.13 apresenta um outro exemplo mostrando o número de volumes de controle em cada região do eletrodo E7018 de 2,0 mm de diâmetro. Tabela 8.13 – Número de volumes de controle estabelecidos por região para eletrodo E7018 de 2,0 mm de diâmetro Variáveis Dimensões (x10-3m) / direção No de volumes A 17 / z 34 B 3/z 3 C 280 / z 280 D 1,0 / r 5 E 1,0 / r 5 Pelo fato da temperatura do eletrodo apresentar um perfil praticamente plano ao longo de quase todo o comprimento da região revestida do eletrodo, a malha nesta região pôde ser menos refinada que a da região não revestida. O fator determinante para a diferença na altura dos volumes de controle entre as regiões revestida (B e C) e não revestida (A) foi o tempo computacional. Por exemplo, considerando a altura de 0,5 mm para todos os volumes de controle, a malha é gerada tendo 8.424 volumes de controle. O tempo de processamento do programa, nesta situação, é o dobro da anterior e a diferença dos resultados numéricos, na região revestida, é insignificante. Paralelamente ao teste de malha no espaço, testes de malha no tempo foram realizados. O intervalo de tempo mínimo necessário, para não haver interferência deste nos resultados simulados numericamente, foi de 0,25 segundos. Após os testes de malha, os testes propostos nas configurações 1 e 2 foram simulados numericamente com a versão do programa sem porta-eletrodo. Ao comparar os resultados numéricos com os experimentais foi verificado que, devido à forte influência do porta-eletrodo na temperatura do eletrodo revestido, seria necessário um valor de Rp consideravelmente alto, se comparado ao diâmetro do arame e a espessura do revestimento. O problema, neste caso, é que o domínio de solução apresenta uma protuberância geométrica acentuada, não sendo adequada a geração da malha com mapeamento em bloco único, como o realizado neste trabalho. Nesta situação, é difícil fazer com que as linhas coordenadas discretizem a protuberância com eficiência, independente do sistema de coordenadas generalizadas utilizado, conforme pode ser visto na Figura 8.24. O mapeamento indicado para esta situação seria por multiblocos. Mesmo sabendo deste problema, manteve-se a geração da malha com mapeamento em bloco único e o sistema de coordenadas generalizadas utilizado foi conforme o exemplo apresentado na Figura 8.24(c). Como será apresentado posteriormente, considerou-se desnecessário realizar estudos adicionais para reproduzir satisfatoriamente a influência do porta-eletrodo. Os resultados numéricos, obtidos com a versão desenvolvida do programa com porta-eletrodo, foram suficiente para alcançar os objetivos deste trabalho. De acordo com o que foi apresentado nas Tabelas 8.12 e 8.13, dividindo os valores da dimensão das regiões D e E por 5 (número de volumes de controle de cada região) tem-se a largura dos volumes, ou ainda, o incremento de ∆r, nas regiões do arame e do revestimento, respectivamente. Para a divisão da malha na versão do programa com porta eletrodo foi estabelecido que, na direção r, os 5 primeiros volumes de controle manteriam o valor de ∆r do arame, e os demais teriam o valor de ∆r do revestimento multiplicado por 5. Figura 8.24 – Exemplos de sistemas de coordenadas generalizadas Por exemplo, para as dimensões do eletrodo apresentadas na Tabela 8.12, na versão do programa com porta-eletrodo eletrodo os 5 primeiros volumes tem 0,2 mm de largura e os demais 1,0 mm, resultando em um valor de Rp de 6 mm. Para as dimensões apresentadas na Tabela 8.13, os valores correspondentes aos descritos acima são 0,25 mm, 0,725 mm e 4,875 mm, respectivamente. Desta forma, o valor de Rp fica associado ao valor da espessura do revestimento, que varia de eletrodo para eletrodo. Estabelecida a geração da malha malha,, simulações numéricas nas versões sem e com porta foram realizadas. A Figura 8.25 apresenta os resultados experimentais de T1, T2 e T3 e os obtidos numericamente com as versões do programa sem e com porta-eletrodo porta eletrodo de teste para o eletrodo E6013 de 2,5 mm de diâmetro, com corrente de soldagem de 110 A e comprimento da região não revestida do eletrodo, CASR, de 50mm, respectivamente. Este teste refere-se se ao realizado com a configuração 2A. E6013 110A 800 2,5 mm CASR = 50 mm T1 Exp T1 Num F = 1,83501 1000 800 Sem Porta-eletrodo T2 Exp T2 Num F = 1,52084 1000 800 T3 Exp T3 Num F = 0,00902 o Temperatura ( C) 1000 600 600 600 400 400 400 200 200 200 0 0 0 5 10 15 20 25 30 0 0 5 10 15 20 25 30 0 5 10 15 20 25 30 20 25 30 Tempo (s) E6013 110A 800 T1 Exp T1 Num F = 1,86839 1000 800 Com Porta-eletrodo T2 Exp T2 Num F = 1,40532 1000 800 T3 Exp T3 Num F = 0,00139 o Temperatura ( C) 1000 2,5 mm CASR = 50 mm 600 600 600 400 400 400 200 200 200 0 0 0 5 10 15 20 25 30 0 0 5 10 15 20 25 30 0 5 10 15 Tempo (s) Figura 8.25 – Comparações entre resultados experimentais e numéricos para eletrodo E6013 de 2,5 mm de diâmetro e CASR = 50 mm, configuração 2A Esta figura se divide em dois blocos: o primeiro apresenta os resultados simulados com a versão do programa sem porta-eletrodo e o segundo, com porta-eletrodo. Cada bloco contém três gráficos e estes apresentam os resultados simulados numericamente de T1, T2 e T3, respectivamente. Junto a estes resultados são apresentados os resultados experimentais e os valores do fator F referentes às