NÚMERO DA SEMANA
26
milhões de dólares
Valor previsto para a reactivação da produção no
projecto Aldeia Nova
TAAG PREMIADA
A TAAG acaba de ser galardoada com o prémio
Africano de Aviação 2012
pela AFRAA, Associação
Africana dos Transportes
Aéreos, por ter sido uma
das companhias que mais
investiu no melhoramento
contínuo dos seus serviços. A AFRAA distinguiu
a TAAG pelo trabalho desenvolvido no período de
2009-2011 em que adquiriu uma reputação invejável para a confiabilidade e
sobretudo a segurança.
MAIS japoneses
Responsáveis de empresas
japonesas filiadas em Angola
manifestaram esta quintafeira em Tokyo o interesse em
poder expandir os negócios e
os investimentos no país. O
desejo foi manifestado ao
ministro dos Transportes,
Augusto Tomás, durante um
encontro em Tokyo com responsáveisde empresas japonesas interessadas em reforçar os níveis de cooperação e
alargar os investimentos em
Angola.
Expansão do poder económico de Angola em Portugal
Galp cheira
a Sonangol...
SAP em Angola
O grupo alemão SAP, um dos
grandes produtores mundiais
de aplicações informáticas
para gestão empresarial, vai
abrir um escritório em Angola este ano a fim de expandir
a sua rede comercial em África, onde pretende duplicar
a sua facturação. A SAP vai
utilizar a Sociedade Nacional
de Petróleos de Angola (Sonangol) como âncora para a
entrada no mercado.
>>P.05
actual
entrevista
fecho
Promessas
no escuro
Região Centro e Sul
é fundamental
A nova moda
económica
Energia
>>P. 04
Francisco Maria
>> P.06
Empreendedorismo
>>P.12
02
16 Março 2012
Análise
Sector não-petrolífero
salvou crescimento
Na segunda parte
do Relatório e
Contas do Banco
Nacional de Angola
(BNA), a instituição
faz uma leitura
aos indicadores
económicos de 2010
e o seu impacto
interno.
Em 2010, o
Produto Interno
Bruto registou um
crescimento de
3,4%, influenciado
pelo desempenho
positivo do sector
não petrolífero
Evolução do PIB
Em 2010, o Produto Interno Bruto
registou um crescimento de 3,4%,
influenciado pelo desempenho positivo do sector não petrolífero, como
resultado dos esforços de diversificação da economia levados a cabo pelo Governo. O sector petrolífero, apesar de ter recuperado da crise,
com a evolução favorável do preço
do petróleo, registou uma contracção de 3%.
O sector não petrolífero, embora fortemente afectado pelos constrangimentos observados na execução
dos pagamentos do Estado a fornecedores e prestadores de serviços em
geral, foi o impulsionador do crescimento económico em 2010. Os sectores da Construção, dos Serviços
Mercantis e da Indústria Transformadora, que nos últimos anos têm
aumentado a sua quota na composição do PIB, terão sido os moto-
res do crescimento com taxas de
16,1%,10,9% e 10,7%, respectivamente.
Execução Fiscal
Em 2010 a execução orçamental foi
inferior ao programado, especialmente no primeiro semestre do ano,
reflectindo os esforços de reestruturação e saneamento dos pagamentos
do Tesouro. A saída de recursos foi limitada, pelo menos até ao 3º Trimes-
tre, quando o Governo deu início à
regularização de pagamentos devidos aos seus fornecedores.
A arrecadação de receitas do petróleo acima do programado contribuiu
significativamente para a melhoria
da situação orçamental, tendo o saldo global registado melhorias substanciais, passando de um défice de
5,2% do PIB em 2009 para um excedente de 5,8% em 2010. Em 2010, as
receitas fiscais atingiram Kz 3.295,5
16 Março 2012
03
O BNA continuou a usar reservas obrigatórias e
a taxa de redesconto como instrumentos para
orientar a actividade creditícia dos bancos
comerciais
Em 2010 a execução
orçamental
foi inferior ao
programado,
especialmente no
primeiro semestre
do ano, reflectindo
os esforços de
reestruturação e
saneamento dos
pagamentos do
Tesouro
mil milhões, correspondente a um
aumento de 59,2% face a 2009. Para
este aumento contribuiu essencialmente a evolução do preço de exportação de petróleo bruto, tendo o valor médio anual aumentado 36,4%
(passando de 57,0 US$/bbl em 2009
para 78,0 US$/bbl em 2010), uma
vez que a quantidade exportada diminuiu 0,5% (644,7 milhões de barris em 2009 para 641,5 milhões de
barris em 2010).
O reforço da situação fiscal criou
espaço para a liquidação de parte
substancial dos atrasados acumulados entre 2008 e 2009 estimados
em US$ 6,8 mil milhões. Na sequência do processo de verificação e confirmação desses atrasados, o Governo liquidou até ao final do ano cerca
de 50% do montante inicial de atrasados certificados, que era de US$
3,6 mil milhões, incluindo todos os
pagamentos a “pequenos” fornecedores, devendo o resto ser liquidado
através de uma combinação de pagamentos em dinheiro e dívida titularizada.
O Fundo Monetário Internacional,
no âmbito do Acordo Stand-By celebrado em Novembro de 2009, que
visa aliviar as pressões de liquidez
imediata, aumentar a confiança do
mercado e restaurar uma situação
macroeconómica sustentável, avaliou de forma positiva a implementação das políticas económicas necessárias para fortalecer o desempenho
macroeconómico, que demonstrou
em linhas gerais, estar de acordo
com as expectativas, tendo disponibilizado no 2º trimestre a 2ª tranche
da linha de financiamento no valor
de US$ 171 milhões, elevando assim o montante concedido para US$
514,5 milhões.
Em Maio, as agências de rating
Moody’s, Standard & Poor’s e Fitch
atribuíram notações favoráveis à dívida soberana do país, B1, B+ e B+,
respectivamente, com perspectiva estável. As fortes perspectivas de
crescimento e a melhoria das dívidas
pública interna e externa sustentaram a nota atribuída ao país.
As reformas macroeconómicas continuaram a merecer a confiança do
FMI no 3º trimestre do ano, tendo por isso desembolsada a 3ª tranche no valor de US$ 353,1 milhões.
Em 31 de Dezembro, o valor total dos
desembolsos correspondeu a US$
891,8 milhões.
Execução Monetária
Durante o ano de 2010, as autoridades monetárias procuraram restabelecer a confiança nos mercados, o alcance de níveis adequados
de reservas internacionais, bem como o controlo da inflação, através
do controlo da liquidez na economia
e da estabilidade da moeda nacional. Neste sentido, o Banco Nacional
de Angola continuou a focar a sua
intervenção na emissão de Títulos
do Banco Central (TBC), através de
operações de mercado aberto, como
um dos principais mecanismos para
gestão da liquidez.
O Banco continuou a usar reservas
obrigatórias e a taxa de redesconto
como instrumentos para orientar a
actividade creditícia dos bancos comerciais. O cenário externo foi favorável na medida em que o aumento
das reservas internacionais líquidas, em função da subida do preço
do petróleo, conferiu solidez à execução da política monetária. Contudo, o aumento dos preços das matérias-primas condicionou-a, tendo
em conta o comportamento da in-
As reformas
macroeconómicas
continuaram a
merecer a confiança
do FMI no 3º
trimestre do ano,
tendo por isso
desembolsada a 3ª
tranche no valor de
US$ 353,1 milhões
flação, em contraste com a desaceleração do ritmo de crescimento dos
agregados monetários.
