ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I Versão Online 2009 O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 1 GEOGRAFIA, ESPAÇO URBANO E QUALIDADE DE VIDA: POR UM ENTENDIMENTO DAS QUESTÕES SOCIOAMBIENTAIS LOCAIS. Autora: Vera Lucia da Silva Pinto Lima 1 2 Orientadora: Coaracy Eleutério da Luz RESUMO Este estudo propõe uma prática pedagógica com os alunos do Ensino Médio para avaliar a qualidade de vida da população urbana local em face das condições socioambientais, articuladas com os conteúdos da disciplina de Geografia. Nas Diretrizes Curriculares da Educação do Estado do Paraná, está explícito que para a formação de um aluno consciente das relações sócio-espaciais de seu tempo, o ensino de Geografia deve assumir um caráter crítico e dar uma formação necessária para o enfrentamento com vistas à transformação da realidade social, econômica e política de seu tempo e garantir a sua cidadania. A Geografia é uma das ciências que têm se dedicado à análise da cidade e da vida urbana. Como ciência social, ela o faz pela perspectiva social, porém com um determinado enfoque. O homem utiliza o poder de transformar a natureza e aceleradamente ele rompe o equilíbrio dos ecossistemas, sem levar em consideração que os recursos naturais são finitos, se tais fontes se esgotarem, as espécies vivas podem sofrer danos irreversíveis. Na Educação Ambiental, há uma grande distância entre informar e formar. Não basta transmitir inúmeras informações sobre o que se deve fazer o que pode melhorar o ambiente: é preciso formar cidadãos conhecedores dessas questões, indivíduos que não só ouçam, mas que também procurem conhecer sobre a realidade ambiental. Indivíduos que se comprometam com as mudanças necessárias à qualidade ambiental de forma autônoma e responsável. Palavras chaves: Bandeirantes, Educação Ambiental, Qualidade de Vida. 1 Licenciada em Geografia pela Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Cornélio Procópio, Especialização em Psicopedagogia Institucional pela Universidade Norte do Paraná, Professora PDE no Colégio Estadual Cyríaco Russo. 2 Licenciada e Bacharel em Geografia pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, Mestre em Geografia pela Universidade Federal do Paraná, Doutoranda em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá, docente do Colegiado de Curso de Geografia da Universidade Estadual do Norte do Paraná (Campus de Cornélio Procópio). 2 1. INTRODUÇÃO Este estudo propõe uma prática pedagógica com os alunos do Ensino Médio para avaliar a qualidade de vida da população urbana local em face das condições socioambientais, articuladas com os conteúdos da disciplina de Geografia. Nas Diretrizes Curriculares da Educação do Estado do Paraná, está explícito que para a formação de um aluno consciente das relações sócio-espaciais de seu tempo. O ensino de Geografia deve assumir um caráter crítico e dar uma formação necessária para o enfrentamento com vistas à transformação da realidade social, econômica e política de seu tempo e garantir a sua cidadania. Nesse sentido, justifica-se o presente estudo, por ter ele o propósito de avaliar a qualidade de vida dos moradores locais. A cidade é o resultado de uma das atividades mais marcantes e significativas do homem sobre a natureza e é observável que na maioria dos casos, quanto mais a cidade cresce a qualidade de vida da população decresce. É neste contexto, que a pesquisa pretende se concretizar. O estudo da cidade tem se destacado no ensino da Geografia, porém, o que se pretende é enfatizar a cidade onde vive o aluno; que ele aprenda a olhar com olhos investigativos; argumentar com saber científico e a dialogar sobre o cotidiano da vida urbana: condições de moradia, transporte, educação, saúde, segurança, áreas de lazer. Articular os problemas urbanos com os problemas do meio rural como: matas ciliares, fauna e flora dos rios, uso e exploração