Boletim do Órgão informativo do CVV - programa de valorização da vida - Jan. 2013 - Ano 49 - nº 453 editorial O CVV e sua marca registrada................1 matérias painel livre Boatos: uma comunicação negativa........2 Preferência x dependência ....................3 Desabafo de um coração para outro coração....................3 II Simpósio Internacional de Prevenção do Suicídio (2/2)..............4 Todos somos céticos (1/2)......................5 de olho na noticia O clima de ameaça zero.........................6 Características sociodemográficas atribuições dos voluntários.....................6 Bullying na escola..................................7 O voluntário e a identificação com a comunidade afetiva do CVV...................8 nossas comissões Dia Internacional de Prevenção do Suicídio...........................9 Posicionamento da marca CVV.............10 Rio + 20..............................................11 CVV Comunidade aproxima e informa sobre suicídio no Distrito Federal...............................12 espírito samaritano: ontem, hoje, amanhã 51º Preceito: O sigilo é a base do trabalho................12 expediente O Boletim do CVV é um orgão de comunicação de Centro de Valorização da Vida e dos seus programas de franquia social e filantropia: Programa CVV, CVV Comunidade, CVV-Web e Hospital Francisca Júlia. Publicação conforme o artigo 220(parágrafo 6º), capítulo V da Constituição Federal, sob responsábilidade do Conselho Diretor do CVV e Comissão Redatora do Boletim. Central de Comunicação R. Abolição, 411 - Bela Vista CEP: 01319-010 - SP - SP Fone: (11) 3107-2152 Fax: (11) 3101-2329 e-mail: [email protected] Centro de Valorização da Vida Estr.Dr. Bezerra de Menezes, 703 Parque Interlagos São José dos Campos - SP CEP: 12229-380 Impressão: São Francisco Gráfica e Editora Ltda http://www.saofranciscograf.com.br editorial O CVV e sua marca registrada Arnaldo Jabor, numa das suas crônicas recentemente publicadas no Jornal do Commercio (PE) relembra “a leveza perdida de Oscar Niemeyer” face o seu falecimento no início de dezembro passado. Ícone da arquitetura brasileira, com obras espalhadas por todos os continentes o “poeta das curvas” -, como ficou conhecido, afirmava do alto de sua sabedoria e inegável simplicidade que “a vida é mais importante do que a Arquitetura”. E não estava enganado. Mas o ato de viver nem sempre ocupa lugar de destaque, prioritário, na vida de tantos seres. O inesquecível compositor Cole Porter possui uma letra de música que revela: “Questões conflitantes rondam minha cabeça/devo pedir cianureto ou champanha?” De imediato, esse trechinho musical nos faz lembrar a tão conhecida ambivalência vivida com insistência por muitas pessoas que telefonam para o CVV: estender a mão para ingerir cianureto ou para a champanha? São gestos que simbolizam a busca da morte ou da vida. Por essa razão, enquanto houver alguém em qualquer ponto do país ou até mesmo do planeta com pensamentos desse teor, valerá a pena todo empenho para que o CVV exista e amplie, como vem fazendo, os seus canais de comunicação com o outro, tais como chat, VoIP, skype. Enfim, todo e qualquer labirinto da internet que utilizado pelo plantonista x outra pessoa, possa apontar para uma saída em prol da proposta de viver. E essa Proposta de Vida foi experienciada com entusiasmo pelos voluntários que estiveram presentes no 33º Conselho Nacional (CN) realizado em outubro de 2012, em São Paulo, por ocasião das comemorações das cinco décadas da fundação do Centro de Valorização da Vida (C.V.V.) - órgão mantenedor responsável pela execução do Programa CVV em todo o Brasil. Cinco décadas de luta, de esforço empreendido, de solidariedade, de dedicação, de desafios. Cinco décadas de amor fraterno e comprometimento com a valorização da vida externados a cada dia, a cada passo, a cada momento pelos que constituíram e constituem esta instituição. Cinco décadas vivenciando o difícil e, ao mesmo tempo, prazeroso exercício da cooperação mútua entre as pessoas. O ato de cooperar – já disse alguém - consiste na “capacidade de entender e mostrar-se receptivo ao outro para agir em conjunto, de modo que nessas relações de troca todos se beneficiem”. Ao longo de sua caminhada, o CVV vem cultivando esta cooperação, a fraternidade, o diálogo esclarecedor, a direção centrada no grupo, que pautam-se na prática da empatia, quando saber ouvir, colocar-se no coração do outro, entender antes de falar, praticar o respeito, representam a legítima arte da compreensão para que exista a indispensável relação de ajuda num clima de harmonia e partilha de sentimentos. Construir a cooperação em torno de projetos e estratégias de valorização da vida visando ao bem estar comum é atribuição de todos os que fazem o CVV. É um desafio que, em equipe, torna menos difícil realizar as tarefas propostas e, consequentemente, há menos dispêndio de energias. As ações desenvolvidas - vale reiterar - em nível institucional estão sob a responsabilidade de todo o voluntariado que acaba de comemorar o Jubileu de Ouro do CVV, quando se sabe que a ética e o sentimento de incondicional amor ao próximo são sua marca registrada. Bartyra I Recife - PE 1 ly_boletim_453_janeiro.indd 1 16/01/13 11:16 painel livre Boatos: uma comunicação negativa “Quem conta um conto, aumenta um ponto” - conhecido dito popular é reiterado de maneira bem-humorada por um escritor pernambucano, Pelópidas Soares, que no seu livro A Nau do Cata-Vento, nos brindou com uma peça de teatro para bonecos focalizando o trajeto de uma notícia que de tanto correr de boca em boca acabou transformando-se num estapafúrdio boato: um homem havia posto um ovo! O autor captou como ninguém, as distorções acontecidas desaguando