AMANDA PINHEIRO FERREIRA ALVES MARA APARECIDA BIANCHI LEITE DE ABREU PAULA GENTIL LESSA OCORRÊNCIA DE RAIVA EM HERBÍVOROS NO MUNICÍPIO DE PEDRA BELA DURANTE O PERÍODO DE 1999 A 2008 SÃO PAULO 2009 i AMANDA PINHEIRO FERREIRA ALVES MARA APARECIDA BIANCHI LEITE DE ABREU PAULA GENTIL LESSA OCORRÊNCIA DE RAIVA EM HERBÍVOROS NO MUNICÍPIO DE PEDRA BELA DURANTE O PERÍODO DE 1999 A 2008 Trabalho apresentado para o cumprimento de atividades referentes ao Curso de Especialização Latu Sensu em Defesa e Vigilância Sanitária Animal –UCB SÃO PAULO 2009 ii LISTA DE FIGURAS Figura 1 Sintomatologia (nistagmo e Página 10 opstótono) Figura 2 Sintomatologia (paralisia e Página 10 movimentos de “pedalagem”) Figura 3 Evolução temporal dos casos Página 19 de Raiva dos Herbívoros no Município de Pedra Bela-SP, no período de 1999 a 2008 Figura 4 Mapa do Município de Pedra Página 20 Bela e alguns municípios vizinhos Figura 5 Coleta de Material encefálico Página 23 para diagnóstico: Início da coleta de encéfalo de eqüino morto suspeito de Raiva Figura 6 Coleta de Material Encefálico Página 24 para diagnóstico: Abertura da caixa craniana, começando a visualização do encéfalo Figura 7 Coleta de material encefálico Página 25 para diagnóstico: final da coleta do encéfalo iii LISTA DE TABELAS Tabela 1 Número de animais no Página 18 município de Pedra Bela em 2007 Tabela 2 Casos de Raiva dos Página 18 Herbívoros no município de Pedra Bela – SP, no período de 1999 a 2008 Tabela 3 Casos de Raiva em Pedra Página 20 Bela e nos municípios próximos a Pedra Bela, no período de 1999 a 2002. iv SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS.................................................................................... iii LISTA DE TABELAS................................................................................... iv 1. INTRODUÇÃO.............................................................................................. 1 2. OBJETIVOS................................................................................................... 2 3. REVISÃO DE LITERATURA......................................................................... 2 3.1. SITUAÇÃO DA RAIVA NO BRASIL............................................................. 2 3.2. ETIOLOGIA.................................................................................................... 3 3.3. DESMODUS ROTUNDUS............................................................................. 4 3.4. PATOGENIA................................................................................................... 6 3.5. SINAIS CLÍNICOS NOS HERBÍVOROS........................................................ 9 4. ATIVIDADES DE CONTROLE DA RAIVA EM ANIMAIS HERBÍVOROS 12 NO ESTADO DE SÃO PAULO: PROCEDIMENTOS DO PROGRAMA DA RAIVA............................................................................................................. 5. VACINAÇÃO................................................................................................... 15 6. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................... 7. RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................... 18 17 v 8. CONCLUSÃO................................................................................................. 26 BIBLIOGRAFIA 27 vi 1. INTRODUÇÃO: A raiva é uma das doenças mais antigas conhecida pelo homem e, ainda nos dias atuais, representa um sério problema de saúde pública e um empecilho ao desenvolvimento pecuário (INPPAZ, 1996). Desde a antiguidade, a raiva é citada como uma terrível doença que acomete aos homens e animais. Atribuída inicialmente aos deuses, era tida como uma influência maligna (STEELE, 1982). A palavra raiva vem de “rabbahs” do sânscrito que significa “agir com violência” remontado ao século 30 a.C. (FU, 1997), enquanto os gregos a chamavam de Lisa ou Lita que significa loucura (BAER, 1982). Em países onde a Raiva é controlada, e não existem morcegos hematófagos, os principais transmissores são os animais silvestres como as raposas, os coiotes, lobos entre outros. Na maioria dos países dos continentes asiáticos, africano e latino-americano, onde a Raiva não é controlada, o vírus é mantido entre várias espécies de animais domésticas e selvagens. (BRASIL, 2005) No Brasil, a principal espécie continua sendo o cão, embora os morcegos estejam cada vez mais aumentando a sua participação, podendo ser assim os principais reservatórios do vírus no ambiente silvestre. (BRASIL, 2005) Animais silvestres da fauna brasileira como os morcegos hematófagos, os nãohematófagos, as raposas, sagüis, cachorro-do-mato, entre outros, já foram identificados contendo o vírus da Raiva. (BRASIL, 2005) O vírus da Raiva não atravessa a pele integra. Mas a transmissão pode ser natural, ou seja, pelo contato direto, como lambedura, mordedura, ou mesmo pela inalação de aerossóis de urina de morcegos no ambiente das cavernas. A transmissão também pode ser experimental, pela via placentária, ou mesmo pela via digestiva. A Raiva dos Herbívoros é responsável por enormes prejuízos econômicos, e o Brasil sofre com essas conseqüências. Este fato se agrava com a falta de comunicação dos produtores, que não notificam aos órgãos oficiais os casos suspeitos. Acarreta prejuízos pelas perdas diretas e indiretas. E por ser uma zoonose direta, uma única espécie é necessária para manter o ciclo do vírus no ambiente. Pois um hospedeiro vertebrado infectado transmite a outro vertebrado susceptível, da mesma espécie. vii Sempre lembrando que a Raiva é uma doença fatal, certamente causará a morte, uma vez instalada. Os primeiros casos de raiva em herbívoros no Estado de São Paulo foram relatados no ano de 1935 nas cidades de Ubatuba no Litoral, e Itu no interior do Estado (CARNEIRO, 1936). Desde então a doença vem ocorrendo de forma endêmica e com momentos epidêmicos, nesses animais, em diversas regiões do estado de São Paulo. Os primeiros casos de raiva em herbívoros no Estado de São Paulo foram relatados no ano de 1935 nas cidades de Ubatuba no Litoral, e Itu no interior do Estado (CARNEIRO, 1936). Desde então a doença vem ocorrendo de forma endêmica e com momentos epidêmicos, nesses animais, em diversas regiões do estado de São Paulo. 