PROJE C TO FI N A N C IADO PELA : C OM O A P OI O DA : Faculdade de Medicina Universidade Agostinho Neto FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERS IDAD E AGO S TI NHO NE TO RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 2007 Programa de Cooperação entre a Faculdade d e M edicin a d a Universid a d e d o Po rto e a (FMUP ) Faculda d e d e Med ic in a d a Universid a d e A gos t in ho Neto (FMUAN) Prot ocolo d e Co op era ç ã o UP/UAN Protocolo Governamental Portugal/República d e A ngola (POC2006) ÍNDIC E Prefácio Resumo 1. Nota Introdutória 9 2. Génese e evolução do curso 13 2.1. Objectivos do curso 15 2.2. Breve descrição do contexto em que o curso foi criado 15 2.3. Articulação institucional do curso dentro da Universidade 16 2.4. Enquadramento do curso na àrea científica pertinente a nível Nacional e Internacional 16 2.5. Estrutura do Curso 16 2.6. Estrutura da coordenação do Curso 18 2.7. Estudantes 19 2.8. Indicadores do sucesso académico do ano-objecto 21 2.9. Recursos humanos 24 2.10. Recursos materiais 1 5 24 2.10.1 Espaços de Carácter Geral 24 2.10.1.1 Salas de aulas 25 2.10.1.2 Laboratórios 25 2.10.1.3 Bibliotecas 26 2.10.1.4 Locais de estudo e convívio 26 2.10.2 Equipamentos dedicados especificamente ao Curso 26 2.11. Recursos financeiros 27 2.12. Enquadramento do curso na actividade de investigação da instituição 28 2.12.1 Cursos de Pós Graduação, de Mestrado e de Doutoramento 28 2.12.2 Investigação Científica 28 2.12.3 Outras acções de Investigação relacionadas com o Curso 28 3. Processo de Avaliação 29 3.1. Contextualização 31 3.2. Objectivo 33 3.3. Metodologia de construção do processo de Avaliação 33 3.3.1 Aspectos introdutórios 34 3.3.2 Objectivos específicos e contexto da Avaliação 34 3.3.3 Metodologia do Processo de Avaliação 35 3.3.3.1 Participantes 35 3.3.3.2 Instrumentos 37 3.3.3.3 Procedimentos 38 3.4. Análise de dados 39 3.4.1. Dados provenientes da Avaliação Interna (WFME) 40 A) Standards Globais - Análise SWOT 40 3.4.2. Dados provenientes da Avaliação Externa 45 A) Abordagem quantitativa 45 Inquéritos aos estudantes 46 Inquéritos aos docentes 49 Conclusões gerais 52 B) Abordagem qualitativa 53 C) Entrevistas 55 Estudantes 55 Departamentos de Ensino e Investigação 55 4. Considerações finais do processo partilhado de avaliação da FMUAN 59 5. Documentos Referência 65 PREFÁC I O P RE F Á C I O O ano de 2005 irá constituir uma referência na História da Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto (FMUAN) e da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP). Marca o início, com o apoio do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD) no âmbito de protocolos intergovernamentais, de um programa estratégico e estruturante do desenvolvimento da qualidade de formação de médicos em Angola. Esta situação decorreu da partilha de objectivos estratégicos e operacionais de desenvolvimento da qualidade em Educação Médica, com os quais a FMUAN e a FMUP confluíram, no abraço de um programa conjunto, tendo como ponto de sustentação os serviços responsáveis pela Educação Médica: o Centro de Estudos Avançados em Educação e Formação Médica da FMUAN (CEDUMED) e o Centro de Educação Médica da FMUP (Cem-FMUP). A 31 de Maio de 2005, após uma fase de ampla discussão acerca do modo de implementação de um programa entre as duas Instituições, ambas acordaram em estabelecer a cooperação através de um Memorando de Entendimento decorrente da vontade política em promover a cooperação a nível universitário entre Portugal e Angola, bem como as condições do Sistema de Saúde Angolano, na perspectiva da melhoria das condições médico-sanitárias da População Angolana (conforme inscrito no Programa Anual de Cooperação/PAC 2005, estabelecido entre os Governos de Angola e de Portugal). Este Memorando constitui um instrumento estratégico que enquadra um programa de acções de índole estruturante a iniciar com a avaliação e diagnóstico de carácter científico-pedagógico da licenciatura em Medicina da FMUAN e, prospectivamente, de outros pólos da Universidade a criar nas províncias, e tem como finalidade organizar um programa coerente de intervenção continuada com vista à qualidade e excelência no domínio das Ciências da Saúde. O objectivo major, ao qual vai ser dada resposta no presente documento conjunto de Avaliação da FMUAN, consistia em promover a Avaliação do Curso de Medicina ministrado na FMUAN “no sentido de optimizar as capacidades desta última, no âmbito do Ensino Superior em Ciências da Saúde em Angola, quer para a própria Faculdade em Luanda, quer para futuros Pólos Universitários que se venham a criar noutras Capitais Provinciais”. Este processo avaliativo visa, prioritariamente, contribuir para melhorar a qualidade do Curso de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto. Quando se deu inicio à cooperação entre as duas Faculdades, decorria já na FMUAN a avaliação interna do Curso de Medicina (Relatório da Avaliação Interna do Curso de Medicina da FMUAN, 2006). Desde o início da colaboração conjunta (2005), houve uma série de acções que decorreram em simultâneo e cujas linhas orientadoras se encontram definidos nos Projectos submetidos ao IPAD e nos sucessivos Relatórios das Missões efectuadas. Das múltiplas acções desencadeadas a avaliação ocupou um lugar central, uma vez que desde início foi assumido por ambas as Partes (FMUP e FMUAN) que, antes de propostas concretas de eventuais melhoramentos, seria necessário proceder ao levantamento da situação, isto é, avaliar o funcionamento actual. Assim, aquando da definição do Processo de Avaliação do Curso de Medicina da FMUAN, ficou estabelecido, entre ambas as partes, que o ano-objecto da avaliação seria o ano lectivo 2005, dado que o ano lectivo 2006 se encontrava em curso A avaliação decorreu de modo ímpar, com o desenvolvimento de dois processos complementares. Um desencadeado no interior da FMUAN, tendo como referência a definição dos parâmetros dos Standards Globais da Educação Médica segundo os critérios definidos pela Federação Mundial de Educação Médica. O outro, decorrente da intervenção da FMUP e em absoluta complementaridade com o primeiro, permitiu a recolha de dados referentes ao funcionamento do Curso e da Instituição, para o que contou com a colaboração inexcedível dos órgãos de gestão, docentes e estudantes da FMUAN. Porque surgiu a ideia da avaliação (i.e., propósito da avaliação)? Porque era a forma de se proceder ao levantamento de necessidades. Ou seja, se assumirmos que há requisitos mínimos em termos de FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 1 P REFÁCIO educação/formação médica então era indispensável saber onde se situava a FMUAN e quais as suas necessidades. A avaliação, concebida como instrumento de responsabilização e de manutenção da legitimidade institucional, permite elevar a qualidade dos seus componentes e reconhecer o valor das suas actividades, orientando-as para o futuro. Só partindo das necessidades identificadas e dos critérios tidos como referência (qualidade, excelência), será possível propor acções específicas para melhorar a educação/formação médica em Angola. Os dois procedimentos, construídos numa matriz muito semelhante (i.e., tendo a qualidade como meta), poderão servir de base a algo de novo. Ambos os relatórios, de que resultou o presente documento síntese, tiveram influência e interpretação mútuas decorrentes das sinergias entre os dois processos que se complementam e que sugerem directrizes para o plano de intervenção. Se por um lado os standards da WFME permitem a avaliação de áreas distintas em termos de qualidade, designadamente (1) missão e objectivos, (2) programa educacional, (3) avaliação dos estudantes, (4) estudantes, (5) corpo docente, (6) recursos educacionais, (7) avaliação do programa, (8) governança e administração e (9) renovação contínua, por outro lado os procedimentos adoptados na avaliação “externa” possibilitam uma visão mais holística da instituição que permite a “classificação de mérito” e “acreditação académica” do estabelecimento e do curso ministrado. A avaliação é aqui assumida como instrumento que internaliza os objectivos e metas a alcançar, com o grande envolvimento da comunidade académica. Esta disposição é especialmente importante, pois permite dar continuidade às acções da FMUAN na elaboração de políticas públicas de saúde – e nas novas áreas de expansão tradicionalmente realizadas junto aos Ministérios da Saúde e da Educação. Neste contexto, são esperados dois produtos finais decorrentes dos dois processos de avaliação: 1. Produção de um instrumento de diagnóstico institucional – ou auto-avaliação – capaz de integrar os aspectos relevantes das actividades de ensino, investigação e assistência à saúde, tendo em vista a responsabilização institucional, a aprendizagem e o processo de tomada de decisões acerca do futuro da instituição. 2. Formulação de um relatório síntese (com significativo grau de consistência interna) que seja capaz de retratar a instituição em termos da sua capacidade de ensino, da capacidade de produção de conhecimentos científicos e tecnológicos e das suas relações com a sociedade e que seja capaz de produzir a reflexão institucional, constituindo-se num instrumento de tomada colectiva de decisões. Este é o documento síntese e partilhado da avaliação institucional da FMUAN. As dificuldades inerentes à produção deste documento são as decorrentes de um processo de grande complexidade, onde o julgamento de uma instituição deverá ser fundamentada pela triangulação de dados provenientes de fontes diversas, para que se torne possível traçar um quadro transparente e coerente da situação da Educação Médica naquela que é a única instituição pública de formação de médicos em Angola. Existiram no passado outras acções de avaliação da FMUAN e do seu Curso de Medicina − com vista à melhoria da qualidade, à sua acreditação ou à implementação de projectos específicos de intervenção − que se realizaram intermitentemente, quer no quadro da avaliação de toda a Universidade quer de forma focalizada na FMUAN. No entanto em nenhum outro processo se verificou o envolvimento tão empenhado da comunidade académica, que possibilitou quer a elaboração deste relatório síntese quer a recolha de todo o material que se lhe anexa. Este documento apresenta a síntese dos resultados obtidos, que permitirão traçar o plano estratégico de desenvolvimento e de melhoria da FMUAN. Dele ressaltam aspectos importantes referentes aos recursos materiais e humanos e ao modo como estes recursos se articulam para garantir o funcionamen2 FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL P RE F Á C I O to do Curso de Medicina. Os défices das condições físicas e dos recursos materiais, designadamente as carências de infra-estruturas, equipamentos e material bibliográfico e informático, o deficiente apetrechamento dos laboratórios, o disfuncionamento da parte clínica e o estágio, para além das relações entre os quadros dos Hospitais e os quadros da FMUAN, o défice das tecnologias de informação, a (des)motivação do corpo docente com grandes índices de acumulação de actividades extracurriculares e vínculos com outras instituições de Ensino Superior, mesmo com as instituições privadas de formação de médicos. Ressaltam ainda os problemas da burocracia e impedimentos contractuais, a falta de técnicos qualificados e de pessoal administrativo. Contudo, há a realçar a “persistência e a perseverança das pessoas”. Também merecem referência os problemas ao nível da concepção e das metodologias de implementação do currículo, a (des)coordenação do Curso, o ortodoxismo do currículo, a ausência de aulas práticas, as metodologias centradas no ensino e no docente. Todos estes aspectos, inseridos num contexto problemático do acesso ao Curso de Medicina decorrente da proveniência diversificada dos estudantes e ausência de suporte social/académico, da preparação deficitária à entrada no Curso e deficiências nos critérios de selecção e dificuldades académicas, criam dificuldades adicionais ao funcionamento do Curso. Tendo em consideração os resultados obtidos nas duas abordagens complementares e partilhadas, é possível delinear o quadro actual da FMUAN e estabelecer o planeamento estratégico da Instituição, em termos do cumprimento da sua Missão e Objectivos e do seu posicionamento nacional como instituição pública responsável pela Educação Médica em Angola. Assim, na determinação das competências adstritas à FMUAN, o conhecimento profundo – conseguido através destes processos avaliativos – da sua situação actual (obtida por procedimentos rigorosos e isentos) deverá estar enformado do esforço de previsão do que a sociedade Angolana irá requerer aos profissionais médicos a médio prazo (5-10 anos). Para além da expectável evolução das tecnologias, há aspectos que são cada vez mais críticos para o desempenho profissional e que se podem enquadrar nas competências globais mínimas já bem identificadas. De entre estas, de referir o pensamento crítico, a criatividade, a capacidade de aprender ao longo da vida, a responsabilidade ética e profissional (“profissionalismo”), a capacidade de negociação, a liderança e a autonomia. Ao mesmo tempo, a capacidade de trabalhar em equipa, a auto-avaliação, a tomada de decisões e a adaptabilidade aos diferentes contextos, são factores críticos a equacionar no contexto de mudança que se impõe para cumprir a Missão da FMUAN face à população de Angola. FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 3 RESU M O RESUMO O Relatório Final da Avaliação da Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto (FMUAN), é o documento síntese e partilhado da avaliação institucional, elaborado entre a FMUAN e a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), com o objectivo de retratar a instituição, capaz de produzir a reflexão institucional e constituir-se num instrumento de tomada colectiva de decisões. A avaliação da FMUAN foi desencadeada “no sentido de optimizar as capacidades desta última, no âmbito do Ensino Superior em Ciências da Saúde em Angola, quer para a própria Faculdade em Luanda, quer para futuros Pólos Universitários que se venham a criar noutras Capitais Provinciais”. A avaliação decorreu com o desenvolvimento de dois processos complementares. Um, desencadeado no interior da FMUAN, tendo como referência os Standards Globais da Educação Médica, segundo os critérios definidos pela Federação Mundial de Educação Médica; o outro, decorrente da intervenção da FMUP, em projecto financiado pelo Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD), e em complementaridade com o primeiro, permitiu a recolha de dados referentes ao funcionamento do Curso e da Instituição. Se por um lado os Standards permitem a avaliação de áreas distintas em termos de qualidade, por outro lado os procedimentos adoptados na avaliação “externa” possibilitam uma visão mais holística da instituição e do curso ministrado. Neste contexto, o relatório enquadra-se num referencial de “Avaliação Desenvolvimental”, onde o processo agora realizado deverá levar à introdução de alterações no Curso de Medicina. Do ponto de vista metodológico, a recolha de informação foi efectuada em etapas consecutivas, com base em procedimentos múltiplos - análise documental, inquéritos por questionário e dados obtidos através de entrevistas com interlocutores-chave da instituição e com representantes dos corpos docente e de estudantes. Este processo metodológico permitiu integrar as múltiplas dimensões envolvidas nas actividades da FMUAN, incorporando na avaliação elementos estratégicos, construindo compromissos institucionais que validam e legitimam o processo. Desta avaliação ressaltam aspectos importantes referentes aos recursos materiais e humanos e ao modo como estes se articulam para garantir o funcionamento do Curso de Medicina. Os défices das condições físicas e dos recursos materiais, designadamente as carências de infra-estruturas, equipamentos, material bibliográfico e informático, o deficiente apetrechamento dos laboratórios, o disfuncionamento da parte clínica e o estágio, para além das relações entre os quadros dos Hospitais e da FMUAN, o défice das tecnologias de informação, a (des)motivação do corpo docente com grandes índices de acumulação de actividades extracurriculares e vínculos com outras instituições de Ensino Superior. Ressaltam ainda os problemas da burocracia e impedimentos contractuais, a falta de técnicos qualificados e de pessoal administrativo. Contudo, há a realçar a “persistência e a perseverança das pessoas”. Também merecem referência os problemas ao nível da concepção e das metodologias de implementação do currículo, a (des)coordenação do Curso, o ortodoxismo do currículo, o défice de aulas práticas nalgumas áreas disciplinares, as metodologias centradas no ensino e no docente. Todos estes aspectos, inseridos num contexto problemático do acesso ao Curso de Medicina decorrente da proveniência diversificada dos estudantes e ausência de suporte social/académico, da preparação deficitária à entrada no Curso e deficiências nos critérios de selecção e dificuldades académicas, criam