naquela conclusão inusitada, explorando o espírito de uma comunicação defeituosa, o que é corriqueiro entre nós, seres humanos. Isso acontece porque de todos os desejos humanos, o maior deles e o mais persistente é o anseio da conquista da atenção, do amor, do dinheiro e da saúde. Tudo é alimento para o fogo embusca do reconhecimento e muitas vezes às custas de um boato. Alguns psicólogos chegam a afirmar que o disse-me-disse das comadres, funciona quase como uma terapia grupal, embora às avessas. As pessoas transmitem os fatos oralmente, às vezes sem saber o que está realmente acontecendo. Elas confiam no seu poder pessoal, na sua habilida2 ly_boletim_453_janeiro.indd 2-3 de verbal, nas coisas que dizem e como as dizem, simplesmente desconhecendo muitas vezes que há duas formas de boato: o jocoso e o pernicioso. Do boato jocoso pode-se afirmar que não causa danos permanentes, ao passo que o pernicioso é capaz de iniciar uma guerra familiar, no ambiente de trabalho ou entre amigos. Por tudo isso é necessário um certo cuidado em nosso comportamento no tocante à comunicação, principalmente em nossas relações interpessoais e intergrupais. É sabido que em toda organização, regras existem para disciplinar as ações. Algumas delas podem ser intuídas sem necessidade de uma regulamentação. Por exemplo: - nunca repetir o que se ouve sem antes certificar-se de que é verdade; - evitar o pré-julgamento das pessoas; - manter um diálogo aberto com todos; - não usar sempre a teoria do achismo: eu acho que... Eu ouvi dizer... Não sei bem quem disse...; - falar claramente do que está acontecendo sem preconceitos ou opiniões formadas. painel livre Preferência x Dependência Se assim procedermos, ficaremos apenas e, esporadicamente, com os boatos jocosos já que fazem parte da nossa bagagem emocional. Disso sabem muito bem os historiadores e jornalistas. No CVV, a nossa convivência ditada pelas circunstâncias, é pluralista e diversificada. Pessoas existem que trazem até nós um vasto repertório de frustrações, angústias, complexos vários que podem levar a um padrão destrutivo que corrói relações e destrói vínculos emocionais, sociais e outros. Portanto, para desenvolvermos uma comunicação saudável, é necessário aprimorarmos também boas maneiras que, em última instância, “significam comportar-se com respeito próprio, comportamento que não seja agressivo, rude ou censurável”. O ideal para nós será sempre a aceitação incondicional da capacidade de crescimento da outra pessoa, que acabará por certificar-se de que pertencemos todos, de forma igualitária e de igual importância, a um mesmo grupo. Criaremos, assim, um nível de total colaboração e abertura de suma validade para todos. Glória I Recife - PE Na nossa vida cotidiana, quando precisamos recorrer a um profissional (médico, dentista, cabeleireiro etc.), é comum termos nossas preferências. Preferimos um profissional a outro, às vezes por razões diretas - experiências que já tivemos -, às vezes por razões um pouco mais difíceis de explicar - simpatias, antipatias, preconceitos. O mesmo processo ocorre quando precisamos discutir um assunto importante com alguém. Vamos discutir nossas finanças com aquela nossa tia idosa que nunca viu um talão de cheques ou com aquele nosso amigo que foi gerente de banco? Vamos conversar sobre o resultado daquele complexo exame que fizemos com aquela nossa amiga queridíssima, mas que não teve oportunidade de estudar ou com aquela outra amiga que é enfermeira? Vamos discutir nossas dificuldades com um filho ado- lescente, com aquele amigo que optou por não ter filhos ou com aquele que passou pelas mesmas dificuldades? O processo de escolha é natural e é um direito de cada um. Por esse motivo, não devemos nos sentir preteridos quando, no CVV, percebemos que a pessoa que atendemos, prefere conversar com um outro colega. Claro que no CVV a pessoa que nós tentamos apoiar não sabe das nossas características pessoais, de nossa formação escolar, de nossa experiência profissional. Nem é preciso, pois o que oferecemos é calor humano, respeito, compreensão e não nosso conhecimento. Mas, mesmo assim, as preferências se formam com base na facilidade do desabafo, na empatia, no sentir-se acolhido. Não podemos, contudo, confundir preferência (o escolher alguém, mas se sentir livre para conversar com outro, embora não tão à vontade quanto) com dependência (quando a pessoa só consegue desabafar com um determinado voluntário e, por vezes, depende desse contato para seguir a vida). Esta situação deve ser fortemente combatida, pois é contrária ao Programa e prejudicial ao voluntário e, também, principalmente, à outra pessoa. Por fim, mesmo quando se trata de mera preferência por outros voluntários, devemos nos analisar e descobrir se alguma atitude nossa, embora involuntária, não esteja dificultando o acolhimento e fazendo com que o outro não se sinta à vontade para realizar seu desabafo. Nesse caso, devemos utilizar o instrumento da Vida Plena e nos trabalharmos para estarmos, cada vez mais, prontos para acolher de forma fraterna àquele que busca o CVV. Karina I Recife - PE Desabafo de um coração para outro coração Embora não sejamos profissionais da área de saúde, muitos de nós no CVV, somos “convidados” a participar de apoios difíceis e dolorosos. Por vezes é um cônjuge que solicita o divórcio sem motivo aparente. Em outras circunstâncias é um filho que nasce com necessidades especiais. Há também as perdas de entes queridos, de emprego, financeiras, de amigos etc. Todos esses são desafios que nos dão a consciência de que, quer no CVV, quer nas nossas vidas particulares, o exercício diário de bons sentimentos representam lições de que o amor e a dedicação são práticas