econômica do solo e as conseqüências do processo produtivo na qualidade de vida. O intuito deste trabalho não é ensinar o que fazer, mas, sim, mostrar, tornar o aluno consciente do por que devemos ter certas atitudes. A diferença está no resultado que podemos obter se todos os envolvidos cumprirem com seu papel de cidadãos e futuros cidadãos, conscientes do uso dos recursos naturais a seu favor, sem prejudicar o ambiente que proporciona isso. Tentar fazê-los entender que o meio ambiente é essencial para a vida e indispensável e que, para isso, temos o dever de garantir às futuras gerações uma qualidade de vida digna. O homem utiliza o poder de transformar a natureza e aceleradamente ele rompe o equilíbrio dos ecossistemas, sem levar em consideração que os recursos naturais são finitos, se tais fontes se esgotarem, as espécies vivas podem sofrer 3 danos irreversíveis. Neste cenário, como os conteúdos tratados na disciplina de Geografia podem contribuir para minimizar os efeitos socioambientais negativos que interferem na qualidade de vida do homem da cidade. O objetivo desta pesquisa é analisar os fatores que contribuem para minimizar os efeitos socioambientais negativos da qualidade de vida do homem urbano, orientar o aluno para esboçar um relatório sobre o ambiente em que vive na cidade levantando os aspectos negativos e positivos; promover o levantamento dos principais problemas da cidade através de coleta sistematizada; organizar os dados referentes aos fatores que interferem na qualidade de vida buscando alternativas de melhoria e encaminhando para o gestor público e/ou autoridades do município. Para realização desta pesquisa utilizaram-se referências bibliográficas, tais como livros, revistas científicas e educacionais e artigos, além de levantamento de informações em campo. 2. CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS NA PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO A cidade é o resultado de uma das atividades mais marcantes e significativas do homem sobre a natureza e é observável que na maioria dos casos, quanto mais às cidades cresce a qualidade de vida da população diminui. O estudo da cidade tem se destacado no ensino da Geografia, porém, o que se pretende é enfatizar a cidade onde vive o aluno; que ele aprenda a olhar com olhos investigativos; argumentar com saber científico e a dialogar sobre o cotidiano da vida urbana: condições de moradia, transporte, educação, saúde, segurança, áreas de lazer. A Geografia é uma das ciências que têm se dedicado à análise da cidade e da vida urbana. Como ciência social, ela o faz pela perspectiva social, porém com um determinado enfoque. Articular os problemas urbanos com os problemas do meio rural como: matas ciliares, fauna e flora dos rios, uso e exploração econômica do solo e as conseqüências do processo produtivo na qualidade de vida. 4 Mas como a humanidade extrai matéria prima energia da natureza e dela e dela depende para sobreviver, não apenas discursos científicos se constroem sobre a cidade e o campo mas também mitos, conceitos, percepções, atitudes e práticas relacionados cm a dinâmica e as inter relações do mundo natural com o mundo do mundo natural com o mundo social, o que podem ser verificado a Pré-história (RONCAGLIO, 2007, p. 108). O homem utiliza o poder de transformar a natureza e aceleradamente ele rompe o equilíbrio dos ecossistemas, sem levar em consideração que os recursos naturais são finitos, se tais fontes se esgotarem, as espécies vivas podem sofrer danos irreversíveis. Existe uma grande tensão nos movimentos sociais, no que diz respeito à coalização e aglutinação e forças na busca do objetivo comum. Alguns setores apresentam-se mais propícios às articulação que outros; no entanto, o que se observa é uma ação crescentemente individualizada e qualitativamente pouco orgânica, constituindo poderosos entrave à concretização dos