Em Maio (de 2010), as agências de
rating Moody’s, Standard & Poor’s e
Fitch atribuíram notações favoráveis à
dívida soberana do país
Das medidas de política monetária e
cambial adoptadas em 2010, destacam-se:
1. O ajustamento da regulamentação relacionada com os leilões de divisas;
2. A alteração da composição das reservas obrigatórias, passando o seu
cumprimento a ser efectuado na
moeda de captação de acordo com
os coeficientes definidos em 25%
para a moeda nacional e 15% para
moeda estrangeira;
3. A introdução da facilidade permanente de cedência de liquidez;
4. A redução da taxa de redesconto
de 30 para 25% ao ano;
5. O aperfeiçoamento da regulamentação das casas de câmbio;
6. A redução progressiva da exposição cambial dos bancos, cujo limite
deverá ser de 20% dos Fundos Próprios Regulamentares (FPR) para as
posições activas e passivas a partir
de Junho de 2012.
04
16 Março 2012
Actual
Moçambique decidiu interromper o
fornecimento de energia eléctrica ao
Zimbabwe, por falta de pagamento de uma
factura de pelo menos 75 milhões de dólares
A promessa é do ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges
Interior vai ter mais energia eléctrica
ção do referido programa, tendo
em atenção o processo de inventariação em curso a nível nacional. “É provável que Malanje tenha uma potencialidade acima
daquela que nós hoje conhecemos”, sublinhou.
O défice no fornecimento de
energia eléctrica à cidade capital de Malanje será ultrapassado
com a construção a curto prazo
dos projectos hidroeléctricos de
Laúca e Caculo – Cabaça, ao longo do curso do rio Kwanza, na
província do Kwanza-Norte, que
estarão interligados à rede eléctrica nacional.
A reabilitação e construção
de 90 mini-hídricas a médio prazo constam da estratégia do executivo angolano para garantir o
fornecimento de energia eléctrica nas comunidades do interior
com a participação do financiamento privado.
O ministro da Energia e Águas,
João Baptista Borges, esteve em
O ministério da
tutela vai criar
incentivos para
atrair investidores
privados para
a edificação
das referidas
empreitadas
Malanje recentemente onde avaliou o estado actual do sector
que dirige. Em declarações à imprensa, o governante confirmou
que foi lançado um concurso público para a execução dos primeiros oito mini aproveitamentos hidroeléctricos em Angola.
Segundo o ministro, que visitou as obras em curso nos rápidos do rio Kwanza, a cerca de
60 quilómetros da sede municipal de Calandula, o ministério da
tutela vai criar incentivos para
atrair investidores privados para a edificação das referidas empreitadas, enquanto que o “Estado deve financiar os grandes
empreendimentos, deixando espaço para o sector privado participar no financiamento dos pequenos empreendimentos” para
satisfazer as necessidades económicas e energéticas das populações comunitárias.
O ministro não revelou o número
exacto de infra-estruturas que
serão erguidas naquela província, mas admitiu a existência de
mais pontos para a implementa-
Reforçar a capacidade
Para suprir as restrições que
ocorrem todas as noites está em
vista a aquisição, ainda este ano,
de novos transformadores para
substituírem os actuais (de 10 e
20 MW) instalados nas subestações da Capopa e de Malanje.
“Nós vamos instalar cerca de 80
MW que dará, grosso modo, para
18 a 20 mil casas. Cremos que será suficiente para atender às necessidades de Malanje nos próximos tempos”, garantiu.
Outro grande investimento a fazer em Malanje vai ser na linha
de transporte. “É preciso reforçar a capacidade do sistema de
transporte de Capanda para Malanje e também a nível da rede de
distribuição”, esclareceu João
Baptista Borges, que percorreu
as diversas divisões da barragem
hidroeléctrica de Capanda e a subestação de Lucala, província do
Kwanza-Norte.
Neste momento continuam a decorrer as acções de manutenção
daquele empreendimento que
possui uma capacidade instalada
de 520 megawatts, de forma a assegurar o funcionamento normal
da estrutura e do equipamento,
por ser a responsável da produção de energia para Luanda, Uíge e a província anfitriã.
Isaías Soares, em Malanje
Energia chega a poucos
A energia consumida na sede
de Cacuso é de 0.9 MW, beneficiando poucas dezenas de residências e pequenos estabelecimentos comerciais, porquanto os
PT’s (Postos de Transformação)
não permitem distribuir o produto
para os bairros e aldeias próximos
da circunscrição.
“Infelizmente não temos capacidade de consumir aquilo que nos
dão. Então, precisamos colocar
mais sistemas de distribuição”,
solicitou o administrador, Furtado Azevedo, ao ministro da Energia e Águas, referindo-se depois
à escuridão da Regedoria e do
bairro do Bita. Os aldeões estão a
abandonar as aldeias para as zonas com energia eléctrica na sede
municipal.
A comuna do Suqueco poderá
igualmente ser servida nos próximos tempos a partir da subestação de Cacuso, mas tudo dependerá dos estudos em curso que
deverão ser extensivos à provável
linha de transporte para o município de Calandula, cerca de 60
quilómetros a norte.
A Biocom é tida como a instituição
que mais energia consome na obra
de construção de um Hotel Residencial de vários andares. “Neste
momento, não podemos explicar
qual é a potência real, porque os
aparelhos de medida não estão
a funcionar”, informou o chefe
de departamento da unidade de
negócios da ENE, Fernando João
Gonçalves.
Aquela empresa, que no futuro vai
vender energia eléctrica ao Estado
a partir da sua usina, em construção em Pungo Andongo, assinou
um contrato com a área de distribuição para a edificação, em curso, na sede da municipalidade de
uma tarifa na ordem dos 250 KV,
que aumentará consoante o grau
de execução da empreitada.
I. S.
“Infelizmente
não temos
capacidade
de consumir
aquilo que nos
dão”, lembrou o
administrador de
Cacuso (Malanje)
05
16 Março 2012
Negócios
Pelo menos 998 mil euros estão a ser aplicados
pela ADRA, desde Março de 2011, no projecto
“Kumosi”, que pretende melhorar a produção
agrícola no município da Cacula
Negócio com italianos da ENI vai avançar
Sonangol em vias de assumir
controlo da Galp Energia
ria 51%, somando a sua participação
indirecta de 16%, através da Amorim
Energia, e aquisições em bolsa.
A par das negociações com a ENI, que
envolveram uma ida recente a Luanda do presidente executivo do grupo italiano, Paolo Scaroni, a Sonangol está também a negociar a sua
saída da Amorim Energia, refere o
Africa Monitor.
A equipa da Sonangol envolvida
nas negociações em curso em Lisboa é formalmente encabeçada
por Batista Sumbe, administrador
da companhia e presidente da Sonangol Holding.
A ENI tem interesses antigos e vastos na exploração de petróleo em
Angola e a alienação da sua participação na Galp a favor da Sonangol, no todo ou em parte, é considerada relativamente fácil de
A Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol) está
em vias de reforçar a sua participação na Galp Energia, passando a ser
o principal accionista e assumindo a
gestão de um dos principais grupos
portugueses.
O reforço da participação, alvo de
negociações em curso em Lisboa, de
acordo com informação da agência
financeira Bloomberg, passa pela
compra de parte da participação de
33.34% da italiana ENI, avaliada em
3,7 mil milhões de euros.
De acordo com a mesma fonte, o
governo português “não quer que
a empresa angolana detenha tanto controlo na cotada portuguesa”,
como já se sabia, pelo que uma percentagem da participação do grupo
ENI poderá ser vendida a outros investidores.