relevantes para a aprendizagem do nosso dia a dia. Os diálogos com base na Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) significam desabafos de um “coração para outro coração”. Desses diálogos nascem as mudanças que fazem bem a nós e à outra pessoa. É conversando que nos reconhecemos e descobrimos o outro. Através des- sas permutas mudamos o nosso olhar em torno das atitudes humanas tornando-nos seres melhores e mais flexíveis. A psiquiatra suíça Elizabeth Klüber Ross, desde jovem radicada nos EUA, no estado de Nova York, durante a segunda metade do século XX, num dos seus livros surpreende-nos com uma extraordinária revelação. Designada para trabalhar com pacientes esquizofrênicos crônicos, incuráveis, ela sentia-se solitária e infeliz. Foi quando teve a ideia de desabafar com seus pacientes, identificando-se com suas dores e solidão. A partir daí - narrou ela -, “pacientes que há mais de 20 anos não pronunciavam uma palavra começaram a falar por encontrar nela alguém para compartilhar seus sentimentos e sofrimentos”. E, durante dois anos, partilhou da vida de seus pacientes, conhecendo-lhes os nomes, vontades, gostos, manias, enfim, envolvendo-se com a vida de todos eles. É nesse ponto do relato que nos vemos diante da grande surpresa: “ao cabo desse período, cerca de 94% dos seus pacientes, dados como incuráveis, receberam alta”. Em síntese, a doutora Elizabeth Klüber Ross chegou à conclusão de que “o maior presente que seus pacientes lhe deram foi ensinar-lhe que há mais coisas, além das terapias e da ciência médica. Ensinaram-lhe que amor e atenção podem ajudar seriamente as pessoas e conseguir que muitas delas se curem”. Dessa maneira, vale nos reportarmos ao título deste artigo, convencendo-nos de que só poderemos verdadeiramente ajudar o outro, se nós nos dispusermos a ouvir com empatia o desabafo de um “coração para outro coração”. Helio I Ribeirão Preto - SP Bartyra I Recife - PE 3 16/01/13 11:16 painel livre II Simpósio Internacional de Prevenção do Suicídio (19/10/2012) Suicídio - Uma perspectiva internacional Experiências de membros do Befrienders Worldwide (2/2) Sri Lanka: Meios e Isolamento - Estender a prevenção às propriedades rurais que não dispõem de telefone nem internet. - As taxas de suicídio em Sri Lanka octuplicaram entre 1950 e 1995, sendo dois terços dos suicídios por envenenamento (pesticida). - Sumithrayo, Posto do Befrienders Worldwide (BW) em Sri Lanka, desenvolveu um programa para combater isso. Em países em desenvolvimento como o Sri Lanka, grande parte da agricultura é desenvolvida em pequenas propriedades, com cada família armazenando e utilizando seu próprio estoque de pesticida. A prática de armazenamento não segura é frequentemente a regra. Uma pesquisa revelou que a maioria dos agricultores armazena o pesticida em casa, 75% no quarto e 5% na cozinha, o resto no campo. Outra pesquisa, que incluiu o Sri Lanka, mostrou que o fatal autoenvenenamento muitas vezes são atos impulsivos facilitados pela disponibilidade do pesticida. Em colaboração com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Posto Sumithrayo executou um programa objetivando que o armazenamento dos pesticidas seja centralizado nas comunidades rurais; os armazéns ficam trancados e só duas pessoas têm a chave. Isso, juntamente com um programa de educação sobre os riscos que apresentam os pesticidas, reduziu drasticamente os suicídios no Sri Lanka. - Assim, a polícia não atua na ilegalidade. - Devido à ilegalidade, a parceria entre o Samaritanos e a polícia não pode ter caráter oficial. - Em Singapura, uma pessoa que tenta o suicídio pode ficar presa até um ano. Nova Zelândia - O Governo iniciou uma Estratégia Nacional de Prevenção do Suicídio. - Altas taxas de suicídio são registradas entre os povos do Pacífico. - O Samaritanos de Nova Zelândia é pressionado para oferecer um serviço de apoio. A Estratégia Nacional de Prevenção do Suicídio permitiu que os voluntários verificassem como poderiam atingir melhor o grupo-alvo. A pesquisa do Governo da Nova Zelândia sobre os povos do Pacífico revelou que a natureza coletiva das culturas do Pacífico faz com que os povos do Pacífico sejam afetados pelos suicídios ou tentativas de suicídio. Esta é a razão pela qual a taxa de suicídio entre os Maori seja a mais alta entre os grupos étnicos da Nova Zelândia. Um objetivo importante é oferecer apoio aos familiares de pessoas que se suicidaram e atender às necessidades deles. Um problema são os custos altos de telefone, seguro e aluguel, e o governo não facilita a arrecadação de fundos. ra, Austrália, Estados Unidos) - Atendimento por e-mail (Singapura,Hong Kong, Reino Unido, Brasil) - Workshop público “A prevenção do suicídio que você pode fazer” (Japão) - Grupos de apoio na área afetada pelo terremoto em Tohno (Tóquio) - Atendimento a idosos (ligações semanais para idosos identificados por organizações parceiras) (Estados Unidos) - Atendimento em unidades prisionais (Nova Zelândia, Estados Unidos, Reino Unido) - Linha Nacional de Prevenção do Suicídio (Estados Unidos) - Sala de emergência para pessoas que tentaram o suicídio (Estados Unidos) - Caminhada para arrecadação de fundos (Estados Unidos) Concluindo 1.O suicídio não deveria ser visto como algo inevitável. A prevenção do suicídio é uma meta realista, as organizações e os governos precisam trabalhar juntos para encontrar as soluções. 2.Até lá, continue fazendo o que está fazendo e conecte-se com as pessoas que trabalham ativamente para o mesmo objetivo. 