Comunicação CONSIDERAÇÕES ACERCA DA FORMAÇÃO DOCENTE EM ARTES VISUAIS: UM PROJETO INTERINSTITUCIONAL OLIVEIRA, Marilda Oliveira de LAMPERT, Jociele OLEQUES, Liane Carvalho1 Palavras-chave: artes visuais, formação docente. RESUMO: O presente artigo aborda considerações advindas do projeto de pesquisa “A formação pedagógica nos cursos de Licenciatura em Artes Visuais: um projeto interinstitucional”, vinculado ao GEPAEC – Grupo de Estudos e Pesquisas em Arte, Educação e Cultura, da Universidade Federal de Santa Maria/ RS – Brasil. Este estudo contempla a formação pedagógica do professor de Artes Visuais em dois contextos educacionais distintos: a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM/ RS) e a Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC/ SC). Desta maneira temse a intenção de apurar os principais embates na formação docente em Artes Visuais verificando as tensões entre arte, educação e contemporaneidade. Como aportes teóricos, foram utilizadas reflexões acerca da educação para uma compreensão crítica da arte e os saberes docentes, bem como na discussão do Ensino da Arte na contemporaneidade, baseada nas concepções de Franz (2003), Hernández (2007), Barbosa (2005) e Efland (2005). A pesquisa encontra-se em andamento com a elaboração de entrevistas com alunos e professores de ambas instituições configurando-se em uma melhor análise para a compreensão destes currículos. INTRODUÇÃO Este projeto é relevante no momento em que se aproxima de algumas questões que investigamos em uma pesquisa anterior “A formação inicial do professor de Artes Visuais: revisitando os saberes para o exercício da docência” (2003-2005) e que suscitaram muitos questionamentos, os quais não puderam ser contemplados naquele momento em função do espaço/tempo. Nesta ocasião o que propomos é um aprofundamento da temática tecendo um comparativo em ambos lócus de trabalho, Santa Maria (RS) e Florianópolis (SC). Pretendemos analisar 1 Universidade Federal de Santa Maria 1 conteúdo e contexto - como objetos da prática educativa na formação docente em Artes Visuais. Na década de 90, vários pesquisadores e teóricos alertavam sobre o modo como as pessoas observavam o campo da arte, bem como a necessidade de ensinar a olhar, ler e compreender (criticamente) um objeto artístico. Isto seria necessário para que fosse possível a construção do conhecimento contextualizado por conexões de diferentes formas de pensamento. A compreensão crítica instaurou-se na contemporaneidade por meio de estudos sobre a cultura visual de Freedman & Hernández (1998), como uma maneira/meio ou ainda instrumento para mediar uma abordagem na educação das Artes Visuais, que não passe por uma mera identificação, mas que vá além da concepção espontânea de apreender a imagem, tecendo assim, relações com âmbitos de produção e efeitos na construção da identidade do espectador. Conforme Franz (2003), que propõe estudos sobre os instrumentos de análise para a compreensão crítica da arte, desenvolver competências de interpretação crítica de obras de arte é considerado por muitos teóricos e educadores a principal meta do ensino da arte; isto se refere tanto à arte erudita quanto para as tendências da cultura popular. Porém, um fato relevante paira sobre o centro do desafio: o próprio professor deve compreender estas questões previamente, antes de lançá-las a seus alunos. Mas torna-se evidente a dificuldade que o próprio professor tem em exercer sua compreensão crítica, e aqui estamos considerando os resultados da pesquisa anterior, que comprovou que 65% dos professores de Artes Visuais em formação inicial ainda trabalham em suas práticas educativas de forma tradicional e tecnicista. Esta dificuldade de compreensão prévia deve-se ao resultado das históricas barreiras criadas em torno do campo da arte e seu ensino/aprendizagem como área de conhecimento. Entramos aqui em uma questão histórica concernente ao Ensino da Arte: a passagem do modernismo para o pós-modernismo. Efland (2005) discorre sobre esta transição colocando este último como um provável desafio para os professores de arte, tendo em vista que o pós-modernismo não impõe limites entre arte e o contexto social do educando. “Uma arte educação pós-moderna enfatiza a habilidade de interpretar obras de arte sob o aspecto de seu contexto social e cultural como principal resultado da instrução.” (in BARBOSA & GUINSBURG, 2005, p. 177) 2 Isso significa levar em conta o mundo pessoal de quem aprende; seus conhecimentos, idéias prévias e preconceitos. Propõe um olhar para a arte a partir de uma perspectiva cultural, que significa