Caixa arranca negócio de seguros em Angola na véspera da privatização P 32 Caixa Seguros quer estar entre as cinco maiores de Angola Seguros, da CGD, lança-se oficialmente esta semana. O 'break-even', diz a gestão, é para atingir até 2015. A Universal Maria Ana Barroso [email protected] A Caixa Seguros vai lançar-se esta semana, em oficialmente, Angola através dâ sua nova companhia, a Universal Seguros. "Atingir vendas de 30 milhões de dólares em 2014", "alcançar o 'break-even' até 2015" e estar, a prazo, "entre os cinco maiores operadores" do mercaangolano são aldas metas definidas, gumas adianta Jorge Magalhães Correia. Em declarações ao Diário Económico, o presidente da Fidelidade - companhia que resultou da fusão entre a Fidelidade Mundial e a Império Bonança - estima também que, no espaço de cinco anos, a Universal já represente 4% das vendas de seguros Não Vida do grupo. Magalhães Correia admite em Anque este investimento gola "poderá constituir uma do segurador mais-valia" no processo de venda da Caixa Seguros, embora assegure que a operação não foi efectuada "a pensar na anunciada privatização" (ver texto ao lado) A Fidelidade, principal companhia do grupo Caixa Geral de Depósitos (CGD), comprou a maioria do capital da Universal Seguros em Abril do ano passado. A empresa havia sido recentemente constituída e portanto, explica o responsável, a operação arrancou "do zero". O último ano foi dedicado, sobretudo, a formar pessoal e a montar a . operação. O arranque faz-sé com 22 colaboradores e, diz Magalhães Correia, a Universal está nesta fase a preparar a abertura da primeira agência em Luanda. Embora a operação já esteja a funcionar, apenas esta semana está prevista a apresentação formal ao mercado. A margem para crescer em Angola, lembra Magalhães Correia, é elevada já que está longe de ser um mercado maduro na VENDAS 30 milhões de dólares, ou seja, cerca de 24,48 milhões de euros é a meta da Universal em termos de venda para 2014. 0 'break-even', diz a companhia de seguros, é para atingir, no limite, até ano seguinte, 2015. PRÉMIOS PER CAPITA 36 dólares Não chega a 30 euros o volume de prémios emitidos 'per capita', no mercado angolano. Em Portugal, o volume de prémios emitidos per capita ronda os 1.748 euros (2.142 dólares). área seguradora. Actualmente, ronda os 36 dólares (29,38 euros) o volume de prémios emitidos 'per capita', valor que compara com os 2.142 dólares (1.748 euros) em Portugal ou até com os 812 dólares 'per capita' da África do Sul. E se, neste último país, o volume de prémios emitidos em percentagem do PIB é de 14,57% e, em Portugal, ultrapassa os 9%, em Angola está ainda apenas nos 0,82% . Também de acordo com dados públicos e oficiais, em An- gola apenas a indústria petrojá tem um volume mais relevante de prémios emitidos, tendo atingido os 333 química milhões de dólares em 2010. Em produtos -chave como os acidentes de trabalho ou o automóvel, que só recentemente o passaram a ser obrigatórios, volume de prémios emitidos somava, em 2010, os cerca de 150 milhões de dólares em cada segmento. A área Vida soma apenas 48 milhões de euros de prémios emitidos. De acordo com estimativas não oficiais mas da própria Universal, o volume de prémios emitidos deverá praticamente duplicar até 2015, atingindo os 1.549 milhões de dólares, face aos 819 milhões com que terminou 2004. Neste intervalo de anos, a seguradora estima uma taxa de crescimento composta anual (CAGR) de 14% em média. Actualmente, são cerca de oito as seguradoras a funcionar em Angola, incluindo a Universal. A companhia tem como clientes-alvo não só os particulares e empresas angolanos mas também as próprias emque estão presas portuguesas em Angola. A Caixa Seguros estima que, no prazo de cinco anos, o peso nas do negócio internacional vendas de seguros Não Vida suba dos actuais 5% para os 12% a 15%. Cerca de um terço, pelo menos, virá de Angola. ¦ Paulo Alexandre Coelho ENTREVISTA JORGE MAGALHÃES Fidelidade - Companhia de Seguros CORREIA e vice-presidente Presidente da Caixa Seguros da e Saúde "Angola pode ser mais -valia na privatização" do lançamento ao mercado e à imprensa da Universal Seguros em Angola, Magalhães Correia explica a estratégia de indo grupo e o ternacionalização contributo que a entrada recente no mercado angolano pode ou não ter na privatização da Caixa Segu- A propósito ros. Face à negativa conjuntura portu- guesa, quão importante fase, a internacionalização é, nesta da Cai- xa Seguros? Não vemos a internacionalização como uma solução de recurso, como uma resposta de curto prazo para a actual conjuntura. Na verdade, continuamos focados no mercado nacional em que mante- mos margens de rentabilidade e solvabilidade equilibradas, estando mesmo a reforçar a nossa quota de mercado, tanto na área Vida como Não Vida, e a alargar a nossa actividade para áreas de serviço complementares aos seguros. Qual é a estratégia da Caixa Seguros na área internacional? Definimos quatro prioridades: mercados com os quais' temos afinidades; mercados menos expos- tos à concorrência dos grandes operadores europeus; mercados em que a actividade bancária do Grupo CGD está presente e mercados em que possamos acompados nhar a internacionalização nossos principais clientes empre- sariais. A África Lusófona preenche, em geral, todos estes critérios. Estamos presentes em Angola e Cabo Verde e estamos a estu- Para dar outras oportunidades. além disso, temos operações em Espanha, França, Luxemburgo e Macau. Para além de acompanharem a CGD, querem ter uma estratégia autónoma em Angola Porquê? Em Angola, pretendemos, à semelhança de Portugal e Cabo Verde, ter uma operação de seguros global e não apenas uma operação essencialmente de banca- seguros. A extensão e características da actividade bancária, por um lado, do mercado e as potencialidades segurador angolano, justificam essa opção. por outro, De que forma pode esta aposta em Angola ajudar (ou não) no processo de privatização dos seguros do grupo CGD? Embora esta operação não tenha sido efectuada a pensar na priva- tização, poderá constituir uma mais-valia pois apresenta um triplo impacto positivo para o grupo. Primeiro, diversifica mercado e fontes de receita. Segundo, robustece a posição do grupo em Portugal, na medida em que fortalece a relação da Fidelidade com as empresas clientes em Portugal e que têm presença relevante no mercado angolano. Por último, permite olhar para a Caixa Seguros como uma plataforma privilegiada para actuação nos mercados africanos de língua portuguesa, o que não tem estado ao alcance nem nas prioridades de alguns grandes operadores internacionais e pode constituir um atractiM.A.B. vo adicional. ¦ 44 Estamos presentes em Angola e Cabo Verde e estamos a estudar outras oportunidades [na África Lusófona].