dificuldades adicionais ao funcionamento do Curso. Tendo em consideração os resultados obtidos nas duas abordagens complementares e partilhadas, é possível delinear o quadro actual da FMUAN e estabelecer o planeamento estratégico da Instituição em termos do cumprimento da sua Missão e Objectivos e do seu posicionamento nacional como instituição pública responsável pela Educação Médica em Angola. FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 7 1 . N OTA I N T R O D U T Ó R I A 1 . N OTA I N T R O D U T Ó R I A A Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto (FMUAN) teve a sua origem remota em 1963, então com a designação de Curso Médico-Cirúrgico dos Estudos Gerais Universitários de Angola, criados pela Administração Portuguesa pelo Decreto-Lei 44530, de 21 de Agosto de 1962, após a publicação, em 23 de Julho do mesmo ano, do Decreto-Lei 44472 que anulou o Diploma Legislativo nº 3235, de 21 de Abril de 1962 do Governo Geral de Angola. A designação de Curso Médico-Cirúrgico manteve-se mesmo depois de em 1968, por força do Decreto-Lei 48790 de 23 de Dezembro, os Estudos Gerais Universitários de Angola passarem a designar-se Universidade de Luanda. Somente depois, quase um ano passado sobre a data da independência nacional e quando em 28 de Setembro de 1976 o então Ministro da Educação António Jacinto assina a Portaria 77-A/76 que transforma a Universidade de Luanda em Universidade de Angola, se extinguem nesta Universidade os Cursos, como o Curso Médico-Cirúrgico, e passam a denominar-se Faculdades. Assim, surge pela primeira vez a designação de Faculdade de Medicina, embora da Universidade de Angola. É obrigatório referir que em 1981, em obediência a uma decisão política superior, se instalou um novo Curso de Medicina na cidade do Huambo (formalmente dependente da sede em Luanda, mas com considerável grau de autonomia), que encerrou em 1992 devido ao recrudescimento da guerra. Uma parte considerável dos médicos do País foram, total ou parcialmente, formados neste Curso do Huambo. A denominação actual de Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto decorreu da Resolução 1/85 do CDS, publicada em Diário da República 9 - 1ª Série em 28 de Janeiro de 1985, na qual a Universidade de Angola passou a chamar-se Universidade Agostinho Neto (UAN), em homenagem ao Fundador da Nação e Primeiro Presidente da República, que foi o seu primeiro Reitor. A UAN foi progredindo, como expressão dum processo de desenvolvimento planificado e convenientemente suportado até ao início da década de 90, tendo-se instalado então na Universidade uma profunda crise caracterizada pela deterioração da qualidade do Ensino, paralisação da Investigação, ausência de formação pós-graduada do corpo docente, abandono por parte dos docentes e técnicos diferenciados, falta de financiamentos e desagregação institucional. Simultaneamente a esta crise universitária, a deterioração do Serviço Nacional de Saúde constituiu um factor adicional agravante para a formação dos médicos na FMUAN. Nalguns aspectos, no final da década de 90 e de forma mais determinada a partir do início da presente década (2000), a UAN iniciou um novo ciclo de desenvolvimento caracterizado pela sua expansão no território nacional a outras províncias; criação de novas Faculdades, Institutos, Escolas, Departamentos e Centros de Investigação; criação de novos cursos de graduação; instalação da Pós-Graduação local (cerca de uma dezena de mestrados, alguns cursos de especialização e poucos doutoramentos); formação permanente e actualização do corpo docente e dos gestores da Instituição; acentuado aumento do número de estudantes; funcionamento colegial e democrático da Instituição como um todo e ao nível das unidades orgânicas constituintes; uma maior abertura à Sociedade e Avaliação Interna da Faculdade de Medicina; maior integração na comunidade; intensa participação em parcerias e cooperação internacional e redefinição do quadro legal, normativo e regulamentar para suportar todas as áreas de desenvolvimento mencionadas. O Regulamento Interno da FMUAN, aprovado pela Assembleia da Faculdade em 12 de Julho de 2002 e ratificado pelo Senado Universitário, no seu Capítulo I, Artigo 1º, consagra o seguinte: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 11 1 . NOTA INTRODUTÓRIA 1. A Faculdade de Medicina é uma Unidade Orgânica da Universidade Agostinho Neto cujos objectivos fundamentais são ensinar a Medicina Humana para a formação de médicos, promover e realizar Investigação Científica nos domínios que lhe são próprios e prestar serviços à comunidade. 2. A Faculdade de Medicina é uma pessoa colectiva de direito público que goza, nas suas áreas específicas de intervenção, de autonomias estatutária, científica, pedagógica, administrativa, financeira, e disciplinar nos termos da lei, do Estatuto Orgânico da Universidade Agostinho Neto e do seu Regulamento. 3. Sem prejuízo da autonomia referida no ponto anterior, compete ao Reitor da Universidade Agostinho Neto, na sua actividade de superintendência, acompanhar os actos da Faculdade de Medicina. 4. A Faculdade de Medicina, por si, pode criar e participar em associações ou empresas com ou sem fins lucrativos, desde que as suas actividades estejam em conformidade com a sua finalidade e com as disposições legais vigentes. No ano-objecto da Avaliação (2005) a FMUAN integrava 17 Departamentos de Ensino e Investigação, 135 docentes dos quais 96 em tempo integral e 39 colaboradores, 112 funcionários e 841 estudantes de Pré-Graduação, geriu um orçamento global em Kwanzas 506.609.394,32 (equivalentes a USD 5.960.110,51) e leccionou o Curso de Licenciatura em Medicina e 2 Cursos de Pós-Graduação (Mestrado em Educação Médica e Diploma em Saúde Pública). 12 FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 2. GÉNESE E EVOLUÇÃO DO CURS O 2 . G É N E S E E E VO LU Ç Ã O D O C U R S O 2.1 OBJECTIVOS DO CURSO O Curso de Medicina da FMUAN tem como objectivo geral a formação de médicos dotados dos conhecimentos científicos e técnicos que lhes permitam diagnosticar e tratar as entidades nosológicas do meio ambiente local e com capacidade para desenvolver o auto-estudo e auto-aprendizagem no âmbito da superação permanente dos médicos e com capacidade de absorver e de se adaptar às exigências e transformações características da sociedade de informação e do conhecimento (não existe uma declaração formal publicada em DR). 2.2 BREVE DESCRIÇÃO DO CONTEXTO EM QUE O CURSO FOI CRIADO Os estudos de Medicina em Angola tiveram o seu início no século XVIII quando, sob orientações da Rainha D. Maria I foi fundado, em 1791, o curso superior de Medicina sob a designação de “Aula de Medicina e Anatomia de Luanda”. Acresce que “Nos termos duma Carta Patente assinada por D. Maria I, foi nomeado, aos 24 de Abril de 1789, o médico José Pinto de Azeredo para as funções de Físico Mor do então Reino de Angola, com a obrigação de curar, para além do corpo militar do Reino, os doentes do Hospital e igualmente abrir uma escola de Medicina para os que se quisessem empregar no exercício e prática da Medicina” (Manuel, C.M., 1997). Foi proferido então o acto inaugural da Aula de Medicina, a Oração de Sapiência, em 11 de Setembro de 1791. O curso estava constituído por aulas de Anatomia, Fisiologia, Química, Matéria Médica e Prática de Medicina. “Aos 29 de Dezembro de 1836, Lisboa (...) aprovou e publicou a lei sobre a Instrução Superior nas Províncias Insulares. Essa lei parece ter sido criada em especial para o Ensino da Medicina e ordenou a constituição de uma Escola Médico-Cirúrgica... ” (Manuel, C.M., 1997). Esta escola leccionaria duas disciplinas. A primeira consistiria em Anatomia, Fisiologia, Operações Cirúrgicas e Arte Obstétrica. A segunda consistiria em Patologia, Matéria Médica e Terapêutica. Essa lei regularizava também o quadro orgânico da Escola, o nível académico dos docentes e pessoal auxiliar, a regência das cadeiras, os salários e autorizava a formação de Farmacêuticos. Aos 2 de Abril de 1845, a Rainha e o Ministro dos Negócios da Marinha e do Ultramar assinaram, publicaram e mandaram executar o Plano de Organização e Regulamento do Ensino Médico nas Províncias Portuguesas de África que, de entre outros aspectos, limitava a natureza das intervenções cirúrgicas que os recém cursados poderiam realizar, em virtude da inferior diferenciação profissional dos mesmos. Em Abril de 1962, através do Diploma Legislativo nº 3235, o Governo-Geral de Angola criou e regulamentou os “Centros de Estudos Universitários” a organizar junto dos Institutos de Investigação e do Laboratório de Engenharia de Angola e destinados à preparação intensiva de técnicos de várias especialidades indispensáveis às actuais e futuras necessidades da província, uma vez que se descrevia uma situação extremamente deficitária da qualidade técnico-científica dos Portugueses na altura residentes em Angola. No centro anexo ao Instituto de Investigação Médica seriam ministrados dois cursos profissionais (Medicina Geral e Análises Clínicas) e dois cursos de especialização (Cirurgia Geral e Saúde Pública). Quatro meses depois, isto é, em Agosto de 1962, com a publicação do Decreto-Lei 44530, foram criados os estudos superiores sob a forma prudente de Estudos Gerais Universitários de Angola e de Moçambique. O Curso Médico-Cirúrgico enquadrou-se no plano em vigor na Universidade Portuguesa, resultante da sexta remodelação sofrida pelo Ensino Médico em Portugal desde o advento da República. Mais tarde, com a entrada em funcionamento do Hospital Universitário de Luanda em 1968, o Curso Médico-Cirúrgico começou, a partir dessa altura, a ministrar também a parte clínica, do 3º ao 6º ano. Foi na sequência desses desenvolvimentos que em 1972 foram formados os primeiros 14 médicos em Angola no século XX. Desde então sucessivas gerações de médicos puderam estudar FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 15 2 . GÉNESE E EVOLUÇÃO DO CURSO integralmente em Angola. Com a proclamação da Independência Nacional, em Novembro de 1975, operaram-se grandes transformações na Universidade de Luanda, dando origem em 1976 à Universidade de Angola e mais tarde, em 1985, à Universidade Agostinho Neto. 2.3 ARTICULAÇÃO INSTITUCIONAL DO CURSO DENTRO DA UNIVERSIDADE A Faculdade de Medicina é uma unidade orgânica da Universidade Agostinho Neto, cuja missão é a de leccionar as disciplinas do currículo do Curso de Medicina para a formação de Médicos necessários às necessidades do País, promover e realizar investigação científica e prestar serviços à comunidade. A FMUAN até ao momento lecciona apenas o Curso de Medicina. Independentemente da Autonomia Académica e Científica nos domínios que lhe são próprios, a FMUAN presta contas perante a Assembleia da Faculdade e a Reitoria da UAN. 2.4 ENQUADRAMENTO DO CURSO NA ÁREA CIENTÍFICA PERTINENTE, A NÍVEL NACIONAL E INTERNACIONAL As Áreas Científicas pertinentes em que se enquadra o Curso de Medicina administrado pela FMUAN são (1) a Medicina e Cirurgia e (2) a Saúde Pública. O engressado recebe o título de Licenciado em Medicina e pode exercer a sua prática profissional nos domínios acima referidos. A Licenciatura em Medicina da FMUAN em Luanda tem a duração de 6 (seis) anos lectivos, compreendendo um Ciclo Básico, um Ciclo Clínico e um Estágio. O formato do Currículo é estritamente feito com base em Disciplinas e, no último ano, em Rotações Clínicas que constituem o Estágio. O Ensino Clínico é desenvolvido no Hospital Américo Boavida, no Hospital Josina Machel, no Hospital Pediátrico, na Maternidade Augusto Ngangula, na Clínica Sagrada Esperança, na Maternidade Lucrécia Paim e no Centro de Estágio do Bengo. Na Tabela 1, para cada Disciplina/Rotação de Estágio indica-se o ano do Curso a que pertence, a designação da Disciplina/Rotação de Estágio, o tipo de aulas leccionadas (Teóricas, Práticas, TeóricoPráticas), o número de aulas por tipo de disciplina e número total de aulas. Da análise desta Tabela verifica-se que algumas disciplinas do Curso não têm ensino prático nem teórico-prático (ex. Genética, Biopatologia e Patologia Especial) e outras têm reduzido número de horas de componente prática (ex. Microbiologia, Farmacologia Clínica e Demografia). De referir ainda que áreas iminentemente clínicas, como Oftalmologia e Otorrinolaringologia, não têm ensino prático. O regime das disciplinas do 1º ao 5º ano lectivo é maioritariamente semestral, à excepção das disciplinas de Semiologia e Fisiopatologia Médica, Semiologia e Fisiopatologia Cirúrgica, Farmacologia Clínica e Biopatologia do 3º ano, de Medicina Interna, Terapêutica Médica, Cirurgia Geral, Doenças Transmissíveis e Patologia Especial do 4º ano e ainda, Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, Administração em Saúde II e Saúde Comunitária II do 5º ano, que são disciplinas anuais. As modalidades de “Aulas Teóricas”, “Aulas Teórico-Práticas” e “Aulas Práticas” são contempladas pelas disciplinas de: Bioquímica Estrutural (1ºano), Bioquímica Metabólica (1ºano), Histologia e Embriologia I (1ºano), Anatomia I (1ºano), Fisiologia I (2ºano), Anatomia II (2ºano), Histologia e Embriologia II (2ºano), Fisiologia II (2ºano), Semiologia e Fisiopatolgia Médica (3ºano), Doenças Transmissíveis (4ºano), Administração em Saúde I (4ºano), Urologia (4ºano) e Medicina Legal (5ºano). As modalidades de “Aulas Teóricas” e “Aulas Práticas” são contempladas nas disciplinas de Introdução à Saúde Pública (1ºano), Metodologia Estatística (1ºano), Biologia Celular (1ºano), Higiene (2ºano), Anatomia III (2ºano), Histologia e Embriologia III (2ºano), Semiologia e Fisiopatologia Cirúr16 FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 2 . G É N E S E E E VO LU Ç Ã O D O C U R S O gica (3ºano), Psicologia Médica (3ºano), Epidemiologia (3ºano), Medicina Interna (4ºano), Terapêutica Médica (4ºano), Cirurgia Geral (4ºano), Dermatologia (4ºano), Ortopedia (4ºano), Traumatologia (4ºano), Pediatria (5ºano), Ginecologia e Obstetrícia (5ºano) e Psiquiatria (5ºano). As modalidades “Aulas Teóricas” e “Aulas Teórico-Práticas” são contempladas pelas disciplinas de Microbiologia (2ºano), Farmacologia Clínica (3ºano), Demografia (3ºano), Saúde Comunitária I (4ºano), Administração em Saúde II (5ºano) e Saúde Comunitária II (5ºano). Por sua vez, as disciplinas de Genética (1ºano), Biopatologia (3ºano), Patologia Especial (4ºano), Oftamologia (5ºano) e Otorrinolaringologia (5ºano) só contemplam a modalidade de “Aulas Teóricas”. 2.5 ESTRUTURA DO CURSO O Curso de Medicina tem a duração de seis anos lectivos e cada ano lectivo tem dois semestres distintos. Integra disciplinas (unidades curriculares) de natureza teórica, prática e/ou teórico-prática num total de 43 a que correspondem 3716 horas de aulas (142 aulas teóricas, 618 aulas práticas, 186 aulas teórico-práticas) (Tabela 1). O último ano do Curso (6º ano) está organizado em torno de cinco rotações (Medicina, Cirurgia, Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, Saúde Pública) com a duração de 10 semanas cada. 2.6 ESTRUTURA DA COORDENAÇÃO DO CURSO O Curso compreende três Ciclos (Ciclo Básico, Ciclo Clínico e o Ano de Estágio). Cada Disciplina do currículo do Curso tem um coordenador, proposto pelo Chefe do Departamento de Ensino e Investigação (DEI) que lecciona a disciplina e nomeado pelo Decano no início do ano lectivo. As SubComissões Pedagógicas de Ano (SPA) são constituídas pelos coordenadores de todas as Disciplinas do referido ano curricular e pelo estudante delegado desse ano. Cada uma das SPA é coordenada por um docente eleito entre os seus membros no início de cada ano lectivo. O Conselho Pedagógico é o órgão deliberativo sobre as questões académicas e pedagógicas da Faculdade de Medicina e é presidido por um Vice-Decano para os Assuntos Académicos (VDAA), sob a dependência do qual existe o Departamento de Assuntos Académicos (DAAC) que integra a Secretaria Pedagógica. Cursos de especialização, de actualização e outras actividades de formação contínua: a) Mestrado em Educação Médica b) Curso de Pós-Graduação em Saúde Pública c) Curso de Gestão em Saúde (versão Administração Hospitalar) d) Outros cursos de curta duração, até 1 semana, de realização esporádica. Conferências e colóquios ligados ao Curso (realização anual): a) Jornadas do Dia do Médico Angolano b) Jornadas Científicas Estudantis inseridas na semana de Abertura do Ano Lectivo c) Cerimónia anual de entrega de Diplomas e Certificados Colaboração com outras instituições, públicas ou privadas, de índole universitária ou não: a) Ordem dos Médicos de Angola b) Direcção Nacional de Recursos Humanos do Ministério de Saúde c) Ministério de Saúde da República de Angola FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 17 2 . GÉNESE E EVOLUÇÃO DO CURSO Tabela 1: Plano de Estudos do Curso de Medicina na FMUAN (2005) Ano Sem Prática Teórica N.ºA N.ºA Horas 1.º Introdução à Saúde Pública Metodologia Estatística Bioquímica Estrutural Biologia Celular 13 19 34 18 26 38 68 36 17 11 3 6 34 22 6 12 2.º Bioquímica Metabólica Histologia e Embriologia I Anatomia I Genética 36 20 23 12 72 40 46 24 1 10 26 1.