ideais do movimento ambientalista, em particular. (EDUCAÇÃO AMBIENTAL, 2008, p. 88). Os conflitos entre interesses privados e interesses coletivos ou públicos relacionados aos problemas ambientais são conflitos sociais porque envolvem a natureza e a sociedade, mas acontecem a partir de um tipo determinado de organização da sociedade. Existem conflitos de interesse que não são evidentes, ou explícitos. Nesse caso, as comunidades são agredidas por um processo de degradação ambiental do qual elas não tomam consciência, ou do qual têm consciência, mas não conseguem relacionar de maneira direta com as práticas de certos agentes sociais. Isso porque algumas alterações do meio ambiente não aparecem imediatamente, ou não são percebidas à primeira vista (TOZONI-REIS, 2008). Os custos sociais decorrentes dessas práticas, que reduzem oportunidades de desenvolvimento e ampliam os problemas sanitários do nosso país, são em verdade, um subsidio embutidos nos custos gerados pela poluição, que está sendo pago pela sociedade aos poluidores (TORRES, 2003, p. 68). É importante conhecer os fenômenos climáticos para o planejamento de 5 atividades agrícolas (época de plantio e colheita, época de ocorrência de excesso de chuvas ou geadas etc.), e mesmo para combater a poluição. Muitos fenômenos climáticos amenizam ou agravam a poluição ambiental. A compreensão da dinâmica que envolve os fenômenos climáticos leva-nos a buscar um novo posicionamento em relação as necessidades de desenvolvimento da sociedade (TORRES, 2003, p. 99). Comunidades urbanas e rurais foram vítimas de mudanças no meio ambiente que alteraram suas condições de vida e de trabalho. Mas, em geral, essas mudanças não são identificadas como problemas ambientais. As pessoas por vezes não percebem as ligações entre a degradação ambiental e os efeitos que ela tem sobre suas atividades ou sua saúde (ALCÂNTARA, 2006). A sustentabilidade urbana se baseia na exploração de recursos e energia de seu meio rural. A expansão urbana vai minando a capacidade de carga do solo urbano e estendendo sua “pegada ecológica” à degradação de seu entorno regional. A urbanização como processo de habilidades global deve ser revista sob a ótica de uma racionalidade ambiental. Isto implica passar da elaboração de novos indicadores territoriais de sustentabilidade (LEFF, 2001, p. 291). Existem conflitos explícitos evidentes, quando a comunidade conhece o vínculo entre os danos causados ao meio ambiente e a ação de certas empresas. Poderíamos, então, chamar os conflitos que têm elementos da natureza como objeto e que expressam relações de tensão entre interesses coletivos e interesses privados de conflitos socioambientais. A sustentabilidade depende de como extraem e como se transformam os recursos em torno, o que se produz e como se produz, o que se consome e como se consome; o custo ambiental e a sustentabilidade das formas de satisfazer as necessidades básicas medidas pelos indicadores de qualidade de vida, de bemestar e de desenvolvimento humano nas cidades devem considerar se impacto local, em nível global (LEFF, 2001, p. 294). Em geral, eles se dão pelo uso ou apropriação de espaços e recursos coletivos por agentes econômicos particulares, pondo em jogo interesse que disputam o controle dos recursos naturais e o uso do meio ambiente comum, sejam esses conflitos implícitos ou explícitos (TOZONI-REIS, 2008). 