Segundo a folha de informação
África Monitor, publicada em Lisboa, o interesse da Sonangol resulta
de orientações das autoridades angolanas em adquirir integralmente
a participação da ENI, o que lhe da-
Novas concessões em 2013?
Angola poderá abrir em 2013
um novo concurso internacional
para a atribuição de concessões de
prospecção petrolífera, disse terçafeira no Kuwait Sebastião Gaspar
Martins, administrador da Sociedade Nacional de Petróleos de Angola
(Sonangol).
Aquele responsável esclareceu, no
Apesar das críticas nos EUA
Coca-Cola mantém fórmula secreta
A direcção da fábrica Coca-Cola vai
manter a cor caramelo em todos seus produtos, por achar segura a fórmula das suas bebidas, contrariando, dessa forma, as “especulações” segundo as quais a empresa está a
alterar a dose para o fabrico do produto.
De acordo com um comunicado distribuído
pela comunicação social, as mudanças que
irão ocorrer não vão afectar a cor ou o sabor
da bebida. “Ao longo dos anos, os processos
de fabricação foram actualizados, mas nunca foi alterada a fórmula secreta”, lê-se no
documento.
A marca pediu aos seus fabricantes para modificar o processo de produção no sentido de
reduzir a quantidade de 4-MEI no caramelo,
uma alteração sem efeito algum na fórmula
Coca-Cola, no sabor, ou na qualidade que os
negociar.
O governo português, adianta a
mesma fonte, terá persuadido a
Sonangol a conformar-se com uma
maioria simples na Galp Energia,
eventualmente 34%, o que significará que a aquisição da participação da ENI será parcial.
O esforço financeiro associado à
compra da participação da ENI,
com a venda estimada das acções a
um preço 10% acima do valor bolsista, terá comprometido a entrada de investidores portugueses,
conforme queria o governo de Lisboa, refere o Africa Monitor.
A Sonangol tem vindo a reforçar os
seus interesses em Portugal e tornou-se recentemente no principal accionista do Millennium BCP, o
maior banco privado português, com
mais de 20% do capital.
consumidores esperam dos produtos.
A informação refere que as declarações feitas pelo Centro para Ciência do Interesse Público (CSPI) indicam que o 4-MEI (que tem
como função escurecer o caramelo), é uma
substância cancerígena, insegura para consumo.
“Queremos garantir ao público em geral, aos
nossos consumidores e clientes, que as alterações do CSPI estão incorrectas. Os níveis
de 4-MEI nos nossos produtos não apresentam nenhum risco à saúde ou à segurança”,
garante a nota.
Segundo a Associação Americana de refrigerantes, em comunicado, o Estado da Califórnia (nos EUA) adicionou o composto 4-MEI a
lista de agentes cancerígenos, sem qualquer
prova de que causa cancro em humanos.
entanto, não terem sido escolhidas
quais as áreas a colocar a concurso,
podendo algumas ser em terra e
outras no mar.
Angola, o segundo maior produtor
de petróleo em África depois da
Nigéria, atribuiu em 2011 à BP e à
Statoil ASA, entre outras empresas,
o direito de prospectar petróleo e
gás natural em blocos do pré-sal
angolano em águas profundas.
Sebastião Gaspar Martins aproveitou ainda a ocasião para afirmar
que Angola está a aumentar de
forma gradual a sua produção de
petróleo, que deverá passar dos actuais 1,6 milhões de barris por dia
para 2 milhões de barris em 2014.
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22 March 2012 at 3pm
06
16 Março 2012
Entrevista
Francisco Maria, CEO do grupo Chico Maria
Investir para
desenvolver
o Centro
e Sul do país
Texto de ERNESTO GOUVEIA
Fotos de AFONSO FRANCISCO
Grande parte dos seus investimentos estão virados para o sector público, principalmente na
província de Benguela, em detrimento do grande centro económico que é a capital angolana. Tratase de um interesse que persegue
fins que foram definidos estrategicamente ou é apenas resultado
do alargamento dos negócios da
empresa que dirige?
Benguela é, sem sombras para dúvidas, o viveiro económico do centro
e sul do país, uma vez que lá estão
grandes infra-estruturas que movimentam este sector. A existência do
Porto do Lobito, os Caminhos-deFerro de Benguela são duas grandes
referências, adicionadas às futuras
instalações do aeroporto internacional e os blocos de exploração
petrolífera como a Sonamet e a Lobinave. São pontos estratégicos que
dão a qualquer empresário a possibilidade de visionar oportunidades
que possam surgir para fazer crescer
os seus negócios. Tudo quanto adquiri em termos de conhecimento
da actividade empresarial, tinha
que direccionar também a esta província de onde sou originário.
Quem investe procura gerar lucros
e direccionei-me a esta parcela do
território porque as oportunidades foram dadas. Nesse particular,
faço menção ao executivo local na
pessoa do governador Armando da
Cruz Neto, que deu-nos a oportunidade de investir no sector público
onde imprimimos a nossa força na
reconstrução nacional. Os resultados, felizmente, estão a ser visíveis
de forma satisfatória no município
do Chongorói onde estamos a fazer
intervenções com a construção de
casas para administradores, casas
para técnicos, instalações do co-
mando da polícia e residências para
os respectivos comandantes.
Sabemos que a recuperação das
vias de ligação do município do
Chongoroi para as respectivas
comunas é outra acção que está
no quadro das vossas operações
e ainda fala-se da possibilidade
de estarem inseridos no plano de
construção de casas sociais nos
municípios…
Afirmativo. Não obstante outras situações de natureza técnica, os trabalhos de recuperação das estradas
de Chongorói estendem-se num raio
de mais de 100 quilómetros, que vão
deste município para algumas comunas como Camuíne, Bulongueira
e Handja. Já no que toca à construção de casas, é nossa pretensão fazer parte desse projecto, no âmbito
do programa do governo para construção de casas sociais nos municípios e como já tivera dito, as nossas
atenções estão viradas para as localidades onde há a necessidade de se
sentir algum desenvolvimento em
termos de infra-estruturas sociais.
Falou da necessidade que vocês
sentiram em operar nos pontos
económicos estratégicos que Ben-
guela tem. Sente que já há abertura para a iniciativa privada fazer
parte das diferentes operações
onde era visível a necessidade de
terciarização dos serviços ou de
intervenção especializada como
no caso do Porto do Lobito?
Nós somos prova dessa abertura que
foi dada pelos órgãos competentes.
Uma das empresas que comporta o grupo, já há muito, opera no
Porto do Lobito com serviços de
carga e descarga de navios, transportação e prestação de serviços
diversos naquela infra-estrutura
portuária. Pelo que pude perceber,
sempre foi dada alguma abertura à
iniciativa privada interessada em
operar naquela unidade económica. Penso que isso está dentro das
políticas adoptadas pelo Ministério
dos Transportes com a descentralização de alguns serviços que hoje
podem ser prestados por terceiros.
Isso acabou por imprimir uma maior
dinâmica na qualidade e melhoria
dos serviços, trazendo consigo uma
concorrência mais saudável, garantindo que o Porto do Lobito mantenha os níveis que lhe são característicos. Se reparar, temos hoje um
congestionamento de navios muito
mais reduzido que é, de certa forma
Desde 2001 na senda
do empresariado,
Francisco Maria faz um
balanço positivo dos
investimentos, não só
pelas oportunidades
dadas pelo executivo,
mas também pelas
intervenções de
interesse público feitas
nas municipalidades
do sul do país. O
PCA do grupo Chico
Maria defende que a
descentralização de
alguns serviços ajuda a
crescer o empresariado
nacional.