º Microbiologia Fisiologia I Anatomia II Histologia e Embriologia II 34 18 24 17 68 34 48 34 2.º Higiene Fisiologia II Anatomia III Histologia e Embriologia III 16 18 17 20 II.º Anual III.º 1.º Semiologia e Fisiopatologia Médica Semiologia e Fisiopatologia Cirúrgica Farmacologia Clínica Biopatologia Psicologia Médica Demografia Epidemiologia Total T-Prática Horas I.º N.ºA Horas Horas N.ºA 30 30 47 24 60 60 94 48 10 20 2 20 52 1 2 4 2 4 8 38 32 53 12 76 64 106 24 5 7 9 10 14 18 2 4 4 4 4 8 8 8 36 27 35 30 72 52 70 60 32 36 34 40 12 10 13 19 24 20 26 26 8 16 28 36 30 39 56 72 60 66 100 35 35 76 100 50 70 152 56 38 112 76 25 50 2 4 181 73 37 76 262 126 74 152 34 15 18 34 30 18 6 5 10 40 20 24 40 40 24 29 58 29 58 128 128 92 37 73 168 168 155 49 73 80 28 24 80 56 42 6 6 6 2.º Semiótica Radiológica Anual Medicina Interna Terapêutica Médica Cirurgia Geral Doenças Transmissíveis Patologia Especial 88 88 32 25 73 88 88 35 25 73 40 40 60 8 80 80 120 16 Administração em Saúde I Saúde Comunitária I Urologia 25 5 12 25 10 18 35 35 1.º 10 20 2.º Dermatologia Ortopedia Traumatologia 23 16 28 38 26 56 16 3 4 32 6 8 39 19 32 70 32 64 Pediatria Ginecologia e Obstetrícia Administração em Saúde II Saúde Comunitária II 46 55 29 36 46 55 58 72 46 55 92 216 138 271 70 78 1º Oftalmologia Medicina Legal 32 80 64 120 2.º Psiquiatria Otorrinolaringologia 37 39 1421 IV.º Anual V.º Sub-Total VI.º Disciplina 43 Disciplinas Curriculares Rotação de Medicina Rotação de Cirurgia Rotação de Pediatria Rotação de Ginecologia - Obstetrícia Rotação de Saúde Pública 30 45 44 52 16 16 2123 618 1252 4 8 20 23 2 20 46 4 4 3 12 6 92 110 33 39 30 45 32 140 64 210 53 39 60 52 186 10 Semanas x 30 h/Semana 10 Semanas x 30 h/Semana 10 Semanas x 30 h/Semana 10 Semanas x 30 h/Semana 10 Semanas x 30 h/Semana 341 2225 3716 300 300 300 300 300 Fonte: FMUAN 18 FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 2 . G É N E S E E E VO LU Ç Ã O D O C U R S O d) Universidad Las Palmas de Gran Canaria e) Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa f) Instituto de Higiene e Medicina Tropical de Lisboa g) Universidade do Porto (FMUP e ICBAS) h) Akademia Medica de Gdansk, Polónia i) Universidade de Lisboa j) Universidade Nova de Lisboa 2.7 ESTUDANTES No ano-objecto, o número de estudantes no Curso de Licenciatura em Medicina da FMUAN é de 841 (134 no 1º ano, 237 no 2º ano, 123 no 3º ano, 150 no 4º ano, 116 no 5º ano e 81 no 6º ano), (Tabela 2). Frequentam os 3 primeiros anos do curso (ciclo básico) 58,74% dos estudantes enquanto que no ciclo clínico se encontram 41,26%. Verifica-se que na população de 841 estudantes é acentuado o predomínio do sexo feminino (63%) que no 3º ano atinge o valor de 73%. Tabela 2: Número de estudantes no curso de licenciatura em Medicina da FMUAN, por ano, sexo e idade Ano Total Geral Curso <18 19 Idades 20 21 M F Tot. M F M F M F 1 47 87 134 1 1 4 5 3 2 78 159 237 1 1 1 3 33 90 123 4 69 81 150 5 54 62 116 6 30 51 22 M M 16 4 5 3 9 5 2 1 1 1 2 23 F 24 25-29 F M 4 4 4 6 11 9 12 2 18 8 7 23 27 23 49 1 2 2 2 1 10 11 12 33 4 3 2 6 14 37 39 17 27 3 25 2 81 Total 311 530 841 2 1 5 6 7 26 10 9 27 16 20 44 M F 45-59 M 5 M 30-44 M F >60 M F 4 1 1 7 6 1 36 8 7 39 2 5 83 133 208 24 24 2 1 Fonte: FMUAN No que se refere à idade dos estudantes, e tendo como referência a Tabela 2 é possivel verificar que no 1º ano 26,9% dos estudantes têm entre 21 e 24 anos de idade, 15,7% entre 30 e 44 anos, 14,1% têm 20 anos, 8,2% têm entre 25 e 29 anos e 8,2% têm idades inferior a 20 anos (i.e., 18 e 19 anos). No 2º ano há 30,4% de estudantes cujas idades variam entre os 30 e os 44 anos, 26,6% entre os 21 e os 24 anos e 11,4% entre os 25 e os 29 anos. Existem ainda estudantes com 20 anos de idade (5,06%), 1,3% entre os 18 e os 19 anos e igualmente 1,3% entre os 45 e os 59 anos. Já no 3º ano, verifica-se que 36,6% dos estudantes têm entre 30 e 44 anos de idade e 13% entre 21 e 24 anos. Dos restantes estudantes deste ano curricular, 8,9% têm entre 25 e 29 anos, 6,5% entre 45-59 anos, 1,6% têm mais de 60 anos e também 1,6% têm 20 anos de idade. Relativamente aos estudantes do 4º ano, observa-se que 62,6% têm idades entre os 30 e 44 anos, 21% entre os 25 e os 29 anos e 12% entre os 22 e 24 anos. Verifica-se ainda que 8,6% têm entre 45 e 59 anos e um estudante tem mais de 60 anos de idade. A maioria dos estudantes do 5º ano (54,3%) tem entre 30 a 44 anos de idade, 14,7% entre 25 e 29 anos, 13% entre 45 e 59 anos e apenas dois estudantes têm 24 anos. No 6º ano a maioria dos estudantes tem entre 30 e 44 anos de idade (79%), 8,6% entre 45 e 59 anos e 3,7% entre 25 e 29 anos. Em relação ao ano-objecto, apresenta-se um quadro sinopse (Tabela 3) dos estudantes inscritos por disciplina e aprovados por disciplina de cada ano. Observa-se que, por ano, a maior taxa de reprovação incide nos 1º e 2º anos. FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 19 2 . GÉNESE E EVOLUÇÃO DO CURSO Tabela 3: Número de estudantes inscritos e aprovados por disciplina Sem Inscrit I.º 2.º 1.º II.º 2.º 92 3 (3.2%)* Metodologia Estatística 113 98 15 (13,3%) Bioquímica Estrutural 179 123 47 (26,3%) Biologia Celular 120 72 45 (37,5%) Bioquímica Metabólica 173 131 42 (24,3%) 79 75 6 (7,5%) Histologia e Embriologia I Anatomia I 141 89 45 (31,9%) Genética 170 162 3 (1,8%) Microbiologia 153 142 7 (4,6%) Fisiologia I 124 103 19 (15,3%) Anatomia II 182 114 74 (40,7%) Histologia e Embriologia II 163 124 30 (18,4%) Higiene 137 129 Fisiologia II 126 82 Anatomia III 181 142 36 (20%) Histologia e Embriologia III 175 103 44 (25,1%) Semiologia e Fisiopatologia Médica 122 105 15 (12,3%) Semiologia e Fisiopatologia Cirúrgica 144 122 16 (11,11%) Anual Farmacologia Clínica III.º 1.º 2.º 1.º 2.º V.º 1º 2.º 121 6 (4,7%) 134 130 4 (2,9%) Psicologia Médica 104 101 3 (2,8%) Demografia 119 112 3 (2,5%) Epidemiologia 121 104 17 (14%) Semiótica Radiológica 133 126 7 (5,3%) Medicina Interna 113 93 20 (16,6%) Terapêutica Médica 133 93 20 (15%) 115 109 5 (4,3%) Doenças Transmissíveis 105 105 0 Patologia Especial 152 118 34 (22,4%) Administração em Saúde I 102 94 8 (7,8%) Saúde Comunitária I 102 97 4 (3,9%) Urologia 103 82 13 (12,6%) Dermatologia 147 127 18 (12,2%) Ortopedia 102 101 1 (0,98%) Traumatologia 101 99 2 (1,98%) Pediatria 112 89 23 (20,5%) 107 102 5 (4,7%) 112 100 12 (10,7%) Saúde Comunitária II 107 87 20 (18,7%) Oftalmologia 115 107 8 (6,9%) Medicina Legal 106 105 1 (0,9%) Psiquiatria 106 104 2 (1,9%) Otorrinolaringologia 116 101 15 (12,9%) F M F M 87 47 58 35 29 12 134 93 78 41 (30%) 69 45 90 33 237 90 33 114 82 123 81 69 150 62 123 (51,8%) 29 111 61 45 106 54 116 56 42 98 8 4 12 (9,75%) 20 24 44 (29,33%) 6 12 18 (15,51%) 43 Disciplinas Curriculares * Número de reprovados 20 M 51 30 81 VI.º Total Reprov 37 (29,4%) 127 Anual Ginecologia e Obstetrícia Administração em Saúde II Apto F 7 (5,1%) 159 Biopatologia Anual Cirurgia Geral IV.º Apto Por Ano Inscrit Reprov 95 Introdução à Saúde Pública 1.º Estudantes Por Disciplina Disciplina Fonte: FMUAN FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 2 . G É N E S E E E VO LU Ç Ã O D O C U R S O 2.8 INDICADORES DO SUCESSO ACADÉMICO DO ANO-OBJECTO Procedimentos de admissão: Os candidatos ao 1ºano do Curso são admitidos unicamente com base no numerus clausus e na sua classificação no exame escrito de acesso. Procedência geográfica dos estudantes: Dos 90 estudantes admitidos na FMUAN (2005), 86 (95,5%) são provenientes de Luanda, 2 (2,2%) de Uíge, 1 estudante (1,1%) de Kuanza Sul e outro estudante de Huíla (Tabela 4). Tabela 4: Procedência geográfica dos estudantes Local de Procedência N.º de estudantes M Total F Bié Huambo Huíla 1 K.Sul 1 Luanda 49 1 1 37 Lunda Norte 86 0 Uíge 2 Total 52 2 38 90 Fonte: FMUAN Número de candidatos, numerus clausus, número de ingressos: Verifica-se que no ano lectivo de 2005 o número de candidatos ao Curso de Medicina na FMUAN foi de 1390 para 80 vagas, tendo sido admitidos 90 estudantes. Todavia, constata-se que o número de ingressos na FMUAN tem vindo a decrescer desde o ano lectivo de 2003/2004 (Tabela 5). Tabela 5: Número de candidatos, numerus clausus, número de ingressos Ano Lectivo N.º Candidatos N.º de Vagas N.º Ingressos 2002/03 1070 120 120 2003/04 1444 120 120 2004/05 1757 100 115 2005/06 1390 80 90 Total 5661 420 445 Fonte: FMUAN Constata-se ainda, pela análise da Tabela 6, que 40% dos 90 estudantes que ingressaram neste anoobjecto foram admitidos com classificação no exame de acesso que varia entre 11,5 e 12,4 valores. Dos restantes 24,4% obtiveram classificação compreendida entre 12,5 e 13,4 e 16,6% dos estudantes situaram-se entre 14,5 e 15,4. Por fim, 7,7% tiveram classificação entre 15,5 e 16,4 e 5,5% entre 13,5 FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 21 2 . GÉNESE E EVOLUÇÃO DO CURSO e 14,4 e apenas um estudante foi admitido com média compreendida entre 9,5 e 10,4. Houve ainda um estudante cuja classificação se situou entre 16,5 e 17,4. Tabela 6: Classificação dos estudantes que ingressaram em 2005 na FMUAN Classificação Sexo M F Total <9,4 9,5-10,4 1 1 10,5-11,4 3 3 11,5-12,4 16 20 36 12,5-13,4 10 12 22 13,5-14,4 2 3 5 14,5-15,4 6 9 15 15,5-16,4 2 5 7 16,5-17,4 1 1 17,5-18,4 >18,5 Total 52 38 90 Fonte: FMUAN Número de estudantes que obtiveram o grau de licenciado (com indicação do tempo que demorou a obtenção do grau): A análise da Tabela 7 permite verificar que, tendo como referência os dados apurados, o número de licenciados tem vindo a aumentar consideravelmente desde o ano lectivo de 2003. Neste ano, 37,7% (n = 26) dos estudantes terminaram o Curso em 8 anos e 62,3% (n = 43) após mais de 8 anos. Já no ano lectivo de 2004, 19 estudantes (39,6%) terminaram em 8 anos e 29 (60,4%) após mais de 8 anos. No ano lectivo em análise (2005), observamos que 59,3% (n = 48) dos estudantes terminaram o Curso em 8 anos e 48,2% (n = 39) após mais de 8 anos. Tabela 7: Número de Licenciados Ano Lectivo N/Licenciados Nº de licenciados que terminaram o Curso 6 anos 6+1 ano 6+2 ano M F M M F F >6+2 ano M F 2003/04 69 -- -- -- -- 12 14 15 28 2004/05 48 -- -- -- -- 7 12 9 20 2005/06 81 -- -- -- -- 17 25 13 26 Total 198 --- --- 87 111 Fonte: FMUAN OBS: - No ano de 2004, acresceram mais 6 estudantes aos anteriores 48, perfazendo actualmente um total de 54 estudantes finalistas. - No ano de 2005, acresceram 3 estudantes aos anteriores 78, perfazendo um total de 81 estudantes finalistas 22 FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 2 . G É N E S E E E VO LU Ç Ã O D O C U R S O Ao atender-se de modo mais específico aos dados de 2005, podemos observar o número de anos que efectivamente os 81 estudantes demoraram para terminar o Curso na Tabela 8. Tabela 8: Número de anos para a Conclusão do Curso (Licenciados em 2005) 8 anos – 29 19 anos – 3 9 anos – 13 17 anos – 2 12 anos – 8 20 anos – 2 13 anos – 6 21 anos – 2 16 anos – 6 22 anos – 1 18 anos – 4 23 anos – 1 Fonte: FMUAN De referir que no período em análise não houve algum estudante que completasse o Curso nos 6 anos regulamentares nem mesmo em 7 anos. Além disso somente 36,0% terminaram em 8 anos e todos os outros (64,0%) com mais de 8 anos, entre os quais 7 estudantes demoraram mais de 20 anos a concluir o Curso (Tabela 8). FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 23 2 . GÉNESE E EVOLUÇÃO DO CURSO 2.9 RECURSOS HUMANOS Pessoal docente envolvido no Curso: Verifica-se que, no ano-objecto, o corpo docente envolvido no Curso de Licenciatura em Medicina foi constituído por 135 docentes dos quais 50 (37,0%) são Assistentes, 32 (23,7%) Professores Auxiliares, 26 (19,2%) Assistentes Estagiários, 18 (13,3%) Professores Titulares e 9 (6,6%) Professores Associados. Relativamente às graduações destes docentes, 77 (57%) são Especialistas, 31 (22,9%) somente Licenciados, 13 (9,6%) são Doutores e 14 (10,3%) têm o grau de Mestre. Quanto ao género, 37,7% dos docentes são do sexo feminino e 62,2% do masculino. A sua idade média é de 48,34 anos, o que chama à atenção para a necessidade de se atrair recémlicenciados para o exercício da actividade docente. Quanto à forma de provimento, 39 encontram-se na situação de “Colaboradores” e os restantes em “Tempo Integral”. Pessoal não-docente: Verifica-se que no ano-objecto o corpo de pessoal não-docente envolvido no Curso de Licenciatura em Medicina foi constituído por 112 elementos, sendo 57 (50,9%) do sexo feminino e 55 do masculino (49,1%) e encontram-se distribuídos pelas 24 categorias indicadas na Tabela 9. Tendo em conta que é um número significativo de pessoal não-docente, é necessário referir que a maioria apresenta níveis de escolaridade muito baixa. Na verdade, em temos de habilitações, 39 funcionários (34,8%) possuem a 8ª classe, 25 (22,3%) a 12ª classe e 18 (16,1%) a 6ª classe. Há ainda (n = 6) 5,4% que têm a 4ª classe, (n = 6) 5,4% a 3ºa classe, 4 (3,6%) o 6º ano médio, 3 (2,7%) são licenciados, 2 (1,8%) têm a 5º classe, 2 (1,8%) a 2ª classe, 2 (1,8%) a 10ª classe, 2 (1,8%) o 4º ano médio, 1 (0,89%) a 7ª classe e 1 (0,89%) o 1º ano médio. Tabela 9: Quadro do pessoal não-docente da FMUAN (2005) 1º Oficial = 2 Escriturário = 3 Técnico Médio 3ª = 23 2º Oficial = 5 Escriturário Dactilógrafo = 17 Técnico Médio 1ª = 1 3º Oficial = 4 Motorista Pesado = 2 Técnico Superior 2ª = 2 Aspirante = 2 Motorista Principal = 1 Técnico Médio Principal 1ª = 2 Auxiliar Administrativo 2ª = 2 Oficial Administrativo = 1 Técnico Médio Principal 2ª = 4 Auxiliar de Limpeza Principal = 9 Operário Qualificado 1ª = 2 Técnico Médio Principal 3ª = 2 Auxiliar de Limpeza 2ª = 1 Operário Qualificado 2ª = 5 Telefonista 2ª = 1 Encarregado = 16 Técnico Médio 2ª = 4 Técnico Superior Principal 2ª = 2 Fonte: FMUAN 2.10 RECURSOS MATERIAIS Os dados referentes aos espaços decorrem das informações recolhidas a partir do preenchimento de Tabelas (Relatório de Avaliação Externa, 2007) pelos Directores de Serviço/Regentes das Disciplinas da FMUAN. 2.10.1 ESPAÇOS DE CARÁCTER GERAL No presente capítulo, e com base nas informações recebidas, encontra-se espelhada a caracterização dos espaços pedagógicos da FMUAN, tendo presente a natureza da utilização que lhes é atribuída. Para este efeito é efectuada uma análise individualizada por salas de aulas, laboratórios, biblioteca e locais de estudo e convívio. 24 FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 2 . G É N E S E E E VO LU Ç Ã O D O C U R S O 2.10.1.1 SALAS DE AULAS Distinguimos no presente Relatório as categorias distintas das diferentes salas de aulas referentes a cada ano curricular. Os estudantes do primeiro ano têm as suas aulas no Anfiteatro de Morfologia, com capacidade para mais de 100 pessoas; com 252 m2, tem uma carga de ocupação de 24 horas semanais, encontrando-se apetrechado com equipamento multimédia. O Anfiteatro 115, destinado às aulas dos estudantes do 2º ano, tem uma capacidade para mais de 100 pessoas; com 198 m2 e uma carga de ocupação de 25 horas semanais, encontra-se apetrechado com equipamento multimédia diverso. O 3º, 4º e 5º anos dispõem de salas de aulas teóricas, as salas 103 (mais de 100 pessoas) e as salas 121 e 105 para menos de 100 pessoas. A sala 103 tem 91m2, está apetrechada com equipamento multimédia e tem uma taxa semanal de ocupação de 25 horas. A sala 121, com 112m2, está igualmente apetrechada com equipamento multimédia e uma taxa de ocupação de 25 horas semanais. Já a sala 105, com 87m2, tem equipamento multimédia e uma taxa de ocupação de 25 horas semanais. Existe ainda outra sala de aula (ensino teórico), a sala 112, destinada aos estudantes de cursos de pósgraduação. Tem uma capacidade até 40 pessoas, equipamento multimédia e uma taxa de ocupação de 4 horas/semana. 2.10.1.2 LABORATÓRIOS Sob este título, é fornecida a informação relativa aos laboratórios da FMUAN que se encontra melhor detalhada no anexo do presente relatório, incluindo as especificações técnicas. Segundo os dados colhidos pelo preenchimento das tabelas, os laboratórios são utilizados por algumas das disciplinas para assegurar o ensino e são ainda utilizados para as actividades de investigação desenvolvidas nos vários Departamentos da Faculdade. Estão aqui incluídos os laboratórios de Microbiologia, Patologia 1 e 2, Bioquímica Análises Clínicas e Histologia 1. A área afecta a estes laboratórios cifra-se em 513m2. A taxa de ocupação corresponde a 25 horas semanais e dispõe de diverso equipamento analítico específico, em consonância com as respectivas funcionalidades. A actualização e o reforço das infra-estruturas em matéria de equipamento analítico de laboratório, constitui um factor crítico de sucesso, merecedor de um acompanhamento em permanência, para efeito da correspondente imperiosa renovação e adequação às crescentes necessidades dos Departamentos e às exigências ditadas pela envolvente científica. No contexto do Centro de Informática, encontra-se o Laboratório de Informática (169m2) distribuído por três salas com cerca de 56m2 cada, com carga de ocupação semanal de 25 horas e capacidade para 40 alunos. As salas dispõem de equipamento informático, acesso à Internet e equipamento multimédia e de projecção. De referir que os equipamentos de laboratório requerem uma atenção peculiar uma vez que devem acompanhar de perto a evolução tecnológica e os programas de ensino/aprendizagem e serem utilizados para possibilitar a execução das acções integradas nos numerosos projectos científicos desenvolvidos na Instituição. FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 25 2 . GÉNESE E EVOLUÇÃO DO CURSO 2.10.1.3 BIBLIOTECAS A Biblioteca Geral, com 18m2, dispõe de um tempo de utilização diário de 13 horas. O número de livros (n = 1000) foi calculado por estimativa. A Biblioteca funciona contígua à sala de leituras. Não estão incluídas as salas para catalogação de livros. 