3.Métodos, culturas e abordagens em torno do suicídio podem ser diferentes, mas todos nós desejamos reduzir o número dos suicídios, tanto em nível local como em escala mundial. Programas do BW - Chat (Brasil, Noruega, Esta- Liz Try I Samaritanos do Reino Unido dos Unidos) - Irlanda - “Linha Verde”: ligações gra- Tradução: Eduardo I Brasília – DF tuitas para os Postos Samaritanos Singapura: Legalidade - O Samaritanos Singapura de- para militares (Noruega) - Apoio em fábricas de consenvolve um programa junto com fecção de roupas (Sri Lanka) a polícia. - Apoio no Aeroporto Interna- No âmbito do programa, as tentativas de suicídio e mortes cional Rajiv Gandhi (Índia) - Programa Semanal de Rádio por suicídio comunicados à polícia devem ser passados ao Posto (Bangkok) - Apoio aos familiares de pesSamaritanos para fins de acomsoas que se suicidaram (Singapupanhamento. 4 ly_boletim_453_janeiro.indd 4-5 painel livre Todos somos céticos (1/2) Jornalista não é cientista, mas quando cobre os assuntos da ciência precisa entender minimamente os procedimentos e valores que regem esta comunidade. O que segue abaixo - em tópicos - é um resumo daquilo que me parece importante destacar sobre a cobertura dos assuntos ligados às mudanças climáticas. Quem são os “céticos”? A boa ciência, por princípio, tem o ceticismo como precioso aliado. São céticos todos os cientistas que norteiam seus trabalhos sem visões preconcebidas, dogmas ou interpretações pessoais da realidade desprovida da correta investigação científica. É equivocado, portanto, chamar de “céticos” apenas aqueles que hoje se manifestam contra a hipótese do aquecimento global, ou da interferência da humanidade nos fenômenos climáticos. A diferença entre opiniões pessoais e trabalhos publicados Todo cientista tem o direito de compartilhar opiniões, impressões ou análises superficiais sobre o assunto que bem entender. Para a ciência, isso é tão importante quanto a opinião manifestada por qualquer leigo. Neste meio, vale o que foi publicado em revistas especializadas, de preferência as que adotam o modelo de revisão pelos seus pares, ou “peer review” em inglês (como a Science ou Nature, para citar apenas as mais famosas), cujo o conselho editorial é com- posto por cientistas que indicarão outros cientistas. Estes terão o cuidado de aferir se a nova hipótese para a explicação de um determinado fenômeno seguiu rigorosamente os protocolos de investigação que regem o método científico. Sem isso, o conteúdo em questão - ainda que emitido por um cientista - se resume à categoria de mera opinião. Na cobertura jornalística, havendo controvérsia sobre um determinado assunto, convém verificar a quantidade e a qualidade dos trabalhos publicados. Até o momento, os estudos sobre mudanças climáticas se concentram majoritariamente em favor da hipótese do aquecimento global. As duas correntes científicas, neste caso, não são equivalentes nem proporcionais. Embora ambas mereçam respeito. explicam totalmente as variações de temperatura em função das emissões de gases-estufa. Ainda assim, há hoje mais certezas do que dúvidas de que o planeta está aquecendo e que os gases-estufa emitidos pela Humanidade contribuem para esse fenômeno. As oscilações naturais de temperatura do planeta em eras geológicas, a interferência do Sol nos fenômenos climáticos e todas as outras possibilidades que explicariam o que está acontecendo hoje são objeto de inúmeros estudos e pesquisas. Mesmo assim, segundo a corrente majoritária de cientistas, não há, até o momento, outra explicação mais convincente e embasada para explicar as mudanças climáticas, do que a interferência humana. Foi por isso que a maioria dos países assinou em 1992 o Acordo do Clima (que reconhece essa interferência no fenômeno climático), consolidando em 1997 o Tratado de Kioto (que estabeleceu prazos e metas para a redução das emissões até 2012), definindo em 2011 o Mapa do Caminho de Durban (que estabelece o prazo limite de 2015 para que todas as nações apresentem seus compromissos formais de redução dos gases-estufa para implementação a partir de 2020). A ciência do clima Essa é uma área nova de investigação científica extremamente complexa e imprecisa. Não há certezas absolutas (em ciência, pode-se dizer, nunca haverá 100% de certeza já que a hipótese prevalente pode um dia ser invalidada diante do surgimento de novas evidências) e a controvérsia alimenta o debate na busca daquilo que venha a ser a melhor explicação para o fenômeno observado. O próprio Painel Intergovernamental Site: G1 – 03 de julho de 2012 de Mudanças Climáticas (IPCC) reconhece em seus relatórios as várias incertezas ainda existentes. As modelagens do clima não André Trigueiro 5 16/01/13 11:16 de olho na notícia O Clima de Ameaça Zero Marian Kinget, discípula francesa de Rogers, afirma que na Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), o terapeuta deve procurar construir um clima de liberdade experiencial. Por isso, entende um ambiente terapêutico no qual o cliente sente-se à vontade para reconhecer todas as suas experiências (fenômenos internos) sem precisar distorcer nenhuma delas para agradar o terapeuta. Ela explica: “Esta liberdade existe quando o individuo se dá conta do que lhe é permitido expressar ao menos verbalmente: sua experiência, seus pensamentos, emoções e desejos tais e quais ele os experimenta e independente de sua conformidade às normas sociais Bullying na escola e morais que regem seu meio ambiente”. Dito de outra forma, o indivíduo é psicologicamente livre quando não se sente obrigado a negar ou a deformar aquilo que experimenta a fim de conservar, seja o afeto ou a estima daqueles que representam um papel importante na sua economia interna, seja sua autoestima. Rogers cita que existem três atitudes do terapeuta que são base da construção de um clima psicologicamente favorável, isto é, de um clima de liberdade experiencial: 1) congruência ou