confrontações entre resultados experimentais e numéricos. Observa-se que valores de F um pouco superior a 1 foram obtidos nas confrontações entre resultados experimentais e numéricos de T1 e T2, registrando uma pequena desigualdade dos resultados. Porém, a condição de igualdade entre T3, experimental e numérico, foi extremamente forte, tanto na versão do programa sem porta-eletrodo quanto na versão com porta-eletrodo. A diferença entre os valores de F, referentes às confrontações de T3 na versão do programa sem e com porta-eletrodo, deve-se às variações de malha. Porém, esta diferença é insignificante, podendo ser desconsiderada. Nas confrontações de T1 e T2, além da influência da malha, tem-se a influência do porta-eletrodo. A Figura 8.26 reproduz os resultados numéricos apresentados na Figuras 8.25, possibilitando a comparação entre T1, T2 e T3 obtidos com as duas versões do programa Electrode. Observa-se que com a versão do programa sem porta-eletrodo T1 é superior a T2, porém, com a versão do programa com porta-eletrodo, esta situação é invertida. Isto reflete justamente a influência do porta-eletrodo na temperatura do eletrodo. 1000 Temperatura ( C) 800 o o Temperatura ( C) 1000 E6013 110A 2,5 mm CASR = 50 mm T1 T2 T3 sem porta-eletrodo 600 400 200 0 E6013 110A 2,5 mm CASR = 50 mm T1 T2 T3 com porta-eletrodo 800 600 400 200 0 0 5 10 15 20 25 30 0 5 10 Tempo (s) 15 20 25 30 Tempo (s) Figura 8.26 – Simulação numérica de T1, T2 e T3 para eletrodo E6013 de 2,5 mm de diâmetro e CASR = 50 mm, configuração 2A Resultados similares aos apresentados nas Figuras 8.25 e 8.26 são apresentados nas Figuras 8.27 e 8.28 para eletrodo E7018. Observa-se na Figura 8.27 que com a versão do programa sem portaeletrodo, valor de F bem superior a 1 foi obtido na confrontação entre resultados experimentais e numéricos de T1, registrando uma forte desigualdade dos resultados. Observa-se ainda uma redução neste valor com a versão do programa com porta-eletrodo. E7018 110A 800 T1 Exp T1 Num F = 6,05601 1000 800 Sem Porta-eletrodo T2 Exp T2 Num F = 1,2185 1000 800 T3 Exp T3 Num F = 0,02296 o Temperatura ( C) 1000 2,5 mm CASR = 50 mm 600 600 600 400 400 400 200 200 200 0 0 0 5 10 15 20 25 30 0 0 5 10 15 20 25 30 0 5 10 15 20 25 30 20 25 30 Tempo (s) E7018 110A 800 1000 T1 Exp T1 Num F = 3,46624 800 Com Porta-eletrodo T2 Exp T2 Num F = 1,17127 1000 800 T3 Exp T3 Num F = 0,02308 o Temperatura ( C) 1000 2,5 mm CASR = 50 mm 600 600 600 400 400 400 200 200 200 0 0 0 5 10 15 20 25 30 0 0 5 10 15 20 25 30 0 5 10 15 Tempo (s) Figura 8.27– Comparações entre resultados experimentais e numéricos para eletrodo E7018 de 2,5 mm de diâmetro e CASR = 50 mm, configuração 2A E7018 110A 2,5 mm CASR = 50 mm T1 T2 T3 com porta-eletrodo 1000 Temperatura ( C) 800 o o Temperatura ( C) E7018 110A 2,5 mm CASR = 50 mm T1 T2 T3 sem porta-eletrodo 1000 600 400 200 0 800 600 400 200 0 0 5 10 15 20 25 30 0 5 10 Tempo (s) 15 20 25 Tempo (s) Figura 8.28 – Simulação numérica de T1, T2 e T3 para eletrodo E7018 de 2,5 mm de diâmetro e CASR = 50 mm, configuração 2A 30 Observa-se na Figura 8.28 que nas duas versões do programa, T1 é superior a T2. Apesar disto, a influência do porta-eletrodo se reflete em T1, pois percebe-se uma redução nos valores de T1 obtidos com a versão do programa com porta-eletrodo se comparado aos obtidos com a versão do programa sem porta-eletrodo. Observa-se ainda na Figura 8.27 que nas confrontações entre resultados de T2 e T3, resultados similares aos obtidos para eletrodo E6013 foram obtidos para eletrodo E7018: uma pequena diferença entre os resultados numéricos e experimentais de T2 e uma condição de igualdade extremamente forte entre resultados de T3. Simulações numérica com a configuração 2B são apresentadas nas Figuras 8.29 a 8.32. As duas primeiras figuras referem-se ao teste com o eletrodo E7018 de 2,5 mm de diâmetro e as duas últimas, ao teste com o eletrodo E7018 de 3,25 mm de diâmetro. Observa-se na Figura 8.29 que a diferença entre resultados experimentais e numéricos de T1 foi menor na versão com porta-eletrodo que na versão sem porta-eletrodo. Esta questão é confirmada ao comparar os resultados obtidos sem e com porta-eletrodo apresentados na Figura 8.30. Observa-se ainda na Figura 8.29 que a condição de igualdade entre resultados experimentais e numéricos de T2 foi melhor que de T3. Na Figura 8.31, percebe-se novamente que a condição de igualdade entre resultados experimentais e numéricos de T1 é melhor na versão do programa com porta-eletrodo que na versão sem porta-eletrodo. Esta observação confirma mais uma vez a influência do portaeletrodo, reduzindo a temperatura de T1, como pode ser visualizado ao comparar os resultados obtidos na versão do programa sem e com porta-eletrodo, Figura 8.32. Observa-se ainda na Figura 8.31 que uma condição de igualdade extremamente forte também é obtida entre resultados experimentais e numéricos de T3. Destaca-se que estes resultados apresentados, referentes à simulação numérica dos testes realizados com a configuração 2, mostraram que o programa Electrode reproduz muito bem a temperatura da região revestida do eletrodo, independente da versão do programa utilizada, sem ou com porta-eletrodo. E7018 110A 1000 T1 Exp T1 Num F = 1,5523 1000 800 Sem Porta-eletrodo T2 Exp T2 Num F = 0,0146 1000 800 T3 