2.10.1.4 LOCAIS DE ESTUDO E CONVÍVIO A FMUAN dispõe ainda de uma sala de leitura com 26m2. Trata-se de uma sala de estudo individual com acesso a livros e revistas da biblioteca, partilhando o mesmo horário de funcionamento. A FMUAN dispõe ainda da Aula Magna, que é um anfiteatro (270m2) com capacidade para 210 lugares, equipamento multimédia e acessibilidade para deficientes. A Aula Magna é um espaço destinado a eventos especiais, congressos, conferências, abertura e encerramentos do Ano Lectivo e outros, mas não se destina à actividade lectiva de rotina. Na área ocupada pelo Conselho Directivo, existe mais um espaço de utilização comum que é a Sala de Reuniões. Tem capacidade até 40 pessoas e está equipado com um computador ligado à Internet. Ocupa uma área de 34m2 e tem uma disponibilidade semanal de 18 horas. 2.10.2 EQUIPAMENTOS DEDICADOS ESPECIFICAMENTE AO CURSO Em todas as salas de aula existe pelo menos um PC e um videoprojector à disposição dos professores e estudantes durante as aulas e sempre que solicitados. Para além disso existem duas salas de informática dotadas de 40 PC’s e Internet de banda larga. Uma terceira sala de informática equipada com 10 PC’s, encontra-se disponível para serviços de digitalização de dados e monografias por parte de professores e estudantes. Todos os recursos multimédia atrás descritos estão disponíveis a estudantes e professores durante as horas normais de expediente didáctico; na prática até às 18H30min, ocasião em que deve terminar a última aula do dia. 26 FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 2 . G É N E S E E E VO LU Ç Ã O D O C U R S O 2.11 RECURSOS FINANCEIROS Tabela 10: Conta de Gerência da FMUAN (01 de Janeiro a 31 de Dezembro de 2005) Débito Importância Parcial Kz Total Kz Saldo da Gerência Anterior: De dotações orçamententais 1.680.038,64 De receitas do Estado De descontos em vencimento 1.680.038,64 E salários Receitas do Estado Operações de Tesouraria Fundo permanente Sendo: Em cofre Em depósito 0.00 Dotações do Orçamento do Estado Receitas correntes 190.161.089,00 Salários 276.893.963,00 Outros bens de Capital Receitas de capital 467.055.061,00 Recebido do Tesouro em c/ de receitas próprias, (mb) importância Recebidas para entrega ao Estado ou outras entidades: Descontos em vencimentos e salários 95.320,20 Receitas do Estado 22.146.717,00 Operações de Tesouraria 15.632.257,48 37.874.294,68 Total Kz 0.00 506.609.394,32 Fonte: FMUAN Em 2005, a FMUAN geriu um orçamento global de 506.609.394,32 Kwanzas, equivalentes a USD, 5.960.110,51 ao câmbio de então (1 USD = 85 Kz). Este valor inclui as receitas provenientes das duas únicas fontes de financiamento da FMUAN, isto é, o Orçamento Geral do Estado (OGE) que contribuiu com 504.929.355,68 Kz e uma pequena parcela proveniente da cobrança de Emolumentos pela Secretaria Pedagógica do Curso equivalente a 1.680.038,64 Kz. FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 27 2 . GÉNESE E EVOLUÇÃO DO CURSO As receitas provenientes do OGE (504.929.355,68 Kz) foram classificadas e utilizadas de acordo com os seguintes itens: 1. Salários com o pessoal …………….……...260.313.331,00 Kz 2. Aquisição de Bens e Serviços ……………. 190.161.098,00 Kz 3. Contribuições para a Segurança Social …..15.826.407,00 Kz 4. Pagamento de Abonos de Família …….……...754.225,00 Kz 5. Outras Operações de Tesouraria ……...….37.874.294,68 Kz* TOTAL OGE………………………………….....…...504.929.355,68 Kz EMOLUMENTOS …………………………...…..…......1.680.038,64 Kz 2.12 ENQUADRAMENTO DO CURSO NA ACTIVIDADE DE INVESTIGAÇÃO DA INSTITUIÇÃO 2.12.1 CURSOS DE PÓS GRADUAÇÃO, DE MESTRADO E DE DOUTORAMENTO No ano-objecto da avaliação, a FMUAN leccionou um curso de especialização – Curso de Pós-Graduação em Saúde Pública – e a parte lectiva do Mestrado em Educação Médica. 2.12.2 INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA A nível da Pré-Graduação: Foram produzidas, no ano-objecto, 59 Monografias de Licenciatura, uma por cada estudante do Curso de Graduação. A nível da Pós-Graduação: Foram concluídas 2 Dissertações de Mestrado realizadas em Universidades Brasileiras; 3 Teses de Doutoramento foram realizadas em Universidades Brasileiras e Portuguesas. 2.12.3 OUTRAS ACÇÕES DE INVESTIGAÇÃO RELACIONADAS COM O CURSO No final do ano de 2003 entrou em funcionamento o Centro de Estudos Avançados em Educação Médica (CEDUMED) que, no ano-objecto, promoveu o Curso de Mestrado em Educação Médica. 28 FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 3. PROCESSO DE AVALIAÇÃ O 3 . P R O C E S S O D E AVA L I A Ç Ã O Na negociação do processo conjunto de avaliação, ficou acordado que todos os estudantes actualmente inscritos (do 1º ao 6º ano), bem como os membros do corpo docente, os Directores dos Estabelecimentos de Saúde onde decorre o ensino/prática clínica e os dirigentes dos órgãos da FMUAN participariam no Processo de Avaliação do Curso de Medicina da FMUAN. A avaliação do ensino/aprendizagem das diferentes disciplinas/rotações do Plano de Estudos do Curso de Medicina da FMUAN poderá servir não só de instrumento de avaliação do Curso de Medicina mas também de base reflexiva à re-estruturação curricular do Curso. Relativamente à recolha de dados, ficou acordado que seriam utilizados questionários, entrevistas e documentos. No que diz respeito ao tratamento e análise de dados (quantitativos – inquéritos de opinião – e qualitativos – entrevistas), ficou estabelecido que esta tarefa caberia à FMUP, embora a matriz dos dados quantitativos fosse disponibilizada à FMUAN. Dos dados qualitativos recolhidos através de entrevistas, o texto final obtido após transcrição e análise dos dados, foi enviado aos entrevistados para verificar eventuais correcções, omissões e/ou aprofundamento de assuntos tidos como relevantes. A todos foi solicitado para se pronunciarem sobre o mesmo tipo de problemáticas, designadamente o funcionamento do Curso e da Instituição. Os inquéritos foram elaborados – para cada um dos corpos da instituição – com a colaboração de elementos do corpo docente e dos estudantes. 3.1 CONTEXTUALIZAÇÃO O presente processo de avaliação da FMUAN foi enquadrado no processo mais amplo de reforma curricular iniciado na UAN em 2002 e que se prolonga no presente mandato Reitoral (2006-2010), supervisionado por um Pró-Reitor especificamente designado para esse projecto. Coincidentemente, a World Federation of Medical Education (WFME), no documento “Standards Globais para o Desenvolvimento da Qualidade na Educação Médica Pré-graduada”, afirma que «A ênfase foi colocada nos standards para que funcionassem como uma alavanca de mudança e de reforma». Ao dar os primeiros passos nesse sentido (no início de 2004), a FMUAN identificou como acções prévias a um processo de reforma fundamentado, participativo e consequente os seguintes aspectos: (i) a capacitação e mobilização do corpo docente (que foi procurada através da criação do Mestrado em Educação Médica), (ii) a criação dum espaço de intervenção e debate na área da Educação Médica (que foi procurada com a edição da Revista Angolana de Educação Médica) e (iii) a avaliação sistemática e credível da Instituição e da(s) sua(s) acção(ões) de formação (que conduziu ao presente processo). Existiram no passado outras acções de avaliação da FMUAN e do seu Curso de Medicina – com vista à melhoria da qualidade, à sua acreditação ou à implementação de projectos específicos de intervenção – que se realizaram intermitentemente quer no quadro da avaliação de toda a Universidade quer de forma focalizada na FMUAN. Nesse âmbito, devemos referir a avaliação realizada por por uma missão da Fundação Calouste Gulbenkian (1987), a extensa documentação relativa à “Reformulação do Sub-Sistema do Ensino Superior na República Popular de Angola” – Área das Ciências Médicas (1988), o histórico “Relatório da Comissão Directiva Provisória” coordenado pelo Prof. José Carlos dos Santos (1990), o relatório para o British Council (1995) que transmite a visão mais negativa da Instituição (coincidente com o período de crise universitária), a obra do Prof. Carlos Mariano Manuel “O Ensino da Medicina em Angola” (1996), e os “Contributos para a Revitalização da Universidade em Angola” (1996). Alguns desses processos de avaliação foram exclusivamente feitos por entidades externas. Noutros coube o protagonismo a Grupos de Trabalho endógenos, havendo duma forma geral pouco acompanhamento e participação por parte da generalidade da comunidade académica (à excepção do processo de Reformulação do Ensino Superior, 1980-1988). FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 31 3 . PROCESSO DE AVA LIAÇÃO A escolha dos procedimentos desta avaliação e o seu processamento partilhado bem como a utilização dos Standards Globais da WFME, foi decidida e reiterada nas seguintes ocasiões: a) O Mestrado em Educação Médica da FMUAN (2004-2006), realizado com a colaboração da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (equipa liderada pelo Prof. Doutor João GomesPedro), identificou pela primeira vez aqueles standards como uma referência metodológica fundamental durante o módulo de “Referências Mundiais e Regionais em Educação Médica” a cargo do Prof. Dr. Jorge Lima e da Prof.ª Dr.ª Maria Helena Victória Pereira da FMUAN, com a colaboração da Dr.ª Madalena Patrício da Faculdade de Medicina de Lisboa; b) O Memorando de Entendimento entre a FMUAN e a Faculdade de Medicina do Porto (FMUP) (Director: Prof. Doutor José Manuel Amarante; Directora do Centro de Educação Médica: Prof. Doutora Maria Amélia Ferreira) visou o apoio da FMUP à avaliação do Curso de Medicina da FMUAN; c) O Programa de Cooperação entre a FMUP e a FMUAN decorrente do Memorando de Entendimento e dos protocolos assinados entre o IPAD/FMUP/FMUAN visou o financiamento de avaliação partilhada; d) A Ordem de Serviço do Decano da FMUAN criando a Comissão de Avaliação Interna da Faculdade de Medicina (CAIFM) estabeleceu expressamente que a avaliação interna do Curso de Medicina fosse feita com base nos Standards Globais; e) A reunião dos Decanos das Faculdades de Medicina de África promovida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no final de 2005 (onde a FMUAN esteve representada pelo Vice-Decano Prof. Doutor Albano Ferreira) assumiu o compromisso de avaliação das Faculdades da Região Afro por aqueles standards durante o ano de 2006; f) O escritório da OMS em Luanda (Representante: Dr.ª Fatoumata Diallo) manifestou disponibilidade para apoiar o corrente processo de avaliação, no quadro da cooperação geral entre as duas instituições; g) A WFME (Presidente: Hans Karle) manifestou interesse e disponibilidade em apoiar o processo de avaliação. O benefício que esperamos do presente projecto de avaliação consiste (i) na apreciação, reflexão crítica e actualização dos processos de avaliação precedentes, (ii) no recurso a padrões mundiais recentemente aprovados pela WFME, (iii) na supervisão e obtenção de apoio por parte da OMS e da WFME, (iv) no estreitamento da parceria bilateral multiforme com a FMUP, (v) na melhor inserção da Instituição no contexto regional Africano e no contexto mundial, (vi) no amplo envolvimento da comunidade académica da FMUAN, promovendo ownership do projecto pela Instituição e (vii) no envolvimento de stakeholders nacionais como forma de promover as parcerias locais, a sustentabilidade e o impacto da avaliação da FMUAN em direcção a um processo de reforma bem fundamentado, consequente e relevante. 32 FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 3 . P R O C E S S O D E AVA L I A Ç Ã O 3.2 OBJECTIVO Produzir o Relatório de Avaliação Interna da FMUAN referente ao ano-objecto 2005, segundo um processo de auto-avaliação interno/externo partilhado, conducente à elaboração de um plano de desenvolvimento estratégico da FMUAN. Mais especificamente, caracterizar formalmente a apreciação da FMUAN sobre a educação médica pré-graduada (Curso de Medicina) durante o ano académico 2005, em termos de estrutura, processos e resultados, sob o ponto de vista da missão e objectivos, programa educacional, avaliação dos estudantes, corpo discente, corpo docente, recursos educacionais, avaliação do programa, governança e administração e renovação contínua da Faculdade de Medicina, segundo os “Standards Globais para o Desenvolvimento de Qualidade em Educação Médica Pré-Graduada” da WFME, e ajuizar em que medida a FMUAN cumpre o nível básico e satisfaz critérios de qualidade nessas áreas de avaliação. 3.3 METODOLOGIA DE CONSTRUÇÃO DO PROCESSO DE AVALIAÇÃO A “Construção do Processo de Avaliação” foi efectuada segundo uma dinâmica organizada em FASES sequenciais de envolvimento de diferentes quadros referenciais dos “actores institucionais” que constituíram o que se pode designar “Comissão de Avaliação”, empenhada e com envolvimento institucional, para além do processo burocrático da recolha de dados e da elaboração dos Relatórios de Avaliação (Anexo I – Relatório FMUP; Anexo II – Relatório FMUAN). Optou-se, neste processo relativo à avaliação paritária do Curso da Licenciatura em Medicina da FMUAN, pela recolha de elementos que permitam identificar quer o modo como os actores sociais envolvidos vivenciam o processo em que estão implicados quer recolhendo a sua opinião que decorrente desta experiência/vivência na FMUAN. Neste contexto, o Relatório enquadra-se num referencial de “Avaliação Desenvolvimental” onde o processo agora realizado poderá levar à introdução de alterações no Curso de Medicina. Neste âmbito, tem como finalidade criar as bases de fundamento estratégico para a apresentação posterior (2008) de um plano de intervenção na FMUAN, de modo a criar condições para o desenvolvimento de uma cultura de qualidade na Formação/Educação Médica em Angola. Esta finalidade será conseguida através de objectivos operacionais que constituem os objectivos específicos deste programa conjunto: (i) decidir acerca da pertinência e adequação do desenvolvimento do Plano Curricular em funcionamento na FMUAN, (ii) auxiliar os responsáveis na identificação (e eventual resolução) de problemas pedagógicos, (iii) contextualizar a investigação científica na cultura de qualidade do Curso de Medicina, (iv) enquadrar o desenvolvimento do Curso de Licenciatura em Medicina no cenário de gestão financeira e administrativa da FMUAN e (v) criar uma base de dados como instrumento de verificação, em fase ulterior, se os problemas agora identificados estão a ser ultrapassados (i.e. re-avaliação do processo). A avaliação pretende oferecer a quem toma decisões, indicadores que permitam reforçar os aspectos que se estejam a revelar mais positivos e contornar, melhorar ou ultrapassar os que sejam identificados como menos interessantes ou menos adequados. Optou-se por recorrer à análise de documentos vários e recolher a opinião dos docentes e estudantes da FMUAN através de inquéritos por questionário com perguntas fechadas e abertas que permitem aceder às representações que estudantes e docentes têm da Instituição e do Curso de Licenciatura em Medicina que estão a experienciar. Assim, a construção do processo de Avaliação da FMUAN decorreu de forma dinâmica com a introdução sucessiva e progressiva de actores deste processo, possibilitando uma perspectiva coerente, séria e segura do exercício das actividades desenvolvidas pela FMUAN no ano-objecto (2005). Este processo resulta essencialmente da vontade expressa para a reformulação dos Cursos da Universidade Agosti- FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 33 3 . PROCESSO DE AVA LIAÇÃO nho Neto (UAN), após a eleição do actual Reitor. Nesta ocasião começou a discutir-se a importância do Processo de Bolonha e como este seria aplicado no contexto da Educação Médica em Angola; deste modo, os Cursos associados às Ciências Sociais e o Curso de Medicina foram obrigados a rever os seus currículos. Simultaneamente a todos estes acontecimentos, e na sequência da motivação Reitoral para a criação de Cursos de Pós-Graduação/Mestrados na UAN, foi criado o Centro de Estudos Avançados em Educação e Formação Médica (CEDUMED). Em 2005, os dirigentes da FMUAN receberam uma Proposta de Programa de Cooperação entre FMUP e a FMUAN que consagrava uma área de interesse comum, financeiramente suportado pelo Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD) num regime de continuidade e não pontual, que suscitou o interesse da FMUAN. Assim, enquanto o Professor Doutor Cristóvão Simões e o Professor Doutor Mário Fresta se deslocaram ao Porto para assinar um Memorando de Entendimento entre as partes envolvidas, o Professor Doutor Albano Ferreira participou em Brazaville numa reunião do Órgão Africano Regulador das Faculdade de Medicina, onde foram debatidos os “Global Standards” da WFME. Quando os membros da FMUAN confrontaram as duas perspectivas perceberam claramente que era necessário reavaliar o Curso de Medicina da FMUAN antes de propor a Reforma Curricular. Contudo, enquanto o IPAD não desbloqueava os procedimentos legais a FMUAN, através do CEDUMED dirigido pelo Professor Doutor Mário Fresta, avançou com o levantamento dos dados exigidos pelos critérios definidos pela OMS para os “Global Standards” (WFME). Foi criada a Comissão de Avaliação Interna na FMUAN que iniciou, em parceria com a Comissão da FMUP, todo este processo de avaliação tendo em conta os critérios da WFME e da Avaliação Externa Institucional. 