valorizar a capacidade de relacionar. Franz (2003, p. 133), enfatiza que “é um olhar de quem pensa em como ensinar e em como e o que aprender”. Pretende-se que o professor de Arte contemporâneo, pesquisador/mediador esteja amparado em uma teoria – crítica para ensinar, que ele opere a partir da construção de um pensamento crítico voltado para a representação da identidade de seus alunos. Conforme o pensamento de Hernández (2000): “A posição crítica favorece a auto-reflexão sobre esse processo de influências, sobre os olhares em torno de si mesmo e do que o cerca. No caso da Arte, no seu ensino, se trata de levantar questões sobre temas, idéias chaves, como a mudança, a identidade, a representação de fenômenos sociais, e ajuda a indagar como essas concepções afetam a cada um e aqueles que os cercam”. (HERNÁNDEZ 2000, P.16) Desta maneira, a educação para a compreensão tem como um de seus principais suportes, partir da realidade pessoal, social e cultural de quem aprende. Logo, tem-se necessariamente que pensar na complexidade social e cultural dos alunos. A profundidade com que se entende a relação entre cultura e sociedade e o processo de desconstrução desta relação reflete diretamente sobre a compreensão dos seus produtos culturais. Frente a essas premissas, demarcamos algumas questões de pesquisa sobre as quais estamos trabalhando: Como o professor de Artes Visuais articula o conteúdo de arte e o contexto do aluno em ambos lócus educacionais, ou seja, em que se aproximam e em que se distanciam? Quais as principais abordagens metodológicas que o professor de Artes Visuais tece em sua prática educativa e como isto se reflete na sua formação e no contexto da sociedade em que vive? Em que medida a Arte Contemporânea como conteúdo pode colaborar no processo formativo? Estes são alguns pontos de análises deste estudo que ainda encontra-se em fase de desenvolvimento. Referente ao Ensino das Artes Visuais e inúmeras transformações nas últimas décadas, recorremos a seu principio para buscar subsídios para uma melhor compreensão destas mudanças. 3 Tendo em vista a arte moderna, esta considerava apenas tipos muito especiais de objetos merecedores do título de ‘obra de arte’, logo, apenas determinadas pessoas com habilidades artísticas estariam autorizadas a assumir o cargo de artista. Estes, preocupados em experimentações estéticas ancoradas em representações formais da obra e originalidade, não tiveram grande sucesso em construir uma visão da realidade que conseguisse ter significado para um grande numero de indivíduos. Entende-se aqui que a arte nesta visão é extremamente exclusiva. Conforme Efland (in BARBOSA & GUINSBURG, 2005) o Ensino da Arte baseada nesta concepção valorizaria trabalhos elegidos ter um grau de excelência definido, tanto pela sua originalidade quanto pela pureza da composição formal. “As crianças também deveriam ser encorajadas a serem originais no seu fazer artístico. A copia de qualquer espécie seria condenada.” (p. 177). O Ensino da Arte centrado em concepções modernistas, tende a sobrepor padrões de bom gosto e excelência artística. Segundo Efland (in BARBOSA & GUINSBURG, 2005) tal arte torna-se isolada do resto da experiência, da mesma maneira como, os objetos artísticos encontrados em museus estão isolados do resto da vida. Ainda na concepção modernista, o Ensino da Arte tenderia a estimular uma experiência e apreciação estética para objetos refinados, desprezando qualquer tipo de análise cultural, tão pouco enfatizaria uma base para uma ação social. Em contraste, no pós-modernismo ou na contemporaneidade há uma ruptura entre a arte erudita e não-erudita. Ambas tornam-se disponíveis à leitura. O ensino fundamentado nesta visão enfatiza a interpretação de obras de arte tendo em vista aspectos de âmbito social e cultural. Aqui a análise passa, não somente, pela arte erudita, contudo, procura ressaltar tendências e impactos da cultura popular e cotidiano. Um Ensino da Arte fortalecido em tal ponto de vista tende a conectar-se com o restante do mundo, derrubando barreiras entre arte e contexto social, bem como, favorecer o estudo organizado em narrativas múltiplas. Efland (in BARBOSA & GUINSBURG, 2005, p. 178) coloca também que, não necessariamente o Ensino da Arte pós-modernista precise enfatizar uma forma de arte mais contemporânea, podendo, entretanto, fazer paralelos com estilos artísticos do passado: “as tradições do passado não são necessariamente reverenciadas como tradições consagradas, mas podem ser exploradas por meio da sátira e da paródia.” O educando também é encorajado a estudar imagens ou objetos