2. OBJETIVOS: Os dois principais objetivos desse trabalho foram: analisar o número de casos de Raiva em Herbívoros de Pedra Bela durante os últimos 10 anos. E com isso, descrever as ações que o município realiza para controle da Raiva, comparando o que está certo e errado com o Plano Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros. 3. REVISÃO DE LITERATURA: 3.1 SITUAÇÃO DA RAIVA NO BRASIL: Em animais, principalmente de interesse econômico, os dados oficiais não refletem a realidade, pois são extremamente prejudicados pela subnotificação. Além disso, são publicados com, pelo menos, cinco anos de defasagem (BRASIL, 2000). Segundo os dados do Ministério da Agricultura (BRASIL, 2000) no Brasil, em 1995, foram realizados 8.711 exames laboratoriais para o diagnóstico da raiva. Foram positivos 1.053 bovinos, 619 caninos, 74 eqüídeos, 42 felinos, 42 animais silvestres (incluindo morcegos hematófagos, não hematófagos e raposas), 4 caprinos, 3 ovinos e 1 suíno. As atividades oficiais de combate à doença no Brasil tiveram início no ano de 1973, com o Programa Nacional de Profilaxia da Raiva, instituído mediante convênio entre o Ministério da Saúde, Ministério da Agricultura e a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPS/OMS). viii Na América Latina, na qual a população de bovinos expostos sob risco é de aproximadamente 70 milhões (KING e TURNER, 1993), estima-se uma mortalidade anual que varia de 100.000 a 500.000 bovinos (SWANEPOEL, 1994), com um prejuízo de 50 milhões de dólares americanos para a indústria pecuária (KING e TURNER, 1993). No Brasil, estima-se que a raiva seja responsável pela morte de 30.000 a 40.000 (HEINEMANN et. al., 2002) bovinos anualmente, causando perdas estimadas em 15 milhões de dólares (HEINEMANN et. al., 2002). No Brasil, a raiva tem sido pouco estudada em eqüinos. Em São Paulo entre os anos de 1980 a 1994 foram diagnosticados 983 casos de raiva em bovinos e 111 em eqüinos (PEIXOTO et. al., 2000). O diagnóstico de raiva em ovinos têm sido raro e não há publicação de diagnóstico em caprinos (BARROS, 2003). 3.2 ETIOLOGIA: O vírus da raiva pertence à ordem Mononegavirales, família Rhabdoviridae (rhabdo, do grego “bastão”), gênero Lyssavirus (TRABULSI et. al., 1999). Na família Rhabdoviridae existe um amplo número de espécies de vírus que infectam animais vertebrados (mamíferos, peixes e répteis), invertebrados e plantas, o que demonstra a grande diversidade destes vírus (KOTAIT e CARRIERI, 2005). A família Rhabdoviridae é composta de por seis gêneros, em saúde animal destacam-se três gêneros, pela sua importância: Vesiculovírus, relacionado com a doença vesicular em animais; Lyssavírus, relacionado com a encefalomielite fatal em animais e no seres humanos; Ephemerovírus, relacionado com a febre efêmera dos bovinos (ITO, 2008). Além destes, há outros três gêneros: Novirhabdovirus, de vírus que infectam peixes; Cytorhabdivirus e Nucleorhabdvirus, de vírus que infectam plantas e invertebrados (KOTAIT e CARRIERI, 2005). Segundo Davies et. al. (1963), o vírus tem forma cilíndrica com uma extremidade arredondada e a outra achatada, lembrando um projétil. O genoma é constituído por uma fita simples de RNA, não segmentado e com polaridade negativa, envelopado de superfície estriada, sendo formado por uma dupla membrana fosfolipídica na qual emergem espículas de aproximadamente 9nm, de composição glicoprotéica e um canal axial (ITO, 2008), o tamanho médio do vírus apresenta dimensões de 130 - 220nm X 60 – 110nm, o conteúdo lipídico compõe 15% a 25% do peso total do vírus (TRABULSI et. al., 1999) e na sua constituição química, a partícula viral possui 2% a 3% de ácido ribonucléico (RNA), 67% de proteínas, 26% de lipídeos e 3% de carboidratos (KOTAIT e CARRIERI, 2005). ix Os Rabdovírus contêm RNA polimerase, RNA dependente que utiliza a fita (-) para formar uma fita (+), a nova fita funciona como RNA mensageiro e como um molde para a síntese do novo RNA viral (TOROS, 2002). O vírus da raiva pode ser dividido em duas porções: o ribonucleocapsídeo e o envelope. Do ribonucleocapsídeo fazem parte o RNA e três proteínas: a nucleoproteína (N), associadas ao RNS viral, a proteína L, que é uma RNA polimerase – RNA dependente (responsável pela transcrição e replicação do RNA viral) e a proteína P (NS ou M1), uma fosfoproteína. O envelope é constituído de duas proteínas: a glicoproteína (G) e a proteína matriz (M ou M2) (KOTAIT e CARRIERI, 2005). A proteína mais importante e mais conhecida é a glicoproteína G, responsável pela indução de anticorpos neutralizantes, pela estimulação das células T e pela adsorção vírus célula. A resposta imune específica ao vírus da raiva possui dois componentes: a mediada por anticorpos e a mediada por células. Além da glicoproteína (G), a nucleoproteína (N) tem importante papel na resposta imune (KOTAIT e CARRIERI, 2005) O gênero Lyssavirus causador da raiva possui, atualmente, sete espécies distintas. A espécie Rabies virus (RABV) representa o vírus clássico da raiva, que infectam mamíferos terrestres, morcegos hematófagos e não hematófagos das Américas e pertencem ao genótipo 1. A espécie Lagos bat vírus (LBV), ou genótipo 2, é um vírus isolado de morcego frutívoro da região de Lagos, Nigéria. A Mokola vírus (MOKV), ou genótipo 3, foi isolado de humanos, também da Nigéria, e felinos do Zimbabwe e da Etiópia. A espécie Duvenhage vírus (DUVV), ou genótipo 4, inclui vírus isolados de morcegos insetívoros e humanos na África do Sul (KOTAIT e CARRIERI, 2005). Existem dois tipos de vírus “vírus de rua” que é usado para descrever as cepas virulentas, isoladas na natureza de animais domésticos e silvestres, em oposição à designação do “vírus fixo”, uma variante dos “vírus de rua”, que ocasiona uma infecção por inoculação intracerebral com um período de incubação fixo, em coelhos e camundongos, de 96 horas e não apresentam capacidades de formar corpúsculos de Negri (TRABULSI et. al., 1999). O vírus da raiva é pouco resistente aos agentes químicos (éter, clorofórmio, sais minerais, ácidos e álcalis fortes), etanol a 45% - 70%, preparados iodados e compostos de amônio quartenário, aos agentes físicos (calor, luz ultravioleta) (ITO, 2008). x Outras relevantes propriedades são: resistentes à dessecação, assim como aos congelamentos e descongelamentos sucessivos, a relativa estabilidade a pH entre 5 – 10 e sensibilidade às temperaturas de pasteurização a luz ultravioleta (KOTAIT e CARRIERI, 2005). 3.3 DESMODUS ROTUNDUS: O estado de São Paulo possui uma área de 247.898 km2 coberta com menos de 5% de sua vegetação nativa (mata atlântica e cerrado). Atualmente a maior parte do território paulista foi transformada em plantações de cana de açúcar e laranja, e criação de gado bovino de corte e de leite. A expansão da bovinocultura no estado de são Paulo favoreceu o aumento das populações de Desmodus rotundus. Além disso, muitas estradas e rodovias foram construídas para escoar essa produção agropecuária, o que certamente contribuiu para o aumento populacional e a ampliação de sua distribuição em território paulista. Bueiros sob rodovias e pontes passaram a ser utilizado por D. rotundus como abrigos diurnos. (Gomes, M. N.; Uieda W., 2000) Uma colônia é um conjunto de morcegos da mesma espécie que vive em um mesmo abrigo diurno e que contêm indivíduos de ambos os sexos, em diferentes estágios de desenvolvimento e reprodutivo. O termo agrupamento é usado como qualquer grupo de morcegos da mesma espécie, independente de sua composição. (Gomes, M. N.; Uieda W., 2000) O morcego hematófago Desmodus rotundus tem ampla distribuição no Novo Mundo, ocorrendo desde o Norte do México, América Central e até o Norte da Argentina. Economicamente, esta espécie pode trazer grandes prejuízos para a pecuária da América Latina, por causa de seu papel na transmissão da raiva dos herbívoros. No aspecto de saúde pública, os ataques de D. rotundus aos seres humanos têm sido freqüentemente citados, principalmente na região Amazônica, e podem levar a transmissão de raiva.Os morcegos hematófagos são bastante versáteis e se adaptaram as modificações introduzidas pelo homem ao ambiente. (Gomes, M. N.; Uieda