Investimento na ordem dos 18 milhões de dólares
Francisco Eduardo Maria é natural
do Lobito e começou o seu contacto com o mundo dos negócios
a partir de 1998 junto a um casal
belga, que vive actualmente em
África e que estava virado para a
actividade de importação e exportação de produtos alimentares, de
onde nasceu a paixão pela vida em-
presarial.
Em 2001 cria a primeira empresa,
a Socodeth, que faz parte do leque
de outras que constituem o Grupo
Chico Maria. O crescimento das
diferentes unidades empresariais
teve, segundo o entrevistado, um
impulso positivo de pessoas ligadas à gestão de terminais e estru-
turas portuárias do país dos quais
cita Leonel Pinto e Sílvio Vinhas
que deram oportunidades de operar no ramo da estiva.
Com o empresário e sócio, Manuel
Inglês, a empresa evolui para o
ramo da construção e formação
profissional
Os investimentos do grupo estão
na ordem dos dezoito milhões de
dólares e pensa alargar os seus
negócios para o exterior do país,
tendo como prioridade a República de Moçambique onde já foi feito
por parte de uma entidade francesa que opera naquela província,
o convite para que esta empresa
opere nas terras do Índico.
16 Março 2012
07
«Ficou a promessa da negociação das taxas
bonificadas para os empresários na ordem dos 5 por
cento ou, quiçá, 10 por cento. Isto está em análise e
segundo o que sei já há propostas a serem analisadas»
está a efectuar obras de construção
de pontos de fornecimento de água
no município da Baía Farta. Essas
estruturas que estão a ser erguidas
pertencem à Estação de Tratamento
de Águas da província, sob a responsabilidade do ministério de tutela,
portanto creio que as aberturas vão
sendo dadas de acordo às oportunidades que surgem, desde que nós,
enquanto entidade privada que
presta um serviço público, saibamos executar tudo quando nos for
incumbido.
Ainda nesse domínio, pensamos
que em breve entraremos na senda
da exploração, tratamento e comercialização de água mineral, no vale
do Cavaco uma vez que Benguela é
uma província rica em recursos hídricos. Os estudos laboratoriais já
foram feitos, aguardamos apenas alguns resultados para que possamos
criar outras condições no sentido de
passarmos à fase seguinte.
facilitado pela descentralização,
“arejando” o fluxo destes meios marítimos e uma redução considerável
do tempo em que estes atracam nos
portos angolanos.
Não acha que essa descentralização deveria ser feita de um modo
geral, facilitando a acção dos privados junto das instituições de
interesse público?
Essa descentralização não foca só o
Porto do Lobito, penso que é uma
política que está a ser adoptada pelo
executivo local, à luz de orientações
superiores e nós, enquanto empreendedores sentimos os seus efeitos. Só como exemplo, a Estação de
Tratamento de Águas de Benguela
tem uma empresa que trata da manutenção dos seus equipamentos,
essa responsabilidade foi alocada a
uma entidade privada denominada Socodeth, que, felizmente, faz
parte do nosso grupo empresarial. E
ainda nesse domínio, a empresa IV
Sente que Benguela tende a corresponder à dinâmica que se pretende imprimir na industrialização do país?
Sem sombra de dúvidas, cremos que
o biénio 2012-2013 trará bons resultados. Uma das justificações está no
que eu já frisei atrás: o relançamento dos Caminhos-de-Ferro de Benguela que em breve vai estender a
chegada do comboio até ao Luau
e consequentemente à Zâmbia. É
uma estrutura que responde aos
padrões exigidos internacionalmente com a criação de uma estação que responde a esse nível, e
isso não deixa de ser uma mais valia. Dentro do Porto do Lobito ainda temos em perspectiva a criação
do cais mineiro. Segundo os seus
administradores Anapaz de Jesus e
Pedro Joaquim, virá a ser um ponto
de grande interesse para o sector.
A criação do aeroporto internacional da Catumbela vai, sem dúvida,
permitir uma menor movimentação das pessoas de Benguela para
Luanda, que queiram chegar a outros pontos do país, visto que é da
capital onde se estendem as rotas
aéreas para outros pontos do território. Com esse aeroporto a realidade será diferente e descongestiona o aeroporto de Luanda. Isso
leva a crer qualquer empreendedor
que Benguela começa a dar passos
significativos para que se consolidem as metas de industrialização,
dando um contributo ainda maior
para a economia do país.
Sentem alguma limitação nas
vossas iniciativas, tendo em conta a falta de abertura por parte
das instituições financeiras e a
descentralização que ainda não
é visível em outras estruturas,
directamente ligadas ao sector
económico, permitindo uma ac-
ção mais acutilante por parte do
empresariado nacional?
Uma das grandes valias para o desenvolvimento seria a descentralização de muitas áreas ligadas ao
sector económico. É importante
frisar que a concorrência de mercado evolui qualquer sociedade,
é preciso que tenhamos cada vez
mais empresas a concorrer entre
si porque só assim poderemos visionar desenvolvimento social a
todos os níveis. Potencializar o
empresariado local é uma das políticas defendidas directamente
pelo chefe de estado e, em encontros mantidos pelo presidente com
grupos de empresários, essa ideia
foi muito clara: potencializar cada
vez mais o empresariado nacional.
Devemos ter mais oportunidades
para prestar outros serviços, sem
excluir as linhas de crédito, com financiamentos direccionados, sem
excluir parcerias. Outro aspecto
importante é não colocarmos de
parte a concorrência internacional
porque esta também virá a permitir
que haja uma maior diversidade e
preocupação num serviço de qualidade por parte dos nacionais. É importante que cada um de nós sinta
que é prestado um serviço que se
adeque ao salário do consumidor
final.
Ficou a promessa da negociação das
taxas bonificadas para os empresários na ordem dos 5 por cento ou,
quiçá, 10 por cento. Isto está em
análise e segundo o que sei já há
propostas a serem analisadas. Penso que terá um efeito positivo nas
nossas actividades. Como qualquer
banco do mundo há garantias que
devem salvaguardar os bancos. Deverá haver maior dinâmica na interacção entre os bancos comerciais e
sente-se ainda alguma restrição no
financiamento para alguns empresários mas isso é como tudo porque
afinal de contas é um processo que
está em desenvolvimento.
Essa restrição dos bancos junto
de alguns empresários é fácil de
entender diante da dinâmica que
se pretende imprimir?
A dinâmica da vida dita que os fracos alimentam os fortes. No meu
entender vejo que os mais fortes
conseguem liderar e contornar melhor esse processo. Penso que cada
um de nós deverá lutar para ser um
dos fortes, mas como disse atrás, é
um processo em as aberturas vão
sendo feitas porque antes tínhamos apenas dois bancos e hoje o
crescimento é notável no domínio
da banca. Temos mais de uma dezena de bancos. Com isso, em função das políticas que as entidades
adoptam vão sendo dadas as aberturas necessárias.
Em que área considera funda-
mental investir, dada a extensão
de negócios que o grupo Chico
Maria tem?
A formação da população do sul
de Angola é a condição primordial
para o desenvolvimento. Queremos
apostar basicamente na criação de
mais escolas e na evolução de infraestruturas básicas para que o povo
seja muito bem servido, havendo
uma maior ligação do campo para
a cidade, sem uma interdependência entre si, tirando a necessidade
das pessoas movimentarem-se e
fixarem residências nas grandes
cidades, permitindo assim a descentralização e ao mesmo tempo
que cada um encontre o bem estar
na localidade onde nasceu.