de tradições populares e folclóricas. No Ensino da Arte pós-modernista os 4 estilos elitistas não são negados como no modernismo, onde os professores de arte limitavam seus alunos, impondo uma instrução baseada nos elementos de composição, recusando-se a ensinar técnicas tradicionais do realismo. Entretanto a pluralidade da arte pós-moderna gera uma liberdade de escolha para o professor que, segundo Efland (in BARBOSA & GUINSBURG, 2005): “a seleção é geralmente confusão e fonte de problemas politicamente sensíveis”. Contudo, é certo que o ensino das artes visuais não pode ser desconectado do contexto do objeto estudado ou este, ser compreendido apenas por meio de elementos formais, requer, entretanto, um bom conhecimento de seu universo sóciocultural, bem como, o reconhecimento desta mesma totalidade tendo em vista o sujeito educando. Mais do que ampliar a percepção estética ou artística, o ensino das Artes Visuais almeja desenvolver o reconhecimento de cada sujeito, a percepção de si e dos outros, tornando-se relevante a partir da reconstrução e novos modos de olhar partindo do impacto da realidade. Franz (in, OLIVEIRA & HERNANDEZ, 2005) coloca que este processo tende a facilitar o processo singular de construção da identidade subjetiva do educando. A mesma autora, remetendo-se a Gómez (1998, p. 260) enfatiza também: “A escola, segundo este autor, pode ser um bom lugar para refletir sobre os contrastes entre os diferentes processos de socialização sofridos pelos alunos e também o lugar para refletir em diferentes níveis sobre a bagagem critica que constituem as artes, as ciências, e os saberes populares. Esta é uma escola onde os estudantes devem aprender sobre as forças que restringem suas vidas, entre as quais está o mundo das imagens, como parte do sistema simbólico compartilhado.” (FRANZ, in: OLIVEIRA & HERNANDEZ, 2005, p. 172) RESULTADOS E DISCUSSÃO O projeto interinstitucional em questão teve início em 2006 quando começamos um rastreamento histórico dos Cursos de Licenciatura em ambas as instituições. No caso do Curso de Artes Plásticas do CEART/UDESC/SC foi constatado seu funcionamento desde 1976. A referida Licenciatura em Educação Artística com Habilitação em Artes Plásticas passou por sucessivas reformas curriculares que transitaram no contexto da sociedade e da arte catarinense ao 5 longo dos anos. O currículo do curso passa atualmente pela reformulação do seu Projeto Pedagógico. No que se refere à UFSM/RS foi possível averiguar que, a docência em Arte, enquanto profissão tem uma trajetória construída historicamente. Transpôs diferentes períodos, contrapondo-se ou adequando-se a contextos sócio-políticos diversos, onde nem sempre se questionou a necessidade de um Curso de Licenciatura em Arte voltado para a sua realidade social/local e que subsidiasse, realmente, a formação profissional de professores. No caso específico da formação profissional de professores de Artes Visuais da UFSM temos uma trajetória de licenciatura que se inicia em 1966, que tem um breve recesso de 1991 à 1998, retomado em 1999 e que perdura até os dias atuais. Considerando as finalidades no ensino desse campo do conhecimento e, ainda, o papel e o modelo de professor que se busca e se quer, o lugar dado à educação no desenvolvimento humano, bem como, no caso específico, as construções do conhecimento em Arte são alguns dos fatores que nos levaram a elaborar em 2004 uma nova proposta de Curso de Licenciatura para um curso de formação de professores para o ensino das Artes Visuais, ou seja, Curso de Licenciatura Plena em Artes Visuais. As entrevistas realizadas até então com o corpo docente e discente de ambos os núcleos educacionais tem-nos apontado embates e divergências quanto à constituição dos currículos vigentes nestes cursos, visando sempre por suas qualificações. De acordo com as entrevistas realizadas com professores da UFSM que participaram como alunos no antigo ou acompanharam a elaboração do novo currículo, observou-se opiniões quanto ao programa das disciplinas referentes a este novo currículo, pontuando que este novo formato perdeu em atividades práticas, concentrando-se excessivamente na parte pedagógica, muito embora o aluno tenha desde o princípio de sua formação contato direto com os ateliês e a formação específica da área, descrevendo o Sujeito A entrevistado: “Eu acho que eles se diferenciam na questão, principalmente, da prática. A questão do tempo, as pedagógicas necessitam de um tempo necessário para as leituras e uma boa reflexão e um bom entendimento. Então eu acho que nisso o anterior ganhava.” Ambas as formações