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Conscientização e prevenção do suicídio Daniel Martins de Barros
As informações e opiniões expressas neste blog são de responsabilidade única do autor.
Daniel Martins de Barros
01 setembro 2015 | 10:31
Dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Embora
ninguém queira falar sobre isso essa é uma importante causa de morte no
mundo todo. Conversar francamente sobre o tema, identificar sinais de
risco e oferecer ajuda são as melhores formas de enfrentar o problema.
Muito provavelmente você nunca ouvir falar nisso, mas dia 10 de setembro é o Dia
Mundial de Prevenção ao Suicídio. Se não sabia não se preocupe, não é você que está
por fora: o tema é um tabu tão grande que praticamente não se fala sobre ele. A mídia
evita o tema porque a cobertura feita de modo irresponsável pode ser prejudicial para a
população, mas principalmente porque afasta a audiência. Ninguém quer falar e
ninguém quer ouvir. Mas fingir que o problema não existe infelizmente não faz com ele
desapareça. E os suicídios continuam acontecendo.
Daí a importância de uma abordagem franca, séria e não sensacionalista sobre o tema. E
também de campanhas como esse dia, no qual em dezenas de países ao redor do mundo
instituições promovem debates, palestras, conscientização e combate ao preconceito que
cerca o suicídio. Em 2015 o tema é justamente “Prevenindo suicídio: alcançando e
salvando vidas”. Quando as pessoas em risco são alcançadas, vidas são salvas.
Um dos maiores erros que cometemos ao pensar numa atitude tão extrema como essa é
achar que ela teve uma determinada causa. Fulano se matou porque a esposa o traiu.
Beltrano se matou porque estava deprimido. Obviamente não é assim: nem todo
depressivo, e muito menos todo traído, se mata. Aliás, a minoria das pessoas o faz. O
suicídio é o ponto final em que chegam pessoas submetidas não a um, mas a vários
fatores ao mesmo tempo: é alguém que tem um transtorno mental e está passando um
problema grave e tem pouco suporte social e se sente desesperançado e, e, e… as
variáveis são muitas e se agrupam de uma forma única para cada pessoa que pensa em
acabar com tudo. Ainda assim, alguns fatores estão quase sempre presentes: algum
transtorno mental, a sensação de desesperança e o uso de álcool ou outras drogas.
Por isso o suicídio pode ser em grande parte prevenido.
Imagine alguém que está considerando seriamente que deveria dar cabo da vida. Ao
descobrir que pode estar doente, com depressão, por exemplo, existe uma chance que
procure ajuda antes de optar pela saída trágica. Outra doença muito associada a ao
suicídio são as dependências químicas; mas se transmitirmos aos dependentes que
existem tratamentos para eles podemos também mudar seu destino. Além disso, aqueles
que pensam em morrer porque não vêem saída para seus problemas podem ser ajudados
por uma simples palavra de esperança – ter alguém de fora que demonstre interesse
sincero pelo problema, eventualmente oferecendo uma perspectiva alternativa da
questão, é o que basta para demover o suicida de sua convicção, mesmo que
temporariamente, dando-lhe tempo para conseguir ajuda especializada. Se
identificarmos melhor as pessoas com diagnósticos psiquiátricos e as encaminharmos
para tratamento adequado, e se estendermos a mão para quem está em desespero,
quantas mortes serão prevenidas.
Não é preciso ter medo de perguntar se alguém está pensando em acabar com tudo –
não existe risco de que isso seja interpretado como uma sugestão e aumente o risco da
pessoa se matar. Ao contrário, pode ser exatamente a pergunta que ela precisa para se
sentir compreendida. Se tem notado em alguém próximo mudanças de
comportamento, aumento do uso de álcool ou drogas, pessimismo muito intenso ou
desesperança nas conversas, fale abertamente com ela. Demonstre interesse, ofereça
ajuda para conseguir uma consulta, acione familiares se for o caso. E se você tem se
sentido assim, serviços como o CVV atendem 24 horas na internet ou pelo telefone
141. Quase todas as pessoas que são demovidas da ideia de se matar percebem que essa
não era a melhor saída, e conseguem de alguma forma encontrar uma forma de seguir
em frente.
Algumas pessoas, em alguns momentos, recebem do destino uma pena tão grande que
parece não valer a vida. Mas nós podemos nos unir e colaborar para inverter a equação,
fazendo a vida valer a pena.
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Tags: mídia, morte, prevenção, suicídio
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