6 As diretrizes ambientais devem facilitar e incentivar a diminuição das desigualdades econômicas regionais, que são um grande entrave para as propostas de melhoria ambiental, por meio da cooperação, da diminuição das dívidas, do combate à pobreza, entre outros. O plano deve ser o de recuperar a autonomia das nações (RONCAGLIO, 2006). Os governos devem incentivar a discussão e as escolhas e pelas ações, é o papel do Estado ser o mediador dessa discussão ambiental e com as possibilidades de superação dos problemas, isso pode construir uma nova forma de fazer política e de governar e a descentralização é um dos pontos chaves dessa discussão (RONCAGLIO,2006) A Conferência de Estocolmo, realizada em 1972, produziu muitos reflexos no direito interno de diversos países. Muito embora ela não tivesse uma força obrigatória para os signatários, não se constituindo mais do que uma simples afirmação de princípios, não um tratado, os seus efeitos são incontáveis (ANTUNES, 2007). A legislação tutelar do meio ambiente que antecede à Conferência de Estocolmo e, de fato, constituída por normas e princípios de Direito Administrativo, pois não estava imbuída dos conceitos básicos do Direito Ambiental, em especial a noção de sustentabilidade dos recursos ambientais. A historia legislativa do estudo de impacto ambiental no Brasil pode ser considerado como iniciada na década de 70 do século XX, mediante a edição do Decreto-Lei nº. 1413, de 14 de agosto de 1975. O referido diploma legal introduziu em nosso Direito o zoneamento das áreas criticas de poluição. O artigo 1º determinou que “as indústrias instaladas ou a se instalarem em território nacional são obrigadas a promover as medidas necessárias a prevenir ou corrigir os inconvenientes e prejuízos da poluição e da contaminação do meio ambiente” (ANTUNES, 2007, p. 276). 3. EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CIDADANIA Na Educação Ambiental, há uma grande distância entre informar e formar. Não basta transmitir inúmeras informações sobre o que se deve fazer o que pode melhorar o ambiente: é preciso formar cidadãos conhecedores dessas questões, indivíduos que não só ouçam, mas que também procurem conhecer sobre a 7 realidade ambiental. Indivíduos que se comprometam com as mudanças necessárias à qualidade ambiental de forma autônoma e responsável. O que torna social essa estrada de mão dupla chamada ensino-aprendizagem é o fato de que todo conhecimento humano verdadeiramente significativo é o resultado frágil, mutável e crescentemente enriquecido e aperfeiçoável de um contínuo processo de inter-trocas de saberes. De saberes e de sentidos, de valores e de sensibilidades não apenas entre pessoas, tomadas em sua individualidade identitária, mas, também, entre grupos humanos, entre povos e culturas. Ali, onde o próprio conhecimento, em sua objetividade transitória, é modificado pelo ensino e aprendizado a cada vez que isso ocorre. Em que cada outro, individual, coletivo, interativo, social, cultural é reconhecido como fonte original de saberes com a qual uma pessoa ou uma coletividade, pequena ou grande, aprendem e ensinam (BRANDÃO, 2005, p. 99). Só assim a Educação Ambiental pode construir na base do pensar e do agir, o princípio da responsabilidade com o outro, do bom senso, da cidadania e do respeito para a resolução dos problemas que são tanto individuais como coletivos, na busca por relações mais harmônicas entre todos, e com o ambiente (SATO, 2003). A complexidade dos decursos oficiais sobre a sustentabilidade ambiental, o meio ambiente ainda é visto como uma ‘pedra no caminho’ do desenvolvimento. Somente com a pressão de diversos segmentos sociais, nacionais, internacionais, as empresas públicas e privadas passaram a formalizar, no discurso e na lei, a necessidade de pensar o desenvolvimento sustentado. A Educação Ambiental procura, portanto, trazer ao indivíduo a importância de problematizar sobre suas necessidades reais, buscando no mundo muito mais do que a aquisição material, mas sim novas relações com os outros, novas formas de tratar a diversidade, numa crítica radical da modernidade por meio da prática da cidadania e de uma ética ecológica. A Educação Ambiental deve capacitar o indivíduo a agir individual e coletivamente, amparado pelo olhar da sustentabilidade. Obviamente, cada grupo possui uma dinâmica e uma busca por uma série de respostas que é interna ao grupo, e o educador