Exp T3 Num F = 0,65175 o Temperatura ( C) 800 2,5 mm CASR = 100 mm 600 600 600 400 400 400 200 200 200 0 0 0 5 10 15 20 25 30 0 0 5 10 15 20 25 30 0 5 10 15 20 25 30 20 25 30 Tempo (s) E7018 110A 1000 1000 800 Com Porta-eletrodo T2 Exp T2 Num F = 0,00983 1000 800 T3 Exp T3 Num F = 0,5891 o Temperatura ( C) 800 2,5 mm CASR = 100 mm T1 Exp T1 Num F = 1,02596 600 600 600 400 400 400 200 200 200 0 0 0 5 10 15 20 25 30 0 0 5 10 15 20 25 30 0 5 10 15 Tempo (s) Figura 8.29 – Comparações entre resultados experimentais e numéricos para eletrodo E7018 de 2,5 mm de diâmetro e CASR = 100 mm, configuração 2B E7018 110A 2,5 mm CASR = 100 mm T1 T2 T3 sem porta-eletrodo E7018 110A 2,5 mm CASR = 100 mm T1 T2 T3 com porta-eletrodo 500 Temperatura ( C) 400 o o Temperatura ( C) 500 300 200 100 0 400 300 200 100 0 0 5 10 15 20 Tempo (s) 25 30 0 5 10 15 20 25 Tempo (s) Figura 8.30 – Simulação numérica de T1, T2 e T3 para eletrodo E7018 de 2,5 mm de diâmetro e CASR = 100 mm, configuração 2B 30 E7018 110A T1 Exp T1 Num F = 0,33207 400 500 400 Sem Porta-eletrodo T2 Exp T2 Num F = 2,87664 500 400 T3 Exp T3 Num F = 0,06493 o Temperatura ( C) 500 3,25 mm CASR = 100 mm 300 300 300 200 200 200 100 100 100 0 0 0 10 20 30 40 50 0 0 10 20 30 40 50 0 10 20 30 40 50 30 40 50 Tempo (s) E7018 110A T1 Exp T1 Num F = 0,10243 400 3,25 mm CASR = 100 mm 500 400 Com Porta-eletrodo T2 Exp T2 Num F = 2,87643 500 400 T3 Exp T3 Num F = 0,06488 o Temperatura ( C) 500 300 300 300 200 200 200 100 100 100 0 0 0 10 20 30 40 50 0 0 10 20 30 40 50 0 10 20 Tempo (s) Figura 8.31 – Comparações entre resultados experimentais e numéricos para eletrodo E7018 de 3,25 mm de diâmetro e CASR = 100 mm, configuração 2B E7018 110A 3,25 mm CASR = 100 mm T1 T2 T3 sem porta-eletrodo E7018 110A 3,25 mm CASR = 100 mm T1 T2 T3 com porta-eletrodo 500 Temperatura ( C) 400 o o Temperatura ( C) 500 300 200 100 0 400 300 200 100 0 0 10 20 30 Tempo (s) 40 50 0 10 20 30 40 Tempo (s) Figura 8.32 – Simulação numérica de T1, T2 e T3 para eletrodo E7018 de 3,25 mm de diâmetro e CASR = 100 mm, configuração 2B 50 Além disto, apesar da versão do programa com porta-eletrodo não reproduzir a influência exata do porta-eletrodo, pôde-se verificar que apenas a temperatura da região não revestida do eletrodo é influenciada pelo porta-eletrodo e que este é o responsável de T2 ser superior a T1 nos testes realizados com a configuração 2. Simulações numérica com a configuração 1 são apresentadas nas Figuras 8.33 a 8.34. A primeira figura refere-se ao teste com o eletrodo E6013 de 2,5 mm de diâmetro e a última, ao teste com o eletrodo E7018 de 3,25 mm de diâmetro. E6013 80A Com Porta-eletrodo T2 Exp T2 Num 400 F = 7,42816 Sem Porta-eletrodo T2 Exp T2 Num 400 F = 8,40939 500 o Temperatura ( C) 2,5 mm Configuração 1 500 500 400 300 300 300 200 200 200 100 100 100 0 0 0 10 20 30 40 50 T3 Exp T3 Num F = 0,00006 0 0 10 20 30 40 50 0 10 20 30 40 50 Tempo (s) Figura 8.33 – Comparações entre resultados experimentais e numéricos para eletrodo E6013 de 2,5 mm de diâmetro e corrente de soldagem de 80 A, configuração 1 o Temperatura ( C) E7018 110A 3,25 mm Configuração 1 Sem Porta-eletrodo 500 T2 Exp T2 Num 400 F = 9,82773 Com Porta-eletrodo 500 T2 Exp T2 Num 400 F = 6,60132 300 300 300 200 200 200 100 100 100 0 500 400 0 0 10 20 30 40 50 T3 Exp T3 Num F = 0,00094 0 0 10 20 30 40 50 0 10 20 30 40 50 Tempo (s) Figura 8.34 – Comparações entre resultados experimentais e numéricos para eletrodo E7018 de 3,25 mm de diâmetro e corrente de soldagem de 110 A, configuração 1 Destaca-se que cada figura contém três gráficos e estes apresentam os resultados simulados numericamente de T2 com a versão do programa sem porta-eletrodo, de T2 com a versão do programa com porta-eletrodo e de T3, respectivamente. Junto a estes resultados são apresentados os resultados experimentais e os valores do fator F referentes às confrontações entre resultados experimentais e numéricos. Observa-se nas duas figuras que a desigualdade entre resultados experimentais e numéricos de T2, na versão do programa sem porta-eletrodo, é considerável. Mesmo nos resultados realizados com a versão do programa com porta-eletrodo, apesar de apresentar uma diferença menor, esta ainda é considerável. Comparando os resultados experimentais e numéricos de T1, percebe-se uma condição de igualdade extremamente forte, como as apresentadas nos testes realizados com a configuração 2. A diferença entre resultados experimentais e numéricos de T2, com a configuração 1, é maior do que com a configuração 2, pois na configuração 1, o porta-eletrodo está muito próximo do ponto de monitoração 2, assim sua influência na temperatura deste ponto é alta, inviabilizando a simulação numérica dos resultados com o programa Electrode pelos motivos descritos anteriormente. Os resultados apresentados com a configuração 1 confirmam a questão do porta-eletrodo não influenciar a temperatura da região revestida do eletrodo. Confirma ainda os excelentes resultados obtidos numericamente para esta região, como pode ser observado nas Figuras 8.35, 8.36 e 8.37 que apresentam a simulação numérica dos ciclos térmicos de todos os testes realizados com a configuração 3. Nestas figuras, legendas identificando as condições estabelecidas por teste são apresentadas em todos os gráficos. Conforme pode ser observado, a diferença entre os ciclos térmicos experimentais e numéricos é insignificante. Este fato se concretiza ao aplicar o método ANOVA. A Tabela 8.14 apresenta os valores de F e P resultantes das confrontações entre ciclos térmicos experimentais e numéricos. Observa-se que a condição de igualdade entre os resultados é bastante satisfatória, pois, em todos os casos obteve-se valores de F < 1 e de P > 0,05. 