3.3.1 ASPECTOS INTRODUTÓRIOS Foi estabelecido entre ambas as partes (FMUP e FMUAN) que o ano-objecto deste processo avaliativo incidiria sobre o ano lectivo imediatamente anterior (i.e. 2005). Participaram no processo de Avaliação do Curso de Medicina da FMUAN todos os estudantes então inscritos (do 1º ao 6º ano) e dele fizeram ainda parte os membros do corpo docente, os Directores dos Estabelecimentos de Saúde onde decorre o ensino/prática clínica, bem como os dirigentes dos órgãos da FMUAN. Tratando-se de uma avaliação retrospectiva, os estudantes inscritos nos Serviços Académicos participaram no processo. Com esta decisão deparámo-nos com uma sobreposição de dados no 1º ano da Licenciatura, isto é, os estudantes que frequentaram o 1º ano em 2005 e os que então (ano lectivo 2006) se encontravam a frequentar o 1º ano. Para não excluir ninguém deste processo, decidiu-se incluir na recolha de dados através de um inquérito por Questionário, os estudantes do 1º ano em 2006. No entanto, estes dados foram tratados de um modo independente. Além disso, pareceu haver potenciais dificuldades em contactar os estudantes do 6º ano (ano lectivo 2004) que haviam concluído o Curso mas a FMUAN informara ser possível ultrapassá-las dado que se encontravam em fase de finalização das monografias de fim de Curso. 3.3.2 OBJECTIVOS ESPECÍFICOS E CONTEXTO DA AVALIAÇÃO A avaliação do ensino/aprendizagem das diferentes disciplinas/blocos do plano de estudos do Curso, poderá servir não só de instrumento de avaliação do Curso de Medicina da FMUAN, mas também de base reflexiva à respectiva reestruturação curricular. Assumindo uma posição de “avaliação de desenvolvimento” consideramos que os objectivos e estratégias fazem parte do próprio processo de avaliação. Trata-se de uma avaliação inicial que visa: (i) decidir da adopção e desenvolvimento do pro34 FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 3 . P R O C E S S O D E AVA L I A Ç Ã O grama implementado anteriormente, (ii) auxiliar os responsáveis na identificação (e eventual resolução) de problemas pedagógicos, e (iii) verificar, em fase ulterior, se os problemas previamente identificados estão a ser ultrapassados (i.e. re-avaliação do processo). 3.3.3 METODOLOGIA DO PROCESSO DE AVALIAÇÃO Em cada um dos anos do Curso há especificidades próprias que permitem orientar os programas de acordo com a aquisição das competências identificadas nos “Global Minimum Essential Requirements in Medical Education” (Institute for International Education, 2001): (i) Valores profissionais, atitudes, comportamento e ética, (ii) Bases científicas da Medicina, (iii) Competências de comunicação, (iv) Competências clínicas, (v) Saúde das populações e sistemas de saúde, (vi) Gestão da informação e (vii) Pensamento crítico e competências de Investigação. Se ao longo dos anos se podem traçar certos limites na aquisição destas competências entre os anos básicos (1º, 2º e 3º) e os anos clínicos (4º e 5º), o 6º ano é o período de eleição para o desenvolvimento dos níveis mais elaborados de competências nos domínios da formação dos médicos. Acresce o pressuposto que, nesta fase, já terá sido adquirida uma base de conhecimento que enforma o domínio referenciado como “bases científicas da Medicina” e desenvolvidas competências em todos os outros domínios. No sentido de preparar o Processo da Avaliação e a tomada de decisão relativamente às estratégias a trilhar e aos instrumentos a usar na recolha de dados, foram utilizados diferentes tipos de abordagens: Documentação analisada como actividade preparatória da avaliação; Plano de Estudos do Curso de Medicina da FMUAN; Lista dos estudantes inscritos na FMUAN, em 2005; Lista dos docentes que leccionaram na FMUAN, em 2005. 3.3.3.1 PARTICIPANTES De forma a salvaguardar a diversidade de perspectivas no processo, fazem parte desta avaliação os estudantes do Curso de Medicina da FMUAN tendo em conta a sua discriminação pelos 6 anos do Curso, bem como os docentes tendo em conta o ano do Curso e a disciplina/bloco/estágio que leccionam (Tabelas 11 e 12). FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 35 3 . PROCESSO DE AVA LIAÇÃO A) CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA - ESTUDANTES Tabela 11: Descrição da amostra – estudantes Participantes: 520/841 (61,83%) Idade: Média = 29,1 (dp = 7,4); em termos de pertença a grupos extremos, 3 estudantes têm 18 ou menos anos e 3 estudantes 60 ou mais anos Género: 190 homens e 303 (61,5%) mulheres Participantes envolvidos no processo de avaliação, segundo o ano curricular 1º ano - n = 117/134 2º ano - n = 104/237 3º ano - n = 71/123 4º ano - n = 102/150 5º ano - n = 87/116 6º ano - n = 39/81 Total - n = 520/841 B) CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA - DOCENTES Tabela 12: Descrição da amostra – docentes Participação dos docentes no processo de avaliação, segundo o ano curricular (*) Docentes do 1º ano = 11 Docentes do 2º ano = 13 Docentes do 3º ano = 13 Docentes do 4º ano = 19 Docentes do 5º ano = 18 Docentes do 6º ano = 27 Houve 2 docentes que não indicaram o ano curricular que tinham leccionado. Total: n = 103 (*) Os docentes podem leccionar mais do que uma disciplina e em diferentes anos curriculares 36 FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 3 . P R O C E S S O D E AVA L I A Ç Ã O Dos 103 docentes que responderam aos questionários, 40 são do sexo feminino (38,8%) e 63 (61,2%) do masculino. 3.3.3.2 INSTRUMENTOS Na recolha de dados deste Processo de Avaliação do Curso de Medicina, foram usadas diversas fontes de informação, designadamente documentos, inquérito por questionário e entrevistas. A) DOCUMENTOS A análise de documentos foi a primeira abordagem a este Processo de Avaliação e permitiu estabelecer os objectivos e os procedimentos a utilizar. Dos diversos documentos utilizados, destacam-se os Relatórios de Avaliação, prévios a este Processo: Relatório da Fundação Calouste Gulbenkian, Relatório do British Council e Relatório da Fundação Gomes Teixeira. Aquando da realização das duas Missões em 2005, foi discutido e negociado o processo de avaliação externa do Curso de Medicina. A Direcção da FMUAN, bem como outras entidades, disponibilizarm um conjunto de documentos que possibilitaram contextualizar este processo avaliativo. Para a recolha de dados “in loco” foram utilizadas notas de campo que possibilitaram maior compreensão dos contextos físico e social em que decorre a formação/educação dos médicos em Angola. B) INQUÉRITO POR QUESTIONÁRIO Os questionários foram elaborados pela equipa da FMUP e adaptados ao contexto da FMUAN de acordo com as sugestões propostas pelos orgãos dirigentes, elementos do corpo docente e estudantes. Numa reunião realizada para o efeito estiveram presentes membros da Comissão de Avaliação Interna, composta por docentes quer das áreas básicas quer das áreas clínicas, bem como dois estudantes por cada ano do Curso, seleccionados pelos dirigentes da Associação de Estudantes (ofício do Decano, em que designa a Comissão de Avaliação Interna). Inicialmente foi solicitado aos participantes que preenchessem os questionários propostos para o Processo de Avaliação do Curso da FMUAN. No final houve um período de discussão em torno dos termos utilizados, assim como da pertinência e adequação dos itens. Ficou estabelecido que os questionários do 1º ao 5º ano teriam o mesmo formato, havendo ligeiras alterações no 6º ano de forma a preservar algumas especificadades do último ano curricular. Após aquela reunião, os questionários foram adaptados tendo em conta as opiniões dos docentes e estudantes da FMUAN presentes e reenviados para apreciação da Comissão de Avaliação Interna da FMUAN. Para cada ano curricular realizou-se uma avaliação global utilizando, para o efeito, um questionário constituído por duas partes (I e II). Em termos de apresentação, os questionários têm o formato de questões fechadas, com categorias dicotómicas ou em escala de avaliação (podendo variar as escalas, por exemplo de 1 a 5, ou então de 1 a 10). Além disso contêm questões abertas sobre aspectos considerados relevantes para a compreensão do funcionamento do Curso (por exemplo, aspectos mais positivos, menos positivos e sugestões de mudança). Estes questionários inspiraram-se nos utilizados na avaliação interna do Curso de Medicina da FMUP (2003), nos quais foram analisadas as características psicométricas dos itens que permitiram a obtenção de indicadores estatísticos bastante positivos. De forma a garantir a diversidade de perspectivas, os questionários foram aplicados a estudantes e docentes. FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 37 3 . PROCESSO DE AVA LIAÇÃO ESTUDANTES Os inquéritos foram aplicados à generalidade dos estudantes dos 6 anos do Curso de Medicina. DOCENTES À semelhança do que ocorreu com os estudantes, os docentes também responderam a questionários globais destinados à avaliação do ano curricular em que leccionam a sua disciplina e ainda a questionários específicos, com o objectivo de avaliarem a sua própria disciplina. C) ENTREVISTA Assumido o formato de entrevista semi-estruturada, com uma duração entre 45 a 90 minutos, foi utilizada em momentos distintos do Processo de Avaliação e contemplou: (a) Órgãos Dirigentes da FMUAN e das Unidades de Saúde onde decorre a Prática Clínica, (b) Docentes e (c) Estudantes. Inicialmente, foram entrevistados os Órgãos dirigentes da FMUAN e os Directores das Unidades de Saúde onde decorre a Prática Clínica e o Estágio (n = 9). Estas entrevistas foram transcritas e depois enviadas aos entrevistados para fazerem eventuais correcções, colmatarem omissões e/ou aprofundarem assuntos tidos como relevantes. Ulteriormente, com base na análise das entrevistas aos Orgãos Dirigentes, foi elaborado o Protocolo de Entrevistas destinadas a Docentes tendo sido seleccionados dois elementos por cada Departamento (n = 17) e a Estudantes tendo sido seleccionados três por cada ano curricular (n = 18). As entrevistas a estudantes e docentes, previamente agendadas, foram efectuadas por um grupo de Missão que se deslocou à FMUAN com esse objectivo e decorreram numa sala atribuída para o efeito. Quer no caso dos estudantes quer no caso dos docentes, trata-se de entrevistas colectivas (3 entrevistados, no caso dos estudantes e 2 no caso dos docentes). 3.3.3.3 PROCEDIMENTOS Os questionários aos docentes e estudantes foram aplicados durante a semana de 15 a 19 de Julho de 2006, durante a visita da Delegação da FMUP à FMUAN. Tentou-se que os inquéritos fossem aplicados à generalidade dos estudantes dos 6 anos do Curso de Medicina. A apresentação dos inquéritos foi feita de modo que o Inquérito de Avaliação Global do Curso fosse apresentado como a 1ª de um conjunto de folhas. Os restantes inquéritos, eram referentes às diferentes disciplinas/áreas do estágio. Pediu-se aos estudantes que, sendo-lhes garantido o anonimato, explicitassem a sua opinião sobre aspectos que tinham vivenciado ao longo do ano e que fossem considerados significativos para o programa de Ensino/Aprendizagem. A metodologia do Processo de Avaliação foi objecto de uma comunicação à X Reunião da Sociedade Portuguesa de Educação Médica, realizada em Coimbra em Outubro de 2007. 38 FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 3 . P R O C E S S O D E AVA L I A Ç Ã O 3.4 ANÁLISE DE DADOS 3.4.1 DADOS PROVENIENTES DA AVALIAÇÃO INTERNA (WFME) Apresenta-se em seguida a síntese dos resultados da avaliação interna da FMUAN por áreas, segundo os Standards Globais da Educação Médica Pré-Graduada da WFME (Tabela 13). 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Tabela 13 : Síntese dos resultados da avaliação interna da FMUAN - WFME Desenvolvimento de Qualidade Standard Básico Áreas Não Sim 1 2 3 4 5 MISSÃO E OBJECTIVOS Declaração da missão e dos objectivos X X Participação na formulação da missão e objectivos X X A autonomia académica X X Os resultados educacionais X X PROGRAMA EDUCACIONAL Modelos curriculares e métodos de instrução Método científico Ciências básicas biomédicas Ciências comportamentais e sociais e ética médica Ciências clínicas e aptidões clínicas Estrutura, composição e duração do currículo Gestão do programa Articulação com a prática médica e sistema de prestação de cuidados AVALIAÇÃO DOS ESTUDANTES Métodos de avaliação da aprendizagem Relação entre a avaliação e a aprendizagem ESTUDANTES Política de admissão e selecção Admissão de estudantes Apoio e aconselhamento do estudante Representação do estudante CORPO DOCENTE Política de recrutamento Política de desenvolvimento do corpo docente RECURSOS EDUCACIONAIS Instalações e equipamentos Recursos para a formação clínica Tecnologia da informação Investigação Perícia educacional Mobilidade educacional AVALIAÇÃO DO PROGRAMA Mecanismos para a avaliação do programa Feedback do docente e discente Desempenho do estudante Envolvimento dos interlocutores interessados e com influência GOVERNANÇA E ADMINISTRAÇÃO Da governança Da liderança académica Do orçamento educacional e alocação de recursos Do pessoal administrativo e de gestão Da interacção com o sistema de saúde RENOVAÇÃO CONTÍNUA Renovação contínua X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X Fonte: FMUAN – Relatório WFME FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 39 3 . PROCESSO DE AVA LIAÇÃO Para melhor compreensão desta Tabela, recomenda-se a leitura do quadro de referência sobre as categorias do desenvolvimento da qualidade (Tabela 14). Tabela 14: Categorias do desenvolvimento da qualidade Grau Desenvolvimento de Qualidade Critério 1 Nenhum A instituição não satisfaz de nenhum modo o desenvolvimento de qualidade; não há mais nada para além do standard básico. 2 Mínimo Existe algum desenvolvimento para além do standard básico; esse desenvolvimento é mínimo e não satisfatório. 3 4 5 Suficiente O desenvolvimento de qualidade pode considerar-se suficiente no contexto específico da instituição, mas não satisfaz o preconizado nos standards globais Bom A instituição satisfaz significativamente o desenvolvimento da qualidade, embora ainda aquém da descrição plasmada nos standards globais Excelente A instituição satisfaz completamente o desenvolvimento de qualidade previsto nos standards globais Fonte: FMUAN – Relatório WFME Partindo destas duas Tabelas é possível verificar que a qualificação de cada área (n = 9) não é a mesma e que o grau de desenvolvimento da qualidade (n = 5) é também variável. 40 FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 3 . P R O C E S S O D E AVA L I A Ç Ã O A) STANDARDS GLOBAIS DA WFME - ANÁLISE SWOT A análise SWOT permitiu identificar os seguintes pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças no Curso de Medicina e na instituição, avaliados em relação aos Standards Globais da WFME. Pontos Fortes a) Memória e património como primeira Faculdade de Medicina em Angola e actual instituição de referência para a formação médica no País. b) Experiência e história prévia de adaptações da missão, estrutura e actividades a diferentes contextos de desenvolvimento histórico do País e da Universidade. c) Quadro legal e regulamentar aprovado, abrangente e de qualidade. d) Quadro legal proporcionando um elevado grau de autonomia. e) Estabilidade dos ciclos e processos eleitorais na Faculdade. f) Disponibilidade de estruturas físicas próprias de suporte à docência das ciências básicas, da saúde pública, e dos serviços de apoio e gestão. g) Criação recente do CEDUMED (2003). h) Quadro institucional com forte representação de estudantes e docentes em vários órgãos da direcção da FMUAN. i) Formação em Gestão Científica, em Gestão Académica, em Agregação Pedagógica e em Administração de vários quadros da Faculdade (2005). j) Disponibilidade de um Mestrado em Educação Médica para apoio à formação pedagógica docente e reforma curricular. k) Aptidões clínicas ensinadas junto ao doente a partir do 3° ano do curso médico. l) Ciências comportamentais e sociais incorporadas de forma satisfatória ao longo do curso. m) Disponibilidade e envolvimento da Faculdade para a avaliação interna e renovação contínua. n) Parceria com a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto para desenvolvimento do processo de Avaliação da FMUAN e do Curso de Medicina. FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 41 3 . PROCESSO DE AVA LIAÇÃO Pontos Fracos a) Ausência de documentos que criem a Faculdade de Medicina e o Curso de Medicina. b) Ausência de declaração de missão e objectivos actualizada e aprovada pela Faculdade. c) Inexistência de protocolos ou acordos inter-institucionais com os Hospitais onde se faz a formação dos médicos. d) Não credenciamento dos hospitais para o ensino médico. e) Incapacidade em determinar os custos da formação médica (global e por estudante) e fundamentar perante o Governo as necessidades de financiamento. f) Falta de cultura e insuficiências de gestão que permitam diversificar as fontes de receita (para além do OGE) e aumentar o financiamento total. g) Vacatura de várias Chefias de DEI, Departamentos de Apoio e Repartições da Faculdade. h) Insuficiente prestação de contas à Direcção da FMUAN e flexibilização dos gestores perante a baixa resposta e prestação de chefias, funcionários e serviços. i) Inexistência de uma cultura de avaliação do desempenho na instituição e alguma resistência às iniciativas no sentido de avaliar docentes, trabalhadores e serviços. j) Salários do corpo docente inferiores aos reivindicados pela classe face ao elevado custo de vida e falta de capacidade institucional para operacionalizar o complexo sistema de subsídios e gratificações para premiar o mérito e o desempenho. k) Baixos salários dos técnicos e administrativos, abaixo dos preços praticados no mercado. l) Ausência de uma visão de conjunto, plano estratégico e de um programa de acções prioritárias para resolver os problemas e desenvolver a instituição. m) Escassez de docentes com formação académica ao nível de Mestrado e Doutoramento. n) Pouco desenvolvimento e não individualização no currículo das seguintes áreas: Metodologia de Investigação, Biofísica, Imunologia, Medicina Laboratorial, Geriatria, Fisiatria, Medicina de Reabilitação, Medicina Nuclear, Ética Médica, e Jurisprudência Médica. o) Rigidez do programa curricular sem oferta de módulos opcionais para contemplar necessidades ou interesses específicos. 