ambiental deve respeitar essas expectativas. O trabalho deve começar por satisfazer as necessidades dos grupos, de forma a fazer com que os indivíduos sintam-se interessados pelo processo 8 educativo e compartilhem com os outros esse momento, na internalização de novos conhecimentos construídos coletivamente (DAMINELLI, 2007). O processo é o de troca de idéias, de valores, de conhecimentos, na busca por um saber contextualizado, abrangente, construído sob o ponto de vista de toda a comunidade. A prática educativa é parte integrante da dinâmica das relações sociais e das formas de organização social. Então, a prática educativa, a vida cotidiana, as relações professor-aluno, os objetivos da educação e o trabalho docente, estão carregados de significados sociais que se constituem na dinâmica das relações sociais (BARBOSA, 2005, p. 35). A intenção, acima de tudo, é formar indivíduos empenhados em seu papel participativo, capazes de usar suas idéias, sua vontade e sua voz na busca de cada vez mais espaço, de possibilidade de decisão, de luta reivindicatória. A luta é pela plena e absoluta construção de cidadãos. 4. TECENDO A CONSCIÊNCIA AMBIENTAL POR MEIO DA EDUCAÇÃO A pesquisa de campo e a intervenção pedagógica foram realizadas no município de Bandeirantes, sobre este se expõe aqui de forma resumida alguns aspectos históricos, para que em seguida se apresente alguns equipamentos urbanos pesquisados e o trato do tema do referido estudo em sala de aula. 4.1. BANDEIRANTES: BREVE HISTÓRICO No início o município era sertão bruto, habitado por índios caingangues. Dona Josephina Alves de Lima proprietária de grande gleba de terras na divisão 9 “Fazenda Laranjinha”, vendera ao senhor João Manoel dos Santos, pelo preço de cinco mil e quinhentos cruzeiros, 10 alqueires de terra destinaram-se fundação povoado que tornaria o nome de Invernada (SOLANO, 1950). Em 1° de julho de 1931, inaugura-se a primeira escola no povoado da estação, tendo como professora a Sra. Ismênia L. Nogueira. Em 27 de setembro de 1931, o povoado da estação, que já contava com um núcleo de homens de boa vontade, inicia um trabalho de coligação em favor do desenvolvimento da estação e consequentemente a queda da invernada, onde se encontrava o cartório de Registro Civil, Coletoria Estadual, grande comércio, hotel, farmácia, correio, etc. (SOLANO, 1950) Foram doadas destas terras para os povoados da Invernada para construção de suas casas nas terras do senhor Eurípedes Rodrigues próximo da estação. Em 15 de junho de 1934, forma-se a primeira comissão que deveria ir a Curitiba, tratar junto a Interventoria Federal, da criação do município. Foram eleitos os senhores Ozório Gonçalves Nogueira, Otacílio Arantes Carneiro, Asdrúbal de Figueredo Gizzi (SOLANO.1950). Como propaganda do município, e documento do processo de criação do município foi publicada a primeira página sobre o distrito de Bandeirantes no Jornal Gazeta do Povo de Curitiba, apoiado pelo secretário da justiça o Dr. Raul Vaz. Em 14 de novembro de 1.934, o Sr. Manoel Ribas, Interventor Federal no Estado assina o decreto que Bandeirantes tornaria município, cuja instalação se deu a 05 de janeiro de 1935 sendo seu primeiro prefeito e engenheiro o Dr. Rafael Antonacci, que teve a primazia de assinar o contrato de fornecimento da luz e força (SOLANO, 1950). Ao redor da estação, em terreno pertencente a Juvenal Mesquita, proliferou um povoado. A linha de progresso apontava para Bandeirantes, porém Invernada tinha influência: cartórios, coletoria estadual, hotéis, casas comerciais, farmácias, correio etc. Um acordo capitaneado por Eurípedes Mesquita e Osório Nogueira, permitiu que moradores da Invernada ganhassem terrenos ao redor da Estação Bandeirantes (Solano 1950). O acordo foi cumprido e Bandeirantes cresceu e se fortaleceu economicamente. O município foi criado em 14 de novembro de 1934, pela Lei Estadual no 2.396, com território desmembrado de Jacarezinho e instalado a 25 de janeiro de 1935. Ao longo da história social, política e econômica de Bandeirantes, 10 um nome se destaca, é o de Luís Meneghel, que fundou a Usina Bandeirantes, na década de quarenta, sendo que até os dias de hoje a família Meneghel luta bravamente para manter os ideais de seu patriarca (SOLANO, 1950). 