700 E6013 - 2,0 mm 90 A 80 A 500 400 70 A 300 200 100 Exp Num 0 0 5 10 15 20 E7018 - 2,0 mm 600 o o Temperatura ( C) 600 Temperatura ( C) 700 25 90 A 500 400 80 A 300 70 A 200 100 Exp Num 0 30 0 5 Tempo (s) 10 15 20 25 30 Tempo (s) Figura 8.35 – Simulação numérica dos testes realizados com eletrodos de 2,0 mm de diâmetro E6013 - 2,5 mm 500 400 80 A 300 70 A 200 100 Exp Num 0 0 10 20 30 40 E7018 - 2,5 mm 500 o o Temperatura ( C) 600 110 A 100 A 90 A Temperatura ( C) 600 110 A 100 A 90 A 400 300 80 A 70 A 200 100 Exp Num 0 50 0 10 Tempo (s) 20 30 40 50 Tempo (s) Figura 8.36 – Simulação numérica dos testes realizados com eletrodos de 2,5 mm de diâmetro 350 E6013 - 3,25 mm o 110 A 250 100 A 200 90 A 150 100 E7018 - 3,25 mm 300 o Temperatura ( C) 300 Temperatura ( C) 350 250 110 A 200 100 A 150 90 A 100 50 50 Exp Num 0 0 10 20 30 Tempo (s) 40 50 Exp Num 0 0 10 20 30 40 50 Tempo (s) Figura 8.37 – Simulação numérica dos testes realizados com eletrodos de 3,25 mm de diâmetro Tabela 8.14 – Fator F e valor P resultantes das confrontações entre ciclos térmicos experimentais e numéricos para eletrodos E6013 e E7018 (mm) E6013 I (A) E7018 F P F P 2,0 70/Exp versus 70/Num 0,03386 0,85464 0,04533 0,83215 2,0 80/Exp versus 80/Num 0,00368 0,95187 0,00044 0,98335 2,0 90/Exp versus 90/Num 0,00702 0,93365 0,00731 0,93220 2,5 70/Exp versus 70/Num 0,03116 0,86025 0,03577 0,85038 2,5 80/Exp versus 80/Num 0,00006 0,99403 0,01045 0,91879 2,5 90/Exp versus 90/Num 0,22623 0,63566 0,01764 0,89465 2,5 100/Exp versus 100/Num 0,10957 0,74166 0,02463 0,87568 2,5 110/Exp versus 110/Num 0,08591 0,77049 0,00820 0,92811 3,25 90/Exp versus 90/Num 0,08505 0,77118 0,18724 0,66617 3,25 100/Exp versus 100/Num 0,00707 0,93316 0,09066 0,76398 3,25 110/Exp versus 110/Num 0,01689 0,89688 0,00009 0,99246 Testes numéricos com eletrodos E6013 e E7018 de 2,5 mm de diâmetro foram realizados com corrente de soldagem de 90 A, variando o diâmetro do eletrodo. Estes testes tiveram como objetivo entender a influência da espessura e do tipo de revestimento na temperatura dos eletrodos. A Tabela 8.15 apresenta os valores dos diâmetros de eletrodos testados nas simulações numéricas. A Figura 8.38 apresenta os ciclos térmicos numéricos de cada simulação realizada. Tabela 8.15 – Valores de diâmetros de eletrodos testados Diâmetro do eletrodo (mm) Eletrodo real testados E6013 3,95 3,20 4,70 E7018 4,70 3,95 5,54 700 3,20 E6013 o 600 Temperatura ( C) o Temperatura ( C) 700 500 3,95 4,70 400 300 200 100 0 E7018 600 500 3,95 4,70 5,45 400 300 200 100 0 0 10 20 30 40 0 10 Tempo (s) 20 30 40 Tempo (s) Figura 8.38 - Testes numéricos com eletrodos E6013 e E7018 variando o diâmetro do eletrodo De acordo com estes resultados, diminuindo o diâmetro do eletrodo, isto é, diminuindo a espessura do revestimento, a temperatura do eletrodo aumenta. Conforme apresentado anteriormente na Tabela 8.4, para o mesmo diâmetro de arame, a espessura de revestimento de eletrodos E6013 é menor que à de eletrodos E7018. Os resultados experimentais apresentados nas Figuras 8.1 à 8.3 mostraram que as temperaturas obtidas com eletrodo E6013 são superiores às obtidas com eletrodo E7018. Adicionalmente foi mostrado que a influência do tipo de revestimento apresenta um comportamento padronizado em cada diâmetro de arame testado, Tabela 8.6. A Figura 8.39 reproduz os resultados apresentados na Figura 8.38. E6013 E7018 o Temperatura ( C) 450 400 3,95 350 4,70 300 250 200 150 100 50 0 0 10 20 30 40 Tempo (s) Figura 8.39 – Comparações numéricas entre eletrodos E6013 e E7018 variando o diâmetro do eletrodo Observando esta figura percebe-se que, mesmo mantendo a espessura do revestimento constante, as temperaturas do eletrodo E6013 são superiores às do E7018. Entretanto, percebe-se ainda que a diferença entre resultados, variando a espessura do revestimento, é maior que variando o tipo do revestimento. Estes resultados afirmam que a espessura do revestimento tem uma influência maior que o tipo de revestimento na temperatura de eletrodos E6013 e E7018. No Capítulo 6, detalhes da geração da malha adaptativa foram apresentados. Comentou-se que o comprimento consumido do eletrodo é interpretado pelo programa Electrode como um dado de entrada. Testes numéricos foram realizados na tentativa deste comprimento ser uma resposta do programa, assim como são os campos de temperatura. Verificou-se neste trabalho que a polaridade influencia a taxa de consumo dos eletrodos. Comportamentos diferentes entre eletrodos E6013 e E7018 foram observados ao alterar a polaridade. O procedimento adotado para informar ao programa Electrode qual a polaridade utilizada foi diferenciar a parcela de calor gerado no arco elétrico e transferido ao eletrodo revestido, η” (variável apresentada no Capítulo 4). Simulações numéricas com diferentes valores de η” foram realizadas até que a condição de igualdade entre resultados experimentais e numéricos