autenticidade; 2) consideração positiva incondicional ou aceitação incondicional; 3) compreensão empática. Congruência é o terapeuta ser quem realmente é em cada momento da relação com o cliente, ou seja, exprimir abertamente os sentimentos e atitudes que surgem no contexto da relação de ajuda. Consideração positiva incondicional é o terapeuta aceitar o cliente seja o que ele esteja sentindo a cada momento da terapia, isto é, aceitar o seu medo, raiva, rancor, confusão, alegria, amor, coragem. Compreensão empática é o terapeuta ser sensível aos sentimentos e reações pessoais que o cliente experiencia a cada momento da terapia, ou seja, é apreendê-los de dentro tal como o cliente os vê. Resenha da dissertação de mestrado André Barreto Prudente FFCLRP-USP Características sociodemográficas – atribuições dos voluntários Quanto ao enquadramento funcional no CVV, que caracteriza as atribuições do voluntário, participaram da pesquisa 74 voluntários plantonistas e dois voluntários de apoio. Os plantonistas são aqueles que participam do Programa CVV e realizam semanalmente um plantão de quatro horas e meia. Estes voluntários devem zelar pelo compromisso assumido e pela assiduidade nas atividades dispostas nas reuniões e encontros mensais e bimestrais de voluntários para o seu próprio aperfeiçoamento contínuo. Já os voluntários de apoio participam do Programa CVV sem realizar plantão semanal, entretanto, estão aptos para divulgar a propos6 ly_boletim_453_janeiro.indd 6-7 de olho na notícia ta de trabalho do CVV, contribuir com a manutenção do Posto e enriquecer os grupos de estudo com temáticas pertinentes. Os voluntários plantonistas são responsáveis por um plantão semanal, com a possibilidade de escolher entre cinco opções de plantão da escala. Atualmente, 30% dos participantes do CVV realizam o plantão P23; este dado pode ser relacionado à profissão e/ou à ocupação dos voluntários, em que 70% deles possuem uma vida ativa no mercado de trabalho, restando à opção do voluntariado noturno no Programa CVV. Na divulgação do Programa CVV é explicitado que o candi- dato deve ter disponibilidade para quatro horas e meia de plantão semanal. O voluntário deve chegar com antecedência ao Posto, preferencialmente quinze minutos antes de iniciar seu plantão e preparar-se para estar disponível para a relação de ajuda, visto que o “denso caráter emocional da atividade exige um forte envolvimento do voluntário”. . O trabalho voluntário no CVV Resenha do Trabalho apresentado ao Curso de Graduação em Psicologia Ernesto Gramkow Oviedo Alvarado Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) Em 25 de setembro de 2012, Ariel Kaminer, do New York Times, publicou no site www.educacao.uol.com.br, o artigo Após Suicídio de Aluno, Universidade dos EUA Cria Moradias Especiais para Comunidade de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Transgêneros (LGBT). Há dois anos, um calouro gay da Universidade Rutgers, Universidade Estadual de Nova Jérsei, cometeu suicídio após saber que seu colega de quarto ridicularizou sua sexualidade e convidou amigos para olhá-lo com outro homem. Esse terrível episódio chamou uma atenção nacional nada bem-vinda para a universidade. Antes conhecida como uma escola estadual grande e diversa, Rutgers passou a ser associada à homofobia e à crueldade. Mas, hoje, estudantes LGBT e aqueles que os apoiam podem escolher quatro opções de moradia especializada, três delas novas, que as une com colegas de quarto de mentalidade semelhante. Eles agora podem contar com o apoio dos 130 funcionários e membros do corpo docente que foram treinados através de contatos oficiais do campus ou com os estudantes de um novo programa de treinamento para aliados, cuja sessão inaugural esteve com lotação máxima. A edição daquele ano de um manual que listou os recursos do campus para questões homossexuais tem 92 páginas. E, recentemente, a Campus Pride (orgulho do campus), uma organização que avalia as escolas com base em suas políticas inclusivas, deu ao campus principal da Rutgers, em New Brunswick, a cotação máxima, cinco estrelas. Dentre as 32 categorias possíveis, nas quais uma escola pode se distinguir, a Rutgers teve sucesso em 31 da relação. A Rutgers tem uma longa história de inclusão; quando a Liga Homofila de Rutgers foi fundada em 1969, por exemplo, ela era apenas o segundo grupo estudantil do gênero no país. Mas desde a morte do calouro em 22 de setembro de 2010, a universidade tem aumentado seus esforços, estimulada por uma comunidade que se expressa intensamente no campus, uma administradora cheia de energia e uma necessidade urgente de controle de danos. Até alguns dos estudantes ficaram surpresos pela força da política de inclusão da Rutgers. No centro de toda essa atividade está a coordenadora do Centro para Educação de Justiça Social e Comunidades GLS da Rutgers. Disse que uma das maiores prioridades de seu trabalho era criar aliados - pessoas cujas identidades não correspondem às iniciais em seu portfólio, mas que se consideram amigas da causa ou causas, e querem saber mais sobre como ajudar. Além dos próprios estudantes gays, transgêneros e do círculo concêntrico daqueles que se posicionam ativamente como aliados, não se sabe até onde a mensagem do centro se espalhou. A coordenadora disse que ainda não encontrou nenhuma pessoa que não desse apoio. Mas Rutgers é, afinal, uma universidade de 59 mil alunos espalhados por vários campi. Nesse breve espaço de tempo, ser um estudante universitário gay passou a significar algo leve e notadamente diferente do que quando o calouro chegou ao campus. O resultado é uma universidade onde, segundo alguns estudantes, a presença altamente visível de estudantes LGBT se tornou uma