acontecem, ou deveriam acontecer, de forma paralela. Desta maneira observou-se nas entrevistas uma grande preocupação com a formação do artista anteriormente a formação do professor, tendo em vista a questão do tempo 6 disponível para as atividades práticas no currículo vigente, relatando ainda o Sujeito A: “eu penso que o professor, antes de ser um bom professor tem que ser um bom artista. Ele tem que ter uma cabeça bem formada como artista.” Isto denota um pensamento histórico moderno e estereotipado, pois a docência não deveria basearse no saberes e domínios de técnicas ou mesmo, linguagem artística. O que faz um artista contemporâneo? O que faz um professor contemporâneo? A docência também deve ser refletida como um processo criativo, não de produção plástica e poética, mas como uma produção poética/ epistemológica/ cognitiva. No antigo currículo, o aluno após vivenciar o Bacharelado em Artes Visuais concorria, em seleção interna, a uma vaga no curso de Licenciatura ao contrário do currículo vigente onde a entrada dá-se pelo vestibular. Outra questão apontada pelos professores foi o perfil do aluno. Este, quando egresso do antigo currículo vinha com uma base artística bem consolidada, se dedicando posteriormente somente à licenciatura. O que se questiona no currículo atual, segundo estes professores, é o fato do aluno estar em formação, não tendo o domínio de linguagens artísticas, apontando o Sujeito B entrevistado “Agora não muda muito o programa das disciplinas, mas muda o aluno. O aluno é diferente, o aluno está em formação, ele ainda não tem este domínio da linguagem que ele tinha no antigo currículo (...) eu acho que os dois currículos se diferem mais na maturidade do aluno que nos programas”. Desta maneira foi possível observar a pouca aceitação dos entrevistados diante do novo currículo. Acreditamos, porém que ainda é prematuro tirar conclusões deste currículo que está em andamento há pouco mais de oito semestres, não havendo, portanto quantidade suficiente de alunos formados para estabelecer comparativos. Quanto aos alunos entrevistados da UFSM percebeu-se o conhecimento destes acerca da estruturação de ambos os currículos, constatando questões referentes às diferenças entre os dois. Segundo o Sujeito C entrevistado o currículo antigo não possuía tempo suficiente para uma maior qualificação e aprofundamento quanto às questões didáticas e pedagógicas, suprindo, o currículo novo, esta lacuna. “Só pelo fato de aumentar a carga horária da prática em sala de aula já é um beneficio valoroso para a formação de profissionais no campo do ensino da arte, o que era bem mais reduzido no currículo antigo de formação de professores em artes. Com certeza, o convívio com leituras e discussões sobre educação desde o inicio da formação acadêmica favorece em muito a formação de um profissional 7 nessa área. O contato com esse tipo de leituras não se verificava na estrutura do currículo antigo de licenciatura em artes, fazendo com que os acadêmicos tivessem um tempo reduzido de preparação, o que acabava por dificultar o trabalho pedagógico em sala de aula.” Visando esta questão alguns alunos do antigo currículo não se sentem preparados para o estágio final, alegando pouco tempo de experiências pedagógicas para este amadurecimento, constatado com o Sujeito D entrevistado: “Para estar seguro para meu estágio preferi esperar, por exemplo, dois semestres de amadurecimento”. Todavia observaram-se, em entrevista ao Sujeito C apontamentos negativos quanto à falta experimentação artística em ateliês tendo em vista o currículo vigente, “faltam horas de trabalhos práticos”. Ainda este, relatou uma experiência própria, onde questionado por um aluno sobre o processo de confecção de uma gravura limitou-se a responder que funcionava como uma espécie de carimbo. Completando: “eu nunca fiz gravura na minha formação ou em qualquer outro momento, portanto, não tive essa vivência para partilhar com os alunos.” Desta forma é interessante observar o posicionamento dos principais constituintes de ambos os currículos. Talvez não faltem horas de trabalhos práticos, o que falta é articulação teórica/ prática entre o que se produz como artista em seu processo criativo em consonância com a docência: a universidade e o currículo precisam perceber a tessitura e a especificidade do curso de graduação e as formas de articulação. Quanto aos alunos entrevistados na UDESC do Curso de Licenciatura em Artes Plásticas, coube a estes exporem suas experiências em contexto de ensino não formal. Relataram, portanto que no currículo atual do curso de Artes Visuais