de comprimento consumido do eletrodo fosse satisfatória. Utilizou-se o critério de encontrar um valor de η” independente das condições de soldagem, com exceção da polaridade. A Tabela 8.16 apresenta os valores η” encontrados para os eletrodos E6013 e E7018 nas polaridades negativa e positiva. A Figura 8.40 apresenta os resultados numéricos e experimentais do comprimento consumido de eletrodos de 2,5 mm de diâmetro em função do tempo de soldagem para diferentes correntes de soldagem. Tabela 8.16 – Valores η” resultantes dos testes numéricos realizados para os eletrodos E6013 e E7018 Eletrodo Polaridade η” E6013 Negativa 19 Positiva 16 Negativa 14 Positiva 15,5 E7018 110A 90A 300 70A 250 200 150 100 50 Exp Num 0 10 20 30 40 350 110A 90A 300 250 70A 200 150 100 50 Exp Num 0 50 0 10 20 30 40 Tempo (s) Tempo (s) E7018 2,5 mm Negativa E7018 2,5 mm Positiva 350 300 110A 90A 70A 250 200 150 100 50 Exp Num 0 0 Comprimento Consumido (mm) 350 0 Comprimento Consumido (mm) E6013 2,5 mm Positiva 10 20 30 Tempo (s) 40 50 Comprimento Consumido (mm) Comprimento Consumido (mm) E6013 2,5 mm Negativa 50 350 300 110A 250 90A 200 70A 150 100 50 Exp Num 0 0 10 20 30 40 50 Tempo (s) Figura 8.40 – Simulações numéricas do comprimento consumido em função do tempo de soldagem Conforme pode ser observado na Figura 8.40, a simulação numérica do consumo dos eletrodos foi satisfatória. Entretanto, este fato era esperado, visto que η” foi encontrado para satisfazer a condição de igualdade entre resultados experimentais e numéricos. É importante destacar que, apesar desta análise ter um caráter exploratório, os resultados indicam que a parcela do calor transferido do arco elétrico para o eletrodo depende, além da polaridade, do tipo de revestimento, isto é, da composição química do revestimento dos eletrodos, visto que diferentes valores de η” foram encontrados entre eletrodos E6013 e E7018. Foi observado experimentalmente que a influência dos parâmetros na temperatura do eletrodo é maior que na taxa de consumo. Sabe-se que o calor transferido do arco elétrico e o calor gerado por efeito Joule são responsáveis pelo aumento da temperatura do eletrodo revestido durante a soldagem. Uma conseqüência deste aumento é a variação da taxa de consumo dos eletrodos. Simulações numéricas, desconsiderando a geração de calor por efeito Joule, foram realizadas. Foram utilizados os valores de η” apresentados na Tabela 8.16. Os campos de temperatura e o comprimento consumido do eletrodo em função do tempo de soldagem foram obtidos. Este foi representado por um polinômio, que ao ser derivado em relação ao tempo, resultou na taxa de consumo numérica dos eletrodos. Os resultados numéricos mostraram que a temperatura do eletrodo não varia com o tempo em regiões afastadas do arco elétrico. Há o aquecimento do eletrodo apenas em regiões próximas à frente de fusão. Em relação a taxa de consumo, resultados interessante foram observados. A Figura 8.41 apresenta a taxa de consumo, com e sem considerar a geração de calor por efeito Joule, de eletrodos E6013 e E7018 de 2,5 mm de diâmetro, com corrente de soldagem de 90 A, nas polaridades negativa e positiva. Conforme pode ser observado, sem a geração de calor, a taxa de consumo dos eletrodos é constante ao longo do tempo. Isto reflete a questão da temperatura dos eletrodos também ser constante em regiões afastadas da frente de fusão, na ausência do calor gerado por efeito Joule. Em outras palavras, a taxa de consumo dos eletrodos revestidos varia com o tempo, porque a temperatura do eletrodo aumenta no decorrer do processo de soldagem devido ao calor gerado por efeito Joule. Portanto, qualquer parâmetro que cause uma variação na temperatura do eletrodo, causa, consequentemente, uma variação na taxa de consumo. A influência dos parâmetros na temperatura do eletrodo é maior que na taxa de consumo, porque apenas uma parcela do calor gerado por efeito Joule contribui para a fusão do eletrodo revestido. 2,5mm 90A E6013 Negativa 6,600 6,595 6,590 6,585 6,580 Com Qj Sem Qj 6,575 6,570 0 90A Positiva 10 20 30 40 5,80 5,75 5,70 5,65 5,60 Com Qj Sem Qj 5,55 0 50 10 E7018 2,5mm 90A 20 30 40 50 Tempo (s) Tempo (s) E7018 Negativa 2,5mm 90A Positiva 5,3 5,2 5,0 4,8 4,6 4,4 4,2 4,0 Com Qj Sem Qj 3,8 3,6 0 10 20 30 40 50 Taxa de Consumo (mm/s) Taxa de Consumo (mm/s) 2,5mm 5,85 6,605 Taxa de Consumo (mm/s) Taxa de Consumo (mm/s) E6013 5,2 5,1 5,0 4,9 4,8 Com Qj Sem Qj 4,7 0 10 20 30 40 50 Tempo (s) Tempo (s) Figura 8.41 – Taxa de consumo com e sem o calor gerado por efeito Joule para eletrodos E6013 e E7018 No início deste trabalho, foi comentado sobre os problemas encontrados ao confrontar os resultados da primeira versão do programa Electrode com outros resultados numéricos. O perfil de temperatura longitudinal ao comprimento do eletrodo revestido, que esperava-se encontrar neste trabalho, foi apresentado na Figura 1.4. No Capítulo 6, os problemas citados foram apresentados. Deu-se destaque ao problema relacionado com o fato da temperatura da região revestida do eletrodo, obtida numericamente, ser inferior à temperatura da região não revestida. Com os resultados experimentais foi verificado que o erro não estava no programa Electrode. O erro estava no formato do perfil de temperatura apresentado na Figura 1.4. Utilizando as versões do