Isso não será uma meta que deve
ser traçada a longo prazo?
Até antes de 2009, antes da crise,
os níveis de desenvolvimento estavam muito bem claros, e segundo a
experiência que tivemos enquanto
entidade empresarial directamente
ligada ao Gabinete de Reconstrução Nacional, enquanto entidade
executiva para transitários na empresa 5M, nas instalações da Sonils, acompanhámos o embrião da
construção da nova centralidade
da Lunda-Norte. A crise económica
acabou por levar a repensar muitas
estratégias nas quais o executivo
sentiu-se também afectado. Creio
que, com as eleições que se aproximam, as coisas poderão ter uma dinâmica maior. É bom que essa crise
passe para que os investimentos
sejam eficazes.
Acha que os níveis de investimento no sul de Angola já são de
realce, a ponto de serem colocados ao nível dos grandes investimentos no país, de um modo
geral?
Só não vê quem não quer. A nível
do sul de Angola começam a despontar estruturas resultantes de
investimentos que estão a ser feitos.
No domínio das obras públicas,
as estradas são uma realidade, a
criação de unidades fabris que vão
contribuir para o desenvolvimento do sector económico na região
também. As unidades hoteleiras
crescem cada vez mais, visto que a
zona sul começa a crescer consideravelmente em termos de interesse
turístico.
Outra grande potencialidade é o
sector agrícola, em que verificamos que cada vez mais se consome
o produto nacional proveniente do
campo em detrimento dos bens importados. Penso que desta forma e
com maior abertura para os empresários, Benguela e outras províncias
da região sul só tendem a crescer e
ser um suporte muito forte para o
desenvolvimento do país.
08
16 Março 2012
Conjuntura
O Presidente da República assinou um decreto que
aprova o Programa de Apoio às Micro, Pequenas
e Médias empresas com um valor de um bilião,
oitocentos e vinte e cinco milhões de dólares
Segundo especialista da Accenture
Défice ténico acentuado
no capital humano de Angola
Quintiliano dos Santos
O que dizem
os participantes
A terceira edição do “CEO Experience” juntou quatro responsáveis de
empresas públicas e privadas que operam no país, que debateram os
desafios na busca de talento para o sucesso das suas organizações.
ANTÓNIO Henriques da Silva, PCA da TPA, reconheceu que a dinâmica de desenvolvimento do sector da comunicação social está a impor novos desafios. Sem avançar quais, o homem que tem a responsabilidade de “reestruturar” uma das empresas mais mediáticas no país,
disse que o “modelo de funcionamento das empresas ligadas ao sector
público têm uma tendência de evolução”.
De acordo com o homem-forte da TPA, está a ser implementada na
empresa que dirige uma cultura que resulta numa maior motivação,
maior desenvolvimento, maior valorização daquelas que são as competenciais e do ponto de vista empresarial acabam por criar motivação
pessoal e ter um resultado no seu todo considerado diferenciador.
Diego León, responsável da Accenture
para área de Talent e Organization
na Europa, África e América latina
“O capital humano angolano
tem uma formação superficial com
um défice técnico acentuado”. A
afirmação é do responsável da Accenture para área de Talent e Organization na Europa, África e América Latina.
Diego León fez esta afirmação em
declarações ao Novo Jornal, à margem da terceira conferência “CEO
Experience” que se realizou esta semana em Luanda. “O capital humano angolano tem uma boa educação
de base, mas é superficial, falta uma
educação técnica mais profunda e
mais generalizada”, disse.
León considera que o país “deve
eleger as especialidades técnicas
que mais precisa onde deve investir
em grande escala”. Porque as necessidades devem ser definidas de
forma segmentada virando-se para
aquilo que mais falta faz. “Por isso
as organizações angolanas devem
fazer um exercício de inventário,
o conhecimento que têm das suas
organizações, e também planificar o
que vai ser necessário nos próximos
anos para poder traçar o caminho do
sucesso”.
Com o lema “Os novos desafios da
liderança e gestão de talento”, o
evento promovido pelo Semanário
Expansão e a Accenture Angola,
serviu também para que responsáveis de algumas empresas públicas
e privadas pudessem dar a conhecer as “contrariedades” na busca
de quadros capazes de satisfazerem
as necessidades das suas organizações.
Apesar de Angola ainda ter um caminho a percorrer no que toca à busca
da excelência, a figura principal do
seminário reconheceu que este não
é um problema exclusivamente nosso. Até porque as “pessoas são um
recurso escasso e complexo”. Assim
os líderes das organizações devem
ter a preocupação de olhar para elas
com a máxima simplicidade e de forma aberta.
Algumas regiões vão vivendo este
fenómeno com mais intensidade, é
o caso do continente africano devido à pouca oferta existente e também à satisfação das necessidades
dos profissionais.
“A principal dificuldade está na
grande diferença que existe entre
a oferta e a procura. Existe pouca
oferta e isso produz um efeito muito negativo nas organizações dos
países africanos, porque aumenta
artificialmente os custos e os vícios,
dificultando a atracção de pessoas”,
explicou Diego León.
O bom desempenho ou o sucesso de
um talento está intimamente ligado
ao desempenho dos líderes nas empresas, porque o talento não nasce,
faz-se. E é aqui onde as empresas
que actuam no país devem centrar
as suas atenções para evitar deslocações constantes de trabalhadores.
Fazendo fé nas afirmações do “especialista” não existe um modelo de
liderança específico, este tem a ver
com o momento concreto, embora
estes devam ter algumas características para o sucesso da sua gestão
na organização.
Assim os líderes devem adoptar entre as muitas particularidades a comunicação, empatia… Na execução
das tarefas deve orientar com vista à
obtenção de resultados satisfatórios
enquadrados em um pensamento
analítico sem esquecer a organização de todo o trabalho de forma
compreensiva e comprometedora,
para incutir autoconfiança e capacidade de discussão e optimismo no
seio da organização.
Sabendo que os desafios na busca
de talentos e a interacção no seio
da organização para reter ou desenvolver uma ligação positiva entre os
líderes e impedir o abandono constante de trabalhadores da organização, o responsável da Accenture
aponta alguns caminhos de liderança que podem definir o sucesso de
qualquer estrutura.
“É importante explicar os resultados
da empresa aos colaboradores, dar a
conhecer a visão da organização,
estar presente e ser visível”, lembra
Diego Léon.
É também importante criar uma cultura de mobilidade interna e externa para aproveitar melhor os técnicos.
faustino Diogo
Emídio Pinheiro, CEO do BFA, apontou a inovação e dinâmica como
questões importantes no mercado financeiro em que actua, mas o
grande problema na banca assenta na mobilidade dos trabalhadores
que provocou uma “fuga” da instituição de 8% de técnicos.
No entanto, assume que o banco tem um quadro de profissionais significativo e procura permanentemente gente que vê uma oportunidade de sucesso ao trabalhar na sua instituição.
Fernando Assunção, administrador da Mundial Seguros, disse que
o crescimento do sector obrigou a empresa a contratar alguns estrangeiros por falta de opções. Mas têm apostado na formação para alterar
o quadro, embora em algumas áreas muito dificilmente o cenário vai
alterar-se. “Para retermos os nossos quadros temos condições atractivas. Temos apostado em quadros jovens sobretudo na área comercial. E ainda temos um plano de carreira que permite aos funcionários
identificarem onde vão estar depois de um certo tempo”, concluiu.
José Manuel Ganga Júnior, director da Sociedade Mineira do Catoca, apontou a multiplicidade de especialidades no desenvolvimento
da actividade mineira como um entrave na obtenção de técnicos.
Para contornar esta situação está em curso um programa da academia
corporativa para criar um programa sustentável dentro do projecto
Catoca. A mobilidade de técnicos também é uma realidade nesta organização.
F.D.
Quintiliano dos Santos
16 Março 2012
09
Opinião
Rota meridional
“Daqui ... da minha mutala!
José Severino*
Jonuel Gonçalves
O Garimpo da água
A água continua a ser um dos maiores “calcanhares de Aquiles” da economia e da sociedade em Angola, com margens deficitárias reconhecidamente desproporcionais ao manancial
nacional. No inicio deste mês, o PCA da EPAL,
Leonídio Ceita, mencionou um tema agravante
de grandes proporções: o roubo do produto com
perfuração das condutas.
Acompanho este tema com alguma assiduidade desde 1993 quando constatei o facto numa
conduta da barragem de Calueque. Atribuí então a facilidade com que a pratica ocorria à lo-
calização remota daquela instalação e à então
fase de guerra. Mais tarde constatei que, com o
avanço do mercado hídrico paralelo, a mesma
virou moeda corrente na capital e outras cidades
do país.
É uma perda considerável e suplementar, já que
nas redes de distribuição - mesmo em metrópoles desenvolvidas - parte da produção perde-se
e nem chega ao consumidor. Por exemplo, em
São Paulo perdem-se quase 2 mil milhões de
litros diários, ou seja 28,5% do que entra nas
condutas. A maior parte dessas perdas relacionam-se com a idade da tubulação mas também
com desvios clandestinos.
Tóquio tem na matéria um desempenho notável
com apenas 4,7% de perdas.
No caso luandense, considerando que a EPAL
tem uma produção mensal média da ordem dos
oito mil milhões de litros - tomando como representativo junho de 2011 conforme balanço
daquele semestre do Programa de Governo - as
perdas causadas pelo estado de parte da rede
são já em si elevadas, ou seja, o que a empresa
envia para o consumidor é superior ao que a este
chega. Se alem desse problema, as perfurações
dão lugar a captação ilegal avultada, - como
acontece - temos de facto uma diminuição enorme no abastecimento concreto e uma agressão
económica caracterizada.
É matéria suficiente para uma investigação sobre as quantidades roubadas e seu destino tão
detalhado quanto possível. Por duas razões:
1) há perfurações para auto-abastecimento,
quer dizer, de pequenos grupos populacionais
desprovidos de fornecimento canalizado ou em
torneiras publicas ou ainda sem meios para pagar o paralelo; 2) há perfurações com objetivos
comerciais, geradores de elevados lucros e incidência até na taxa de inflação.
Estamos a falar de investigação técnico-socioló-
gica. A vertente judicial é para ser acionada à
parte: ou após os resultados da pesquisa técnica
ou em casos de flagrante delito.
Outro aspecto do consumo e produção de água
que agrava as insuficiências do produto e põe
em risco a viabilidade das empresas, é o não
pagamento do serviço. Em Benguela e Lobito foi
noticiada a persistência desse fator, duas cidades onde a faturação ainda se faz por estimativa, mas mesmo assim não há justificativa para
fuga ao pagamento. É bom lembrar que a água,
a partir do momento em que é captada e enviada
para as infraestruturas, passa a ser um produto, com inserção de tecnologia e mão de obra,
implica investimentos e custos Se não for paga
pelo consumidor na proporção do consumo,
será inevitavelmente paga pelos contribuintes
ou por transferência de recursos oriundos de
outros setores.
Ao mesmo tempo, ficamos a saber que nas cinco
zonas do município de Benguela foram distribuídos em fevereiro cerca de 725 milhões de litros
(conforme despacho da Angop expresso em metros cúbicos ) equivalente a um per capita diário
de pequena dimensão. Nestas condições é fácil
imaginar os efeitos e o significado dos desvios.
Redigido segundo
o acordo ortográfico
A produção de cereais,
os argentinos e nós
Quando um especialista ligado ao sector
público vem definir que o objectivo fundamental é chegarmos a 15.000.000 (quinze
milhões) de toneladas de cereais, mas referindo sem titubear que só previmos para
este ano de 2012 um aumento de 300.000
(2.0%) e só, todos o sabemos, então as barrigas continuam à espera da importação e
por muitos anos, o que é grave para quem
tem potencial para ser celeiro em África.
Os recursos que o BDA tem são suficientes,
digamos, apenas para três ou quatro províncias e nós somos 18 e como a manta é curta,
então a gestão dos financiamentos tem de
ser esticadinha, morosa ou tornar-se numa
mantinha de retalhos.
Nessa condição, sem se criarem cadeias técnicas sustentáveis e evolutivas e apenas de
ténues esperanças, que se dissipam quando
se vê que a nossa produção de cereais, no
quadro da SADC, mesmo que especulando,
não chega a 10.0% do que a África do Sul
produz.
A nossa alimentação de base passa muito
pelo milho, seja farinha, seja fuba (são coisas diferentes), mas carne e ovos, também
dele precisam, pois suínos e galináceos vivem dele (do milho). Até mesmo as vacas
leiteiras!
Numa altura de invasão argentina, o celeiro
da América latina, será pois bom que não
venham apenas com tanta quinquilharia
como a concorrência da China e do Brasil,
como em autênticos assaltos à nossa balança de pagamentos, por via das suas exportações, mas que partam para o interior
e mostrem por que são hoje dos maiores
produtores mundiais de trigo e de milho.
Claro que isto também depende de nós,
BDA, tutelas e outros, devendo entenderse que agricultura não depende apenas
de quem a tutela, mas deve ser entendida
como tarefa transversal, quer central quer
local e que o sector privado não pode ser
olhado como um mal necessário, seja ele
micro ou extensivo.
Como tal, entendemos que não é tempo
de se adoçar a pílula com promessas sobre
promessas, e orientarmo-nos, sim, para
mudanças profundas, se queremos alterar
o quadro.
Assim, nós, agricultores angolanos, nesta corrida para a Produção e com ela não
querendo continuar a parasitar à volta dos
barris de petróleo e por isso, deve ficar bem
expresso que nunca se atirará com a toalha
ao chão. Essa ....não! Mas sim e por isso a
nossa chamada de atenção.
(*)PRESIDENTE DA ASSIOCIAÇÃO
INDÚSTRIAL DE ANGOLA (AIA)
Numa altura de invasão
argentina, o celeiro
da América latina,
será pois bom que não
venham apenas com
tanta quinquilharia
como a concorrência da
China e do Brasil
10
16 Março 2012
Mercados
Dados cedidos pelo
ACTIVIDADE ECONÓMICA
Sentimento de confiança da economia alemã sobe bruscamente
O índice de confiança alemão de €1 bilião ($1,3 biliões) feita lares e os sinais de melhoria
ZEW cresceu no mês de Março, pelo BCE ao mercado financei- na crise da dívida soberana.
superando as previsões dos ro, para desbloquear o crédito Segundo a publicação feita
economistas, após a injecção das empresas e dos particu- pelo Centro de Estudos Euro-
Indicadores da Actividade Económica (1º trimeste de 2012)
taxa de juro
Balança
Actividade económica
peu (ZEW Center for European
Economic Research), o índice
subiu de 5,4 em Fevereiro para
22,3 pontos em Março.