parte básica e comum da vida no campus. O bullying não está só na escola, a prática pedagógica brasileira ainda reflete autoritarismo, configurando o que chama de bullying pedagógico. A escola reproduz as relações de um sistema social vertical, que não condiz com a democracia. Essa questão precisa ser regulamentada. O problema é que tudo, não regulamentado, não vale - a ética confunde-se com a lei. É ético o que está na legislação, o que não está pode ser feito. Só que a ética está nas ações humanas. Não deveríamos precisar esperar um código penal para punir determinadas coisas, as instituições, assim como a Universidade Rutgers, podem ao menos adotar uma cartilha e colocar em prática. O programa CVV não esta distante destas situações que aparecem diariamente nas redes sociais. Devemos estar prontos para ouvir as crianças, jovens e adultos que no passado foram discriminados. Helio | Ribeirão Preto - SP 7 16/01/13 11:16 de olho na notícia O voluntário e a identificação com a comunidade afetiva do CVV Na trama dos modelos identificatórios em jogo, na escolha e permanência na atividade voluntária do CVV, é fundamental destacar o fato de existir uma modalidade de identificação que está presente no contexto das comunidades afetivas. Nesse caso, a identificação, “pode surgir com qualquer nova percepção de uma qualidade comum partilhada com outra pessoa que não é objeto do instinto sexual. Quanto mais importante essa qualidade comum é, mais bem sucedida se torna essa identificação parcial, podendo representar assim o início de um novo laço”. O laço mútuo existente entre os membros de um grupo envolve uma identificação desse tipo, a qual tem como base uma importante qualidade emocional comum vinculada à natureza do laço 8 ly_boletim_453_janeiro.indd 8-9 com o líder. Do próprio grupo do CVV também. É muito legal o convívio que a gente tem, eu acho muito gostoso. Então a gente se envolve e eu acho que isso me faz bem. “A experiência é muito interessante pela organização que existe, a disciplina, os horários, o companheirismo, o envolvimento de todos... Essa amizade, esse calor humano que você sente. As pessoas se abraçam, conversam, sorriem e, querendo ou não, é uma oportunidade de você falar de você, principalmente no grupo, que existe o momento do exercício de vida plena. Quando eu entrei aqui, eu praticamente não falava de mim”. “O CVV é muito respeitoso, é muito amoroso. O grupo é sincero... E tem mais, se alguém me perguntar como é que eu estou é porque queria realmente saber como é que eu estou... Aqui, eu tenho espaço, aqui as pessoas me escutam, eu sou respeitada”. Sendo essa a forma de identificação que liga os membros de uma coletividade, profundamente vinculada à figura do condutor do grupo. Esse tipo de vínculo constitui-se pela instalação do líder na posição de ideal do “eu” por parte de cada um dos participantes do grupo. No lugar de líder está, certamente, o CVV com sua filosofia e atuação. Perfil Sociodemográfico e Psicológico dos Voluntários dos Postos CVV Resenha da dissertação de mestrado Carolina Neumann de Barros Falcão Dockhorn PUC / RS nossas comissões Dia Internacional de Prevenção do Suicídio A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) organizou o IV Seminário UERJ pela vida para lembrar o dia internacional de prevenção do suicídio nos dias 10 e 11 de setembro de 2012. Duas datas emblemáticas em relação à preservação e valorização da vida, já que no dia 10 de setembro se comemora o dia da prevenção e, no dia seguinte, está ainda na lembrança, o trágico atentado às torres gêmeas nos EUA - fato que completou 11 anos, o qual ceifou milhares de vidas, chocando a humanidade inteira. O seminário foi aberto com a apresentação de um belo coral da própria universidade e os trabalhos das oficinas e debates contaram com a participação de doutores da área da saúde, tais como professores, psicólogos, psiquiatras, pesquisadores e interessados no assunto do suicídio. O CVV através dos postos do Rio de Janeiro (Centro, Copacabana, Maracanã e Niterói) também colaborou. Tivemos a oportunidade de participar dos debates e divulgar o nosso trabalho com palestras, exibição dos nossos vídeos institucionais (Conheça o Programa CVV em dois minutos e Multidão), além do lançamento do livro CVV, Como vai você CVV, 50 anos ouvindo pessoas. Houve várias oficinas e coube ao CVV, além de divulgar o trabalho em si, a divulgação também dos trabalhos realizados extraposto como o Cine Ser organizado pelas Comissões de Ações Comunitárias. Foi apresentado nesta ocasião, o filme Lembranças e, logo depois, aberto para comentários e debates. Outro ponto importante a destacar no evento foi podermos também divulgar para a comunidade universitária a disponibilidade do nosso serviço pela web. No final, o público presente ao seminário teve o privilégio de assistir a uma bela peça teatral intitulada Queda Livre, cujo tema central remete ao propósito da existência do CVV. Regional Rio - Vitória 9 16/01/13 11:16 nossas comissões Rio + 20 Posicionamento da marca CVV Empresas e produtos precisam de uma personalidade própria para ser identificados e diferenciados dos demais, seja no meio empresarial, seja no terceiro setor. A pesquisa de posicionamento de uma marca no mercado é uma prática adotada por várias empresas e instituições, que querem saber como o mercado a enxerga e que espaço ocupam nele. Para os especialistas, em comunicação, o posicionamento de uma marca no mercado pode ser traduzido como o compromisso que uma empresa ou organização assume consigo mesma e com todo o seu público. Este compromisso é como um documento que ajuda a identificar os objetivos fundamentais de comunicação deste órgão, porque define as impressões que