programa Electrode sem e com porta-eletrodo, simulações numéricas para eletrodos E6013 e E7018 de 2,5 mm de diâmetro e corrente de soldagem de 90 A foram realizadas. Os perfis longitudinais de temperatura destes eletrodos foram obtidos. Estes são apresentados nas Figuras 8.42 e 8.43. Em cada figura são apresentados dois gráficos: o primeiro refere-se aos resultados numéricos obtidos com a versão do programa sem porta-eletrodo e o segundo, com a versão do programa com porta-eletrodo. Comparando estas figuras com a Figura 1.4, percebe-se o quanto estes resultados são diferentes. Os perfis de temperatura simulados com a versão do programa com porta-eletrodo para o eletrodo E6013, Figura 8.42, aproximam um pouco dos apresentados na Figura 1.4. Entretanto, neste não foi considerado a influência do porta-eletrodo, enquanto que naqueles o porta-eletrodo está presente. É importante destacar que o real perfil longitudinal de temperatura dos eletrodos revestidos é como os simulados com a versão do programa sem porta-eletrodo. O perfil é praticamente plano em quase todo o comprimento do eletrodo revestido. Na região próxima à frente de fusão, há um aumento abrupto da temperatura até a temperatura de fusão. A temperatura da região não revestida do eletrodo é maior que a temperatura da região revestida e ocorre uma redução considerável daquela temperatura até a temperatura da região plana. Na região não revestida do eletrodo, deve-se ficar enfatizado que a temperatura é fortemente influenciada pelo portaeletrodo. E6013 t = 40 1200 2,5 mm 35 90 Neg 30 Sem porta-eletrodo 25 20 15 10 5 seg 1100 1000 o Temperatura ( C) 900 800 700 600 500 400 300 200 100 0 0 50 100 150 200 250 300 350 Comprimento (mm) E6013 t = 40 800 2,5 mm 35 90 Neg 30 25 Com porta-eletrodo 20 15 10 5 seg 700 o Temperatura ( C) 600 500 400 300 200 100 0 0 50 100 150 200 250 300 Comprimento (mm) Figura 8.42 – Perfis longitudinais de temperatura do eletrodo E6013 simulado sem e com porta-eletrodo 350 E7018 2,5 mm 90 Neg t = 50 1200 45 Sem porta-eletrodo 40 35 30 25 20 15 10 5 seg 1100 1000 o Temperatura ( C) 900 800 700 600 500 400 300 200 100 0 0 50 100 150 200 250 300 350 Comprimento (mm) E7018 2,5 mm t = 50 600 90 Neg 45 Com porta-eletrodo 40 35 30 25 20 15 10 5 seg 400 o Temperatura ( C) 500 300 200 100 0 0 50 100 150 200 250 300 Comprimento (mm) Figura 8.43 – Perfis longitudinais de temperatura do eletrodo E7018 simulado sem e com porta-eletrodo 350 Capítulo 9 CONCLUSÕES Para alcançar os objetivos deste trabalho, desenvolveu-se um programa computacional para simular a distribuição de temperatura ao longo de todo o comprimento do eletrodo revestido, chamado Electrode, e diversos testes experimentais de monitoração da temperatura e de consumo do eletrodo revestido durante a soldagem foram realizados. A partir dos resultados encontrados, pôde-se concluir que: 1. O método dos volumes finitos apresentou-se bastante eficiente para simular a distribuição da temperatura ao longo de todo o comprimento do eletrodo revestido. Os problemas ou a ineficiência do programa em reproduzir a influência do porta-eletrodo na temperatura da região não revestida do eletrodo foi decorrente de ter-se utilizado a técnica de geração de malha por coordenadas generalizadas que é fundamentada na geração de malhas estruturadas. 2. Foi possível com o programa Electrode avaliar a influência da espessura e do tipo de revestimento na temperatura do eletrodo revestido. 3. O perfil longitudinal de temperatura do eletrodo revestido é praticamente plano em quase todo o comprimento do eletrodo revestido. Na região próxima à frente de fusão, há um aumento abrupto da temperatura até a temperatura de fusão. A temperatura da região não revestida do eletrodo é maior que a temperatura da região revestida, ocorre uma redução considerável daquela temperatura até a temperatura da região plana. 4. A temperatura da região não revestida do eletrodo é influenciada pelo tipo do porta-eletrodo utilizado. Esta questão é fundamental na busca da robotização do processo de soldagem com eletrodo revestido. 5. Qualquer parâmetro que cause uma variação na temperatura do eletrodo revestido causa, consequentemente, uma variação na sua taxa de consumo. Esta varia com o tempo, porque a temperatura do eletrodo varia. 6. A influência da corrente de soldagem na temperatura e na taxa de consumo dos eletrodos revestidos é consideravelmente maior que a influência da polaridade. 7. Entre eletrodos comerciais E6013 e E7018, para as condições de soldagem estabelecidas neste trabalho, o diâmetro do arame é o que mais influencia a temperatura e a taxa de consumo dos eletrodos, seguido da espessura e do tipo de revestimento. 8. Entre a corrente e o diâmetro do arame, os resultados indicaram que a influência do diâmetro do arame é maior que a influência da corrente de soldagem na temperatura e na taxa de consumo dos eletrodos testados. 9. A temperatura do eletrodo revestido em regiões afastadas da frente de fusão não é influenciada pela polaridade. Esta influencia apenas a temperatura em regiões próximas à frente de fusão. 10. Quanto maior a espessura do revestimento menor a temperatura do eletrodo. 11. A influência do tipo de revestimento na temperatura dos eletrodos E6013 e E7018 apresenta um comportamento padronizado em cada diâmetro de arame testado. 