As “terras raras” chinesas no centro de todas as atenções
As restrições chinesas sobre
as exportações de terras raras, minerais indispensáveis
à indústria, estão novamente
no coração de um conflito perante a Organização Mundial
do Comercio (OMC), depois
dos EUA, a União Europeia e o
Japão terem apresentado uma
queixa. Washington, Bruxelas
e Tóquio pediram “consultas”
sobre o assunto, antes de um
futuro julgamento da Organização sedeada em Genebra. O conflito concerne a 17
elementos químicos chamados “terras raras”, tendo em
conta que são difíceis a encontrar e extrair, assim como
dois outros metais, ou seja, o
tungsténio e o molibdénio. O
Presidente americano Barack
O PIB da Itália navega em águas profundas
O país, ancorado na austeri- consecutivos. Em ritmo anual,
dade, entrou em recessão no o PIB recuou 0,4% no quarto
fim de 2011 com o recuo do seu trimestre contra uma primeira
PIB de 0,7% no quarto trimestre estimativa de -0.5% publicada
em termos homólogos, confir- no dia 15 de Fevereiro, salientou
mou na Segunda-feira dia 12, a ISTAT no seu comunicado. No
segundo a publicação do Insti- conjunto de 2011, a Itália registuto de Estatísticas ISTAT na sua tou um crescimento de 0,5% em
estimativa definitiva. Esta nova números corrigidos contra 0,4%
contracção da economia, depois previsto inicialmente. O PIB do
daquela de 0,2% registada no país baixou no quarto trimestre
terceiro trimestre, marca a en- devido a uma queda da procura
trada da terceira maior economia (importações em baixa de 2,5%
da Zona Euro na recessão, carac- em relação ao terceiro trimestre
terizada por um recuo do PIB du- e o consumo recuou 0,7%). Sem
rante pelo menos dois trimestres apoio claro para a retoma eco-
Obama, acusou nesta Terçafeira a China de violar as regras do comércio internacional, impondo restrições nas
suas exportações de “terras
raras”. “Se a China deixasse
simplesmente o mercado funcionar por ele próprio, nós
não teríamos nenhuma objecção, mas a política o trava
actualmente e viola as regras
que a China aceitou seguir”,
declarou Barack Obama numa
intervenção transmitida em
directo na televisão.
“Temos uma boa relação
económica construtiva com
a China, e cada vez que isso
é possível, comprometemonos a trabalhar com este país
para informar sobre os nossos
receios.
nómica, o país deverá conhecer
novamente níveis do PIB só co-
nhecidos durante a crise financeira de 2008.
Evolução do PIB Italiano
Fonte: Bloomberg
movimentos não foram anunciados.
A SEC está investigar se as negociações não tinham exposto
os investidores a fraude, porque as empresas de capital
fechado não são obrigadas a
divulgar números chaves, tais
como receitas, fluxo de caixa
e o nível de endividamento, e
frequentemente carregam restrições, inclusive sobre vendas
de acções. Felix Investmet,
sedeada em Nova Iorque, cria
veículos comuns de investimentos através dos quais os
investidores podem comprar
acções de empresas não cotadas, incluindo o Facebook Inc.
e Twitter Inc..
A SharesPost, enquanto, ajuda, através da sua plataforma,
os compradores e vendedores
das acções a encontrarem-se.
O fundo hedge Paulson & Co. perde um Director e ganha um concorrente
financeiras há quatro anos,
deverá sair do Fundo Hedge,
Paulson & Co., que tem $23
mil milhões em activos sob
gestão, para criar o seu próprio fundo hedge em acções.
rá recuar 5% relativamente
a 2011. Para o responsável
europeu da marca nipónica,
Didier Leroy, as previsões da
Toyota “são cautelosas” ten-
do em conta a incerteza de
como os consumidores se vão
comportar perante a crise
económica. No ano passado,
a Toyota vendeu 822 mil veí-
A Toyota conquista o mercado europeu
O gigante automobilístico
Toyota teve vendas muito superiores este ano no mercado
europeu. Apesar do clima económico de crise, o grupo es-
pera vender 835 mil veículos
na Europa, incluindo no mercado russo, em 2012, mas que
na Europa Ocidental, o número de carros vendidos pode-
de RD para BFitch sobe rating da Grécia quatro níveis
após conclusão do perdão de dívida.
2,40%
2,30%
3,30%
-0,26%
5,50%
3,90%
6,25%
4,60%
8,30% -3,00% -8,25% 0,25% 0,51%
2,11%
-
1,00% 0,99%
-
8,60% -2,00%
-
0,50% 0,96%
2,32%
4,50% 1,70%
-
0,10% 0,24%
1,06%
10,50%
-
6,00% -2,20% -2,45% 9,88%
-
-
-
3,50%
-
-
-
6,50%
-
-4,30%
-
5,50% 5,74%
6,80% 6,00% -0,20% 7,13%
8,57%
-
-
Taxas de JURO
TBC- 63 dias
TBC- 182 dias
EURIBOR 1 M
EURIBOR 6 M
EURIBOR 12 M
LIBOR 1 M
LIBOR 6 M
LIBOR 12 M
MOEDA
AKZ
AKZ
EUR
EUR
EUR
USD
USD
USD
12-Mar-12
6,73
6,80
0,482
1,193
1,527
0,242
0,744
1,055
Var. Sm. Bp
24
0
-4
-5
-5
0
0
0
Var. Ac. Bp
-36
0
-63
-47
-46
-5
-6
-7
Var. Sem.
0,00%
-0,41%
-0,30%
-0,67%
-1,47%
-0,23%
4,91%
0,30%
Var. Acum.
0,03%
2,12%
7,94%
0,75%
0,15%
-5,90%
-0,88%
0,51%
Taxas de CÂMBIO SPOT
Cotação
USD/AKZ
EUR/AKZ
ZAR/AKZ
EUR/USD
GBP/USD
USD/ZAR
USD/BRL
USD/CNY
12-Mar-12
95,547
126,246
12,720
1,3147
1,5638
7,5645
1,8211
6,326
12-Mar-12
12.951,42
1.371,09
2.977,02
5.941,47
66.315,83
5.571,12
9.889,86
Var.Sem.
0,33%
0,50%
0,63%
1,13%
-0,96%
-1,43%
1,97%
Var.Acum.
3,97%
7,36%
12,39%
4,24%
12,39%
-2,28%
16,97%
Commodities EMPRESAS
Robert Lacoursiere, Director
dos investimentos em acções
2,10%
-0,30%
0,40%
1,65%
1,90%
8,00%
2,40%
3,70%
Índice
DOW JONES
S & P 500
NASDAQ
FTSE 100
BOVESPA
PSI 20
Nikkei 225
SEC: a policia da bolsa americana identifica fraudes
vem investigar a comercialização de participações em
sociedades de capital fechado
há mais de um ano, também
vai tomar providências em relação à SharesPost Inc., uma
plataforma para negociação
de títulos de startups de capital fechado, segundo duas
pessoas, com conhecimento
na matéria, que não quiseram
ser identificadas porque os
EUA
Zona Euro
Reino Unido
Japao
Brasil
China
África do Sul
Russia
Mercados Accionistas
mercados
A Securities and Exchange
Commission (SEC) está preparar uma sanção contra a Felix
Investments LLC sobre negociações de acções de empresas
privadas. Esta é a primeira acção a emergir a partir de uma
ampla investigação das transacções envolvendo empresas
“start up” não cotadas.
A reguladora norte-americana
de valores mobiliários, que
PAÍS
Var. PIB IPC Desmp Externa/ Fiscal/ Banco 3 Meses Notas 10
Real
(A/A)
Anos
C.
PIB
PIB
(A/A)
22,3 pontos
Confiança alemã, no mês de Março, no melhor
nível dos últimos 2.