se deseja construir para todo tipo de público quando estiver em contato com esta marca. Além disso, o posicionamento determina como a marca quer ser percebida e associada pelo público, e oferece diretrizes para os trabalhos de criação (design e propaganda), permitindo que a criatividade se alie a fatores estratégicos, como o que devemos e o que não devemos associar a uma 10 ly_boletim_453_janeiro.indd 10-11 nossas comissões marca, por exemplo. Na época das comemorações dos 40 anos do Centro de Valorização da Vida (C.V.V.), quando foram definidos Missão, Visão e Valores do Programa CVV, o Grupo Executivo Nacional (GEN) iniciou uma das etapas de trabalho com o planejamento e a Comissão Nacional de Divulgação (CND) teve a oportunidade de trabalhar com a empresa Fundamento Comunicação Empresarial (http://www. fundamento.com.br) - especialista em comunicação corporativa, que abastecida de nosso material auxiliou na composição do posicionamento da marca CVV e planejamento da CND. Esse estudo que gerou o posicionamento da marca CVV consta na íntegra do Manual de Divulgação, versão 2007, abastecendo, orientando a equipe de divulgação e todos os parceiros especialistas que temos até hoje, oferecendo-lhes recursos e diretrizes para que a divulgação do CVV caminhe na mesma direção. Deste estudo definiu-se a categoria a qual a marca CVV pertence, um grupo de voluntários preparados que oferece apoio emocional gratuito. Delineou-se também o públi- co-alvo: “pessoas, em geral, sem distinção de idade, sexo, religião, classe social e formação cultural. Prioridade atual no público jovem - 15 a 25 anos -, de ambos os sexos, de todas as classes sociais e culturais”. Recursos exclusivos que só o CVV tem: ser alguém com quem se pode falar franca e abertamente, sem medos ou receios (aberto a todos, sem preconceitos, com absoluto sigilo e ininterruptamente). Com estas e outras informações iniciou-se a criação da personalidade CVV, que passa a ser a identidade de sua marca, suas características que, com o tempo, falará por si só o que o CVV faz assim que for visualizada. Esse processo foi iniciado e não terá fim, pois a marca CVV nestes 50 anos já é consolidada na sociedade, mas precisa sempre de atualizar-se e de estar presente na lembrança da população para que possa ser utilizada sempre que necessário. Comissão Nacional de divulgação [email protected] A Conferencia das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio + 20, realizada de 13 a 22 de junho de 2012, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), é conhecida por voltar-se para a temática do meio ambiente e Desenvolvimento (ECO-92) e contribuiu para definir a agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas. O objetivo do encontro foi assegurar a renovação de um comprometimento político com o desenvolvimento sustentável, avaliar o progresso feito até o momento e as lacunas que ainda existem na implantação dos resultados dos principais encontros sobre desenvolvimento sustentável, além de abordar os novos desafios que surgem no dia a dia. Os dois temas em foco na Conferencia foram A e Economia Verde no Contexto do Desenvolvimento Sustentável e da Erradicação da Pobreza e o Quadro Institucional para o Desenvolvimento Sustentável. Em 15 de junho a Regional Rio-Vitória dos postos CVV participou do evento paralelo a Rio + 20: a Cúpula dos Povos - Religiões por Direitos - evento organizado pela Sociedade Civil quando 120 tendas foram montadas no Aterro do Flamengo para discutir os mais variados assuntos relacionados à sustentabilidade do planeta. A atividade teve como responsável e mediador o Conselho Espírita do Estado do Rio de Janeiro (CEERJ), em parceria com a Religião de Deus, os Wicca - religião neopagã influenciada por crenças pré-cristãs e como religião natural, os Malês - termo usado no Brasil, no século XIX, para designar os negros muçulmanos que sabiam ler e escrever em língua árabe -, o Movimento Hare Krishna e o Programa CVV. Tendo por foco a preservação da vida: o valor da transcendência na prevenção do suicídio, entendendo-se como transcendente, não apenas o aspecto espiritual, mas também as ações que transcendem as atuações profissionais (médica e psicológica) no atendimento à pessoa com ideação suicida. O mediador do CEERJ informou: “A Organização Mundial da Saúde (OMS) nos informa que as taxas de suicídio na sociedade destacam o desafio da prevenção, como um problema a ser enfrentado pelas nações de forma urgente. Com 1 milhão de suicídios / ano, o mundo não pode se furtar de levar a discussão da Prevenção do Suicídio a todos os fóruns sociais para um envolvimento cada vez maior, mais consciente de todas as frentes da sociedade, a fim de que venhamos a trabalhar conjuntamente para ver debelada esta pandemia que se caracteriza, efetivamente, como uma ameaça ao bem-estar social. A valorização da vida na prevenção do suicídio foi o nosso foco naquela manhã, quando ouvimos, que os parceiros presentes, viram ser possível a contribuição de sua tradição religiosa, assim como o CVV, no acolhimento, tanto à pessoa com ideação suicida, quanto aos familiares e pessoas próximas de um suicida, que após o ato passam a ter suas vidas desestruturadas diante dessa vivência que se apresenta como traumática...” Assim deu-se por iniciada a discussão que fluiu com tranquilidade a qual o CVV se posicionou serenamente apresentando o trabalho de ações na prevenção do suicídio através da valorização da vida, há mais de 50 anos se preocupando com os sentimentos das pessoas do nosso País e a mais de uma década, pelas redes sociais, para todos os que habitam nesse planeta. Apresentamos dados estatísticos obtidos no Mapa da Violência / 2011 (http://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2011/ MapaViolencia2011.pdf), onde registra que em 2008 foram contabilizados nacionalmente 9328 suicídios. Isso significa uma média de 25,5 suicídios / dia ou um suicídio a cada 56 minutos. Sabe-se ainda que este número é muito maior por falta de divul- gação das famílias. E acredita-se que, para cada suicídio levado a termo, há de 10 a 20 tentativas frustradas. A participação do CVV foi sucinta e apresentou as situações que podem levar as pessoas a pensamentos de morte e desencadear tentativas ou execução de autoextermínio, divulgadas pela assessoria de Imprensa da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) sobre o comportamento suicida: a cada 35 segundos uma pessoa morre por ato suicida no mundo; no Brasil, 24 pessoas morrem diariamente (ou uma a cada hora) por suicídio. O dia chegou ao término e percebeu-se o momento mágico da parceria entre pessoas de todas as raças, etnias, lugares, tribos e religiões através do provérbio africano para a sustentabilidade das nossas ações: “Se quiser ir rápido, vá sozinho, se quiser ir longe, vá em grupo”. Zenaide I Volta Redonda - RJ 11 16/01/13 11:16 nossas comissões CVV Comunidade aproxima e informa sobre suicídio no Distrito Federal Nunca se falou tanto em valorização da vida e prevenção do suicídio. O Distrito Federal (DF), por meio da diretoria de Saúde Mental (DISAM/SAS/SES-DF) e de sua coordenação de prevenção do suicídio, organizou uma série de atividades dedicadas ao tema da Prevenção do ato suicida e Valorização da Vida. A abertura dos eventos foi marcada pelo lançamento da Política Distrital de Prevenção do Suicídio, com atividades distribuídas entre as diversas instituições parceiras nos meses de setembro e outubro de 2012. O evento contou com a participação do Posto Brasília na I Jornada de Prevenção do Suicídio do Distrito Federal, ocorrida de 10 a 20 de setembro de 2012. A programação foi vasta. Incluiu conferências, palestras, workshops, apresentação de filme e divulgação do trabalho do Programa CVV. O professor Otávio Leite, do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), destacou o trabalho do CVV como entidade atuante e com resultados positivos expressivos. Ele ainda lembrou sua experiência pessoal, como ex-membro, ressaltando aspectos da psicologia humanista e do trabalho do psicólogo Carl R. Rogers como base para o atendimento oferecido. Na primeira semana de outubro, o Posto Brasília promoveu a III Semana de Valorização da Vida (SVV). No mesmo período foi comemorada a I Semana Distrital de Prevenção do Suicídio (Lei 4.842 de 25 de maio de 2012), com o objetivo de chamar a atenção quanto à importância da preservação da vida e compreensão do suicídio. Foram 7 dias de atividades, 36 horas de programação, quando foram distribuídos 1179 folders e panfletos, 777 balinhas e pirulitos com a marca Como Vai Você? e 144 copos d’água. Foram atendidas 13 pessoas que procuraram apoio emocional e 4 inscrições de candidatos para o próximo Programa de Seleção de Voluntários (PSV). Durante 2 dias foram oferecidas palestras para atendentes do “Disque 100” sobre Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), alem de camisetas vendidas aos voluntários. O sucesso da atividade está diretamente relacionado à participação das instituições parceiras, como as de ensino superior, e as demais entidades públicas e privadas de saúde e áreas afins interessadas em contribuir com a prevenção do suicídio no DF. O Centro de Valorização da Vida (C.V.V.), Posto Brasília, foi parceiro nesta jornada. A compreensão é que o CVV é um parceiro natural e muito importante na valorização da vida e prevenção do suicídio no Brasil e no DF. Dessa forma, um dos objetivos foi estreitar os laços para apoio mútuo nessa empreitada. No encerramento, a psicóloga e coordenadora do fórum, Beatriz Montenegro, agradeceu a presença de todos no evento. Ela ressaltou o valor do nosso trabalho, tanto na prevenção direta do suicídio, por meio dos apoios, como pela divulgação e pela formação de pessoas orientadas em oferecer ajuda genuína, por meio da habilidade de ouvir e do próprio treinamento para ingressar na entidade. Para o CVV Comunidade de Brasília, essa série de eventos foi bastante positiva, na medida em que é uma oportunidade de mostrar o trabalho desenvolvido pela entidade a diferentes tipos de público, de várias regiões do DF. Sem contar que temas relativos à preservação e à compreensão do suicídio foram discutidos de maneira mais intensa e ganharam atenção da mídia, de forma geral. Mostram, também, que é notória a necessidade de uma sociedade compreensiva, fraterna e solidária. Gilson I Brasília – DF espírito samaritano: ontem, hoje, amanhã 51º Preceito: O sigilo é a base do trabalho Manter o sigilo no CVV significa respeitar os princípios de uma instituição séria que, a cada ligação recebida, sabe que há do outro lado da linha alguém confiante no apoio ofertado por quem o ouvirá. A ética nos ensina: não podemos, nem devemos, motivados por qualquer circunstância, quebrar o sigilo, macular o nome do CVV, nem mesmo quando por alguma razão, não mais estivermos integrando o quadro de plantonistas. Bartyra l Recife - PE Missão: Valorizar a vida, contribuindo para que as pessoas tenham uma vida plena e, consequentemente, prevenindo o suicídio. Visão: Uma sociedade compreensiva, fraterna e solidária. (As pessoas Vivendo Plenamente, tendo o CVV contribuído para isso) Valores: Confiança na Tendência Construtiva da Natureza Humana. Trabalho Voluntário motivado pelo espírito samaritano, de acordo com a proposta de vida. Direção Centrada no Grupo / Aperfeiçoamento Contínuo / Comprometimento e Disciplina. 12 ly_boletim_453_janeiro.indd 12 16/01/13 11:16