12. A relação entre o aumento da temperatura do eletrodo e a variação de sua taxa de consumo apresenta um comportamento totalmente direto. Apesar desta relação não ter sido representada matematicamente neste trabalho, foi de fundamental importância verificar que o único responsável pela variação da taxa de consumo do eletrodo revestido é o calor gerado por efeito Joule. 13. Para eletrodos E6013, a taxa de consumo na polaridade reversa (positiva) é menor que na polaridade direta (negativa), enquanto que para eletrodos E7018, a taxa de consumo na polaridade reversa (positiva) é maior que na polaridade direta (negativa). 14. O calor gerado por efeito Joule é o único responsável pelo aumento da temperatura do eletrodo em regiões afastadas da frente de fusão, enquanto que o calor transferido do arco elétrico aumenta a temperatura do eletrodo apenas em regiões próximas à frente de fusão. Capítulo 10 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS Como perspectivas para trabalhos futuros podem ser sugeridos os seguintes estudos: 15. Gerar a malha do programa Electrode utilizando a técnica de geração de malha nãoestruturada. Esta técnica é mais atrativa que a geração de malhas em coordenadas generalizadas com mapeamento por multiblocos, pois a protuberância geométrica acentuada ao incluir o portaeletrodo e as questões da fronteira móvel e do cone que é formado na ponta do eletrodo durante a soldagem podem ser tratadas com mais precisão. 16. Sabendo da influência dos parâmetros de soldagem na temperatura dos eletrodos revestidos e, principalmente, tendo uma ferramenta numérica que possibilite avaliar estas influências, atuar na formulação dos eletrodos revestidos. Este estudo pode ser direcionado, por exemplo, na busca de incluir elementos no revestimento que propiciem reações endotérmicas e visando otimizar a espessura dos revestimentos, tendo como objetivo final minimizar o aumento da temperatura do eletrodo revestido durante a soldagem e, consequentemente, os efeitos indesejáveis deste aumento da temperatura na qualidade da solda. 17. Projetar um porta-eletrodo específico para a soldagem robotizada. Deve ser considerado neste estudo que a temperatura da região não revestida do eletrodo é influenciada pelo portaeletrodo. O entendimento desta influência é fundamental na busca da robotização do processo de soldagem com eletrodo revestido. 18. Realizar um estudo para avaliar a influência da polaridade na temperatura dos eletrodos revestidos em regiões próximas à frente de fusão. Buscar explicar a justificativa da inversão de comportamento da taxa de fusão entre eletrodos E6013 e E7018 nas polaridades positivas e negativas. 19. Realizar um estudo para que a relação entre o aumento da temperatura do eletrodo e a variação de sua taxa de consumo possa ser representada matematicamente. Referências Bibliográficas Acosta, V.H.V e Machado, I.G. Microestutura do Metal de Solda obtido a partir de Eletrodos Revestidos com Diversos Teores de Cromo e de Molibdênio, XXVI Encontro Nacional de Tecnologia da Soldagem, Curitiba, PR, Setembro, 2000. Allen, J.W., Olson, D.L. and Frost, R.H. Exothermically Assisted Shielded Metal Arc Welding, Welding Journal, Vol. 77, No. 7, pg. 277s-185s, 1998. Adam, G. and Siewert, T.A. Sensing of GMAW Droplet Transfer Modes Using na ER 100S-1 Electrodes, Welding Journal, Vol. 69, No. 3, pg. 103s-108s, 1990. Batana, J. R. Modelamento da Taxa de Fusão através da Monitoração da Temperatura do Eletrodo Revestido para a Soldagem Mecanizada, Belo Horizonte: Escola de Engenharia Mecânica da UFMG, Dissertação, 1998. Boniszewski, T. 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Apêndice A TRANSFORMAÇÃO DE COORDENADAS: EQUAÇÃO DA ENERGIA A equação da energia na forma conservativa, em coordenadas cilíndricas, em termos do gradiente de temperatura e escrita para um sistema bidimensional axissimétrica é dada por: ∂ (ρT ) = 1 ∂ r K ∂T + ∂ K ∂T + g ∂t r ∂r Cp ∂r ∂z Cp ∂z Cp (A.1) Definindo: H =ρ (A.2) U = HT (A.3) E = −r F =− S= K ∂T Cp ∂r K ∂T Cp ∂z g Cp (A.4) (A.5) (A.6) e substituindo em (A.1), tem-se: ∂U 1 ∂E ∂F + + =S ∂t r ∂r ∂z (A.7) Aplicando a regra da cadeia nas derivadas para as transformações de ξ = ξ (r , z , t ) , η = η (r , z , t ) e τ = t , tem-se: ∂U ∂U ∂ξ ∂U ∂η ∂U ∂τ ∂U ∂U ∂U = + + = ξt + ηt +τt ∂t ∂ξ ∂t ∂η ∂t ∂τ ∂t ∂ξ ∂η ∂τ (A.8) ∂E ∂E ∂ξ ∂E ∂η ∂E ∂τ ∂E ∂E ∂E = + + = ξr + ηr +τr ∂r ∂ξ ∂r ∂η ∂r ∂τ ∂r ∂ξ ∂η ∂τ (A.9) ∂F ∂F ∂ξ ∂F ∂η ∂F ∂τ ∂F ∂F ∂F = + + = ξz + ηz +τ z ∂z ∂ξ ∂z ∂η ∂z ∂τ ∂z ∂ξ ∂η ∂τ (A.10) As derivadas de τ são dadas por : τr =τz = 0 (A.11) τt = 1 (A.12) Substituindo (A.8-10) em (A.7), considerando (A.11) e dividindo pelo Jacobiano: ξ t ∂U η t ∂U τ t ∂U 1 ξ r ∂E 1 η r ∂E ξ z ∂F η z ∂F S + + + + + + = J ∂ξ J ∂η J ∂τ r J ∂ξ r J ∂η J ∂ξ J ∂η J (A.13) onde o Jacobiano da transformação é dado por: ( J = rξ zη − rη zξ )−1 (A.14) Trabalhando em (A.13) para que as métricas e o jacobiano fiquem dentro do sinal da derivada, somando e subtraindo termos tais como: U ∂ τt ∂τ J (A.15) tem-se: τ t ∂U ∂ τ t ∂ τt +U −U + ∂τ J ∂τ J J ∂τ ξ t ∂U ∂ ξt ∂ ξ t η t ∂U ∂ ηt ∂ ηt +U +U −U + −U + J ∂ξ ∂ξ J ∂ξ J J ∂η ∂η J ∂η J 1 ξ r ∂E ∂ 1 ξr ∂ 1 ξ r 1 η r ∂E ∂ 1 ηr ∂ 1 ηr +E +E −E + −E + r J ∂ξ ∂ξ r J ∂ξ r J r J ∂η ∂η r J ∂η r J ξ z ∂F ∂ ξz ∂ ξ z η z ∂F ∂ η z ∂ ηz S +F +F −F + −F = J ∂ξ ∂ξ J ∂ξ J J ∂η ∂η J ∂η J J (A.16) Aplicando a definição de produtos de derivadas em (A.16): ∂ τt ∂ τ tU −U + ∂τ J ∂τ J ∂ 1 ξr ∂ 1 ξr ∂ ξ z F ∂ ξ z ∂ ξ tU ∂ ξt (A.17) E − E −U + + −F + ∂ξ r J ∂ξ r J ∂ξ J ∂ξ J ∂ξ J ∂ξ J ∂ 1 ηr ∂ 1 ηr ∂ η z F ∂ η z ∂ ηtU ∂ ηt S E − E −U = + −F + ∂η r J ∂η r J ∂η J ∂η J ∂η J ∂η J J Como a malha é fixa no tempo: ξ t = ηt = 0 (A.18) Aplicando (A.18) e (A.12) em (A.17), encontra-se: ∂ U ∂ 1 ξ r ∂ ξ z F ∂ 1 ηr ∂ η z F S E + E + + = + ∂τ J ∂ξ r J ∂ξ J ∂η r J ∂η J J (A.19) Substituindo em (A.19) os valores de H, U, E, F e S: ∂ ∂τ ρT 1 ∂ = J r ∂ξ rK ∂T ∂T 1 ∂ JCp ξ r ∂r + ξ z ∂z + r ∂η rK ∂T g ∂T JCp η r ∂r + η z ∂z + JCp (A.20) Utilizando a regra da cadeia para expandir as derivadas de T em função de r e z: ∂T ∂T ∂ξ ∂T ∂η ∂T ∂T = + = ξr + ηr ∂r ∂ξ ∂r ∂η ∂r ∂ξ ∂η (A.21) ∂T ∂T ∂ξ ∂T ∂η ∂T ∂T = + = ξz + ηz ∂z ∂ξ ∂z ∂η ∂z ∂ξ ∂η (A.22) Substituindo (A.21-22) em (A.20): ∂ ∂τ ∂T ∂T ∂T ρT 1 ∂ rK 2 ∂T ξ r + + ξ rη r + ξ z2 + ξ zη z = ∂η ∂ξ ∂η J r ∂ξ JCp ∂ξ 1 ∂ rK ∂T ∂T ∂T ∂T g ξ rη r + η r2 + ξ zη z + η z2 + r ∂η JCp ∂ξ ∂η ∂ξ ∂η JCp (A.23) Reorganizando os termos de (A.23): ∂ ρT 1 ∂ rK 2 ∂T ∂T + (ξ rη r + ξ zη z ) + ξ r + ξ z2 = ∂τ J r ∂ξ JCp ∂ξ ∂η ( ) 1 ∂ rK (ξ rη r + ξ zη z ) ∂T + η r2 + η z2 ∂T + g r ∂η JCp ∂ξ ∂η JCp ( ) (A.24) Sabendo que as métricas da transformação são dadas por: ξ r = Jzη (A.25) ξ z = − Jrη (A.26) η r = − Jzξ (A.27) η z = Jrξ (A.28) E as componentes do tensor métrico, dadas por: α = rη2 + zη2 (A.29) γ = rξ2 + zξ2 (A.30) β = rξ rη + zξ zη (A.31) Aplicando (A.25-31) em (A.24), encontra-se a equação da energia em sua forma transformada: ∂ ρT 1 ∂ rKJ ∂T ∂T 1 ∂ rKJ ∂T ∂T g α + γ + −β −β = ∂τ J r ∂ξ Cp ∂ξ ∂η r ∂η Cp ∂η ∂ξ JCp (A.32) Apêndice B DISCRETIZAÇÃO DA EQUAÇÃO DA ENERGIA A equação da energia no sistema transformado é: ∂T ∂T ∂ ρCpT 1 ∂ ∂T 1 ∂ ∂T g + + −β −β = rKJ α rKJ γ ∂τ J r ∂ξ ∂η r ∂η ∂ξ J ∂ξ ∂η (B.1) Adotando uma formulação totalmente implícita, tendo a Figura 5.1 como referência, a integração, no tempo e no espaço, do primeiro termo do lado esquerdo da igualdade da Equação (B.1) é: t + ∆t n e ∫ ∫ ∫ 2πr t sw ∂ ∂τ ne rρCpT ρCpT rρCpT − dξdηdτ = 2π ∫ ∫ dξdη = ... J J J t t + ∆ t sw (B.2) Considerando o integrando como a média representativa dentro do volume elementar P e empregando a convenção de não utilizar subscrito para o nível t + ∆t e o subscrito ‘o’ para o nível anterior t: ... = 2πrp ρ pCppTp ∆ξ∆η J − 2πrp ρ opCpopTpo ∆ξ∆η J = 2πrp ρ pCppTp ∆V J − 2πrp ρ opCpopTpo ∆V J = ... (B.3) Definido: r p ρ p Cp p r p ρ op Cp 0p ∆V =Mp (B.4) ∆V = M op J (B.5) J E substituindo (B.4) e (B.5) em (B.3), a integração resulta em: ( ... = 2π M P TP − M P0 TP0 ) (B.6) A integração do primeiro termo do lado direito da igualdade de (B.1) é: t + ∆t n e ∫ t 1 ∂ ∫ ∫ 2πr r ∂ξ sw e ∂T ∂T ∂T ∂T −β dξdηdτ =2π rKJα − rKJβ ∆η∆t = ... (B.7) rKJ α ∂η ∂ξ ∂η w ∂ξ Definido: rKJ α∆η = D11 (B.8) − rKJ β ∆η = D12 (B.9) E substituindo (B.8) e (B.9) em (B.7), a integração resulta em: ∂T ∂T ∂T ∂T − D11 ∆t ... = 2π D11 + D12 + D12 ∂ξ ∂η e ∂ξ ∂η w (B.10) A integração do segundo termo do lado direito da igualdade de (B.1) é: t + ∆t n e ∫ t 1 ∂ ∫ ∫ 2πr r ∂η sw n ∂T ∂T ∂T ∂T dξdηdτ = 2π rKJγ ∆ξ∆t = ... (B.11) −β − rKJβ rKJ γ ∂ξ ∂η ∂ξ s ∂η Definindo: rKJ γ∆ξ = D22 (B.12) − rKJβ ∆ξ = D21 (B.13) E substituindo (B.12) e (B.13) em (B.11), a integração resulta em: ∂T ∂T ∂T ∂T − D21 ∆t 2π D21 + D22 + D22 ∂ξ ∂η n ∂ξ ∂η s (B.14) A integração do termo fonte resulta em: t + ∆t n e g g ∫ ∫ ∫ J dξdηdτ = J ∆V∆t t (B.15) sw Portanto, a integração de (B.1), no tempo e no espaço, é dado por: M pT p − M op T po ∆t ∂T ∂T ∂T ∂T − D11 + = D11 + D12 + D12 ∂ξ ∂η e ∂ξ ∂η w ∂T ∂T ∂T ∂T g D21 − D21 + ∆V + D22 + D22 ∂ξ ∂η n ∂ξ ∂η s J (B.16) Aplicando o método de interpolação WUDS: - As derivadas multiplicadas por Dii, terão o fator de ponderação em função da importância difusiva no processo. O valor das derivadas de T na interface são escritas por: ∂T ∂ξ ∂T ∂η ∂T ∂ξ ∂T ∂η - _ = βe e TE − TP ∆ξ (B.17) T N − TP ∆η (B.18) TP − TW ∆ξ (B.19) _ = βn n _ = βw w _ = βs s TP − TS ∆η (B.20) Todas as derivadas que aparecem multiplicadas por Dij, são avaliadas por diferenças centrais: ∂T ∂η ∂T ∂ξ = TN + TNE − TS − TSE 4∆η (B.21) = TE + TNE − TW − TNW 4 ∆ξ (B.22) e n ∂T ∂η ∂T ∂ξ = TN + TNW − TS − TSW 4∆η (B.23) = TE + TSE − TW − TSW 4∆ξ (B.24) w s Substituindo as expressões das derivadas de T (B.17-24) em (B.16), tem-se: _ M p T p − M op T po = ∆t D11e β e ∆ξ D12 e (TE − TP ) + 4∆η (TN + TNE − TS − TSE ) − _ D11 w β w ∆ξ (TP − TW ) − D12 w 4 ∆η (TN + T NW − TS − TSW ) + (B.25) _ D21n 4∆ξ (TE + TNE − TW − TNW ) + D22 n β n ∆η (TN − TP ) − _ D21 s 4 ∆ξ (TE + TSE − TW − TSW ) − D22 s β s ∆η (TP − TS ) + g ∆V J Reorganizando (B.25) encontra-se a equação discretizada para o volume elementar P, dada por: A pT p = AeTE + AwTW + AnTN + As TS + AneTNE + AnwTNW + AseTSE + AswTSW + B (B.26) onde os coeficientes são dados por: _ Ap = Mp ∆t + D11e β e ∆ξ _ Ae = D11e β e ∆ξ + Aw = ∆ξ An = ∆η ∆ξ 4 ∆ξ + _ D22 n β n + D21 n − D21 s _ D11 w β w _ D11 w β w + D21 s − D21n 4∆ξ D12 e − D12 w 4∆η _ + D22 n β n ∆η _ + D22 s β s ∆η (B.27) (B.28) (B.29) (B.30) _ As = D22 s β s Ane = ∆η D12 e 4∆η Anw = − + D12 w − D12 e 4∆η D21n + 4∆ξ D12 w − 4∆η (B.31) (B.32) D21n 4∆ξ (B.33) Ase = − Asw = B= D12 e 4 ∆η D12 w 4∆η M op T po ∆t − D21 s 4 ∆ξ + D21s + g ∆V JCp 4∆ξ (B.34) (B.35) (B.36)