W., 2000) Os abrigos artificiais são principalmente as casas abandonadas no campo, pontes, fornos de carvão, poços d’água abandonados, bueiros sob rodovias e outras estruturas similares. E os abrigos naturais, geralmente são as grutas. (Gomes, M. N.; Uieda W., 2000) Suspeita-se que a composição das colônias de D. rotundus e sua distribuição no interior dos abrigos diurnos devem interferir na eficiência do controle de suas populações, através da pasta vampiricida de aplicação tópica nos morcegos. Uma colônia dividida em vários subgrupos, vivendo espalhados no interior do abrigo, deve ser mais difícil de eliminar do que uma colônia compacta xi vivendo em apenas um local do abrigo. Nessa situação, o formato e a estrutura dos abrigos devem influir no formato das colônias. (Gomes, M. N.; Uieda W., 2000) Estudos têm revelado a existência de dimorfismo sexual em D. rotundus. De maneira geral, o comprimento do antebraço pode variar de 50 a 63 mm e a massa corporal 15 a 50 g. São considerados machos ativos sexualmente, aqueles indivíduos com os testículos na bolsa escrotal e, como inativos, aqueles com os testículos na cavidade abdominal. A gravidez das fêmeas é determinada pela palpação de seu abdômen para detectar a presença do feto. Fêmeas lactantes são reconhecidas pela presença de leite em suas mamas, que pode ser feito com o auxílio de uma pinça pra comprimir os mamilos. (Gomes, M. N.; Uieda W., 2000) Em um estudo feito por Gomes M. N. & Uieda W., 2000; obteve informações sobre 12 abrigos diurnos no Estado de São Paulo, entre eles, um no município de Amparo, e outro no município de Pedreira. A gruta localizada em Pedreira (22°49’S 46°53’W) possuía 220 morcegos e ocupava dois sítios, cada sítio abrigava 90 indivíduos , e foram observados mais 30 outros indivíduos espalhados isoladamente e em pequenos grupos de dois a quatro indivíduos, que se penduravam pelas paredes do abrigo, sem contato corporal. No município de Amparo, havia um bueiro (22°44’S 46°45’W), localizado no Km 116 da estrada Morungaba- Amparo. Neste bueiro havia uma colônia de 120 indivíduos de D. rotundus, sendo que nos cantos superiores havia aproximadamente 20 indivíduos de modo geral, sem contato corporal. Durante as atividades do controle da raiva dos herbívoros realizada pela Coordenadoria de Defesa Agropecuária na região de Bragança Paulista, Gomes M. N. encontrou um bueiro na estrada Amparo- Itapira (na divisa entre os dois municípios) uma colônia de 800 indivíduos de D. rotundus. Colônias imensas contendo 1.000 e até 2.000 indivíduos tem sido citadas na literatura; porém, sua ocorrência é rara, ou então, foram mal dimensionadas. (Gomes, M. N.; Uieda W., 2000) A presença de um grande número de machos sexualmente ativos sugere que na estação seca, a maioria desses machos está à procura de fêmeas receptivas. O nascimento dos filhotes ocorre com mais freqüência, na estação chuvosa (outubro a março), uma vez que o tempo de gestação é prolongado (sete meses). D. rotundus é considerada uma espécie poliéstrica, sem um período definido de reprodução, contudo, o nascimento da maioria dos filhotes parece estar concentrado na estação mais quente e chuvosa. (Gomes, M. N.; Uieda W., 2000) O fato das fêmeas serem maiores que os machos em D. rotundus pode ser explicado pela seleção adaptativa de machos e fêmeas. Uma mãe maior tem melhores condições de produzir filhotes viáveis que as mãe menores. A condição de se ter superfície alar (fina pele elástica desprovida de pêlos entre os quatro dedos alongados da mão; apenas o polegar fica livre, sendo utilizado para se dependurar, essa membrana elástica liga-se ao tornozelo e em muitas espécies, xii também é ligada à cauda e por isso os morcegos são classificados como quirópteros), nas fêmeas maior que dos machos, sugere uma capacidade de carga superior para compensar o aumento de peso durante a gravidez e para carregar o filhote nos meses iniciais após o nascimento. (Gomes, M. N.; Uieda W., 2000) 3.4 PATOGENIA: A patogenia da raiva é semelhante em todas as espécies de mamíferos (KOTAIT e CARRIERI, 2005). A ocorrência da doença num determinado local depende da existência de vetores na região. Os herbívoros podem contrair a raiva por mordedura de um cão infectado. No entanto, bovinos e eqüinos é normalmente transmitida através de mordedura de morcegos hematófagos contaminados com o vírus rábico, sendo principalmente o Desmodus rotundus (BRASIL, 2005). A infecção de um hospedeiro pelo vírus da raiva ocorre, primordialmente, a partir de uma lesão da pele provocada pelo animal agressor, na maioria das vezes, pela mordedura de um animal infectado, que esteja eliminando vírus na saliva. É possível, ainda, que a infecção ocorra por feridas ou por soluções de continuidade da pele, quando contato com saliva e órgãos de animais infectados. A possibilidade de sangue, leite, urina ou fezes conter quantidade de vírus suficiente para desencadear a raiva é remota (ITO, 2008). Segundo Schneider (1975), de todos os tecidos extraneurais, as glândulas salivares são as que apresentam maior grau de infectividade, podendo em muitos casos fornecer em título infectante superior ao do próprio tecido nervoso. O autor afirma ainda que existe a hipótese de adquirir o vírus da raiva através da inalação de partículas virais em suspensão no ar, como ocorre em cavernas habitadas por morcegos. Experimentos de transmissão da raiva por via oral têm sido relatados. O exato mecanismo envolvendo a transmissão oral ainda não foi esclarecido, mais recentemente, têm sido referidos os transplantes de córneas como via de transmissão do vírus da raiva (ITO, 2008). A variabilidade do período de incubação depende de fatores como capacidade invasiva, patogenicidade, carga viral, ponto de inoculação (quanto mais próximo de sistema nervoso central, menor será o período de incubação), idade, imunocompetência do animal, entre outros (ITO, 2008), além gravidade da mordedura, arranhadura, lambedura ou contato com a saliva de animais infectados (SANTOS, et. al., 2008). xiii O período de incubação em bovinos varia de 20 a 165 dias experimentalmente submetido à espoliação por morcegos Desmodus rotundus infectados, 60 a 75 dias em bovinos mantidos em condições de campo e 25 a 611 dias em bovinos inoculados experimentalmente por via intramuscular. Em experimentos envolvendo inoculação intramuscular em caprinos e ovinos com amostras de vírus da raiva, obtido de raposa Dusicyon vetulus, do Nordeste brasileiro, o período de incubação varia de 17 a 18 dias (ITO, 2008). A migração do vírus da raiva “via nervo” foi postulada por Morgagni em 1769. Após o período de incubação variável, seguido de replicação viral no tecido conjuntivo e muscular circunvizinhos no ponto de inoculação, a infecção se dissemina rapidamente alcançando o SNC. Em certas circunstancias, as partículas podem penetrar diretamente nos nervos periféricos, sem replicação prévia nos tecidos não nervosos (ITO, 2008). Durante o período de incubação, antes do comprometimento do SNC, a presença de vírus não pode mais ser evidenciada por métodos convencionais de diagnóstico e alguns pesquisadores denominam este período de “eclipse” viral. As partículas alcançam as