4.2. BANDEIRANTES: UMA ABORDAGEM SOBRE AS QUESTÕES SOCIOAMBIENTAIS LOCAIS A qualidade de vida refere-se a soma das condições econômicas, ambientais, científico-culturais e políticas coletivamente construídas e postas à disposição dos indivíduos para que estes possam realizar suas potencialidades: inclui acessibilidade à produção e ao consumo, aos meios para produzir cultura, ciência e arte, bem como pressupõe a existência de mecanismos de comunicação, de informação, de participação e de influência nos destinos coletivos, através da gestão territorial que assegure água e ar limpos, higidez ambiental, equipamentos coletivos urbanos, alimentos saudáveis e a disponibilidade de espaços naturais amenos urbanos, bem como da preservação de ecossistemas naturais. (HERCULANO, 2009) Com base em tais apontamentos sobre o tema, buscaram-se verificar o desenvolvimento de alguns equipamentos urbanos no município abordado, quais seja o saneamento básico, o tratamento de esgoto, de água e de lixo. Bandeirantes, em 2011 inicia a implantação do aterro sanitário, uma reivindicação antiga de nossos políticos e munícipes, com objetivo de melhora na qualidade de vida dos moradores. Saneamento é o conjunto de medidas, visando preservar ou modificar as condições do meio ambiente com a finalidade de prevenir doenças e promover a saúde. Saneamento básico se restringe ao abastecimento de água e disposição de esgotos, mas há quem inclua o lixo nesta categoria. Outras atividades de saneamento são: controle de animais e insetos, saneamento de alimentos, escolas, locais de trabalho e de lazer e habitações. Normalmente qualquer atividade de saneamento tem os seguintes objetivos: controle e prevenção de doenças, melhoria da qualidade de vida da população, melhorar a produtividade do indivíduo e facilitar a atividade econômica. 11 Investir em saneamento é economizar dinheiro público. “Há uma afirmativa clássica de que cada dólar gasto em saneamento provoca uma economia de U$ 4 a U$ 5 para os governos”. Sobre o tratamento de esgoto do município segundo dados coletados no Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), este é composto por: uma casa elevatória; três lagoas de tratamento (sendo duas lagoas anaeróbicas e uma facultativa). Todo o tratamento é acompanhado por análises rotineiras preconizadas por órgãos Estaduais de Controle Ambiental. A SAAE trata o seu esgoto sanitário, através da autodepuração, com eficiência de 70 a 85% segundo resultados de análise. Garantindo assim a preservação dos recursos hídricos, da fauna e da flora. (VIDAL, 2010) No município de Bandeirantes, 100% da população recebem água tratada, a captação é feita através do Rio das Cinzas (25%) e o restante (75%) do Aqüífero Guarani (3 poços perfurados).(Vidal, 2010) A água coletada dos poços artesianos não tem necessidade de fazer a limpeza. É feita somente a cloração e fluoretação (dependendo da composição da água). (VIDAL, 2010) A análise da água é feita de hora em hora na Estação de Tratamento. Nos Poços Artesianos é feito todos os dias. E semanalmente na água dos usuários. (VIDAL, 2010) Quanto ao lixo todo resíduo sólido proveniente de atividades humanas ou mesmo de processos naturais (poeira, folhas e ramos mortos, cadáveres de animais). O lixo urbano é um dos maiores problemas ambientais da atualidade, pois os moldes de consumo adotados pela maioria das sociedades modernas provocam o aumento contínuo e exagerado na quantidade de lixo produzido. Menos de 5% do lixo urbano é reciclado. O lixo causa enchentes, entope