42 FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 3 . P R O C E S S O D E AVA L I A Ç Ã O p) Falta de formação sistematizada e envolvimento precoce dos estudantes em projectos de investigação. q) Inexistência de um programa/acções para harmonização, qualificação e inovação dos métodos do Ensino. r) Inexistência de combate à sobrecarga curricular e de promoção da motivação para a aprendizagem (através da monitorização da fiabilidade e validade da aprendizagem, da avaliação integrada dos vários elementos curriculares e da monitorização do desempenho dos estudantes). s) Falta de combate específico contra o insucesso académico nos primeiros anos do Curso, incluindo a revisão dos critérios e mecanismos de admissão de candidatos ao Curso de Medicina. t) Deficiência de apoio e aconselhamento aos estudantes, especialmente aos com deficiências, com carências ou com baixo aproveitamento. u) Ausência de mobilidade educacional, tanto dos docentes como dos estudantes. v) Escassa actividade de pesquisa. Oportunidades a) Fim da situação de guerra e crescimento económico do País. b) Programas do Governo em curso sobre reforma institucional e modernização administrativa. c) Ambiente na UAN favorável ao processo de avaliação e de reforma curricular. d) Possibilidade legal de desenvolver parcerias e actividades sem ou com fins lucrativos em toda a UAN. e) Fácil comunicação e articulação com o Ministério da Saúde, com a Ordem dos Médicos e com o escritório local da Organização Mundial de Saúde. f) Compromisso das Faculdades de Medicina de África quanto à avaliação pelos Standards Globais da WFME durante o ano de 2006. g) Sinais positivos por parte da OMS (ao nível regional e nacional) e da WFME para apoio ao processo de avaliação da Faculdade de Medicina da UAN. FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 43 3 . PROCESSO DE AVA LIAÇÃO Ameaças a) Crise do Estado-Providência a nível mundial, adopção de políticas neo-liberais e demissão nas áreas sociais. b) Concorrência local a nível do Ensino Superior, da assistência médica e outros segmentos do mercado de trabalho com melhores contrapartidas e maior exigência ou avaliação do desempenho. c) Inadequação dos Hospitais do Serviço Nacional de Saúde onde se pratica o ensino médico, no que concerne a: i) Omissão da vocação para o ensino médico na sua definição de missão; ii) Não alocação de recursos adicionais para cobrir os custos decorrentes do ensino; iii) Dispersão geográfica pela cidade de Luanda; iv) Baixa quantidade, qualidade e organização da prestação assistencial actualmente oferecida, duma forma geral. d) Rigidez das normas e procedimentos da função pública para aplicar o Estatuto Remuneratório da UAN premiando o desempenho e mérito académico e científico. e) Dificuldade em recrutar de forma rápida ou temporária novos quadros qualificados, pela rigidez das contratações no funcionalismo público. f) Ausência de definição pelo sector público do perfil do médico a formar, em função da política pública de saúde, do sistema de saúde existente e das características do serviço nacional de saúde. 44 FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 3 . P R O C E S S O D E AVA L I A Ç Ã O No Processo de Avaliação foi determinado o grau de cumprimento do standard básico e o grau de satisfação do desenvolvimento de qualidade em cada uma das 36 subáreas avaliadas. Em síntese, a Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto cumpre de forma satisfatória o Standard Básico de apenas 21 (58%) das subáreas em avaliação. Por ordem decrescente de cumprimento do standard básico estão as seguintes áreas: (1) “programa educacional”, (2) “renovação contínua”, (3) “estudantes”, (4) “governança e administração”, (5) “avaliação dos estudantes”, (6) “recursos educacionais”, (7) “avaliação do programa”, (8) “missão e objectivos” e (9) “corpo docente”. No que respeita ao desenvolvimento de qualidade, observa-se que 15 (42%) das subáreas não apresentaram nenhum desenvolvimento adicional ao standard básico e 12 (33%) apresentaram um desenvolvimento mínimo, totalizando 27 (75%) subáreas com avaliação insatisfatória no desenvolvimento de qualidade. Das restantes subáreas, 5 (14%) apresentaram desenvolvimento de qualidade suficiente (no contexto específico da Instituição), 3 (8%) bom desenvolvimento de qualidade e apenas 1 (3%) teve excelente desenvolvimento de qualidade. Destacamos como tendo bom desenvolvimento de qualidade as subáreas feedback do docente e discente, governança e renovação contínua e com excelente desenvolvimento de qualidade a subárea, representação do estudante. Em termos globais, a FMUAN cumpre com 58% do standard básico e 25% do desenvolvimento de qualidade (igual ou superior ao suficiente) nas 36 subáreas avaliadas. A análise Strengths-Weaknesses-Opportunities-Threats (SWOT) permitiu identificar os aspectos do Curso de Medicina e da Instituição em relação aos standards da WFME. Para além da disseminação do Relatório no seio da FMUAN, o Processo de Avaliação Interna foi objecto de uma comunicação ao 44º Congresso Brasileiro de Educação Médica, em Outubro de 2006, que originou um artigo científico a ser publicado na Revista Angolana de Educação Médica. Foi ainda integrado na comunicação apresentada à X Reunião da Sociedade Portuguesa de Educação Médica (SPEM), realizada em Coimbra em Outubro de 2007. Devemos realçar que o Decano da Faculdade, através das competentes Ordens de Serviço, reiterou o carácter abrangente e vinculativo do Processo de Avaliação envolvendo “toda a população docente, discente e de trabalhadores, em particular os Chefes dos DEI e demais titulares de cargos de direcção e chefia a todos os níveis” e credenciou os membros da CAIFM para a realização de entrevistas, inquéritos e questionários, conforme seguidamente exposto. 3.4.2 DADOS PROVENIENTES DA AVALIAÇÃO EXTERNA No Processo de Avaliação foram considerados 2 tipos de análise: (1) quantitativa, que resulta do tratamento estatístico dos dados dos inquéritos por questionário (análise descritiva) e (2) qualitativa, que decorre da análise das questões abertas nos referidos inquéritos. A) ABORDAGEM QUANTITATIVA No que diz respeito à recolha de dados obtidos através de questionário e atendendo à quantidade de informação obtida optou-se por referir aqui a síntese dos resultados da apreciação global dos questionários usados para cada um dos anos curriculares. Da informação proveniente da avaliação de cada uma das disciplinas/rotações relativas a cada ano curricular inclui-se a posição das disciplinas/rotações mais positivas e das menos positivas. Das questões abertas dos questionários, de que resultam os pontos fortes e os pontos fracos do funcionamento do Curso, optou-se por associar essa informação aos dados qualitativos e serão referidos em associação com a informação proveniente das entrevistas. Para melhor compreensão deste Processo de Avaliação do Curso de Medicina, adoptou-se o mesmo procedimento para estudantes e docentes, dado que os procedimentos de recolha de dados são idênticos. FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 45 3 . PROCESSO DE AVA LIAÇÃO Os parâmetros de avaliação incidiram sobre: Actividade docente/ensino ministrado, Organização e estrutura das disciplinas, Avaliação da aprendizagem, Prestação dos estudantes, Qualidade global da disciplina, Grau de satisfação em ter frequentado as disciplinas, Momento em que a disciplina é leccionada, Equipamentos, Laboratórios e materiais disponibilizados e Recursos informáticos, entre outros. INQUÉRITOS AOS ESTUDANTES Para cada ano curricular, realizou-se uma avaliação global e uma avaliação específica utilizando, para o efeito, um questionário constituído por duas partes. Os questionários utilizados do 1º ao 5º ano são rigorosamente os mesmos, enquanto que os questionários administrados ao 6º ano têm algumas diferenças, ainda que pouco significativas, decorrentes das especificidades deste ano curricular. A síntese dos resultados da apreciação dos estudantes por ano curricular está representada na Tabela 15. Para além das taxas de participação verificadas em cada ano, é possível observar para cada item constante no questionário a qualificação por ano numa escala de elevado a insuficiente. Verifica-se que há uma incidência nos parâmetros insuficientes no que se refere aos recursos físicos, informáticos e bibliográficos que é transversal a todo o Curso e concorre, apesar de tudo, com uma qualificação de elevado quanto ao grau de satisfação da frequência do Curso e também no valor que é dado à relevância das disciplinas para a Formação/Educação Médica, bem como para a qualidade global do Curso. Note-se ainda que, em termos da adequação quer dos métodos quer dos momentos previstos para a avaliação, a apreciação é moderada/insuficiente ao longo de todo o Curso, acompanhada por igual qualificação na adequação do ratio docente/estudante. Considerando esta mesma síntese no sentido vertical, i.e., por ano curricular, verifica-se que os maiores défices em termos de apreciação estão centrados no 4º e 6º anos. Tendo em conta que o 4º ano é um ano de grande relevância em termos de início de contacto com a prática clínica e o 6º eminentemente clínico, esta qualificação remete para a problemática da qualidade oferecida em temos de oportunidades da prática clínica no Curso de Medicina. Ainda relativamente à apreciação dos estudantes tendo em conta o plano de estudos em geral, a análise da Tabela 15 permite verificar que a maioria das avaliações se situam em avaliação negativa e intermédia, sendo que os 4º e 6º anos corroboram os resultados globais apresentados na Tabela 16. 46 FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 3 . P R O C E S S O D E AVA L I A Ç Ã O Tabela 15: Síntese dos resultados da apreciação dos estudantes por ano curricular 1º Ano Inquéritos – Taxas de Participação Carga Horária Preparação anterior para frequentar o Ano Curricular Número de Disciplinas do Ano Curricular Articulação entre Disciplinas Articulação entre o Ano Curricular e os Anteriores Acesso à Internet e Bases de Dados Internacionais Livros e Revistas Computadores Laboratórios para Aulas Práticas Espaços de Ensino Clínico Grau de Satisfação na Frequência do Curso Relevância das Disciplinas para a Formação/Educação Médica Qualidade Global do Curso Grau da Componente Teórica do Ano Curricular Grau de Definição dos Objectivos das Disciplinas Qualidade Global do Ano Curricular Adequação Global da Razão Docentes/Estudantes Grau de Satisfação da Componente Prática do Ano Curricular Adequação dos Métodos de Avaliação Adequação dos momentos previstos para a Avaliação Articulação entre todas as Rotações do Estágio Apoio à elaboração da Monografia de Estágio Condições em que o Estágio se faz 87,3% E* A A A I I I E E E E M M M M M I 2º Ano 3º Ano 4º Ano 5º Ano 6º Ano 43,9% 57,8% 68,0% 75,0% 48,1% E E A E A A A A A A A A A A A A I A A A A A A I I A SO I I I I I I I I I I I I I I I I I E E E E E E E M E E E M E E E E M E E M I I M M E I I E M I I I M M M I I M M I I I M M M I I M I I I I * Classificação significativa mais frequente para cada valor da escala de Likert dos Inquéritos de Avaliação do Curso E – Elevado; M – Moderado; A – Adequado; I – Insuficiente; SO – Sem Opinião No 6º Ano os parâmetros referem-se ao estágio curricular FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 47 3 . PROCESSO DE AVA LIAÇÃO Tabela 16: Apreciação dos estudantes relativamente a cada disciplina Ano Semestre Disciplina Introdução à Saúde Pública 1º Iº Avaliação Positiva * Metodologia Estatística x x Biologia Celular x Bioquímica Metabólica x Histologia e Embriologia I Anatomia I 1º x x Genética x Microbiologia x Fisiologia I Anatomia II x x Histologia e Embriologia II IIº x x Higiene Fisiologia II 2º Anual x Anatomia III x Histologia e Embriologia III x Semiologia e Fisiopatologia Médica x Semiologia e Fisiopatologia Cirúrgica x Farmacologia Clínica x Biopatologia IIIº Psicologia Médica 1º 2º x x Demografia x Epidemiologia x Semiótica Radiológica Medicina Interna Anual x x Terapêutica Médica x Cirurgia Geral x Doenças Transmissíveis x Patologia Especial IVº Administração em Saúde I 1º x x Saúde Comunitária I x Urologia 2º Vº x Dermatologia x Ortopedia x Traumatologia x Pediatria Anual x Ginecologia e Obstetrícia x Administração em Saúde II x Saúde Comunitária II x x Oftalmologia 1º Medicina Legal x Psiquiatria 2º Avaliação Intermédia * x Bioquímica Estrutural 2º Avaliação Negativa * x x Otorrinolaringologia 43 Disciplinas Curriculares x Rotação de Medicina VIº Rotação de Cirurgia Rotação de Pediatria x x Rotação de Gineco-Obstetricia x Rotação de Saúde Pública x * Resultados da síntese dos itens avaliados no questionário de avaliação por disciplina, por ano 48 FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 3 . P R O C E S S O D E AVA L I A Ç Ã O INQUÉRITOS AOS DOCENTES Para cada ano curricular, realizou-se uma avaliação global e uma avaliação específica utilizando, para o efeito, um questionário idêntico ao dos estudantes, constituído por duas partes. A síntese dos resultados da apreciação dos docentes por ano curricular está representada na Tabela 17. O nível de insuficiência no domínio dos recursos não se verifica no 4º e 5º anos, provavelmente devido ao ensino depender quase exclusivamente do contexto clínico. Todavia, no 6º ano, que é concluído com a apresentação de uma monografia que implica a adequação de recursos informáticos e bibliográficos, é novamente qualificado de insuficiente. Em termos gerais, verifica-se que a apreciação dos docentes é mais positiva do que a dos estudantes Tabela 17: Síntese dos resultados da apreciação dos docentes por ano curricular 1º Ano 2º Ano 3º Ano 4º Ano 5º Ano 6º Ano Número de Inquéritos recebidos 11 13 13 Carga Horária A* A A I A I A A A A A A Articulação entre o Ano Curricular e os Anteriores A A Acesso à Internet e Bases de Dados Internacionais A A A Preparação anterior dos estudantes para frequentar o Ano Curricular Número de Disciplinas do Ano Curricular Articulação entre Disciplinas 19 18 27 I I A A A I I I A I I A I I A A A I I I I A A I Computadores I I I A A I Laboratórios para Aulas Práticas Livros e Revistas I I I A A I Espaços de Ensino Clínico I I I A A I Grau de Satisfação em Pertencer à FMUAN E E E A A E Relevância das Disciplinas para a Formação/Educação Médica E E A E A A Qualidade Global do Curso A A A A A A Componente Teórica do Ano Curricular E A A A A Grau de Definição dos Objectivos das Disciplinas A A A A A A Qualidade Global do Ano Curricular A A A A A A Adequação Global da Razão Docentes/Estudantes A A A A I A Grau de Satisfação da Componente Prática do Ano Curricular A A A A I A Adequação dos Métodos de Avaliação A A A A A A A A A A A A Adequação dos momentos previstos para a Avaliação Articulação entre todas as Rotações do Estágio I Apoio à elaboração da Monografia de Estágio I Condições em que o Estágio se faz I E – Elevado; M – Moderado; A – Adequado; I – Insuficiente; SO – Sem Opinião * Classificação significativa mais frequente para cada valor da escala de Likert dos Inquéritos de Avaliação do Curso A apreciação dos docentes relativamente a cada disciplina está apresentada na Tabela 18. Verifica-se um elevado número de “não