células neuronais do tronco cerebral, hipocampo, tálamo, medula e do cerebelo (KOTAIT e CARRIERI, 2005). As lesões de poliencefalomielite rábica são caracterizadas pela infiltração perivascular de células mononucleares, gliose focal, regional e neuronofagia. A degeneração do neurônio, circundada por macrófago e, ocasionalmente, por outras células inflamatórias, forma um núcleo de neuronofagia, denominado de nódulo de Babe. Eventualmente, a vacuolização produz o aparecimento de lesão espongiforme na raiva. Ocorre também desmielinização que produz o aparecimento de lesão espongiforme na raiva. Agrupamentos de proteínas virais formando corpúsculos de inclusões intracitoplasmáticas, denominados de corpúsculos de Negri, são especialmente encontrados nos citoplasmas dos neurônios e células de Purkinje, no cerebelo (ITO, 2008). Uma vez atingindo o SNC, a disseminação do vírus é rápida, sendo trans-neuronal através das sinapses. Nas junções neuromusculares, o vírus rábico, através da glicoproteína, liga-se especificamente ao receptor nicotínico da acetilcolina, (KOTAIT e CARRIERI, 2005) a infecção ativa do SNC é seguida por disseminação passiva de forma centrífuga para os nervos periféricos e invasão de tecidos com inervação abundante, como as glândulas salivares, onde ele pode replicar no epitélio dos ácinos e ser eliminado junto com a saliva através dos ductos (RIET CORREA et. al., 2001). O vírus alcançando o sistema nervoso central e após intensa replicação, os vírus seguem centrifugamente para o sistema nervoso periférico e autônomo, alcançando órgãos como o pulmão, o coração, os rins, a bexiga, o útero, os testículos, o folículo piloso e, principalmente, as glândulas salivares, sendo eliminados pela saliva (KOTAIT e CARRIERI, 2005). xiv Na infecção natural, a estimulação dos linfócitos B para produção de anticorpos acontece tardiamente, após o aparecimento dos sintomas. A ação desses anticorpos é bloquear os vírus extracelulares, antes de alcançar o receptor das células musculares, inibindo a propagação no ponto de inoculação e a sua progressão até o sistema nervoso central (ITO, 2008). As alterações dos neurônios são moderadas pela imunidade mediada por linfócitos T e B ou por outros mecanismos de defesa inespecíficos não imunes. A proliferação intensa de corpúsculos de incluso dentro dos neurônios faz com que as células nervosas sejam alteradas funcionalmente e com o comprometimento do sistema límbico, dando origem à alteração do comportamento (ITO, 2008). A distribuição do vírus rábico não é homogênea no SNC e, por esse motivo, a porção de eleição para encaminhamento ao laboratório de diagnóstico varia de espécie para espécie (KOTAIT e CARRIERI, 2005). 3.5 SINAIS CLINICOS NOS HERBÍVOROS: Os sintomas da raiva, nos seres vertebrados, traduzem-se normalmente, por alterações do comportamento, iniciando-se por crises de hiperexcitabilidade e terminando com paralisia (SCHNEIDER, 1975), geralmente limitadas ao sistema nervoso central (JONES et. al., 2000). Passando o período de incubação, podem surgir diferentes sinais da doença, sendo a paralisia o mais comum, porém pode ocorrer a forma furiosa, levando o animal a atacar outros animais ou seres humanos (ITO, 2008). Quando se trata de raiva transmitida por morcegos, não foram observadas diferenças acentuadas entre as manifestações clínicas nos bovinos, eqüinos, asininos, muares e outros animais domésticos de importância econômica, como caprinos, ovinos e suínos (ITO, 2008). O sinal inicial é o isolamento do animal, que se afasta do rebanho, apresentando certa apatia e perda do apetite, podendo apresentar-se de cabeça baixa e indiferente ao que se passa ao redor. Seguem-se outros sinais, como aumento da sensibilidade e prurido na região da mordedura, (ITO, 2008) pêlo arrepiado, sonolência e depressão, mugido constante, tenesmo, hiperexcitabilidade, aumento da libido (priapismo), dificuldade de defecar (tenesmo), andar cambaleante, tremores musculares (contrações tônico-clônica da musculatura do pescoço, tronco e extremidade, salivação abundante e viscosa, dificuldade para engolir (o que sugere que o animal xv esteja engasgado), fotofobia, nistagmo (Figura 1) e midríase com ausência de reflexo pupilar (SANTOS et. al., 2008). Após o animal entrar em decúbito, não consegue mais se levantar e ocorrerem movimentos de pedalagem (Figura 2), dificuldade respiratória, asfixia e finalmente ocorre a morte, que ocorre geralmente entre 3 a 6 dias após o início dos sinais, podendo prolongar-se, em alguns casos, por até 10 dias (ITO, 2008). Figura 1- Sintomatologia: nistagmo e opistótono. (Fonte: Paula G. Lessa) xvi Figura 2- Sintomatologia: paralisia e movimentos de “pedalagem”. (Fonte: Paula G. Lessa) Uma vez iniciados os sinais clínicos da raiva, nada mais resta a fazer, a não ser isolar o animal e esperar sua morte ou sacrificá-lo na fase agônica. Como os sinais em bovinos e eqüinos podem ser confundidos com outras doenças que apresentam encefalites é importantíssimo que seja realizado o diagnóstico laboratorial diferencial (ITO, 2008). No estágio final, o animal para de comer e beber, e a morte ocorrem em um ou dois dias por parada respiratória (SANTOS et. al., 2008). Segundo Brasil (2005) afirma que passado o período de incubação, podem surgir diferentes sinais da doença (SANTOS et. al., 2008). Por sua vez, RIET CORREA (2001) aponta três fases, a prodrômica, que geralmente é a mais curta e inclui mudanças de conduta; a fase excitativa, que inclui sinais exacerbados de hiperexcitabilidade e agressividade; e a fase paralítica, que geralmente segue a anterior e cursa com paralisia progressiva. Em bovinos, a doença apresenta-se tanto na forma paralítica, como na furiosa, sendo a primeira mais freqüente (SUMMERS et. al., 1995). Portanto, os sinais clínicos mais freqüentes são incoordenação dos membros pélvicos, seguida de paresia e paralisia flácida, decúbito lateral e sialorréia (RONDON et. al., 1995). Os sinais clínicos da forma furiosa, como agressividade e xvii mugidos freqüentes e roucos são discretos, prurido intenso com irritação cutânea (LANGOHR et. al., 2003), hiperexcitabilidade e ranger de dentes (SANTOS et. al., 2008). Nos eqüinos, a manifestação clinica é muito variável, incluindo tanto a forma paralítica, quanto a forma furiosa da doença (HUDSON et. al., 1996). Os principais sinais clínicos são: prurido intenso, levando os animais a se morder, causando graves lesões; apetite depravado, retroversão patológica dos lábios, morder e escoicear (se a fase furiosa está presente) (SANTOS et. al., 2008). Em ovinos, na raiva transmitida por cães a doença caracterizou-se por alterações do comportamento, agressões a outros animais e ao homem, batidas de cabeça contra cercas e objetos e convulsões (RIET CORREA et. al., 1983), enquanto que na doença transmitida por morcegos hematófagos os sinais foram de dificuldade de locomoção os membros posteriores, tremores musculares, convulsões, opistótono e decúbito lateral (BARROS, 2003). 