há uma disciplina que abarca o ensino não formal como estagio curricular supervisionado, tendo assim inúmeras áreas onde o aluno pode atuar no município, porém o pouco espaço de tempo reservado a esta disciplina dificulta esta experimentação, relatando, assim, o Sujeito E entrevistado: “(...) então tem várias áreas que a gente poderia atuar, mas que passam batido no estágio”. Completando ainda: Na verdade foi uma disciplina, assim, bem no início, a gente não tinha muita idéia de como era estar trabalhando num projeto. Foi uma experiência que passou uma pouco meio que batida. A minha experiência mais aprofunda foi no ensino público, instituição formal.” Percebeu-se assim que nos dois centros educacionais o fator tempo implica para um melhor aproveitamento das disciplinas, resultando em uma experimentação diferente daquela desejada. É preciso lembrar o perfil do aluno 8 da UDESC/CEART: não é como na UFSM, em Florianópolis há duas universidades que disputam entre si, a federal e a estadual, grande parte dos alunos trabalham ou fazem dois cursos de formação ao mesmo tempo. Desse modo, ambas as instituições visam uma adequação segundo as finalidades propostas para o ensino das Artes Visuais contemporânea. De acordo com Hernandez (2007), as mudanças e o aparecimento de novos estudos afetam os fundamentos, os objetivos e as práticas da educação das Artes Visuais, concluindo que este esteja em um período de transição: “está acontecendo uma mudança no objeto de estudo e de aprendizagem que significa passar da arte à cultura visual.” (id. p. 46). Estes são alguns pontos de analise que podemos discorrer aqui, sendo que este estudo ainda encontra-se em fase de desenvolvimento. CONSIDERAÇÕES FINAIS Deste modo, percebemos que as transformações pelas quais o Ensino da Arte passa em todos os seus níveis têm sua gênese nas também transformações que o mundo vem atravessando. É de suma importância a apreensão destas mudanças por parte do educador, pois é ele o responsável por possibilitar ao sujeito certa compreensão destas mutações, a partir de elementos da cultura visual, permitindo também alguns entendimentos de si mesmos, constituindo-se numa resistência contra a cultura massificada. E ao configurar um olhar mais cauteloso e crítico para objetos da cultura que até então pareciam sem significados aparente, estimula-se a possibilidade de novos olhares diante de valores para dentro de si que em outro momento poderiam passar despercebidos. São com estas intenções que se configuram as mudanças nos currículos de licenciatura dos cursos em questão em ambos os contextos educacionais, buscando sempre formar professores capazes de produzir e mediar conhecimentos de forma reflexiva e crítica, compreendendo o ensino formal e não formal. E desta maneira abrangendo a Arte e suas questões contemporâneas ou contextos históricos, assim fazendo relações nestas manifestações artísticas. A apropriação do conhecimento em arte e educação se configura como a principal finalidade dos Cursos de Licenciatura em Artes Visuais. Portanto a reforma curricular se configura como um meio necessário aos contextos aqui pesquisados, 9 permitindo rever os projetos pedagógicos que no contexto espaço/tempo já geram outros objetivos. Ter acesso a estruturação dos currículos vigentes dos cursos de Licenciatura em Artes Visuais das duas instituições aqui pesquisadas, e ter como elemento articulador deste acesso os núcleos docentes e discentes destes cursos, é de fundamental importância para um melhor aprofundamento e percepção quanto a reflexões acerca destes currículos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BARBOSA, Ana Mae. Arte/Educação Contemporânea: consonâncias internacionais. São Paulo: Cortez, 2005. ________________. Inquietações e mudanças no Ensino da Arte. São Paulo: Cortez, 2003. ________________; GUINSBURG, J. O pôs Modernismo. São Paulo – Editora Prespectiva, 2005. EFLAND, Arthur. Teaching and Learning the arts. Arts Education Policy Review. Vol. 94, nº 5, 1993. FRANZ, Teresinha Sueli. Educação para compreensão crítica da arte. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2003. FREEDMAN, kerry; HERNÁNDEZ, Fernando. Curriculum, culture and art education. New York: Suny press, 1998. HERNÁNDEZ, Fernando. Catadores da cultura visual: transformando fragmentos em nova narrativa educacional. Porto alegra; Mediação, 2007. HERNÁNDEZ, Fernando. Cultura visual, mudança educativa e projeto de trabalho. São Paulo: Artmed, 2000. OLIVEIRA, Marilda & HERNANDEZ, Fernando. A formação do professor e o ensino das artes visuais. Santa Maria: editora UFSM, 2005. 10