Matérias primas
Brent
Crud oil (Angola)
Gas Natural
Ouro Spot
Platina
12-Mar-12
129,05
106,34
2,27
1.701,63
1.688,10
Var. Sem.
1,76%
-0,36%
-3,86%
0,05%
1,63%
Var.Acum.
19,12%
-4,71%
-99,96%
8,70%
21,10%
culos na Europa, apesar do terramoto e do tsunami que atingiu
o Japão em Março e que interrompeu a cadeia de produção e de
abastecimento da empresa.
A Toyota conquista o mercado europeu
O gigante automobilístico
Toyota teve vendas muito superiores este ano no mercado
europeu. Apesar do clima económico de crise, o grupo espera vender 835 mil veículos
na Europa, incluindo no mercado russo, em 2012, mas que
na Europa Ocidental, o número de carros vendidos poderá recuar 5% relativamente
a 2011. Para o responsável
europeu da marca nipónica,
Didier Leroy, as previsões da
Toyota “são cautelosas” tendo em conta a incerteza de
como os consumidores se vão
comportar perante a crise
económica. No ano passado,
a Toyota vendeu 822 mil veículos na Europa, apesar do
terramoto e do tsunami que
atingiu o Japão em Março e
que interrompeu a cadeia de
produção e de abastecimento
da empresa.
8,4%
Desemprego no Reino Unido atinge, no
trimestre terminado em Janeiro, o nível mais
elevado dos últimos 17 anos.
16 Março 2012
Fecho
11
O secretário de Estado da Agricultura, Desenvolvimento
Rural e Pescas, José Amaro Taty, considerou no Huambo,
preocupante o estado de degradação em que se encontram
alguns institutos de investigação agronómica e veterinária
Empreendedorismo em Angola
abordado em livro
O livro “Empreendedorismo em
Angola. Entre as ideias e a acção”,
foi apresentado na quarta-feira,
14, em Luanda. A obra é de autoria do jornalista angolano Sebastião Marques. Numa linguagem clara, com exemplos práticos, o autor
leva os seus leitores a uma viagem
pela história do empreendeorismo.
Nas cerca de cem páginas, Sebastião Marques mostra a sua preocupação com os aspectos didácticos da comunicação e a realidade
empreendedora em Angola que é
abordada nos seus mais diversos
momentos históricos.
Por outro lado, o autor indica também alguns dos principais sectores para investir em Angola, naquilo que chamou de “minas para
empreendedores”, onde destaca
o agro-negócio enquanto conjunto de comércio relacionado com a
agricultura.
No livro, Marques diz que “é na espiral de crescimento que nascem
cada vez mais iniciativas de promoção de novos empreendedores locais”, numa combinação de criação
de instituições profissionalizantes, “mudança legislativa para a fa-
cilitação de criação de pequenas e
medias empresas e promoção junto
dos bancos comerciais”.
Para dar substância concreta à sua
crença na capacidade empreendedora dos angolanos, o autor selecciona na base de um inquérito,
vinte jornalistas económicos, um
conjunto de 52 empreendedores
nacionais, constantes de uma lista elaborada pelo mesmo. Segundo
Sebastião Marques estes empreendedores foram “citados como fazedores de diferença no país”.
Investir na diversificação
Presente no acto de lançamento,
Francisco Queiroz, mestre em Ciências Jurídicas e Económicas, disse que a obra de Sebastião Marques
é um “grande contributo” no domínio intelectual dos empreendedores. Para além das acções práticas
que qualquer pessoa desenvolve
para a realização de um negócio,
é necessário compreender que do
ponto de vista da ciência e da técnica, a questão da formação específica motiva qualquer pessoa a
empreender.
Sobre o estado do empreendedoris-
mo em Angola, o também professor
universitário disse que é um sector
em franco crescimento e o Executivo tem dado o devido apoio e incentivo para o surgimento de novos empresários. Prova disso, disse
o académico, é a criação do Balcão Único do Empreendedor (BUE),
criado por decreto presidencial.
Fracisco Queiroz afirmou que, o
“BUE” nasce em função das preocupações do executivo angolano
de auscultar os empresários e a sociedade no seu todo sobre as suas
principais dificuldades e anseios.
Na verdade “já era sem tempo a
criação de um órgão desta natureza para facilitar a criação de negócios sem burocracia e, sobretudo
a descentralização do empreendedorismo de Luanda para as outras
províncias”.
“Com esse decreto, a esperança é
que os empresários e os empreendedores angolanos prossigam com
a sua actividade de forma mais simplificada e que com isso a economia
se diversifica”, referiu Queiroz.
Numa fase em que se assiste em
Angola à expansão do investimento privado a todo o vapor, Fracisco
Queiroz realçou que o investimento é livre em qualquer área. Mas,
segundo o mestre, aquilo que parece ser a grande preocupação do
Executivo e dos programas do Governo é o urgente investimento “a
sério” no domínio da agricultura,
turismo, agro-indústria, pescas e
outras áreas que contribuam para
diversificar a economia, de forma
a não torná-la refém do sector extractivo (petróleo e diamantes).
Todavia, o investimento que se poder fazer nas outras áreas e que
contribuem para a diversificação
e aumento das exportações e a diminuição das importações são,
de acordo com Francisco Queiroz,
sempre bem-vindos.
DOMINGOS BENTO
Refriango continua a investir em novos produtos
Blue com sabor tropical
“Tropical morango” é o novo sabor da marca Blue, que foi apresentado na sexta-feira, 9, em Luanda. O
novo gosto que vem somando mais
um nos dez paladares já existentes,
perfazendo assim um total de onze sabores, é o novo desafio da empresa Refriango para os seus consumidores.
Eurico Feliciano, director de marketing operacional da Refriango, empresa detentora da marca, disse que
o objectivo é fazer do “tropical morango” um sucesso de venda ao mesmo nível de comercialização como
têm sido os outros sabores da blue.
Cerca de oitocentos mil dólares é o
valor investido para a produção da
nova bebida. De acordo com Eurico
Feliciano, a empresa vai ter um investimento maior agora em termos
de activação da marca no mercado,
porque segundo o mesmo, são cus-
tos internos que a organização terá
com a equipa de desenvolvimento
do produto, marketing e vendas.
“No fundo é a conjugação dessas três
equipas que fazem com que os sabores sejam lançados e mantidos no
mercado”, afirmou aquele responsá-
vel. Feliciano lembra que a empresa não lança nenhum produto sem
que antes o consumidor final aprove através de estudos rigorosamente efectuados.
O profissional da Refriango fez saber ainda que, em termos de produ-
ção, prevê-se chegar aos dez milhões
de litros do novo sabor ao longo de
2012, um ano que se perspectiva de
enormes desafios, tendo em conta a
necessidade que a empresa tem neste momento em consolidar cada vez
mais os seus produtos noutros seis
países em que está presente (Moçambique, Namíbia, Benin, Congo,
Togo e Portugal).
Questionado sobre o estado das vendas no único país europeu para onde
exportam, Portugal, Eurico Feliciano explicou que a crise económica
na zona euro não tem influenciado
a comercialização das marcas da Refriango naquele mercado. Segundo
disse, a aposta da empresa no circuito português é um trabalho que está
“a começar a ser construído agora e
que tem pela frente um longo caminho a percorrer”.
DOMINGOS BENTO
Questionado sobre
o estado das vendas
no único país
europeu para onde
exportam, Portugal,
Eurico Feliciano
explicou que a
crise económica
na zona euro não
tem influenciado
a comercialização
das marcas da
Refriango naquele
mercado
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Expansão do poder económico de Angola em Portugal