4. ATIVIDADES DE CONTROLE DA RAIVA EM ANIMAIS HERBÍVOROS NO ESTADO DE SÃO PAULO: PROCEDIMENTOS DO PROGRAMA DA RAIVA: O Programa de Controle da Raiva dos Herbívoros é de responsabilidade do Ministério da Agricultura, que atua nos Estados através de convênios, e tem como objetivo o controle da ocorrência da raiva transmitida por morcegos hematófagos aos animais herbívoros. As principais atividades desenvolvidas são o controle populacional do morcego hematófago, a vacinação dos herbívoros domésticos, a vigilância epidemiológica e a educação em saúde animal (BRASIL, 2000). No Estado de São Paulo as atividades de controle são diferenciadas em função da situação epidemiológica da doença (KOTAIT et. al., 1998). Segundo o Plano Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros (PNCRH), cabe ao proprietário notificar imediatamente ao Serviço Veterinário Oficial a suspeita de casos de raiva em herbívoros, bem como a presença de animais apresentando mordeduras por morcegos xviii hematófagos, ou ainda informar a existência de abrigos desses morcegos. A não-notificação coloca em risco a saúde dos rebanhos da região, podendo expor o próprio homem à enfermidade (BRASIL, 2005). É importante procurar o Médico Veterinário Oficial do seu município para perguntar como, quando e onde usar os produtos vampiricidas. E verificar se a vacinação contra raiva é indicada em seu município (BRASIL, 2005). Os produtos vampiricidas provocam a morte dos morcegos hematófagos. Existe a venda em lojas agropecuárias dois tipos de produtos, um deles é aplicado em animais que foram agredidos e o outro deve ser usado em animais que são criados extensivamente. Estes produtos são tóxicos e devem ser usados sob orientação de um Médico Veterinário, que orientará qual tipo de produto deverá ser usado, como e onde usá-lo (BRASIL, 2005). Sendo a raiva uma enfermidade de notificação compulsória, caberá sanção legal ao proprietário que não cumprir com esta obrigatoriedade. Sempre que o Serviço Veterinário Oficial for notificado da suspeita de ocorrência da Raiva em herbívoros, como também da espoliação no rebanho por morcegos, deverá atender à notificação o mais rápido possível. Quando necessário, deverá ser coletado material para diagnóstico laboratorial, como também deverá ser promovido o controle da população de morcegos Desmodus rotundus na região e orientação sobre a vacinação anti-rábica no foco e perifoco (BRASIL, 2005). O encaminhamento de material suspeito de raiva para os laboratórios é realizado por: • Médicos Veterinários do Serviço Oficial. O Serviço Estadual de Defesa Sanitária Animal deve priorizar sempre a atuação desse profissional. • Médicos Veterinários Autônomos. Esses profissionais devem ter conhecimento de que, sempre que houver suspeita de raiva, deverão atuar rapidamente e comunicar à autoridade sanitária constituída na região. Para que isso seja possível, o Serviço Estadual de Defesa Sanitária Animal deve encaminhar um ofício, por intermédio do CRMV, para todos os veterinários autônomos do estado, informando as ações em execução do programa, bem como o endereço das unidades de atenção veterinária e os médicos veterinários oficiais responsáveis pelo Programa Estadual de Controle da Raiva dos Herbívoros (PECRH). • Outros profissionais ou proprietários. Nesse caso recomenda-se que seja encaminhada ao laboratório a cabeça do animal suspeito ou quando se tratar de animais silvestres de pequeno porte deve ser encaminhado o animal inteiro. A responsabilidade pela colheita e pelo envio do material suspeito de raiva deve sempre ser exclusiva do médico veterinário (oficial ou autônomo) (BRASIL, 2005). A observação clínica permite levar somente á suspeição da raiva, pois os sinais da doença não são característicos e podem variar de um animal a outro ou entre indivíduos da mesma xix espécie. Não se deve concluir o diagnóstico de raiva somente com a observação clínica e epidemiológica, pois existem várias outras doenças e distúrbios genéticos, nutricionais ou tóxicos nos quais os sinais clínicos compatíveis com a raiva podem estar presentes (BRASIL, 2005). Será considerada a ocorrência de um foco de raiva quando houver um ou mais casos da doença confirmados mediante testes laboratoriais. Do herbívoro suspeito deverão ser coletadas amostras de Sistema Nervoso Central, no caso de ruminantes, o encéfalo (córtex, cerebelo e tronco encefálico). Já no caso de eqüídeos, deve ser coletados o encéfalo e a medula. Deverão ser coletadas e enviadas ao laboratório, para diagnóstico, amostras de todos os animais mortos com sintomas compatíveis com encefalites (BRASIL, 2005). Em relação aos morcegos capturados, na impossibilidade do envio das amostras de soro, os morcegos deverão ser encaminhados inteiro, congelado ou resfriado para o exame laboratorial (BRASIL, 2005). A amostra coletada deve ser acondicionada em frascos com tampa ou saco plástico duplo, hermeticamente fechado, identificada e colocada dentro de uma caixa isotérmica, que deverá conter gelo reciclável para manter a temperatura entre 2°C a 4°C. A amostra deve ser enviada e/ou entregue ao laboratório preferencialmente até 24 horas após a colheita, em caixa isotérmica perfeitamente vedada, com o símbolo de risco biológico, e uma etiqueta com os dizeres: Urgente, material biológico perecível. Sobre a tampa da caixa isotérmica deverá ser afixado o Formulário Único de Requisição dos Exames para Síndromes Neurológicas, com informações referentes ao caso, dentro de saco plástico (BRASIL, 2005). Todos os profissionais envolvidos diretamente nas atividades de controle da doença devem estar protegidos mediante vacinação preventiva e comprovadamente imunizados por sorologia, conforme prevê a Organização Mundial de Saúde (OMS) (BRASIL, 2005). O diagnóstico laboratorial deve ser realizado utilizando principalmente dois tipos de procedimentos de rotina: a) Identificação imunohistoquímica do antígeno viral: a.1) Teste de imunofluorescência direta (IFD): O teste mais amplamente utilizado para o diagnóstico da raiva, recomendado pela OMS e pela Organização Mundial da Saúde Animal (OIE). Apresenta resultados confiáveis em poucas horas, quando realizados em amostras frescas, em 95-99% dos casos. b) Isolamento viral: É utilizado juntamente com a Imunofluorescência direta. b.1) Teste de inoculação em camundongo: Os camundongos são observados por trinta dias e todo camundongo morto é examinado por meio da IFD. b.2) Teste em cultura celular: xx Este teste é tão sensível quanto o teste de inoculação em camundongos. Uma vez existindo a unidade de cultura celular no laboratório, este teste deve substituir o teste de inoculação em camundongos, evitando assim o uso de animais, além do fato de ser menos oneroso e mais rápido. (BRASIL, 2005). Em relação ao aparelho de GPS, a Portaria SDA n° 168 define a sigla GPS, do inglês Global Position System, ou Posicionamento Global por Satélites. E refere-se a uma metodologia desenvolvida pelo governo americano, mais especificamente pelo Departamento de Defesa, para a localização precisa na superfície terrestre. Um sistema GPS consiste, basicamente, de dois componentes principais: os satélites em órbita (constelação) e o aparelho receptor (BRASIL, 2005). Os aparelhos GPS também têm a capacidade de aferição de distâncias, velocidades instantâneas e médias, altitude (alguns apresentam gráficos de altimetria), temperatura e pressão atmosférica. Seu