bueiros e diminui a vazão de água. É um dos maiores problemas da sociedade moderna. Calcula-se que 30 % do lixo brasileiro ficam espalhados pelas ruas nas grandes cidades. O Aterro Sanitário municipal onde o lixo é confinado sem causar maiores danos ao meio ambiente. É um método em que o lixo é comprimido por intermédio de máquinas que diminuem o volume. Com o trabalho do trator, o lixo é empurrado, espalhado e amassado sobre o solo (compactação), sendo posteriormente coberto 12 por uma camada de areia, o que minimiza odores evita incêndios e impede a proliferação de insetos roedores. Lixo no lugar certo, Bandeirantes começou a implantar seu aterro sanitário. Com dois alqueires de área, é resultado de uma parceria entre a Prefeitura Municipal, o SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) de Bandeirantes, a Associação Futuro do Amanhã e a Universidade sem Fronteira. O prazo para conclusão das obras é de 12 meses e o cronograma já foi estabelecido entre a empresa vencedora na licitação e o SAAE. O município recolhe cerca de 500 toneladas de lixo por mês, sem contar o lixo reciclável, que é encaminhado para Associação de Recicladores Futuro do Amanhã. Bandeirantes entra no grupo das cidades no país com aterro sanitário que, segundo o IBGE, representa 14% das cidades do país. O município atende com rede de água toda a população tem rede esgoto em 97% dela. (CREA/PR, 2011, p. 10) Os problemas sociais urbanos merecem uma ação urgente, muitas vezes a custas da exploração de recursos naturais. Uns dos principais problemas das cidades apresentam-se o acúmulo, manuseio e destinação final do lixo urbano. 4.3. A INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA: BREVE RELATO Na semana pedagógica onde apresentamos o Projeto para direção, equipe pedagógica e aos professores do Colégio Estadual Cyríaco Russo que acharam interessante o projeto principalmente por analisar a qualidade de vida no meio ambiente da vivência do aluno e ainda propor para o poder público alternativas para melhorar a qualidade de vida local. É preciso ver a urbanização, o crescimento das cidades e a conseqüente dinâmica da transformação da natureza como processo e não como produto. É preciso valorizar os espaços públicos para a vida, como uma das formas de ver a natureza não somente como recurso ou paisagem para a contemplação, mas como ambiente. Foi exibido o filme na turma do 3° Ano do Ensino Médio “Uma verdade inconveniente”. O filme é um documentário sobre o aquecimento global. Foi de grande proveito uma vez que o filme mostra de uma forma até exagerada sobre as conseqüências para a qualidade de vida no planeta. Após o filme foi feito um debate 13 e também uma análise de gráficos. Os alunos ficaram entusiasmados com a pesquisa proposta. O filme exibido aos alunos teve como propósito o conhecimento sobre os efeitos do aquecimento global, como forma de percepção que devemos nos preocupar com a qualidade de vida no planeta. Antes mesmo da discussão, da elaboração e da aplicação de leis que expressam um conjunto de atos, juízos e valores escolhidos por uma sociedade para pautar suas formas de intervenção na realidade, é preciso refletir sobre qual é o ambiente urbano em que queremos viver. Nesta etapa da intervenção pedagógica a introdução do assunto de forma generalizada através do documentário citado, seguida da discussão e da análise de gráficos consiste em um momento inovador e incentivador para chamar a atenção da classe para o tema, visto que os recursos utilizados sendo bem conduzidos garantem o interesse e a participação da maioria. Foi apresentado aos alunos textos e dados sobre a cidade, plano diretor e planta da cidade. Os alunos fizeram gráficos, cartazes e foram organizando os pontos positivos e negativos que influenciam na qualidade de vida da população e ainda apresentaram propostas de como melhorar o meio ambiente da nossa cidade. Formaram grupos para fotografar a cidade. Foi uma atividade que os alunos mostraram muito entusiasmo e obtive resultados muito positivos. Foi muito gratificante aplicar este material didático. Os alunos ficaram motivados com os questionamentos, análises de tabelas, gráficos e com as atividades propostas. Visitaram sites, pesquisaram, debateram sobre o que propor para melhorar a qualidade de vida em Bandeirantes. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Foi investigado em minha pesquisa, que o homem vem mudando sua atitude com a natureza, e que a preservação do Meio Ambiente, é uma forma de perpetuar a raça humana. A construção de um ambiente saudável, que possibilite uma qualidade de vida saudável depende da atitude sustentável de seus moradores. Fundamentalmente é necessário articular com as pessoas que o aumento do 14 desmatamento está provocando alto índice de calor na atmosfera, causando o aumento da temperatura global. A implementação desta temática no ambiente escolar, nos proporcionou momentos de discussão e reflexão sobre as condições de qualidade de vida da população local, e melhor entendimento da nossa realidade geográfica imediata, pois, esta discussão incentiva chamar atenção da classe para o tema, e que devemos ter a participação de todos na garantia de um Meio Ambiente saudável. Concluímos que o envolvimento da comunidade escolar, através de informações, aplicação de atividades enriquecedoras é extremamente proveitosa, pois, teoria e prática caminhando juntas, formaremos cidadãos ciente de seu papel social na sociedade. O saber ambiental é aquele que nasce das características do próprio ambiente, de suas necessidades, de suas possibilidades. O conhecimento não deve mais ser construído sozinho, descontextualizado, longe da vida e da prática cotidiana. Todos nós somos responsáveis pelo ambiente e devemos cuidar dele. Existem algumas atitudes, medidas e cuidados que podem ajudar a recuperar e proteger o meio ambiente. Para esse novo saber, os interesses se constroem no sentido de buscar uma integração transdisciplinar do conhecimento, em que todos os saberes estejam interligados. Não há saber científico que se apodere sozinho da realidade do mundo. O novo saber deve aliar também às tradições, o simbólico, à cultura. Cada realidade deve ser tratada de forma própria, contextualizada, e a transdisciplinaridade dos saberes é o ponto principal na construção dessa gestão, democrática e sustentável. 6. REFERÊNCIAS ALCANTARA, V. Inserção Curricular da Educação Ambiental. Curitiba: IESDE, 2006. ANTUNES, P. B. Direito ambiental. 10. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007. BARBOSA, J. R. A. Didática do Ensino Superior. Curitiba: IESDE, 2005. 15 BRANDÃO, C. R. A Canção das Sete Cores - Educando para a paz. São Paulo: Contexto, 2005. CREA/PR. Como Crescer. 68. ed. [S.l.]: [s.n.], 2011. DAMINELI, R. de M.; et al. Casos de Sucesso na educação ambiental: casos de 1 a 10. Curitiba: IESDE, 2007. HERCULANO, S. C. A Qualidade de vida e seus indicadores. Disponível em: http://www.ivt-rj.net/ivt/bibli/Herculano.pdf. Acessado em: 8/12/2009. LEFF, E. Saber ambiental: Sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder. Petrópolis: Vozes, 2001. PRADO, L. R. Direito penal do ambiente: meio ambiente, patrimônio cultural, ordenação do território, biossegurança. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. RONCAGLIO, C.; JANK, N. Desenvolvimento sustentável. Curitiba: IESDE, 2007. SATO, M. Educação ambiental. São Carlos: Rima, 2003. SOLANO, M. Município de Bandeirantes 1950. Bandeirantes: [s.n.], 1950. TOZONI-REIS, M. F. de C. Metodologias Aplicadas à Educação Ambiental. 2. ed. Curitiba: IESDE, 2008. TORRES, P. L. (org.). Uma leitura para os temas transversais: ensino fundamental. Curitiba: SENAR-PR, 2003. VIDAL, N. Entrevista concedida a Vera Lucia da Silva Pinto Lima Bandeirantes, 20 de setembro de 2010.