respostas”, o que empobrece a interpretação dos resultados. Com o objectivo de tornar mais explícita a comparação efectuada pelos estudantes e pelos docentes, apresentase a Tabela 19 onde é possível identificar as disciplinas avaliadas de modo igual, melhor ou pior. FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 49 3 . PROCESSO DE AVA LIAÇÃO Tabela 18: Apreciação dos docentes relativamente a cada disciplina Ano Semestre Disciplina Introdução à Saúde Pública 1º Bioquímica Estrutural Bioquímica Metabólica 2º 1º IIº 2º Avaliação Negativa * x x NR NR x x Anatomia I x Genética x Microbiologia x Fisiologia I x Anatomia II x Histologia e Embriologia II NR NR NR Higiene NR NR NR Fisiologia II x Anatomia III x NR NR Semiologia e Fisiopatologia Médica Farmacologia Clínica 1º x NR NR NR Psicologia Médica NR NR NR Demografia NR NR NR Epidemiologia 2º Anual x x Semiótica Radiológica x Medicina Interna x Terapêutica Médica x Cirurgia Geral x Doenças Transmissíveis Patologia Especial IVº 1º 2º Anual 1º 2º x x Administração em Saúde I NR NR NR Saúde Comunitária I NR NR NR Urologia x Dermatologia x Ortopedia x Traumatologia x Pediatria x Ginecologia e Obstetrícia Administração em Saúde II Saúde Comunitária II Vº NR x Semiologia e Fisiopatologia Cirúrgica Biopatologia IIIº NR Histologia e Embriologia I Histologia e Embriologia III Anual Avaliação Intermédia * x Metodologia Estatística Biologia Celular Iº Avaliação Positiva * x NR NR NR x Oftalmologia NR NR NR Medicina Legal NR NR NR Psiquiatria NR NR NR Otorrinolaringologia x 43 Disciplinas Curriculares Rotação de Medicina x Rotação de Cirurgia VIº x Rotação de Pediatria x Rotação de Gineco-Obstetricia x Rotação de Saúde Pública x Metodologia de Investigação x * Resultados da síntese dos itens avaliados no questionário de avaliação por disciplina, por ano NR – Não foram obtidas respostas nestas disciplinas 50 FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 3 . P R O C E S S O D E AVA L I A Ç Ã O Tabela 19: Síntese comparativa da apreciação dos docentes e estudantes relativamente a cada disciplina Ano Semestre 1º Disciplina Introdução à Saúde Pública X Metodologia Estatística X AE > AD AE < AD NC NC Bioquímica Estrutural Biologia Celular Iº AE = AD X NC Bioquímica Metabólica 2º Histologia e Embriologia I X X Anatomia I X Genética 1º Microbiologia 2º NC NC NC Higiene NC NC NC NC NC NC NC Fisiologia II X Anatomia III X Semiologia e Fisiopatologia Médica Semiologia e Fisiopatologia Cirúrgica Farmacologia Clínica Biopatologia IIIº 1º X X Histologia e Embriologia II Histologia e Embriologia III Anual X Fisiologia I Anatomia II IIº X NC X X NC X Psicologia Médica NC NC NC Demografia NC NC NC Epidemiologia 2º Anual X Semiótica Radiológica X Medicina Interna X Terapêutica Médica X Cirurgia Geral Doenças Transmissíveis X X Patologia Especial IVº 1º 2º NC NC NC Saúde Comunitária I NC NC NC Urologia X Dermatologia X Ortopedia X Traumatologia X Pediatria Anual X Administração em Saúde I X Ginecologia e Obstetrícia Administração em Saúde II X NC NC Saúde Comunitária II Vº 1º 2º NC X Oftalmologia NC NC NC Medicina Legal NC NC NC Psiquiatria NC NC NC Otorrinolaringologia X 43 Disciplinas Curriculares VIº Rotação de Medicina X Rotação de Cirurgia X Rotação de Pediatria X Rotação de Gineco-Obstetricia X Rotação de Saúde Pública X AE = AD = Avaliação dos estudantes é igual à dos docentes; AE > AD = Avaliação dos estudantes é mais positiva do que a os dos docentes; AE < AD = Avaliação dos estudantes é mais negativa do que a os dos docentes. NC – Não comparável, devido à não resposta dos docentes FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 51 3 . PROCESSO DE AVA LIAÇÃO CONCLUSÕES GERAIS Após a análise dos questionários de avaliação, foi possível constatar que os Estudantes estão satisfeitos em frequentar o Curso de Medicina na FMUAN e com a qualidade do mesmo. Contudo, ressalta pela negativa a insuficiência de recursos quer ao nível informático quer ao nível dos espaços para o Ensino prático. 1.º Ano As Disciplinas de Introdução à Saúde Pública e Anatomia I são as que estão mais positivamente avaliadas pelos Estudantes. Em contrapartida, a Disciplina de Genética e a de Bioquímica Estrutural são as que estão avaliadas de modo menos positivo. 2.º Ano As Disciplinas de Anatomia II e Fisiologia II são as que estão mais positivamente avaliadas pelos Estudantes. Em contrapartida, as Disciplinas de Microbiologia e de Higiene são as que estão avaliadas de modo menos positivo. 3.º Ano As Disciplinas de Psicologia Médica e Semiologia e Fisiopatologia Cirúrgica são as que estão mais positivamente avaliadas pelos Estudantes. Em contrapartida, as disciplinas de Demografia e de Epidemiologia são as que estão avaliadas de modo menos positivo. 4.º Ano As Disciplinas de Administração em Saúde I e Medicina Interna são as que estão mais positivamente avaliadas pelos Estudantes. Em contrapartida, as disciplinas de Orto-Traumatologia e de Dermatologia são as que estão avaliadas de modo menos positivo. 5.º Ano As Disciplinas de Medicina Legal e Pediatria são as que estão mais positivamente avaliadas pelos Estudantes. Em contrapartida, as disciplinas de Otorrinolaringologia e Oftalmologia são as que estão avaliadas de modo menos positivo. 6.º Ano As diferentes rotações de estágio efectuam-se de modo independente; é possível verificar que a rotação de Pediatria é a que está mais positivamente avaliada pelos Estudantes. Em contrapartida, a rotação de Medicina Interna é a que está avaliada de modo menos positivo. 52 FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 3 . P R O C E S S O D E AVA L I A Ç Ã O B) ABORDAGEM QUALITATIVA Os dados obtidos através de entrevistas servem para compreender em maior profundidade alguns dos aspectos associados à organização e funcionamento do Curso de Medicina na FMUAN. Uma descrição mais detalhada poderá ser consultada no Relatório de Avaliação Externa. As respostas às perguntas abertas foram objecto de uma análise de conteúdo para se procurar identificar as significações mais relevantes. Este procedimento permitiu identificar e valorizar os sentidos das respostas e ainda extrair do texto, constituído pelas respostas às questões abertas, os aspectos mais relevantes associados ao Curso. Foi possível verificar a existência de concordância entre a informação obtida através da avaliação quantitativa discriminada das áreas disciplinares e a resultante através da avaliação qualitativa (questionários e entrevistas). Há indicação explícita, por ano curricular, das disciplinas que constituem ponto fraco e daquelas que são ponto forte do currículo do plano de estudos. Esta avaliação global de qualificação disciplinar é decorrente do cruzamento dos dados de avaliação dos quais emergiram temáticas de funcionamento/logística dessas disciplinas. Esta síntese decorre da análise de conteúdos efectuada em todos os passos do processo avaliativo e do seu confronto com os dados quantitativos do inquérito por questionário tendo sido validados por entrevistas. No sentido de possibilitar a síntese dos resultados da Avaliação do Curso de Medicina, no contexto da organização do plano de estudos e da FMUAN, é pertinente a sectorização dos três primeiros anos como “ciclo básico”, do 4º e 5º ano como “ciclo clínico” e o 6º ano como um “ano de estágio”, que é a preparação para o exercício efectivo da profissão. Esta opção decorre do facto de ser possível agrupar contextos pedagógicos que correspondem nas instituições de ensino médico aos ciclos referidos. Salvaguardando aspectos que estão elencados com pontos fortes e que atravessam os primeiros três anos e, no que concerne à actividade docente, estão relacionados com a qualidade científica, disponibilidade, profissionalismo, pontualidade/assiduidade e competência pedagógica, são contudo mais significativos outros aspectos que podemos denominar de pontos fracos. Ciclo Básico: Neste contexto, ao nível do “ciclo básico”, são identificados os “Processos de EnsinoAprendizagem” (corpo docente e metodologias de ensino/aprendizagem), “Recursos Educacionais” e a “Avaliação do Programa”. Esta informação é igualmente corroborada pelos resultados da avaliação interna da FMUAN segundo os Standards Globais da Educação Médica Pré-Graduada da WFME, que adiantam que o plano de melhoria da instituição está a contemplar algumas destas áreas, nomeadamente o desenvolvimento do corpo docente, as instalações, a perícia educacional e o feed-back docente-discente. Como propostas de mudança no sentido da melhoria da qualidade são apresentados aspectos que também cruzam com os resultados evidenciados no relatório segundo os Standards Globais da Educação Médica Pré-Graduada da WFME (2005/2006), podendo colmatar os pontos fracos. Deste modo, os estudantes começam por salientar que é fulcral produzirem-se melhorias significativas ao nível das instalações, recursos e equipamentos, o que implica a criação de laboratórios e consequente aquisição de materiais adequados e a melhoria das condições físicas das salas tendo em conta o número de estudantes. Chamam a atenção para o facto de haver necessidade de cada Departamento melhorar os aspectos ligados à organização e estrutura e referem a premência de se investir ao nível do corpo docente, quer através da contratação de mais docentes e da diminuição do ratio doente/estudante, quer através do seu maior envolvimento nas actividades do processo ensino/aprendizagem e do incremento de maior e melhor formação pedagógica da equipa docente. Sugerem que deve existir maior uniformidade do sistema de avaliação, através da modificação das metodologias utilizadas. Adiantam que é fulcral que as pautas contendo as notas de exames sejam afixadas atempadamente, o que não acontece. Consideram que as metodologias de ensino/aprendizagem devem ser revistas, nomeadamente em termos do aumento do número de aulas e sua duração (teorias e práticas), de uma melhor FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 53 3 . PROCESSO DE AVA LIAÇÃO gestão da carga horária e da produção e fornecimento de material didáctico. Defendem a necessidade de cada ano lectivo começar atempadamente, de se cumprirem os horários, de se proceder a uma actualização do material específico de cada disciplina e abolir a “Lei 7”. Ciclo Clínico: No que concerne ao “ciclo clínico”, e à semelhança do que se verifica no “ciclo básico”, são identificadas áreas semelhantes tanto nos aspectos mais positivos como nos menos positivos. Contudo, se os aspectos positivos assinalados se mantêm como sendo da responsabilidade da organização do Curso e dos seus interlocutores (i.e. docentes), emerge a identificação, como aspecto negativo, das interfaces propiciadas entre a FMUAN e a as Unidades de Saúde que são o palco do desenvolvimento curricular do ciclo clínico. Estes aspectos são também identificados nas propostas de mudança e ainda no triangular da informação obtida pelo relatório segundo os Standards Globais da Educação Médica Pré-Graduada da WFME. Assim, os estudantes indicam que é fundamental que sejam introduzidas melhorias significativas ao nível das instalações, recursos e equipamentos, pelo aumento do número de laboratórios e consequente aquisição de materiais adequados (ex. material cirúrgico) e melhor apetrechamento do banco de urgência. Referem a necessidade de cada Departamento melhorar os aspectos ligados à organização e estrutura e de se fomentar o intercâmbio da FMUAN com outras estruturas para efectuar estágios correspondentes às disciplinas. Reconhecem a necessidade premente em se investir ao nível do corpo docente, quer através da contratação de mais docentes e da diminuição do ratio doente/estudante quer através do maior envolvimento destes nas actividades do processo de ensino/aprendizagem e do incremento de maior e melhor formação pedagógica da equipa docente. Adiantam que deve existir uma maior uniformidade do sistema de avaliação, através da introdução do sistema de avaliação contínua e da contemplação de um período específico para se efectuar revisão de provas. Consideram que as metodologias de ensino/aprendizagem devem ser revistas, nomeadamente em termos do aumento do número de aulas e sua duração (teóricas e práticas), de melhor gestão da carga horária, da produção e fornecimento de material didáctico, da programação atempada dos conteúdos e da possibilidade de participação nas intervenções cirúrgicas. Defendem a necessidade de aumentar a articulação entre a FMUAN e os Hospitais e entre as aulas teóricas e práticas. Acrescentam que deverá existir melhor coordenação entre os docentes das aulas práticas, bem como ser implementado um sistema de BioSegurança e ser dado um maior incentivo à investigação científica. Estágio: Relativamente à realidade do 6º ano, a prática clínica efectiva é apontada como ponto forte. Contudo, são indicadas algumas críticas significativas associadas ao modo como o processo pedagógico é desenvolvido, tendo em conta a falta de definição dos objectivos de aprendizagem (“Learning Objectives”) para o Curso de Medicina bem como a definição do Perfil do Licenciado em Medicina em Angola. Mais uma vez, estes dados são coincidentes com os evidenciados pelo relatório segundo os Standards Globais da Educação Médica Pré-Graduada da WFME, onde está explícito que ao nível da área da “Missão e Objectivos” os “resultados educacionais” carecem no cumprimento e desenvolvimento da qualidade do standard básico. O mesmo se verifica ao nível do “Programa Educacional” em que não se observa qualquer acção significativa no âmbito do desenvolvimento da qualidade da “articulação com a prática médica e o sistema de prestação de cuidados”. Neste contexto, os estudantes sugerem que seja diminuída a carga horária, que se providencie mais material no banco de urgência, que a FMUAN adquira mais livros de forma a permitir maior actualização dos conhecimentos e que haja um melhor processo de orientação dos trabalhos a realizar. Sobre a prática clínica, os estudantes reconhecem a necessidade de serem traçados objectivos claros em termos de consulta, de haver maior acompanhamento dos estagiários, de serem fornecidas refeições aos estudantes que permanecem no bloco e que esta tarefa deveria ser remunerada. Por fim, assinalam que deve ser fomentado o intercâmbio da FMUAN com outras estruturas para efectuar estágios correspondentes às disciplinas. 54 FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 3 . P R O C E S S O D E AVA L I A Ç Ã O C) ENTREVISTAS ESTUDANTES Foram entrevistados seis estudantes do primeiro ano da licenciatura, sete do segundo ano, seis do terceiro ano, quatro do quarto ano, seis do quinto ano e três do sexto ano, o que totaliza 32 estudantes. A partir destas entrevistas foi possível a identificação das causas centrais que tornam a formação em cada ciclo deficitária. No que se refere ao ciclo básico, os estudantes assinalam a falta de laboratórios e o défice ou inexistência e/ou desadequação dos equipamentos/materiais técnicos disponíveis para o apoio às aulas práticas e a todo processo de ensino/aprendizagem. Salientam também o reduzido número de aulas práticas, o parco número de docentes e a falta de articulação entre o ciclo básico e o ciclo clínico. Neste contexto sugerem, como forma de colmatar as insuficiências assinaladas ao nível do ciclo básico do Curso de Medicina na FMUAN, a criação de mais laboratórios, o reforço de equipamentos técnicos e reagentes, a contratação de mais docentes e o aumento do número de aulas práticas. Quando se atende ao ciclo clínico constata-se que, para além das condições materiais, é apontado o problema dos recursos humanos, uma vez que são os próprios docentes da FMUAN que têm de deslocar-se às diferentes unidades de saúde onde existem as especialidades clínicas e cirúrgicas para acompanhar os estudantes. Dadas as condições precárias em que se encontram os hospitais e outras unidades de saúde, alguns estudantes são da opinião que têm um défice de acompanhamento. Em tais circunstâncias, consideram que o número de docentes deveria aumentar, oferecendo-lhe mais e melhores condições de forma a possibilitar melhor envolvimento nas actividades pedagógicas. Salientam ainda a premência em optimizar as oportunidades de experiências clínicas para consolidarem melhor os conhecimentos adquiridos e desenvolverem as competências exigidas ao nível da formação médica. Quando se reflecte acerca das causas do insucesso académico na FMUAN, os estudantes por um lado apontam a preparação deficitária do ensino básico e secundário que não os apetrecha de bases sólidas para fazer face ás exigências do Curso de Medicina e, por outro, enumeram o sistema de prescrições, a excessiva carga horária, a escassez de materiais que não só condicionam a realização de aulas práticas mas também a consolidação das aprendizagens a nível teórico, a ausência de apoio por parte de alguns docentes e as precárias condições socio-económicas dos estudantes. A existência de estruturas de apoio e aconselhamento aos estudantes são, apesar de inexistentes na FMUAN, reconhecidas como sendo fundamentais no programa de desenvolvimento e qualidade do Curso de Medicina. DEPARTAMENTOS DE ENSINO E