uso pode auxiliar o processo de notificação de doenças, bem como o desencadeamento de medidas sanitárias cabíveis. Assim, é necessário que os serviços de defesa agropecuária estejam capacitados a obter as informações de localização geográfica de forma adequada, utilizando esses aparelhos (BRASIL, 2005). Para que a coordenada geográfica seja anotada de forma correta, é necessário atentar para dois pontos principais: datum geográfico e sistemas de coordenadas. Datum geográfico é um modelo matemático que se aproxima da forma real da Terra (que é irregular) e permite o cálculo de coordenadas de uma forma mais acurada. E o sistema de coordenadas são os formatos em que as coordenadas geográficas são anotadas. Existem dois sistemas de coordenadas principais, o geodésico (baseado na latitude e longitude) e o UTM, em que as coordenadas são anotadas em distâncias em metros ou quilômetros. É muito importante que o datum seja alterado no primeiro uso do aparelho ou a cada troca de baterias. Cada região do mundo tem um datum geográfico específico. No Brasil, o datum geográfico utilizado deve ser o South American 69 (SAD 69). Não alterar o datum geográfico para a região correspondente implica a obtenção de coordenadas que não correspondem à localização real do ponto (BRASIL, 2005). O sistemas de coordenadas utilizado deve, preferencialmente ser o geodésico, anotando a latitude e a longitude na forma de graus e décimos, centésimos ou milésimos de grau (hddd°mm’ss.s”), pois desta forma as coordenadas podem ser inseridas diretamente programas de Sistemas de Informações Geográfica (SIG), sem a necessidade de realizar transformações a posteriori. Isto é um fator muito importante no processo de notificação de doenças, pois os sistemas de informações mais importantes, o SivCont (Panaftosa), sistema de informação de doenças vesiculares, nervosas e hemorrágicas de suínos, e o Sistema de Informações Zoosanitárias (SIZ), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, prevêem a inclusão das coordenadas geográficas dos focos, no formato descrito anteriormente (BRASIL, 2005). xxi O PNCRH preconiza que se anotem as coordenadas utilizando a latitude e a longitude (sistema geodésico), no formato hddd°mm’ss.s”, ou seja, até três algarismos para graus, dois para minutos, dois para segundos e um para décimo de segundo. É importante atentar para o sinal da coordenada (positivo para os hemisférios norte e oriental e negativo para os hemisférios sul e ocidental, onde se localiza a maior parte do território brasileiro). O PNCRH não preconiza a utilização do sistema de coordenadas UTM, porém é importante que se conheça este sistema, pois muitos estados ainda os utilizam. As coordenadas obtidas neste sistema devem ser transformadas para o sistema geodésico. As coordenadas do quadriculado UTM são expressas e, distâncias em metros do leste (easting) e do norte (northing). 5. VACINAÇÃO: No Brasil, todas as vacinas anti-rábicas para herbívoros são produzidas em cultivo celular e submetidas ao controle de qualidade (inocuidade, esterilidade, eficácia e potência) do Laboratório Nacional Agropecuário do Mapa, sediado em Campinas, SP. Após a aprovação, o lote de vacinas somente poderá ser comercializado quando receber um selo holográfico garantindo sua qualidade (BRASIL, 2005). Desde a produção até sua aplicação, a vacina anti- rábica deve ser mantida sob refrigeração, em temperaturas variando entre 2°C e 8°C, evitando a incidência direta de raios solares. Nos estabelecimentos comerciais, os imunobiológicos deverão ser mantidos em refrigeradores de uso exclusivo para tal, provido de dois termômetros de máxima e mínima. A vacina nunca deve ser congelada. O congelamento altera os componentes da vacina, interferindo no seu poder imunogênico. O prazo de validade da vacina, impresso no frasco, deverá ser rigorosamente respeitado (BRASIL, 2005). Os Serviços Estaduais de Defesa Sanitária Animal deverão implementar o sistema de controle da comercialização das vacinas anti- rábicas para uso em herbívoros domésticos, ficando os estabelecimentos comerciais obrigados a comunicar a compra, a venda e o estoque das vacinas, por partida e laboratório. Os estabelecimentos comerciais somente poderão comercializar vacinas devidamente acondicionadas em caixas isotérmicas com gelo, que assegurem a manutenção da temperatura exigida pela legislação (BRASIL, 2005). A Instrução Normativa n° 5, de 1° de março de 2002, preconiza que a vacinação dos herbívoros seja realizada com vacina contendo vírus inativado, na dosagem de dois ml por animal, independente da idade, sendo aplicada por via subcutânea ou intramuscular. A vacinação compulsória é recomendada quando da ocorrência de focos da doença e deve ser adotada preferencialmente em bovídeos e eqüídeos com idade igual ou superior a três meses. Porém em xxii animais com idade inferior, poderá ser orientada caso a caso, de acordo com a avaliação técnica de um médico veterinário (BRASIL, 2005). Animais primovacinados deverão se revacinados 30 dias após a primeira vacinação. É importante ressaltar que os animais nascidos após a vacinação do rebanho deverão ser vacinados quando atingirem a idade de 3 meses recomendada. A vacinação compulsória deverá ter um caráter temporário, devendo ser suspensa assim que os programas estaduais atingirem níveis satisfatórios de controle da raiva, garantindo as condições sanitárias dos rebanhos (BRASIL, 2005). Quando houver decisão de Estado de adotar a vacinação compulsória e sistemática, sugerese, para garantir o seu cumprimento, introduzir a exigência de comprovação de vacinação antirábica quando da solicitação da emissão de Guia de Trânsito Animal, a GTA. Para a comprovação da vacinação, deverá ser solicitada ao proprietário dos animais a apresentação da nota fiscal de aquisição da vacina, na qual deverá constar número da partida, validade e laboratório produtor. O proprietário deverá informar, ainda, a data da vacinação, bem como o número de animais vacinados, por espécie (BRASIL, 2005). O estudo epidemiológico descrito neste trabalho foi realizado no município de Pedra Bela localizada na porção nordeste do Estado de São Paulo, sediada no vale da Serra da Mantiqueira e dista 112 km da capital. O acesso ao município, partindo-se de São Paulo, é feito pelas Rodovias Fernão Dias e S.P. 8, Bragança Paulista- Socorro (PREFEITURA e CÂMARA MUNICIPAL de PEDRA BELA, 2007). A população do município é de aproximadamente 5.800 habitantes e sua área é de 157 2 Km . Limita-se com Bragança Paulista, Pinhalzinho, Vargem e Socorro no estado de São Paulo, Extrema e Toledo no estado de Minas Gerais. Pertence a região administrativa de Campinas e região do governo de Bragança Paulista. O clima é do tipo subtropical com temperaturas médias variando entre 15ºC e 30ºC. O relevo é acentuado com altitudes superiores a 1.100m. Os valores naturais e a facilidade de acesso a São Paulo e Campinas, fazem do potencial turístico de Pedra Bela uma das formas adequadas de desenvolvimento para o município (PREFEITURA e CÂMARA MUNICIPAL de PEDRA BELA, 2007). A base econômica do município está centrada na agropecuária, destacando-se a produção de batatas, café e vagem. Apesar de estar em fase inicial destaca-se, na agricultura, a produção de orgânicos e alguns experimentos para diversificar a fruticultura, como o cultivo de cherimoya, fruta semelhante à fruta do conde, muito saborosa. (PREFEITURA e CÂMARA MUNICIPAL de PEDRA BELA, 2007). Pedra Bela é considerável importante para a economia local a grande gleba utilizada para o florestamento com eucalipto, que é transformado em lenha e carvão. Outros destaques são a xxiii suinocultura e os micro-estabelecimentos industriais que beneficiam o milho em produtos como fubá, farinha e canjica, de grande conceito e aceitação em toda a região. O controle da Raiva dos Herbívoros no Estado de São Paulo é feito pela Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA), através do Programa Estadual de Controle da Raiva dos Herbívoros. O programa visa proteger os rebanhos susceptíveis à doença, mediante vacinação, controle dos transmissores e do trânsito de animais. O programa também desenvolve um sistema eficaz de vigilância epidemiológica e estimula a participação comunitária na defesa sanitária animal, diminuindo o agravo à produção pecuária e preservando a saúde pública. Pedra Bela possui um convênio com a regional de Bragança Paulista (onde se localiza a sede), e através de um programa de Assessoria de Projetos para a Erradicação da Raiva de Herbívoros, recebe as informações da população na Casa da Agricultura. Realiza a inspeção dos abrigos citados acima, a cada três meses em média. Quando ocorre uma suspeita de foco, os responsáveis localizam a propriedade para coletar informações. A população recebe informações do quanto é importante a vacinação, mas como essa não é obrigatória, nem todos os proprietários vacinam seus animais. O município possui treze abrigos cadastrados para o monitoramento da ocupação por morcegos hematófagos, entre eles citamos como abrigos artificiais: uma casa abandonada no Bairro Boca da Mata e uma ponte com pouca luminosidade no Bairro do Campo; abrigo natural: o tronco oco de uma árvore muito velha no Bairro da Vargem. Vários outros abrigos foram desativados que antigamente eram usados para queimar carvão, no Bairro Paiol das Telhas (abrigo artificial) e nove cavernas localizadas nos Bairros Maciel, Sertãozinho, Pitangueiras do Meio, Pitangueiras de Baixo (duas), Campo, Vargem do Monjolo, Limas e Vargem (abrigos naturais). 6. MATERIAL E MÉTODOS: Foram utilizados os relatórios de ocorrência de Raiva no Município de Pedra Bela no período de 1999 a 2008, fornecidos pela Coordenadoria de Defesa Agropecuária da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. Mapas, fotos e informação pessoal. As informações foram analisadas para a formulação de tabelas e gráficos. xxiv 7. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Abaixo seguem as tabelas informando os dados sobre a Raiva no município de Pedra Bela, e nos municípios próximos, para que possamos avaliar quantitativamente a ocorrência de doenças em populações animais: Tabela 1: Número de animais no município de Pedra Bela em 2007. População Espécie 2007 2008 Bovinos 9726 8518 Eqüinos 196 123 Caprinos/Ovinos 733 900 10655 9541 Total Tabela 2: Casos de Raiva dos Herbívoros no município de Pedra Bela - São Paulo, no período de 1999 a 2008*. Ano Casos de Raiva 1999 18 2000 21 2001 2 2002 0 2003 0 2004 0 2005 0 2006 0 2007 8 2008 1 Total 50 *Valor referente até o mês de junho xxv Figura 3. Evolução temporal dos casos de Raiva dos Herbívoros no município de Pedra Bela-São Paulo, no período de 1999 a 2008*. xxvi Tabela 3: Casos de Raiva em Pedra Bela e nos municípios próximos a Pedra Bela, no período de 1999 a 2002. Município 1999 Águas de Lindóia 11 Amparo 0 Atibaia 3 Bom Jesus dos Perdões 8 Bragança Paulista 53 Campinas 0 Lindóia 3 Monte Alegre do Sul 6 Pedra Bela 18 Pedreira 0 Pinhalzinho 0 Piracaia 46 Serra Negra 5 Socorro 90 Vargem 29 Total 272 (Instituto Pasteur/ GVE VII – Campinas) Ano 2000 07 35 48 10 87 22 18 20 21 2 22 7 4 18 39 360 2001 3 32 11 0 18 22 0 2 2 19 2 1 4 1 0 117 2002 0 0 0 0 1 21 0 0 0 1 0 0 0 0 0 23 xxvii Socorro Pedra Bela Pinhalzinho Vargem Bragança Paulista Figura 4. Mapa do município de Pedra Bela e alguns municípios vizinhos. As tabelas número 2 e 3 e a figura número 3 mostram que ocorreu uma epidemia de Raiva em Herbívoros nos anos de 1999 a 2002. Em Pedra Bela, foi descrito que os profissionais chegavam a fazer cinco ou mais coletas de material encefálico de herbívoros mortos com sintomas de raiva por dia, e todos obtinham resultados positivos. Essas atividades aconteciam também durante os finais de semana. Na cidade de Socorro, nessa mesma época, os profissionais trabalhavam intensamente, com muitos casos confirmados de Raiva. Alguns municípios dessa regional de Bragança Paulista, não possuíam veterinário do serviço oficial na época, situação que permanece até os dias de hoje. Em algumas situações, diretores do EDA de Bragança Paulista, precisaram ir até o município para fazer a coleta de material, pois os funcionários não conseguiam fazer o serviço todo, por causa da demanda de animais mortos. Hoje em dia, essa situação mudou, e como é confirmado nas tabelas número 2 e 3, o número de casos diminuiu bastante, através da ação conjunta da Defesa Agropecuária (realizando xxviii atividades de capturas de Desmodus rotundus, coleta de material de animais suspeitos), e da população (notificando casos suspeitos e a localização de novos abrigos). O caso de Raiva notificado ainda esse ano, ocorreu em um local muito próximo à divisa com o município de Vargem, pois como podemos ver na figura 4 Vargem e Pedra Bela são municípios vizinhos. Do mesmo modo que alguns dos casos notificados em 2007, ocorreram no Bairro Furnas, que se localiza já na divisa com o Estado de Minas Gerais. Esse bairro faz divisa com o município de Extrema- MG, e até agora é um dos bairros onde a população ainda reclama de animais que aparecem com as eventuais mordeduras de morcegos. O município de Socorro hoje em dia também relata casos de Raiva em Herbívoros. Podese ver na figura 4 que Socorro também faz a divisa com Pedra Bela, um dos caminhos dessa divisa, passa pelo Bairro Tuncuns (Pedra Bela), onde em outubro do ano passado, ocorreu um caso positivo para Raiva em um bezerro proveniente do município de Socorro. Em todos os herbívoros mortos suspeitos de Raiva de Pedra Bela, foram realizados a coleta de encéfalo como material para diagnóstico laboratorial. A coleta foi realizada pelas pessoas capacitadas a esse serviço, usando-se os equipamentos de proteção individual. O material foi conservado em congelador até ser enviado ao laboratório. Os encéfalos foram remetidos ao Instituto Pasteur, na cidade de São Paulo. Junto com o material (devidamente embalado, refrigerado e em caixa de isopor totalmente lacrada com fita crepe), é enviado a Ficha de Remessa de Material, preenchida e assinada pelo Médico Veterinário responsável pela coleta. Antes mesmo de chegar o resultado, fomos atrás das pessoas que entraram em contato com o animal suspeito. Através de uma ficha individual (onde informamos nome, idade, sexo da pessoa, a região do animal que a pessoa teve contato, dia que começou a ter contato com o animal), encaminhamos as pessoas