INVESTIGAÇÃO (DEI) Os resultados aqui apresentados foram obtidos com base em procedimentos qualitativos, sob a forma de síntese, contendo apenas as principais ideias das respostas às quatro questões colocadas durante as entrevistas aos representantes dos DEI da FMUAN. O número de docentes adstritos a cada disciplina por ano de Curso que participaram neste processo não possibilita a tradução quantitativa de opiniões que possam, com margem de segurança, ser expressas e comparáveis entre os diferentes anos do Curso de Medicina da FMUAN. Para além disso, há uma participação de docentes no ensino em diferentes anos do Curso o que enviesa as opiniões FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 55 3 . PROCESSO DE AVA LIAÇÃO recolhidas. Neste sentido, os resultados obtidos através das entrevistas, cujo guião teve por base a análise dos dados dos inquéritos, apresentam uma perspectiva mais consistente destes interlocutores na avaliação do Curso de Medicina da FMUAN. Em termos globais, os docentes referem que é fulcral a formação de médicos com melhor qualidade de forma a poderem prestar melhor assistência à população. Consideram que cada docente tem como obrigação cumprir a importante função de formar médicos, mas salientam que a FMUAN ainda é Faculdade devido à boa-vontade de quem lá está, pois são pessoas que gostam de fazer o que fazem, senão já teria sido encerrada. Adiantam que ao nível dos recursos humanos, há extrema morosidade na contratação de pessoal docente No entanto, devido à falta de um estatuto remuneratório compensador, há também a necessidade dos docentes acumularem funções. Consequentemente, esta situação resulta em desmotivação e frustração, levando-os a passar pouco tempo nas instituições, uma vez que vão ainda trabalhar para instituições privadas. Desta forma, afirmam que há efectivamente necessidade premente de recrutamento e de formação de mais docentes e incentivar maior diferenciação de cada um dos actuais. Para facilitar a resolução desta situação há que facultar um “status” económico mais adequado e proporcionar um sistema de progressão na carreira mais promissor. Salientam ainda a necessidade de melhorar as condições físicas da Faculdade mas especialmente as dos hospitais que auxiliam no ensino clínico do Curso. Contudo, reconhecem que têm sido criadas possibilidades para os docentes poderem investir mais quer ao nível da investigação, quer na formação profissional e pedagógica, quer na aquisição de equipamentos. Esta situação apresenta-se como um estímulo ao papel do professor para além da sua função de “dar aulas”, tornando-o mais capaz para abrir horizontes mais amplos aos estudantes através de novos métodos de ensino/aprendizagem, preparando-os para “além das circunstâncias” actuais. No que concerne à formação no ciclo básico, os docentes consideram que este não reúne os requisitos necessários para uma adequada preparação dos estudantes. Defendem que, apesar do ciclo clínico estar muito pior, o ciclo básico ainda tem muitas limitações. Enfatizam que deverá haver maior investimento nas ciências básicas pois este ciclo facilita a integração de conhecimentos no ciclo clínico. Em termos globais, queixam-se da falta de laboratórios e/ou de equipamentos e/ou de reagentes e sobresselentes. Consequentemente há impossibilidade de leccionar aulas práticas, o que dificulta a aprendizagem dos estudantes e diminui os seus níveis de motivação. Reconhecem, no entanto, que lenta mas progressivamente o ciclo básico está a ser recuperado, mas são unânimes em considerar que este avanço depende em grande medida do empenho dos docentes em exercer pressão junto da Direcção e assumir papel activo na projecção dos laboratórios e na aquisição dos materiais específicos. Paralelamente, há ainda necessidade de contratar e formar pessoal técnico com capacidade para manusear os equipamentos e assegurar a sua manutenção e preservação. Salientam também a necessidade de implementar um sistema de vigilância e segurança, pois a Faculdade tem sido vítima de muitos furtos, incluindo equipamentos indispensáveis à docência. Relativamente ao ciclo clínico, os docentes são da opinião que existem grandes carências e que efectivamente não tem havido melhorias. Apontam, como principais causas desta situação (a) a falta de um Hospital Universitário, (b) a ausência de um Conselho Técnico do Hospital Américo Boavida (HAB) que faculte interligação com os diferentes Departamentos do ciclo clínico da FMUAN, (c) a não adequação dos recursos humanos, (d) o “ortodoxismo” patente no plano curricular, (e) a política de recrutamento de pessoal docente com os baixos salários praticados e (f) as condições materiais das enfermarias. Adiantam ainda que apesar de estarem em curso alguns trabalhos de reabilitação no HAB, por exemplo, não é seguida por uma política consequente de manutenção, i.e. de sustentabilidade. Os docentes entrevistados são da opinião que o insucesso académico dos estudantes na FMUAN tem uma maior incidência no ciclo básico do que no clínico. Consideram que isto se deve em grande parte à preparação insuficiente adquirida no ensino médio, uma vez que há discrepância entre aquilo 56 FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 3 . P R O C E S S O D E AVA L I A Ç Ã O que o estudante sabe quando chega à FMUAN e o que é dele exigido. Entre outros aspectos, os estudantes apresentam graves lacunas ao nível da língua portuguesa, o que afecta significativamente as suas capacidades de interpretação, de escrita e de comunicação. Por outro lado, criticam o regime de acesso ao Curso. Referem ainda que, o “numerus clausus” deveria aumentar mas tal só será possível em função da capacidade de suporte da FMUAN, quer em termos de condições físicas (salas de aulas, laboratórios e hospitais) quer em termos do número de docentes (para equilibrar o ratio docente/ estudante). Adiantam que ao longo dos últimos anos os estudantes são cada vez mais jovens (menos velhos) o que tem contribuído para a diminuição da taxa de insucesso e aconselhou a alteração da lei das prescrições. Há ainda docentes que apontam a falta de assiduidade de determinados colegas às aulas como um factor que contribui para o insucesso dos estudantes, assim como o absentismo dos próprios estudantes. Referem que a carga horária dos estudantes é muito elevada, não deixando tempo livre para poderem estudar o que associado às dificuldades sociais contribui para um nível de insucesso escolar mais elevado. São unânimes em concordar que há necessidade de ser criado um Gabinete de Apoio aos Estudantes, não só em termos pedagógicos mas também em termos psicológicos e sociais. FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 57 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS DO PROCESSO PARTILHA D O D E AVA L I A ÇÃO DO CURSO DE MEDICINA DA FMUA N 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS DO PROCESSO PARTILHADO DE AVALIAÇÃO DO CURSO DE MEDICINA DA FMUAN Os resultados da Avaliação do Curso de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto (FMUAN) decorrentes de dois processos complementares (Avaliação Interna e Avaliação Externa), onde se verificou ampla adesão de toda a população académica, permite traçar um conjunto de conclusões fundamentadas nos resultados de ambos os processos. O envolvimento académico foi enquadrado quer na avaliação segundo os Padrões Globais da WFME onde os intervenientes, agrupados nas diferentes áreas, discriminaram estes padrões de modo exaustivo, quer na participação/ verificação nas diferentes modalidades de recolha de informação no processo de Avaliação Externa. Tendo em consideração os resultados obtidos nas duas abordagens complementares e partilhadas, é possível delinear o quadro actual da FMUAN e estabelecer o planeamento estratégico da Instituição em termos do cumprimento da sua Missão e Objectivos e do seu posicionamento nacional como instituição pública responsável pela Educação Médica em Angola. Assim, na determinação das competências adstritas à FMUAN, o conhecimento profundo – obtido através destes processos avaliativos – da sua situação actual (obtida por procedimentos rigorosos e isentos) deverá estar enformado do esforço de previsão do que a sociedade Angolana irá requerer aos profissionais médicos a médio prazo (5-10 anos). Para além da expectável evolução das tecnologias, há aspectos que são cada vez mais críticos para o desempenho profissional e se podem enquadrar nas competências globais mínimas já bem identificadas. De entre estas, de referir o pensamento crítico, a criatividade, a capacidade de aprender ao longo da vida, a responsabilidade ética e profissional (“profissionalismo”), a capacidade de negociação, a liderança e a autonomia. Ao mesmo tempo, a capacidade de trabalhar em equipa, a autoavaliação, a tomada de decisões e a adaptabilidade aos diferentes contextos, são factores críticos a equacionar no contexto de mudança. É igualmente importante desenvolver a responsabilidade social (”Responsability” e “Responsiveness”) Decorrente das avaliações efectuadas, de modo discriminado quantitativo e qualitativo pela avaliação externa e pela análise SWOT que decorreu do processo de Avaliação Interna pelos Standards da WFME, há a considerar os seguintes pontos que, numa perspectiva macro, expressam o contexto em que se situa a FMUAN e o seu Curso de Medicina. Factores Intrínsecos da Avaliação Partilhada Pontos Fortes Consciência da situação actual da Instituição. Persistência e perseverança das pessoas que constituem a FMUAN. História da FMUAN como primeira Faculdade de Medicina em Angola. Quadro legal de funcionamento da FMUAN. Quadro institucional com forte representação de estudantes e docentes em vários órgãos da Direcção da FMUAN. Desenvolvimento de programas de formação pós-graduada na FMUAN, nomeadamente do Mestrado em Educação Médica para apoio à formação pedagógica docente e reforma curricular. Pontos Fracos Problemas associados aos estudantes Deficiente preparação da maioria dos estudantes à entrada na Universidade. FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 61 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS DO PROCESSO PARTILHADO DE AVALIAÇÃO DO CURSO DE MEDICINA DA FMUAN Deficiente apoio institucional disponibilizado aos estudantes. Falta de combate específico contra o insucesso académico nos primeiros anos do Curso, incluindo a revisão dos critérios e mecanismos de admissão de candidatos ao Curso de Medicina. Problemas associados aos docentes Desadequação do ratio docente/estudante no ciclo clínico. Baixos salários dos docentes, técnicos e administrativos. Escassez de docentes com formação académica ao nível de Mestrado e Doutoramento. Problemas associados ao Curso Falta de condições pedagógicas, técnicas e científicas para formar médicos que se possam enquadrar dentro de um padrão internacional. Organização do currículo do Curso de Medicina. Insuficiências ao nível das instalações, recursos e equipamentos. Inexistência de hospitais juridicamente convencionados para o ensino da Medicina. Inexistência de protocolos ou acordos inter-institucionais com os Hospitais onde actualmente se faz a formação dos médicos (Hospital Américo Boavida e outras Unidades de Saúde). Escassa internacionalização com participação muito reduzida em projectos internacionais. Escassa actividade de investigação científica. Falta de avaliação sistemática do desempenho do pessoal e dos serviços. Factores Extrínsecos da Avaliação Partilhada Oportunidades Fim da situação de guerra e crescimento económico do País. Programas do Governo em curso sobre reforma institucional e modernização administrativa. Ambiente na UAN favorável ao processo de avaliação institucional e de reforma curricular. Possibilidade legal de desenvolver parcerias e actividades sem ou com fins lucrativos em toda a UAN. Fácil comunicação e articulação com o Ministério da Saúde, com a Ordem dos Médicos e com o escritório local da Organização Mundial de Saúde. Processo de Avaliação Interna da Faculdade de Medicina – UAN, 2006. Processo de Avaliação conjunta FMUAN/FMUP (2006/2007). Desenvolvimento de um programa estruturante de desenvolvimento entre a FMUP e a FMUAN. 62 FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS DO PROCESSO PARTILHADO DE AVALIAÇÃO DO CURSO DE MEDICINA DA FMUAN Ameaças Outros Cursos de Licenciatura em Medicina em Angola. Concorrência local a nível do Ensino Superior, da assistência médica e outros segmentos do mercado de trabalho com melhores contrapartidas e maior exigência ou melhores resultados em termos de desempenho. Inadequação dos Hospitais do Serviço Nacional de Saúde onde se pratica o ensino/acto médico. Rigidez das normas e procedimentos da função pública para aplicar o Estatuto Remuneratório da UAN, não premiando o desempenho e mérito. Ausência de definição pelo sector público do perfil do médico a formar em função das políticas de saúde, do sistema de saúde existente e das características do Serviço Nacional de Saúde. Destes pontos decorre a possibilidade de avançar com algumas considerações que possam sustentar um programa de intervenção na Instituição e que será enquadrada no Plano Estratégico de Desenvolvimento da FMUAN: Definir os Objectivos Estratégicos (Gerais) e os Objectivos Operacionais da FMUAN. Apresentar uma proposta de programa estratégico para o desenvolvimento da FMUAN. Estabelecer uma estratégia para a construção de acordos com Unidades de Saúde Públicos ou/e privados para o ensino da Medicina. Propor a reforma do plano curricular, adaptando-o às novas realidades da Educação Médica e ao contexto local, nomeadamente introduzindo o Sistema de Créditos (ECTS) para promover a comparabilidade internacional do Curso de Medicina e possibilitar a mobilidade com Instituições parceiras. Contratar mais docentes, diminuir o ratio docente/estudante, promover o envolvimento destes nas actividades do processo de ensino/aprendizagem (selecção pela sua especialização e diferenciação profissional). Investir ao nível da formação do pessoal não-docente de apoio ao ensino e à investigação. Incentivar a investigação científica. Melhorar os aspectos ligados à organização e estrutura dos Departamentos na sua interface com o ensino/investigação/extensão. Há, contudo, dois aspectos de ordem conceptual de que depende toda e qualquer proposta de desenvolvimento estratégico da FMUAN: A formação médica em Angola deve decorrer da definição do perfil do licenciado médico em Angola (“outcomes”). A formação médica em Angola deve obedecer a padrões internacionais de qualidade, cumprindo o “estado-da-arte” da Educação Médica mundial ao nível da exigência e da qualidade de formção profissional e científica. FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 63 5. DOCUMENTOS REFERÊNC I A 5. DOCUMENTOS REFERÊNCIA Fundação Calouste Gulbenkian. Relatório sobre a Faculdade de Medicina da UAN, 1987. Godfrey R., Andrade, I. Estudo para estabelecer dispositivos de ligação entre a Faculdade de Medicina da Universidade de Angola e as Instituições Europeias para treinar profissionais de Medicina. Angola: o Currículo (Relatório II de Consultadoria para o British Council), 1995. Zinkin, P. Estudo para estabelecer dispositivos de ligação entre a Faculdade de Medicina da Universidade de Angola e as Instituições Europeias para treinar profissionais de Medicina. Angola: Análise da Situação (Relatório I de Consultadoria para o British Council), 1995. Universidade Agostinho Neto & Universidade do Porto. Contributos para a Revitalização da Universidade em Angola. Fundação Gomes Teixeira da Universidade do Porto, 1996. Relatório de Auto-Avaliação. Curso de Licenciatura em Medicina. Faculdade de Medicina da Universidade do Porto 2002-2003. FMUP, 2004. Avaliação Interna – Segundo os Standards Globais da Federação Mundial de Educação Médica (WFME). Universidade de Agostinho Neto, Faculdade de Medicina. Revista Angolana de Educação Médica, Novembro de 2006. Simões, C., Bastos, A., Fresta, M., Loureiro, E., Ferreira, M.A. Sobre a Construção Partilhada do Processo de Avaliação do Curso de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto (FMUAN), Luanda. X Congresso Nacional de Educação Médica. Coimbra, 7 a 9 de Outubro 2007. Relatório de Auto-Avaliação do Curso Medicina (FMUAN). Programa de cooperação entre a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e a Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto (FMUAN, 2007. FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO - RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 67 RELATORES Na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Porto, Portugal Maria Amélia Ferreira Coordenadora do Programa FMUP/FMUAN Directora do Centro de Educação Médica, FMUP Alice Bastos Consultora do Centro de Educação Médica, FMUP Elizabete Loureiro Coordenadora Executiva do Centro de Educação Médica, FMUP Na Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto, Luanda, Angola Cristóvão Simões Decano da FMUAN Mário Fresta Coordenador do Programa FMUP/FMUAN Director do CEDUMED Documento aprovado por unanimidade em Reunião Extraordinária da Assembeia de Representantes da FMUAN. Luanda, 15 de Abril de 2008.