para o Posto de Saúde mais próximo para receber o tratamento adequado. Comparando as informações obtidas pelo PNCRH, com o que é realizado em Pedra Bela, pode-se concluir que as amostras coletadas em Pedra Bela, nem sempre são enviadas ao laboratório no prazo de 24 horas, como preconizado. A falta de transporte até o laboratório é uma realidade, e as amostras acabam ficando no congelador, ás vezes por até cinco dias. No ano de 2005 e 2006, foram enviados alguns morcegos para exames, geralmente de cavernas em que se capturava às vezes mais de 10 indivíduos. Mas agora não se envia mais, pois ao encontrar morcegos nas cavernas, se encontram em quantidade pequena, no máximo dois ou três animais. E na última vistoria feita nos abrigos naturais e artificiais em maio de 2008, não foram encontrados Desmodus rotundus nesses abrigos. As pessoas nem sempre notificam sequer os casos suspeitos do município, às vezes chegam a enterrar os animais, sem a comunicação com a unidade de atendimento veterinário xxix local. Infelizmente, nem todas as pessoas que possuem uma criação de bovinos e eqüinos se interessam em saber mais sobre os morcegos hematófagos e a Raiva, sendo que muitos, ao verem um morcego na árvore, ou mesmo no pasto, acabam matando-o, sem conhecerem as medidas de biossegurança, e nem sabem que podem estar acabando com uma espécie que não apresenta perigo. A sorologia da equipe de campo é feita anualmente, e caso precisem de vacinas anti-rábicas para reforço imunológico, o Posto de Saúde Municipal está muito bem equipado com todos os recursos, vacinas e medicamentos. Figura 5: Coleta de Material encefálico para diagnóstico: Início da coleta de encéfalo de eqüino morto suspeito de Raiva (Fonte: Paula G. Lessa) xxx Figura 6- Coleta de material encefálico para diagnóstico: abertura da caixa craniana, começando a visualização do encéfalo (Fonte: Paula G. Lessa) xxxi Figura 7- Coleta de material encefálico para diagnóstico: final da coleta do encéfalo (Fonte: Paula G. Lessa) Sempre foi solicitada a atenção do proprietário para detectar e informar a existência de outros animais com sintomatologia semelhante ou existência de mordeduras de morcegos. Caso o mesmo não tenha realizado a vacinação contra a Raiva nos últimos seis meses, foi solicitada a vacinação com realização de dose de reforço aos 21 dias. Como a vacinação não é obrigatória, a vacina pode ser comprada em qualquer mês do ano, e o proprietário não precisa declarar essa vacinação ao Serviço de Defesa Agropecuária do município. Também foi informado a necessidade de um período de quarentena de animais recém chegados à propriedade, de pelo menos trinta dias. Caso o resultado fosse positivo, envia-se ao EDA responsável, dois formulários: FORM-IN e FORM–COM, com os dados do proprietário, da propriedade, as coordenadas, número de animais existentes, número de doentes, divididos pela idade, sexo, entre outras informações. A população nem sempre notifica sequer os casos suspeitos do município, às vezes chegam a enterrar os animais, sem a comunicação com a unidade de atendimento veterinário local. Infelizmente, nem todas as pessoas que possuem uma criação de bovinos e eqüinos se interessam em saber mais sobre os morcegos hematófagos e a Raiva, sendo que muitos, ao verem um morcego na árvore, ou mesmo no pasto, acabam matando-o, sem conhecerem as xxxii medidas de biossegurança, e nem sabem que podem estar acabando com uma espécie que não apresenta perigo. Como a vacinação anti- rábica não é mais obrigatória no Estado de São Paulo, pode-se afirmar que os proprietários de sítios ou fazendas não se interessam em realizar essa vacinação. Em torno de 50% somente do município realiza a vacinação juntamente com a vacina obrigatória de Febre Aftosa. Na maioria, são as pessoas que já perderam animais acometidos por raiva. Após realizar alguns trabalhos de vacinação assistida no período de maio e novembro, verifica-se que as propriedades que possuem um médico veterinário responsável pelo manejo realizam a vacinação contra a raiva. Ao contrário dos pequenos produtores, acabam não vacinando suas criações, por acharem que dois ou três animais não vacinados, não farão diferença. No ano de 2007, um dos casos positivo de raiva, aconteceu, por fatalidade, em um sítio com mais de 400 cabeças, cuja proprietária sempre vacinou os animais a cada seis meses contra Febre Aftosa e Raiva, entre outras. É provado que o número de casos da doença diminuiu muito de dez anos até hoje. Isso não só no município de Pedra Bela, como também nos municípios vizinhos. Com isso, afirma-se que os casos de raiva diminuíram graças ao trabalho em conjunto de: capturas de morcegos hematófagos Desmodus rotundus, vacinação de todos os herbívoros a cada seis meses, e por outros meios de controle (utilização da pasta vampiricida, notificação de suspeita da doença ao responsável do programa de controle da raiva no município), tudo isso ajudando muito o trabalho da equipe e o controle da doença. Mesmo com todas essas boas informações sobre a diminuição da ocorrência de Raiva em Pedra Bela, pode-se concluir que o problema não está resolvido. Pois como citado acima, a população precisa ainda mudar alguns hábitos antigos. É preciso realizar mais palestras educativas, não só avisando que precisam vacinar seus animais, mas também mostrando à população o correto jeito de vacinar, a conservação adequada dessas vacinas, a qual animais elas devem ser aplicadas, e até mesmo os cuidados com a pessoa que irá vacinar. É preciso que ocorra incentivo à população, pois de nada adianta os profissionais trabalharem, se as pessoas não cooperarem com o serviço. Isso tanto em vacinação, como em notificarem as autoridades dos casos suspeitos. Em relação ao diagnóstico, às vezes um pouco tardio, pois como foi citado, as amostras ficam alguns dias no congelador, isso acaba sendo muito prejudicial, pois a espera por um resultado pode implicar em alguns acidentes. Mesmo as pessoas sendo encaminhadas a um serviço de saúde, algumas delas têm medo do que possa acontecer, e preferem ficar afastadas de tudo isso, e assim não recebem uma profilaxia adequada. 8. CONCLUSÃO: xxxiii Pode-se concluir que a ocorrência dos casos de Raiva em herbívoros no município de Pedra Bela declinou em decorrência das ações de controle feitas no município e na regional. Mais ações educativas devem ser realizadas para a manutenção do “status” atual de ocorrência de Raiva. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. BAER, G. M. Historia Natural de la rabia. México: La Prensa Médica Mexicana, 1982. BARROS, C. S. L. Raiva em animais silvestres no Estado do Ceará particularmente na raposa. Zoonoses Revista Interna. v. 1, p. 9 – 13; 2003. BRASIL, Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Controle da Raiva dos Herbívoros. Manual Técnico Brasil. Cap. II, p. 41 – 55. 2005. BRASIL. Ministério da Agricultura. Raiva Animal. Boletim de Defesa Sanitária Animal, v.28, n. 1 – 4, p. 55 – 60, 2000. CARNEIRO, V. As epizootias de raiva na América e o papel dos morcegos hematófagos. Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v.7, p. 273 – 321, 1936. FU, Z. F. 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